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UNIP- Universidade Paulista Educação à Distância Curso: Pedagogia Flores, Liége Granna Forneck, Maqueli Estefani Gossler da Silva Ledur, Tassiana Pinheiro Schneider, Denise Griebler Vargas, Patrício Henz O LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: JOGOS NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO MONTENEGRO - RS 2021 Universidade Paulista Educação a distância Flores, Liége Granna Forneck, Maqueli Estefani Gossler da Silva Ledur, Tassiana Pinheiro Schneider, Denise Griebler Vargas, Patrício Henz O LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: JOGOS NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de pedagogo. Universidade Paulista - Polo Montenegro. Orientação: Profª Silmara Quintana MONTENEGRO - RS 2021 Flores, Liége Granna Forneck, Maqueli Estefani Gossler da Silva Ledur, Tassiana Pinheiro Schneider, Denise Griebler Vargas, Patrício Henz O LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: JOGOS NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Trabalho de conclusão de curso para a obtenção do título de Graduação em Pedagogia apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Aprovado em: BANCA EXAMINADORA ___________________________/___/___ Profª Silmara Quintana Universidade Paulista – UNIP ___________________________/___/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista – UNIP ___________________________/___/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista – UNIP CIP - Catalogação na Publicação Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Universidade Paulista com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). O lùdico no processo de ensino e aprendizagem: jogos no desenvolvimento cognitivo / Patrício Henz de vargas...[et al.]. - 2021. 48 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao Instituto de Ciência Humanas da Universidade Paulista, montenegro, 2021. Área de Concentração: Polo unip. Orientadora: Profª. Me. Silmara Quintana. 1. FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA. 2. MÉTODO. 3. ANÁLISE E DISCUSSÃO . 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS. I. Henz de vargas, Patrício . II. Quintana, Silmara (orientadora). AGRADECIMENTO Agradecemos primeiramente a Deus, por nos ter dado forças para seguir até aqui. e aos nossos familiares e amigos pelo apoio e compreensão neste momento tão importante em nossas vidas, ajudando-nos a não desistir deste sonho. Por fim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão deste trabalho. Dedicamos a Deus, que dá sentido a tudo em nossa vida. Obrigada por essa grande conquista! Existem grandes marcos na história de cada um, e esse momento sela um dos nossos capítulos mais importantes, escrito com ajuda de muitas mãos, as quais merecem nossos mais profundos e sinceros agradecimentos, à nossa família, pelo apoio e amor incondicionais, a nossa querida tutora de curso. Obrigada por tudo de maravilhoso que compartilhamos juntos! RESUMO Este estudo faz uma análise a respeito das dificuldades do lúdico nos espaços escolares. Para tanto, perpassa, pelo entendimento etimológico do termo, com o propósito de melhor compreender sua evolução até os tempos atuais. E assim, torna- se possível observar que vivenciamos um novo tempo em relação a concepção elitista que perpassa através dos séculos. E seguimos apresentando a etimologia da palavra verso que possibilita o entendimento da literatura numa perspectiva mais aberta, onde a arte literária torna-se um espaço de imaginação, do lúdico e da liberdade. A aprendizagem constituída por uma linguagem lúdica, que permite à criança exercitar a imaginação criadora, compreender o sentido conotativo impresso nos diversos textos, portanto torna-se necessário que o professor no espaço da escola institua a experiência de alfabetização, promovendo situações onde os alunos possam compartilhar suas percepções e de algum modo criar laços interativos com a comunidade a qual pertence. De acordo com a pesquisa realizada e a discussão abordada pelos autores, compreendeu-se que a importância do lúdico e do processo ensino-aprendizagem, desde as suas fases de desenvolvimento até os aspectos legais do brincar na infância. O simples fato de brincar é muito necessário e relevante para a evolução da criança e de seu desenvolvimento em relação a construção da linguagem e da alfabetização. Palavras-chave: Lúdico, Educação, Linguagem, Jogos. ABSTRACT This study analyzes the difficulties of play in school spaces. For that, it permeates, through the etymological understanding of the term, with the purpose of better understanding its evolution to the present time. And so, it becomes possible to observe that we are experiencing a new time in relation to the elitist conception that permeates through the centuries. And we continue to present the etymology of the word verse, which makes it possible to understand literature in a more open perspective, where literary art becomes a space of imagination, playfulness and freedom. Learning consists of a playful language, which allows the child to exercise the creative imagination, understand the connotative meaning printed in the various texts, so it is necessary for the teacher in the school space to establish the literacy experience, promoting situations where students can share your insights and somehow create interactive bonds with the community you belong to. According to the research carried out and the discussion addressed by the authors, it was understood that the importance of playfulness and the teaching-learning process, from its development stages to the legal aspects of playing in childhood. The simple fact of playing is very necessary and relevant for the child's evolution and its development in relation to the construction of language and literacy. Keywords: Play, Education, Language, Games. Sumário INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 9 CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 11 1.1. A importância do jogo para o desenvolvimento infantil ............................................................. 11 1.2. Os jogos e sua importância para desenvolvimento cognitivo ................................................... 20 1.2.1 Práticas Pedagógicas de 0 a 6 anos ...................................................................................................... 25 1.3. Os aspectos legais do brincar na infância. ......................................................................................... 26 CAPÍTULO II – MÉTODO .................................................................................................... 31 2.1. Metodologia ........................................................................................................................................................31 2.2 Relato de Pesquisa ............................................................................................................................................ 33 CAPÍTULO III - ANÁLISE E DISCUSSÃO .......................................................................... 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 44 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 46 INTRODUÇÃO Ao longo dos anos, nota-se que o conceito de infância passou por distintas modificações. Se antes a criança era percebida como um adulto em miniatura, hoje, há o reconhecimento psíquico, físico, emocional, social e cultural mostrando nos que a mesma possa ter o mesmo aprendizado e desenvolvimento que uma criança de mais tenra idade. Desta forma, hoje é concebida como alguém que está em desenvolvimento e possui características próprias, precisando percorrer todas as etapas de seu desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional. Diante da prática pedagógica o trabalho desenvolvido com crianças na Educação Infantil não se efetiva de acordo com o esperado é mostrado nos documentos oficiais da educação, pois é a partir dos mesmos que podemos compreender a realidade da Educação Infantil e de infância do sujeito em pesquisa, é em especial o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil– RCNEI, pois diversos professores não contemplam a ludicidade como recurso pedagógico para a construção do conhecimento da criança. A alfabetização se conceitua pelo processo de aprendizagem, onde o indivíduo aprende a decodificar elementos que juntos trazem a composição da escrita. Nela é possível memorizar o alfabeto, reconhecer as letras, entender como as palavras se formam mediante a junção das sílabas. A brincadeira é um ato que eterniza momentos e constitui estruturas sociais, contudo, a criança ao brincar se modifica, ocultando o mundo real e indo para o mundo da fantasia, designando valores e formas de pensar. A esse respeito Kishimoto (1998, p.32) afirma que “pode-se então considerar que através do jogo a criança faz a experiência do processo cultural, da interação simbólica em toda a complexidade”. A problemática da pesquisa gira em torno de conhecer a importância do lúdico e do processo ensino-aprendizagem, desde as suas fases de desenvolvimento até os aspectos legais do brincar