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DESAFIOS DAS PESSOAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS
Joice Fernandes Vieira 
Concluinte do Curso de Pedagogia 
Faculdade Unama
1 INTRODUÇÃO
O movimento voltado para a inclusão de crianças portadoras de Necessidades Educativas Especiais (NEE) no ambiente escolar tem alcançado abrangência global. A partir da década de 1990, notabiliza-se a Declaração de Jomtien, também identificada como Declaração Mundial de Educação para Todos, promulgada pela UNESCO em 1990, concomitantemente à Convenção sobre os Direitos da Criança, instaurada pela UNESCO em 1988, e a Declaração de Salamanca, emanada pela UNESCO em 1994. Estes documentos corroboraram a premissa de que todo indivíduo, independentemente da faixa etária, deve desfrutar das oportunidades educativas alinhadas às suas exigências de aprendizado. Desta maneira, considerando a atenção particular requerida por pessoas com deficiência, são imperativas medidas que assegurem a equidade no acesso à educação, incorporando-as plenamente ao sistema educacional.
Sob essa perspectiva, a configuração do sistema educativo sofreu reestruturações substanciais em prol da inclusão escolar. Este processo engendrou transformações significativas, principalmente no modo de interação dos profissionais que operam no domínio educacional. Mediante uma abordagem interdisciplinar, esses profissionais foram compelidos a investigar o processo de aprendizagem de cada indivíduo, compreendendo que, devido à presença de deficiência, tal processo se desenvolveria de maneira singular. Tal singularidade deveria refletir-se na adaptação do currículo e na formulação das séries de ensino. Nesse contexto, a educação especial passou a desempenhar um papel crucial no oferecimento de atendimento educativo especializado, atuando como um suporte complementar ao ambiente de sala de aula e às dinâmicas escolares (ANJOS; ANDRADE; PEREIRA, 2009).
No cenário brasileiro, o governo instituiu políticas e diretrizes que propiciaram as condições necessárias para o acesso a espaços e recursos pedagógicos imprescindíveis à concretização da inclusão. Além disso, foram implementadas ferramentas que viabilizam a capacitação dos profissionais para atuar de forma adequada e que propiciam uma compreensão aprofundada do conceito de inclusão escolar. Essas medidas também visam a organizar o processo de aprendizagem de modo a valorizar as diferenças, com o intuito de satisfazer as necessidades educativas dos alunos. Tais políticas estimulam, ainda, a formação de professores aptos a prover um atendimento especializado às crianças com deficiência, além de programas incentivadores da participação da família e das comunidades no âmbito escolar.
No entanto, pesquisas revelam que, mesmo em face do apoio governamental, subsistem diversos obstáculos à efetivação da inclusão escolar (ÁVILA; TACHIBANA; VAISBERG, 2008; RODRIGUES; MOREIRA; LERNER, 2012). Estes obstáculos espelham a necessidade de uma capacitação aprimorada e assistência técnica no trabalho junto aos alunos, bem como uma compreensão mais profunda, por parte do docente, do conceito de inclusão, em virtude das modificações no cotidiano profissional e, primordialmente, no processo educacional, ainda intrinsecamente vinculado ao modelo tradicional de ensino-aprendizagem, que se fundamenta na correção ou ajuste do indivíduo, um paradigma inadequado para viabilizar o processo de inclusão (ROSA, 2018; MONTEIRO; MANZINI, 2008).
