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FARMACODINÂMICA 2023-2



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FARMACODINÂMICA 
Prof.ª Jucimara Baldissarelli 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA 
Disciplina de Farmacologia 
FARMACOLOGIA 
Ciência que estuda o mecanismo de ação, o emprego e 
os efeitos dos fármacos no organismo 
 
FARMACOTERAPIA 
• Emprego de fármacos para o tratamento de doenças. 
 Objetivos: 
• Alterar sintomas e sinais. Ex: dor e febre 
• Destruir parasitas. Ex: bactérias 
• Substituir substâncias ausentes ou presentes em 
quantidades insuficientes. 
 
Corpo 
 
 Fármaco 
 
Liberação 
Absorção 
Distribuição 
Biotransformação 
 Eliminação 
 
 
Fármaco 
 
Corpo 
 
 
Estudo dos efeitos bioquímicos 
e fisiológicos dos fármacos 
 e seus mecanismos de ação. 
FARMACOLOGIA 
 FARMACOCINÉTICA FARMACODINÂMICA 
FARMACODINÂMICA 
Por que estudar? 
• Compreender os efeitos dos fármacos 
• Compreender o mecanismo de ação 
• Entender algumas interações 
medicamentosas 
 
Ação dos fármacos: 
 
• Muitos fármacos atuam em receptores celulares: 
• Exercem ação química nas células e somente assim são eficazes. 
 
• Outros atuam por mecanismos não celulares. 
 
Como agem os fármacos 
• Osmóticos : 
- Diuréticos: Manitol 
- Laxantes: Sais de magnésio 
• Adsorventes: carvão ativado 
• Quelação: chumbo x EDTA-Ca 
• Neutralização: HCl x anti-ácido 
• Tratamento da intoxicação com ácidos com bicarbonato 
• Inativação: heparina x protamina 
Para produzir resposta farmacológica os fármacos que agem por mecanismos 
celulares devem: 
Exercer alguma influência química em um ou mais constituintes das células. 
• Pontos de ligação são frequentemente referidos como 
 “alvos farmacológicos”. 
• Associação entre uma molécula de um fármaco e seu alvo 
 
Resposta fisiológica principal foco da pesquisa 
 farmacológica. 
 
 
 
Como agem os fármacos 
Maioria! Geralmente se localizam nas 
superfícies das células. 
Como agem os fármacos 
 Local onde o fármaco interage e produz um efeito 
farmacológico. 
 
 
Geralmente apresentam múltiplos efeitos: 
 
Mecanismos de ação único exercido em diferentes sítios ou de 
múltiplos mecanismos de ação. 
 
 
• Receptor descreve as moléculas proteicas cuja função é reconhecer os sinais químicos 
endógenos e responder a eles. 
EA associados às interações fora do seu local de ação. 
Ex.: Amiodarona (arritmias cardíacas): Semelhança estrutural com HT podendo interagir com 
receptores tireoidianos nucleares. 
 
Interações fármaco-receptor – Especificidade: 
Especificidade 
 Interação com um tipo de receptor: Altamente específico. 
 Interação com vários receptores em diferentes tecidos: 
Baixa especificidade Nenhum fármaco atua com total 
especificidade! 
Porque um fármaco em determinados sítios produz efeitos 
biológicos e em outras células, tecidos ou órgãos nada acontece ? 
Alvos para ação dos fármacos 
 
 
Em geral, os fármacos alteram a velocidade 
ou a magnitude de uma resposta celular 
intrínseca, em vez de produzir reações que 
antes não ocorriam. 
Características da ação dos fármacos 
Para produzir efeito farmacológico o fármaco precisa ter duas características: 
Fármacos com alta potência exibem alta afinidade pelos receptores e, portanto, 
ocupam uma proporção significativa desses, mesmo em baixas concentrações. 
Tendência do fármaco de 
se ligar ao receptor. 
A ocupação do receptor é 
regulada pela afinidade. 
Afinidade Eficácia 
Quanto maior a capacidade de 
ativar uma molécula do receptor 
mais eficaz é o fármaco. 
Interações fármaco-receptor 
Interações fármaco-receptor 
• Agonistas plenos Máxima resposta tecidual 
 
• Agonistas parciais: Resposta submáxima mesmo quando 
 100% dos receptores estão ocupados. 
• Antagonistas: Não causam resposta 
 
Exemplo: Administração de adrenalina em pacientes com parada cardio-respiratória, para aumentar 
a frequência cardíaca. 
 
