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Prática de Leitura 
e Escrita
O prazer de ler e o ler por prazer
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.a Dr.a Ana Elvira Luciano Gebara 
Prof.a Me. Diana Maria de Morais
Revisão Textual:
Prof.a Me. Silvia Augusta Albert 
5
• Leitura
• Leitura e leituras
• Os entornos da leitura
Em cada unidade, você encontrará, além de um aviso e esta orientação de estudos:
- a contextualização, em que você terá uma grande questão respondida: “Para que servem esses temas 
na minha vida?” assim você verá a relação entre os temas trabalhados e a função desses temas no seu 
cotidiano e na vida profissional;
- o texto-teórico da unidade, em que os conceitos básicos da unidade serão apresentados com a 
bibliografia para compreender o assunto e aprofundá-lo;
- a apresentação narrada é uma apresentação em powerpoint, contendo os pontos centrais da unidade 
e do texto-base;
- a vídeoaula da unidade;
- a atividade de sistematização (AS) são atividades com as quais você poderá verificar se o que foi visto 
e ouvido nas seções anteriores foi apreendido. São atividades de autocorreção, seguidas sempre do 
gabarito e uma explicação para que você possa conferir o que errou ou acertou e confirmar os porquês;
- a atividade de aprofundamento (AP), consiste em atividades de produção escrita em um Fórum de 
Discussão ou em uma atividade de Produção Textual. Você deverá, então, participar de uma discussão 
coletiva a partir de uma questão colocada no fórum ou produzir um texto sobre o tema da Unidade, 
a partir de uma dada proposta. Essas atividades irão compor sua avaliação no Ambiente Virtual de 
Aprendizagem (AVA) Blackboard (Bb). Fique bem atento às instruções! 
 · Nesta Unidade – “O prazer de ler e o ler por prazer” – 
começamos a disciplina Prática de leitura e escrita na qual 
você encontrará, no texto teórico, alguns caminhos possíveis 
para realizar a leitura de um texto, identificando seu tema, 
gênero e a sua esfera de circulação, isto é, em que situações 
de comunicação e de uso esses textos circulam na sociedade. 
O prazer de ler e o ler por prazer
• A leitura do texto escrito e as distâncias
• Quem escolhe o tipo de leitura a ser feita? 
• Um texto, múltiplas leituras
6
Unidade: O prazer de ler e o ler por prazer
Contextualização
Como futuro professor do Ensino Fundamental e Médio, pense em como você deverá 
estimular os seus alunos à leitura e, principalmente, ao prazer proveniente desse ato. Para 
isso, torna-se necessário refletir sobre o seu papel de leitor, principalmente por ser professor. 
Gostar de ler e de interpretar textos já é um grande passo, porém, mais do que isso, o seu 
prazer pela leitura e o conhecimento que você adquire com este ato pode chamar a atenção 
de seus alunos e estimulá-los.
Vamos pensar em uma atividade prática de leitura em sala de aula: você pode escolher um 
poema, como o exposto a seguir, e pedir para alguns alunos fazerem uma leitura em voz alta:
A lagartixa (Álvares de Azevedo)
A lagartixa ao sol ardente vive
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão de teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.
Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu copo e amoroso leito...
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro não há como teu peito.
Posso agora viver: para coroas
Não preciso no prado colher flores;
Engrinaldo melhor a minha fronte
Nas rosas mais gentis de teus amores
Vale todo um harém a minha bela,
Em fazer-me ditoso ela capricha...
Vivo ao sol de seus olhos namorados,
Como ao sol de verão a lagartixa.
(Disponível em http://www.jornaldepoesia.jor.br/avz.html#alagartixa,Acesso em 12.03.2013)
Nessa primeira leitura em voz alta, procure orientar os seus futuros alunos a refletirem sobre 
os sentimentos envolvidos no poema e que a leitura deve acompanhar esses sentimentos, 
além de respeitar os sinais de pontuação e o encadeamento dos versos. A leitura, antes 
de mais nada, deve ser interpretativa e um aluno pode opinar sobre a leitura do outro, no 
sentido de ajustá-la e melhorá-la.
7
Leitura
Vamos começar com um alongamento mental...
Imagine a seguinte situação: 
Você vê pegadas que saem do mar, atravessam a faixa da praia, parecem parar em uma esteira, mas 
continuam até chegar a um carrinho de sorvete... O que você deduz?
Provavelmente que a pessoa que saiu do mar, pegou o dinheiro na esteira e foi comprar um 
sorvete. É uma hipótese que tem grande probabilidade de ser verdade, porque sua experiência 
de mundo permite criar essas relações entre fatos e intencionalidades. 
Ou seja, é muito provável que, num dia de verão, a pessoa que está tomando banho de mar 
queira um sorvete, um doce muito apreciado, principalmente na praia ou nos dias quentes. Para 
comprar o sorvete, porém, é necessário dinheiro, então, a parada na esteira teve essa função. As 
esteiras são os lugares onde se deixam os objetos quando se entra no mar (chinelos, óculos etc.).
Você só conseguiu entender as pegadas como um texto com início, meio e fim, ao “ler” esse 
texto todo, montando hipóteses que foram sendo confirmadas ou refutadas pelos elementos que 
você, nesse caso, encontrou no chão.
