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Transtorno da personalidade borderline O transtorno da personalidade borderline (TPB) é uma condição psiquiátrica complexa que envolve desregulação emocional, instabilidade relacional e comportamento impulsivo. Essa introdução explorará os achados da neurobiologia associados a esse distúrbio, oferecendo uma compreensão mais profunda de sua etiologia e manifestações clínicas. @leandronogueira Lenog Saúde Visite www.Facebook.com/lenogsaude Visite www.youtbe.com/c/lenog Conflitos de interesse Em atenção ao Código de Ética Médica, ao Conselho Nacional de Saúde e resolução RDC 96/2008 da ANVISA. Não há nenhum conflito de interesse. Características do TPB A característica essencial do transtorno da personalidade borderline é um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e de afetos e de impulsividade acentuada que surge no começo da vida adulta e está presente em vários contextos. Apresentam padrão de relacionamentos instável e intenso (Critério 2). Podem idealizar cuidadores ou companheiros potenciais em um primeiro ou segundo encontro, exigir ficar muito tempo juntos e partilhar os detalhes pessoais mais íntimos logo no início de um relacionamento. Características do TPB • Há mudanças súbitas e dramáticas na autoimagem, caracterizadas por metas, valores e aspirações vocacionais inconstantes. • Podem ocorrer mudanças súbitas em opiniões e planos sobre carreira profissional, identidade sexual, valores e tipos de amigos. • Impulsividade: Podem apostar, gastar dinheiro de forma irresponsável, comer compulsivamente, abusar de substâncias, envolver-se em sexo desprotegido ou dirigir de forma imprudente. - Pessoas com o transtorno podem demonstrar instabilidade afetiva devido a acentuada reatividade do humor (p. ex., disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa). - Durante períodos de estresse extremo, podem ocorrer ideação paranoide ou sintomas dissociativos transitórios (p. ex., despersonalização). - Podem ter um padrão de sabotagem pessoal no momento em que uma meta está para ser atingida (p. ex., abandono da escola logo antes da formatura; regressão grave após conversa sobre os bons rumos da terapia; destruição de um relacionamento bom exatamente quando está claro que ele pode durar). Características do TPB • Interpretação equivocadas das ações de pessoas próximas (comportamentos, atitudes ou comentários). • As relações interpessoais (profissionais, família, amigos, relacionamento amorosos), pode mudar subitamente, de uma idealização (com grande amor e admiração) para desvalorização e desapontamento (com intensa raiva e aversão). • Ligação imediata, idealizada, mas, na vigência de pequena separação ou conflito, oscilam para o outro extremo (com acusações). • Altamente sensíveis à rejeição, reagindo com raiva e angústia às menores separações. • Medo de abandono, dificuldades em sentir-se emocionalmente ligado a pessoas significativas fisicamente ausentes (sentimento de menos valia). • Instabilidade, Impulsividade, instabilidade emocional; Tipicamente, a raiva alterna com depressão, ansiedade e euforia. • Podem apresentar sintomas psicóticos transitórios (pensamento persecutório, pensamento delirante). Características do TPB • Auto-lesões sem intenção suicida. • As ameaças e tentativas de suicídio, (ou mesmo de homicídio), podem ocorrer na vigência de raiva ante vivências de abandono ou decepções. • Intensos ataques de raiva, depressão ou ansiedade, e que podem perdurar por horas ou, no máximo, um dia; • Episódios de agressão impulsiva, auto-lesão, abuso de álcool ou drogas • Distorções cognitivas e da auto-imagem que geram mudanças nos objetivos de longo prazo (carreira, emprego, amizades, e valores); • Sentem-se profundamente incompreendidos, desrespeitados, entediados, vazios, sem idéia de quem são; • Sintomas intensificados se há isolamento ou apoio social deficiente e sempre tem esforços desesperados para evitar a solidão; • Parecem "desligar-se" boa parte do tempo como forma de "proteção". Características do TPB -O TPB é produto da interação de fatores biológicos (temperamentais), psicológicos e comportamentais, tendo sido observado, por exemplo, em até 25% dos pacientes com histórico de abuso sexual na infância (Zanarini MC: Childhood experiences associated with the development of borderline personality disorder. Psychiatr Clin North Am, 23:89-101, 2000) -Os quais mostram mudanças no volume do hipocampo e amígdala. (Driessen M, Hermann J, Stahl K: Magnetic resonance volume of the hippocampus and the amygdala in women with borderline personality disorder and early traumatization. Arch Gen Psychiatry, 57:1115-1122, 2000) -Os indivíduos com personalidade borderline têm prejuízo na flexibilidade cognitiva, planejamento, atenção e excitação, os quais afetam sua capacidade de processar e integrar experiências traumáticas. (Chavez-Leon E, Ontovieros-Uribe M, Lopezgarza D: Trastornos de la personalidad. En: Manual de Trastornos Mentales. Asociación Psiquiátrica Mexicana, México, 2005) Neurobiologia do TPB Anatomia do cérebro e suas estruturas-chave O cérebro humano é composto por diferentes estruturas com funções específicas, como o córtex cerebral, responsável por processar informações sensoriais e motoras, e o sistema límbico, relacionado à regulação das emoções e memória. O entendimento dessas regiões é essencial para compreender a neurobiologia do transtorno da personalidade borderline. Além disso, estruturas como o hipocampo, amígdala e hipotálamo também desempenham papéis importantes na fisiopatologia deste transtorno, influenciando nos processos cognitivos, emocionais e regulatórios. Alterações na atividade cerebral em pacientes com transtorno borderline 1Hiper-reatividade emocional Pacientes com transtorno borderline apresentam um aumento na atividade da amígdala, responsável pelo processamento emocional, resultando em respostas emocionais intensas e desproporcionais a estímulos. 2 Disfunção dos lobos frontais Pesquisas mostram uma redução da atividade nos lobos frontais, que são responsáveis pelo controle inibitório e regulação emocional, contribuindo para os desafios de autocontrole e impulsividade.3Desequilíbrio neural Existe um desbalanceamento na comunicação entre diferentes áreas do cérebro, como o córtex pré-frontal e a amígdala, prejudicando a capacidade de regular as emoções de forma adaptativa. Neurotransmissores e seu papel no transtorno borderline Pacientes com transtorno da personalidade borderline exibem desequilíbrios em diversos neurotransmissores, incluindo serotonina, dopamina e noradrenalina. Esses desajustes afetam o processamento emocional, regulação de humor e impulsividade, sintomas característicos desse transtorno. Estudos indicam que a diminuição da atividade serotonérgica está correlacionada com a instabilidade afetiva e comportamentos suicidas. Já a disfunção dopaminérgica pode contribuir para a impulsividade e busca por recompensas imediatas. Serotonina - Humor Deprimido; - Ansiedade; - Ataques de pânico; - Fobias; - Alt. Hábitos Alimentares ; - Tristeza ; - choro facil; - Dificuldade de tomar decisão - Pensamento s negativos e ruminativos Noradrenalina - Sintomas físicos - Atenção diminuída; - Redução da capacidade de concentração ; - Lentificação psicomotora; - Fadigabilidad e; - Dores; - Alteração de memória; Dopamina - Anergia - Apatia; - Impulsividade; - Redução do interesse; - Redução da motivação; - Compulsão alimentar; - Alteração da libido; (Siever LJ. Neurobiology of aggression and violence. Am J Psychiatry. 2008;165(4):429-42) (Siegel A, Bhatt S, Bhatt R, Zalcman SS. The neurobiological bases for development of pharmacological treatments for aggressive disorders. Curr Neuropharmacol. 