Na órbita da inclusão escolar, é também englobada a população afetada pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA). No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), as classificações do Transtorno Autista, do Transtorno de Asperger, da Síndrome de Rett, do Transtorno Desintegrativo na Infância e do Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra Especificação eram abarcadas sob a rubrica de Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) (American Psychiatric Association, 2014). Contudo, o DSM-5 (American Psychiatric Association, 2014) promoveu alterações com a finalidade de facilitar a identificação diagnóstica. O TEA, na nova edição do manual, foi categorizado sob o domínio dos Transtornos de Neurodesenvolvimento, especificamente sob o epíteto de Transtornos do Espectro Autista (TEA). Neste contexto, foram reunidos transtornos que partilham características autísticas, a exemplo do Autismo, Asperger, Transtorno Infantil Desintegrativo e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento sem outra Especificação, com variações a depender do grau de gravidade no que concerne à interação social e à comunicação (American Psychiatric Association, 2014). É digno de nota que, para o escopo deste estudo, o termo "autismo" foi adotado na revisão bibliográfica, relegando outros transtornos componentes do TEA devido à predominância de publicações nesta vertente.
O indivíduo afetado pelo TEA, consoante os preceitos do DSM-5 (American Psychiatric Association, 2014), se caracteriza por manifestar um desenvolvimento social e comunicativo comprometido ou notavelmente anômalo, além de um repertório restrito de atividades e interesses. As manifestações do transtorno exibem grande variação, invariavelmente vinculadas ao nível de desenvolvimento e à idade cronológica. O atraso pode afetar pelo menos uma das seguintes áreas: interação social, linguagem comunicativa e jogos simbólicos ou imaginativos (BAGAROLLO; RIBEIRO; PANHOCA, 2013).
Face à especificidade do TEA, a inclusão de crianças diagnosticadas com esta condição suscita discussões frequentes em torno das possíveis abordagens escolares. Nesse âmbito, é imprescindível que o docente detenha conhecimento acerca das particularidades de cada aluno com TEA, de modo a construir aulas apropriadas e a efetivar sua inserção na turma (FERRAIOLI; HARRIS, 2011). Este processo carece de respaldo institucional para que o professor não se sinta inapto ou desencorajado diante do avanço de seu labor (CASTRO; GIFFONI, 2017).
Na perspectiva das mudanças requeridas para a plena realização da inclusão escolar, especialmente no contexto de crianças portadoras de TEA, esta pesquisa tem como desiderato efetuar uma revisão sistemática da literatura nacional e internacional, focada em artigos provenientes de periódicos científicos indexados, abordando a inclusão de crianças com TEA. Almeja-se enfatizar aspectos temporais, periódicos de publicação e escolhas metodológicas presentes nos estudos. Através do exame minucioso do corpus bibliográfico coletado, intenta-se compilar um panorama abrangente das pesquisas já conduzidas no âmbito investigativo, tanto em território nacional como internacionalmente.
O campo da inclusão escolar abrange naturalmente a consideração da população afetada pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA). As mudanças no diagnóstico, do DSM-IV para o DSM-5, reconfiguraram a taxonomia, designando o TEA aos Transtornos de Neurodesenvolvimento. Diante das particularidades do TEA, a inclusão de crianças com esse diagnóstico levanta debates sobre abordagens pedagógicas adequadas. Destaca-se a importância do educador, munido de proficiência nas idiossincrasias de cada aprendiz com TEA, como arquiteto de aulas congruentes. Essa investidura necessita de um substrato institucional robusto para mitigar sentimentos de inadequação do docente. A pesquisa propõe uma análise da inclusão de crianças com TEA, considerando aspectos temporais, periódicos e paradigmas metodológicos, buscando uma representação abalizada das pesquisas realizadas nacional e internacionalmente.
Assim, tem-se, como pergunta de pesquisa, como a inclusão escolar de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido abordada em estudos nacionais e internacionais, considerando aspectos temporais, periódicos de disseminação e paradigmas metodológicos?
