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Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas Lavra por Tiras Strip Mining Victor Lucas Bretas 09.2.1130 MIN113 – Lavra a céu aberto Professor: Wilson Trigueiro 10 de Fevereiro de 2014 Método de Lavra por Tiras Página 2 Sumário Introdução ..................................................................................................................................... 3 Tipos de métodos .......................................................................................................................... 4 O método de Lavra por Tiras ......................................................................................................... 5 Equipamentos Utilizados:.............................................................................................................. 8 Conclusões .................................................................................................................................. 10 Bibliografia: ................................................................................................................................. 12 LISTA DE FIGURAS: ...................................................................................................................... 12 Método de Lavra por Tiras Página 3 Introdução A mineração tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento da civilização afinal, os produtos da indústria mineral de forma geral estão na vida de todos na nossa sociedade industrializada assim como durante toda era humana. A economia brasileira sempre teve uma relação estreita com a extração mineral. Atualmente se constitui em um dos setores básicos da economia, sendo o subsolo brasileiro um importante depósito mineral reconhecido no mundo inteiro. Atingindo em 2004 (Neves et al., 2005) cerca de 4,5% do PIB nacional e vem crescendo de forma constante na última década. Aproximadamente 2370 minas estão em operação no país, lavradas preferencialmente a céu aberto e abrangendo uma grande diversidade de bens minerais, cerca de 60 variedades. A mineração é uma atividade que é praticada em todo mundo e as técnicas de extração empregadas estão em constante evolução. Os métodos são limitados pela disponibilidade e desenvolvimento dos equipamentos e, como todos os fatores que influenciam em sua seleção, devem ser avaliados levando-se em conta os aspectos tecnológico, social, econômico e político (MACEDO et al.,2001). A seleção do método de lavra é um dos principais elementos em qualquer análise econômica de uma mina e sua escolha permite o desenvolvimento da operação. Através de cálculos é possível determinar a melhor maneira de extração do bem mineral, maximizando a vida útil da mina e claro, com a melhor relação estéril-minério (REM). Para esse planejamento, deve-se coletar o maior numero de informações e características da região. De acordo com HUSTRULID são elas, topografia, condições climáticas, presença de água de superfície ou subterrânea, estrutura geológica da região (presença de falhas, espessuras e teores de capeamento, minério, contaminantes, etc), fauna e flora, locais para construção de estrada, acessos, instalações da mineradora, barragem de rejeito, pilhas de estéril, energia disponível na área, etc. Assim, a mineradora deve procurar tais informações na literatura, órgãos políticos, trabalhos científicos e assim por diante. Entretanto, sempre atento às questões jurídicas, econômicas, sociais, ambientais, trabalhistas, de higiene e segurança. E obviamente pensando sempre durante toda a fase de uma lavra, desde a sua pesquisa, planejamento, implementação, operação/produção e fechamento. Por isso a escolha de um bom método de lavra garantirá uma situação mais confortável para a empresa. Método de Lavra por Tiras Página 4 Tipos de métodos Esse trabalho irá focar apenas para minerações a céu aberto, pois é o objetivo da matéria em questão. Na literatura, podemos citar os principais tipos: por bancadas, pedreira (rocha ornamental e uso para construção civil), lavra de aluvião (desmonte hidráulico e por dragagem) e lavra