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ATENDIMENTO EDUCACIONAL DE ALUNOS COM TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO (UNIFATECIE)

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Prévia do material em texto

Atendimento Educacional de 
Alunos com Transtornos Globais 
do Desenvolvimento 
Professora Mestre Fabiane Fantacholi Guimarães
Professora Mestre Greicy Juliana Moreira
Diretor Geral 
Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino e Pós-graduação
Daniel de Lima
Diretor Administrativo 
Eduardo Santini
Coordenador NEAD - Núcleo
de Educação a Distância
Jorge Van Dal
Coordenador do Núcleo de Pesquisa
Victor Biazon
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Projeto Gráfico e Editoração
Thassiane da Silva Jacinto 
Revisão Textual
Kauê Berto
Web Designer
Thiago Azenha
UNIFATECIE Unidade 1
Rua Getúlio Vargas, 333,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2
Rua Candido Berthier
Fortes, 2177, Centro
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3
Rua Pernambuco, 1.169,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.unifatecie.edu.br/site/
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir
do site ShutterStock
FICHA CATALOGRÁFICA
FACULDADE DE TECNOLOGIA E 
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. 
Núcleo de Educação a Distância;
GUIMARÃES, Fabiane Fantacholi.
MOREIRA, Greicy Juliana.
Atendimento Educacional de Alunos com Transtornos Globais 
do Desenvolvimento.
Fabiane Fantacholi Guimarães
Greicy Juliana Moreira.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2021. 119 p.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária
Zineide Pereira dos Santos.
AUTORAS
Fabiane Fantacholi Guimarães
• Mestre em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias (Uni-
versidade Pitágoras Unopar).
• Licenciatura e Bacharel em Pedagogia (CESUMAR).
• Especialista em Psicopedagogia Institucional (Faculdade Maringá)
• Especialista em Educação Especial (Faculdade de Tecnologia América do Sul)
• Especialista em EAD e as Novas Tecnologias Educacionais (UniCESUMAR).
• Especialista em Docência no Ensino Superior (UniCESUMAR).
• Especialista em Tecnologias Aplicadas no Ensino A Distância (UniFCV).
• Professora orientadora de trabalho de conclusão de curso da Pós-Graduação
• (UniFCV).
• Professora conteudista na área da Educação (UniFCV/UniFATECIE).
• Professora de disciplinas de Pós-Graduação na área da Educação (UniFCV).
• Coordenadora de cursos EAD de Pós-Graduação na área da Educação (UniF-
CV).
• Supervisora de Cursos EAD de Graduação na área da Educação (UniFCV).
• Psicopedagoga do Núcleo de Atendimento Escolar (NEA).
• Experiência na Educação Básica há 9 anos.
• Experiência no Ensino Superior (presencial e a distância) desde 2012 até os 
dias atuais.
Acesse meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/7315666246327967 
Greicy Juliana Moreira 
• Mestre em Letras (UEM).
• Especialista em Língua Portuguesa - Teoria e Prática (América do Sul).
• Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional (Faculdade Maringá).
• Especialista em Educação Especial com Ênfase em Libras (Dom Bosco).
• Especialista em Educação Empreendedora (Puc-RJ).
• Especialista em Gestão de Pessoas (Faculdade Maringá).
• Especialista em Tecnologias Aplicadas no Ensino A Distância (UniFCV).
• Licenciatura em Letras - Português.
• Segunda Licenciatura em Pedagogia (UniCesumar).
• Tutora/Mediadora Pedagógica (UniFCV).
• Professora Responsável de disciplinas de Graduação na área da Educação 
(UniFCV).
• Professora Conteudista na área da Educação (UniFCV/UniFATECIE).
• Instrutora de cursos Técnicos e Profissionalizantes (SENAC-PR).
• Experiência na área de Educação há 14 anos.
• Experiência no Ensino Técnico, Superior e Pós-Graduação (presencial e a dis-
tância) desde 2010 até os dias atuais.
Acesse meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/8929294723407914
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Acadêmico(a), olá!!!
Seja bem-vindo(a)! A partir de agora, você deu largada em uma jornada de co-
nhecimento por meio do incrível mundo da educação inclusiva, mais especificamente ao 
maravilhoso universo do “Atendimento Educacional de Aluno com Transtornos Globais do 
Desenvolvimento”.
 Nossa missão será apresentar a você, por meio de dialogismo, novos conhecimen-
tos e descobertas, que proporcionarão reflexões e mudanças significativas no seu modo 
de pensar e agir, tanto no contexto pessoal, acadêmico e sobretudo na esfera profissional, 
favorecendo o desenvolvimento de suas competências, habilidades e atitudes.
O presente material foi produzido exclusivamente para proporcionar a construção 
de novos conhecimentos, por meio de quatro unidades curriculares, recheadas de concei-
tos teóricos e reflexivos, conectando teoria e situações reais, favorecendo o processo de 
ensino-aprendizagem. 
A apostila é composta por uma introdução, seguida de quatro unidades, divididas 
em três tópicos cada uma, criteriosamente analisados e selecionados para dar sustentação 
às discussões, reflexões e conclusão.
Além dos conteúdos abordados no decorrer das unidades curriculares, você tam-
bém terá acesso à informações extras, como por exemplo novas leituras, a seção #sai-
bamais, #reflita, #leituracomplementar, e ainda, dicas de livros e filmes, que contemplam os 
assuntos em questão na presente disciplina.
Na Unidade I, o conteúdo disponibilizado será sobre as Dimensões Dos Transtor-
nos Globais De Desenvolvimento e suas especificidades: Classificação Internacional de 
Doenças: CID, o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais e, por último, 
a Definição, conceituação e características do TGD.
Na Unidade II, a ênfase será exclusivamente sobre os Transtornos Globais Do 
Desenvolvimento – Condutas Típicas: as especificações do que envolve as condutas típi-
cas, como o professor e a família podem lidar com essas condutas e também as possíveis 
estratégias e recursos a serem oferecidos para os alunos com condutas típicas.
Na Unidade III, vamos falar sobre as especificidades do Autismo, Síndrome De 
Asperger e Síndrome De Rett e, então, durante nosso diálogo, levá-lo a compreender a 
definição e encaminhamentos relacionados a cada um desses transtornos globais do de-
senvolvimento.
Na Unidade IV, denominada de Interlocução do Atendimento Especializado no 
Ensino Regular Para Alunos Com TGD, nosso propósito será apresentar informações 
sobre os aspectos legais relacionados ao Atendimento Educacional Especializado (AEE), 
enfatizando o atendimento ao público em questão dessa disciplina – TGD/TEA. Para tanto, 
os assuntos abordados serão: fundamentos teóricos, legais e pedagógicos do atendimento 
especializado, a Institucionalização do atendimento especializado no projeto político pe-
dagógico e, por último, o Desmembramentos do TGD e as ações necessárias a serem 
seguidas pela escola, família e sociedade.
Diante do exposto, desejamos que, a partir desse momento, você inicie a leitura e 
estudo desse material e que, no decorrer dessa trilha de descobertas, você possa refletir 
sobre os aspectos aqui abordados, sobre a importância da sua formação acadêmica e, 
ainda, como contribuir, enquanto profissional, para a eliminação de barreiras relacionadas 
ao ensino-aprendizagem do público-alvo da educação inclusiva, especialmente, no que 
tange a educação dos alunos com TGD/TEA.
Boa viagem! Embarque agora nessa trilha de conhecimentos! Até mais!!!
Profa. Me. Fabiane Fantacholi Guimarães.
Profa. Me. Greicy Juliana Moreira. 
 
 
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 8
Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
UNIDADE II ................................................................................................... 25
Transtorno Do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do 
Tea
UNIDADE III .................................................................................................. 49
Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno 
Com Tgd-Tea
UNIDADE IV .................................................................................................. 72
InterlocuçãoDo Atendimento Especializado No Ensino Regular Para 
Alunos Com Tgd-Tea
8
Plano de Estudo:
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
● Classificação Internacional de Doenças: CID
● Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais
● Definição, conceituação e características do TGD-TEA
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer a Classificação Internacional de Doenças
● Conhecer o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais
● Estudar a definição, conceituação e características do Transtorno Global do Desen-
volvimento
UNIDADE I
Dimensões dos Transtornos Globais de 
Desenvolvimento
Professora Mestre Fabiane Fantacholi Guimarães
9UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a).
Seja bem-vindo(a) à Unidade I, intitulada “Dimensões dos Transtornos Globais de 
Desenvolvimento”, da disciplina de Atendimento Educacional de Aluno com Transtor-
nos Globais do Desenvolvimento do curso de Graduação em Educação Especial. 
No primeiro momento: conheceremos a Classificação Internacional de Doenças 
(CID). Esse documento é publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa 
padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde.
No segundo momento: conheceremos o Manual de Diagnóstico e Estatística dos 
Transtornos Mentais (DSM). Esse documento se propõe a servir como um guia prático, 
funcional e flexível para organizar informações que possam auxiliar no diagnóstico preciso 
e no tratamento de transtornos mentais pelos profissionais da área da Saúde. 
No terceiro momento: estudaremos a definição, conceituação e características do 
Transtorno Global do Desenvolvimento, que passou por mudanças significativas no decor-
rer dos tempos.
Espero que estes textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema 
de nossa primeira unidade.
Boa leitura!
10UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
1. CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS: CID
A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados 
com a Saúde (também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID) 
é publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e visa padronizar a codificação 
de doenças e outros problemas relacionados à saúde. A CID fornece códigos relativos à 
classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anor-
mais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. A 
cada estado de saúde é atribuída uma categoria única à qual corresponde um código CID.
