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Politicas Públicas - TODOS OS PDFS

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UDF - CENTRO UNIVERSITÁRIO 
CURSO: CIÊNCIA POLÍTICAS
DISCIPLINA: AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Aula 1- Revisão e Análise de Políticas Públicas
Bibliografia: RUA, Maria das Graças, “Análise de Políticas Públicas: conceitos básicos” in O 
Estudo da Política, Capítulos 11
A sociedade pode ser considerada como uma arena que está em constante conflito, a 
resolução de conflitos pode ser superada de duas formas: a) a coerção física, b) a política.
➢ A política pode ser definida como o conjunto de procedimentos formais e 
informais que expressam as relações de poder e que se destinam a resolução 
pacífica de conflitos quanto a bens públicos.
➢ A política pública são os resultados da atividade políticas.
➢ A política pública é diferente de decisão política. 
Uma política pública geralmente envolve mais de uma decisão e requer diversas ações 
estrategicamente selecionadas para implementar as decisões tomadas. 
Já decisão política corresponde a uma escolha, entre um leque de alternativas, conforme a 
hierarquia das preferências dos atores envolvidos e expressa uma certa adequação entre 
os fins pretendidos e os meios disponíveis.
EMBORA UMA POLÍTICA PÚBLICA ENVOLVA UMA DECISÃO POLÍTICA NEM TODA DECISÃO 
POLÍTICA ENVOLVE UMA POLÍTICA PÚBLICA. 
AS POLÍTICAS PÚBLICAS SÃO PÚBLICAS E NÃO APENAS COLETIVAS E SÃO DEFINIDAS PELO 
SEU CARÁTER IMPERATIVO 
 Meio Ambiente 
Meio Ambiente
I Demandas O
M  Decisões e Ações U
P  T
U Suporte P
T  U 
S T
 S
 
 
 
Meio Ambiente 
Meio Ambiente
 | |
 |_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ | 
Tanto a decisão política como as políticas públicas sofrem interferências do meio 
ambiente.
Grande parte da atividade dos governos está destinada a satisfação de demandas dos 
atores sociais ou dos próprios agentes políticos 
No que se refere às demandas existem demandas novas e recorrentes. 
 As demandas novas são problemas que antes existiam somente como estado de 
coisas sem nunca chegar de modo específico ao sistema político, 
 As demandas recorrentes são aquelas que constituem problemas não resolvidos 
ou mal resolvidos que sempre voltam a pressionar o sistema político.
Os atores políticos nunca são genéricos, mas sim específicos e possuem características 
distintas. Existem atores públicos e privados.
O
Sistema
Político
Os atores públicos
 Os políticos são atores cuja posição resulta de mandatos eletivos. Por isso sua 
atuação é condicionada principalmente pelo cálculo eleitoral e pelo pertencimento 
a partidos políticos.
 Os burocratas devem a sua posição à ocupação de cargos que requerem 
conhecimento especializado e que se situam num sistema de carreira pública. 
Controlam principalmente recursos de autoridade e informação E preciso estar 
consciente que os burocratas também possuem projetos políticos e por isso é 
como existir conflito entre políticos e burocratas.
Os atores privados são, por exemplo, os empresários, os trabalhadores etc.
 Como identificar que são os atores de uma política pública Uma sugestão é 
identificar quem tem alguma coisa em jogo na política em questão.
 Um estado de coisas geralmente transforma-se em problema ou questão política 
quando mobiliza ação política.
 Para um problema político tornar-se um item prioritário da agenda política é 
necessário que apresente ao menos uma das características:
a) Mobilize ação política: expresse a ação coletiva de grande grupos, ou a ação 
coletiva de pequenos grupos dotados de fortes recursos de poder, ou a ação de 
atores individuais estrategicamente localizados.
b) Constitua uma situação de crise, calamidade ou catástrofe onde o ônus de não 
resolver seja maior do que resolver.
c) Represente uma situação de oportunidades.
A formulação de alternativas é um dos momentos mais importantes do processo 
decisório é o momento onde se colocam as preferências e os interesses dos atores.
Uma preferência é a alternativa de solução para um problema que mais beneficia um 
ator e depende do cálculo de custo benefício.
As preferências giram em torno de questões issues. Para entender o processo de 
formulação e implementação é necessário identificar quais são os issues da política.
Em função das preferências e das questões em jogo os atores fazem alianças entre si e 
entram em disputa Formam-se as arenas políticas e estas podem ser:
a) Distributivas: mobilizam reduzido potencial de conflito, já que tratam da 
alocação de recursos, distribuição de benefícios.
b) Regulatórias: estabelecem imperativos seletivos; quem pode e quem não pode 
ter ou fazer alguma coisa.
c) Redistributivas: são por definição altamente conflituosas, pois para que certos 
sejam alocados, outros atores terão de arcar com perdas.
O Ciclo de Política – Formulação  Implementação  Avaliação 
 Uma vez definido o problema ou os problemas que tornar-se-ão prioridade 
governamental é iniciado o processo de formulação de alternativas. Existem diferentes 
formas de pensar a solução para uma demanda (input).
 Modelo incremental: Significa buscar solucionar problemas de maneira gradual, sem 
introduzir grandes modificações nas situações existentes e sem provocar rupturas de 
qualquer natureza.  Decisão rápida. Analisa as alternativas buscando identificando qual 
delas é mais variável e que poderá contribuir para os resultados esperados  A melhor 
decisão é aquela que assegura um acordo satisfatório entre os interesses envolvidos. O 
modelo incremental constata que:
a) por mais adequada que seja a fundamentação técnica de uma alternativa, a decisão 
envolve relações de poder.
b) Os governos democráticos não possuem, efetivamente, liberdade total na alocação de 
recursos.
 Modelo racional compreensivo: Geralmente envolve maior alcance e maior proporção 
de recursos alocados. Parte do pressuposto que é possível conhecer o problema de tal 
forma que se possa tomar decisões de grande impacto. Nesse modelo os decisores 
estabelecem os valores a serem maximizados e quais alternativas que melhor poderão 
levar aos resultados esperados. A seleção da alternativa baseia-se numa análise detalhada 
de cada alternativa e suas conseqüências.  Decisão lenta e requer o levantamento de 
informações sobre o assunto. 
 Modelo mixed-scanning: Distingue entre decisões ordinárias e incrementais e decisões 
fundamentais ou estruturantes. 
 As decisões estruturantes são aquelas que estabelecem os rumos básicos das 
políticas públicas em geral e proporcionam o contexto para asdecisões 
incrementais.
A partir das decisões e escolha de alternativas surge a mobilização dos atores. A 
mobilização assume alguns padrões definidos.
a) Quando se tem políticas distributivas, o padrão costuma ser pluralista (atores 
equivalentes).
b) Quando se tem políticas regulatórias o padrão poder ser pluralista, mas também 
pode ser elitista (resultados são previamente definidos pelos interesses das 
elites). 
c) Quando se tem políticas redistributivas o padrão tende a ser de soma zero.
Esses padrões significam: 
➢ A forma assumida pelas relações de poder e por isso são modelos de 
decisão. 
➢ O formato assumido pelos mecanismos de representação de interesses, 
tanto do ponto de vista formal quanto informal.
Uma vez definida a alternativa como se comportam os atores?
1- De modo racional, buscando a solução perfeita para o problema. Neste modelo o 
governo é visto como um ator unitário que trata o problema estrategicamente. 
Baseia-se na idéia de concorrência perfeita que no induz a idéia de informação 
perfeita. Este modelo tem problemas pois a racionalidade humana não dá conta de 
todas as informações.
2- A partir da análise organizacional. Os atores consideram o estado como um 
conglomerado de organizações dotadas de vida mais ou menos autônomas, as 
políticas públicas são outputs organizacionais. Ignora o jogo político de barganha e 
negociação. Lideras de organizações são indivíduos com projetos próprios de 
política. 
3- Modelo burocrático: Supõe que os interesses dos atores geram linhas cruzadas em 
diferentes políticas. É preciso identificar os interesses dos atores. Não existe 
vínculo entre a tomada de decisão e a implementação, nem entre o conteúdo da 
decisão e a implementação. Além disso, esta abordagem considera que o jogo 
político não se dá apenas entre unidades institucionais e coletivas: há todo tipo de 
ator.
O que move o jogo do poder não é a lógica de um curso de ação, nem as rotinas 
organizacionais, nem a excelência técnica de cada alternativa, mas o poder efetivo e as 
habilidades políticas dos proponentes e adversários de uma alternativa para negociar, 
barganhar até obter uma solução satisfatória para um determinado problema político.
Esta abordagem permite lidar, inclusive com as situações de falta de informação e de 
informação incompleta, permitindo entender situações nas quais:
 
(a) ocorre a cooperação universal porque todos os atores são solidários; ou seja, todos 
acreditam que ganham com uma solução.
 