Se você prestar mais atenção aos detalhes pode chegar a definir se se trata de um adulto ou 
uma criança, mulher ou homem. Como você fez isso?
Trata-se da observação da pegada, o tamanho, a largura, a distância dos dedos etc.
Essa “dedução” é um tipo de leitura como tantos outros que existem no mundo e que permitem 
a todos nós nos relacionarmos com as pessoas a nossa volta, obtermos informações, entendermos 
os fatos que acontecem ao nosso redor e muitas outras ações derivadas dessa descodificação e 
atribuição de sentidos a um texto. O texto que você “leu” era composto por pegadas na praia, com 
ponto de partida (o mar), percurso (a esteira) e ponto de chegada (o carrinho de sorvete).
Leitura e leituras
Há muitos tipos de leitura no mundo. Essas leituras são aprendidas no convívio familiar 
e social, na vida cotidiana e, tradicionalmente, como na nossa disciplina, são aprendidas na 
escola. Um dos objetivos da escola é ensinar a ler e a escrever em língua materna.
A leitura em língua materna (na nossa disciplina, a língua portuguesa), como em outras, tem de ser 
aprendida, porque requer o conhecimento da língua e de formas específicas de se organizá-la para a 
comunicação entre as pessoas que vivem em sociedade, o que acontece por meio dos gêneros.
8
Unidade: O prazer de ler e o ler por prazer
Os textos que lemos são escritos de acordo com os gêneros que existem em nossa sociedade. Cada 
gênero tem uma função social, um valor, um certo tratamento dado aos temas abordados e um estilo. 
Alguns gêneros existem há muitos séculos como as cartas e outros são muito novos como o e-mail, 
dessa forma, é possível constatar que todos os gêneros têm sua própria história, que está integrada à 
história do grupo social em que se insere. 
Existem gêneros orais e escritos. Muitos dos gêneros orais, você já domina. Aprendeu alguns deles 
pelo uso e pela necessidade de interação e de convivência no mundo. O telefonema é um deles. 
Mesmo que os aparelhos tenham mudado (fixo ou celular e afins), as conversas telefônicas se 
realizam todos os dias, e o famoso “alô” ainda funciona, embora os temas das conversas, a duração e 
as fórmulas de despedida (“até logo”, “tchau” etc.) tenham mudado, porque dependem das relações 
entre os participantes da conversa, grau de intimidade, local em que se encontram e tema abordado. 
Um casal de namorados pode demorar mais para se despedir, enquanto um chefe pode desligar 
o telefone depois de ter dito o que precisava informar ao seu funcionário. Pense em situações em 
que as características dos participantes da conversa telefônica, o tema abordado, local em que se 
encontram modificam o diálogo entre ambos.
BRANDÃO, H.H. N. Gêneros do discurso: unidade e diversidade. 
Disponível em: https://bit.ly/2TuM3gk
SILVA, S. da. Teoria aplicada sobre gêneros do discurso/textuais. 
Disponível em: https://bit.ly/38VdlqJObjetivos de aprendizado
Nas aulas de leitura, focaremos a atenção nos gêneros escritos, buscando os elementos que os 
compõem. Em cada texto, estudaremos, desde a esfera de circulação, autor e leitor e o estilo.
Os entornos da leitura
Os textos, sejam verbais ou não verbais, exigem que o leitor tenha conhecimento de 
mundo e dos códigos utilizados, para que assim ele possa determinar o valor de cada 
elemento presente nos textos.
Assim, quando lemos um texto, buscamos, nessa posição de leitores, elementos – provenientes 
do contexto e do próprio texto – que permitam a atribuição de sentidos. É o equilíbrio entre 
elementos do contexto e do texto que auxiliam na decifração do texto.
9
A leitura é um processo, portanto, que coloca lado a lado autor / falante e leitor/ ouvinte 
intermediados pelo texto. Cada texto, como aparece no box sobre gêneros, pode ser oral ou 
escrito; e também verbal ou não verbal, ou ainda misto, isto é, verbal e não verbal, como 
nas histórias em quadrinhos. O que garante a legibilidade dos textos é a unidade de sentido, 
negociada na interação entre leitor / ouvinte e autor / falante.
Quando estamos conversando com amigos íntimos, há uma interação que, para outras 
pessoas, pode parecer sem sentido. Conversamos de maneira aparentemente cifrada, pois nos 
entendemos com poucas palavras e muitos implícitos (informações que dependem do grau de 
conhecimento entre os envolvidos, da situação em que estão e não propriamente do que é dito). 
Por exemplo: se temos um amigo que é mais “esquentado”, o seguinte diálogo faz sentido:
- O vendedor insistiu muito com o Carlos. – disse o primeiro amigo
- Deu B.O.? – perguntou o segundo.
- Quase... – responde rindo o primeiro.
B.O. (boletim de ocorrência) aqui significa que Carlos teria brigado com o vendedor por causa 
da insistência. Em outra situação, o segundo amigo continuaria ouvindo a história sem esse tipo 
de comentário, que resulta do fato de Carlos ser bastante combativo e ter pouca paciência, 
daí a inferência do segundo amigo sobre uma suposta briga de Carlos com o vendedor e o 
consequente B.O. – boletim feito na ocasião da denúncia na delegacia.