na infância. O objetivo deste trabalho é estudar de modo crítico e criterioso textos que possibilitem uma compreensão sobre a aprendizagem e o desenvolvimento infantil, os processos de aquisição da linguagem e da escrita que compõem esta etapa utilizando os jogos no âmbito do desenvolvimento cognitivo. O desenvolvimento desse trabalho se justifica pela importância dos profissionais de pedagogia entenderem as contribuições das atividades lúdicas para a aquisição da linguagem e da escrita das crianças; bem como serve como ponto de partida para novas pesquisas que aprofundem e ampliem este tema, bem como destaquem a necessidade de mais discussões sobre como a alfabetização é importante e precisa ser garantida na sociedade. O trabalho foi realizado através de uma pesquisa descritiva por meio de levantamento bibliográfico utilizando a literatura sobre o tema disponível em livros específicos sobre o assunto, sites especializados e também revistas publicadas por especialistas no assunto nos últimos anos, fornecendo assim a base que irá sustentar este estudo e concretizá-lo. O primeiro capítulo tratou da importância do jogo para o desenvolvimento infantil, quais as concepções ligadas a este jogo pela visão de Vygotsky, a importância para o desenvolvimento cognitivo e os aspectos legais do brincar. O segundo capítulo trouxe a metodologia do trabalho e os relatos de pesquisa, determinando as nuances do trabalho e a comparação de alguns autores perante suas opiniões no assunto. O último capítulo demonstrará a análise e discussão perante o tema, de forma a demonstrar a necessidade crescente de incorporação de jogos e brincadeiras na educação escolar das crianças. CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1.1. A importância do jogo para o desenvolvimento infantil O reconhecimento da importância da recreação na escola assume força no século XX a partir de numerosos estudos, particularmente Psicologia Evolutiva, Constructivismo e Psicanálise que destacam o papel do jogo e da criatividade no desenvolvimento humano. Esses estudos têm um efeito significativo na flexibilidade dos métodos de ensino-aprendizagem e na busca dos objetivos da educação para a cidadania. O jogo é a prática recreativa mais enraizada no campo educacional, sua presença é evidenciada em metodologias de trabalho centradas no jogo, especialmente nas primeiras notas de educação; nas aulas de educação física, na dinâmica de grupo que alguns professores usam para motivar seus alunos na sala de aula; em festivais escolares recreativos, desde jogos tradicionais e populares até concursos esportivos; no surgimento de bibliotecas de brinquedos itinerantes ou localizados, para os jogos do campo de jogos. Historicamente, a recreação tende a ser expressa em duas tendências: a primeira, considera que a recreação é uma prática institucionalizada do tempo de lazer cujas principais funções são o prazer, e o descanso e suas práticas são limitadas a essa esfera horária. Assim, na educação formal, proporciona recreação um lugar como atividade extracurricular (jogos, dinâmicas e práticas que relaxam ou permitem que os alunos abandonem a rotina da escola). Para a segunda tendência, as funções recreativas são atribuídas a funções de desenvolvimento, na medida em que as práticas recreativas são atribuídas a um valor pedagógico articulado aos processos educacionais de transformação sociocultural. É importante que a brincadeira faça parte do processo de formação da criança. É por meio dela que se formam as primeiras interações sociais, as primeiras disputas, os primeiros sentimentos de vitória e derrota. Com isso podemos postular que, a brincadeira é um ensaio para a vida adulta. Ali estão as primeiras visões de divisão social, política, econômica e até mesmo de gênero. A criança constrói seu conhecimento através de sua interação com o meio físico e social. Portanto, cada nova aquisição serve de suporte para as aquisições subsequentes. Nessa perspectiva, Freire (1994, p. 23), nos adverte que: Boa parte das descrições sobre o desenvolvimento infantil referem-se aos atos de pegar, engatinhar, sugar, andar, correr, saltar, gritar, rolar e assim por diante, movimentos que contamos em quase todas as crianças [...]. Enquanto Friedman (1996, p. 64) em relação ao jogo aponta que: O jogo oferece uma importante contribuição para o desenvolvimento cognitivo, dando acesso a mais informações e tornando mais rico o conteúdo do pensamento infantil, paralelamente o jogo consolida habilidades já dominadas pelas crianças e a prática dos mesmos em novas situações. Dessa forma, compreende-se que o desenvolvimento infantil é produto da própria atividade da criança, que não para de estruturar e reestruturar o seu próprio esquema, de construir o mundo na medida em que vivencia e o percebe. Partindo dessa concepção podemos considerar que a brincadeira na vida da criança contribui para o desenvolvimento intelectual, moral, corporal e integral, a partir do entendimento de que a mesma estará buscando um equilíbrio entre seu comportamento e o meiosocial. Contudo, algumas brincadeiras podem ser simples, mas isso não diminui a sua importância e sua significativa contribuição para o desenvolvimento da criança. Pular corda, por exemplo, parece uma simples atividade física, ninguém discute suas contribuições físicas. Assim, podemos afirmar que pular corda melhora a capacidade pulmonar, reduz o estresse, melhora o sistema nervoso cerebral, a circulação sanguínea, etc. Enfim, ela proporciona tudo que sempre ouvimos sobre os benefícios dos exercícios. Mas, também, o simples ato de pular corda traz benefícios grandiosos para a criança em relação ao convívio social, interação, disputa, sentimento de vitória e fracasso. Aprende que a frustração, mesmo sendo nada prazeroso, faz parte da vida. Além do jogo em si com a formal contagem numérica que se concretiza na disputa (ganhador, perdedor), há também uma contagem alfabética, o que ajuda no processo de alfabetização. A brincadeira de corda foi um exemplo trabalhado de forma aleatória, uma escolha, talvez não pelo acaso, mas pela sua simplicidade, o intuito é que possamos analisar melhor as brincadeiras infantis, para que saibamos o grau de importância da brincadeira e para enxergarmos melhor as suas reais contribuições na formação da criança. Os jogos, por mais simples que sejam, pedagógicos ou não, podem trazer contribuições significativas para o desenvolvimento da criança, brincadeira de roda, amarelinha, pega-pega, etc. ou até mesmo as mais complexas e modernas como desenhar no computador, videogame, e outras. Na verdade, sem querer entrar nesse debate de até onde a tecnologia prejudica ou ajuda os pequenos, entendemos que deve haver um certo equilíbrio entre essas brincadeiras. Uma criança não pode passar horas no computador sem que ao menos tenha contato com outras crianças, pois isso pode prejudicar sua formação social; ou passar horas na rua sem ter contato com a tecnologia, pode prejudicá-la na fase adulta, quando tiver de ingressar no mercado de trabalho. Outro fator relevante é a imaginação aflorada. É na infância que se desenvolve a criatividade da criança, portanto, se houver qualquer tipo de bloqueio que impeça a criança de viver de forma plena essa fase sem dúvida que isso acarretará em prejuízos às suas habilidades de pensar criativamente e de se relacionar. Portanto, é através do Jogo e da brincadeira que a criança aprende a lidar com sentimentos de angústia, raiva e medo. É por meio dela que a criança tem suas primeiras ambições e faz suas primeiras projeções para o futuro. Posto isso, a seguir, discorreremos melhor sobre o jogo. Nessa perspectiva, a palavra jogo apresenta muitas facetas e significados, destacamos como aspectos inerentes ao jogo o ato de brincar, a diversão e a competição, pois são partes de interesse no que se refere à educação infantil. Segundo Kishimoto (1997, p.13) “tentar definir o jogo não é tarefa fácil”, pois é possível sua interpretação de diversas formas como, por exemplo, brincar de “mamãe e filhinha”, jogar bola, brincar na areia, construir um barquinho. Entretanto, cada jogo tem suas particularidades, no exemplo citado de brincar de “mamãe e filhinha” usa-se a imaginação da criança, sendo uma atividade mais livre e imitativa da vida adulta e dos diferentes papéis sociais que estes exercem. Além disso, essa se diferencia do jogo de futebol no qual há regras a serem cumpridas, que também se torna diferente do brincar na areia, no qual o prazer de manipulação e construir objetos satisfaz a criança. Por sua vez, todas elas se diferem da construção de um barquinho, pois há a exigência de um modelo mental e destreza manual para executar a atividade. De acordo com Adriana Friedmann (1996, p.20) “[...] acredito no jogo como uma atividade dinâmica, que se transforma de um contexto para outro, de um grupo para outro: daí a sua riqueza. Essa qualidade de transformação dos contextos das brincadeiras não pode ser ignorada”. Kishimoto (1997), traz uma coletânea com diversos artigos e um alerta para os educadores no que diz respeito à necessidade de descobrir a verdadeira importância do jogo na