 
 
 
O nosso organismo precisa estar em homeostasia. Por esse motivo, é comum que ao administrar o 
hormônio, o SNC ache que algo está errado e tente reequilibrar (ele não sabe que está ocorrendo 
uma parada cardíaca). 
 
• Kd: Constante de dissociação 
• Expressa a razão entre o fármaco livre e o fármaco ligado 
• Mede a força da interação reversível entre um fármaco e seu 
receptor. 
 
 
• Constante de afinidade ou associação é a recíproca de Kd. 
 
 
 
Um fármaco com alta afinidade tem uma baixa Kd e liga-se a uma quantidade 
maior de receptores, em baixa concentração, quando comparado a um 
fármaco de afinidade baixa. 
Curva dose-resposta 
Relação entre concentração e efeito de fármacos 
Descreve a seletividade com 
que o fármaco produz 
efeitos desejáveis X 
indesejáveis. 
IT = DL50 
 DE50 
Concentração para que 50% da população apresente efeito letal. 
Concentração para que 50% da população apresente a resposta desejada; 
Relação entre concentração e efeito de fármacos 
• A resposta biológica à ação do fármaco é frequentemente representada na forma 
de uma curva concentração × efeito (in vitro) ou dose × resposta (in vivo). 
 
• Estimar a resposta máxima do fármaco (Emáx) 
 e a dose necessária para produzir 50% da 
 resposta máxima (CE50 ou DE50). 
 
 
 
 Comparação de fármacos diferentes que produzem efeitos qualitativamente 
 similares. 
Utilizado para curvas quânticas, dose em que 
50% dos indivíduos respondem ao fármaco. 
Quando é possível descrever a 
eficácia relativa dos fármacos em 
determinado receptor, o 
composto com eficácia intrínseca 
baixa é um agonista parcial. 
Relação concentração e efeito de 
fármacos – Quantificação do agonismo 
Qual a diferença entre 
os agonistas X e Y? 
Tipos de Antagonismo 
Possui afinidade mas sem 
eficácia intrínseca. 
• Agonistas e antagonistas competitivos ligam-se e desligam-se continuamente. 
• Kd da molécula antagonista é elevada. 
• Reversível: Ao ocupar uma proporção dos receptores livres, o agonista reduz a taxa de 
associação das moléculas de antagonista. 
 
Antagonismo competitivo: 
Tipos de Antagonismo 
Quando a concentração do agonista 
não é capaz de superar o efeito 
bloqueador. 
• Antagonismo não competitivo: quando o antagonista se liga ao receptor na 
mesma posição do agonista, mas se dissocia muito lentamente, ou praticamente 
não se dissocia. 
 
 
 
Aspirina e omeprazol. 
Tipos de Antagonismo 
A afinidade do receptor por seu 
agonista é reduzida pelo 
antagonista alostérico. 
O fármaco que se liga a um sítio 
alostérico também pode 
potencializar os efeitos dos 
agonistas primários: agonista ou 
coagonista alostérico. 
ADITIVIDADE X SINERGISMO 
Combinação de fármacos: 
Dois ou mais fármacos são 
necessários para tratar vários 
distúrbios. 
≠ Mecanismo de ação: Efeitos 
sinérgicos aditivos e positivos; 
 
 
Não se pode supor que os 
efeitos sejam iguais aos obtidos 
isoladamente! 
TIPOS DE TOXICIDADE DOS FÁRMACOS 
• EFEITOS ADVERSOS COLATERAIS: 
São incômodos mas não 
prejudiciais. 
 