A CID é revista periodicamente e encontra-se na sua décima edição (CID-10). 
Está prevista a substituição da CID-10 pela décima primeira edição (CID-11). A CID-11 
foi lançada em 18 de junho de 2018, tendo sido apresentada para adoção dos Estados 
membros, em maio de 2019, durante a Assembleia Mundial da Saúde, e deve entrar em 
vigor em 1º de janeiro de 2022. A versão anterior, a CID-10, foi desenvolvida em 1993 para 
registar as estatísticas de mortalidade. Atualizações anuais (menores) e trienais (maiores) 
são publicadas pela OMS.
A CID permite que programas e sistemas possam referenciar, de forma padroniza-
da, as classificações, auxiliando a busca de informação diagnóstica para finalidades gerais. 
É importante também para codificar e classificar os dados de mortalidade de atestados 
de óbito. Deve-se tomar o cuidado para não confundir a “classificação” com a “causa” de 
11UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
doenças e lembrar que o objetivo da CID não é oferecer um quadro explicativo da relação 
entre os agravos, mas apenas listá-las, de forma coerente com as lesões.
Caro(a) estudante, a CID-10 trazia vários diagnósticos dentro dos Transtornos 
Globais do Desenvolvimento (TGD - sob o código F84), como: Autismo Infantil (F84.0), 
Autismo Atípico (F84.1), Síndrome de Rett (F84.2), Transtorno Desintegrativo da Infância 
(F84.3), Transtorno com Hipercinesia Associada ao Retardo Mental e aos Movimentos 
Estereotipados (F84.4), Síndrome de Asperger (F84.5), Outros TGD (F84.8) e TGD sem 
Outra Especificação (F84.9). A nova versão da classificação a CID-11 une todos esses 
diagnósticos no Transtorno do Espectro do Autismo (código 6A02 - em inglês: Autism 
Spectrum Disorder - ASD), as subdivisões passaram a ser apenas relacionadas a prejuízos 
na linguagem funcional e deficiência intelectual. A intenção é facilitar o diagnóstico e simpli-
ficar a codificação para acesso a serviços de saúde.
Imagem 1 - Mudança na classificação do CID-10 para CID-11
Fonte: elaborado pela autora com base na CID-10 e CID-11.
12UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
Caro(a) estudante, ao longo do nosso material iremos referenciar a CID, fique aten-
to(a)! Vale ressaltar que, por ser a CID-11 um documento novo, ainda iremos encontrar em 
várias pesquisas a utilização da CID-10, precisamos compreender que na área da pesquisa 
acadêmica (educação) será aos poucos a mudança da nomenclatura referente ao TGD 
para TEA. 
SAIBA MAIS
Você sabia, caro(a) acadêmico(a), que a CID-10 foi aprovada pela Conferência Interna-
cional para a Décima Revisão, em 1989, e adotada pela Quadragésima Terceira Assem-
bléia Mundial de Saúde para entrar em vigor em 1o de janeiro de 1993? Segundo o site 
das Nações Unidas, a CID-11 reflete as mudanças e os avanços na Medicina e Tecnolo-
gia que aconteceram de lá para cá. A estrutura de codificação e ferramentas eletrônicas 
foram simplificadas, para permitir que o profissional possa registrar os problemas de 
maneira mais fácil e eficaz. A nova classificação conta com 55 mil códigos únicos para 
lesões, doenças e causas de morte versus 14.400 da CID-10.
Entre as principais novidades, está a inclusão de distúrbio em games (gaming disorder), 
que já havia sido anunciado no começo do ano. A OMS define a desordem como um 
“padrão de comportamento persistente ou recorrente”, de gravidade suficiente para “re-
sultar em comprometimento significativo nas áreas de funcionamento pessoal, familiar, 
social, educacional, ocupacional ou outras”.
Reprodução/OMS
Fonte: elaborado pela autora com base no CID e OMS.
13UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
REFLITA
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que reconhece crianças e adolescentes 
como sujeitos de pleno direito, classifica esses indivíduos como: pessoas em desenvol-
vimento. Sendo assim, caro(a) acadêmico(a), pense bem antes de realizar qualquer ato, 
pois você faz parte desse desenvolvimento! 
Fonte: a autora. 
14UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
2. MANUAL DE DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICA DOS TRANSTORNOS MENTAIS
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM, em sua 5ª 
edição, foi publicado em maio de 2013 (versão em português em 2014). O DSM se pro-
põe a servir como um “guia prático, funcional e flexível para organizar informações que 
podem auxiliar no diagnóstico preciso e no tratamento de transtornos mentais”. Trata-se 
de “uma ferramenta para clínicos, um recurso essencial para a formação de estudantes e 
profissionais e uma referência para pesquisadores da área” (AMERICAN PSYCHIATRIC 
ASSOCIATION, 2014, p. xii). 
O guia representa a base para definição de doenças psíquicas, referência para a 
prática clínica, e, segundo seus autores, contém informações úteis para todos os profissio-
nais ligados à saúde mental, “incluindo psiquiatras, outros médicos, psicólogos, assistentes 
sociais, enfermeiros, consultores, especialistas das áreas forense e legal, terapeutas 
ocupacionais e de reabilitação e outros profissionais da área da saúde”. (AMERICAN PSY-
CHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p. xii). O DSM-5 também é um instrumento para a coleta 
e a comunicação precisa de estatísticas de saúde pública sobre as taxas de morbidade e 
mortalidade dos transtornos mentais. 
Embora o DSM-5continue sendo uma classificação categórica de transtornos in-
dividuais, reconhecemos que os transtornos mentais nem sempre se encaixam totalmente 
dentro dos limites de um único transtorno. Alguns domínios de sintomas, como depressão 
e ansiedade, envolvem múltiplas categorias diagnósticas e podem refletir vulnerabilidades 
15UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
subjacentes comuns a um grupo maior de transtornos. O reconhecimento dessa realidade 
fez os transtornos incluídos no DSM-5 serem reordenados em uma estrutura organizacio-
nal revisada, com o intuito de estimular novas perspectivas clínicas. Essa nova estrutura 
corresponde à organização de transtornos planejada para a CID-11, cujo lançamento está 
programado para 2022.
Caro(a) estudante, ao longo do nosso material iremos referenciar o DSM, fique 
atento(a)!
SAIBA MAIS
Você, caro(a) acadêmico(a), sabia que, assim como no DSM, o Manual de Diagnóstico 
e Estatística dos Transtornos Mentais, a nova CID, Classificação Internacional de Doen-
ças, uniu os transtornos do espectro num só diagnóstico? Essa decisão veio para facili-
tar o diagnóstico e tornar mais simples a codificação para acesso a serviços de saúde.
Fonte: a autora.
16UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
3. DEFINIÇÃO, CONCEITUAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO TGD-TEA
Caro(a) estudante, vamos primeiramente conhecer o percurso histórico trilhado pela 
área dos transtornos globais do desenvolvimento, conhecido como TGD, contextualizando 
as diferentes terminologias e enfoques teóricos utilizados para referenciar tal transtorno. 
O desafio de compreender as desordens psíquicas esteve presente na sociedade e 
desprender-se de conceitos enraizados constitui ponto essencial para o conhecimento dos 
transtornos globais do desenvolvimento. 
Nesses mais de 75 anos de estudos no campo dos TGDs, é necessário conhecer 
os pesquisadores e suas alegações fundamentais sobre tal quadro clínico, os parâmetros 
internacionais para a sua identificação e, ainda, as possíveis hipóteses para o seu apare-
cimento. 
Na educação, tais conhecimentos se tornam significativos por estarem relacio-
nados, na atualidade, a uma das áreas com identificação mais frequente na população 
infanto-juvenil. 
17UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
SAIBA MAIS
Você já deve ter assistido a algum filme com passagens bíblicas, independentemente 
da religião a qual esteja vinculado, retratando uma época em que a ciência era pratica-
mente inexistente. O fato de que não tinham o conhecimento científico para explicar o 
mundo em que viviam, faz-nos indagar: “de que forma os sujeitos conseguiam explicar 
os fenômenos da natureza, como o raio e/ou o trovão?”.
Para aquele momento, as explicações possíveis provinham de ideias relacionadas às 
atividades de magia e da religião. Da mesma forma, sujeitos com alguma má formação, 
ou mesmo com comportamentos que fugiam do esperado para a sociedade, eram vistos 
como pessoas cuja condição tinha origens demoníacas. Esse ponto de vista evidencia a 
ação dos aspectos culturais no modo de justificar e aceitar os acometimentos de ordem 
física, intelectual e mental (psíquica).
Com efeito, as pessoas inseridas em organizações prósperas na sociedade, tais como 
a justiça e a igreja, eram as que sentenciavam os sujeitos que de alguma forma não 
eram vistos com afeição, excluídos da convivência da comunidade. Com a ampliação 
da atuação médica, as crenças perderam força. Entretanto, por mais distante que essas 
ideologias possam estar, a expressão “ele está possuído” até hoje é ouvida quando um 
sujeito apresenta alterações de comportamento.
No caminho para uma vida mais digna aos sujeitos que eram marginalizados, surge a 
importante ação do médico Philippe Pinel, o qual apostava numa corrente de tratamento 
humanitário que resultou na expansão das descrições dos transtornos psíquicos. 
Podemos citar como marco desse momento histórico o caso conhecido como “o menino 
selvagem”, que foi tema cinematográfico. O cineasta François Truffaut reproduziu em 
um filme o trabalho de Jean Itard com um jovem que foi capturado numa floresta, ex-
cluído da convivência em sociedade. Seu comportamento se assemelhava ao que, após 
anos de estudo, Leo Kanner descreve clinicamente como distúrbio autista.