educação infantil. A autora atenta para que os professores não venham ver o jogo como um mero momento de distração, pois a educação infantil oferece muito mais do que um mundo de sonhos e imaginação. É neste momento do jogo que a criança absorve o máximo de informações, constrói e apropria-se de entendimentos, valores, atitudes que serão incorporadas no seu modo de pensar, agir e sentir em relação a si, ao outro e ao mundo. No decorrer da história percebemos que os jogos educacionais são valorizados pelos teóricos da educação. A partir deste contexto passam a ser objeto de estudo e reflexão, podendo ser classificados segundo as fases do desenvolvimento infantil tornando-se cada vez mais necessários e presentes na escola. Assim, esta ligação começou a ter mais sentido de acordo com os projetos desenvolvidos por professores e pedagogos. A prática dos jogos e brincadeiras favorece a intencionalidade do trabalho pedagógico e o enriquecimento dos conteúdos a serem desenvolvidos, nessa situação é importante que o adulto esteja sempre incentivando as atitudes das crianças à medida que lhe é solicitado. Para Kishimoto (1996), o uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos é importante instrumento para situações de ensino- aprendizagem e de desenvolvimento infantil. A autora limita as funções educativas apenas aos brinquedos educativos, principalmente quando os classifica de acordo com as habilidades que desenvolve nas crianças, citando como relevante apenas o uso dos mesmos nas tarefas de ensino-aprendizagem e quando considera que a dimensão educativa surge apenas no instante em que as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem. O jogo mostra-se importante para o processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança porque é através dele que começam as interações entre as crianças, as pessoas que estão ao seu redor e o meio ambiente. Assim, a criança ao interagir com o seu meio tem como resultado a adaptação, e a partir deste processo ocorre a construção do conhecimento, ou seja, tem-se o desenvolvimento da inteligência. O processo de adaptação ou equilibração é constituído por dois outros processos, a assimilação e a acomodação. Desta forma, para que aconteça o desenvolvimento cognitivo infantil é necessário que a criança realize o ciclo completo do processo. Segundo Piaget (1978, p.115), os jogos estão relacionados com o processo de adaptação “[...] o ato da inteligência culmina num equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, [...] o jogo é essencialmente assimilação, ou assimilação predominando sobre a acomodação. ” Observamos, dessa maneira, a importância da utilização dos jogos pelas crianças durante o seu processo de desenvolvimento e também na aprendizagem da criança. Os jogos e as brincadeiras permitem ao professor explorar estes momentos de prazer e imaginação junto às crianças, seja atividades diárias desenvolvendo as capacidades de raciocínio, bem como o desenvolvimento físico, afetivo e cognitivo das mesmas. O professor precisa estar atento quando oportunizar um jogo para direcionar a atividade, respeitando o tempo de cada criança na construção dos conceitos e os objetivos que deseja atingir durante esta atividade. Uma das formas que podem ser utilizadas pelo professor é usar o cotidiano das crianças, a realidade na qual vivem, associando-os com as diferentes culturas, pois elas precisam de conteúdos que lhe sejam significativos. É fundamental que haja motivação por parte do educador para que o mesmo possa despertar, na criança à vontade em participar, criar, desenvolver e construir, buscando, assim, a construção do conhecimento. Segundoo Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (BRASIL,1998, p.21): Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação, Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais. O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde os mais remotos tempos. Através deles, as crianças desenvolvem a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a auto - estima, preparando–se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor. Para Kishimoto (2004, p. 43): A utilização do jogo potencializa a exploração e a construção do conhecimento, por conta com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros bem como a sistematização de conceitos em outras situações que não jogos. Ao utilizar, de modo, metafórico, a forma lúdica (objeto suporte de brincadeira) para estimular a construção do conhecimento, o brinquedo educativo conquistou um espaço definitivo na educação infantil. O brincar é mais do que uma distração, é uma linguagem na qual a criança revela uma forma de pensamento. Através da brincadeira a criança situa-se no espaço em que vive, constrói a ideia de si e do outro, experimenta, fala, age, interpreta, interage, enfim, desenvolve habilidades essenciais para uma melhor compreensão do mundo. Piaget (1976) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Ele afirma: O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (PIAGET, 1976, p.160) Dessa forma, o trabalho lúdico contribui na formação de cidadãos conscientes e éticos, preparados para enfrentar os desafios da vida, cientes de sua responsabilidade, priorizando o bom senso respeitando seus limites, o que reflete na boa convivência e no bom relacionamento. Concepção de Jogo Segundo Vygotsky Na visão Vygotskyana os jogos e as brincadeiras são de extrema importância para o desenvolvimento do indivíduo. Ambos começam a se concretizar na vida das crianças no momento em que elas interagem com os adultos, ou com outras crianças mais velhas, em suas brincadeiras. Por outro lado, há dois elementos importantes na brincadeira infantil: a situação imaginária e as regras. Em uma parte encontra-se o jogo de papéis com regras implícitas, em outro o jogo de regra com regras explícitas. A imaginação segundo ele é um modo de funcionamento psicológico especificamente humano que não está presente nos animais nem na criança muito pequena. É, portanto, impossível a participação de uma criança muito pequena numa situação imaginária, porque ao passar do concreto para o abstrato não há continuidade, mas uma descontinuidade. Para ele, só brincando é que ela vai começar a perceber o objeto não da maneira que ele é, mas como desejaria que fosse. Para o autor nos primeiros anos de vida, a brincadeira é a atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de desenvolvimento proximal. A zona de desenvolvimento proximal é um conceito formulado por Vygotsky para explicar o que uma criança é capaz de fazer com o auxílio de pessoas mais experientes, as possibilidades de a aprendizagem influenciar o processo de desenvolvimento mental é: A distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (VYGOTSKY, 1984, p. 112). A esse respeito, o autor explica que: A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentes em estado embrionário. Essas funções poderiam ser chamadas de ̳brotos‘ ou ̳flores‘ do desenvolvimento. O nível de desenvolvimento mental, retrospectivamente, enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o desenvolvimento prospectivamente, enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o desenvolvimento mental prospectivamente. (VYGOTSKY, 1984, p. 113). Com esse método pode-se avaliar o processo de desenvolvimento e manutenção produzido pela criança. Entretanto, ele valoriza o fato social, mostrando que no jogo de papéis a criança cria uma situação imaginária com regras implícitas. Vygotsky vê o jogo como “essencialmente desejo satisfeito” originado dos “desejos insatisfeitos” da criança que se tornam afetos generalizados nas atividades lúdicas, implícitas no jogo, que devem levar em conta as necessidades, incentivos e motivos, para que o brincar da criança seja suscitado através da imaginação em ação. A criança dispõe apenas de sua atividade motora, do ato, para agir sobre o mundo, sem ter consciência da ação e dos processos nela envolvidos e somente através da interação com indivíduos mais experientes, ela vai desenvolvendo uma capacidade simbólica e reunindo-a a sua atividade prática, tornando-se mais consciente de sua própria experiência, isto dá origem às formas puramente humanas de inteligência prática e abstrata. De acordo com VYGOTSKY (1984, p. 101): As interações da criança com as pessoas de seu ambiente desenvolvem- lhe, pois, a fala interior, o pensamento reflexivo e o comportamento voluntário, ou seja, A construção do real parte, pois, do social (da interação com outros, quando a criança imita o adulto e é orientada por ele) e, paulatinamente, é internalizada pela criança. Vygotsky cria um conceito para explicitar o valor da experiência social no desenvolvimento cognitivo. Segundo ele, existe uma "zona de desenvolvimento proximal", que se refere à distância entre o nível de desenvolvimento atual - determinado através da solução de problemas pela criança, sem ajuda de alguém mais experiente - e o nível potencial de desenvolvimento medido através da solução de problemas sob a orientação de adultos ou em colaboração com crianças mais experientes. O autor considera que a criança muito pequena está limitada em