por tiras, sendo este último, o objetivo deste trabalho. O método deve ser seguro e produzir condições adequadas para os funcionários, fomentar a redução dos impactos causados ao meio ambiente, permitir condições de estabilidade durante a vida útil da mina, ser flexível adaptando às diversas condições geológicas e à infraestrutura disponível, permitindo atingir a máxima produtividade reduzindo o custo unitário. As características físicas do depósito, como profundidade e extensão, limitam as possibilidades de aplicação de alguns métodos de lavra. O mergulho do corpo é um fator importante que influencia tanto na seleção do método como na escolha dos equipamentos, podendo ser definidos como suave (horizontal a 20º), médio (20º a 50º) e íngreme (50º a vertical). A espessura do depósito e a sua forma também permitem a classificação do deposito como estreito (<10 m), intermediário (10 m a 30 m), espesso (30 m a 100m) e muito espesso (> 100m). (Nicholas, 1968). Figura 1: Esquema mostrando o comportamento do corpo mineral Método de Lavra por Tiras Página 5 O método de Lavra por Tiras O método de tiras ou Strip Mining é um tipo de lavra a céu aberto que envolve escavar o solo, rochas ou outro material para expor uma reserva mineral tabular, em camadas ou lenticular, ou seja, corpos relativamente horizontais. O minério extraído geralmente é o carvão, ou outro de origem sedimentar, como o caulim e a bauxita. Primeiro é feita a retirada do top soil, ou seja, o solo da superfície rico em matéria orgânica. Logo depois é retirado o capeamento, o estéril cuja escavação é feito em blocos retangulares, paralelos e adjacentes entre si, extraídos em sequencia. Por isso o nome de tiras, pois uma fileira de blocos em uma mesma direção é uma tira/fatia. Essa mesma divisão em blocos do estéril é feita para o corpo mineral. Dessa forma consegue-se uma sequência operacional satisfatória. Primeiramente é feita a supressão vegetal, em outras palavras, a retirada do top soil da área onde será feita a lavra. Esse processo deve ser planejado para atender os prazos e expectativas da operação de lavra da empresa, podendo ser feita, para cada mês, trimestre, semestre ou o que a mineradora necessitar. Essa matéria orgânica poderá ser usada para reabilitação da área futuramente. Figura 2: Representação da Lavra por Tiras Área já lavrada e recuperada Disposição do Esteril Capeamento (estéril) Camada de Minério Figura 3: Esquema da Direção da Lavra Método de Lavra por Tiras Página 6 Figura 5: Esquema de desmonte do capeamento com explosivo Já com a área livre, a próxima etapa é seguir o seguinte processo: retirar o capeamento, lavrar o minério, exaurir a tira. Para a próxima tira, os equipamentos, pegam o material de capeamento e jogam na cava anterior já exaurida, expondo assim a camada de minério para a próxima tira. Todo esse ciclo é mostrado na figura 04. O movimento lateral do estéril (capeamento) pode ser feito por explosivos, dragline, escavadeiras do tipo bucket-wheel ou shovel, tratores de esteira (dozers), dentre outros. Dependendo da dureza do minério e questões financeiras, o desmonte do minério poderá ser feito por explosivos (Figura 05) ou por escarificação (desmonte mecânico). Ambos os casos, nada mais é que reduzir a rocha em formas menores para a etapa de britagem, ou seja, o top size do britador influenciará o espaçamento entre os furos de explosivos ou a manobra em que o ripper (garra do equipamento) precisará fazer. Os rippers são acoplados aos tratores de esteira ou outro equipamento. Para não desgastar esta ferramenta, usualmente utiliza uma garra para materiais mais duros e duas oumais garras para materiais mais friáveis. Figura 4: Esquema completo da lavra por tiras 1. Colocacção dos explosivos no capeamento 2. Material desagregado 3. Disposição do estéril a montante 4. Lavra do Minério 5.Transporte do minério Remoção do solo vegetal Recuperação da àrea Nivelamento do Estéril Operações com a Dragline: Remoção do estéril Lavra do minério Área Livre Método de Lavra por Tiras Página 7 Uma grande vantagem desse método é que o estéril é depositado nas