Para entender melhor como funcionam os implícitos no texto, imaginemos 
a seguinte fala de um diálogo:
- Pedro parou de fumar! (posto)
Esse é o posto. O posto está marcado linguisticamente (pelas palavras ditas) e não 
pode ser negado, pois está explícito.
O pressuposto, um dos implícitos do texto, está marcado nos elementos 
linguísticos, pois se Pedro parou de fumar, o verbo “parar” implica que ele fumava antes. Assim 
cada leitor ou ouvinte utiliza seus conhecimentos linguísticos e de mundo para compreender o 
que está sendo dito.
O outro implícito é o subentendido, pois, de acordo com a situação imediata que 
envolve os falantes (as relações entre eles – se são amigos, conhecidos, pai e filho, empregado 
e patrão -,e a situação ampliada em que se inserem (os participantes do diálogo podem estar 
no século XXI em que o hábito de fumar é combatido por questões de saúde ou estar no século 
XIX, em que fumar fazia parte dos hábitos de um homem elegante), há várias respostas para 
essa fala que dependerá dessa situação. A pessoa que responderá pode entender a frase como 
uma informação ou como uma forma de repreensão.
Se a pessoa entender como uma informação que a outra está fornecendo, ela pode responder:
- Ele disse mesmo que queria parar! Ou: – Que bom, agora os problemas respiratórios 
dele vão sumir.
10
Unidade: O prazer de ler e o ler por prazer
Em outro caso, se a pessoa entender essa fala como uma forma de repreensão, a resposta 
será bem diferente:
- Eu já disse que cada um pára quando quer. Ou: - Você sempre fica me pressionando. Toda 
hora vem com sermão. Eu já sei que preciso parar de fumar. 
A resposta está baseada no que a pessoa entendeu do fato e não do que foi dito. Trata-se do 
subentendido que é como o ouvinte ou o leitor compreende o que foi dito segundo 
suas expectativas; a situação em que ocorre a conversa ou o momento em que 
acontece a leitura; a relação que tem com o outro falante / o autor ou ainda com 
o tema apresentado. Isso resulta do fato de que não dizemos tudo, pois se o fizéssemos a 
comunicação seria lenta e menos eficaz. Conforme os gêneros que estamos utilizando, podemos 
explicitar mais ou menos informações, visões de mundo e opiniões.
Os gêneros jurídicos, por exemplo, deixam menos informação implícita por trabalharem com 
fatos, provas e argumentos que levem ao ganho do processo (livrar um réu de uma acusação 
ou conseguir que ele seja considerado culpado por aquilo de que foi acusado – depende de que 
lado o advogado está). Já os gêneros publicitários deixam mais elementos implícitos por terem 
como objetivo não somente que os consumidores considerem o produto melhor, mas que tenha 
o desejo de comprar. Por essa razão, os gêneros publicitários criam certas imagens baseadas nas 
expectativas nos consumidores e não somente na leitura dos dados apresentados.
O subentendido, às vezes, se refere a como um autor ou um falante entende os temas tratados 
nos textos. Vejam o caso dessas manchetes.
“Mandinga” funciona, Luxa é expulso por agressão em gandula e Inter fatura o retorno
(Folha online, 29-04-2012)
Internacional vence o Grêmio e vai decidir com o Caxias (Estadão online, 29-04-2012)
Ambas as manchetes tratam de um mesmo jogo entre Internacional e Grêmio pelo 
campeonato estadual, porém cada uma delas indica como o jornal considera a notícia da 
partida. A Folha destaca a partida como consequência de outros fatos apresentados durante 
a semana (a mandinga – colocar sal grosso no banco de reservas do Grêmio) e aponta como 
elementos relevantes a expulsão do técnico do Grêmio (Luxemburgo, também conhecido como 
Luxa) e a vitória do Internacional. Já o Estadão se atém somente ao fato principal deixando 
os detalhes como a preparação durante a semana e a expulsão do técnico (Luxemburgo) para 
outro momento. O subentendido aqui se refere ao modo como cada jornal trata o tema partida 
semi-final do campeonato gaúcho de futebol. Um com mais detalhes, direcionando o que o 
leitor deve entender dos fatos e outra que apresenta de forma mais “neutra” o que ocorreu na 
partida, deixando mais espaço para o leitor. 
Os implícitos do texto oral ou escrito dependem do conhecimento de língua, 
de gênero, de mundo.
Os conhecimentos de língua são necessários para que todos nós possamos entender como as 
palavras ou as estruturas do texto se relacionam. 
11
Os conhecimentos de gênero são importantes para saber as funções de cada texto; também 
é importante saber por onde circulam e quais intenções colocam e seus autores/falantes e quais 
expectativas demandam de seus leitores / ouvintes. Ou melhor, deve-se levar em conta como 
cada um deve se comportar ao ler o texto de determinado gênero, uma vez que é diferente ler 
uma notícia e uma conta de luz ou de água. 
Por fim, os conhecimentos de mundo são imprescindíveis para a atribuição de sentidos a um 
texto, porque sem eles as palavras não significam, já que o significado de um texto é marcado 
histórica e socialmente.
FIORIN, J.L.; SAVIOLI, F.P. “Lição 20 Informações implícitas”. In: Lições de 
Texto: Leitura e Redação. 4ª ed. São Paulo: Ática, 2003.