Esta pesquisa se propõe a investigar a inclusão escolar de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma temática crucial no contexto educacional contemporâneo. A relevância do estudo reside na constante evolução do entendimento do TEA, especialmente nas mudanças diagnósticas do DSM-IV para o DSM-5,que redefiniram a taxonomia e realocaram o TEA para os Transtornos de Neurodesenvolvimento. Diante dessas transformações, surge a necessidade de compreender como as abordagens pedagógicas se adaptam a essas mudanças e como os educadores, munidos de conhecimento profundo sobre as idiossincrasias dos alunos com TEA, desempenham um papel fundamental na promoção da inclusão sinérgica. Além disso, a pesquisa justifica-se por visar mapear criticamente as contribuições nacionais e internacionais sobre o tema, analisando aspectos temporais, periódicos de disseminação e paradigmas metodológicos adotados, para fornecer uma visão abrangente das investigações já realizadas e identificar lacunas que merecem atenção adicional. Dessa forma, a presente pesquisa busca contribuir para o aprimoramento das práticas inclusivas, oferecendo insights valiosos para educadores, gestores e pesquisadores interessados na otimização do processo educacional para crianças com TEA.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
São inúmeras as definições que se prestam a definir o Transtorno Espectro Autista (TEA). A Organização Mundial da Saúde (OMS), em conjuntura com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) informam que o TEA refere-se às condições que se caracterizam por determinado grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por outros interesses e atividades únicos para o indivíduo, realizadas, também, de forma repetitiva. 
No mesmo sentido, o Ministério da Saúde qualifica o TEA como sendo distúrbio de neurodesenvolvimento que se caracteriza pelo desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, bem como padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados. 
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (American Psychiatric Association, 2014) informa que o TEA engloba diferentes transtornos antes chamados de: autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtornos de Asperger. 
Com o fim de informar sobre a caracterização do TEA, o mesmo estudo sintetiza algumas condutas que podem ser observadas para o diagnóstico: 
O transtorno do espectro autista caracteriza-se por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, incluindo déficits na reciprocidade social, em comportamentos não verbais de comunicação usados para interação social e em habilidades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos. Além dos déficits na comunicação social, o diagnóstico do transtorno do espectro autista requer a presença de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Considerando que os sintomas mudam com o desenvolvimento, podendo ser mascarados por mecanismos compensatórios, os critérios diagnósticos podem ser preenchidos com base em informações retrospectivas, embora a apresentação atual deva causar prejuízo significativo (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014)
A publicação da American Psychiatric Association foi de suma importância, pois busca informar toda a comunidade, científica ou não, a respeito das diferentes modalidades de transtornos, dentre os quais se insere o TEA. A importância desse tipo de estudo, que demonstra a caracterização, sinais, condutas a serem tomadas pelos pais (quando o autismo acomete a criança), dentre outros fatores, é ainda mais evidenciada quando se analisam as estatísticas, tais como as apresentadas pela OPAS (online), segundo a qual uma em cada 160 (cento e sessenta) crianças são acometidas do TEA.
Inclusive, o diagnóstico do TEA tem aumentado, de acordo com o que demonstram os estudos do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) dos Estados Unidos da América. Segundo seu mais recente relatório, do ano de 2023, realizado por meio de monitoramento de pesquisa por meio da Rede de Monitoramento de Deficiências de Autismo de Desenvolvimento (ADDM), há prevalência do transtorno é de que 1 em cada 36 (trinta e seis) pessoas possuem espectro autista. Importa destacar os números dos relatórios anteriores: em 2004, o CDC havia divulgado o número da prevalência de 1 a cada 166; em 2012, avançou para 1 a cada 88; em 2018, 1 para cada 59; em 2020, 1 para 54; em 2021, 1 para cada 44 (CDC, 2023). 
Tanto houve crescimento estatístico com relação às pessoas com TEA, quanto aumento significativo, tanto quantitativo quanto qualitativo do que diz respeito à tecnologia, à literatura científica etc. que se prestam a identificar, diagnosticar e assistir ao indivíduo que possui o TEA (CDC, 2023), de forma que parte do aumento pode ser atribuído ao diagnóstico, cada vez mais recente, do TEA. 