suas ações pela restrição situacional, desde que a percepção que ela tem de uma situação não está separada da atividade motivacional e motora. Todavia, na brincadeira, os objetos perdem sua força determinadora sobre o comportamento da criança, que começa a poder agir independentemente daquilo que ela vê, pois a ação, numa situação imaginária, ensina a criança a dirigir seu comportamento não somente pela percepção imediata dos objetos ou pela situação que a afeta de imediato, mas também pelo significado dessa situação. (VYGOTSKY, 1984, p. 110) Nos jogos, as coisas e as ações não são o que aparentam ser e,em situações imaginárias, a criança começa a agir independentemente do que ela vê e começa a ser orientada pelo significado da situação e ter o domínio pelo brinquedo. Ele acredita ser o jogo crucial para o desenvolvimento cognitivo, pois o processo de criar situações imaginárias, leva ao desenvolvimento do pensamento abstrato. Com isso, a criança vai adentrando à realidade, através de novos relacionamentos. A ação da criança é regrada, então, pelas idéias, pela representação, e não pelos objetos. A brincadeira fornece um estágio de transição em direção à representação, desde que um objeto pode ser um pivô da separação entre um significado e um objeto real. ( VYGOTSKY, 1984, p. 111-124). O brinquedo, na ótica Vygotskyana, comporta uma situação imaginária e também uma regra criada pela própria criança. A criança não vê, segundo ele, o objeto como ele é, mas lhe confere um novo significado. Quando uma criança monta em uma vassoura e finge estar cavalgando num cavalo, ele está conferindo um novo significado ao objeto. Nesse caso, a vassoura comporta um gesto em relação ao objeto (cavalo) ao qual ela está conferindo um significado. O brinquedo simbólico das crianças pode ser entendido como um sistema muito complexo de 'fala' através de gestos que comunicam e indicam os significados dos objetos usados para brinca. A chave para toda a função simbólica da brincadeira infantil é, portanto, a utilização pela criança de alguns objetos como brinquedos e a possibilidade de executar com eles um gesto representativo. O brinquedo simbólico das crianças pode ser entendido como um sistema muito complexo de 'fala' através de gestos que comunicam e indicam os significados dos objetos usados para brinca. (VYGOTSKY, 1984, p. 123). O brincar tem sua origem na situação imaginária criada pela criança, em que desejos irrealizáveis podem ser realizados, com a função de reduzir a tensão e, ao mesmo tempo, para construir uma maneira de acomodação a conflitos e frustrações da vida real. A criança brinca pela necessidade de agir em relação ao mundo mais amplo dos adultos e não apenas ao universo dos objetos a que ela tem acesso. O jogo simbólico na visão de Vygotsky (1984) é um mecanismo comportamental que possibilita a transição de coisas como objetos de ação para coisas como objeto do pensamento. Segundo ele, a mudança no conteúdo da brincadeira da criança está intimamente relacionada com a mudança na natureza das atividades apresentadas por ela. Sendo assim, os jogos e as brincadeiras na idade pré-escolar constituem-se uma peça importantíssima no desenvolvimento da criança, porque a libera de situações difíceis, assim também como as fazem entrar num mundo dos adultos. São elementos fundamentais na função pedagógica da Educação Infantil e favorecem o seu processo de desenvolvimento. As regras, que irão possibilitar a divisão de trabalho e o jogo na idade escolar. Nesta idade, ―a brincadeira não desaparece, mas permeia a atitude em relação à realidade‖ VYGOTSKY (1984, p. 118). A brincadeira fornece, pois, ampla estrutura básica para mudanças da necessidade e da consciência, criando um novo tipo de atitude em relação ao real. Nela aparece à ação na esfera imaginativa numa situação de faz de conta, a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real e das motivações volitivas, constituindo-se, assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar. (VYGOTSKY, 1984, p. 117). Enfim, em virtude das interpretações mencionadas, tanto Piaget como Vygotsky atribuem importância aos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento e aprendizagem da criança. A brincadeira faz parte da vida da criança, seja na escola ou fora dela. Esta atividade é tanto fonte de lazer como de conhecimento. Contudo, brincar na escola é diferente de brincar em casa, na rua ou em outros lugares. Desta forma, fazem-se necessários mais espaços para a ludicidade infantil, como a pré- escola e as brincadeiras. 1.2. Os jogos e sua importância para desenvolvimento cognitivo Jogo é um termo do latim “jocus” que significa gracejo, brincadeira, divertimento. O conceito de jogo consiste numa atividade física ou intelectual formada por um conjunto de regras e define um indivíduo (ou um grupo) como vencedor e outro como perdedor. Os jogos pedagógicos e as atividades lúdicas estão ganhando cada vez mais espaço na inovação das metodologias de ensino e aperfeiçoamento dos processos de aprendizado, principalmente, quando o objetivo é o desenvolvimento global do aluno. O desenvolvimento da aprendizagem está relacionado com o meio em que se está inserido. Ao entrar em contato com novos estímulos, ocorre a necessidade de adaptação gerando um equilíbrio sobre o que supostamente se tem contato, unindo com o novo conhecimento e gerando readaptação do aprendizado. Qualquer conduta (conduite), tratando-se seja de um ato executado exteriormente, ou interiorizado no pensamento, apresenta-se como uma adaptação ou, melhor dizendo, como uma readaptação. O indivíduo age apenas ao experimentar uma necessidade, ou seja, se o equilíbrio entre o meio e o organismo é rompido momentaneamente; neste caso, a ação tende a restabelecer o equilíbrio, isto é, precisamente a readaptar o organismo (PIAGET, 2013, p.18). De acordo com Piaget (2013), o aprendizado possui ligação entre adaptação, acomodação e assimilação, através de informações adquiridas no meio em que se está inserido. Esses são processos de internalização de conteúdos externos, passando por etapas para que seja possível ocorrer uma compreensão, Ora assimilando assim os objetos, a ação e o pensamento são compelidos a se acomodarem a estes, isto é, a se reajustarem por ocasião de cada variação exterior. Pode-se chamar ‘adaptação’ ao equilíbrio destas assimilações e acomodações (PIAGET, 1999, p.17). Além do aspecto cognitivo, as brincadeiras proporcionam oportunidades adequadas para o desenvolvimento humano na interação social, na expressão afetiva, na evolução da linguagem, na experimentação de possibilidades motoras, apropriação de regras sociais e imersão no universo cultural. Estes jogos acontecem nos primeiros meses de vida da criança, em seu desenvolvimento e na vida adulta, percorre todos os passos importantes do desenvolvimento. Segundo Ora assimilando assim os objetos, a ação e o pensamento são compelidos a se acomodarem a estes, isto é, a se reajustarem por ocasião de cada variação exterior. Pode-se chamar ‘adaptação’ ao equilíbrio destas assimilações e acomodações conforme Piaget: Desde os primeiros meses, as crianças repetem todo o tipo de movimento e de gestos. Elas têm prazer com a repetição, com o resultado imediato dos efeitos produzidos. Estes jogos fazem a sua aparição com os primeiros exercícios sensoriais e motores simples ou combinações de ação com ou sem finalidade aparente, como puxar um fio, abanar um objeto sonoro, bater num objeto mole, fazer rodas um pião, dar pancadas, etc. Os jogos de exercícios prolongam-se por vezes até a idade adulta, mas implicam em poucas aquisições novas assim geralmente tendem a diminuir de intensidade e de importância com a idade (PIAGET, 1999, p.17) Os jogos de exercícios aparecem a partir do prazer que a criança tem em estar realizando a atividade em si, ou seja, este prazer vincula-se a realização do movimento do seu corpo, o que permite-lhe desenvolver os reflexos em comportamentos. Isto acarretará na aprendizagem dos vários movimentos mais complexos e também no estímulo à maturação neurofisiológica da criança. Os Jogos Simbólicos acontecem no decorrer do desenvolvimento da criança dos dois anos de idade até os 6 anos. Segundo Friedmann: A representação de um objeto por outro e a simulação caracterizam estes jogos. A criança começa a fazer imitações, a brincar de faz-de-conta, representa o pai e amãe, simula acontecimentos imaginários, brinca com as diversas situações do mundo social dos adultos. (FRIEDMANN, 1995, p.174) Os jogos e brinquedos deste grupo são os pequenos personagens articulados, como a boneca, os acessórios das bonecas, as marionetes, os vestidos, etc. Segundo Ribeiro (2005, p.37) “o jogo simbólico(...) já depende da possibilidade de a criança representar mentalmente um objeto ou situação ausente e “presentificá-lo” por meio de ficção valendo-se de outros objetos ou ações”. Portanto, os primeiros jogos simbólicos possuem uma estrutura muito simples e que depois evoluem para as chamadas brincadeiras de faz-de-conta, têm seu início no segundo ano de vida da criança e predominam por volta de quatro a sete anos. Os jogos simbólicos