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Quinolonas, Nitrofurantoína e Sulfas Prof. Dr. Marcos Brandão Contó Agentes antibacterianos que interferem na síntese ou na ação do ácido fólico Sulfonamidas Foram os primeiros agentes quimioterápicos eficazes a serem utilizados por via sistêmica Descoberta de grande importância para a medicina e para a saúde Hoje desempenham um papel relativamente secundário na terapêutica Para a profilaxia e a cura de infecções bacterianas dos seres humanos Gerou, rapidamente um acentuado declínio de morbidade e mortalidade das doenças infecciosas tratáveis O advento da penicilina e, posteriormente, de outros antibióticos, diminuiu a utilidade das sulfonamidas... De modo que... O agente era o prontosil, um corante que demonstrou ser um pró-fármaco inativo que era metabolizado in vivo num produto ativo, a sulfanilamida Porém, a introdução da combinação de trimetoprima e sulfametoxazol na década de 1970 aumentou seu uso na profilaxia e no tratamento de infecções microbianas Nos anos 1930, numa descoberta histórica, antes da invenção da penicilina, Dogmak demonstrou que era possível um fármaco suprimir a infecção bacteriana Desde então, muitas sulfonamidas foram desenvolvidas, mas sua importância foi diminuindo 1) Crescente resistência bacteriana; 2) Efeitos adversos; 3) Substituição por outros agentes antibacterianos. O termo sulfonamida é utilizado para se referir aos derivados da para-aminobenzeno-sulfonamida (sulfonamida) A maioria é relativamente insolúvel em água Todos os pré-requisitos mínimos para a ação antibacteriana estão reunidos na própria sulfonamida Seus sais sódicos são bem solúveis Mas... Sulfonamida Efeitos antimicrobianos Exibem uma ampla faixa de atividade antimicrobiana contra bactérias gram- positivas e gram-negativas Porém, as cepas resistentes tornaram-se comuns, fazendo com que sua utilidade tenha declinado proporcionalmente Em geral, as sulfonamidas são bacteriostáticas Os mecanismos de defesa celular e humoral do hospedeiro são essenciais para a erradicação final da infecção Assim... Espectro antimicrobiano A resistência às sulfonamidas é um problema crescente Os microrganismos que podem ser sensíveis às sulfonamidas in vitro são: - Streptococcus pyogenes (faringites agudas, escarlatina, infecções cutâneas); - Streptococcus pneumoniae (pneumonia e meningite em adultos); - Haemophilus influenzae ( pneumonia, inflamação na epiglote, dor de ouvido, infecção generalizada na corrente sanguínea, inflamação do pericárdio, inflamação das articulações e sinusite); - Haemophilus ducreyi (cancro mole); - Nocardia (infecções pulmonares e generalizadas, infecções cutâneas); - Actinomyces (actinomicose); - Calymmato-bacterium granulomatis (acomete, preferencialmente, pele e mucosas das regiões genitais, perianais e inguinais); - Chlamydia trachomatis (Clamídia). Os microrganismos que podem ser sensíveis às sulfonamidas in vitro são: Espectro antimicrobiano Mecanismo de Ação A sulfonamida é um análogo do ácido p- aminobenzoico (PABA), que é um precursor essencial na síntese do ácido fólico, necessário para a síntese de DNA e RNA nas bactérias As sulfonamidas são inibidores competitivos da enzima diidropteroato sintetase, e os efeitos da sulfonamida podem ser sobrepostos acrescentando PABA suplementar PABA Sulfonamida Tetraidrofolato é um metabólito precursor da síntese de DNA e RNA, afetando, portanto, também a síntese de proteínas As células dos mamíferos usam ácido fólico pré-formado Não são sensíveis a estes fármacos Portanto... Os microrganismos sensíveis são aqueles que precisam sintetizar seu próprio ácido fólico As bactérias capazes de utilizar o folato pré-formado não são afetadas Sinergismo das sulfonamidas Sulfonamidas + Trimetoprima Efeito sinergístico (demonstrado in vivo e in vitro) Inibidor competitivo, potente e seletivo da enzima diidrofolatoredutase microbiana Pois causa bloqueios sequenciais da via de síntese de tetraidrofolato dos microrganismos Por quê? Resistência bacteriana adquirida às sulfonamidas Provavelmente se desenvolveu por mutação e seleção aleatória, ou por transferência de resistência por meio de plasmídeos Geralmente não envolve resistência cruzada de outras classes de antimicrobianos Transferência de plasmídeo A