2014;5(2):135-47) Neurobiologia do TPB O TPB é produto da interação de fatores biológicos(temperamentais), psicológicos e comportamentais, tendo sido observado, por exemplo, em até 25% dos pacientes com histórico de abuso sexual na infância (Zanarini MC: Childhood experiences associated with the development of borderline personality disorder. Psychiatr Clin North Am, 23:89-101, 2000). Os quais mostram mudanças no volume do hipocampo e amígdala. (Driessen M, Hermann J, Stahl K: Magnetic resonance volume of the hippocampus and the amygdala in women with borderline personality disorder and early traumatization. Arch Gen Psychiatry, 57:1115-1122, 2000). Os indivíduos com personalidade borderline têm prejuízo na flexibilidade cognitiva, planejamento, atenção e excitação, os quais afetam sua capacidade de processar e integrar experiências traumáticas. (Chavez-Leon E, Ontovieros-Uribe M, Lopezgarza D: Trastornos de la personalidad. En: Manual de Trastornos Mentales. Asociación Psiquiátrica Mexicana, México, 2005) O trauma na infância é considerado o principal fator ambiental envolvido no TPB (Martin-Blanco et al., 2014), estudos apontam uma correlação entre as adversidades precoces com a expressão sintomatológica do transtorno e sua gravidade (Elices et al., 2015). Dentre os tipos de maus-tratos infantis inclui-se abuso físico, abuso emocional, abuso sexual, negligência emocional e negligência física, compreendendo taxas de experiências precoces traumáticas entre 30 a 90% dos casos (Elices et al., 2015). A compreensão dos efeitos desses eventos traumáticos para o tratamento da psicopatologia e as suas influências seja na patogênese ou na manifestação dos sintomas ainda é limitada (Euler et al., 2019), necessitando, assim de novas investigações acerca das influências do trauma infantil no Transtorno de Personalidade Borderline. Neurobiologia do TPB Influência dos fatores genéticos e ambientais Fatores Genéticos Pesquisas indicam que o transtorno da personalidade borderline pode ter uma forte componente genética. Variações específicas em genes relacionados à regulação emocional e ao processamento de informações podem predispor indivíduos a desenvolverem o transtorno. Fatores Ambientais Além dos fatores genéticos, traumas na infância, negligência ou abuso emocional, físico ou sexual, podem desempenhar um papel crucial no desenvolvimento do transtorno borderline. Esses eventos adversos podem afetar o sistema nervoso em desenvolvimento e levar a alterações neurobiológicas. Interação Gene- Ambiente A interação entre fatores genéticos e ambientais é fundamental para a compreensão do transtorno da personalidade borderline. Indivíduos com predisposição genética podem ser mais vulneráveis aos efeitos negativos de experiências traumáticas, intensificando o risco de desenvolver o transtorno. Plasticidade Cerebral A neurobiologia do transtorno borderline é complexa e dinâmica. A plasticidade cerebral permite que o cérebro se adapte e se remodelar em resposta a influências genéticas e ambientais, o que pode levar a alterações nos padrões de atividade e conectividade cerebrais. Impacto do estresse e traumas na neurobiologia do transtorno 1 Estresse crônico Ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, levando a mudanças no sistema límbico e córtex pré-frontal 2 Traumas na infância Alteram o desenvolvimento do córtex pré-frontal e amígdala, impactando a regulação emocional 3 Respostas alteradas Maior sensibilidade ao estresse e dificuldade de gerenciar emoções intensas O estresse crônico e traumas na infância têm um profundo impacto na neurobiologia do transtorno da personalidade borderline. Essas experiências adversas ativam o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, levando a mudanças estruturais e funcionais no sistema límbico e córtex pré-frontal. Isso resulta em uma maior sensibilidade ao estresse e dificuldade de regular emoções intensas, características marcantes do transtorno borderline. Neuroimagem e sua contribuição para o entendimento do transtorno Ressonância Magnética Funcional Estudos de neuroimagem, como a ressonância magnética funcional (RMf), permitem visualizar padrões de ativação cerebral em pacientes com transtorno borderline, revelando alterações em regiões-chave relacionadas à regulação emocional e controle de impulsos. Tomografia Computadorizada Técnicas de neuroimagem estrutural, como a tomografia computadorizada (TC), possibilitam a identificação de diferenças na morfologia e volume de estruturas cerebrais em indivíduos com transtorno borderline, contribuindo para o entendimento das bases neurobiológicas