Entretanto, embora se saiba que todas as diferentes faixas etárias são acometidas pelo TEA, sempre há especial atenção às crianças e aos adolescentes, que, ao que demonstram os estudos, mais sofrem com o TEA; por outro lado, há parcela populacional adulta que é acometida do TEA, mas que não possui a devida atenção. 
2.1 Dos direitos e dificuldades do portador de TEA
Com o melhoramento no entendimento do transtorno, e pela necessidade de se atribuir regulamentações específicas na proteção dos direitos da pessoa com TEA, editou-se a Lei federal nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista que, para os efeitos da lei, restou caracterizada da seguinte forma:
Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução.
§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II:
I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;
II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos. 
§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.
De acordo com o que traz Bárbara Parente (apud Guimarães, 2021), antes da legislação, o autista ficava em um “limbo”, não sendo reconhecida como pessoa com deficiência legalmente, mas também não se reconhecia a capacidade civil plena do acometido com TEA. Assim, por meio da previsão do art. 1º, §2º acima, trouxe-se benefícios e direitos a essas pessoas que, antes, não gozavam de direitos específicos para lutar contra a desigualdade inerente à sua condição. No âmbito das políticas públicas, então:
[...] o autismo não ficava em lugar nenhum, porque até 8 [ano da ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência] nem considerado pessoa com deficiência ele era. Ele não era nada, ele não existia, era invisível. Era uma síndrome invisível e ainda é, e a Lei [12.764/12] veio equacionar isso. [...] Logo no artigo 1º, a Convenção da ONU diz quais são as deficiências e aí fala da deficiência física, mental, intelectual e sensorial [...] e tem a deficiência psicossocial também. Então, ali o autista estaria inserido, porque a deficiência psicossocial é dos transtornos da mente e, além disso, ela fala também que deficiências são as limitações que as pessoas têm com as barreiras de socialização... Então, ali está o autista. Só que isso dependia de uma coisa que se chama hermenêutica jurídica, dependia de interpretação. [...] A gente dependia, infelizmente, da boa vontade de alguns juristas de teremo entendimento e aí tentar ajudar em alguma coisa. A lei da Berenice Piana veio e resolveu isso, porque deixou claro [que o autista é pessoa com deficiência] [...] Então, ele já foi tirado do limbo e já passou a ter os mesmo direitos dessas pessoas.
Ademais, seus direitos foram trazidos pelo art. 3º, que assim prevê:
Art. 3º São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:
I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer;
II - a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;
III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo:
a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
b) o atendimento multiprofissional;
c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;
d) os medicamentos;
e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento;
IV - o acesso:
a) à educação e ao ensino profissionalizante;
b) à moradia, inclusive à residência protegida;
c) ao mercado de trabalho;
d) à previdência social e à assistência social.
Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º, terá direito a acompanhante especializado.
Pouco tempo depois, com a sobrevinda do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei federal nº 13.146/2015), que estabeleceu direitos e garantias às pessoas com deficiência, somaram-se esses direitos e garantias daqueles já previstos na Lei federal nº 12.764/2012 (Lei Berenice Piana), o que trouxe indiscutível avanço aos direitos dos indivíduos com TEA. 
Posteriormente, houve alteração da Lei Berenice Piana por meio da Lei federal nº 13.977 de 2020, nomeada como Lei Romeo Mion, a qual criou a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA), incluindo, assim, na redação da Lei Berenice Piana, o art. 3º-A: 
Art. 3º-A. É criada a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), com vistas a garantir atenção integral, pronto atendimento e prioridade no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados, em especial nas áreas de saúde, educação e assistência social.
§ 1º A Ciptea será expedida pelos órgãos responsáveis pela execução da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante requerimento, acompanhado de relatório médico, com indicação do código da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), e deverá conter, no mínimo, as seguintes informações: 
I - nome completo, filiação, local e data de nascimento, número da carteira de identidade civil, número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), tipo sanguíneo, endereço residencial completo e número de telefone do identificado; 
II - fotografia no formato 3 (três) centímetros (cm) x 4 (quatro) centímetros (cm) e assinatura ou impressão digital do identificado; 
III - nome completo, documento de identificação, endereço residencial, telefone e e-mail do responsável legal ou do cuidador; 
IV - identificação da unidade da Federação e do órgão expedidor e assinatura do dirigente responsável. 