resistência às sulfonamidas envolve: - Menor afinidade da di-hidropteroato sintetase pelas sulfonamidas; - Diminuição da permeabilidade bacteriana ou do efluxo ativo do fármaco; - Via metabólica alternativa para a síntese de um metabólito essencial; - Produção aumentada de um metabólito essencial Por exemplo, alguns estafilococos resistentes sintetizam uma quantidade de PABA 70 x maior que as cepas sensíveis Isso gera uma “competição desigual” com as sulfonamidas, em favor do PABA Farmacocinética - São rapidamente absorvidas no trato gastrintestinal (com exceção daqueles desenvolvidos para agir no intestino); - Níveis plasmáticos máximos alcançados em 2-6 h, dependendo do fármaco; - Intestino delgado é o principal local de absorção (embora o estômago também absorva); - A absorção em outros locais (vagina, trato respiratório ou pele esfoliada é variável e imprevisível), mas pode haver absorção sistêmica e causar toxicidade em indivíduos sensíveis; - Se distribuem por todos os tecidos do corpo, penetrando facilmente nos líquidos pleural, peritoneal, sinovial, ocular e outros líquidos corporais semelhantes; - Depois de administração sistêmica, atingem líquido cerebrospinal, mas são raramente usados contra meningite, por causa dos microrganismos resistentes; - São eliminadas do organismo em parte na forma inalterada e, em parte, como metabólitos; - A maior fração é excretada pelos rins, de modo que suas meias-vidas são dependentes da função renal. Farmacocinética Propriedades farmacológicas das sulfonamidas específicas Podem ser classificadas em 4 grupos, de acordo com a velocidade de absorção e excreção: - Fármacos absorvidos e excretados rapidamente, como o sulfisoxazol e sulfadiazina; - Fármacos pouco absorvidos por via oral, sendo ativos no lúmen intestinal, como a sulfassalazina; - Fármacos utilizados principalmente por aplicação tópica, como a sulfacetamida, mafenida e sulfadiazina de prata; - Fármacos de ação prolongada, como a sulfadoxina, que são absorvidas rapidamente, mas excretadas lentamente. Sulfonamidas absorvidas e eliminadas rapidamente Rapidamente absorvida e excretada, tem excelente atividade antibacteriana Com sua elevada solubilidade, elimina-se grande parte da toxicidade renal produzida pelas sulfonamidas mais antigas Por esta razão, o sulfisoxazol substituiu as sulfonamidas mais antigas Assim, embora raramente cause problemas como hematúria e cristalúria, deve-se ingerir quantidades adequadas de água Sulfisoxazol - Liga-se extensivamente às proteínas plasmáticas; - Os rins excretam 95% de uma dose em 24 h; - As concentrações urinárias do fármaco ultrapassam as do sangue e podem ser bactericidas; - A concentração no líquido cerebroespinal é, em média, cerca de um terço do nível sanguíneo; - Em torno de 30% do sulfisoxazol encontra-se na forma acetilada na urina; - O acetilsulfixazol é insípido e, portanto, é preferível para uso oral em crianças; - Menos de 0,1% dos pacientes tratados com sulfixazol tem reações tóxicas graves; Sulfisoxazol - Pela sua maior solubilidade na urina, raramente causa hematúria ou cristalúria (0,2 – 0,3%); - Ainda assim, devem ser usados com cautela em pacientes com disfunção renal (assim como para as demais sulfonamidas); - E como as demais sulfonamidas, pode produzir hipersensibilidade, algumas potencialmente fatais; Sulfisoxazol - Congênere próximo do sulfisoxazol; - Porém, suas taxas de absorção entérica e excreção urinária são mais lentas; - Utilizado para tratar infecções urinárias e sistêmicas; - Cuidado é necessário para evitar a ocorrência de cristalúria,devido à elevada percentagem da forma acetilada relativamente insolúvel do fármaco na urina; - As indicações são as mesmas do sulfisoxazol. Sulfametoxazol Cristais de sulfonamida - Administrada por via oral, é rapidamente absorvida pelo trato gastrintestinal; - TMAX: 3-6 h; - É rapidamente excretada pelo rim, tanto na forma livre quanto na acetilada; Sulfadiazina - De 15-40% da sulfadiazina excretada encontra-se na forma acetilada; - A administração de álcalis acelera a depuração renal de ambas as formas, pois diminui ainda mais sua reabsorção tubular; - Deve-se ingerir líquidos para se obter um débito urinário de pelo menos 1.200 mL nos adultos e volumes correspondentes em crianças; - Caso