Fonte: Santos (2020). 
18UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
CURIOSIDADE
O filme L’Enfant Sauvage traduzido para “O menino (ou garoto) selvagem”, de François 
Truffaut, retrata o estudo do médico Jean Itard com o jovem Victor (como foi chamado) 
de Aveyron. Capturado após viver alguns anos na floresta, privado de relações sociais, 
Victor demonstrou que o ser humano é um animal social, que precisa, para se constituir 
como ser humano, viver entre os humanos. O filme produzido por Truffaut coincidiu com 
os estudos e a descrição clínica de Leo Kanner (1894-1981) sobre crianças autistas. 
Fonte: a autora. 
A conceituação dos transtornos globais do desenvolvimento passou por mudanças 
significativas no decorrer dos tempos, e, nem sempre esses conceitos tiveram um ponto de 
convergência entre o campo da educação e o da saúde. 
Nesse sentido, para os sujeitos que compõem, atualmente, esse grupo de estu-
dantes, as intervenções clínicas se apresentam como uma primeira opção de intervenção, 
sendo atribuída, para a educação, um segundo plano possível. 
As manifestações clínicas de pacientes esquizofrênicos, tais como isolamento e 
distanciamento da realidade, foram descritas pelo psiquiatra Bleuler (1911 apud SANTOS, 
2020) empregando a expressão autismo. 
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) absorveu as 
subcategorias do autismo como a síndrome de Asperger, o transtorno desintegrativo da 
infância e os transtornos global do desenvolvimento não especificado e propõe a classifica-
ção de Transtornos do Espectro Autista (TEA) em substituição a de Transtornos Globais do 
Desenvolvimento (TGD) (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). No entanto, 
caro(a) estudante, na educação, até o momento, ainda se denomina a área Transtorno 
Global do Desenvolvimento, onde está englobado o Transtorno do Espectro Autismo. 
As patologias com apresentações sintomáticas semelhantes ao espectro do autis-
mo foram denominadas, na educação do DSM-5, de autismo infantil, autismo de Kanner, 
autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento sem 
outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e síndrome de Asperger, que 
indica linhas-mestras para a identificação do Transtornos do Espectro Autista (TEA). 
19UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
Caro(a) estudante, atenção! O diagnóstico desse transtorno é realizado por um 
médico, que, na avaliação comportamental, pode utilizar escalas padronizadas para iden-
tificá-lo. 
Entre os anos de 1970 e 1980, houve um crescente interesse pelo autismo, o que 
acarretou o desenvolvimento de pesquisas no campo médico e psicológico. Tais estudos 
objetivavam o encontro de um quadro descritivo relacionado ao autismo e aos espectros 
correlatos que repercutiram em muitos países, inclusive, no cenário brasileiro. 
REFLEXÃO
Afinal, quem são essas crianças que, por alguns educadores, costumam ser adjetivadas 
como diferentes, agressivas e inquietas, e que quando falam apresentam uma lingua-
gem tão incomum?
Fonte: a autora.
O conceito transtorno global do desenvolvimento (TGD) foi adotado para definir 
os distúrbios mentais da infância, que apresentam tanto um início muito precoce, quanto 
uma tendência evolutiva. Os transtornos do espectro autista (TEA) enquadram-se nessa 
categorização, uma vez que se manifestam na primeira infância e apresentam curso per-
manente. 
É válido ressaltar que os TGDs incluem, necessariamente, alterações qualitativas 
da experiência subjetiva, dos processos cognitivos, da comunicação(linguagem) e do 
comportamento e não somente alterações quantitativas. Não podemos conceber o TGD 
somente como um atraso ou uma interrupção do processo de desenvolvimento típico, visto 
que se trata da manifestação clínica de um processo atípico e prejudicial ao desenvolvi-
mento (BRASIL, 2015). 
Dessa forma, consideramos fundamental esclarecer que a noção de desenvolvi-
mento aplicada ao conceito nosológico de TGD não diz respeito apenas à questão genética, 
mas àquela praticada pela perspectiva contemporânea da psicopatologia do desenvolvi-
mento, que concebe esse processo como resultante de questões multifatoriais, ou seja, 
genéticas e ambientais (psicossocial). O entendimento sobre o conceito contemporâneo de 
desenvolvimento envolve, necessariamente, o processo de constituição psíquica, que 
20UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
não é inato e se estabelece por meio da interação recíproca entre o bebê e seu principal 
cuidador nos primeiros anos de vida. (SANTOS, 2019). 
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 
portaria n. 555, de 07 de janeiro de 2008 (BRASIL, 2008), como documento político nor-
teador, apresenta modificações significativas se comparada à política anterior, pois altera o 
perfil dos estudantes da educação especial. O documento designa como parte dos TGDs os 
seguintes diagnósticos clínicos: autismo, síndrome do espectro autista (Asperger e Rett), 
transtorno desintegrativo da infância e transtorno invasivo do desenvolvimento sem 
outra especificação. Esses transtornos têm como característica em comum as funções 
do desenvolvimento prejudicadas (BRASIL, 2010). 
 Até 2007, a nomenclatura utilizada na Educação era Condutas Típicas que 
começou a ser amplamente divulgada na década de 90, para fazer referência aos alunos 
que apresentavam distúrbios de comportamentos, substituindo a terminologia anteriormen-
te empregada, distúrbios de comportamento, que muitos prejuízos trouxe, seja pelo pre-
conceito que a expressão sugeria, seja pela interpretação inadequada de qualquer reação 
do aluno pelo professor, que ocasionava um rótulo e posterior encaminhamento para a 
Educação Especial. 
Quadro 1 - Mudanças em relação a nomenclaturas utilizadas na Educação
DE 1994 ATÉ 2007 CONDUTAS TÍPICAS A PARTIR DE 2008 TRANSTORNOS 
GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO
Quadros neurológicos, como por exem-
plo, Transtorno do Déficit de Atenção e 
Hiperatividade.
Síndromes, como por exemplo, Trans-
torno Bipolar; Transtorno de Conduta; 
Transtorno de Ansiedade, entre outros.
Psiquiátricos Persistentes, como por 
exemplo, Psicose. 
Refere-se especificamente à alunos com 
diagnósticos de: autismo; síndromes do 
espectro de autismo, como por exemplo: 
Síndrome de Asperger, Síndrome de Rett, 
entre outros; psicose infantil.
Fonte: a autora.
Ainda de acordo com o Documento Política Nacional de Educação Especial na 
Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), o Transtorno do Déficit de Atenção e 
Hiperatividade é compreendido como Transtorno Funcional Específico que será atendido, 
21UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
neste Departamento, nos serviços de apoio especializado da área de Deficiência Intelectual 
e Transtornos Funcionais Específicos, na Rede Pública de Ensino. 
Assim, esclarece que o Transtorno Bipolar, de Conduta, de Ansiedade, entre outros, 
deverá ter o acompanhamento da Saúde Mental (tratamento medicamentoso e terapêuti-
co), sem que necessariamente sejam encaminhados aos serviços de apoio educacional 
especializado da Rede Pública de Ensino. 
Caro(a) estudante, como podemos verificar, ainda estamos no aguardo da atualiza-
ção no campo da educação sobre a nomenclatura utilizada. Digo o documento do Ministério 
da Educação (MEC), pois como sabemos, na área da saúde, já houve a mudança. Por esse 
motivo, em nosso material, utilizamos e utilizaremos o que consta na portaria n. 555, de 07 
de janeiro de 2008. 
SAIBA MAIS
Você sabia, caro(a) acadêmico(a), que o autismo tornou-se um problema de saúde pú-
blica no mundo inteiro, e sua importância se reflete em dois eventos recentes: em 2007, 
a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou o dia 2 de abril como o dia mundial 
de conscientização do autismo, e a entidade americana Autism Speaks convocou vários 
monumentos do mundo, por meio da campanha Light It Up Blue iniciada em 2010, a se 
iluminarem de azul, no dia em questão, a fim de promover a conscientização do trans-
torno. 
Fonte: a autora. 
REFLEXÃO
“Temos o direito de sermos iguais sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito 
de sermos diferentes sempre que a desigualdade nos descaracteriza” (SANTOS, 2006, 
p. 27). 
22UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) acadêmico(a),
Finalizamos a Unidade I da disciplina de Atendimento Educacional de Aluno 
com Transtornos Globais do Desenvolvimento.
No primeiro momento: conhecemos a Classificação Internacional de Doenças 
(CID). Esse documento é publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa 
padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde, verificamos 
que passou por atualizações no decorrer dos anos e que a última versão entrará em vigor 
em 2022.
No segundo momento: conhecemos o Manual de Diagnóstico e Estatística dos 
Transtornos Mentais (DSM). Esse documento se propõe a servir como um guia prático, 
funcional e flexível para organizar informações que podem auxiliar o diagnóstico preciso e o 
tratamento de transtornos mentais pelos profissionais da área da Saúde Esse manual está 
ligado diretamente com a CID, sendo assim, ambos caminham juntos.
No terceiro momento: estudamos a definição, conceituação e características do 
Transtorno Global do Desenvolvimento, que passou por diversas mudanças significativas 
no decorrer dos tempos.
Concluímos, nesta primeira unidade, que, devido às mudanças em determinados 
documentos legais, ainda se denomina a área Transtorno Global do Desenvolvimento, em 
que está englobado o Transtorno do Espectro Autismo. Os TGDs, segundo documentos 
leis, designa os seguintes diagnósticos clínicos: autismo, síndrome do espectro autista 
(Asperger e Rett), transtorno desintegrativo da infância e transtorno invasivo do desenvol-
vimento sem outra especificação.