(b) não ocorre nenhuma cooperação, porque cada um quer levar vantagem em tudo;
 
(c) alguns atores não cooperam e tiram vantagem do fato de todos os outros atores 
estarem cooperando;
 
(d) alguns atores cooperam enquanto todos os outros só buscam suas vantagens 
individuais.
É a partir disso que as decisões são tomadas quando se trata de políticas públicas  A 
rigor, uma decisão em política pública representa apenas um amontoado de intenções 
sobre a solução de um problema, expressas na forma de determinações legais: decretos, 
resoluções, etc, etc... Nada disso garante que a decisão se transforme em ação e que a 
demanda que deu origem ao processo seja efetivamente atendida..
 Não existe um vínculo ou relação direta entre o fato de uma decisão ter sido 
tomada e a sua implementação. E também não existe relação ou vínculo direto 
entre o conteúdo da decisão e o resultado da implementação.
IMPORTANTE !!!
O que é que garante que uma decisão se transforme em ação em regimes democráticos?
 A efetiva resolução de todos os pontos de conflito envolvidos naquela política 
pública
A IMPLEMENTAÇÃO
A implementação pode ser compreendida como o conjunto de ações realizadas por 
grupos ou indivíduos de natureza pública ou privada, as quais são direcionadas para a 
consecução de objetivos estabelecidos mediante decisões anteriores quanto a políticas.
Os dez itens que podem indicar a implementação efetiva de uma política pública
Assim, há estudos que indicam dez pré-condições necessárias para que haja uma 
implementação perfeita:
 
1) As circunstâncias externas à agência implementadora não devem impor restrições que a 
desvirtuem;
 
2) O programa deve dispor de tempo e recursos suficientes;
 
3) Não apenas não deve haver restrições em termos de recursos globais, mas também, em cada 
estágio da implementação, a combinação necessária de recursos deve estar efetivamente 
disponível;
 
4) A política a ser implementada deve ser baseada numa teoria adequada sobre a relação entre 
a causa (de um problema) e o efeito (de uma solução que está sendo proposta);
 
5) Esta relação entre causa e efeito deve ser direta e, se houver fatores intervenientes, estes 
devem ser mínimos;
 
6) Deve haver uma só agência implementadora, que não depende de outras agências para ter 
sucesso; se outras agências estiverem envolvidas, a relação de dependência deverá ser mínima 
em número e em importância;
 
7) Deve haver completa compreensão e consenso quanto aos objetivos a serem atingidos e esta 
condição deve permanecer durante todo o processo de implementação;
 
8) Ao avançar em direção aos objetivos acordados, deve ser possível especificar, com detalhes 
completos e em seqüência perfeita, as tarefas a serem realizadas por cada participante;
 
9) E' necessário que haja perfeita comunicação e coordenação entre os vários elementos 
envolvidos no programa;
 
10) Os atores que exercem posições de comando devem ser capazes de obter efetiva obediência 
dos seus comandados.
Neste tipo de abordagem, a responsabilidade por uma política cabe, claramente, aos 
agentes situados no topo do processo político, e são quatro as variáveis mais importantes:
 
a) a natureza da política: não pode admitir ambigüidades; 
 
b) a estrutura de implementação: os elos da cadeia devem ser mínimos; 
 
c) a prevenção de interferências externas;
 
d) o controle sobre os atores envolvidos na implementação.
É preciso ter em mente que os implementadores nem sempre estão situados em posições 
decisivas de comando e por isso é preciso levar em consideração as percepções daqueles 
que implementam a política.  Isso gera a falta que conhecimento da política, por 
exemplo, dos objetivos a serem alcançados.
O estudo e o acompanhamento da implementação enfrentam a dificuldade de identificar 
o que é que efetivamente está sendo implementado, porque as políticas públicas são 
fenômenos complexos.
Por isso, o acompanhamento e controle das políticas publicas requer que se tenha em 
mente que:
 
a) muitas políticas representam compromissos entre valores e objetivos conflitantes;
 
b) mudanças políticas envolvem compromissos com interesses poderosos dentro da 
estrutura de implementação;
 
c) muitas políticas envolvem compromissos com interesses poderosos sobre quem será 
afetado pela implementação;
 