são importantes para o desenvolvimento cognitivo da criança, pois é a partir deles que ela constrói novos conceitos. À medida que a criança realiza as imitações dos adultos que a rodeiam, ela adquire uma nova aprendizagem, que é realizada no momento em que ela tem que realizar ações ou falas que antes não tinha apresentado. Assim, é através da imitação dos adultos que a criança irá fazer o treinamento dos seus futuros papéis sociais. O jogo simbólico é a representação corporal do imaginário, e apesar de nele predominar a fantasia, a atividade psicomotora exercida acaba por prender a criança à realidade. Na sua imaginação ela pode modificar sua vontade, usando o "faz de conta", mas quando expressa corporalmente as atividades, ela precisa respeitar a realidade concreta e as relações do mundo real. Piaget descreve algumas básicas de jogos infantil, sendo estes: Jogo de exercício, Jogo simbólico/dramático, Jogo de construção, Jogo de regras. A importância do jogo de regras, é que quando a criança aprende a lidar com a delimitação, no espaço, no tempo, no tipo de atividade válida, o que pode e o que não pode fazer, garante-se uma certa regularidade que organiza a ação tornando-a orgânica. O valor do conteúdo de um jogo deve ser considerado em relação ao estágio de desenvolvimento em que se encontra a criança, isto é, como a criança adquire conhecimento e raciocina. Vygotsky estabelece uma relação estreita entre o jogo e a aprendizagem, atribuindo-lhe uma grande importância. Para que possamos compreender essa importância é necessário que recordemos algumas ideias de sua teoria do desenvolvimento cognitivo. A principal é que o desenvolvimento cognitivo resulta da interação entre a criança e as pessoas com quem mantém contato regular. O principal conceito da teoria de Vygotsky é o de Zona de Desenvolvimento Proximal, que ele define como a diferença entre o desenvolvimento atual da criança e o nível que atinge quando resolve problemas com auxílio, o que leva à consequência de que as crianças podem fazer mais do que conseguiriam fazer por si sós. As concepções de Vygotsky e Piaget quanto ao papel do jogo no desenvolvimento cognitivo diferem radicalmente. Para Piaget (1975) no jogo prepondera a assimilação, ou seja, a criança assimila no jogo o que percebe da realidade às estruturas que já construiu e neste sentido o jogo não é determinante nas modificações das estruturas. Para Vygotsky o jogo proporciona alteração das estruturas. Jogos de regras simples e complexas acontecem entre cinco anos até a vida adulta. Segundo FRIEDMANN (1995, p.175): Estes jogos iniciam-se muito progressivamente entre os quatro e os sete anos, e de modo confuso. É sobretudo durante o período dos sete anos que eles se desenvolvem sobre a forma de jogos de regras simples e complexas, diretamente ligadas à ação e geralmente sustentadas aos outros procedimentos lúdicos que têm tendência para se atenuar, subsistem, podendo desenvolver-se nos adolescentes e nos adultos, tomando uma forma mais elaborada. Eles se interessam mais por jogos de regras complexas, mais independentes da ação e baseados em raciocínios e combinações puramente lógicas, hipóteses, estratégias e deduções, tal como xadrez, jogos de estratégia complexos, jogos esportivos complexos, etc .. (FRIEDMANN, 1995, p.175) Pode assumir a forma de combinações sensório-motoras (como nas corridas ou nos jogos com bolas) ou intelectuais (por exemplo, os jogos de cartas ou de tabuleiro), envolvem a competição entre indivíduos e é regulamentado por um código transmitido de geração a geração, ou mesmo por acordos momentâneos feitos entre os jogadores, mas que são mantidos ou não enquanto dura o jogo. Nesta fase, existe também o entendimento do início da moral na criança, ou seja, ela começa a perceber que os jogos apresentam regras, porém, ela ainda realiza as brincadeiras para satisfazer seus interesses motores e simbólicos, e não tanto para participarem de uma atividade coletiva. Piaget nomeia esta etapa do desenvolvimento moral de Anomia. A segunda etapa, chamada de Heteronomia, que começa aproximadamente aos 9-10 anos, as crianças apresentam interesse em participar de atividades coletivas e regradas. A última fase do desenvolvimento infantil é denominado de operações formais, que acontece a partir dos 12 anos. Ocorrendo o raciocínio hipotético- dedutivo, o qual é responsável pela capacidade de gerar grandes feitos, como a invenção do automóvel, e de solucionar problemas cotidianos. À medida que a criança avança em seu processo de desenvolvimento, as ações realizadas por ela ficam cada vez mais complexas e, consequentemente, solicitam novas aprendizagens que irão integrar-se com as já existem. O pensamento formal, é portanto, “hipotético-dedutivo”, isto é, capaz de deduzir as conclusões de puras hipóteses e não somente através de uma observação real. Suas conclusões são validas, mesmo independentemente da realidade de fato, sendo por isto que esta forma de pensamento envolve uma dificuldade e um trabalho mental muito maiores que o pensamento concreto (PIAGET, 1999, p. 59). É nesse momento que o adolescente possui o desenvolvimento cognitivo melhor pré-definido, desenvolvendo a capacidade do pensamento abstrato, conseguem levar em conta as combinações de fatores, não somente deduções a partir de hipóteses. Começam, dessa forma, a ter consciência da razão podendo entender doutrinas e teorias, conceituar termos e buscar compreender o que realmente significam. Por consequência desse processo, ocorre a busca pela identidade, gerando conflitos internos na busca pela autonomia pessoal. Isso faz com que haja o desenvolvimento da personalidade, o que muitas vezes gera contradições de ideias, conforme Piaget: [...] graças a sua personalidade em formação, coloca-se em igualdade com seus mais velhos, mas sentindo-se outro, diferente deles, pela vida nova que o agita. É este o motivo pelo qual os sistemas ou planos de vida dos adolescentes são, ao mesmo tempo, cheios de sentimentos generosos, de projetos altruístas ou de fervor místico e de inquietante megalomania e egocentrismo consciente (PIAGET, 1999, p.62). Assim, pode-se perceber a explicação para algumas das atividades que promovam ou mesmo que venham de encontro aos conceitos altruístas da adolescência, sem deixar de relacionar com a formação da personalidade dos sujeitos, e favorecendo a construção do conhecimento sem deixar de compreender os inúmeros conflitos internos que fazem parte da vida desses sujeitos. Brincar para crianças pode ser considerado uma atividade tão produtiva quanto trabalhar para adultos. Nessa perspectiva, a produtividade de comportamentos lúdicos simples é considerada um recurso natural inerente à realidade de qualquer criança. Ao brincar, as crianças vão descobrir o mundo ao seu redor e desenvolver os conceitos de cognição, tempo e espaço, ou seja, aprendizagem. Dessa forma, eles poderão aproveitar ao máximo a diversão da prática docente, transformar o espaço escolar em um ambiente acolhedor e harmonioso, propícioà concepção e elaboração de atividades educativas para a educação infantil, e estimular todas as etapas do desenvolvimento infantil. A utilização do lúdico como recurso pedagógico na sala de aula pode se apresentar como um caminho possível para ir ao encontro da formação integral das crianças e do atendimento de suas necessidades. Quando se pensa em atividades significativas que respondam as necessidades das crianças estamos valorizando o acesso aos conhecimentos de mundo pela criança. A educação é um processo historicamente construído e o professor possui um papel importante como sendo um profissional que estimula o educando a buscar sua identidade e a atuar de forma crítica e reflexiva na sociedade. Os enfoques que se têm hoje são dados aos jogos infantis como servindo de instrumento em sua pratica como recurso pedagógico para promover a aprendizagem e o desenvolvimento infantil, segundo Kishimoto: O jogo é um instrumento pedagógico muito significativo. No contexto cultural e biológico é uma atividade livre, alegre que engloba uma significação. É de grande valor social, oferecendo inúmeras possibilidades educacionais, pois favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a adaptação ao grupo, preparando a criança para viver em sociedade, participando e questionando os pressupostos das relações sociais tais como estão postos. (KISHIMOTO, 1997, p. 37) Quando propomos uma atividade lúdica, um jogo, além dos objetivos cognitivos a serem alcançados, esperamos que as crianças possam ser capaz de respeitar limites, socializar, criar e explorar a criatividade, interagir e aprender. 