do distúrbio. PET e SPECT Métodos de neuroimagem funcional avançados, como a tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), fornecem informações sobre o metabolismo e a neurotransmissão cerebral em pacientes com transtorno borderline. Perspectivas futuras e pesquisas em andamento Avanços em Neuroimagem Novas técnicas de neuroimagem, como a ressonância magnética funcional de alta resolução, permitirão mapeamentos cerebrais cada vez mais precisos dos pacientes com transtorno borderline. Estudos Genéticos Pesquisas genômicas aprofundadas buscarão identificar os marcadores genéticos associados ao transtorno, abrindo caminho para terapias personalizadas e uma melhor compreensão de suas bases biológicas. Neurociência Translacional A integração de descobertas da neurobiologia, psicologia e psiquiatria permitirá o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas mais eficazes, com foco na regulação emocional e no funcionamento cerebral. Novos Tratamentos Pesquisas em curso investigam o potencial de terapias inovadoras, como a estimulação magnética transcraniana, a administração de oxitocina e o uso de psicodélicos, para modular os sistemas neurobiológicos subjacentes ao transtorno borderline. Um transtorno da personalidade é um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e inflexível, começa na adolescência ou no início da fase adulta, é estável ao longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo. Transtorno da Personalidade Bordeline Os transtornos da personalidade estão reunidos em três grupos, com base em semelhanças descritivas. O Grupo A inclui os transtornos da personalidade paranoide, esquizoide e esquizotípica. Indivíduos com esses transtornos frequentemente **parecem esquisitos ou excêntricos.** O Grupo B inclui os transtornos da personalidade antissocial, borderline, histriônica e narcisista. Indivíduos com esses transtornos costumam parecerem dramáticos, emotivos ou erráticos. O Grupo C inclui os transtornos da personalidade evitativa, dependente e obsessivo-compulsiva. Indivíduos com esses transtornos com frequência parecem **ansiosos ou medrosos.** Transtorno da Personalidade Bordeline A. Um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo. Esse padrão manifesta-se em duas (ou mais) das seguintes áreas: 1. Cognição (i.e., formas de perceber e interpretar a si mesmo, outras pessoas e eventos). 2. Afetividade (i.e., variação, intensidade, labilidade e adequação da resposta emocional). 3. Funcionamento interpessoal. 4. Controle de impulsos. B. O padrão persistente é inflexível e abrange uma faixa ampla de situações pessoais e sociais. – C. O padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Critérios Diagnósticos Critérios Diagnósticos D - O padrão é estável e de longa duração, e seu surgimento ocorre pelomenos a partir da adolescência ou do início da fase adulta. E - O padrão persistente não é mais bem explicado como uma manifestação ou consequência de outro transtorno mental. F - O padrão persistente não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., traumatismo craniencefálico). Traços de personalidade são padrões persistentes de percepção, de relacionamento com e de pensamento sobre o ambiente e si mesmo que são exibidos em uma ampla gama de contextos sociais e pessoais. Os traços de personalidade constituem transtornos da personalidade somente quando são inflexíveis e mal-adaptativos e causam prejuízo funcional ou sofrimento subjetivo significativos. A avaliação pode ainda ser complicada pelo fato de que as características que definem um transtorno da personalidade podem não ser consideradas problemáticas pelo indivíduo (traços egossintônicos). Para ajudar a superar essa dificuldade, informações suplementares oferecidas por outros informantes podem ser úteis. As características de um transtorno da personalidade costumam se tornar reconhecíveis durante a adolescência ou no começo da vida adulta. Alguns tipos de transtorno da personalidade (notadamente os transtornos da personalidade antissocial e borderline) tendem a ficar menos evidentes ou a desaparecer com o envelhecimento, o que