GOLDSTEIN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R.“Capítulo 1 Linguagem, texto, 
gêneros textuais”. In: O Texto Sem Mistério: Leitura e Escrita na Universidade. 
São Paulo: Ática, 2010.
A leitura do texto escrito e as distâncias
A leitura do texto escrito ocorre longe do autor do texto, às vezes distante no tempo – quando 
lemos a carta de um avô; outras, distante no espaço – quando lemos um e-mail de um colega de 
outro estado ou país; há ainda os casos em que as distâncias são temporais e espaciais – quando 
lemos as obras de Machado de Assis ou Shakespeare.
Se o texto é escrito, a dependência de elementos contextuais é um pouco menor do que as 
dos textos orais (sem nunca deixar de ser importante) e os elementos linguísticosganham maior 
relevo, porque a negociação se dá de forma mais intensa nesses níveis. 
Em outra Unidade, sobre escrita, vamos tratar dessa questão com mais detalhes.
Em razão da interação entre autor e leitor, podem ser feitas muitas leituras de cada texto. 
Essas leituras podem variar, porque os leitores têm diferentes experiências de vida e de mundo 
e os objetivos da leitura são múltiplos.
Nesse momento, você está lendo, pois precisa das informações contidas no texto; deve finalizar 
a unidade; está fazendo um curso. Essa leitura se caracteriza por apresentar uma finalidade: 
você busca algo no texto para aplicar em outro lugar, no nosso caso, em exercícios. Há, no 
entanto, outros tipos de leitura. Aquela que se faz por prazer, para relaxar, como a leitura de 
romances, colunas sociais, páginas pessoais das redes sociais. Há ainda a leitura feita para se 
obter dados sem um objetivo imediato para a formação do profissional ou do indivíduo como 
a leitura de textos religiosos ou teóricos na área profissional. 
12
Unidade: O prazer de ler e o ler por prazer
Quem escolhe o tipo de leitura a ser feita? 
Certos ambientes de interação, como a escola, privilegiam a leitura como forma de obter 
informações para realizar tarefas. Outros ambientes como o familiar, o da roda de amigos, tem 
a leitura como formação ou como prazer.
A leitura pode variar também em função do gênero a que se vincula o texto, e assim você aos 
poucos vai aprendendo a ler cada gênero de acordo com suas características.
Acompanhe o caso do aluno que lê um conto ou um poema para fazer uma prova. Ele 
pode ser bem sucedido na avaliação da disciplina, porém os gêneros da esfera literária não são 
elaborados nem estruturados de modo a fornecer informações para uma prova. A circulação e 
a função social desses gêneros pressupõem um diálogo entre formas de entender o mundo e, 
consequentemente, formas de avaliar o mundo. Em outra ocasião, o aluno lê um texto teórico 
para fazer uma prova ou um texto didático. Nesse caso, o apoio desses textos está mais de 
acordo com a atividade a ser desenvolvida pelo aluno – a prova.
A leitura dos gêneros é feita na tensão entre a historicidade do gênero e a atualização desse 
mesmo gênero na forma de texto que se encontra à sua frente. 
O que seria a historicidade de um gênero e a atualização desse gênero? 
Se você está lendo um texto do twitter, vai considerar que os caracteres permitidos são 
140, que as mensagens são estímulos para discussões posteriores ou desdobramentos dessa 
primeira mensagem etc. No twitter, não está previsto um aprofundamento dos fatos e reflexões, 
mas pode-se apontar para outros gêneros ou suportes que permitam esses processos de 
compreensão dos fatos ou da exposição das ideias sobre o tema abordado. Ou seja, a leitura 
do twitter permite um recorte da situação apresentada com indicações para outros textos. Não 
se espera desse texto a profundidade ou o caráter panorâmico que outros gêneros trazem 
como a notícia ou a reportagem.
Ler o twitter como o texto que resume a situação com esclarecimentos precisos e detalhados 
é ler de forma equivocada sem perceber a função desse texto.
Assim é vital lembrar que cada gênero, na forma de texto que está na tela do computador ou 
que chega às suas mãos, imprime uma forma de ler, mas não pode impedir que outras leituras 
sejam feitas. Respeitar os limites de cada uma das formas de leitura e estabelecer objetivos para 
a sua leitura é uma das metas dessa disciplina, uma vez que, ao desenvolvermos os processos de 
leitura, bem como algumas das estratégias, você possa escolher sua forma de leitura, respeitando 
esses limites e buscando otimizar os objetivos relativos ao texto que está a sua frente.
Outras vezes, a escolha de que tipo de leitura vai ser feita depende do ambiente em que você 
se encontra, em que ocorre a interação autor – texto- leitor. Na sala de aula, virtual ou presencial, 
muitos textos são lidos como fonte de informação. No entanto, fora do ambiente escolar são 
normalmente lidos com outros objetivos. Um exemplo disso, são os textos jornalísticos que fora 
da sala têm como objetivo informar e formar a opinião do leitor, mas que, na sala de aula, 
muitas vezes, são utilizados para reforçar os argumentos de um aluno ou professor com os 
dados que aparecem nas notícias ou reportagens. Eles servem para provar um ponto de vista.