Para aprofundar seus conhecimentos, não deixe de consultar as referências.
23UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
LEITURA COMPLEMENTAR
Leitura complementar traz dados sobre publicações de pesquisas na área do Trans-
torno Global do Desenvolvimento (TGD) realizada por Gianni Marcela Boechard Magalhães. 
Link de acesso ao material completo: https://periodicos.ufes.br/snee/article/view/23935
24UNIDADE I Dimensões dos Transtornos Globais de Desenvolvimento
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Transtornos Globais do Desenvolvimento
Autor: Shirley Aparecida dos Santos
Editora: Contentus
Sinopse: Este livro define a trajetória histórica da área de transtor-
nos globais do desenvolvimento, trazendo conceitos e concepções 
teóricas fundamentais para o seu entendimento. Trata das teorias 
sobre desenvolvimento humano de Piaget, Wallon e Vygotsky, 
métodos e abordagens para o trabalho terapêutico e traz uma 
discussão sobre direitos, educação especial e inclusão. Também 
trabalha o atendimento educacional especializado e flexibilização/
diferenciação curricular.
FILME/VÍDEO
Título: O Garoto Selvagem
Ano: 26 de fevereiro de 1970 (França)
Sinopse: Um menino incapaz de falar, andar, ler ou escrever é 
encontrado nu em uma floresta na França, vivendo com um bando 
de lobos. Ele é levado para Paris e um médico tenta ajudá-lo.
Link do vídeo: https://vimeo.com/155385147 
WEB
Em Tese – Educação e os Transtornos Globais do Desenvol-
vimento
DURAÇÃO: 30 MINUTOS
Exibido em: 12/08/15
Link do site: http://www.tv.ufpr.br/portal/edicao/em-tese-educa-
cao-e-os-transtornos-globais-do-desenvolvimento/25
Plano de Estudo:
● Fundamentos conceituais, teóricos e a perspectiva histórica do autismo no século XX
● Conceito geral e disfunções do TEA
● Causas do TEA
Objetivos da Aprendizagem
● Contextualizar os fundamentos conceituais, teóricos e a perspectiva histórica do au-
tismo no século XX
● Estudar o conceito geral e disfunções do transtorno do espectro autista (TEA)
● Conhecer as causas do transtorno do espectro autista (TEA)
UNIDADE II
Transtorno do Espectro Autista: 
Conceitos Iniciais e Disfunção Do Tea
Professora Mestre Fabiane Fantacholi Guimarães
26UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a).
Seja bem-vindo(a) à Unidade II, intitulada “Transtorno do Espectro Autista: con-
ceitos iniciais e disfunção do TEA”, da disciplina de Atendimento Educacional de Aluno 
com Transtornos Globais do Desenvolvimento do curso de Graduação em Educação 
Especial. 
No primeiro momento: contextualizar os fundamentos conceituais, teóricos e a 
perspectiva histórica do autismo no século XX, no entanto, independentemente da posição 
teórica utilizada para compreender o autismo, sabe-se hoje que ele não constitui um quadro 
único, mas um quadro clínico complexo que precisa ser olhado a partir de cada sujeito, 
levando-se em conta suas especificidades, possibilidades e dificuldades. 
No segundo momento: estudar o conceito geral e disfunções do transtorno do es-
pectro autista (TEA). Válido ressaltar, como já elencamos anteriormente, antes do conceito 
de autismo, existiu e ainda existe em alguns documentos legais, o termo Transtornos Glo-
bais do Desenvolvimento (TGD). Os TEA são considerados, atualmente, como transtorno 
de desenvolvimento de causas variadas. 
No terceiro momento: conhecer as causas do transtorno do espectro autista (TEA), 
considerando que em algumas das prováveis causas do TEA, ele é um transtorno de 
comportamento multifacetado, de base neurológica. 
Espero que esses textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema 
da nossa primeira unidade.
Boa leitura!
27UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
1. FUNDAMENTOS CONCEITUAIS, TEÓRICOS E A PERSPECTIVA HISTÓRICA DO 
AUTISMO NO SÉCULO XX
A nomenclatura autismo foi empregada pela primeira vez pelo psiquiatra Eugen 
Bleuler (1857-1939), em 1911, para relatar a fuga da realidade e o retraimento de adultos 
esquizofrênicos para um mundo interior. A palavra é de origem grega (autós) e significa “por 
si mesmo”. Trata-se de “um termo, dentro da psiquiatria, para denominar comportamentos 
humanos que se centralizam em si mesmos, voltados para o próprio indivíduo” (ORRÚ, 
2012, p. 17).
Quando o médico Jean Itard (1774-1838) relatou informações sobre o menino 
selvagem de Aveyron, em 1799, o termo autismo não havia sido utilizado. O jovem foi 
capturado por camponeses de Aveyron, na França, sem vestimentas e movimentando-se 
como quadrúpede e sem comunicação oral.
Ele se balançava sem parar e não demonstrava nenhuma afeição por quem 
o servia, era indiferente a tudo, não prestava atenção em coisa alguma, nem 
aceitava mudanças, e lembrava-se com precisão da localização de objetos 
existentes em seu quarto. Não reagia ao disparo do revólver, mas voltava-se 
na direção de um estalo de casca de noz (FERRARI, 2012, p. 6-7). 
A educação desse jovem foi atribuída a Itard, no entanto, o desfecho não foi consi-
derado triunfante nem pelo próprio pesquisador, porque o jovem não saiu do mutismo nem 
teve “acesso à dimensão simbólica da linguagem, apesar da incontestável melhora nas 
relações sociais” (FERRARI, 2012, p. 7). 
28UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
Esse acontecimento foi muito estudado e deu margem para inúmeros questiona-
mentos sobre a causa das manifestações comportamentais do jovem de Aveyron, entre as 
quais se destaca a causa de sua debilidade: o abandono do contato humano ao qual fora 
submetido. 
Em 1943, em uma interpretação mais definida, o psiquiatra austríaco Leo Kanner 
descreveu o autismo infantil após observar 11 crianças entre 2 e 8 anos que apresenta-
vam características comuns, o que culminou na publicação do artigo intitulado Distúrbios 
autísticos de contato afetivo (Autistic Disturbances of Affective Contact). Kanner, em sua 
descrição, destacou que das 11 crianças observadas, 8 adquiriram linguagem, embora com 
atraso. 
Em referências às características sintomáticas dos autistas, verifica-se que muitos 
profissionais da educação têm dificuldade em identificar esses traços no contexto escolar. 
A aquisição da linguagem por crianças autistas é muito singular, fato perceptível 
não só pela irregularidade característica, mas também pela fraca intenção comunicativa. 
Essa linguagem se apresenta com inversão pronominal e ecolalia. Alguns autistas podem 
reproduzir uma infinidade de palavras, letras de música, propagandas conhecidas, trechos 
de conversas, embora não objetivem uma intenção comunicativa, por terem condições 
favoráveis quanto à memória verbal (SANTOS, 2019). 
SAIBA MAIS
Caro(a) acadêmico(a), em relação à importância da linguagem, o embasamento recai 
sobre o livro intitulado Pensamento e Linguagem, de Lev Semenovich Vygotsky. Esse 
autor apresenta um estudo detalhado sobre o desenvolvimento intelectual, orientado 
para a psicologia evolutiva, educação e psicopatologia. 
Deixo aqui o link de acesso:
 http://www2.uefs.br/filosofia-bv/pdfs/vygotsky_01.pdf
Ainda que a pesquisa de Kanner passe por algumas alterações no conceito e na 
definição do autismo, o fundamento é sempre o mesmo, pois ele distingue o distúrbio autís-
tico do quadro esquizofrênico, divergindo de Bleuler, que entende essa afecção não como 
uma doença independente, mas como mais um dos sintomas da esquizofrenia (SANTOS, 
2019). 
29UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
Desse modo, a partir de 1943 “os conceitos de autismo, psicose e esquizofrenia se 
colidiram e foram usados de maneira intercambiável durante muitos anos, contudo, atual-
mente, foi superado” (BRASIL, 2015, p.18). 
Após a divulgação dos estudos de Kanner, Hans Asperger (1906-1980), médico e 
pesquisador, escreveu o artigo Psicopatia autística na infância. Nele, o austríaco também 
tomou de empréstimo de Bleuler o termo “autismo” para descrever quatro crianças que 
apresentavam como questão central o transtorno no relacionamento com o ambiente ao 
seu redor, por vezes compensado pelo alto nível de originalidade no pensamento e nas 
atitudes. Em alguns momentos, no entanto, o desempenho das crianças pesquisadas (pen-
samentos e atitudes) foi percebido como mais ameno (BRASIL, 2015). A respeito desses 
sintomas, foi constatado seguinte:
As características autistas apareceriam a partir do segundo ano de vida e se-
riam persistentes. Haveria pobreza de expressões gestuais e faciais e, quan-
do as crianças eram inquietas, sua movimentação era estereotipada e sem 
objetivo, podendo haver movimentos rítmicos repetitivos. Suas falas seriam 
artificiais, mas teriam atitude criativa em relação à linguagem, exemplificada 
pelo uso de palavras incomuns e neologismos [...] (BRASIL, 2015, p. 21-22).
SAIBA MAIS
Você sabia, caro(a) acadêmico(a), que as pesquisas de Hans Asperger eram públicas 
nos países em que o idioma alemão era dominante? Na década de 1970, foram reali-
zadas as primeiras aproximações com os escritos de Kanner, especialmente por pes-
quisadores holandeses, tal como Van Krevelen, que tinha domínio dos idiomas inglês e 
alemão. As iniciativas de assemelhar ambos foram difíceis, em virtude das diferenças 
entre os pacientes estudados por cada pesquisador, uma vez que os descritos por Kan-
ner eram mais jovens e apresentavam maior prejuízo cognitivo. 