d) muitas políticas são formuladas sem que tenha sido dada a atenção necessárias ao 
modo pelo qual forças poderosas (particularmente as forças econômicas) poderão 
impossibilitar a sua implementação.
UDF - Centro Universitário 
Curso: Gestão em Políticas Públicas
Disciplina: Avaliação de Políticas Públicas
Aula- 1a
MELO, Marcus André, “O processo de implementação de políticas públicas no Brasil: 
Características e determinantes da avaliação de programas e projetos”, NEPP-Unicamp Caderno 
48.
Implementação e Avaliação
Os problemas de implementação têm sido entendidos como uma das dimensões cruciais 
para explicação do insucesso dos governos em atingir os objetivos estabelecidos no 
desenho das políticas públicas.
O que se propõe é que as avaliações de políticas públicas devem focar de forma 
privilegiada o processo de implementação.
A implementação a partir de uma abordagem tradicional constitui uma das fases do policy 
cicle e corresponde as atividades que permitem que ações sejam implementadas com vistas 
a obtenção de metas definas.
O texto discute um conjunto de conceitos analiticamente relevantes para a compreensão do ciclo 
de política em particular o processo de implementação de políticas,compreendido como o elo 
perdido da ação governamental.
Neste sentido o trabalho também busca detalhar um marco conceitual para entender a 
implementação de políticas públicas no contexto brasileiro, que é marcado por uma forte 
diferenciação funcional e problemas de coordenação e cooperação governamentais.
Dessa maneira a implementação é o elo perdido nas discussões sobre a eficiência e a eficácia das 
políticas governamentais. Nesse sentido, o surgimento de problemas não antecipados pode 
representar obstáculos intransponíveis para implementação de políticas de públicas.
As visões tradicionais do processo de implementação
 Baseada em um diagnóstico prévio e um sistema adequado de informações na fase de 
formulação são definidos não só as metas, mas também os recursos e o horizonte 
temporal da atividade de planejamento.
Definidos estes dois parâmetros pode-se aferir a eficiência dos programas ou políticas e seu grau 
de eficiência.
Em outras palavras não considera a implementação como um processo. A implementação é 
entendida como um jogo de uma só rodada, onde a ação governamental é um processo que 
ocorre de cima para baixo.
Formulação de políticas --------------------> implementação de políticas
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Retroalimentação/Monitoramento
 Essa visão clássica do ciclo de política não considera aspectos relativos à implementação e 
seus efeitos retroalimentadores sobre a formulação da política.
Numa perspectiva menos simplista em que o processo de formulação e implementação de 
políticas é visto como um processo.
 a implementação também é vista como uma dimensão importante.
EM SUA VERSÃO NORMATIVA ESSA PERSPECTIVA PROPÕE QUE O
MONITORAMENTO E A AVALIAçÃO DE POLíTICAS PÚBLICAS SEJAM
CONSIDERADOS COMO INSTRUMENTOS PARA CORREçÃO DE ROTA. OS
PROBLEMAS DE IMPLEMENTAçÃO 
dE:
SÃO DE NATUREZA VARIADA QUE RESULTAM
1- Capacidade institucional dos agentes implementadores
2- Problemas de natureza política na implementação das políticas públicas
3- Resultam de boicotes realizados por grupos ou setores afetados negativamente pela 
máquina pública.
Dessa forma o ciclo de política ainda é visto como um como processo simples e linear, mas 
apresenta uma evolução em relação ao modelo anterior. No entanto ainda está assentada em 
premissa equivocadas:
1- Esta perspectiva da ênfase excessiva a formulação que é tida como etapa livre de 
problemas. Essa perspectiva assume que:
i) A formulação está sempre correta;
ii) O formulador dispõe de todas as informações e o formulador dispõe de 
um modelo causal válido. Esse aspecto é importante, pois para os
Formulação de políticas ----------------------- implementação de políticas
(visão clássica do ciclo de política)
Muitas vezes os modelos causais não se relacionam ao fenômeno em si, mas em relação ao 
efeito de determinados fatores sobre sua redução. Exemplo: O nível de escolaridade das 
mães é um dos determinantes da presença ou ausência do fenômeno da mortalidade infantil, 
sendo assim uma intervenção voltada para as mães teria impacto significativo em termos de 
redução da mortalidade. Isso se chama hipótese de intervenção
A visão proposta de implementação, nos dois modelos vistos acima possuem sérios problemas 
no que se refere aos seus pressupostos. Pois, coloca em questão superficialmente a avaliação e o 
monitoramento na implementação  Continua a ver a implementação como um processo de 
cima para baixo.
Exemplos:
estudantes de políticas públicas é preciso saber que as políticas públicas, 
de certo modo, são hipóteses e pressupostos sobre determinados eventos 
sociais.
a) Políticas de mercado de trabalho estão ancoradas num modelo causal a respeito 
do desemprego e suas manifestações específicas para as classes trabalhadoras, 
segundo ocupação, gênero ou idade;
b) Política pública a respeito da mortalidade infantil está ancorada num modelo 
causal sobre esse tipo de mortalidade e sobre o papel de variáveis ambientais e 
nutricionais, bem como avaliação dos perfis de morbidade que provocam a 
mortalidade infantil.
Este tipo de hipótese é distinto daquele do modelo causal, pois esse não se relaciona 
diretamente com o fenômeno social em si, mas com os instrumentos de uma possível 
intervenção.
Estas duas visões concebem a implementação de um ponto de vista ingênuo, onde a 
administração pública aparece como um mecanismo operativo perfeito. Burocracia perfeita  
Possibilidade de assegurar a fidelidade da implementação.
Essa visão da burocracia perfeita concebe que o meio ambiente é caracterizado por informação 
perfeita, recursos ilimitados, coordenação perfeita, controle, hierarquia, clareza de objetivos, 
regras perfeitas e uniformes, linhas únicas de comando e autoridade, legitimidade política e 
consenso.
A implementação como jogo: Redes, aprendizado, institucional
A implementação no mundo real revela um padrão muito diferente onde prevalece a troca, a 
negociação, a barganha, o dissenso e a contradição. A coordenação é limitada, como os recursos e 
a informação.
Essas novas contribuições rejeitam a ideia de que a implementação é uma etapa posterior a 
formulação. Nesta perspectiva a implementação é vista como um processo autônomo onde as 
decisões cruciais são tomadas e não só implementadas.
Conflitos interjuridicionais entre órgão e instituições, brechas e ambiguidades legais, omissões 
de normas operacionais permitem que os burocratas (fiscais, auditores, supervisores) tenham 
capacidade de influir nas políticas.
A política pública deve ser vista como uma engenharia social. A partir disso o ciclo de 
política deve ser visto como um campo estratégico no qual se observa a indistinção entre 
formuladores e implementadores.
A análise de políticas públicas revela que os formuladores operam num ambiente carregado de 
incertezas
a) Os fenômenos sociais são complexos e escapam a capacidade de cognição dos 
formuladores.
b) Os formuladores não controlam o futuro e as incertezas
c) Os planos e programas delimitam apenas um limitado conjunto de cursos de ação e 
decisões que devem seguir e tomar.
d) Os formuladores expressam suas preferências individuais ou coletivas através de 
programas
Contribuições recente sobre a implementação enfatizam os elementos de aprendizagem, 
evolução, adaptação, e da implementação como decisão política.
Outro aspecto importante é a ideia de visão estratégica dos problemas de implementação 
incorporando questões críticas como a viabilidade política de determinadas políticas públicas e os 
problemas de coordenação entre as agências.
 A implementação, desta forma, cria políticas. A própria implementação implica em 
tomada de decisões e constitui-se em fonte de informações para a formulação de 
políticas
Para o autor a avaliação como instrumento para a correção de políticas pode ser substituída pelo
aprendizado na implementação de políticas públicas
 A implementação e a avaliação de políticas públicas devem ser entendidas como 
testes de modelos causais sujeitos a corroboração ou ao abandono.
Para estudar este campo estratégico vários conceitos têm sido utilizados e o mais importante é o 
de redes de implementação, pois esta quase nunca está a cargo de um único indivíduo ou 
instituição.
O ciclo de política visto como um jogo essencial da vida democrática e fundamental para o 
controle da ação do governo. Neste sentido muitas das análises colocam foco nos grupos 
envolvidos pelas políticas.
Quando o ciclo de políticas ocorre num ambiente organizacional em que agentes de 
mercado, atores estatais, e instituições não governamentais interagem fortemente as 
noções de hierarquia e controle fazem pouco sentido. Elas dão lugar a barganha e a troca 
enquanto princípios organizadores da implementação.
As contribuições recentes da literatura têm enfatizado a dimensão política do processo de 
implementação.
A estratégia tecnocrática de se eliminar ou insular a política pública tem se mostrado pouco eficaz 
e pouco democrática.
O desenho estratégico das políticas deve incluir os atoresque dão sustentabilidade as políticas. 
Dessa forma, o ciclo de política não pode ser concebido como linear
Este momento de crise representa o processo de aprendizado na dinâmica do programa.
Dessa forma, a implementação está imbricada em estruturas de governança. Governança 
entendida como regras do jogo e arranjos institucionais que dão sustentação a cooperação, a 
coordenação e a negociação.
A visão da implementação como aprendizado é empiricamente mais consistente que as outras 
perspectivas discutidas
Portanto, a visão do processo de implementação e avaliação como parte integrante do 
ciclo de politica deve informar as reflexões sobre os determinantes centrais da 
intervenção estatal e que devem ser considerados numa estratégia de metodológica de 
avaliação dirigida ao gestor de programas sociais no Brasil
UDF - CENTRO UNIVERSITÁRIO 
CURSO: CIÊNCIA POLÍTICAS
DISCIPLINA: AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Aula 2- Avaliação de Políticas Públicas e Programas Governamentais
Bibliografia: AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS: 
tendências recentes e experiências no Brasil – Carla Giane Soares da Cunha
A aula de hoje enfocará conceitos básicos de avaliação tendo como suporte o texto de 
Carla Giane. Vamos tentar definir o que é avaliação e suas características
➢ A Primeira pergunta a fazer quando se pensa em avaliação de qualquer ação 
humana é: PARA QUE AVALIAR?
➢ Outra questão que se coloca e que tem caráter originário para a nossa discussão é: 
O QUE É AVALIAÇÃO?
No contexto das políticas públicas AVALIAÇÃO é um instrumento pode subsidiar o 
planejamento e a formulação das intervenções governamentais, o acompanhamento de 
sua implementação, suas reformulações e ajustes, assim como as decisões sobre a 
manutenção ou interrupção das ações.
Para além disso, a AVALIAÇÃO é importante para a melhoria da eficiência do gasto 
público, da qualidade da gestão e do controle sobre a efetividade da ação do Estado, bem 
como para a divulgação de resultados de governo. 
 Um aspecto que deve ficar claro para o estudante/pesquisador é que a AVALIAÇÃO 
é um juízo de valor e deste modo a opção por avaliar e as formas pelas quais isso 
se realiza sempre são escolhas/decisões que envolvem por vezes visões de mundo, 
interesses, ideologias.
 Nesse sentido podemos entender que a avaliação certamente constitui-se de 
caráter de mensuração objetiva, mas não descarta aspectos qualitativos 
constituindo-se em um julgamento sobre o valor das intervenções governamentais 
por parte dos avaliadores internos ou externos, bem como por parte dos usuários 
ou beneficiários.
Esse aspecto é muito relevante não só para a avaliação, mas também para a própria 
análise de políticas públicas, pois ao se decidir pela aplicação de recursos em 
determinados projetos isso significa a atribuição de valor e legitimidade aos objetivos 
pretendidos.
A AVALIAÇÃO COMO PRÁTICA
A AVALIAÇÃO de políticas públicas é uma prática longeva em países europeus (seja de 
forma isolada, seja no âmbito da União Europeia), nos Estados Unidos da América e no 
Canadá.
No Brasil a AVALIAÇÃO de políticas públicas constituiu-se num campo de interesse de 
agentes governamentais e não governamentais principalmente a partir do processo de 
democratização.
A diferentes formas de pensar a Avaliação de Políticas Públicas:
 Uma delas é a avaliação acadêmica, mais formal, com interesse no estudo da 
efetividade das políticas, seus impactos e benefícios. 
 Outra forma é a avaliação promovida durante o período de implementação das 
políticas e programas governamentais, com foco na análise de sua eficiência e 
eficácia.
 