13
O mesmo pode ser verificado com as receitas que são, em aula, utilizados para a formulação 
e resolução de problemas matemáticos e não como uma forma de se fazer um prato para 
alimentar as pessoas.
Se não prestarmos atenção a esses elementos, podemos ser levados a ignorar a função de 
cada texto, utilizando-o como pretexto para outras atividades e funções. Observar ou seguir 
as funções dos textos é vital para quem como vocês utilizarão os textos (remetendo sempre ao 
gênero ao qual pertencem) em sala de aula para ensinar a língua e seus usos.
Para a formação de repertório, no entanto, você pode escolher suas leituras e se colocar na 
posição de leitor de vários textos, mesmo que eles não tenham sido escritos para você.
Colocar-se como leitor de um texto permite que você entenda outras realidades que esses 
textos veiculam. Muitas vezes, fazemos isso sem ter consciência. 
Isso pode ocorrer quando somos crianças e lemos textos destinados aos adultos. Boa parte 
do que lemos nessa época não faz sentido, pois não temos conhecimento de mundo para 
construir os sentidos que esses textos propõem. Imaginem uma criança de sete anos lendo um 
carnê com as datas de vencimento, detalhes sobre atraso do pagamento etc. Para essa criança, 
isso pode não fazer muito sentido. No entanto, se ela for ler o regulamento do prédio, essa leitura 
pode fazer mais sentido, porque ela está acostumada a regras dos jogos, por exemplo, e por sua 
vivência em um condomínio, sabe que existem horários para brincar no parquinho etc.
Quando nos propomos a ler a Constituição Brasileira, muitos dos detalhes ou do vocabulário 
que lá está pode nos afastar dos sentidos presentes nos artigos das leis, porém, trata-se de uma 
leitura necessária para aqueles que querem conhecer seus direitos e deveres. Assim colocar-se como 
leitor da Constituição Brasileira (pelo menos de trechos) pode ser importante para a construção da 
cidadania. Aliás, essa uma das grandes tarefas da leitura e da escrita: formar o cidadão.
Um texto, múltiplas leituras
Ler um texto é levar todos esses elementos em conta. Depois de uma leitura sem compromisso, 
é importante observar alguns elementos que tornam a leitura mais aprofundada:
1. Começamos pelo gênero para identificar:
1.1 sua função (informar; persuadir; indicar prazos etc.)
1.2 elementos de sua estrutura composicional (como se organiza no espaço em branco, 
quais os elementos imprescindíveis para que reconheçamos o gênero, etc.; 
2. Observamos o suporte em que se encontra o texto (papel; tela de computador; outdoor; 
televisão etc.); 
3. Verificamos em qual esfera circula;
14
Unidade: O prazer de ler e o ler por prazer
4. Determinamos quem escreve e para quem é escrito;
5. Retornamos à leitura do texto verbal (ou não verbal ou misto, conforme o gênero).
Tomemos, como exemplo, o texto de Ana Maria Machado, conhecida escritora da literatura 
infanto-juvenil, premiada internacionalmente por seus livros. Nessa coluna, na revista eletrônica 
Carta Capital, temos o texto “Apossar-se de um tesouro”, publicado em 13-02-2012.
Faça uma primeira leitura, depois passaremos para a nossa lista.
Carta da Ana
13.02.2012 18:33
1. Carta da Ana
2. 13.02.2012 18:33
3. Apossar-se de um tesouro
4. Precisamos fincar raízes em uma linha de continuidade e ter a segurança de certa permanência, 
fixada na cultura da humanidade
5. Caro professor,
6. Quando eu nasci, era filha única. Mas isso não durou muito e virei a mais velha de um monte 
de irmãos. Somos 11. E tínhamos uma quantidade de primos inacreditável: tanto meu pai como 
minha mãe tinham seis irmãos.
7. Alguns dessestios tiveram uma filharada, o que me deu 14 primos mineiros, 7 gaúchos, muitos 
fluminenses, outros tantos capixabas.
8. Fora os primos de segundo grau, sobretudo filhos dos primos de minha mãe, de convívio muito 
próximo e laços íntimos até hoje, que se prolongam já por nossos netos, por incrível que pareça.
9. De perder a conta e o fôlego. Principalmente porque nas férias de verão convivíamos pelos 
mesmos quintais numa praia do Espírito Santo, por onde a família se espalha desde 1916. Hoje, 
meus netos e sobrinhos-netos brincam por lá, em meio às novas gerações dessa primalhada e 
seus amigos.
10. É com alegria que a gente vai acompanhando as transformações e vendo como a garotada 
continua brincando na praia, correndo pelos gramados e subindo pelos galhos de goiabeiras, 
mas é capaz de ficar horas em torno de games, de tablets nas mãos. Ou de livro nas mãos, um 
mais velho lendo para os menores, como tantas vezes fizemos ou ouvimos na nossa infância.
11. Agora (como sempre) os recém-alfabetizados andam dando sua leitura em voz alta de presente 
aos pequeninos, fascinados com aquela mágica de transformar papel com manchinhas de tinta 
em histórias que fazem sonhar. Têm à sua disposição um excelente acervo que a literatura infantil 
brasileira foi construindo ao longo das últimas décadas. Uma variedade de alto nível, com uma 
riqueza de repertório de que muito poucas culturas podem se gabar em nossos dias.