Fonte: a autora (2020).
Até fins da década de 1970, o autismo era considerado uma forma de esquizofrenia 
infantil e classificado dentroda categoria das psicoses (APA, 1952/1968). Em 1979, Wing e 
Gould foram os primeiros a propor a tríade diagnóstica que abrangia deficiências específi-
cas na comunicação, socialização e imaginação (CAMINHA et al., 2016). 
Em 1980, com a publicação da 3ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais (DSM-3), o autismo se converteu no protótipo de um novo grupo de 
30UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
transtornos do desenvolvimento reunidos sob o título de transtornos globais do desenvolvi-
mento (TGD) (APA, 1980). A expressão amplamente utilizada, “transtornos invasivos do 
desenvolvimento”, não é apropriada. 
O DSM-4, publicado em 1994, pela primeira vez incluiu o termo “qualitativo” para 
descrever as deficiências dentro da tríade de manifestações clínicas, definindo a extensão 
das deficiências em vez da presença ou ausência absoluta de um determinado compor-
tamento como suficiente para satisfazer o critério diagnóstico. Na classificação do DSM-4 
(APA, 1994), os “transtornos globais do desenvolvimento” abarcavam o amplo espectro de 
distúrbios com as características citadas acima, incluindo cinco subtipos comportamentais:
Figura 1 - Organograma
Fonte: Bacarin (2020, p. 29).
Na Figura 1 percebe-se pela pirâmide que a caracterização do autismo hierarquiza-
va os indivíduos, porém não apresentava um elo que justificasse esse ranqueamento para 
além dos sintomas neurológicos. Para melhor compreensão da mudança entre o DSM-4 
e o DSM-5, retoma-se o conceito conforme a metodologia elaborada pela Associação de 
Amigos do Autista (AMA).
Na definição atual do conceito, o autismo é uma síndrome, ou seja, um conjunto 
de sintomas, que causa transtorno de neurodesenvolvimento e, como consequência, alte-
rações comportamentais, que não o caracterizam como uma doença. O salto de qualidade 
na compreensão se encontra em entender que essas características não são estanques e 
assimétricas, porém, necessariamente são pertinentes à mesma síndrome, porque se ca-
racteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da 
imaginação (BACARIN, 2020). Caro(a) estudante, estes três desvios, que ao aparecerem 
31UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
juntos caracterizam o autismo, foram chamados por Lorna Wing e Judith Gould, em seu es-
tudo realizado em 1979, de “Tríade”, como relatado anteriormente. A Tríade é responsável 
por um padrão de comportamento restrito e repetitivo, nas condições de inteligência que 
podem variar do retardo mental aos níveis acima da média (CAMINHA et al., 2016). 
Em 2013, a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 
(APA, 2014) propôs uma nova classificação, com novas orientações sobre o diagnóstico 
e algumas mudanças conceituais importantes. Os subtipos comportamentais descritos no 
DSM-5, excetuando todos os diagnósticos anteriores (Figura 1), reunidos numa única deno-
minação e passam a receber o diagnóstico único de Transtorno do Espectro Autista (TEA). 
Entretanto, entende-se que podem coexistir três grupos de situações que dificultam 
o diagnóstico clínico, sendo eles: 
1. O TEA pode ser a síndrome principal, que coexiste com traços ou aspectos de 
outras síndromes secundárias;
2. O TEA pode ser a síndrome secundária, pois apenas alguns traços ou aspectos 
se fazem presentes em relação a uma outra síndrome principal;
3. O TEA pode ser a única síndrome, porém com espectros variados conforme 
cada indivíduo. 
Tomando por base a análise conceitual elencada, o DSM-5 apresenta a seguinte 
classificação do TEA: 
Figura 2 - Classificação
Fonte: Bacarin (2020, p. 30).
Na Figura 2, observa-se que o Autismo Clássico, o Transtorno Desintegrativo da 
Infância e o Transtorno Global do Desenvolvimento não específico foram dissolvidos nessa 
nova classificação do DSM-5. 
32UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
Se por um lado a mudança na classificação de autismo ou autismos facilitou a iden-
tificação da síndrome a partir da categorização como suave, moderado ou severo, por outro 
lado, essa transformação requer um maior tempo de observação e investigação para definir 
o espectro em que classifica o grau da criança com TEA. Essa é a primeira consequência 
decorrente da nova maneira de se diagnosticar o TEA (BACARIN, 2020). 
SAIBA MAIS
Você sabia que a mudança da classificação de TGD para TEA se justifica porque nos 
Estados Unidos o tratamento é financiado pelo governo, e todos os pormenores são 
elementos usados para não disponibilizar a gratuidade do tratamento ou a inclusão do 
sujeito em um plano de saúde? O diagnóstico de autismo, por exemplo, para resolver 
o problema e propiciar o direito desses sujeitos a serem acompanhados nas clínicas e 
nas instituições escolares, uniformizou-se todos como portadores de TEA. O DSM-4 
considerava o autismo como um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento e incluía os 
quadros de Transtorno de Rett, Transtorno de Asperger e Transtorno Desintegrativo da 
Infância, já não representando mais o entendimento e classificação dos “autistas”. 
Fonte: Bacarin (2020).
Caro(a) estudante, mesmo com novas descobertas a respeito do TEA, ainda vi-
vemos uma época de incertezas, uma vez que no meio de várias incertezas, é que se 
percebem características do TEA, no indivíduo, precocemente. Os primeiros sinais se 
apresentam ainda nos primeiros anos, e, com um olhar mais apurado, podem-se perceber 
características em bebês. O TEA afeta o desenvolvimento do ser humano de forma intensa, 
incidindo na construção da personalidade (SILVA; ROZEK, 2020). 
As causas do TEA ainda não são consideradas únicas, não existindo, assim, uma 
definição do que, na realidade, causa o autismo. Temos diferentes abordagens e estudos 
que convergem ou divergem nos resultados de suas pesquisas, mas que vão transitando, 
basicamente, entre fatores “psicológicos, disfunções cerebrais e alterações de neurotrans-
missores, fatores ambientais, aspectos genéticos, questões alimentares, entre outros” 
(SILVA; ROZEK, 2020, p. 6). 
33UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
Independentemente da posição teórica utilizada para compreender o autismo, sa-
be-se, hoje, que ele não constitui um quadro único, mas um quadro complexo que precisa 
ser olhado a partir de cada sujeito, levando-se em conta suas possibilidades e dificuldades. 
REFLEXÃO
“As crianças com necessidades especiais, assim como as aves, são diferentes em seus 
vôos. Mas todas são iguais em seu direito de voar.” 
Fonte: a autora (2020). 
34UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
2. CONCEITO GERAL E DISFUNÇÕES DO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO 
AUTISMO (TEA) 
Caro(a) estudante, para ser compreendido, o TEA precisa ser muito bem estu-
dado. Segundo Silva, Gaiato e Reveles (2012), o Transtorno do Espectro do Autismo é 
considerado um transtorno de neurodesenvolvimento, no qual a criança tem dificuldade na 
comunicação social e mantém um interesse restrito e estereotipado. Isso significa que se 
trata de uma alteração ocorrida dentro do cérebro, em que as conexões entre os neurônios 
se dão de forma diferente, ocasionando dificuldade em interagir com as outras pessoas de 
maneira adequada.
Os TEA são considerados atualmente como transtorno de desenvolvimento de 
causas variadas. Entretanto, como já estamos estudando acerca de como o TEA se apre-
senta legalmente, constatamos que antes do conceito de autismo, existiu e ainda existe em 
alguns documentos legais o termo Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD). 
Para Morais (2012), essa síndrome é entendida como uma das perturbações 
contínuas e gerais, designadas de “perturbações globais do desenvolvimento”. O autismo 
caracteriza-se pela existência de disfunções sociais, perturbações na comunicaçãoe no 
jogo imaginativo, tal como por interesses e atividades restritas e repetitivas. O autismo, 
para ser considerado em termos de diagnóstico, tem de ter presentes estas manifestações, 
desde o nascimento até aproximadamente aos 36 meses de idade, persistindo e evoluindo 
de diferentes maneiras ao longo da vida.
35UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
Nesse sentido, quando o docente, o pedagogo, o especialista na educação espe-
cial, ou a equipe escolar solicitarem um laudo diagnóstico em decorrência das limitações e 
especificidades dessas profissões, geralmente a escola só consegue entender, que naquele 
laudo, constam informações sobre uma criança com características autísticas, quando se 
faz referência, neste documento, ao termo Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD). 
Assim sendo, é preciso questionar: o que especificamente significa dizer que 
uma criança tem TGD? Ao observar a Figura 3 a seguir, infere-se alguns pontos para essa 
problemática:
Figura 3 - Alteração cognitiva no TEA
Fonte: Bacarin (2020, p. 13).
A alteração em comunicação social no TEA apresenta ou pode apresentar os ele-
mentos listados a seguir, de acordo com Silva, Gaiato e Reveles (2012):
• Dificuldade no contato visual;
• Dificuldade no uso de gestos e expressões faciais;
• Dificuldades em fazer amizades e no brincar, entender emoções e sentimentos 
relacionados ao outro;
• Falta de interesse por coisas ou atividades que as outras crianças propõem;
• Foco em brinquedos ou brincadeiras apenas seja do seu interesse;
• Aproximação com os demais de uma forma artificializada, robotizada ou “apren-
dida” e fracasso nas conversas interpessoais. 
