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O BRINCAR DA CRIANÇA NA PERSPECTIVA DA ANÁLISE DO

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O BRINCAR DA CRIANÇA NA PERSPECTIVA DA ANÁLISE DO 
COMPORTAMENTO 
 
Miriam Ferreira dos Santos – Univeritas/BH 
 
 
RESUMO 
 
 
Ó presente trabalho tem o intuito de demonstrar que o ato de brincar é uma 
atividade presente no cotidiano de todas as crianças, possuindo papel 
importante no seu desenvolvimento, é uma atividade importante para avaliação 
e prática psicanalítica, sendo caracterizada de vivências com significado 
comportamental da criança, ela traz no subconsciente características que 
formam a atividade e desenvolvimento do brincar, percebe-se, no entanto, que 
os detalhes familiares, ambientais e social constituem grande parte do 
subconsciente na criação do ato do brincar. No mais, a presente monografia 
caracteriza-se como uma revisão bibliográfica, buscando traçar uma reflexão 
diante de livros, artigos científicos, teses, revistas acadêmicas, bem como 
pesquisa de grandes autores referente a este tema. Dessa forma, o objetivo 
deste trabalho foi descrever o brincar da criança na análise comportamental, a 
partir do referencial teórico da psicologia. Por fim, este trabalho busca trazer uma 
mensagem de conscientização a respeito do tema brincar e suas implicações 
para o desenvolvimento e bem estar de uma criança. 
 
Palavras chave: Brincar; Método terapêutico; Criança. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Play is an activity present in the lives of children in different cultures, having an 
important role in their development, it is an important activity for psychoanalytic 
assessment and practice, being characterized by experiences with the child's 
behavioral meaning, it brings in the subconscious characteristics that form the 
activity and development of playing, it is noticed, however, that family, 
environmental and social details constitute a large part of the subconscious in the 
creation of the act of playing. In addition, the present monograph is characterized 
as a bibliographic review, in the reflection of reading books, articles, magazines 
and websites, as well as research by great authors regarding this theme. Thus, 
the objective of this work was to describe the child's play in behavioral analysis, 
based on the theoretical framework of psychology. Finally, this work seeks to 
bring a message of awareness about the theme playing and its implications for 
the development and well-being of a child. 
 
Keywords: Play; Therapeutic method; Kid. 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
Segundo o psicólogo Skinner (1991) a aprendizagem se concentra na 
capacidade de controlar o comportamento de uma pessoa, os estímulos ou 
repressões quer sejam boas ou não, são o que define a maneira como alguém 
se porta em determinadas condições. Sendo assim, a brincadeira, torna-se um 
jogo do brincar livre, definindo o jogar como uma atividade que envolve 
contingências de reforçamento planejadas, isto é, regras pré-estabelecidas. 
O brincar é um comportamento que, de acordo com Rose e Gil (2003, p. 
376) “implica em estímulos discriminativos, modelos, instruções e 
consequências, de tal modo que a criança pode, a partir de seu repertório inicial, 
desenvolver seus comportamentos, aprendendo ou criando novas brincadeiras”. 
Segundo Schmidt e Nunes (2014) o brincar terapêutico é objetivo de 
estudo da Psicologia e Psicanálise, Cognitiva Comportamental e Humanismo, 
por meio do brincar consegue-se obter uma leitura comportamental, que 
analisada proporciona clareza sobre características saudáveis e dificuldades da 
criança diagnosticando possíveis patologias. 
A criança independente de cultura, raça e cor, traz no seu subconsciente 
características que formam sua atividade no desenvolvimento do seu brincar, 
percebe-se, no entanto, que os detalhes familiares, ambientais e social 
constituem grande parte do subconsciente na criação do ato do brincar. Dessa 
forma esse trabalho tem como objetivo descrever a contribuições do brincar da 
criança na análise comportamental. 
Ademais, a metodologia que será utilizada no trabalho será a revisão de 
literatura, abrangendo processos de pesquisa bibliográficos e documentais. 
Entendendo-se por pesquisa a busca sistemática de soluções de problemas 
ainda não resolvidos ou resolvíveis, foi imprescindível dedicar certo foco na 
Investigação Histórica, privilegiando a pesquisa que estuda as relações entre 
variáveis dependentes e independentes, método este reputado por Fred N. 
Kerlinger como o mais importante no processo de investigação científica 
(BOAVENTURA, 2004, p. 57). 
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Este estudo não tem a pretensão de esgotar o assunto, uma vez que o a 
educação fundamental é um tema muito delicado e muitos outros estudos e 
trabalhos ainda serão realizados. A intenção é de lançar reflexões sobre um 
assunto que, buscando demonstrar a importância e complexidade do tema. 
 