• EFEITOS ADVERSOS TÓXICOS: 
Acima da dose terapêutica. 
EFEITOS DOS FÁRMACOS 
REAÇÕES DOSE-DEPENDENTES: 
Farmacológicas: A progressão dos efeitos ocorre de forma esperada com 
aumento da dose. Também pode ocorrer com a duração da exposição a doses 
terapêuticas; 
Toxicidade patológica: Doses acima do que o organismo consegue 
metabolizar. Ex.: Paracetamol. 
Efeitos genotóxicos: Radiações ionizantes e várias substâncias químicas são 
causadoras de dano ao DNA e podem levar a mutagênese e carcinogênese. Ex: 
quimioterápicos 
EFEITOS DOS FÁRMACOS 
REAÇÕES ALÉRGICAS 
• Mediadas pelo sistema imune, resultam das sensibilização prévia a determinada 
substancia ou outra estruturalmente similar; 
 
REAÇÕES IDIOSSINCRÁSICAS 
Idiossincrasia: Reatividade anormal a um fármaco peculiar a um indivíduo: 
Sensibilidade extrema a doses baixas ou insensibilidade extrema a doses altas. 
 Em geral: por diferenças genéticasno metabolismo do fármaco ou mecanismos 
imunológicos; 
 
INTERAÇÕES FÁRMACO-FÁRMACO 
 
VANTAGENS DAS INTERAÇÕES 
MEDICAMENTOSAS 
SINERGISMO 
• AUMENTO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA (sulfametoxazol+trimetoprim) 
• REDUÇÃO DE EFEITOS TÓXICOS (sulfas) 
• MAIOR DURAÇÃO DE EFEITO (insulina NPH) 
• COMBINAÇÃO DE LATÊNCIA CURTA COM DURAÇÃO MAIOR DE EFEITO (penicilina G 
procaína e cristalina) 
• IMPEDIMENTO OU RETARDO DE APARECIMENTO DE RESISTÊNCIA BACTERIANA 
(esquema tríplice da tuberculose) 
• IMPEDIMENTO OU RETARDO DE EMERGÊNCIA DE CÉLULAS MALIGNAS (antineoplásicos) 
• AUMENTO DE ADESÃO AO TRATAMENTO (rifampicina na tuberculose) 
VANTAGENS DAS INTERAÇÕES 
MEDICAMENTOSAS 
ANTAGONISMO 
 
• ANULAR EFEITO INDESEJÁVEL (tiazídico+ espironolactona) 
 
• INATIVAR COMPOSTO CAUSADOR DE INTOXICAÇÃO (carvão ativado) 
DESVANTAGENS DAS INTERAÇÕES 
MEDICAMENTOSAS 
 
• SOMAÇÃO DE EFEITOS INDESEJADOS 
 (aminoglicosídeos+ cloranfenicol) 
• ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS FIXAS: dificuldade de identificar o 
causador do efeito. 
• USO PARA CONTRABALANÇAR FALTA DE DIAGNÓSTICO ACURADO 
Como agem os fármacos 
Tipos de receptores 
 Os receptores originam muitos tipos diferentes de efeitos celulares: 
 
• Muito rápidos: como os envolvidos na transmissão sináptica, operando dentro de 
milissegundos; 
 
• Segundos: As catecolaminas, enquanto muitos peptídeos levam mais tempo para 
produzir seus efeitos. 
 