• Demonstrações de pouco interesse no que outra pessoa está dizendo ou sen-
tindo;
• Dificuldade em iniciar ou responder a interações sociais;
• Dificuldade de entender a linguagem não verbal das outras pessoas;
• Dificuldade em se adaptar a diferentes situações sociais.
36UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
O interesse restrito e estereotipado pode aparecer, de acordo com Silva, Gaiato e 
Reveles (2012), nas seguintes situações:
• Movimentos repetitivos ou estereotipados com objetos e/ou fala;
• Na fala, repetições de trechos de filmes ou desenhos, falando sozinhos numa 
linguagem “própria”, sem função de interação social;
• Insistência em rotinas, rituais de comportamentos padronizados, fixação em 
temas e interesses restritos;
• Hiper ou Hiporreação a estímulos do ambiente, como sons ou texturas;
• Estereotipias motoras, movimentos repetitivos com o corpo ou com as mãos;
• Extrema angústia com pequenas mudanças na rotina;
• Forte apego a objetos, gastando muito tempo observando ou usando um mesmo 
brinquedo ou segurando o dia todo algo que caiba nas mãos;
• Sensibilidade a barulhos, cheiros, texturas de objetos ou extremo interesse em 
luzes, brilhos e determinados movimentos repetitivos;
• Alteração na sensibilidade à dor.
As autoras mencionadas ressaltam que, em decorrência das individualidades, 
as crianças com TEA podem apresentar especificidades diversas quanto à alteração em 
comunicação social e ao interesse restrito e estereotipado. Acerca dessa questão, Morais 
(2012) observa que ao nível comportamental as características que distinguem as crianças 
com autismo das que sofrem de outro tipo de perturbações do desenvolvimento, baseiam-
-se sobretudo na sociabilidade, no jogo, na linguagem, na comunicação a nível global, a 
nível de atividade, do repertório de interesses, e as atitudes dos demais não assumem 
para elas a mesma importância que por norma assume para outras crianças. Deste modo 
as crianças autistas representam um grande desafio para os profissionais, pelas vastas 
características que reúnem. “É importante e significativo entender que o autismo é uma 
disfunção no desenvolvimento cerebral que tem origem na infância, que persiste ao longo 
de toda a vida e que pode dar origem a uma grande variedade de expressões clínicas” 
(MORAIS, 2012, p. 12). 
Conforme estudamos até o momento, o transtorno do espectro autista caracteri-
za-se por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos 
contextos, incluindo déficits na reciprocidade social, em comportamentos não verbais de 
comunicação usados para interação social e em habilidades para desenvolver, manter e 
compreender relacionamentos, estas informações são baseadas nos dados do DSM-5. 
37UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
Os principais sintomas que caracterizam a dificuldade de integração, segundo a 
American Psychiatric Association (2014), são:
• Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem 
social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compar-
tilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar 
ou responder a interações sociais.
• Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para intera-
ção social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco 
integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou déficits na 
compreensão e uso gestos, a ausência total de expressões faciais e comunica-
ção não verbal. 
• Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, 
por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a 
contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginati-
vas ou em fazer amigos, a ausência de interesse por pares.
Os indivíduos com TEA apresentam um processamento perceptivo centrado nos 
detalhes, o que determina que a exploração dos objetos não aconteça de uma forma típica, 
sendo, muitas vezes, não vinculada às funções do objeto, mas a seus detalhes. Por exem-
plo:
ao brincar com um carrinho, a criança não faz explorando a ação do brinque-
do, mas desmontando, enfileirando, classificando por cor ou tamanho, ou 
sem uma prévia classificação, e mantendo-se atento às rodinhas, fazendo-as 
girar por horas sem um objetivo específico (SILVA; ROZEK, 2020, p. 9). 
A American Psychiatric Association (APA, 2014) traz os principais sintomas que 
caracterizam a gravidade baseada em prejuízos na comunicação social e em padrões de 
comportamento restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades – ATEN-
ÇÃO! Os exemplos são ilustrativos, e não executivos –, sendo eles:
• Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (p. 
ex., estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, 
frases idiossincráticas). 
• Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualiza-
dos de comportamento verbal ou não verbal (por exemplo, sofrimento extremo 
em relação a pequenas mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos 
38UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
de pensamento, rituais de saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho 
ou ingerir os mesmos alimentos diariamente).
• Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco 
(por exemplo, forte apego a ou preocupação com objetos incomuns, interesses 
excessivamente circunscritos ou perseverativos).
• Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por 
aspectos sensoriais do ambiente (por exemplo, indiferença aparente a dor/
temperatura, reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar 
objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento).
Para melhor compreensão, a tabela a seguir retirada do DSM-5 ilustra as gravida-
des citadas anteriormente.
Tabela 1 - Níveis de gravidade para transtorno do espectro autista
Fonte: American Psychiatric Association (2014, p. 52).
39UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
SAIBA MAIS
Caro(a) acadêmico(a),para ampliar o seu conhecimento entre o autismo em relação 
à fala, linguagem e comunicação, o livro intitulado Autismo: fala, linguagem e comuni-
cação, da autora Silvia Dias Caldas, elabora discussões sobre diferentes aspectos do 
autismo, especialmente a relação com a comunicação. Dessa forma, aborda os tipos do 
Transtorno do Espectro do Autismo, o desenvolvimento de linguagem, níveis de análise 
da fala e cognição social. A obra ainda trata de dificuldades semânticas, linguagem não 
verbal, sistemas aumentativos e alternativos de comunicação, bem como questões so-
bre brincadeira e música.
Fonte: Caldas (2020).
REFLEXÃO
“As pessoas com autismo não mentem, não julgam, não manipulam. Talvez possamos 
aprender alguma coisa com elas.” 
Fonte: a autora (2020). 
40UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
3. CAUSAS DO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO (TEA) 
Caro(a) estudante, buscaremos neste último tópico compreender algumas das 
prováveis causas do Transtorno do Espectro Autista (TEA), que é um transtorno de com-
portamento multifacetado, de base neurológica.
Para a construção dessa investigação acerca das possíveis causas do TEA, fare-
mos um resgate de suas características centrais, ou seja, a tríade de identificação dessa 
síndrome que possui ramificações e camadas díspares, variáveis de indivíduo. São elas, de 
acordo com a American Psychiatric Association (APA, 2014):
1. Prejuízos na interação social
1.1 Prejuízo no uso de comportamento não verbais
a. Contato visual direto
b. Expressão facial
c. Gestos comunicativos
1.2 Dificuldade para estabelecer relacionamentos com colegas
1.3 Dificuldades para compartilhar prazer, interesses ou desconforto
1.4 Falta de reciprocidade social/emocional 
2. Prejuízos na comunicação
a. Atraso ou ausência da fala expressiva
41UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
b. Dificuldade para iniciar ou manter uma conversação
c. Uso estereotipado e repetitivo da linguagem, linguagem pedante
d. Dificuldade na compreensão, na contextualização
e. Alterações na prosódia e articulação
f. Dificuldades para compreender metáforas
g. Dificuldades para compreender figuras de linguagem
h. Tendência para compreensão literal
3. Padrões restritos de comportamento, interesses e atividades.
3.1 Preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados e 
restritos de interesse
3.2 Maneirismos estereotipados e repetitivos
3.3 Apego excessivo a rotinas
3.4 Preocupação persistente com partes de objetos
Resgatamos as características principais do TEA, uma vez que as dificuldades 
encontradas pelos profissionais das mais diversas áreas para desenvolverem suas práticas 
e voltá-las aos autistas. Isso porque, mesmo com a presença desses sintomas, em todos 
os diagnósticos clínicos neurológicos e multidisciplinares, cada indivíduo – ou, no jordão 
médico, cada quadro clínico – apresenta variáveis graus de gravidade. 
Existe uma vasta bibliografia sobre as várias teorias que procuram explicar o pro-
blema da etiologia ou a causa do quadro clínico do autismo, no entanto serão elencadas 
aqui as hipóteses que se mostraram mais relevantes em relação à importância das investi-
gações, bem como aos avanços que proporcionaram no contexto da American Psychiatric 
Association (APA, 2014), são elas:
1. Teoria psicológica
2. Teoria cognitiva
3. Fatores biológicos evidentes: gêmeos, história familiar e síndromes
4. Ausência de marcador biológico
5. Diagnóstico clínico
42UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
Dessa forma, apresentaremos no quadro a seguir um esboço sobre as principais 
teorias:
Quadro 1 - As principais teorias da causa do TEA
Teoria psicológica
Durante muito tempo a abordagem predominante foi a psicológica. Muitos 
teóricos defendiam a hipótese de que o autismo seria o resultado de proge-
nitoras ou mães frias. Essa teoria foi combatida e superada em seus funda-
mentos, não sendo mais referência para o debate.
Teoria cognitiva 
Essa teoria trabalha com distúrbios na formação e na cognição cerebral, que 
levariam a um quadro. É uma das mais aceitas na comunidade acadêmica 
que estuda o TEA, pois as evidências das pesquisas nacionais e internacio-
nais demonstraram, em um contínuo processo de amadurecimento científi-
co, que o indivíduo com autismo. 
Fatores biológicos evi-
dentes
É consenso entre a comunidade acadêmica que os fatores biológicos são 
muito presentes em crianças com TEA. Cite-se os casos de autismo em 
gêmeos e os casos de mulheres que gestaram uma criança autista e, na 
segunda gravidez, geraram outra criança também autista, ou seja, o histórico 
familiar é considerável, pois aumenta o risco de nascimentos de crianças 
com TEA. As síndromes também são probabilidades, visto que uma criança 
com uma síndrome apresenta alteração neurológica e que existe uma grande 
associação entre síndromes e comportamentos autísticos. 