§ 2º Nos casos em que a pessoa com transtorno do espectro autista seja imigrante detentor de visto temporário ou de autorização de residência, residente fronteiriço ou solicitante de refúgio, deverá ser apresentada a Cédula de Identidade de Estrangeiro (CIE), a Carteira de Registro Nacional Migratório (CRNM) ou o Documento Provisório de Registro Nacional Migratório (DPRNM), com validade em todo o território nacional. 
§ 3º A Ciptea terá validade de 5 (cinco) anos, devendo ser mantidos atualizados os dados cadastrais do identificado, e deverá ser revalidada com o mesmo número, de modo a permitir a contagem das pessoas com transtorno do espectro autista em todo o território nacional. 
§ 4º Até que seja implementado o disposto no caput deste artigo, os órgãos responsáveis pela execução da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista deverão trabalhar em conjunto com os respectivos responsáveis pela emissão de documentos de identificação, para que sejam incluídas as necessárias informações sobre o transtorno do espectro autista no Registro Geral (RG) ou, se estrangeiro, na Carteira de Registro Nacional Migratório (CRNM) ou na Cédula de Identidade de Estrangeiro (CIE), válidos em todo o território nacional.
É que, pelo autismo não ser uma deficiência visível, a CIPTEA permite a comprovação da deficiência, evitando certos tipos de constrangimentos que a pessoa possa passar em decorrência do TEA, abolindo a necessidade de portar laudos médicos para comprovar a condição especial.
Observa-se, assim, esforço legislativo para a normatização de direitos e garantias das pessoas com TEA, o que demonstra preocupação e um avanço incalculável se comparados há pouco tempo. Bem assim, com a exclusão das pessoas com deficiência do rol de absoluta ou relativamente incapazes, a priori aquele que é acometido pelo TEA possui capacidade civil plena para o exercício dos atos de sua vida civil; entretanto, conforme as palavras de Salgado (2017), o transtorno apresente grau de comprometimento variável, podendo ser caracterizado como grau alto (deficiência mental grau), até casos mais leves, em que a linguagem e o intelecto são preservados. 
Assim, percebe-se que mesmo com um alto grau de variabilidade, enfatizada pelos diversos estudos médicos e psicológicos, o legislador brasileiro optou por enquadrar os portadores do TEA dentro de um mesmo conceito de deficiência, o que faz com que haja exclusão de parcela populacional que se enquadra no conceito de portador de TEA.
Outrossim, embora o Estatuto da Pessoa com Deficiência mencione a possibilidade de avaliação multiprofissional logo em seu art. 2º, §1º (vigência pelo Decreto nº 11.063 de 2022), não se trata de obrigatoriedade, mas tão somente de avaliação “quando necessária”, que observará, por exemplo, impedimentos nas funções, fatores psicológicos, limitação no desempenho de atividades, possibilitando, assim, atestar-se se o indivíduo possui grau de comprometimento neste ou naquele grau. Para tanto, o §2º do mesmo artigo previu que o Poder Executivo deve criar instrumentos para a avalição das deficiências (vigência pelas Lei federais nº 13.846/2019 e 14.126/2021). 
Dessa forma, os diferentes graus do TEA representam desafios ao caráter abstrato e genérico das normas sobre o tema que atualmente estão em vigor. O autismo brando, que pouco afeta a interação social dessas pessoas, não deve representar impedimento automático à capacidade civil plena, assim como o autismo severo não deve não afetar a capacidade civil do indivíduo. 