parece não valer para alguns outros tipos (p. ex., transtornos da personalidade obsessivo-compulsiva e esquizotípica). Deve-se reconhecer que os traços de um transtorno da personalidade que aparecem na infância com freqüência não persistem sem mudanças na vida adulta. Para que um transtorno da personalidade seja diagnosticado em um indivíduo com menos de 18 anos de idade, as características precisam ter estado presentes por pelo menos um ano. A única exceção é o transtorno da personalidade antissocial, que não pode ser diagnosticado em indivíduos com menos de 18 anos. o desenvolvimento de uma mudança na personalidade no meio da vida adulta ou mais tarde requer uma avaliação completa para determinar a possível presença de uma mudança de personalidade devido a outra condição médica ou a um transtorno por uso de substância não reconhecido. Transtorno da Personalidade Borderline CID 11 F60.3 Uma alegria contagiante pode se transformar em tristeza profunda em um piscar de olhos porque alguém "pisou na bola". O amor intenso vira ódio profundo, porque a atitude foi interpretada como traição; o sentimento sai de controle e se traduz em gritos, palavrões e até socos. E, então, bate uma culpa enorme e o medo de ser abandonado, como sempre. Dá vontade de se cortar, de beber e até de morrer, porque a dor, o vazio e a raiva de si mesmo são insuportáveis. As emoções e comportamentos exaltados podem dar uma ideia do que vive alguém com transtorno de personalidade borderline (ou "limítrofe"). 1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado. (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.) 2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização. 3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo. Critérios Diagnósticos 4 - Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar). (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.) 5 - Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante. 6 - Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor (p. ex., disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns dias). 7 - Sentimentos crônicos de vazio. 8 - Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (p. ex., mostras frequentes de irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes). 9 - Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos. • A prevalência na população é de 6%. • O padrão mais comum é o de instabilidade crônica no início da vida adulta, com episódios graves de descontrole afetivo e impulsivo. • Dos 30 aos 50 anos, a maioria dos indivíduos com o transtorno alcança estabilidade maior nos seus relacionamentos e no seu funcionamento profissional. • Estudos de seguimento de indivíduos identificados por meio de ambulatórios de saúde mental indicam que, após cerca de 10 anos, até metade deles não mais apresenta um padrão de comportamento que atenda aos critérios para o transtorno da personalidade borderline. • O transtorno da personalidade borderline é diagnosticado predominantemente (cerca de 75%) em indivíduos do sexo feminino. O transtorno da personalidade borderline é cerca de cinco vezes mais comum em parentes biológicos de primeiro grau de pessoas com o transtorno do que na população em geral. Também há aumento do risco familiar para transtornos por uso de substância, transtorno da personalidade antissocial e transtorno depressivo ou bipolar. Fatores Genéticos e fisilógicos Transtornos depressivo e bipolar. O transtorno da personalidade borderline frequentemente ocorre de forma concomitante com transtornos depressivos ou bipolares, e, quando atendidos critérios para ambos, os dois podem ser diagnosticados. Problemas de identidade. O transtorno da personalidade borderline deve ser distinguido de um problema de identidade, o qual é reservado para preocupações quanto à identidade relativas a uma fase de desenvolvimento (p. ex., adolescência) e não se qualifica como um transtorno mental. Diagnóstico Diferencial O transtorno da personalidade histriônica possa ser também caracterizado por busca de atenção, comportamento manipulativo e por mudanças rápidas nas emoções, o transtorno da personalidade