 
O BRINCAR DA CRIANÇA 
As brincadeiras são novidades para as crianças e de suma relevância 
para o desenvolvimento psicossocial. O brincar é considerado um dos maiores 
estímulos para o comportamento natural das crianças, ela é alinhada a terapia 
como principal característica de prazer espontâneo da criança, ou seja, através 
das brincadeiras a criança pode vir a desenvolver todo seu potencial cognitivo. 
Afirmando Schmidt e Nunes (2014) apontam que o brincar é uma 
atividade importante para avaliação trazendo entendimento na prática 
psicanalítica, sendo caracterizada de vivências com significado comportamental 
da criança, sendo assim, o lúdico torna-se mais claro para a compreensão em 
relação a realidade psíquica da criança, auxiliando no tratamento de conflitos se 
submetendo ao processo terapêutico, permitindo ao psicólogo o entendimento 
melhor sobre as características funcionais da criança. 
De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil 
(BRASIL, 1998, p. 27, v.01) 
 
O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que 
assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, 
as crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo 
e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do 
papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos. 
 
 
 
Zanluchi (2005, p. 89) enaltece que “Quando brinca, a criança prepara-se a 
vida, pois é através de sua atividade lúdica que ela vai tendo contato com o 
mundo físico e social, bem como vai compreendendo como são e como 
funcionam as coisas.” Assim, quando a criança realiza o ato de brincar, pode-
se dizer que está acabando sendo inserido no universo dos adultos, uma vez 
que acaba presenciado diversas situações inusitadas. 
Muitos de nós quando criança brincamos de acampamento, cabra cega, 
pular elástico, onde o brincar era físico, mas as crianças de hoje vivem em meio 
a comunicação e tecnologia, trazendo a todo o momento novidades criadas 
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virtualmente, com isso o brincar natural e prazeroso não é acessível ao 
aprendizado no comportamento nos dias atuais. O processo de desenvolvimento 
é complexo, por meio das brincadeiras as crianças desenvolvem novos saberes, 
formas de pensar, agir e ser, para Skinner brincar é o comportamento. 
Del Prette e Meyer (2011) classificam o ato do brincar na terapia analítico-
comportamental infantil pelo processo do brincar ao fantasiar, criando diversas 
possibilidades no desenvolvimento da terapia, afirmando que o ato de brincar 
proporciona uma relação terapêutica saudável, como estratégia de avaliação ou 
como estratégia de intervenção. 
Ademais, importante enfatizar que o trabalho do terapeuta em conjunto 
com o brincar, constrói o aprendizado e atua tornando o brincar prazeroso e 
natural, estimulando a criança cada vez mais a construir toda a sua história, pois 
ambas representam formas de despertar na criança produzindo autoconfiança, 
desenvolvimento psicomotor, afetividade, socialização, ou seja, por meio do 
brincar, a criança aprende regras e limites no qual usará espontaneamente no 
cotidianoe no seu desenvolvimento social. 
Neste sentido, para análise do comportamento do brincar enquanto 
comportamento operante, ocorre em um determinado contexto o estímulo 
discriminativo, esse desenvolve um estímulo que afeta a probabilidade no 
comportamento operante ocorrer novamente. Quando tratamos do 
comportamento operante as contingências se referem às condições sob as quais 
uma consequência é produzida por uma resposta. 
No entanto, os analistas do comportamento entendem que as crianças 
brincam e afirmam que a maioria das definições do comportamento de brincar 
requerem que o comportamento seja tanto espontâneo quanto prazeroso.1 
Portanto, os analistas do comportamento consideram que ser espontâneo 
e prazeroso pode ser para a criança um termo livre, porém o comportamento 
poderá ser assertivo se for operante e possuir reforçadores naturais, sendo de 
suma relevância para o desenvolvimento das crianças (ROSE; GIL, 2003). 
Carvalho (1992, p.28), complementa dizendo, 
(...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto 
significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da 
criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato 
transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo. 
 