1.2.1. Práticas Pedagógicas de 0 a 6 anos. A partir disso, podem ser localizadas práticas pedagógicas que sustentam e fortalecem a importância e amplitude das práticas lúdicas. Visando uma melhor divisão, essa etapa contará com a exposição de jogos e brincadeiras, dividindo-se entre as faixas etárias de 0 a 3 meses, 3 a 6 meses, 6 a 9 meses, 9 a 12 meses, 1 a 2 anos, 2 a 3 anos, 3 a 4 anos, 4 a 5 anos, 5 a 6 anos. Partindo do pressuposto de que o brincar é para a criança uma fonte de descoberta de valor incalculável, pois, enquanto brinca, vivencia o lúdico de forma significativa produzindo no cérebro uma atividade intensa marcada pelo prazer que, por sua vez, desenvolve o senso de companheirismo, afirma a personalidade, proporcionando a criança a descoberta do seu próprio “eu”. Sendo assim, brincando a criança aguça o imaginário, desperta ideias e contribui para o desenvolvimento intelectual e criativo. Visto isso, na faixa etária de 0 a 3 meses, o bebê enxerga a uma distância de até 30cm, sendo o choro sua maneira de dizer que algo o incomoda ou que deseja alguma coisa, acompanha o olhar com as coisas que se movam dentro de seu campo de visão, por isso o que estimula a criança são vínculos afetivos, a partir do desenvolvimento sensório-motor do bebê. A brincadeira que pode ser realizada é segurar a mão do bebê e ir abrindo lentamente os dedos, esticando a mão com cuidado. Em seguida, deve-se deixar o bebê segurar firme no dedo do adulto, que deve fazer força leve, como se fosse tirar o seu dedo da mão, para que o bebê force para manter seu dedo preso. Com isso, tem-se a promoção do desenvolvimento e a criação de vínculos (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2019). Na faixa etária de 3 a 6 meses, são características de desenvolvimento da criança mudanças constantes, reconhecendo tudo ao seu redor. Visando estimular a curiosidade, investigação e incentivo à percepção sensorial e motricidade, a brincadeira se baseia em ensinar o bebê a segurar os objetos com duas mãos. Deverá preparar o local da brincadeira, colocando almofadas e brinquedos pequenos de cores variadas, deve-se colocar o bebê sentado, apoiando-se nas almofadas. Deve-se mostrar ao bebê os brinquedos, colocando-os em suas mãos e segurando-os para que não caiam, visando que o bebê possa explorá-los (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2019). Na faixa etária de 6 a 9 meses, a criança já pode engatinhar ou arrastar-se, se movimentando para os ambientes em que deseja. Além disso, a criança brinca com objetos de diferentes formas, tamanhos e cores. Com isso, a brincadeira que poderá ser realizada é o túnel, visando a curiosidade, investigação e coordenação motora ampla. Com uma caixa de papelão, deverá ser construído um túnel para estimular o bebê a se locomover, podendo criar obstáculos (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2019). Na faixa etária de 1 a 2 anos, algumas crianças já caminham, por isso, nessa fase a criança está em constante movimento, mesmo que caia com frequência, pouco a pouco vai ganhando confiança. Por isso, algumas brincadeiras podem ser realizadas, como o quadro sensorial, estimulando o desenvolvimento sensório-motor e sua percepção tátil. O quadro sensorial é composto por uma colagem de diferentes objetos, com diferentes cores, texturas e formas. Tal brincadeira pode captar a curiosidade do bebê, estimulando que ele explore todas as sensações a partir da interação com tais materiais (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2019). Na faixa etária de 2 a 3 anos, a criança já corre com segurança, seus movimentos já estão se aperfeiçoando, com isso, a criança já gosta de realizar coisas por si só. As brincadeiras nessa faixa etária devem estimular atividades de estímulo sensorial, criatividade, imaginação, habilidade motora. Com isso, a brincadeira com areia é fundamental para essa etapa do desenvolvimento, deve-se deixar a criança explorar com os pés, as mãos e diferentes ferramentas, devendo-se mostrar a criança a possibilidade de fazer diferentes desenhos e grafismos com diferentes instrumentos, estimulando a criatividade (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2019). Na faixa etária de 3 a 4 anos, as características de desenvolvimento da criança são: saltar, correr e pular. Além disso, consegue comer utilizando o garfo, lava as mãos e vai ao banheiro sozinha, com isso a cor, a forma e o tamanho dos objetos chama muita atenção. Brincadeiras que desenvolvem o aparelho fonador e a coordenação motora fina, com isso tem-se a brincadeira com bolhas de sabão. A partir de kits prontos de bolha de sabão, será utilizado água e detergente líquido. Essa brincadeira é excelente para a promoção da cooperatividade entre os demais a sua volta. Na faixa etária de 4 a 5 anos, a criança coordena melhor seus movimentos, correndo, saltando e tendo melhor autonomia com o brincar. A partir da brincadeira com arte e elementos da natureza, visando estimular a percepção visual, contato com a natureza, percepção ambiental e criatividade. A proposta da atividade é aproveitar os materiais da natureza, como folhas, galhos e frutos, para fazer arte. Com isso, tem- se o exercício da criatividade e da imaginação da criança (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2019). Por fim, na faixa etária de 5 a 6 anos, a criança já tem seus movimentos mais precisos e coordenados, movendo-se com agilidade e flexibilidade, demonstrando não somente correr ou caminhar, mas também desenhar, recortar e raspar papéis. Por isso, uma ótima prática lúdica é o jogo denominado “queimada”, visando a coordenação motora ampla, o trabalho em grupo, a cooperação e a socialização da criança (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2019). 1.3. Os aspectos legais do brincar na infância. O simples fato de brincar na infância é tão necessário e relevante para o desenvolvimento da criança, nos aspectos sociais e culturais, e do próprio aprimoramento cognitivo e pessoal. Brincar torna-se uma atividade naturalmente concebida como responsável pelo aperfeiçoamento significativo da criança ao meio em que vive, uma vez que, aprender brincando é satisfatoriamente mais interessante ao universo infantil do que aprender realizando exercícios didáticos tradicionais. Sendo uma prática lúdicacom aparo legal passando pela Declaração Universal dos Direitos da Criança no ano de 1959 desde a Constituição Federal do Brasil (1988) até os atuais Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), perpassando pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), e tendo uma abrangência mais clara dentro do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A Declaração Universal dos Direitos das crianças, que foi aprovada durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 20 de novembro de 1959. Representantes de centenas de países aprovaram a Declaração dos Direitos da Criança, que foi adaptada da Declaração Universal dos Direitos Humanos: Princípio 7 - toda criança tem direito de receber educação primária gratuita, e também de qualidade, para que possa ter oportunidades iguais para desenvolver suas habilidades. Também a criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão estar dirigidos para educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para promover o exercício deste direito (UNICEF, 1959). De acordo com as observações, nos tratados supracitados, referentes à Declaração Universal dos Direitos da Criança, já existe uma ideia educativa que considera o brincar uma prática importante para o desenvolvimento infantil, e que o jogo é um mecanismo para o seu desenvolvimento. Habilidades, mas elas precisarão estar relacionadas à educação. O ambiente está associado, ou seja, associado aos objetivos de ensino pré-determinados. Na Constituição Federal do Brasil de 1988, não aparece claramente o termo lúdico quando se refere aos direitos da criança, no entanto cabe a interpretação, quando no Art. 227 elenca os direitos fundamentais como “direito à dignidade, à educação, à saúde, ao lazer, à alimentação, à profissionalização à cultura, ao respeito, à vida, liberdade e à convivência familiar e comunitária” (BRASIL, 1988). No Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em seu Art. 16 estabelece que o direito à liberdade das crianças e dos adolescentes compreende aos aspectos: brincar, praticar esportes e divertir-se. Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma da lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação (BRASIL, 1990). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, baseados nos princípios legais já estabelecidos na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente, compreende importância do processo educacional das crianças de até 5 anos de idade na Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, considerando essa fase como responsável pelo desenvolvimento da criança em seus aspectos físicos, psicológicos e sociais. Sendo essa modalidade oferecida em creches e pré-escolas, ou seja, espaços específicos que, de certa forma, facilitam o brincar de forma protegida (BRASIL, 1996). Dentro dessa perspectiva, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil- RCNEI lê-se que durante as brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brincam (BRASIL, 1998). Pela oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por elas mesmas, as crianças podem acionar seus pensamentos para a resolução de problemas que lhes são importantes e significativos. Propiciando a brincadeira, portanto, cria-se um espaço no qual as crianças podem experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular sobre as pessoas, os sentimentos, e os diversos conhecimentos (BRASIL, 1998, p. 28). A brincadeira é principalmente uma atividade que começa desde a infância e seu comportamento permite que as crianças desvendem o mundo, aprendam, criem seus conceitos e reformem seus conceitos com base na experiência que a brincadeira lhes proporciona. O Guia Curricular Nacional da Educação Infantil também enfatiza a importância da brincadeira para o desenvolvimento geral das crianças. Tendo em vista a particularidade do trabalho docente, são propostas algumas metas e práticas de ensino, que podem ser utilizadas para nortear essa prática no ambiente escolar. A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças (BRASIL, 2010, p.18). Entre as inúmeras atividades lúdicas, o currículo escolar e os objetivos pré- estabelecidos pelos professores também são inúmeros. Brincar no ambiente escolar é uma atividade natural, mas precisa ser consistente com a organização do trabalho docente. Associado ao currículo para promover os objetivos da escola para o desenvolvimento do aluno. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais, as práticas pedagógicas que constituem as recomendações do currículo da educação infantil devem ser pautadas na interação e nos jogos, dois eixos provavelmente garantirão a vivência: Promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança; - Favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical; - Possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos; - Propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das manifestações e tradições culturais brasileiras [...] (BRASIL, 2010, p. 25-26). De modo geral, os jogos e brincadeiras no espaço escolar precisam estar intimamente relacionados aos objetivos do ensino para que possam gerar aprendizagem e ao mesmo tempo promover a interação entre os sujeitos participantes do ambiente educacional. Por meio da brincadeira, os processos sociais das crianças com o meio ambiente e seu desenvolvimento social e cognitivo ocorrerão de forma natural. Com a apresentação de letras, sons, sílabas e palavras e a forma como trabalham com as crianças, a alfabetização se torna relevante. Dessa forma, as crianças que brincam no ambiente escolar aprendem a estabelecer relações estreitas com professores, escolas e conhecimentos, cultivar afinidades importantes e fazer com que o ambiente envolvido se torne mais amigável do que hostil. CAPÍTULO II – MÉTODO 2.1. Metodologia: São diversos os benefícios obtidos através das brincadeiras no ensino- aprendizagem e na evolução de aprenderem brincando, visando construir várias formas de expressão e identidade, desenvolvendo a imaginação. Dessa forma, para entender o ato de brincar, faz se necessário, compreender o universo lúdico, que é onde a criança faz uma ligação entre o real e o imaginário. A ludicidade, sendo esta uma experiência vivenciada pela criança, se materializa como brincadeira, dança, jogos, desenhos, o canto, entre outros. A ludicidade se integra às dimensões emocionais, físicas e mentais da criança, proporcionando experimentações, sentimentos e vivências diversas (BACELAR, 2009). Dessa forma, existem uma série de atividades programadas cujo objetivo é a estimulação e aquisição do conhecimento e de habilidades necessárias para o desenvolvimento da criança, tais atividadessão consideradas prazerosas, devendo sempre respeitar as emoções, os sentimentos e as necessidades das crianças. [...] no estado lúdico, o ser humano está inteiro, ou seja, está vivenciando uma experiência que integra sentimento, pensamento e ação, de forma plena. Nessa perspectiva, não há separação entre esses elementos. A vivência se dá nos níveis corporal, emocional, mental e social, de forma integral e integrada. (BACELAR, 2009, p. 25) Tal conceito tem se expandido ao longo dos anos, mostrando sua importância, todavia, é preciso ter em mente que é necessário a construção do diálogo, do acolhimento e entendimento da subjetividade de cada criança para que se coloque em prática a ludicidade de maneira integrada e satisfatória. Válido apontar que não basta que sejam propostas brincadeiras às crianças, estas necessitam propiciar a vivência de um estado lúdico, permitindo às crianças que exerçam seus direitos, concomitantemente ao seu desenvolvimento emocional, intelectual e social. Dessa forma, entende-se por ludicidade uma experiência interna do sujeito, que além de prazerosa, permite seu desenvolvimento. Através dos jogos as crianças desenvolvem suas capacidades de coordenação motora e memórias. Além disso, os jogos são uma forma de comunicação, por meio deste a criança pode reproduzir o seu cotidiano, possibilitando a aprendizagem através das brincadeiras. Compreendendo isso, o trabalho problematiza a constituição e utilização da ludicidade no processo de ensino e aprendizagem, através da utilização de jogos e brincadeiras na educação infantil. Visando compreender como o professor poderá trabalhar com o aluno, considerando as etapas do desenvolvimento infantil na perspectiva construtivista. Com isso, a metodologia do trabalho se dá por meio da abordagem qualitativa, visto que esta: Não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 31-32). Preocupando-se, portanto, com aspectos da realidade social do desenvolvimento infantil, por meio de jogos, centrando-se na compreensão e explicação dessa dinâmica. A partir de um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, correspondendo a descrição, compreensão e explicação do problema exposto. Dessa forma, a pesquisa qualitativa pretende compreender a totalidade do fenômeno, indo para além do focalizar conceitos específicos, mas também salientando a importância das interpretações do objeto estudado. Em relação aos procedimentos, Fonseca (2002 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 36) explica que: [...] a pesquisa possibilita uma aproximação e um entendimento da realidade a investigar, como um processo permanentemente inacabado. Ela se processa através de aproximações sucessivas da realidade, fornecendo subsídios para uma intervenção no real. Portanto, a pesquisa tem caráter bibliográfico, partindo do levantamento de referências teóricas, abrangendo toda bibliografia já tornada pública, as quais se relacionam com o tema de estudo. Estas publicações vão de materiais escritos, como boletins, jornais, monografias, livros, teses, até mesmo materiais orais e audiovisuais, como rádio, gravações em fitas magnéticas, filmes, etc. Deste modo, a bibliografia pertinente "oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente" (MANZO apud MARKONI, LAKATOS, 1991, p. 183). Com isso, a pesquisa bibliográfica coleta dados de estudos e análises já feitas e publicadas, a fim explicar um tema de estudo com um foco diferente dessas bibliografias, mas sem modificar seu significado. Assim como menciona Markoni e Lakatos, "a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras" (MARKONI, LAKATOS, 1991, p. 183). A pesquisa bibliográfica foi escolhida para auxiliar na compreensão dos significados que vão ao encontro do objetivo deste trabalho. Desta forma, para entender sobre a relação do lúdico no processo ensino aprendizagem, entender sobre a importância que os jogos auxiliam no desenvolvimento cognitivo, foi indispensável o uso da pesquisa bibliográfica. Este método, somados a abordagem qualitativa e a análise de conteúdo, foi fundamental para entender sobre cada assunto, bem como transversalizá-los para assim obter os resultados do tema proposto. Adicionalmente, as bibliografias pesquisadas foram por meio de pesquisas em livros, sites, artigos e estudos, selecionando aqueles que melhor me auxiliavam na compreensão dos conceitos para assim chegar aos resultados. Os resultados desta pesquisa surgiram a partir das leituras que foram realizadas na pesquisa bibliográfica. Sendo assim, foi categorizada em subcapítulos que foram ao encontro das questões de pesquisa do presente trabalho. Os autores dos referenciais teóricos auxiliaram na análise. Após uma coleta dos dados, por meio da pesquisa bibliográfica, foi utilizado a análise de conteúdo como técnica de análise das informações. Segundo Moraes (1999): A análise de conteúdo constitui uma metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Essa análise, conduzindo a descrições sistemáticas, qualitativas ou quantitativas, ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus significados num nível que vai além de uma leitura comum. (MORAES, 1999, p. 2). Assim, a análise de conteúdo permite ler e interpretar toda classe de conteúdo coletado, a fim de abrir as portas do conhecimento de aspectos, fenômenos sociais e demais assuntos abordados. Além disso, "a análise de conteúdo, em sua vertente qualitativa, parte de uma série de pressupostos, os quais, no exame de um texto, servem de suporte para captar seu sentido simbólico" (MORAES, 1999, p. 2). Estes sentidos podem ser não somente únicos, mas também podem ser enfocados em diversas perspectivas. Deste modo, a análise de conteúdo vem auxiliar na compreensão dos dados coletados, já que, por sua vez, esta pesquisa contou com vários significados e perspectivas. Portanto, a escolha dessa técnica de análise de dados auxilia na coleta de significados, classificações e interpretações coletadas por meio da pesquisa bibliográfica para analisar e revelar os resultados obtidos a partir dos temas propostos nesta pesquisa. Ou seja, a análise de conteúdo permite estudar os dados sob a ótica dos objetivos desta pesquisa, de forma a responder às questões norteadoras deste trabalho. Em relação a coleta de dados, Gerhardt e Silveira (2009, p. 56) explicam que “compreende o conjunto de operações por meio das quais o modelo de análise é confrontado aos dados coletados. Ao longo dessa etapa, várias informações são, portanto, coletadas. Elas serão sistematicamente analisadas na etapa posterior”. Com isso, após a pesquisa bibliográfica, analisando os dados pesquisados e construindo o referencial teórico, o trabalho conta com a parte de análise e discussão dos dados coletados. E ainda, é possível analisar possíveis práticas pedagógicas relacionadas a práticas lúdicas, separando-se por faixa etária e compreendendo as características do desenvolvimento da criança em cada etapa. 