isso não seja possível, administra-se bicarbonato de sódio para reduzir o risco de cristalúria. Sulfonamidas pouco absorvidas Sulfassalazina - A sulfapiridina é a principal responsável pelos efeitos tóxicos contra as bactérias, e a 5-ASA é o composto eficaz nas doenças intestinais inflamatórias; - Pouco absorvida no trato gastrintestinal, e utilizada no tratamento de colite ulcerativa e Doença de Crohn; - É degradada pelas bactérias intestinais a sulfapiridina e 5- aminosalicilato (5-ASA) que atinge altos níveis nas fezes; Bacteriostático Anti- inflamatório - Ocorrem náuseas, febre, artralgias e erupções cutâneas em até 20% dos pacientes; - Pode causar infertilidade reversível em homens (contagem e morfologia dos espermatozoides). Sulfassalazina Sulfonamidas para uso tópico Sulfacetamida - Sua hidrossolubilidade é 90 x maior que da sulfadiazina; - As soluções de sal sódico do fármaco são amplamente empregadas no tratamento de infecções oftalmológicas; - O fármaco penetra nos líquidos e nos tecidos oculares em alta concentração; - As reações de sensibilidade à sulfacetamina são raras, mas não deve ser utilizada em pacientes que sabidamente apresentam hipersensibilidade às sulfonamidas. Sulfadiazina de prata - A prata é liberada lentamente da preparação (o fármaco é um complexo de dissociação lenta da Ag+). É liberada em concentrações seletivamente tóxicas para os microrganismos (efeito bactericida); - Porém, as bactérias podem desenvolver resistência à sulfadiazina de prata; - Reações adversas, como ardência, erupção e prurido são pouco frequentes; - É considerada o fármaco preferido para a profilaxia das infecções das queimaduras. - Inibe o crescimento in vitro de quase todas as bactérias (gram-positivas e negativas) e fungos patogênicos, incluindo algumas espécies resistentes às sulfonamidas; - É utilizado topicamente para reduzir a colonização microbiana e incidência de infecções das feridas decorrentes de queimaduras; Mafenida - Comercializada na forma de acetato de mafenida; - Quando aplicada topicamente, evita com eficácia a colonização de queimaduras por grande variedade de bactérias gram-negativas e gram-positivas; - Não deve ser utilizada no tratamento de infecção profundamente estabelecida; - Há absorção do fármaco pela superfície queimada; - Os efeitos adversos consistem em dor intensa nos locais de aplicação, reações alérgicas. Sulfonamidas de ação longa - Meia-vida longa (7 – 9 dias); - É utilizado em combinação com a pirimetamina para a profilaxia e tratamento da malária causada por cepas Plasmodium falciparum (protozoário da malária) resistentes à mefloquina; - Porém, em função das reações graves e ocasionalmente fatais (inclusive Stevens- Johnson) e do surgimento de cepas resistentes, este fármaco tem pouca utilidade no tratamento da malária. Sulfadoxina Inibidor da enzima Tratamento com sulfonamidas Não obstante a resistência bacteriana tenha feito as sulfonamidas deixarem de ser fármacos de primeira escolha para uma série de distúrbios... A combinação trimetoprima e sulfametoxazol é muito utilizada Infecções do trato urinário Uma percentagem significativa de infecções do trato urinário em muitas partes do mundo é provocada por microrganismos resistentes às sulfonamidas Sulfisoxazol pode ser utilizado em áreas onde a prevalência da resistência não é elevada, ou quando o microorganismo é reconhecidamente sensível Os agentes preferidos são trimetoprima + sulfametazol, uma quinolona, trimetoprima, fosfomicina ou ampicilina Por esta razão... Nocardiose As sulfonamidas são valiosas no tratamento de infecções causadas por espécies Nocardia Pode ser associada a um segundo antibiótico para os casos mais avançados (ampicilina, eritromicina ou estreptomicina) A trimetoprima-sulfametoxazol também tem sido eficaz, e alguns especialistas consideram o fármaco de escolha. Toxoplasmose - A combinação pirimetamina e sulfadiazina é o tratamento de escolha para a toxoplasmose; - Os pacientes devem ingerir pelo menos 2 L de água por dia para evitar a ocorrência de cristalúria durante o tratamento. Pirimetamina Uso profilático das sulfonamidas As sulfonamidas são tão eficazes quanto a penicilina oral para a profilaxia das infecções estreptocócicas e das recidivas de febre reumática nos indivíduos