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Escrita Criativa A análise da Escrita Criativa como parte do processo de criação poética Prof. Dr. Lucas Toledo de Andrade • Unidade de Ensino: 03 • Competência da Unidade: Analisar aspectos relacionados à Escrita Criativa, estabelecendo reflexão, investigação e análise crítica sobre esses aspectos, de modo a construir o repertório analítico para a orientação de práticas criativas de escrita em contextos múltiplos. • Resumo: A aula tratará de aspectos da Escrita Criativa, considerando conceitos como a criação, a crítica, a expressão, a estesia, a reflexão e a fruição. • Palavras-chave: Escrita Criativa; Criação poética; Aspectos da Escrita Criativa. • Título da Teleaula: A análise da Escrita Criativa como parte do processo de criação poética • Teleaula nº: 03 Contextualização • O que você entende por originalidade no processo de escrita? • Você acha que a leitura afeta o processo de escrita? • O que você entende por intuição no processo criativo da escrita? • O que você entende por estesia e cognição? Contextualização Seria possível imaginar nossas vidas sem a escrita? Todos dias, estamos cercados de situações que envolvem a prática da escrita. Levando isso em consideração, trataremos nesta aula da escrita criativa como ferramenta na construção do saber poético, a partir da subjetividade. Assim, você terá a oportunidade de refletir sobre a maneira como a escrita criativa pode resgatar o saber poético e literário, bem como de que forma isso pode se configurar na sua prática profissional. A criação poética Criação poética A Escrita Criativa, a partir de definições literárias, tem uma preocupação estética, pois é vista como uma demonstração da arte, logo uma criação poética. Disponível em: https://bit.ly/3rt7ZIE 1 2 3 4 5 6 Função poética Valorização do texto em sua elaboração. O uso de figuras de linguagem e da organização das palavras para gerar efeitos estéticos. Disponível em: https://bit.ly/3rt7ZIE Criação como (re)criação A invenção nem sempre relaciona-se ao criar o novo, pois o “original”, de fato, não existe. A criação pode ser vista como um modo de recontar o cotidiano, recontar fatos da vida de forma diferenciada, por um olhar diferente, por meio de uma recriação. Disponível em: https://bit.ly/3fCg5cp Criação como (re)criação Caso Capistrano “Casa de pensão” Mimesis • Platão: imitação dos fenômenos captados pelos sentidos (cópia da cópia). • Aristóteles: possibilidade de recriar as coisas, segundo uma nova dimensão. Disponível em: https://bit.ly/3A9MPDk Mimesis “Imitar é natural ao homem desde a infância – e nisso difere dos outros animais, em ser o mais capaz de imitar e de adquirir os primeiros conhecimentos por imitação – e todos têm o prazer em imitar.” (ARISTOTÉLES, 2014, p. 24) Intuição Segundo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a intuição é faculdade ou ato de perceber, discernir ou pressentir coisas, independentemente de raciocínio ou de análise. 7 8 9 10 11 12 Na escrita poética, a intuição é importante, pois ela faz parte da mobilização de emoções para a construção dos sentidos do texto. Disponível em: https://bit.ly/33teinu O distanciamento da escrita como parte do processo criativo e intuitivo “Meu subconsciente, inteirado da minha necessidade, continua a trabalhar. Dou a ele estímulos o tempo suficiente para colaborar com meu consciente. Na prática, como diz Timbal Duclaux -, devemos estar atentos às pequenas lufadas de inspiração que atravessam nossa cabeça e anotá-las rapidamente [...].” (DI NIZO, 2008, p. 57). Relações entre leitura/escrita; escrita/leitura Leio para ser escritor Escrevo para um leitor Disponível em: https://bit.ly/3AfpMqF Disponível em: https://bit.ly/3AfpMqF Leitura e processo criativo de escrita “As melhores ideias não nascem do nada. [...] Elas precisam de um campo fértil para germinar. Isso requer uma mente aberta, disposta a enfrentar, com criatividade e discernimento, o ambiente desafiador em constante mutação. Significa manter-se receptivo às ideias divergentes, aos pensadores de todos os tempos. De fato, o que importa é ler muito, adquirindo riqueza de conhecimento.” (DI NIZO, 2008, p. 57). Leitura e processo criativo de escrita A leitura: • amplia a capacidade associativa, • aprimora a memória, • aumenta o vocabulário, • funciona como um catálogo de conhecimentos, • estimula o raciocínio crítico e a criatividade. Disponível em: https://bit.ly/3AfpMqF 13 14 15 16 17 18 Ao escrever, devo pensar no leitor “Nosso compromisso é um só: escrever de maneira que o leitor consiga compreender. [...] Pode parecer brincadeira, mas, ainda, que opte ser obscuro com seu texto, faça-o com a devida clareza.” (MARCHIONI, 2018, p. 115 - 118) Quais sentimentos a leitura de determinado texto desperta em você?” Disponível em: https://bit.ly/3FZhjJG “Aprendizagem do sentir” Mimesis aristotélica: 1. Viver sobre “dupla via”. 