É importante para o estudante observar as formas pelas quais é possível pensar a 
avaliação. No nosso contexto, o acadêmico, as análises sobre impacto, benefícios e 
legitimidade são parte integrante da avaliação 
A análise de políticas públicas nos permite trabalhar dimensões específicas como a 
percepção do beneficiário, aspectos democrático participativos do processo de 
implementação. Mas não se pode perder de vista a questão voltada muito para a gestão 
pública da eficiência e da eficácia. 
POR QUE E PARA QUE AVALIAR?
Essas duas questões são importantes para compreender a avaliação de politicas públicas 
como um instrumentos para a gestão, transparência e democratização das políticas 
públicas, mas que, por outro lado, surge, principalmente na América Latina, num contexto 
político peculiar nos finais dos anos de 1980/1990.
“Hoje há quase um consenso na literatura de que os motivos para realizar estudos de 
avaliação de políticas e programas públicos estão relacionados à transformação da 
Administração Pública em uma administração mais moderna e eficiente, mesmo que em 
alguns países isto ainda seja apenas um desejo”
Nas décadas de 1980 e 1990 devido a crise fiscal do Estado com o colapso do Welfare 
State na Europa e a profunda crise fiscal norte-americana ocasionada pela Guerra do 
Vietnã levaram vários países a buscar alternativas para a superação desses problemas, 
sendo que grande parte das propostas para superação do colapso do Estado estavam no 
campo das teorias neoliberais.
“A despeito do entusiasmo inicial, a possibilidade de existência do Estado mínimo 
mostrou-se irrealista, principalmente para os países em desenvolvimento, onde as 
políticas públicas desempenham um papel estratégico para aliviar a pobreza e torná-los 
mais compatíveis com uma economia de mercado”
É neste período que surgem as propostas de Reforma do Estado, tendo em vista a 
impossibilidade de substituir o Estado pelo Mercado.
 No lugar da velha administração pública burocrática, emergiu uma nova forma de 
administração – a administração pública gerencial -, que tomou emprestado do 
setor privado os imensos avanços práticos e teóricos ocorridos no século XX na 
administração de empresas, sem, contudo perder sua característica específica: a 
de ser uma administração que não está orientada para o lucro, mas para o 
atendimento do interesse público
Administração Pública Gerencial = orientação para o cidadão + obtenção de resultados
A gestão para resultados que aproxima definitivamente a administração gerencial da 
avaliação.
AS FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO
Essas três funções estão associadas as fases do processo de constituição das políticas 
pública como campo.
INFORMAÇÃO: Durante a década de 1960 os países que impulsionaram a atividade 
estavam mais interessados na informação. Para eles, as questões principais a serem 
respondidas seriam: 
 Como funcionam as políticas? 
 Que efeitos produzem? 
 Como se pode melhorá-las?, 
ALOCAÇÃO: Durante os anos 80, e ainda hoje predomina e tem por objetivo a alocação ou 
dotação orçamentária mais racional. As questões básicas a que se propõe são: 
 Que programas podem ser cortados a partir de resultados negativos? 
 Quais são as consequências da privatização de certas atividades públicas? 
 Como os programas podem ser reorganizados para atingir mais resultados com o 
mesmo montante? 
LEGITIMAÇÃO: legitimação não pode ser identificada a uma fase temporal, tendo sempre 
desempenhado papel importante no contexto político, ao menos para os países 
desenvolvidos da América do Norte e Europa que o autor examina
Para muitos autores a avaliação seria um mecanismo para a melhoria da tomada de 
decisão, pois geraria informações úteis acerca do desenrolar e dos resultado de uma 
política.
Os motivos para a AVALIAÇÃO
 O primeiro seria o interesse pela avaliação de atividades de governo seria a 
preocupação com a efetividade, isto é, com a aferição dos resultados esperados e 
não-esperados alcançados pela implementação dos programas.
 O segundo motivo seria o de entender o processo pelo qual os programas 
alcançaram ou não esses resultados, analisando a dinâmica da intervenção estatal 
e os problemas concretos advindos da implementação.
Assim, as questões imediatas e centrais a serem respondidas pelos estudos de avaliação 
seriam: Em que medida os objetivos propostos na formulaçãodo programa são ou foram 
alcançados na implementação? Como o programa funciona e quais os motivos que levam 
ou levaram a atingir ou não os resultados?
No contexto brasileiro a avaliação constitui-se em uma demanda nas últimas década em 
decorrência de: 
d) A crise fiscal brasileira diminuiu a capacidade de gasto dos governos e aumentou 
a pressão por maior eficiência.
e) O aprofundamento da democracia trouxe novos atores sociais e reivindicações 
aos governos.
f) A longa crise econômica brasileira aumentou a desigualdade social e a busca 
pelos programas sociais do governo.
g) A desestruturação da função de planejamento, que deixou os governantes sem 
elementos de informação e avaliação
 Em seguida são apresentados os conceitos básicos de relacionados à avaliação, 
considerando sua inserção no ciclo de políticas públicas.
Política - estágio onde as propostas de ação pública ganham forma e estatuto, recebendo 
tratamentos formais mínimos, ao serem definidos metas, objetivos e recursos.  As 
políticas transformam-se em programas quando é explicitada a estratégia de 
implementação e, por uma ação de autoridade, são criadas as condições iniciais para sua 
implementação (SILVA, 2002, p. 18).
Plano - é o conjunto de programas que buscam objetivos comuns.  O plano ordena os 
objetivos gerais e os desagrega em objetivos específicos, que serão os objetivos gerais dos 
programas. O plano organiza as ações programáticas em uma seqüência temporal, de 
acordo com a racionalidade técnica e as prioridades de atendimento. (COHEN e FRANCO, 
2004, p.86)
Programa – é um conjunto de atividades organizadas para serem realizadas dentro de 
cronograma e orçamento específicos disponíveis para a implementação de políticas ou 
para a criação de condições que permitam o alcance de metas políticas desejáveis. (ALA-
HARJA e HELGASON, 2000, p.8).
Projeto – é um instrumento de programação para alcançar os objetivos de um programa, 
envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto 
final que concorre para a expansão ou aperfeiçoamento da ação do governo. Quando 
essas operações se realizam de modo contínuo ou permanente, são denominadas de 
Atividades. (GARCIA, 1997, p. 6) Objetivo – é a situação que se deseja obter ao final da 
implementação do programa, mediante a aplicação dos recursos e da realização das ações 
previstas (COHEN e FRANCO, 2004, p.88).
Meta – é a dimensão quantitativa, temporal e espacial do objetivo.
Produto – é o resultado concreto das atividades desenvolvidas pelo programa, podendo 
ser tanto bens, quanto serviços.
Efeito – é o que decorre da influência do programa. O objetivo está localizado 
temporalmente antes do início do programa. Os efeitos são resultados das ações do 
programa e podem ser intermediários, ocorrendo durante o programa, ou finais, que são 
os que perduram após o programa. Os efeitos podem ser procurados, quando foram 
estabelecidos como objetivos, ou não procurados, quando decorrem de um programa, 
sem prévia intenção formalizada.
Impacto – é o resultado do programa que pode ser atribuído exclusivamente às suas 
ações, após a eliminação dos efeitos externos. É o resultado líquido do programa.
Eficácia – é a relação entre alcance de metas e tempo. Em outras palavras, é o grau em 
que se alcançam os objetivos e metas do programa, em um determinado período de 
tempo, sem considerar os custos implicados.
Eficiência – é a relação entre custos e benefícios, onde se busca a minimização do custo 
total para uma quantidade de produto ou a maximização do produto para um gasto total 
previamente fixado.
Efetividade – é a relação entre os resultados e o objetivo. “É a medida do impacto ou do 
grau de alcance dos objetivos” (COHEN e FRANCO, 2004, p.107).
Indicador – é a quantificação que permite a mensuração de uma dimensão do programa. 
Segundo Jannuzzi (2003, p. 15), “É um recurso metodológico, empiricamente referido, que 
informa algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se 
processando na mesma”. O
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CURSO: CIÊNCIA POLÍTICAS
DISCIPLINA: AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Aula 2- Avaliação de Políticas Públicas e Programas Governamentais
Bibliografia: AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS: 
tendências recentes e experiências no Brasil – Carla Giane Soares da Cunha
A aula de hoje enfocará os tipos de avaliação tendo como suporte o texto de Carla Giane. 
Vamos tentar definir o que é avaliação e suas características
Tipos de Avaliação
Avaliação externa – realizada por pessoas de fora da instituição responsável pelo 
programa, em geral com experiência neste tipo de atividade.
Avaliação interna – realizada dentro da instituição responsável, com maior colaboração 
das pessoas que participam do programa.. 
Avaliação mista – procura combinar os tipos de avaliação anteriores, fazendo 
com que os avaliadores externos tenham contato estreito com os participantes do 
programa a ser avaliado.
Avaliação participativa – usada principalmente para pequenos projetos, prevê a 
participação dos beneficiários das ações no planejamento, na programação, execução e 
avaliação dos mesmos.. 
Avaliações formativas – estão relacionadas à formação do programa. Adotadas durante a 
implementação, são voltadas para a análise e produção de informação sobre as etapas de 
implementação. Geram informações para os que estão diretamente envolvidos com o 
programa, com o objetivo de fornecer elementos para a realização de correções de 
procedimentos para melhorar o programa
Avaliações somativas – estão relacionadas à análise e produção de informações sobre 
etapas posteriores. São realizadas quando o programa está sendo implementado há 
algum tempo ou após a sua implementação, para verificar a sua efetividade e fazer o 
julgamento do seu valor geral... 
Quando se leva em conta o momento de sua realização, as avaliações podem ser 
identificadas 
como (COHEN e FRANCO, 2004):
Avaliação ex-ante – realizada ao começo de um programa, com o fito de dar suporte à 
decisão de implementar ou não a proposta e ordenar os vários projetos segundo sua 
eficiência para alcançar os objetivos determinados. O elemento central da avaliação ex-
ante é o diagnóstico, que auxilia na alocação dos recursos disponíveis de acordo com os 
objetivos propostos. Para esta avaliação, podem ser utilizadas as técnicas de Análise 
Custo-Benefício e Análise Custo-Efetividade, mais afeita aos programas sociais. 
Avaliação ex-post – realizada durante a execução de um programa ou ao seu final, 
quando as decisões são baseadas nos resultados alcançados. Neste tipo de avaliação, 
julga-se se um programa em execução deve continuar ou não, com base nos resultados 
obtidos até o momento. Se a resposta for positiva, julga-se se deve cabe manter a 
formulação original ou sofrer modificações. Por sua vez, quando o programa já foi 
concluído, julga-se a pertinência do uso futuro da experiência, ou seja, se o mesmo tipo de 
programa deve ser implementado novamente ou não. A avaliação ex-post é a mais 
desenvolvida metodologicamente e a que tem tido maior aplicação.. 
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CURSO: CIÊNCIA POLÍTICAS
DISCIPLINA: POLÍTICAS PÚBLICAS, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO 
Aula #- Avaliação de Políticas Públicas : Uma Revisão Teórica de Um campo em 
Construção
Bibliografia: AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: UMA REVISÃO TEÓRICA DE UM CAMPO 
EM CONSTRUÇÃO
Andrei Pittol Trevisan & Hans Michael Van Bellen
O artigo que vamos abordar hoje resgata algumas informações do conteúdo tratado na 
aula anterior, mas oferece, de outro lado, algumas contribuições para refletir o substrato 
teórico da avaliação e também o próprio “fazer” da atividade
➢ A Primeira pergunta a fazer quando se pensa em avaliação de qualquer ação 
humana é: PARA QUE AVALIAR?
➢ Outra questão que se coloca e que tem caráter originário para a nossa discussão é: 
O QUE É AVALIAÇÃO?
As duas questões acima estão presentes neste artigo, contudo o enfoque será dadonos 
substratos teóricos da AVALIAÇÃO de políticas públicas como uma subárea da Ciência 
Política e de modo mais específico tendo como referência o Brasil.