12. Ao mesmo tempo, mesmo já lendo, não querem perder a alegria de escutar com atenção uma 
história lida. Começam a pedir aos pais que lhes contem outras, mais compridas, sem tanta figura 
15
para distrair. E vejo os pais deles, meus sobrinhos, em busca do repertório que os deliciava na 
infância – histórias tradicionais populares como a de Pedro Malasartes ou João Bobo, contos 
de fadas, a obra de Monteiro Lobato ou Cazuza, de Viriato Correia. Vivem uma experiência 
emocional gostosíssima, de descobertas conjuntas e encantos compartilhados. Ao mesmo tempo, 
têm a oportunidade de levantar dúvidas, medos, angústias e tentar aprender a conviver com as 
inevitáveis zonas de sombra que nos acompanham.
13. Além de todos esses aspectos positivos no terreno da afetividade, evidentes por si só, observo 
como esse processo vai construindo neles um embasamento humanista para o futuro, paralelo à 
aquisição de parte de um legado cultural milenar, que constitui um tesouro das civilizações.
14. Não vivemos apenas de tecnologia de ponta e modas passageiras. Além da inserção no 
contemporâneo, precisamos também fincar raízes em uma linha de continuidade e ter a 
segurança de certa permanência, fixada na cultura da humanidade que vem sendo construída 
há milênios. Sentir que coisas diferentes têm ritmos diferentes. Umas exigem resposta 
imediata, quase automática. Outras demandam um tempo de reflexão e entendimento - para 
amadurecer uma reação. Precisamos de ambas as experiências. Uma alimenta a outra. E nós 
nos nutrimos de todas.
15. Vários estudos demonstram que a aquisição desses repertórios na infância contribui 
enormemente para o desenvolvimento das capacidades próprias e estimula a imaginação tão 
necessária a cientistas, inventores, artistas e estadistas. Fundamental para sonhadores ou para 
empreendedores. Na Universidade de Cambridge, por exemplo, a professora Juliet Dusinberre 
pesquisou as leituras infantis de vários monstros sagrados das letras em língua inglesa no século 
XX e fez algumas descobertas interessantes.
16. Entre elas, a de que todos os que revolucionaram essa literatura no Modernismo, com suas 
experimentações radicais na linguagem ou na maneira de contar histórias (como James Joyce, 
Virginia -Woolf e -Ernest -Hemingway), -tinham tido intenso convívio, em criança, com a leitura 
de obras de autores sem condescendência com a facilitação no que escreviam, e sem preocupação 
em insistir em dar lições.
17. Ou seja, autores como Lewis Carroll, de Alice; Robert Louis- Stevenson, de A Ilha do Tesouro e 
O Médico e o Monstro; ou Mark Twain, de As Aventuras de Huck.
18. Autores que não faziam a menor concessão a um linguajar simplificado ou a uma história 
paternalista de heróis e vilões claramente divididos, mas pelo contrário, erigiam desafios à leitura 
infantil e exigiam cumplicidade na decifração de significados mais profundos. Mas, ao mesmo 
tempo, foram capazes de criar enredos empolgantes e personagens atraentes.
19. Naquele tempo, sem a concorrência de outras tecnologias mais visuais e eletrônicas, as crianças 
desenvolviam muito cedo o fôlego de leitura que lhes permitia mergulhar nessas obras, logo que 
se alfabetizavam.
20. Hoje, provavelmente, os primeiros passos por esse território serão mais firmes se acompanhados 
por um adulto que leia junto e comente – ou a partir de leituras em voz alta ou em leituras 
paralelas que se reúnam depois numa conversa sobre um episódio lido. Em ambos os casos, será 
uma experiência deliciosa e enriquecedora para as duas partes.
21. Ana Maria Machado
(disponível em http://www.cartacapital.com.br/carta-fundamental/apossar-se-de-um-tesouro/ ) 
Acesso em 10 de agosto de 2012.
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Unidade: O prazer de ler e o ler por prazer
Após a leitura, você é capaz de responder a qual gênero pertence essa “carta”?
Como se pode observar, o texto possui todas as características de uma carta, desde a data 
(13-02-2012 - 2), o endereçamento ao interlocutor (Caro professor - 5) e a despedida no fim 
(Ana Maria Machado - 21), porém traz outras características que não pertenceriam às cartas, 
como o título (Apossar-se de um tesouro – 3); a frase que se destaca (“Precisamos fincar raízes 
em uma linha de continuidade e ter a segurança de certa permanência, fixada na cultura da 
humanidade”) e o fato de ser divulgada na Revista Carta Capital, com o título da coluna (Carta 
da Ana – 1).
As revistas têm editoriais; notícias, reportagens, ensaios, colunas entre outros gêneros.
As colunas existem em cada um dos cadernos de um jornal ou em várias partes de uma revista. 
O nome desse gênero vem do fato de que os textos estão dispostos em colunas identificadas 
por um título fixo ou pelo nome do autor. Assim, temos a coluna do Zé Simão e a coluna Carta 
fundamental, de onde se extraiu esse texto de Ana Maria Machado. Trata-se de uma maneira de 
expor pontos de vista pelos quais se responsabiliza o autor da coluna e não o jornal e sua editoria.