borderline distingue- se por autodestrutividade, ataques de raiva nos relacionamentos íntimos e sentimentos crônicos de vazio profundo e solidão. Ideias ou ilusões paranoides podem estar presentes nos transtornos da personalidade borderline e esquizotípica, mas esses sintomas, no transtorno da personalidade borderline, são mais transitórios, reativos a problemas interpessoais e responsivos à estruturação externa. Os transtornos da personalidade paranoide e narcisista possam ser também caracterizados por reação de raiva a estímulos mínimos, a relativa estabilidade da autoimagem, assim como a relativa falta de autodestrutividade, impulsividade e preocupações acerca de abandono, distinguem esses transtornos do transtorno da personalidade borderline. Diagnóstico Diferencial Mudança de personalidade devido a outra condição médica. O transtorno da personalidade borderline deve ser distinguido de mudança de personalidade devido a outra condição médica, na qual os traços que emergem são atribuíveis aos efeitos de outra condição médica no sistema nervoso central. Transtornos por uso de substância. O transtorno da personalidade borderline deve ainda ser distinguido de sintomas que podem se desenvolver em associação com o uso persistente de substância. Problemas de identidade. O transtorno da personalidade borderline deve ser distinguido de um problema de identidade, o qual é reservado para preocupações quanto à identidade relativas a uma fase de desenvolvimento (p. ex., adolescência) e não se qualifica como um transtorno mental. Diagnóstico Diferencial Tratamentos farmacológicos e seu efeito na neurobiologia Os tratamentos farmacológicos desempenham um papel fundamental na regulação da neurobiologia do transtorno da personalidade borderline. Diferentes classes de medicamentos, como antidepressivos, estabilizadores de humor e antipsicóticos,podem atuar em diversos sistemas neurotransmissores, influenciando a atividade cerebral desses pacientes. Medicamentos Efeito Neurobiológico Antidepressivos (ex: Fluoxetina, Sertralina) Aumentam os níveis de serotonina, melhorando a regulação emocional e impulsividade. Estabilizadores de humor (ex: Lamotrigina, Valproato) Modulam a atividade de neurotransmissores como o glutamato, reduzindo a instabilidade afetiva. Antipsicóticos (ex: Olanzapina, Risperidona) Atuam em receptores dopaminérgicos e serotoninérgicos, diminuindo sintomas como paranoia e dissociação. Embora os tratamentos farmacológicos possam melhorar os sintomas, seu impacto na neurobiologia do transtorno borderline ainda é alvo de extensas pesquisas. Uma abordagem integrada, combinando medicamentos e terapias psicológicas, tem se mostrado a mais eficaz no manejo desse transtorno complexo. A personalidade envolve não só aspectos herdados, mas também aprendidos, por isso a melhora é possível, ainda que seja difícil de acreditar no início. A psicoterapia é o melhor tratamento e o mais eficaz para o TPB.. A psicoeducação e o suporte familiar também são importantes no tratamento. Tratamento Nas crises, o paciente deve contar com uma equipe multidisciplinar, montada de acordo com cada caso e eventuais comorbidades. Ela pode incluir, além do psicólogo e/ou do psiquiatra, profissionais como acompanhante terapêutico, enfermeiro e terapeutas ocupacionais. Algumas crises podem ser contornadas em casa, com os medicamentos prescritos pelo psiquiatra e atendimento extra por parte do psicólogo, quando já existe um profissional ou equipe que cuida do paciente. Ter o telefone ou e-mail dessas pessoas é fundamental para saber o que fazer em uma emergência. Já se o paciente não está em tratamento, deve ser levado ao pronto-socorro ou a um ambulatório de psiquiatria/psicologia. Se houver risco de vida ao paciente ou a outras pessoas, a internação pode ser necessária. Manter a calma e já ter um roteiro discutido com a equipe ajuda muito nesses casos. Tratamento Terapias psicológicas e sua influência na neurobiologia 1 Terapia cognitivo-comportamental Esta abordagem terapêutica auxilia na modulação da atividade do córtex pré- frontal e amígdala, regiões-chave no transtorno borderline. 