proximidades e não é necessária uma pilha de estéril. Apenas a reposição do mesmo na tira anterior. Assim, a operação de lavra acontece simultaneamente com a recuperação da área. Figura 04 Outra característica deste método é que o corpo de minério não pode ser muito profundo, pois quanto maior a profundidade do minério, maior será o capeamento, aumentando assim a relação estéril-minério e impossibilitando um aproveitamento econômico satisfatório. Dessa forma, o capeamento deve ter no máximo 50m. Em relação ao minério, o seu corpo não deve variar mais que 20º pois dificulta as operações, transporte, desgasta equipamentos e as tiras não ficam uniformes. Claro que, na natureza nada é perfeito. Cada bloco, tira tem sua característica, teor, contaminantes, etc. Por isso o planejamento e a operação de capeamento e extração do minério devem andar alinhados para o melhor aproveitamento e exaustão da jazida. Entretanto, temos que listar também as desvantagens do método. O primeiro deles, sem sombra de dúvida, é a extensão horizontal que a lavra por tiras pode alcançar. Devido o corpo mineral ter essa característica, ao lavrá-lo as mineradoras segue sua direção e alcançam milhares de hectares. E por causa disso, possuem um visual negativo. No caso de lavra do carvão mineral, a deposição do estéril deve ser protegida com uma camada de argila impermeável pois a lixiviação desse material gera drenagem ácida. Logo no inicio da lavra, por não ter uma cava vazia para deposição do estéril e solo, surge um problema de disposição e custo para empresa. Para resolver isso, o solo é utilizado futuramente para recuperação da área, e material de capeamento é usado para se fazer estradas e acessos dentro da mina, assim como construção de leras para delimitar áreas, direcionar o fluxo de equipamentos e também para reter águas superficiais que venham a surgir na mina. Método de Lavra por Tiras Página 8 Equipamentos Utilizados: Figura 6: Bulldozer com Ripper traseiro Rippers Pode ser usado tanto para supressão vegetal, decapeamento, escarificação e nivelamento do estéril Figura 7: Trator CAT D11 com ripper estratificando bauxita na MRN Figura 8: Escavadeira tipo Shovel utilizada retirando minério. Sua capacidade pode chegar a 65m3 (CAT 6120B H FS) Método de Lavra por Tiras Página 9 Figura 9: retroescavadeira hidráulica (14 m3) / caminhão fora de estrada (100t) Figura 10: Em cima, esquema do funcionamento da dragilne. A Esquerda, o mesmo equipamento de perfil. Sua capacidade pode chegar a 116m3 (CAT8750) Método de Lavra por Tiras Página 10 Dentre outros equipamentos, diferentes capacidades, fabricantes, adaptações que podem ser feitas, etc. Conclusões Esse trabalho teve como objetivo apenas uma descrição através da literatura e metodologia já existe para explanar sobre um dos métodos de lavra a céu aberto, o método de lavra por tiras (Strip Mining). No Brasil podemos citar o uso desse método na extração de carvão mineral na região sul (Figura 12) e lavra de bauxita no estado do Pará pelas empresas MRN em Porto Trombetas e ALCOA em Juruti; Figura 11: Bucket-Wheel Escavator (BWE) Figura 12: Lavra em tiras na mina de carvão da Copelmi Mineração Ltda. Mina de Recreio, Butiá-RS Método de Lavra por Tiras Página 11 Abaixo um esquema que resume, claro que dimensionamento não escalonado, toda a lavra por tiras. Desde a supressão vegetal, decapeamento, extração mineral, até nivelamento do estéril a montante e recuperação da área minerada. É possível ver quase todos os equipamentos que geralmente são usados na lavra Strip Mining. Figura 13: Esquema Geral da Lavra por tiras Método de Lavra por Tiras Página 12 Bibliografia: Material de aula da disciplina MIN113 – Lavra a céu aberto pelo professor Wilson Trigueiro. DEMIN/EM/UFOP. Novembro de 2013 HUSTRULID, W. e KUCHTA, M. Open Pit Mine: Planning and Design. Volume 01. 2ªed Ed. Taylor & Francis.Londres. 2006 KOPPE, J.C. Setor Mineral: Tendências Tecnológicas. CETEM e UFRGS. 