• Horas a dias: como os produzidos pelo hormônio da tireoide ou por vários 
hormônios esteroides; 
 
Classificação dos receptores 
Canais iônicos: Portões presentes nas membranas, que permitem a 
passagem de determinados íons, e que são induzidos a se abrir ou se fechar 
por uma variedade de mecanismos. 
Canais iônicos 
Os fármacos podem alterar a função dos canais iônicos de várias maneiras: 
 
1. Através da ligação à própria proteína do canal, quer no local de ligação do ligante, quer 
em outros locais, bloqueando a permeabilidade aos íons. Ex.: anestésicos locais. 
 
2. Através de ação indireta que envolve 
 a proteína G e outros intermediários. 
 
3. Através da alteração do nível de expressão 
 dos canais iônicos na superfície celular. 
 
Canais iônicos controlados por ligantes: Tipicamente são os receptores nos quais os 
neurotransmissores rápidos agem. Ex.: impulsos executados pela acetilcolina nos receptores 
nicotínicos. 
• Responsável pela maioria da transmissão sináptica no SNC e periférico. 
 
 
Abre apenas quando uma ou mais 
moléculas agonistas são ligadas, e são 
classificados como receptores, já que 
é necessária a ligação de um agonista 
para que sejam ativados. 
Canais iônicos 
Canais iônicos 
• Canais controlados por voltagem: Regulados não por ligação de um agonista, mas sim 
por alterações no potencial transmembrana. 
• Ex: Nos neurônios da dor, os canais de Na+ são alvos dos anestésicos locais que bloqueiam o poro, 
inibem a despolarização e suprimem a sensibilidade à dor. 
 
Antagonistas dos canais de Ca+ são 
vasodilatadores eficazes para tratar 
hipertensão, angina e arritmias. 
 
Receptores transmembrana acoplados a sistemas efetores 
intracelulares principalmente por uma proteína G. 
Constituem a maior família e incluem receptores para vários 
hormônios e transmissores lentos. 
 
 
Receptores acoplados à proteína G 
 O receptor pode se ligar a diversos 
tipos de ligantes. 
 
 Pode se ligar, desligar e se ligar a outra 
vez. 
Ex.: Adrenérgicos, muscarínicos de 
acetilcolina. 
Segundo mensageiro!! 
 
Receptores de tirosina – cinases 
Apresentam um domínio extracelular conectado a um domínio intracelular por 
uma hélice única transmembrana. 
Em muitos casos, o domínio intracelular tem natureza enzimática. 
Diferentes em estrutura e função: 
Sofrem dimerização ou são encontrados 
como dímeros para que possam exercer 
sua função. 
 
Ex.: insulina, fatores de crescimento, 
citocinas 
 
Exemplo de quando um fator de crescimento se liga a proteína quinase. 
Receptores nucleares 
Regulam a transcrição gênica e também reconhecem muitas moléculas estranhas, 
induzindo a expressão de enzimas que os metabolizam. 
 
Diferente dos outros não estão inseridos na membrana: 
 
• Pequena parcela de receptores mas alvo 
 importante de fármacos; 
 
 
• Fármacos que agem nesses receptores vão ter respostas que levam de horas a dias, 
porque os eventos que desencadeiam os efeitos são demorados e complexos. 
Enzimas 
 
• A molécula do fármaco pode ser um substrato análogo que 
 age como um inibidor competitivo da enzima. 
 Ex., AAS agindo na ciclo-oxigenase 
 
 
• Podem agir como falsos substratos: 
 
A molécula do fármaco sofre transformações químicas, dando origem a um produto anômalo. 
 
• Ex.: antineoplásico fluoruracila substitui a uracila como intermediário na biossíntese das purinas, 
mas não pode ser convertido em timidilato, bloqueando, assim, a síntese do DNA e impedindo a 
divisão celular. 
 
Enzimas 
 
 
• Os fármacos podem exigir degradação enzimática 
para convertê-los, da forma inativa, pró-fármaco, 
para a forma ativa. 
• Ex.: enalapril é convertido em enalaprilat. 
 
 
 
• A toxicidade do fármaco frequentemente resulta da 
conversão enzimática da molécula do fármaco para 
um metabólito reativo.