No Brasil os estudos sobre políticas públicas são bem recentes. Sendo que a ênfase recai 
ou sobre a análise das estruturas e instituições ou enfoca caracterização dos processos de 
negociação das políticas setoriais específicas. 
 De certo modo e respondendo o questionamento do “por que” da necessidade de 
AVALIAR: “A fase da avaliação é imprescindível para o desenvolvimento e a 
adaptação contínua das formas e instrumentos de ação pública”.
 No Brasil a avaliação, como campo de estudos e prática, teve uma forte expansão a 
partir dos anos de 1980/1990 em razão da mudança de “agendas” com a 
instauração de um regime democrático, a necessidade de elevar a análise e 
avaliação das políticas sociais a outro patamar tendo em vista os desafios que este 
campo impõe e pelas discussões acerca do papel do Estado nos anos de 1990/2000 
cujo eixo foi a abordagem neo-liberal.
Mas um ponto que nos interessa e que é ressaltado por este artigo é o aspecto 
metodológico para a produção de análises e, por consequência, avaliações de políticas 
públicas 
“(...) a área ainda apresenta um uso excessivo de narrativas pouco pautadas por modelos 
ou tipologias de políticas públicas, por teorias próximas do objeto de análise e que 
mantêm uma leveza metodológica exagerada”.
Deve-se levar em conta que o artigo que analisamos é relativamente antigo, mas 
certamente esses problemas apontados ainda persistem, além disso o foco das 
análises/avaliações concentra-se:
“excessivamente nos fracassos, pouco preocupada com as questões políticas e fortemente 
assentada no pressuposto de que a formulação e a implementação de políticas públicas 
são processos exclusivamente racionais e lineares, desvinculados dos processos políticos.”
Dessa forma, de modo prático, o que se propõe é que os estudos no campo das políticas 
públicas e mais precisamente, na avaliação tentem(...)
“seguir na direção do desenvolvimento de tipologias analíticas, e concentrar-se na 
identificação das variáveis que causam impactos sobre os resultados das políticas. Isso 
implica na superação da dicotomia dos estudos em se analisar sucessos ou fracassos para 
um estágio onde se enfatize o melhor entendimento dos próprios resultados”
Essa é a proposta para a avaliação das políticas públicas no decorrer do nosso curso.
“(...) a abordagem que melhor expressa o quadro real das políticas públicas é a que a 
considera um processo contínuo de decisões que, se de um lado pode contribuir para 
ajustar e melhor adequar as ações ao seu objeto, de outro, pode alterar substancialmente 
uma política pública.”
Para se pensar na prática avaliativa deve-se então ter uma noção clara do que é a 
avaliação, especialmente, no campo das políticas públicas e nesse sentido uma das 
concepções mais importantes e que auxiliará a reflexão sobre a prática avaliativa e a 
que se segue:
“A avaliação deve proporcionar informação que seja crível e útil para permitir a 
incorporação da experiência adquirida no processo de tomada de decisão.”.
A avaliação deve ser vista como um mecanismo de melhoria no processo de tomada de 
decisão, a fim de garantir melhores informações, sobre as quais eles possam fundamentar 
suas decisões e melhor prestar contas sobre as políticas públicas (Ala-Harja e Helgason, 
2000)
Como visto anteriormente a AVALIAÇÃO tem impactos significativos para os agentes 
governamentais.
Quanto ao uso, AVALIAÇÃO pode apresentar quatro variantes:
 INSTRUMENTAL — depende não apenas da qualidade da avaliação, mas também 
da adequada divulgação de seus resultados, sua inteligibilidade e da factibilidade 
das recomendações propostas;
 CONCEITUAL — as descobertas da avaliação podem alterar a maneira como esses 
técnicos entendem a natureza, o modo de operação e o impacto do programa que 
implementam. Nenhuma decisão ou ação é esperada, pelo menos não 
imediatamente
 INSTRUMENTO DE PERSUASÃO — quando a avaliação é utilizada para mobilizar o 
apoio para a posição que os tomadores de decisão já têm sobre as mudanças 
necessárias na política ou programa;
 “ESCLARECIMENTO” — “acarreta, pela via do acúmulo de conhecimento oriundo 
de diversas avaliações, impacto sobre as redes de profissionais, sobre os 
formadores de opinião e sobre as advocacy coalitions, bem como alterações nas 
crenças e na forma de ação das instituições” (Faria, 2005:103), orientando a 
agenda governamental.
(Essas variantes podem ajudar a definir aspectos de nosso trabalho)
A metodologia de avaliação de políticas públicas 
A avaliação tem sido classificada “em função do seu timing (antes, durante ou depois da 
implementação da política ou programa), da posição do avaliador em relação ao objeto 
avaliado (interna, externa ou semi-independente) e da natureza do objeto avaliado 
(contexto, insumos, processo e resultados)”.
1) A avaliação antes (ex ante) sempre foi muito estimulada e induzida nos programas 
financiados pelos organismos multilaterais de financiamento, especialmente 
aqueles voltados à infra-estrutura econômica e ao desenvolvimento urbano.
2) A avaliação intermediária, também chamada de formativa, é conduzida durante a 
implementação de um programa como meio de se adquirir mais conhecimento 
quanto a um processo de aprendizagem para o qual se deseja contribuir.
3) As avaliações posteriores à implementação do programa são chamadas ex post ou 
somativas, e visam trabalhar com impactos e processos, portanto, estuda-se a 
eficácia e o julgamento do valor geral do programa
É importante para o estudante observar que a avaliação é um instrumento de 
transparência e democratização das ações governamentais. 
COMO AVALIAR?
Avaliação é uma forma de mensuração, de julgamento de valor, e dessa forma é preciso 
estabelecer, antes de tudo, os critérios de avaliação, e nesse ponto não há consenso sobre 
aspectos metodológicos e conceituais.
A lista de critérios é longa e a escolha de um, ou vários deles, depende do que se deseja 
privilegiar na avaliação:
 eficiência, 
 eficácia, 
 impacto (efetividade), 
 sustentabilidade, 
 análise custo-efetividade, 
 satisfação do usuário, 
 equidade
“Para avaliar é preciso que o avaliador construa/utilize indicadores que devem ser 
entendidos como um parâmetro, ou valor derivado de parâmetros que forneçam 
informações sobre o estado de um fenômeno, com uma extensão significativa
Levando em consideração que sabemos, em alguma medida, o que é avaliação é possível 
considerar que os padrões de referência para guiar a avaliação podem ser classificados 
em: 
➢ ABSOLUTOS (as metas estabelecidas são consideradas como o padrão a ser 
alcançado), históricos (comparação dos resultados ao longo do tempo), 
➢ NORMATIVOS (comparação do desempenho com programas similares ou 
semelhantes), 
➢ TEÓRICOS (estabelecidos na própria elaboração do programa, sob a hipótese da 
obtenção dos resultados planejados), 
➢ NEGOCIADOS OU DE COMPROMISSO (baseiam-se em algum procedimento 
específico para sua fixação, normalmente decorrente de consensos entre as partes 
envolvidas na gestão e os formuladores).
A metodologia do quadro lógico
A metodologia do marco lógico parte da concepção de políticas públicas como processos 
articulados e estabelece os recursos que configuram a política pública, seus programas e 
projetos, e encadeiam as etapas de um mesmo programa, desde o diagnóstico da 
população-alvo até a definição de critérios para intervenção.
A ferramenta de base se estrutura em forma de uma matriz de organização: de um lado 
ficam os objetivos, indicadores, meios de aferição e fatores externos a influenciar os 
resultados do programa; de outro, a especificação dos objetivos geral e específicos, 
componentes e atividades
“A metodologia do marco lógico se destaca pela clareza na distinção dos conceitos de 
avaliação e das atividades necessárias para seu desenvolvimento, bem como na 
proposiçãode dimensões para avaliação, “possibilitando resultados analíticos baseados 
em uma interpretação integrada do comportamento dos agentes, das atribuições das 
instâncias de implementação e da interação com as populações potencial e beneficiária”.
De outro lado podemos pensar os objetivos de uma avaliação que podem ser:
➢ A avaliação de metas tem como propósito mensurar o grau de êxito que um 
programa alcança.
➢ A avaliação de processo visa detectar defeitos na elaboração dos procedimentos, 
acompanhar e avaliar a execução dos procedimentos de implantação dos 
programas, identificar barreiras e obstáculos à sua implementação e gerar dados 
para sua reprogramação, por meio do registro de intercorrências e de atividades
➢ A avaliação de impacto, “é aquela que focaliza os efeitos ou impactos produzidos 
sobre a sociedade e, portanto, para além dos beneficiários diretos da intervenção 
pública, avaliando-se sua efetividade social”
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CURSO: CIÊNCIA POLÍTICAS
DISCIPLINA: POLÍTICAS PÚBLICAS, MONITORAMENTO E 
AVALIAÇÃO 
Aula 3a
Indicadores para Diagnóstico, Monitoramento e Avaliação de Programas Sociais.
Esse texto tem como objetivo mostrar como a disseminação dos indicadores e dados 
acerca das políticas públicas e programas pode ser utilizado para diversos tipos de análise.
O que são indicadores: São medidas usadas para a operacionalização de um conceito 
abstrato ou de uma demanda de interesse programático.
 Os indicadores: apontam, indicam, aproximam, traduzem em termos 
operacionais as dimensões sociais de interesse definidas a partir de escolhas teóricas ou 
políticas feitas anteriormente.
Os indicadores prestam a subsidiar as atividades de planejamento público e a formulação 
de políticas sociais. Permitem monitorar, por exemplo, as condições de vida, 
transformações sociais e etc.
➢ Taxa de Analfabetismo
➢ Rendimento Médio do Trabalho
➢ Taxa de desemprego
➢ Taxa de mortalidade
➢ Proporção de crianças matriculadas nas escolas
A construção de indicadores: Essa construção ocorre a partir da explicitação da demanda 
de interesse programático, tais como a proposição de um programa para ampliação do 
atendimento à saúde, a redução do déficit habitacional, o aprimoramento do 
desempenho escolar e a melhoria das condições de vida de uma comunidade.
 Uma vez estabelecida a política pública é possível fazer seu acompanhamento 
(eficácia, eficiência, impacto social) por meio de dados administrativos (gerados no 
âmbito dos programas ou em outros cadastros oficiais) e estatísticas públicas 
(produzidas pelo IBGE e outras instituições), que, reorganizados na forma de taxas, 
proporções, índices ou mesmo em valores absolutos, transformam-se em 
indicadores sociais (Figura 1).
 Os indicadores guardam, pois, relação direta com o objetivo programático original, 
na forma operacionalizada pelas ações e viabilizada pelos dados administrativos e 
pelas estatísticas públicas disponíveis.
A construção de indicadores ou o uso de indicadores já construídos deve ter aderência 
(relação) com o tema, com a política e com o programa a ser estudado ou analisado. Os 
indicadores devem ser relevantes e isso é um exercício de reflexão em torno daquilo que é 
necessário para a análise.
RELEVÂNCIA: A relevância para a agenda político-social é a primeira e uma das 
propriedades fundamentais de que devem gozar os indicadores escolhidos em um sistema 
de formulação e avaliação de programas sociais específicos.
VALIDADE: Validade é outro critério fundamental na escolha de indicadores, pois é 
desejável que se disponha de medidas tão “próximas”quanto possível do conceito 
abstrato ou da demanda política que lhes deram origem. 
 Em um programa de combate à fome, por exemplo, indicadores antropométricos 
ou do padrão de consumo familiar de alimentos certamente gozam de maior 
validade que uma medida baseada na renda disponível, como a proporção de 
indigentes. 
 Afinal, índice de massa corpórea, baixo peso ao nascer ou quantidade de alimentos 
efetivamente consumidos estão mais diretamente relacionados à nutrição 
adequada e à desnutrição que à disponibilidade de rendimentos.
CONFIABILIDADE: Confiabilidade da medida é outra propriedade importante para 
legitimar o uso do indicador. Na avaliação do nível de violência em uma comunidade, por 
exemplo, indicadores baseados nos registros de ocorrências policiais ou mesmo de 
mortalidade por causas violentas tendem a ser menos confiáveis.
A boa prática da pesquisa social recomenda que os procedimentos de construção dos 
indicadores sejam claros e transparentes, que as decisões metodológicas sejam 
justificadas, que as escolhas subjetivas – invariavelmente freqüentes – sejam explicitadas 
de forma objetiva.
 