Apenas por meio do diagnóstico cada vez mais recente, somado ao cumprimento dos objetivos da Lei federal nº 12.764/2012, descritos nos incisos art. 2º, a exemplo da intersetorialidade no desenvolvimento das ações e políticas no atendimento das pessoas com TEA (inciso I), formulação de políticas públicas por meio da participação da comunidade (inciso II), estímulo à inserção da pessoa com TEA (inciso V), dentre outros previstos na lei, bem como daqueles direitos e garantias fundamentais descritos na Carta Constitucional, já há grande auxílio às pessoas acometidas de TEA. Alia-se, pois, ao nivelamento e categorização do TEA para cada uma das pessoas acometidas pelo transtorno, enquadrando o transtorno, individualmente, como, por exemplo, grau leve, grau mediano, grau severo, que permite atestar a heterogeneidade do TEA para fins de atribuir capacidade civil plena ou limitada a depender do grau verificado por meio de equipe multidisciplinar. 
3 METODOLOGIA
	A pesquisa adotará a abordagem de revisão de literatura para analisar criticamente estudos sobre a inclusão escolar de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), considerando aspectos temporais, periódicos e paradigmas metodológicos.Será realizado um levantamento bibliográfico em bases de dados acadêmicas, como PubMed, Scopus e SciELO, utilizando termos específicos relacionados ao TEA e inclusão escolar. A busca abrangerá estudos publicados a partir do ano 2005.
A seleção dos artigos será baseada em critérios pré-estabelecidos, incluindo relevância para a inclusão escolar de crianças com TEA, clareza metodológica e data de publicação recente. Os artigos selecionados serão submetidos a uma análise de conteúdo sistemática, identificando aspectos temporais, periódicos de disseminação e paradigmas metodológicos adotados. A análise buscará compreender as tendências ao longo do tempo e as abordagens utilizadas pelos pesquisadores.
Os resultados serão sintetizados e discutidos para proporcionar uma visão abrangente das pesquisas, destacando contribuições nacionais e internacionais. A discussão incluirá uma análise crítica das lacunas identificadas na literatura, oferecendo insights para futuras pesquisas e práticas educacionais. A pesquisa visa contribuir para a compreensão do panorama atual da inclusão escolar de crianças com TEA, fornecendo informações relevantes para educadores, gestores e pesquisadores interessados na promoção de práticas inclusivas eficazes.
3.1 Caracterização do estudo
A presente pesquisa se configura como uma revisão de literatura que busca investigar a inclusão escolar de crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), considerando aspectos temporais, periódicos de disseminação e paradigmas metodológicos presentes em estudos nacionais e internacionais. A escolha por essa abordagem se justifica pela necessidade de compreender, de maneira abrangente, as diferentes perspectivas, abordagens e resultados apresentados nas pesquisas existentes sobre o tema.
O escopo temporal da revisão abrangerá estudos publicados a partir do ano 2005, visando considerar as transformações ocorridas na compreensão do TEA, especialmente após as alterações diagnósticas do DSM-IV para o DSM-5, que redefiniram a taxonomia e realocaram o TEA para os Transtornos de Neurodesenvolvimento. A delimitação temporal permitirá uma análise contemporânea das abordagens pedagógicas e práticas inclusivas destinadas a crianças com TEA.
O levantamento bibliográfico será conduzido em bases de dados acadêmicas reconhecidas, como PubMed, Scopus e SciELO, utilizando termos específicos relacionados ao TEA e inclusão escolar. A seleção dos artigos seguirá critérios rigorosos, incluindo a relevância para a inclusão escolar, clareza metodológica e data de publicação recente.
A análise de conteúdo sistemática dos artigos selecionados buscará identificar e destacar aspectos temporais, periódicos de disseminação e paradigmas metodológicos adotados em cada estudo. Essa abordagem permitirá compreender as tendências ao longo do tempo e as diferentes estratégias de pesquisa utilizadas pelos estudiosos na área.