1 https://comportese.com/2011/11/11/o-brincar-e-a-analise-do-comportamento Acesso em 30.03.2021 
https://comportese.com/2011/11/11/o-brincar-e-a-analise-do-comportamento
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Dessa forma, afirmar que o comportamento do brincar é operante significa 
primordialmente dizer que ele é sensível as consequências que produz (Skinner, 
1991). Nesse ponto, destaca-se a importância de analisarmos o comportamento 
de brincar como qualquer outro comportamento operante, sujeito às mesmas leis 
e princípios gerais. 
Para Winnicott (1975, p. 139), “o lugar em que a experiência cultural se 
localiza está no espaço potencial existente entre o indivíduo e o meio ambiente 
(originalmente, o objeto) ” 
Vigotsky (1984, apud WAJSKOP, 2007), afirma que, é na brincadeira que 
a criança consegue vencer seus limites e passa a vivenciar experiências que vão 
além de sua idade e realidade, fazendo com que ela desenvolva sua consciência. 
Dessa forma, é na brincadeira que se pode propor à criança desafios e questões 
que a façam refletir, propor soluções e resolver problemas. Brincando, elas 
podem desenvolver sua imaginação, além de criar e respeitar regras de 
organização e convivência, que serão, no futuro, utilizadas para a compreensão 
da realidade. A brincadeira permite também o desenvolvimento do 
autoconhecimento, elevando a autoestima, propiciando o desenvolvimento 
físico-motor, bem como o do raciocínio e o da inteligência.2 
Por outro lado, ao dizermos que o brincar possui propriedades 
naturalmente reforçadoras remetemos ao efeito de prazer com uma 
consequência reforçadora produzida pelo próprio comportamento. Ou seja, o 
brincar possui “em si” um efeito de prazer naturalmente reforçador, o que leva a 
cunharmos o termo “espontaneidade” ao descrevermos sua topografia”. 3 
Segundo Corsaro (2002, apud CARVALHO, 2007) quando a criança 
brinca de fazer de conta, ela acaba exercendo uma reprodução interpretativa dos 
elementos que compõem a cultura onde estão inseridas. Assim, os brinquedos 
interagem com a reprodução que as crianças fazem da realidade de seus 
contextos. 
Portanto, ao longo desses anos temos cada vez menos crianças 
brincando de forma conjunta, por meio do desenvolvimento comportamental nas 
 
2http://www.ufrrj.br/graduacao/prodocencia/publicacoes/desafioscotidianos/arquivos/integra/integra_
SILVA%20e%20SANTOS.pdf Acesso em 30.03.2021 
3 https://comportese.com/2011/11/11/o-brincar-e-a-analise-do-comportamento Acesso em 30.03.2021 
http://www.ufrrj.br/graduacao/prodocencia/publicacoes/desafioscotidianos/arquivos/integra/integra_SILVA%20e%20SANTOS.pdf
http://www.ufrrj.br/graduacao/prodocencia/publicacoes/desafioscotidianos/arquivos/integra/integra_SILVA%20e%20SANTOS.pdf
https://comportese.com/2011/11/11/o-brincar-e-a-analise-do-comportamento%20Acesso%20em%2030.03.2021
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brincadeiras, o que leva cada vez mais a competitividade, com isso o brincar tem 
proporcionado experiências interpessoais e reinventado diferentes áreas 
alcançando resultados positivos. 
 Sendo assim, o brincar faz parte da relação entre o paciente e analista, 
a fantasia está presente nas relações interpessoais, podendo ser descrita como 
forma de acesso aos conflitos. o brincar é visto como característica entre sujeito 
e inconsciente, possibilitando a identificação dos conflitos (SCHMIDT; NUNES, 
2014). 
 
CONCLUSÃO 
 
Conclui-se que as brincadeiras são uma ferramenta estimuladora, 
facilitadora e enriquecedora que auxilia de maneira prazerosa todo o processo 
de aprendizagem da criança. 
O brincar faz parte da construção da terapia com superação e resultados 
interdependente em diferentes contextos, e nesta jornada acadêmica do curso 
de Psicologia, que nos possibilita a oportunidade de crescimento profissional e 
o desenvolvimento da carreira, permitindo o trabalho de dedicação e dos projetos 
em desenvolvimento que também continuará sendo relevante para as crianças, 
apesar dos momentos de inovação tecnológica dos brinquedos em que estamos 
vivendo. 
Conforme amplamente explanado neste trabalho e segundo Brougère 
(2001, p. 45), “[…] supõe contexto social e cultural, sendo um processo de 
relações interindividuais, de cultura. Mediante o ato de brincar, a criança explora 
o mundo e suas possibilidades, e se insere nele, de maneira espontânea e 
divertida, desenvolvendo assim suas capacidades cognitivas, motoras e 
afetivas” 
Por fim, o ato de brincar, é um ato mágico, um ato nórdico, um ato que só 
uma criança tem a capacidade e consciência cognitiva de entender, brincar faz 
parte do desenvolvimento humano e indo mais além, brincar é um nobre, um ato 
que deveria ser mais usado e abusado, não só pelas crianças e sim adultos. 
 
´´A educação visa melhorar a natureza do homem o que nem sempre é aceite 
pelo interessado." Carlos Drummond de Andrade 
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REFERÊNCIAS 
 
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dissertação e tese. São Paulo: Atlas, 2004 
 
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SCHMIDT, M. B.; NUNES, M. L. T. O Brincar como Método Terapêutico na 
Prática Psicanalítica: Uma Revisão Teórica. Revista de Psicologia da IMED, 
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SKINNER, B. F. Questões Recentes na Análise Comportamental. Campinas: 
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WINNICOTT , D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975. 
 
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lúdica, desenvolvimento da criatividade e Educação. Londrina: O autor, 
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