 1 
 
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CURSO: CIÊNCIA POLÍTICAS 
DISCIPLINA: AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
 
 
Aula- 5 - Em direção às melhores práticas de avaliação, Revista do Serviço Público, Ano 
51 Número 4 Out-Dez 2000 
 
Marjukka Ala-Harja & Sigurdur Helgason 
 
A avaliação é uma ferramenta que visa oferecer informações quanto aos resultados obtidos por 
organizações e programas. Este artigo se refere principalmente à avaliação de programas. 
 
Este texto é um exemplo de como a avaliação é vista pelas principais agências multilaterais, como OCDE, e 
quais são os seus princípios norteadores. Nesse sentido, a avaliação pode ser definida como uma análise 
sistemática de aspectos importantes de um programa e seu valor, visando fornecer resultados confiáveis e 
utilizáveis. 
 
 A avaliação de programa deve ser vista como mecanismo de melhoria no processo de tomada de 
decisão, a fim de garantir melhores informações aos governantes, sobre as quais eles possam 
fundamentar suas decisões e melhor prestar contas sobre as políticas e os programas públicos. 
 O uso apropriado dos resultados das avaliações não constitui tarefa fácil. Historicamente, as 
avaliações representam um universo de muitas promessas que não chegam a se realizar. 
 
 
O que é avaliação 
 
Avaliação pode ser conceituada de várias formas e em alguns casos podem até ser contraditórios. 
 
A- Avaliações Somativas 
Conduzidas, freqüentemente, quando o programa já está implementado há algum tempo (avaliação ex post) 
para o estudo de sua eficácia e o julgamento de seu valor geral. Essas avaliações são tipicamente utilizadas 
como meio de assistir a alocação de recursos ou na promoção de mais responsabilidade. Os clientes 
geralmente são externos, tais como políticos e outros agentes de decisão. A objetividade e a confiabilidade 
geral das constatações são consideradas importantes. Essas avaliações geralmente são conduzidas por 
avaliadores externos. As questões quanto ao resultado ou relevância geral do programa devem ser 
abordadas. 
 
B- Avaliações Formativas 
Geralmente adotadas durante a implementação de um programa (avaliação intermediária) como meio de se 
adquirir mais conhecimento quanto a um processo de aprendizagem para o qual se deseja contribuir. O 
propósito é o de apoiar e melhorar a gestão, a implementação e o desenvolvimento do programa. Os 
avaliadores, assim como os clientes, geralmente são internos, e, freqüentemente, os gerentes do programa 
em questão (auto-avaliação). 
 
O artigo vai focar a avaliação de programas e é preciso ter em mente o que é um programa: 
 
 2 
Por programa entende-se, geralmente, um conjunto de atividades organizadas para realização dentro de 
cronograma e orçamento específicos do que se dispõe para a implementação de políticas, ou seja, para a 
criação de condições que permitam o alcance de metas políticas desejáveis 
 
 O termo pode comportar atividades relativamente menos abrangentes ou programas de amplo 
escopo. 
 Além disso, a avaliação de programas compreende a avaliação dos resultados de um programa em 
relação aos objetivos propostos. 
 
Atenção, a avaliação nem sempre pode ser confundida com outros instrumentos que oferecem feedback 
para as políticaspúblicas, deste modo a análise de políticas explora as opções disponíveis e seus prováveis 
efeitos, a avaliação estuda os efeitos reais e busca um juízo de valor das políticas em si. 
 
 
 
 
 
 
 
Nos termos do artigo quais seriam os objetivos da avaliação? 
 Oferecer entendimento e uma visão justificada dos programas de implementação de políticas. 
 
 A avaliação ajuda a identificar os meios mais eficientes e eficazes de se alcançar os resultados 
desejados e de manipular os gastos, de modo a facilitar o desenvolvimento de novas áreas de 
prioridade. 
 
 A avaliação pode melhorar a transparência e a responsabilidade para o parlamento e o público em 
geral ao tornar mais claro o impacto das atividades governamentais. Daí pode-se fortalecer a 
legitimidade dos programas que se encontram em andamento e garantir a sustentabilidade dos 
resultados. 
 
 3 
 A avaliação também pode ajudar os cidadãos a tomarem conhecimento do que está sendo feito 
com seu dinheiro e considerar alternativas às políticas implementadas. 
 
 
 
 
 
É necessário ressaltar a diferença entre AUDITORIA e AVALIAÇÃO. 
 
Auditoria: procura evidências de que as regras estabelecidas, os regulamentos, os procedimentos e 
objetivos foram cumpridos. A autonomia das instituições de auditoria lhes permite apresentar pareceres e 
opiniões de grande credibilidade. 
Avaliação: é usada mais como uma ferramenta para o gerenciamento do programa do que para o 
estabelecimento de responsabilidade pública 
 
É necessário ressaltar a diferença entre AVALIAÇÃO e GESTÃO DE DESEMPENHO 
 
A gestão de desempenho envolve a reforma dos processos centrais de gerenciamento, sendo, portanto, de 
responsabilidade dos gerentes em cada organização, ao passo que a avaliação é vista como um método 
especializado, freqüentemente aplicado por especialistas ou unidades de avaliação externas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
Metodologia de avaliação 
Abordagens e métodos 
 
Problemas metodológicos 
 
Problemas relacionados à causalidade, por exemplo, são comuns a todas as ciências sociais, uma 
evidência conclusiva das relações de causa e efeito é dificilmente possível e raramente pode ser 
estabelecida, uma vez que o controle de todas as variáveis é relevante. 
A avaliação experimental geralmente é lenta e dispendiosa, chegando mesmo a ser impossível de se 
aplicar na prática. Mesmo que se utilize o formato de avaliação experimental, a generalização para 
condições além daquelas contidas no experimento costuma envolver algum grau de incerteza. 
 
Utilidade da Avaliação 
 
Uma outra grande questão, além dos problemas metodológicos, é o uso apropriado das avaliações. A 
avaliação não visa conhecimento como um fim em si mesmo, mas como um meio para a ação. É importante 
que o material de avaliação seja usado em processos de tomada de decisão. Caso contrário, a administração 
logo perderá o interesse, e a avaliação se tornará um exercício inútil. 
 
A utilização pode envolver melhorias concretas, mas também menos concretas, tais como melhor 
compreensão do programa, aprendizado organizacional ou estabelecimento de responsabilidades. 
 
Uma vez que a avaliação é praticada em um contexto político, o problema da determinação do uso jamais 
será completamente resolvido. A avaliação é apenas uma fonte de informações e compete com diversos 
 5 
outros fatores que têm influência sobre a tomada de decisão. É praticamente impossível descobrir a 
extensão exata em que os resultados tenham influenciado as decisões. 
 
Como melhorar as práticas de Avaliação 
 
 
 1 
 
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CURSO: CIÊNCIA POLÍTICAS 
DISCIPLINA: AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
 
 
Aula- 5 – Indicadores Sintéticos no Processo de Formulação e Avaliação de Políticas 
Públicas: Limites e Legitimidades - Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de 
Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro 
de 2004 
 
José Ribeiro Soares Guimarães 
Paulo de Martino Jannuzzi 
 
Em nosso último encontro partimos da premissa que a avaliação de políticas públicas é uma ação que deve 
valer-se de informações críveis e úteis para informar não apenas o público em geral, mas sobretudo os 
tomadores de decisão. 
 