Os resultados obtidos serão sintetizados e discutidos, oferecendo uma visão crítica das contribuições nacionais e internacionais sobre a inclusão escolar de crianças com TEA. A pesquisa visa contribuir para o aprimoramento das práticas inclusivas, fornecendo insights valiosos para educadores, gestores e pesquisadores interessados na otimização do processo educacional para essa população específica.
3.2 Universo pesquisado
O universo pesquisado nesta revisão de literatura abrange estudos relacionados à inclusão escolar de crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Este transtorno, conforme redefinido pelo DSM-5, abrange uma série de condições que se manifestam em comprometimentos no desenvolvimento social, comunicativo e comportamental. A inclusão escolar, entendida como o processo de integrar crianças com TEA em ambientes educacionais regulares, representa um desafio significativo para educadores, gestores e pesquisadores. A necessidade de compreender e abordar as particularidades desses alunos demanda uma abordagem pedagógica diferenciada, considerando as variações no espectro autista e as especificidades de cada criança.
O período temporal delimitado para a pesquisa (a partir do ano 2005) reflete a crescente atenção e evolução no entendimento do TEA ao longo das últimas décadas. As mudanças diagnósticas e a reconfiguração do transtorno no contexto dos Transtornos de Neurodesenvolvimento adicionam complexidade ao cenário, exigindo uma análise contemporânea das abordagens educacionais. O levantamento bibliográfico será realizado em bases de dados acadêmicas renomadas, focalizando artigos publicados em periódicos indexados. A busca utilizará termos específicos relacionados ao TEA e à inclusão escolar, garantindo a abrangência e relevância dos estudos selecionados.
A análise de conteúdo sistemática dos artigos identificará as abordagens metodológicas adotadas, os aspectos temporais envolvidos e os periódicos de disseminação, permitindo compreender as tendências, lacunas e desafios no campo da inclusão escolar para crianças com TEA. O universo pesquisado visa oferecer uma visão abrangente das práticas inclusivas, considerando as contribuições de estudos nacionais e internacionais. Além disso, a pesquisa procura não apenas descrever, mas também analisar criticamente as estratégias adotadas, visando contribuir para aprimorar as práticas educacionais destinadas a essa população específica e promover uma inclusão mais efetiva e sinérgica.
	
3.3 Instrumentos de coleta de dados
Na revisão de literatura proposta, os instrumentos de coleta de dados serão exclusivamente fontes bibliográficas, como artigos científicos, revisões, teses e dissertações disponíveis em bases de dados acadêmicas. Não serão utilizados instrumentos de coleta de dados primários, como questionários, entrevistas ou observações, uma vez que a metodologia se baseia na análise e síntese de informações já publicadas.
O levantamento bibliográfico será realizado utilizando termos específicos relacionados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) e à inclusão escolar em bases de dados renomadas, como PubMed, Scopus, SciELO, entre outras. A seleção dos artigos se dará por meio de critérios pré-estabelecidos, incluindo relevância para a inclusão escolar de crianças com TEA, clareza metodológica e data de publicação recente.
A análise de conteúdo dos artigos selecionados será o principal instrumento para extrair e organizar as informações relevantes sobre aspectos temporais, periódicos de disseminação e paradigmas metodológicos adotados nos estudos. Essa análise proporcionará insights críticos sobre as tendências, lacunas e desafios no campo da inclusão escolar para crianças com TEA. Dessa forma, a pesquisa se concentrará na compilação, interpretação e discussão de dados provenientes de fontes bibliográficas, buscando uma compreensão aprofundada do estado atual da literatura sobre a inclusão escolar de crianças com TEA.
A metodologia adotada para esta pesquisa consiste em uma revisão de literatura, focando na inclusão escolar de crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O processo inicia-se com um levantamento bibliográfico em bases de dados acadêmicas como PubMed, Scopus e SciELO, utilizando termos específicos relacionados ao TEA e inclusão escolar, com busca abrangendo estudos publicados a partir do ano 2005.