2006. Site do artigo: http://www.dnpm.gov.br/mostra_arquivo.asp?IDBancoArquivoArquivo=865 (Acessado em 08/02/14) Macêdo, A.J.B., Bazante & Bonates, Seleção de métodos de lavra: arte e ciência.REM, Rev. Esc. Minas vol.54 no.3 Ouro Preto Jul/Set. 2001 Neves, C.A.R.; Souza, A.E.; Oliveira, M.R. & Barboza, V.L.A. – 2005 – Informe Mineral –Desenvolvimento & Economia Mineral. Publicação do Departamento Nacional da Produção Mineral, Brasília, 28p. NICHOLAS, D. E. (1968). Method selection – a numerical approach. Chapter 4. In: Design and operation of caving and sublevel stopping mine. p. 39-65. SANCHEZ, M.G.P. Apostila Lavra de Minas I. CEFET-GO SCHISSLER, Andrew. Strip Mining. The Encyclopedia of the Earth. Outubro de 2006. Site: http://www.eoearth.org/view/article/156280. (Acessado em 08/02/14) LISTA DE FIGURAS: FIGURA 01: Jazzy. Surface Mining. Publicado em 09/04/2013. Site: http://jazzysearthscience.blogspot.com.br/2013/04/surface-minning.html (Acesso em 08/02/14). FIGURA 02: Coal and Gas Hydrate resources. Mining Coal. Site: http://earthsci.org/education/teacher/basicgeol/coal/coal.html (Acesso em 08/02/14). FIGURA 03: Material de métodos de Lavra. UFRGS, pag.21 Site: http://www.ct.ufrgs.br/laprom/Introducao%20a%20Metodos%20de%20Lavra%20%5B Modo%20de%20Compatibilidade%5D.pdf (Acessado em 08/02/14). FIGURA 04: NAP – The National academic press.Coal research and development. 2007. pag. 161. Site: (Acesso em 08/02/14) http://www.nap.edu/openbook.php?record_id=11977&page=161 FIGURA 05: Jazzy. Surface Mining. Publicado em 09/04/2013. Site: http://jazzysearthscience.blogspot.com.br/2013/04/surface-minning.html (Acesso em 08/02/14). http://www.dnpm.gov.br/mostra_arquivo.asp?IDBancoArquivoArquivo=865 http://www.eoearth.org/view/article/156280 http://jazzysearthscience.blogspot.com.br/2013/04/surface-minning.html http://earthsci.org/education/teacher/basicgeol/coal/coal.html http://www.ct.ufrgs.br/laprom/Introducao%20a%20Metodos%20de%20Lavra%20%5BModo%20de%20Compatibilidade%5D.pdf http://www.ct.ufrgs.br/laprom/Introducao%20a%20Metodos%20de%20Lavra%20%5BModo%20de%20Compatibilidade%5D.pdf http://www.nap.edu/openbook.php?record_id=11977&page=161 http://jazzysearthscience.blogspot.com.br/2013/04/surface-minning.html Método de Lavra por Tiras Página 13 FIGURA 06: SCHROCK, J.R., Surface Mining of Coal. Outubro de 1993. Site: http://www.emporia.edu/ksn/v40n1-october1993/index.html (Acessado em 08/02/14) FIGURA 07: http://www.mrn.com.br/pt-BR/Paginas/default.aspx Acesso em 08/02/14. FIGURA 08: SCHROCK, J.R., Surface Mining of Coal. Outubro de 1993. Site: http://www.emporia.edu/ksn/v40n1-october1993/index.html (Acessado em 08/02/14) FIGURA 09: http://www.mrn.com.br/pt-BR/Paginas/default.aspx Acesso em 08/02/14. FIGURA 10A: Site: http://www.sec.gov/Archives/edgar/data/1037676/000095015209001922/c4869 7e10vk.htm Acesso em 08/02/14. FIGURA 10B: Produtos Caterpillar. Site: http://brasil.cat.com/ Acessado em 08/02/14 FIGURA 11: Material de métodos de Lavra. UFRGS, pag.21 Site: http://www.ct.ufrgs.br/laprom/Introducao%20a%20Metodos%20de%20Lavra%20%5B Modo%20de%20Compatibilidade%5D.pdf (Acessado em 08/02/14)FIGURA 12: KOPPE, J.C. Setor Mineral: Tendencias Tecnologicas. CETEM e UFRGS. 2006. pag 07. Site do artigo: http://www.dnpm.gov.br/mostra_arquivo.asp?IDBancoArquivoArquivo=865 (Acesado em 08/02/14) FIGURA 13: SCHROCK, J.R., Surface Mining of Coal. Outubro de 1993. Site: http://www.emporia.edu/ksn/v40n1-october1993/index.html (Acessado em 08/02/14) http://www.emporia.edu/ksn/v40n1-october1993/index.html http://www.mrn.com.br/pt-BR/Paginas/default.aspx http://www.emporia.edu/ksn/v40n1-october1993/index.html http://www.mrn.com.br/pt-BR/Paginas/default.aspx http://www.sec.gov/Archives/edgar/data/1037676/000095015209001922/c48697e10vk.htm http://www.sec.gov/Archives/edgar/data/1037676/000095015209001922/c48697e10vk.htm http://brasil.cat.com/ http://www.ct.ufrgs.br/laprom/Introducao%20a%20Metodos%20de%20Lavra%20%5BModo%20de%20Compatibilidade%5D.pdf http://www.ct.ufrgs.br/laprom/Introducao%20a%20Metodos%20de%20Lavra%20%5BModo%20de%20Compatibilidade%5D.pdf http://www.dnpm.gov.br/mostra_arquivo.asp?IDBancoArquivoArquivo=865 http://www.emporia.edu/ksn/v40n1-october1993/index.html
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