Há uma variedade enorme de colunas, uma vez que elas variam de acordo com o tipo de 
editoria do jornal e suas necessidades. A editoria de esportes, por exemplo, é bem diversa da de 
economia em objetivos, linguagem, tratamento dos temas e identificação do leitor.
A linguagem nas colunas pode se apresentar de forma mais coloquial, incorporando muitas 
vezes dados de outras fontes para a estrutura argumentativa que propõe; ou de maneira mais 
formal, caracterizada pelo modo como age seu autor.
No caso da Carta Capital, as colunas da Carta Fundamental (uma subdivisão da revista 
eletrônica) apresentam semanalmente autores que trazem um tema que julgam “fundamentais” 
para serem discutidos.
Tomando esses elementos como base, podemos afirmar que a carta de Ana Maria Machado 
é uma simulação de uma carta real, pois ela utiliza o espaço da revista para mandar essa carta 
que deveria ir pelo correio. Além disso, ela elegeu os professores (na figura de “caro professor”) 
para poder, nessa carta, conversar com todos que se encaixem nessa categoria. Dessa forma, 
temos o gênero coluna de atualidades e para quem se dirige o texto.
A esfera em que circula o texto é importante para sabermos a sua abrangência e importância. 
O texto de Ana Maria Machado circula na esfera jornalística que tem como uma de suas funções 
formar a opinião pública, assim ela utiliza esse espaço da coluna na esfera jornalística para 
divulgar seu ponto de vista sobre a leitura.
Na apresentação do texto, destaquei alguns elementos da biografia da autora e de sua 
atuação. Essas informações reforçam a importância dela e situam o leitor paraacatar ou pelo 
menos considerar o que ela está propondo em seu texto.
Como se trata de um texto longo, é necessário identificar partes em que se subdivide:
1) a autora inicia o texto contando sua experiência pessoal em relação à família e sua 
constituição. São os parágrafos identificados como 6, 7, 8 e 9. Aparentemente esses dados 
pessoais não se relacionam com o título nem com o tema do texto, porém a partir desses 
parágrafos ela vai tecer a segunda parte;
17
2) Nos parágrafos 11 e 12, ela revela que a nossa literatura infanto-juvenil é uma das melhores 
e que é possível relacionar tradição (Monteiro Lobato e Viriato Correa) e inovação. No 
parágrafo 12, Ana Maria Machado aponta para as inúmeras funções da literatura infanto-
juvenil (“Vivem uma experiência emocional gostosíssima, de descobertas conjuntas e 
encantos compartilhados. Ao mesmo tempo, têm a oportunidade de levantar dúvidas, 
medos, angústias e tentar aprender a conviver com as inevitáveis zonas de sombra que nos 
acompanham.”), que serão descritas e explicadas na parte 3.
3) Nos parágrafos 12 (parte final), 13, 14, 15, 16, 17 e 18, a autora indica o que seria 
esse tesouro e como se apoderar dele. Para convencer o leitor, traz a voz da ciência, 
dos pesquisadores (“Na Universidade de Cambridge, por exemplo, a professora Juliet 
Dusinberre pesquisou as leituras infantis de vários monstros sagrados das letras em língua 
inglesa no século XX e fez algumas descobertas interessantes.”). A conclusão dessa parte é 
que os grandes escritores formaram seu repertório com obras que não eram facilitadas, que 
propunham visões de mundo complexas e, ao mesmo tempo, atraentes para as crianças.
4) Nesta última parte, ela continua ressaltando o valor da literatura como formadora de 
repertório e faz uma ressalva quanto ao acesso das crianças e adolescentes a esse tipo de 
tesouro. Nessa parte fica mais claro porque ela se dirige ao professor (“Hoje, provavelmente, 
os primeiros passos por esse território serão mais firmes se acompanhados por um adulto 
que leia junto e comente – ou a partir de leituras em voz alta ou em leituras paralelas que 
se reúnam depois numa conversa sobre um episódio lido.”) e, pela esfera em que circula 
a revista, aos pais, tios, irmãos e afins – adultos que podem se responsabilizar pela busca 
a apropriação desse “tesouro”.
Para usufruirmos das múltiplas leituras que o texto propõe, podemos nos colocar algumas 
questões que ampliarão a primeira leitura.
A) Qual é o tema desse texto? 
“A literatura forma o sujeito e o cidadão, sendo um elemento humanista em nossa formação.”
B) Como é possível provar essa resposta?
Esse papel da literatura se encontra enunciado pela autora nos parágrafos identificados como 
12, 13 e 14 – trechos marcados em negrito. Nesses trechos, Ana Maria Machado ressalta o papel 
cultural da literatura como ponte entre épocas, ritmos e valores.
1. Ao mesmo tempo, mesmo já lendo, não querem perder a alegria de escutar com atenção uma 
história lida. Começam a pedir aos pais que lhes contem outras, mais compridas, sem tanta figura 
para distrair. E vejo os pais deles, meus sobrinhos, em busca do repertório que os deliciava na 
infância – histórias tradicionais populares como a de Pedro Malasartes ou João Bobo, contos 
de fadas, a obra de Monteiro Lobato ou Cazuza, de Viriato Correia. Vivem uma experiência 
emocional gostosíssima, de descobertas conjuntas e encantos compartilhados. Ao mesmo tempo, 
têm a oportunidade de levantar dúvidas, medos, angústias e tentar aprender a conviver com as 
inevitáveis zonas de sombra que nos acompanham.