A seleção dos artigos será realizada com critérios rigorosos, considerando a relevância para a inclusão escolar de crianças com TEA, clareza metodológica e data de publicação recente. Em seguida, os artigos escolhidos serão submetidos a uma análise de conteúdo sistemática, focando na identificação de aspectos temporais, periódicos de disseminação e paradigmas metodológicos presentes em cada estudo. Esta análise proporcionará uma compreensão das tendências ao longo do tempo e das diversas abordagens utilizadas pelos pesquisadores.
Os resultados obtidos serão sintetizados e discutidos, oferecendo uma visão crítica das contribuições nacionais e internacionais sobre a inclusão escolar de crianças com TEA. Essa abordagem metodológica visaproporcionar uma compreensão abrangente das práticas inclusivas, contribuindo para o aprimoramento das políticas educacionais e fornecendo insights para educadores, gestores e pesquisadores interessados na otimização do processo educacional para crianças com TEA.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Nesse espaço você vai discutir os gráficos, estatísticas, se houver. Esses dados devem conter as informações da sua coleta de dados. E é nesse tópico que você deve discutir as teorias com os resultados obtidos. Estabeleça as relações dialógicas entre esses dois elementos.
Nesta etapa do seu Artigo você formaliza o tema apresentando a contribuição teórica de diversos autores e ligando-as com suas inferências pessoais. É importante a sua posição frente às teorias levantadas. A construção do seu texto não pode ser fragmentada, tente formar um texto coeso com a sua presença de forma marcante, mas com base em citações diretas ou indiretas que possam servir de arcabouços para as suas afirmações. 
Devemos formatar um texto coeso com início, meio e fim. A sugestão é que você possa intercalar citações de outros conhecidos que abordam o seu tema, com a sua posição frente ao que foi apresentado na citação. Sua posição serve de costura entre as falas dos diferentes autores apresentados. 
Evite escrever tudo com suas palavras sem sequer citar a fonte de seus conceitos. Muito do que escrevemos, apensar de ser citação indireta, não caracterizam senso comum, e se não for citada a fonte podemos estar parafraseando um autor sem a devida referência e isto é considerado PLÁGIO, cuidado com isto.
Lembre-se de formatar as citações com base nas normas da ABNT. Ex.:
· Citação indireta (paráfrase, onde citamos a ideia geral do autor): Ex. Para Fulano (2004), o tema aborda...
· Citação direta curta (menos de 4 linhas, onde citamos o texto extraído tal e qual foi dito pelo autor): Ex. Segundo Beltrano (2004, p. 37) “...Gestão de pessoas é....”
· Citação direta longa (mais de 4 linhas, onde citamos o texto extraído tal e qual foi dito pelo autor): formatada em espaçamento simples, sem aspas, ajustado a 4 cm da margem esquerda e a referência fica logo abaixo da citação entre parênteses: (Fulano, 2004, p.37).
Todo autor citado no corpo do trabalho já deve estar descrito também na parte final do TCC II, no item REFERÊNCIAS. Não podemos deixar de digitar os dados do autor nas referências, se deixarmos isto para o final do trabalho, podemos perder os dados desta citação e se isto acontecer somos obrigados a retirar a citação por não estar relacionada na parte final.
4.1 Subtítulo (Se houver)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse espaço você vai retomar as ideias que constituíram a sua Introdução, citar seus objetivos e fechar esses pensamentos que você deixou em aberto no início do trabalho. Mesmo não sendo uma Conclusão, esse tópico deve dar ideia de fechamento para que o seu texto fique bem redondinho. Aqui você deve escrever 3 ou 4 parágrafos.
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014.
ANJOS, Hildete Pereira dos; ANDRADE, Emmanuele Pereira de; PEREIRA, Mirian Rosa. A inclusão escolar do ponto de vista dos professores: o processo de constituição de um discurso. Revista Brasileira de Educação, v. 14, p. 116-129, 2009.
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