2.2 Relato de Pesquisa Brincar torna-se uma atividade naturalmente concebida como responsável pelo aperfeiçoamento significativo da criança ao meio em que vive, uma vez que, aprender brincandoé satisfatoriamente mais interessante ao universo infantil do que aprender realizando exercícios didáticos tradicionais. Sendo uma prática lúdica com aparo legal passando pela Declaração Universal dos Direitos da Criança no ano de 1959 desde a Constituição Federal do Brasil (1988) até os atuais Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), perpassando pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), e tendo uma abrangência mais clara dentro do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A Declaração Universal dos Direitos das crianças, que foi aprovada durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 20 de novembro de 1959. Representantes de centenas de países aprovaram a Declaração dos Direitos da Criança, que foi adaptada da Declaração Universal dos Direitos Humanos: Princípio 7 - toda criança tem direito de receber educação primária gratuita, e também de qualidade, para que possa ter oportunidades iguais para desenvolver suas habilidades. Também a criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão estar dirigidos para educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para promover o exercício deste direito (UNICEF, 1959). Para Vygotsky (1984) o brinquedo tem um grande papel no desenvolvimento da identidade e da autonomia. A criança, desde muito cedo, pode se comunicar por meio de gestos, sons e de representar determinado papel na brincadeira, desenvolvendo sua imaginação. A imaginação é um processo psicológico, que, para a criança, representa uma forma de atividade consciente. De acordo com Piaget (2013), o aprendizado possui ligação entre adaptação, acomodação e assimilação, através de informações adquiridas no meio em que se está inserido. Esses são processos de internalização de conteúdos externos, passando por etapas para que seja possível ocorrer uma compreensão. Ora assimilando assim os objetos, a ação e o pensamento são compelidos a se acomodarem a estes, isto é, a se reajustarem por ocasião de cada variação exterior. Pode-se chamar ‘adaptação’ ao equilíbrio destas assimilações e acomodações (PIAGET, 1999, p.17). Tanto Piaget como Vygotsky acreditam que os jogos e são muito importantes para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças. Brincar faz parte da vida de uma criança, seja na escola ou fora dela. Esta atividade é fonte de lazer e de conhecimento. No entanto, brincar na escola é diferente de brincar em casa, na rua ou em qualquer outro lugar. Portanto, é necessário mais espaço para as crianças brincarem, como pré-escola e jogos. Neste viés, Kishimoto (1993, p. 52) confirma que a ação lúdica representada pelo brinquedo, brincadeira e pelo jogo como função educativa tem suas origens nos tempos mais remotos e ganhou especial força com a expansão da educação infantil e das pesquisas realizadas e teorias advindas delas nas últimas décadas. Sendo assim, o professor, ao invés de apresentar os conteúdos e seus conceitos, deve usar estratégias que levem o aluno a raciocinar e elaborar tais conceitos, para então confrontá-lo com o conhecimento sistematizado. CAPÍTULO III - ANÁLISE E DISCUSSÃO O trabalho de conclusão de curso contextualizou a ludicidade e o cotidiano das crianças, percebe-se que a educação lúdica influencia diretamente na formação do educando, propiciando inúmeros benefícios, uma vez que a inserção de jogos e demais brincadeiras de cunho pedagógico proporcionam prazer e desenvolvem a criatividade, imaginação e coordenação motora. A inserção de brincadeiras em diferentes situações educacionais é, pois, um meio para estimular as aprendizagens específicas das crianças. A história da alfabetização é dividida em 4 grandes períodos: a) o primeiro inclui a antiguidade e Idade Média – quando predominou o método da soletração; b) o segundo abrange o método contrário à soletração (séculos XVI e XVIII até a década de 60) estabelecido pela criação de novos métodos sintéticos e analíticos; c) o terceiro período é marcado pelo questionamento da necessidade de ligar os sinais gráficos da escrita com os sons da fala (meados de 1980); d) e por fim o quarto período que será conhecido como a reinvenção da alfabetização (alguns autores como Araújo, acreditam apenas na existência dos 3 primeiros períodos) que surgiu a partir do fracasso da utilização de práticas equivocadas e inadequadas que vem das tentativas de aplicação da teoria construtivista. No primeiro período criou-se o alfabeto. Com ele veio a primeira forma de ensino, já citada acima, a soletração ou ABC. Era uma forma lenta e complexa, haja vista que se iniciava com o aprendizado das 24 letras (primeiro em ordem alfabética e depois na ordem inversa), primeiro o nome destas, depois sua forma escrita. Depois desta complexa fase, ocorreria o aprendizado das sílabas, estas seriam decoradas em ordem até se esgotarem as formas combinatórias e a partir daí o aprendizado das sílabas compostas. Após este aprendizado, viria o momento de aprender a ler textos, que em um primeiro momento eram apresentados em sílabas e após em escrita normal, porém não havia espaço entre as palavras ou pontuação. Neste período eram usados muitos materiais e objetos para o ensino da leitura e escrita como, por exemplo, pedaços de couro e até mesmo ouro que são encontrados hoje em dia em museus. Todos estes materiais eram colocados em contato com as crianças desde bem novas, pois seus pais acreditavam que isto facilitaria seu aprendizado. Mas também havia outra maneira de aprender, desta vez uma forma mais prazerosa, com doces e bolos nos formatos das respectivas letras, ou seja, podemos fazer um paralelo com a nossa conhecida sopa de letrinhas. Chegando ao século XVI, começa a ser questionado o método da soletração em razão de seu alto nível de dificuldade. Surge então o ensino a partir do som das letras e palavras, ou seja, o método fônico. Mas o exagero na pronúncia do som das palavras o levou ao fracasso. Passados todos estes métodos antigos, chegamos a um muito parecido com o utilizado nos dias de hoje. Se as crianças aprendem a falar pelo som que é emitido nesta ação, nada mais óbvio do que também aprender a falar emitindo palavras inteiras e não apenas parte destas. Sendo assim, primeiro se explora a palavra como um todo e após a conclusão desta parte, aí sim chegaremos às sílabas. Concluindo, observamos que os métodos soletração, fônico e silábico são de origem analítica, pois partem da unidade menor para a maior, ou seja, primeiro será apresentada a letra até chegar à palavra completa e ao texto. Já os métodos conhecidos como analíticos são a sentenciação ou textuais, que partem da unidade maior para a menor. O lúdico como recurso pedagógico auxilia o educando a perceber suas dificuldades e cabe ao educador identificar tais capacidades de formar e propiciar a integração de todas as áreas e desenvolvimento dos alunos. Brincar é uma importante forma de comunicação, é por meio deste ato que a criança pode reproduzir o seu cotidiano. O ato de brincar possibilita o processo de aprendizagem da criança, pois facilita a construção da reflexão, da autonomia e da criatividade, estabelecendo, desta forma, uma relação estreita entre jogo e aprendizagem. Neste sentido, o objetivo central deste estudo é analisar a importância do brincar na Educação Infantil e como o professor trabalha este momento, pois segundo os autores pesquisados, este é um período fundamental para a criança no que diz respeito ao seu desenvolvimento e aprendizagem de forma mais significativa. A palavra “jogo” está bem relacionada com divertimento, brincadeiras e descontração, mas já existem vários estudos mostrando outros possíveis significados da palavra, praticada dentro de tempo e seguindo regras. Para Nicola Abbagnano (1998), o jogo tem o fim nele mesmo, ou seja, sua mola propulsora é o prazer
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