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Unidade: O prazer de ler e o ler por prazer
C) Como explicar o título? Qual seria o tesouro? Como nos apossamos dele?
Novamente voltamos aos parágrafos identificados como 13 e 14, pois contém as palavras-
chave para responder a essas questões.
No 13, “paralelo à aquisição de parte de um legado cultural milenar, que constitui um tesouro 
das civilizações”. Daí o título.
No 14, “Sentir que coisas diferentes têm ritmos diferentes. Umas exigem resposta imediata, 
quase automática. Outras demandam um tempo de reflexão e entendimento -para amadurecer 
uma reação. Precisamos de ambas as experiências. Uma alimenta a outra. E nós nos nutrimos 
de todas.” Aponta para como a leitura dos clássicos permite nos apossar do passado vivendo o 
tempo presente de forma mais plena.
D) E como a autora nos convence disso?
Ela nos envolve em sua experiência pessoal e mostra como esse contato com a literatura é 
decisivo também para aqueles que são nomes consagrados na cultura. Para isso, ela se utiliza 
de outras fontes, como por exemplo, a pesquisadora da Universidade de Cambridge, centro de 
produção e difusão de conhecimentos.
Em Síntese
Como pudemos ver nessa unidade, a leitura é um processo amplo, que depende da observação de 
muitos elementos, que permite a atribuição de múltiplos sentidos e que depende tanto de aspectos 
linguísticos como extra-linguísticos.
E como bem orienta Ana Maria Machado, para formar leitores é preciso acompanhar-lhes os 
primeiros passos, fazer leituras em voz alta, propor comentários e discussões a respeito do que foi 
lido e compartilhado pelo texto. 
Esperamos com essa unidade tê-lo ajudado a dar mais um passo em sua formação de leitor!
2. Além de todos esses aspectos positivos no terreno da afetividade, evidentes por si só, observo 
como esse processo vai construindo neles um embasamento humanista para o futuro, paralelo à 
aquisição de parte de um legado cultural milenar, que constitui um tesouro das civilizações.
3. Não vivemos apenas de tecnologia de ponta e modas passageiras. Além da inserção no 
contemporâneo, precisamos também fincar raízes em uma linha de continuidade e ter a 
segurança de certa permanência, fixada na cultura da humanidade que vem sendo construída 
há milênios. Sentir que coisas diferentes têm ritmos diferentes. Umas exigem resposta 
imediata, quase automática. Outras demandam um tempo de reflexão e entendimento - para 
amadurecer uma reação. Precisamos de ambas as experiências. Uma alimenta a outra. E nós 
nos nutrimos de todas.
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Material Complementar
Para aprofundar e ampliar ainda mais seus conhecimentos sobre o processo de leitura, não 
deixe de ler o artigo disponível no link abaixo, sobre a formação do leitor crítico e reflexivo. 
“Leitura do professor, leitura do aluno: processos de formação continuada”, 
disponível em: https://bit.ly/2TvFaM6. Acesso em 10 de dezembro de 2012.
Procure fazer o percurso que fizemos com o texto da Ana Maria Machado, colocando-se 
questões para usufruir mais dessa leitura e atribuir sentidos ao texto.
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Unidade: O prazer de ler e o ler por prazer
Referências
BRANDÃO, H.H. N. Gêneros do discurso: unidade e diversidade. Disponível em 
http://www.fflch.usp.br/dlcv/lport/pdf/brand002.pdf. Acesso em 12 de maio de 2012.
FIORIN, J.L.; SAVIOLI, F.P. “Lição 20 Informações implícitas”. In: Lições de Texto: 
Leitura e Redação. 4ª ed. São Paulo: Ática, 2003.
GOLDSTEIN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R.“Capítulo 1 Linguagem, texto, 
gêneros textuais”. In: O Texto Sem Mistério: Leitura e Escrita na Universidade. 
São Paulo: Ática, 2010.
SILVA, S. da. Teoria aplicada sobre gêneros do discurso/textuais. Disponível em 
http://www.filologia.org.br/xiicnlf/textos_completos/Teoria%20aplicada%20sobre%20
g%C3%AAneros%20do%20discurso-textuais%20-%20SILVIO%20DA%20SILVA.pdf. 
Acesso em 13 de maio de 2012.
http://www.cartacapital.com.br/carta-fundamental/apossar-se-de-um-tesouro/ Acesso em 
10 de agosto de 2012.
Referências Bibliográficas (disponíveis na Biblioteca Virtual)
GUIMARÃES, E. A articulação do texto. 10. ed. São Paulo: Ática, 2007. (E-book)
GUIMARÃES, E. Texto, discurso e ensino. São Paulo: Contexto, 2009. (E-book)
KOCH, I. G. V. O texto e a construção dos sentidos. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2007. 
(E-book)
__________.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: 
Contexto, 2009. (E-book)
TERRA, E. Linguagem, língua efala. São Paulo: Scipione, 2009. (E-book)
21
Anotações
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000

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