Ausência de marcador 
biológico
Biomarcadores ou marcadores biológicos são entidades que podem ser 
medidas experimentalmente e indicam a ocorrência de determinada função 
normal ou patológica de um organismo ou uma resposta a um agente farma-
cológico. A falta de um exame de sangue, uma tomografia ou um eletroence-
falograma, por exemplo, que demonstra que a pessoa tem TEA, faz com que 
o diagnóstico se paute na observação clínica. 
Diagnóstico clínico
No âmbito do raciocínio clínico do especialista que avalia a criança, a investi-
gação deverá ser realizada com bases nas teorias anteriores citadas, ou me-
lhor, tomando os elementos contidos nas “tendências hipotéticas” anteriores 
que, dentro da gama de indícios, elementos e linhas de possibilidades, man-
tiveram-se como pressuposto ou como base para que a tendência hipotética 
que usamos hoje caminhe em direção a um hipótese científica, podendo 
elevar a possibilidade de acerto quanto às especificidades de cada caso. 
Fonte: Bacarin (2020). 
Nos últimos 60 anos de produções e estudos sobre as possíveis causas do autismo 
criaram uma rotina em que várias teorias foram aparecendo e posteriormente dando espaço 
a outras teorias, sendo as cinco listadas anteriormente as mais significativas.
Sobre o TEA, a causa do autismo permanece desconhecida, entretanto, existe 
um conjunto de elementos a se considerar, sendo elas: evidências científicas; pesquisas 
nas mais diversas áreas; evidências em neuroimagens e neurocomportamento; avaliações 
neuropsicológicas. Pesquisados ao analisarem os elementos evidências citados anterior-
mente, inferiram que até o presente momento o problema do TEA é neurobiológico. Nesse 
sentido, o TEA não é um problema emocional, ele é gerado por alterações na biologia do 
cérebro. Contudo, a causa dessa alteração é desconhecida, bem como o que desencadeia 
esse processo (BACARIN, 2020). 
43UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
O que se sabe é que alguns fatores do ambiente podem ter relação causal, a saber, 
sendo: prematuridade; intercorrências como anoxia neonatal; problemas relacionados ao 
nascimento da criança; alguns distúrbios metabólicos (BACARIN, 2020). 
Todavia, apesar dos fatores ambientais mais precisos, não se sabe qual é a causa 
principal e, no geral, não se sabe qual é o gatilho que desencadeia o transtorno. No entanto, 
existem alguns fatores de risco que estão relacionados ao aparecimento de uma criança 
autista em uma família. Isto é: quando se deve suspeitar que uma família corre risco maior 
de ter um filho autista? Basicamente, quando já existe uma criança TEA e em prematuros. 
Caro(a) estudante, para finalizarmos e não deixar de expor todas as teorias que 
envolvem a discussão das causas do TEA, apresentaremos a teoria da mente. Como 
vimos as causas não são corretas, uma das teoriasmais aceitas, no domínio científico, 
associa os múltiplos fatores mais prováveis a uma alteração nos processos ativação e 
desativação controlados por genes de determinadas regiões cerebrais associadas à lin-
guagem, à cognição social e à criatividade. Isso confirma as narrativas apresentadas no 
Quadro 1, que relacionam o TEA a um distúrbio na formação e na cognição cerebral, isto 
é, desvio no desenvolvimento do cérebro em decorrência de uma combinação de fatores 
genéticos e ambientais – nem todos conhecidos –, conforme figura a seguir:
Figura 4 - Autismo - possível origem do problema
Fonte: Bacarin (2020, p. 71). 
 
Para uma corrente de pesquisadores, o conjunto desses fatores, ainda muito im-
precisos, dificulta o desenvolvimento de habilidades de compreensão e dedução da gama 
de estados mentais, imaginativos e emocionais, de crenças, desejos e intenções. A essa 
hipótese se denomina Teoria da Mente (Theory of Mind - TM) (BACARIN, 2020). 
Silva, Gaiato e Reveles (2012, p. 84) observam que “o ser humano desenvolveu, ao 
longo de sua existência, habilidades de comunicação e de linguagem tão sofisticadas que 
44UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
aprendeu a se relacionar de maneira muito complexa. Às vezes, a comunicação é tão rica 
que nem é preciso falar para se fazer entender”.
Caro(a) estudante, para compreender melhor essa colocação, o exemplo irá au-
xiliar na compreensão, se estamos em uma conversa e o interlocutor começa a bocejar, 
podemos ter a sensação de que nosso papo está desagradável ou cansativo e tendemos, 
naturalmente, a mudar o rumo da conversa. Ou ainda, quando uma pessoa faz uma brinca-
deira irônica, percebemos que por trás da sua fala existe um deboche, a pessoa não falou, 
mas passou a mensagem através do seu jeito de falar, da entonação da voz e da expressão 
facial.
Já o autista tem dificuldades de perceber estados mentais, o que faz com que 
avaliem, de forma equivocada, uma série de situações sociais, ou ainda, simplesmente 
não conseguem entendê-las. As pessoas com autismo levam mais tempo para aprender 
o significado de certas atitudes e demoram para interagir, já que não compreendem as 
sensações e emoções dos outros. Por exemplo, podem falar por horas e horas sobre o 
mesmo tema, sem perceber que o interlocutor está entediado. A dificuldade do autista em 
mentir ou enganar também está relacionada à teoria da mente, ele não consegue imaginar 
que a outra pessoa esteja pensando de forma diferente dele (SILVA; GAIATO; REVELES, 
2012). 
Assim sendo, enquanto pessoas neurotípicas (é um neologismo amplamente 
utilizado na comunidade autística como um rótulo para pessoas que não estão no espectro 
do autismo) têm uma capacidade inerente à sua espécie de entender estados psíquicos e 
perceber intencionalidades da outra pessoa (Figura 5), o indivíduo TEA não possui essa 
capacidade (BACARIN, 2020). 
Figura 5 - Compreensão de estados psíquicos e intencionalidades
Fonte: Bacarin (2020, p. 72). 
45UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
Caro(a) estudante, um dos erros recorrentes no processo de análise de uma pos-
sível criança com TEA acontece na fase de investigação, quando, ao serem levantadas as 
possíveis incidências, o grupo de profissionais ou o diagnóstico clínico foca sua busca em 
encontrar associações. Para isso, a importância de uma avaliação multidisciplinar, como: 
pedagogo, psicopedagogo, profissional da área da educação especial, fonoaudiólogo, 
entre outros, reúnem informações para o médico, no qual tenha elementos para fazer o 
diagnóstico. 
Em resumo, o diagnóstico depende da avaliação multidisciplinar e da família, com 
relatórios detalhados da instituição escolar, fotos e vídeos da família, bem como a importân-
cia do DSM é que o manual ajuda a padronizar o que se deve comparar. 
SAIBA MAIS
Você, caro(a) acadêmico(a), sabia que o Manual da Classificação Internacional da Or-
ganização Mundial de Saúde (OMS), é um importante manual, pois está no fato de apre-
sentar a classificação das tipificações das síndromes e como compreendê-las? 
Fonte: a autora (2020). 
REFLITA
“A vida é como um quebra-cabeças. Deveríamos parar de tentar encaixar as pessoas 
onde elas não cabem.” 
Fonte: Google. 
46UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) acadêmico(a),
Finalizamos a Unidade II da disciplina de Atendimento Educacional de Aluno 
com Transtornos Globais do Desenvolvimento.
No primeiro momento: contextualizamos os fundamentos conceituais, teóricos e a 
perspectiva histórica do autismo no século XX, no entanto, independentemente da posição 
teórica utilizada para compreender o autismo, sabe-se hoje que ele não constitui um quadro 
único, mas um quadro complexo que precisa ser olhado a partir de cada sujeito, levando-se 
em conta suas possibilidades e dificuldades. 
No segundo momento: estudamos o conceito geral e disfunções do transtorno do 
espectro autista (TEA), no qual constatamos que antes do conceito de autismo, existiu e 
ainda existe em alguns documentos legais o termo Transtornos Globais do Desenvolvi-
mento (TGD), em relação às disfunções criança tem dificuldade na comunicação social e 
mantém um interesse restrito e estereotipado, isto descrito nos documentos legais, como 
CID e DSM. 
No terceiro momento: conhecemos as causas do transtorno do espectro autista 
(TEA), em que compreendemos que a causa do autismo permanece desconhecida, entre-
tanto, existe um conjunto de elementos a se considerar, sendo elas: evidências científicas; 
pesquisas nas mais diversas áreas; evidências em neuroimagens e neurocomportamento; 
avaliações neuropsicológicas.
Para aprofundar seus conhecimentos, não deixe de consultar as referências.
47UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E Disfunção Do Tea
LEITURA COMPLEMENTAR 
Leitura complementar apresenta-se como um guia para se desenvolver processos 
investigativos de caráter institucional na verificação de uma possível criança que tenha 
TEA.
FORTIN, Marie Fabienne. O processo de investigação: da con-
cepção à realização. Loures: Lusociência, 1999.
Sinopse: A obra Processo de investigação: da concepção à 
realização, cuja autora principal é Marie-Fabienne Fortin, Pro-
fessora Jubilada da Faculdade de Ciências de Enfermagem da 
Universidade de Montreal, titular da área da investigação científica 
naquela faculdade, é sem dúvida uma obra de cariz didáctico, útil 
para professores, estudantes e todos os que se interessem pelo 
processo científico.