Mas uma avaliação crível e útil está diretamente relacionada com seu objetivo, com as metodologias 
empregadas e com os indicadores utilizados para construir uma métrica analítica, seja ela qual forma, para a 
produção de informações que possam ser objeto de escrutínio e comparação pelos decisores e público em 
geral. 
 
 Dessa forma, para além das metodologias empregadas é preciso conhecer e reconhecer a 
consistência dos indicadores que são usados para proceder uma avaliação. 
 Dessa forma, a aula de hoje abordará o artigo de Guimarães & Jannuzzi a respeito do uso de 
indicadores (sintéticos) na formulação e avaliação de políticas públicas 
 O referido artigo parte de um objetivo: debater a mitificação e hegemonia dos indicadores 
tradicionais de mensuração do desenvolvimento humano - e outras variantes sob a qualidade de 
vida e exclusão social – bem como de sua pretensa neutralidade, como retratos inexoráveis da 
realidade social, e de sua eficácia como balizadores de políticas públicas. 
 
 
O contexto da avaliação e a relação com os indicadores 
 
Nos finais da década de 1980 cada vez mais a questão das desigualdades sociais ocupou lugar privilegiado, 
ao menos no discurso, nas agendas dos tomadores de decisão no Brasil. Esse debate é fortemente 
dependente da produção de informações e nas últimas décadas o que percebemos, tanto na academia 
quanto nos centros de pesquisa públicos ou privados é a produção de mapas, relatórios, Atlas ou Índices de 
exclusão social, desigualdade social, vulnerabilidade social. 
 
Além disso o interesse crescente do poder público em dispor de instrumentos técnicos para focalizar a ação 
social, em um quadro de recursos mais escassos e demandas públicas cada vez mais organizadas, contribuiu 
para dinamizar a produção de trabalhos aplicados em Indicadores Sociais e Políticas Públicas, 
 
O debate acerca do IDH 
 
O surgimento do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH - no início dos anos 1990 e seu “sucesso de 
mídia” ofereceu impulso importante para multiplicação de estudos na área, sobretudo os de caráter mais 
descritivo, voltados a propor e construir medidas-resumo – indicadores sintéticos – da realidade social 
vivenciada pela população brasileira. 
 2 
 
 Os autores argumentam que parece haver um certo deslumbramento com o uso de indicadores 
sintéticos (resumo) como sua própria disponibilidade melhorasse a gestão de determinadas 
políticas. 
 O Índice de Desenvolvimento Humano ao que parece se insere nessa discussão como um exemplo 
importante. 
 
O IDH surge como resposta aos indicadores de primeira geração como PIB e PIB-per capta que são da 
década de 1950. A insatisfação sobretudo com o PIB – per capta que era o único indicador de bem-estar de 
uma população. O fato é que não existe relação direta entre aumento do crescimento econômico e bem-
estar. 
 
As limitações do PIB – per capta se revelam sua incapacidade de refletir a distribuição da renda interna em 
cada unidade territorial, o fato de ser sensivelmente afetado pela variação cambial e o seu caráter 
unidimensional, ou seja, não capta outros aspectos essenciais, tais como a educação, saúde, meio ambiente, 
 
IDH como indicador sintético 
 
Para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento o conceito de desenvolvimento humano: 
 
“(...) se diferencia de outros enfoques previamente existentes. 
 Primeiramente, não compartilha com as teorias do capital humano nas quais se considera que as 
pessoas sejam meio de produção e não objetivos finais. 
 Em segundo lugar, também se diferencia dos enfoques de bem-estar que consideram as pessoas 
como beneficiárias do desenvolvimento e não como participantes. 
 Adicionalmente, o conceito de desenvolvimento humano vai além do enfoquede necessidades 
básicas, já que este se centra mais na provisão de bens básicos do que no tema das possibilidades 
de escolha. 
 
A utilização do IDH possui vantagens: 
 
1 - A sua composição tem número reduzido de dimensões utilizados na construção do índice (renda per 
capta, escolarização e expectativa de vida) tem servido para manter a simplicidade de entendimento do 
mesmo, o que tem se constituído num fator muito importante de sua transparência e de simplicidade para 
transmitir seu significado a um público amplo e diversificado. 
 
2 - IDH guarda relação com o fato de que os dados relativos aos componentes do índice são acessíveis em 
quase todos os países do mundo, possibilitando, portanto, a comparação dos níveis de desenvolvimento 
humano entre os países e a consequente elaboração do “ranking mundial de desenvolvimento humano”. 
 
“O alcance do progresso não é sinônimo exclusivo de crescimento econômico, ou seja, de 
exclusivamente incrementar a produção de bens e serviços” 
 
 
 Apesar das vantagens é preciso observar que o uso do indicador pode apresentar questões 
relevantes: 
 
Uma importante limitação do IDH, estreitamente vinculada ao plano das políticas públicas, guarda relação 
direta com um superdimensionamento desse índice, geralmente lastreado num processo de 
negligenciamento do entendimento que um indicador nada mais é do que a medida operacional do 
conceito 
 
 3 
 
Para muitos autores parece estar se consolidando em uma prática corrente a substituição do conceito 
indicado pela medida supostamente criada para operacionalizá-lo, sobretudo no caso de conceitos abstratos 
complexos como desenvolvimento humano e condições de vida. 
 
 
Atenção, “acaba produzindo uma inversão, mediante a qual o indicador — medida operacional do 
conceito — acaba por deslocar e ocupar o lugar do conceito”. Efetua-se, dessa forma, a 
substituição do todo — o desenvolvimento humano considerado em suas múltiplas e complexas 
dimensões — pela parte — restrita às três dimensões contempladas pelo IDH 
 
O que é preciso observar é os indicadores sintéticos tem em sua construção, como qualquer conceito, 
categoria ou índice, caráter arbitrário, por exemplo no IDH cada componente tem peso de 1/3 para a 
composição do valor a ser mensurado. 
 
O principal defeito do IDH é que ele resulta da média aritmética de três índices mais específicos que captam renda, 
escolaridade e longevidade. Mesmo que se aceite a ausência de outras dimensões do desenvolvimento para as quais 
ainda não há disponibilidade de indicadores tão cômodos – como a ambiental, a cívica, ou a cultural – é duvidoso 
que seja essa média aritmética a que melhor revele o grau de desenvolvimento atingido por uma determinada 
coletividade (neste caso o município). 
 
 
 Um dos problemas do IDH guarda relação com o fato de que no processo de construção do índice 
são misturados indicadores de estoque – alfabetização e esperança de vida – com indicadores de 
fluxo – escolaridade bruta e PIB per capita. 
 
 Um outro conjunto de limitações vinculado ao IDH relaciona-se ao fato de que o processo de 
medição do desenvolvimento humano é baseado em grandes médias nacionais que terminam por 
ocultar as disparidades existentes no interior de cada país. 
 
 Uma outra séria limitação do IDH consiste em ocultar mais do que revelar, principalmente no 
concernente ao superdimensionamento do que se costumou chamar de “progresso”. A 
problemática reside no fato de que o “avanço” termina sendo refletido exclusivamente por 
evoluções estritamente quantitativas dos indicadores, sem nenhuma alusão ao padrão qualitativo 
de desenvolvimento efetivo do país. 
 
Avaliação de algumas experiências de desenvolvimento de indicadores sintéticos no Brasil 
 
Os autores mostram que ao longo da década de 1990 inúmeros Estados brasileiros, sob inspiração do IDH, 
tentaram desenvolver indicadores sintéticos para monitorar e, possivelmente, avaliar as condições 
socioeconômicas, mas também as políticas públicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Indicadores sintéticos – exemplos – Brasil 
 
 
 
 
Desta variedade de indicadores os autores ressaltam o esforço em torno de indicadores sintéticos que parte 
da análise de uma noção normativa que é o DÉFICIT SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
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DEFICIT SOCIAL é o nível de carência da população no usufruto ou consumo de bens públicos, bens privados 
e serviços sociais entendidos como básicos e necessários segundo uma agenda de compromissos político-
sociais definidos em diferentes fóruns da sociedade, no âmbito do Estado, da Sociedade Civil e outras arenas 
de representação política. O Déficit Social não é, pois um conceito abstrato, mas sim um conceito 
normativamente construído, definido segundo prioridades, escolhas e compromissos politicamente 
assumidos no campo da educação, saúde pública, habitação popular, complementação de renda, proteção 
contra o desemprego, etc. 
 
 
Para construir uma medida operacional para dimensionar o Déficit Social – isto é, para se chegar a um 
indicador que aponte o nível da demanda efetiva ou potencial não atendida de serviços sociais considerados 
fundamentais ou desejáveis- é preciso definir qual a agenda de compromissos sociais que se está tomando 
como referência. 
 
 A escolha dessa agenda não é uma simples operação metodológica, mas uma decisão política 
com desdobramentos cruciais nas demais etapas de construção do indicador de Déficit Social. Tal 
agenda de compromissos pode ser mais ou menos abrangente dependendo do(s) documento(s) ou 
declarações normativas que se toma como referência, como por exemplo a Constituição de 1988, a 
Lei de Diretrizes Básicas da Educação, as regulamentações de atendimento do Sistema Único de 
Saúde, o Plano Nacional de Direitos Humanos, o Estatuto da Cidade, ou ainda as metas 
especificadas nos Planos Plurianuais de Investimentos. 
 Os Autores abordam as possibilidades de construir indicadores sintéticos a partir desta perspectiva 
normativa de déficit social. 
 Além disso, mostram como o uso de indicadores sintéticos pode mascaram situações especificas 
principalmente quando voltados para políticas públicas que possuem, por exemplo, critérios de 
elegibilidade para acesso a recursos de todo tipo. 
 