2. Ensaio para a experiência da vida. 3. Aprendizado por meio do contato subjetivo e afetivo com a arte. “A aprendizagem da vida supõe mais do que a habilidade técnica e a competência conceitual” (LIMA, 2000, p. 33). Escrita criativa como forma de promover a aprendizagem do sentir Disponível em: https://bit.ly/3H4hBjD Quais sentimentos você pretende despertar em seu leitor? Disponível em: https://bit.ly/3KItQ7N Estesia Ao escrever um texto, especialmente, literário é importante pensar nas sensações que se pretende transmitir ao leitor, mesmo sabendo que o “sentir” é algo subjetivo e depende de muitos fatores. O texto literário tem recursos que provocam o cognitivo e o sinestésico. Essa provocação pode ser chamada de estesia. 19 20 21 22 23 24 De acordo com as discussões realizadas, em quais aspectos a leitura pode contribuir durante o processo criativo da escrita? Disponível em: https://bit.ly/34W6BXx Escrita Criativa e Cognição Cognição 1. Relação com a criatividade. Disponível em: https://bit.ly/3AxloDG [...] somos criativos, sem exceção. Para ser criativo tem que habituar-se a avançar desde a penumbra até a luz, como a aurora; tem que começar a pensar outras realidades, sentir outras emoções e atuar de forma diferente. (BÉLLON, 2012, p. 249). • Desafie-se a criar um mundo desconhecido. • Desafie-se a criar palavras que não existem nos idiomas que você domina. • Desafie-se a criar personagens que os leitores amarão ou odiarão. • Desafie-se a pensar um final surpreendente. Cognição 2. Aspectos imagéticos e sensoriais. A leitura de um texto deve despertar no leitor aspectos imagéticos e sensoriais. Deve convidá-lo a buscar sentidos palpáveis para além das palavras e letras na folha. Disponível em: https://bit.ly/3G6y1GN “Na mesma época, um homem, tão ou mais enfadonho que eu, Pierre Reverdy, escrevia: A imagem é uma criação pura do espírito. Ela não pode nascer da comparação, mas da aproximação de duas realidade mais ou menos remotas. Quanto mais longínquas e justas forem as afinidades de duas realidades próximas, tanto mais forte será a imagem - mais poder emotivo e realidade poética ela possuirá... etc.” (BRETON, 1992) 25 26 27 28 29 30 (Disponível em:https://bit.ly/3RPrIiD. Acesso em: 11 de fev. de 2023) (Disponível em: https://bit.ly/3IexgQv. Acesso em: 11 de fev. de 2023) Pensar a cognição no contexto literário é buscar trazer para a discussão elementos artísticos que podem nos ajudar a estabelecer inferências acerca das questões artísticas e literárias das obras a serem trabalhadas em sala de aula. Ainda de acordo com os autores, a cognição demanda diferentes realidades para que estas sejam devidamente articuladas, construindo, assim, uma visão de mundo oportunizada pelo contexto de vida em que estamos inseridos. O BICHO Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. (BANDEIRA, Manuel. Poesias completas. 4. ed.Rio de Janeiro: José Olympio, 1986) Cognição 3. Inferências e conexões com a realidade do leitor. Disponível em: https://bit.ly/3AxloDG Os sentidos do texto serão construídos a partir da semiotização de questões reais para o universo do texto literário e vice-versa. PÉ DE PATO Bruno matou a mãe matou o pai os irmãos os avós os vizinhos; Matou todo mundo de saudade quando foi pra faculdade. (VAZ, Sérgio. Colecionador de pedras. São Paulo: Global, 2021) 31 32 33 34 35 36 Processo criativo de escrita e contexto de produção: a EC na escola Processo de escrita criativa Ao longo da prática de Escrita Criativa em ambientes escolares, por exemplo, é fundamental situar o contexto de produção do texto. É importante não pensar a escrita como um emaranhado de palavras e frases isoladas desligadas de um todo; de um público- alvo e de um sistema de comunicação. Disponível em: https://bit.ly/3nVcESz Gêneros textuais e escrita criativa Para Marcuschi (2005), os gêneros textuais são entidades socioeducativas e formas de ação social. Os gêneros, para ele, são produtos de relações sociais, não sendo ainda