Ao longo dos 23 capítulos do manual são desenvolvidas as bases 
teóricas inerentes ao processo de investigação. As principais orien-
tações metodológicas, específicas dos vários tipos de estudos, 
tanto quantitativos como qualitativos, são ilustradas com exemplos 
de estudos realizados por outros autores, permitindo, com base 
nelas, conduzir um trabalho de investigação desde a sua con-
cepção até à publicação dos resultados. Os leitores encontrarão 
ainda ajuda para fazer uma auto-avaliação crítica dos estudos que 
venham a realizar.
A organização dos conteúdos em torno de objectivos pedagógicos 
específicos por capítulo; a própria estrutura dos capítulos em que, 
após uma breve introdução, os conteúdos se desenvolvem por 
seções e temas, dos mais genéricos aos mais específicos, termi-
nando com o resumo dos aspectos tratados; as ideias expostas 
ilustradas com exemplos de estudos de investigação e figuras 
esquemáticas, sintetizadas em quadros e creditadas com a cita-
ção de autores peritos no assunto, cujas referências bibliográficas 
fecham o capítulo, são algumas das características que não só 
facilitam a compreensão dos conteúdos como a consulta da obra.
Recomendado a estudantes e a todos quantos se iniciam na reali-
zação de investigação!
48UNIDADE II Transtorno do Espectro Autista: Conceitos Iniciais E DisfunçãoDo Tea
LIVRO 
Título: Autismo infantil - novas tendëncias e perspectivas
Autor: Francisco Baptista Assumpcao Junior; Evelyn Kczynski
Editora: Atheneu
Ano: 2015
Sinopse: Autismo Infantil - Novas Tendências e Perspectivas, ora 
em sua segunda edição, tem sua origem acadêmica no Labora-
tório de Distúrbios do Desenvolvimento do Instituto de Psicologia 
da Universidade de São Paulo. Seu objetivo é a realização de 
pesquisas diagnósticas e terapêuticas dos Transtornos de Habili-
dades Escolares, Transtornos de Linguagem e Fala, Transtornos 
Específicos do Desenvolvimento e outros.
Para a realização desse projeto, criou-se equipe multidisciplinar, 
formada por médicos (Neurologistas e Psiquiatras), Psicólogos, 
Fonoaudiólogos e Terapeutas Ocupacionais.
Um dos seus frutos, já na segunda edição, é o presente trabalho, 
que chega ao público atualizado, revisto e ampliado. Mantém sem-
pre o seu caráter eminentemente prático e didático.
O livro tem único tema, “Autismo Infantil”, que é abordado de 
modo amplo, profundo e rico em detalhes e casuísticas. Assim, 
sua equipe autoral é formada por 2 Coordenadores Editoriais, 17 
Colaboradores, 3 partes, 2 capítulos, num total de 325 páginas.
Como se vê, agora, encorpado, integra a Série de Psiquiatria: Da 
Infância à Adolescência. Embora seja uma segunda edição, é o 
primeiro volume da série.
Autismo Infantil - Novas Tendências e Perspectivas se constituirá, 
sem sombra de dúvida, livro obrigatório para Psiquiatras e Psicó-
logos e, em caso de especial interesse, Pediatras e Pedagogos, 
vivamente interessados em atualizar-se dos mais modernos e 
atuais conhecimentos sobre o autismo infantil.
FILME/VÍDEO 
Título: Temple Grandin 
Ano: 2010
Sinopse: Jovem autista luta para ter uma vida normal. Incentivada 
pelo professor, ela chega à universidade e usa sua sensibilidade e 
habilidade com os animais para criar uma técnica que revoluciona 
a indústria agropecuária dos Estados Unidos.
WEB 
Diário de um autista 
Link do site.
https://www.youtube.com/channel/UCbhT_vtlwr7X2wG6q_0mW-
VQ/featured 
49
Plano de Estudo:
● Método TEACCH
● Pecs – Sistema de Comunicação por Troca de Figuras
● ABA – Análise Aplicada do Comportamento 
● Outras técnicas de apoio educacional
Objetivos da Aprendizagem
● Conhecer o Método TEACCH - Tratamento e Educação de Criança Autistas e com 
Desvantagens na Comunicação.
● Aprender sobre o PECs – Sistema de Comunicação por Troca de Figuras.
● Entender sobre a ABA – Análise Aplicada do Comportamento.
● Consultar outras técnicas de apoio educacional.
UNIDADE III
Métodos Educacionais De Intervenção E 
Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea
Professora Mestre Fabiane Fantacholi Guimarães
50UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea
INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a),
Seja bem-vindo(a) à Unidade III, intitulada “Métodos Educacionais de Intervenção 
e apoio a inclusão do aluno com TGD-TEA”, da disciplina de Atendimento Educacional 
de Aluno com Transtornos Globais do Desenvolvimento do curso de Graduação em 
Educação Especial. 
No primeiro momento: conhecer o Método Tratamento e Educação de Criança Au-
tistas e com Desvantagens na Comunicação (TEACCH), no qual este método de tratamento 
e educação é um dos mais importantes métodos de tratamento educacional para crianças 
com autismo e distúrbios correlatos de comunicação.
No segundo momento: aprender sobre o PECs (Sistema de Comunicação por Troca 
de Figuras), no qual trata-se de um procedimento para o processo de ensino e aprendiza-
gem de pessoas com distúrbios de comunicação, muito utilizado também com pessoas com 
TEA, que estimula a funcionalidade da comunicação por intermédio da troca de figuras.
No terceiro momento: entender sobre a Análise Aplicada do Comportamento (ABA), 
em que seu método se refere à intervenção e ao ensino de aptidões necessárias para viver 
em uma sociedade, bem como é responsável por aplicar princípios comportamentais a 
situações sociais realmente relevantes.
No quarto momento: consultar outras técnicas de apoio educacional, algumas das 
possibilidades de apoio educacional que são usualmente utilizadas para o processo de 
aprendizagem da criança com TEA, apenas para dar uma ideia a pais e profissionais.
Espero que estes textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema 
de nossa primeira unidade.
Boa leitura! 
51UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea
1. MÉTODO TEACCH
Um dos mais importantes métodos de tratamento educacional para a pessoa com 
TEA é conhecido como método TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related 
Communication Handicapped Children – traduzido: Tratamento e Educação de Criança Au-
tistas e com Desvantagens na Comunicação). Ele constitui-se em um método de tratamento 
e educação para crianças com autismo e distúrbios correlatos de comunicação.
Segundo as autoras Marques e Mello (2005), o objetivo máximo do TEACCH é 
apoiar o autismo em seu desenvolvimento para ajudá-lo a conseguir chegar à idade adulta 
com o máximo de autonomia possível. 
Isto inclui ajudá-lo a compreender o mundo que o cerca através da aquisição 
de habilidades de comunicação que lhe permitam relacionar-se com outras 
pessoas, oferecendo-lhes, até onde for possível, condições de escolher de 
acordo com suas próprias necessidades (MARQUES; MELLO, 2005, p.145).
Sendo que a meta fundamental é o desenvolvimento da comunicação e da in-
dependência e o meio principal para isto é a educação. Assim, a avaliação é a ferramenta 
para a seleção de estratégias, que deverão ser estabelecidas individualmente.
Os primeiros estudos que originaram o método remontam à década de 1960 atra-
vés do estudioso psicólogo americano, Eric Schopler, sendo uma abordagem psicanalítica, 
no qual surgiu no desenvolvimento de um projeto de investigação no Departamento de 
Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Carolina do Norte nos Estados Unidos. Um grupo 
de profissionais da área da saúde mental atendia às crianças com TEA em uma visão 
52UNIDADE III Métodos Educacionais De Intervenção E Apoio A Inclusão Do Aluno Com Tgd-Tea
psicanalítica e oferecia terapia para elas e seus pais. Nesse período, acreditava-se que 
havia uma forte influência dos pais, que, em parte, eram considerados responsáveis pelo 
quadro de autismo dos seus filhos (DEFENDI, 2016). 
Com o avanço das pesquisas científicas, essa ideia foi abandonada, e novos ele-
mentos foram considerados para o tratamento das pessoas com TEA, o que ampliou a 
visão e colaborou para mudanças no método TEACCH para enfatizar a importância do 
processo educacional a essas pessoas (DEFENDI, 2016). 
O TEACCH, ao contrário de métodos comportamentais, não ataca os problemas de 
comportamento diretamente, mas tenta analisar e eliminar as suas causas. Isso não quer 
dizer que técnicas de modificação de conduta sejam completamente eliminadas do método, 
mas que elas são utilizadas em situações de risco, nos casos em que as medidas tomadas, 
de acordo com o critério anteriormente descrito, não tenham sido eficazes (MARQUES; 
MELLO, 2005). 
Em suma, o método TEACCH tem como foco promover competências adaptativas 
que são necessárias para desenvolver uma vida mais independente, buscando modificar o 
ambiente para que se adapte às necessidades das crianças com TEA. 
O TEACCH é um modelo de intervenção chamado generalista e transdisciplinar, 
que respeita às características do indivíduo, adaptando-se a elas. Assim, todos aqueles 
que participam do processo educativo são envolvidos, diminuindo as dificuldades a um 
nível da linguagem receptiva, aumentando as possibilidades de comunicação e permitindo 
a diversidade de contextos. Tem por objetivo facilitar a aprendizagem, partindo do arranjo 
ambiental. Um ensino estruturado, que tem como alternativa promover a adaptação de 
cada indivíduo, dando e recebendo o apoio não só dos terapeutas como também dos pais, 
que se tornam co-terapeutas

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