Em que pesem as mais diversas limitações metodológicas, conceituais e inadequações de uso de 
Indicadores Sintéticos e do IDH no âmbito das políticas públicas, não se pode deixar de reconhecer os 
efeitos positivos – e não antecipados- que a criação, proposição e uso dos mesmos tem gerado nas esferas 
técnicas e políticas no país. Nesses últimos 15 anos a cultura de uso de indicadores sociais certamente se 
fortaleceu no país, conferindo legitimidade de diversas naturezas aos Indicadores Sintéticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UDF - CENTRO UNIVERSITÁRIO 
CURSO: CIÊNCIA POLÍTICAS 
DISCIPLINA: AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
 
 
Aula- 6 – Considerações sobre o uso, mau uso e abuso na Formulação e Avaliação de 
Políticas Públicas 
 
Paulo de Martino Jannuzzi 
 
Em nosso último encontro discutimos um artigo que foi escrito posteriormente a este que será objeto de 
nossa aula, mas que de certa forma irá complementar aquilo que estamos chamando a atenção do 
estudante ao estudar a avaliação de políticas públicas. 
 
Este artigo procura, portanto, trazer à discussão alguns aspectos acerca dos usos, maus usos e abusos dos 
indicadores sociais nas atividades relacionadas ao planejamento público. 
 
 
A demanda por informações sociais e demográficas para a formulação de políticas públicas municipais no 
país tem sido crescente na última década, no contexto da descentralização administrativa e tributária em 
favor dos municípios e da institucionalização do processo de planejamento público em âmbito local 
determinado pela Constituição de 1988. 
 
Os indicadores sociais, no contexto dos municípios e estados são usados para; 
 
 Subsidiar a elaboração de planos diretores de desenvolvimento urbanoe planos plurianuais de 
investimentos; 
 Avaliar os impactos socio-ambientais decorrentes da implantação de grandes projetos. 
 Justificar o repasse de verbas federais para a implementação de programas sociais; 
 Atender à necessidade de disponibilizar equipamentos ou serviços sociais para públicos específicos, 
por exigência legal (para portadores de deficiência, por exemplo) ou por pressão política da 
sociedade local (melhoria dos serviços de transporte urbano, por exemplo). 
 
 
Sem dúvida, o conhecimento do significado, dos limites e potencialidades dos indicadores sociais pode ser 
de grande utilidade para os diversos agentes e instituições envolvidos na definição das prioridades sociais e 
na alocação de recursos do orçamento público. 
 
 Se bem empregados, os indicadores sociais podem enriquecer a interpretação empírica da 
realidade social e orientar de forma mais competente a análise, formulação e implementação de 
políticas sociais. 
 Na negociação das prioridades sociais, esses indicadores podem contribuir no dimensionamento 
das carências a atender nas diversas áreas de intervenção. 
 
Nesse sentido é preciso debater o uso de indicadores no campos de avaliação das políticas públicas 
 
1- Um primeiro e fundamental lembrete: indicador social apenas indica, não substitui o 
conceito que o originou 
 
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Um indicador social é uma medida em geral quantitativa, dotada de significado social substantivo, usado 
para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse teórico (para 
pesquisa acadêmica) ou programático (para a formulação de políticas). 
 
 É um recurso metodológico, empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da 
realidade social ou sobre mudanças que estão ocorrendo na mesma. 
 
 Para a pesquisa acadêmica, o indicador social é, pois, o elo entre os modelos explicativos da teoria 
social e a evidência empírica dos fenômenos sociais observados. 
 
 De uma perspectiva programática, o indicador social é um instrumento operacional para 
monitoramento da realidade social, para fins de formulação e reformulação de políticas públicas 
 
 
A assertiva “indicador social apenas indica” parece tão óbvia que alguém poderia questionar sua pertinência 
neste artigo. Ainda que haja indicadores cuja identificação com o conceito é quase tautológica, como no 
caso dos indicadores de mortalidade, este não é o caso geral nas ciências sociais aplicadas. 
 
No entanto, parece estar se consolidando em uma prática corrente a substituição do conceito indicado 
pela medida supostamente criada para “operacionalizá-lo” 
 
PROBLEMA!!!: os conceitos são operacionalmente banalizados, como se os indicadores e índices criados 
fossem a expressão exata, mais válida ou ideal dos conceitos indicados. 
 
 Há situações em que, inclusive, primeiro se define a medida para depois inferir o conceito indicado, 
uma deturpação flagrante da boa prática metodológica no campo das ciências sociais aplicadas. 
 A “reificação” da medida em detrimento do conceito tem outro desdobramento muito preocupante 
sobre o campo da formulação de políticas, que é o de reforçar a tendência de encará-la como 
isenta de valores ideológicos ou políticos. 
 
2- Há critérios para se escolher um indicador social em função de suas propriedades 
 
Para seu emprego na pesquisa acadêmica ou na formulação e avaliação de políticas públicas, o indicador 
Social deve gozar de uma série de propriedades. 
 
1 - Ter um grau de cobertura populacional adequado aos propósitos a que se presta. 
2 - Ser sensível a políticas públicas implementadas; 
3 - Ser específico a efeitos de programas setoriais; 
4 - Ser inteligível para os agentes e públicos-alvo das políticas; 
5 - Ser atualizável periodicamente, a custos razoáveis 
6 - Ser amplamente desagregável em termos geográficos, sociodemográficos e socioeconômicos 
7 - Gozar de certa historicidade para possibilitar comparações no tempo 
 
“De uma perspectiva aplicada, dadas as características do sistema de produção de estatísticas 
públicas no Brasil, é muito raro dispor de indicadores sociais que gozem plenamente de todas 
estas propriedades, cabendo ao analista avaliar os trade-offs do uso das diferentes medidas que 
podem ser construídas.” 
 
 
 A seleção de indicadores é uma tarefa delicada, pois não existe uma teoria formal que 
permita orientá-la com estrita objetividade. Em tese, fundamentalmente, é preciso 
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garantir que existe, de fato, uma relação recíproca entre indicando (conceito) e os 
indicadores propostos. 
 
 
 
 
3- A avaliação de políticas públicas requer indicadores de diferentes naturezas 
 
 
Uma classificação bastante relevante para a análise e formulação de políticas sociais é a diferenciação dos 
indicadores sociais quanto à natureza do ente indicado (Carley, 1985): se recurso (indicador-insumo), 
realidade empírica (indicador-produto) ou processo (indicador-processo). 
 
Os indicadores-insumo (input indicators) correspondem às medidas associadas à disponibilidade de 
recursos humanos, financeiros ou equipamentos alocados para um processo ou programa que afeta uma 
das dimensões da realidade social. 
 
 número de leitos hospitalares por mil habitantes, 
 o número de professores por quantidade de estudantes, 
 o gasto monetário per capita nas diversas áreas de política social. 
 
Os indicadores-produto (outcome ou output indicators) são aqueles mais propriamente vinculados às 
dimensões empíricas da realidade social, referidos às variáveis resultantes de processos sociais complexos 
ou mesmo das condições de vida da população 
 
 a esperança de vida ao nascer, 
 proporção de crianças fora da escola, 
 nível de pobreza. 
 
São medidas representativas das condições de vida, saúde, nível de renda da população, indicativas da 
presença, ausência, avanços ou retrocessos das políticas sociais formuladas 
 
 Os indicadores-insumo quantificam os recursos disponibilizados nas diversas políticas sociais, 
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 Os indicadores-produto retratam os resultados efetivos das políticas sociais. 
 
Os indicadores-processo ou fluxo (throughput indicators) são indicadores intermediários, que traduzem em 
medidas quantitativas o esforço operacional de alocação de recursos humanos, físicos ou financeiros 
(indicadoresinsumo) para obtenção de melhorias efetivas de bem-estar (indicadores-produto), como 
número de consultas pediátricas por mês, merendas escolares distribuídas diariamente por aluno ou, ainda, 
homens-hora dedicados a um programa social 
 
A diferenciação entre indicadores de estoque e indicadores de performance ou fluxo também costuma ser 
empregada no campo da avaliação de políticas sociais. Tal diferenciação diz respeito à temporalidade do 
processo analisado: indicador-estoque refere-se à medida de uma determinada dimensão social em um 
momento específico, como os anos de escolaridade; indicador de performance ou fluxo procura abarcar 
mudanças entre dois momentos distintos, como o aumento dos anos de escolaridade. 
 
 
Outro sistema de classificação de especial interesse na formulação de políticas é aquele que 
diferencia os indicadores segundo os três aspectos relevantes da avaliação dos programas sociais: 
 
i) indicadores para avaliação da eficiência dos meios e recursos empregados, 
 
ii) indicadores para avaliação da eficácia no cumprimento das metas; 
 
iii) indicadores para avaliação da efetividade social do programa, isto é, indicadores para 
avaliação dos efeitos do programa em termos de justiça social, de contribuição para 
aumento da sociabilidade e engajamento político, enfim, dos efeitos do programa em 
termos mais abrangentes de bem-estar para a sociedade 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Existem muitas fontes de dados, quando se pensa em políticas públicas sociais seja para a implementação 
seja para a avaliação e o quadro abaixo mostra algumas fontes em relação as políticas públicas municipais.

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