2 Terapia dialético-comportamental Sua ênfase no mindfulness e regulação emocional promove alterações na ativação de regiões como a ínsula e o córtex cingulado anterior. 3 Psicoterapia psicodinâmica Ao trabalhar com insights e conexões emocionais, essa terapia influencia a atividade de áreas como o córtex pré- frontal e o sistema límbico. 4 Terapia interpessoal Seu foco nas relações interpessoais afeta a modulação de neurotransmissores como a serotonina, dopamina e ocitocina. As teorias psicanalíticas com as suas "ferramentas" técnico/ praticas auxiliam na ampliação da visão do paciente a melhorar sua qualidade de vida. Auxilia também na ampliação do Ego através do desenvolvimento de funções atrofiadas que resultará no aumento da capacidade de resignificar as experiências traumáticas e na contenção de experiências correlatas. Procura alcançar o desenvolvimento das funções egóicas por meio da substituição das identificações patógenas. Desenvolvimento de defesas e mecanismos de defesas mais maduros. Ingresso em modos de funcionamento psíquico mais elaborado, que representam um avanço no desenvolvimento frente as formas arcaicas de relação objetal, nos quais esse sujeito está fixado. Tratamento Terapia Comportamento Dialética (DBT) • Haveria no TPB uma disfunção na regulação das emoções (intensa reação a eventos estressantes), portanto uma Vulnerabilidade Emocional; • O ambiente do paciente seria Invalidante: nega, critica, pune ou responde errôneamente a reações emocionais; • O indivíduo é cronicamente patologizado; • Pacientes invalidariam suas próprias reações (Lineham, 1993); • Terapeuta escuta, empaticamente, as vivências emocionais disfóricas (valida-as); • Identifica circunstâncias que levaram o paciente a vivenciar disforia; • Investiga possíveis soluções alternativas para os problemas subjacentes às vivências emocionais. Tratamento Terapia Comportamento Dialética (DBT) As estratégias básicas incluem: • Análise comportamental • Análise de soluções e estratégias de soluções • Treinamento de habilidades (regulação emocional, efetividade interpessoal, mindfulness e tolerância ao mal estar. Estratégias para insight) • Manejo de contingências • Exposição • Modificação cognitiva • Intervenções didáticas • Estratégias de orientação e aquisição e fortalecimento do comprometimento • A terapia individual, o treinamento de habilidades, consultoria de terapeutas e orientações telefônicas podem ser utilizados para que o paciente generalize novos comportamentos adaptativos Tratamento • Grande desafio; • Deve ser sempre avaliado; • Perguntar objetivamente; • Considerar internação se: - Risco iminente; - Rede de proteção do paciente é insuficiente; - Insegurança por parte dos familiares; - Presença de sintomas psicóticos; Manejo do risco do Suicídio Sei que precisarei tomar cuidado para não usar sub-repticiamente uma nova terceira perna que em mim renasce fácil como o capim, e essa perna protetora chamar de uma verdade. Clarice Lispector - 1979 Referências American Psychiatry Association. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mentais. 5ª edição. Artmed, 2013. Lieb K et al. Pharmacotherapy for borderline personality disorder: Cochrane systematic review of randomised trials. The British Journal of Psychiatry. Dec 2009; 196 (1) 4-12. Melo ALN. Psiquiatria. 3ª edição. Volume 1. Editora Guanabara, 1981. Sadock BJ, Sadock VA, Ruiz P et al. Kaplan & Sadock’s Comprehensive Textbook Of Psychiatry 9e.Volume 2. LWW, 2009. Zimmerman M, Rothschild L, Chelminski I. The prevalence of DSM-IV personality disorders in psychiatric outpatients. Am J Psychiatry 2005; 162:1911. Huang Y, Kotov R, de Girolamo G, et al. DSM-IV personality disorders in the WHO World Mental Health Surveys. Br J Psychiatry 2009; 195:46. Jansson I, Hesse M, Fridell M. Personality disorder features as predictors of symptoms five years post- treatment. Am J Addict 2008; 17:172. @leandronogueira Lenog Saúde Visite www.Facebook.com/lenogsaude Visite www.youtbe.com/c/lenog Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46
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