coercitivos, sendo compatíveis ao trabalho com a criatividade. Gêneros textuais e escrita criativa O trabalho com os gêneros textuais facilita a noção da escrita criativa ligada a um contexto de produção e a uma situação social específica. Exemplo de comandos: “escreva uma carta”; “faça um convite”; “convença um comprador”. Disponível em: https://bit.ly/35oHNrn Escrita Criativa em sala de aula "O pensamento criativo é o voo livre em direção ao imaginário. Assim, você capta sensações, pensa por imagens e escreve intuitivamente, de um jeito aparentemente caótico. Depois desse devaneio, uma vez colocadas as ideias no papel ou na tela, há o retorno às leis da lógica. O pensamento racional – sequencial e linear –, por sua vez, ordena o caos, confere começo, meio e fim, garantindo que todo efeito produza uma causa.” (DI NIZO, 2019) Escrita Criativa em sala de aula "O ensino de escrita nas escolas é praticado atualmente como um produto, ou seja, o aluno é solicitado a produzir um determinado texto sem que se observem as estratégias metacognitivas presentes na articulação entre o produtor e o texto. Resumindo, o aluno produz o texto de forma mecânica, sem conhecer e participar da construção deste. Essa falta de envolvimento faz com que a atividade se torne desestimulante, porque não há significado para ele.” (TAUFER et al, 2020) 37 38 39 40 41 42 Escrita Criativa e metacognição “As estratégias metacognitivas implicam que a pessoa que escreve não apenas tem a consciência das etapas do processo de produção de um texto como, também, detenha o controle ou a autorregulação de todo o processo. Quando se fala de controle, está se referindo à ação dirigida a metas, ou seja, ‘o sujeito que aprende é o responsável pela seleção das estratégias a serem utilizadas para que o objetivo proposto se realize’ (Portilho, 2011, p. 113).” (TAUFER et al, 2020) Escrita Criativa e metacognição “O autocontrole, segundo a mesma autora, é “o uso das estratégias que a pessoa utiliza com o propósito de otimizar sua aprendizagem”. Ante essa perspectiva, a pessoa que escreve legitima sua autoria, conduzindo ela própria sua aprendizagem. Mas caberá a um importante ator social instigá-la para tanto: o professor.“(TAUFER et al, 2020) De acordo com as discussões realizadas, é importante para o escritor saber as características e os interesses do seu público- alvo ? Por quê? Disponível em: https://bit.ly/33m1P4Y Vamos revisar? Noções de criação poética: mimesis. Escrita Criativa e intuição. Relações entre leitura/escrita; escrita/leitura. Escrita Criativa e estética. Escrita Criativa e cognição. Processo criativo de escrita e contexto de produção. Revisão REFERÊNCIAS ARISTÓTELES. A poética clássica. Aristóteles, Horácio, Longino. São Paulo: Cultrix, 1997. BANDEIRA, Manuel. Poesias completas. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. BÉLLON, Francisco Menchén. Atrévete a ser creativo: passos para ser creativos. In: Revista Iberoamericana sobre Calidad, Eficacia e Cambio em Educación. Vol. 10. Número 02. 2012. BRETON, André. Manifesto do surrealismo. In: TELLES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro: apresentação dos principais poemas, manifestos, prefácios e conferências vanguardistas, de 1857 a 1972. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 174 – 208 DI NIZO, Renata. Escrita criativa: o prazer da linguagem. São Paulo: Summus Editorial, 2008. DI NIZO, Renata. Soltando as amarras: ferramentas de Escrita Criativa. São Paulo: Summus Editorial, 2019. LIMA, Luiz Costa. Mímesis e verossimilhança. In:_______. Mímesis: desafio ao pensamento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, p. 31 – 69. 43 44 45 46 47 48 REFERÊNCIAS MARCHIONI, Rubens. Escrita criativa: da ideia ao texto. São Paulo: Editora Contexto, 2018. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, Ângela Paiva; MACHADO, Ana Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora. Gêneros Textuais & Ensino. 4. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005, p. 19-36. PLATÃO. A República. Introdução, tradução e notas de Maria Helena da Rocha. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1981. TAUFER, Adauto Locatelli et al. Escrita criativa e ensino II: diferentes perspectivas teórico-metodológicas e seus impactos na educação literária. Jundiaí: Paco Editorial, 2020. VAZ, Sérgio. Colecionador de pedras. São Paulo: Global, 2021 49
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