susceptíveis Porém, são menos desejáveis que a penicilina, devido à sua toxicidade e à possibilidade de infecção de estreptococos resistentes às sulfonamidas Reações adversas às sulfonamidas Os efeitos adversos são numerosos e sua incidência global é de ±5% - Distúrbios do trato urinário; - Distúrbios do sistema hematopoiético; - Reações de hipersensibilidade; - Reações gastrintestinais. Distúrbios do trato urinário A cristalúria era comum com fármacos mais antigos desta classe Ainda assim, é importante que o paciente se mantenha bem hidratado (pelo menos 1,2 L de água, em adultos) Sulfisoxazol Porém, a incidência é muito baixa com fármacos mais solúveis, como o sulfisoxazol Cristais de sulfonamida Distúrbios do sistema hematopoiético Anemia hemolítica aguda - Pode ser decorrente de um fenômeno de sensibilização ou uma deficiência da glicose-6-fosfato desidrogenase dos eritrócitos - É rara depois de tratamento com sulfadiazina (0,05%), mas com sulfisoxazol, sua frequência é desconhecida Agranulocitose: ocorre em cerca de 0,1% dos pacientes tratados com sulfadiazina, e pode ocorrer também com uso de outras sulfonamidas Embora possa demorar semanas ou meses para a normalização após interrupção, a maioria recupera espontaneamente com medidas de suporte Distúrbios do sistema hematopoiético Anemia aplástica: Supressão da atividade da medula óssea com anemia, granulocitopenia e trombocitopenia graves é extremamente raro A supressão reversível é comum em pacientes com reserva medular limitada (pacientes com Aids ou que fazem quimioterapia mielossupressora) Reações de hipersensibilidade - Reações cutaneomucosas ocorrem com mais frequência depois da primeira semana de tratamento Mas, podem ocorrer mais cedo, em indivíduos pré-sensibilizados Eritema multiforme tipo Stevens-Johnson Síndrome de Behçet Dermatite esfoliativa Fotossensibilidade - A incidência de eventos cutâneos é de 2% com o sulfisoxazol; - A febre farmacogênica é uma manifestação adversa comum com as sulfonamidas a sua incidência chega a 3% com o sulfisoxazol; Reações de hipersensibilidade Em menos de 0,1% dos pacientes pode ocorrer necrose focal ou difusa do fígado, devido à toxicidade direta do fármaco ou à sensibilização do indivíduo Inclui sintomas como cefaleia, náusea, vômitos, febre, hepatomegalia, icterícia e pode progredir para o óbito Reações de hipersensibilidade Reações diversas Em 1-2% dos indivíduos que fazem uso das sulfonamidas, pode ocorrer: Náuseas e vômitosAnorexia Provavelmente tem origem central Anticoagulantes orais, hipoglicemiantes do grupo das sulfonilureias e os anticonvulsivantes derivados da hindatoína Interações medicamentosas As sulfonamidas podem potencializar os efeitos destes fármacos por... Nestes casos, faz-se necessário, então, um ajuste de dose - Inibição do metabolismo; - Deslocamento do fármaco ligado à albumina.Trimetoprima-Sulfametoxazol Tal combinação é conhecida como cotrimoxazol A trimetoprima também está disponível na forma de preparação isolada Trimetoprima Espectro antibacteriano semelhante ao sulfametoxazol, embora este seja de 20-100 x mais potente A maioria das bactérias gram-positivas e gram- negativas é sensível à trimetoprima Trimetoprima Ácido fólico Toxicidade seletiva da trimetoprima sobre os microrganismos A trimetoprima é altamente seletiva para a diidrofolato redutase dos microrganismos inferiores É necessária uma quantidade milhares de vezes maior do fármaco para inibir a redutase humana em comparação à bacteriana Afinidade e especificidade da trimetoprima sobre enzima bacteriana Baixo valor de IC50 (ordem de nM): altíssima afinidade de ligação do fármaco pela enzima Quanto < o valor de IC50, maior a afinidade de ligação entre fármaco e enzima IC50 sobre enzima bacteriana: 0,005 µM = 5 nM IC50 sobre enzima humana: 260 µM = 260.000 nM 260.000 5 = 52.000 x maior a afinidade Portanto, altíssima especificidade! Trimetoprima Inibidor competitivo, potente e seletivo da enzima di-hidrofolatoredutase microbiana Baixo valor de IC50 (ordem de nM): altíssima afinidade de ligação do fármaco pela enzima - A trimetoprima é bem absorvida oralmente; - Distribuída através dos tecidos e fluidos corporais; - Atinge altas concentrações nos pulmões e rins, além de concentrações consideravelmente elevadas no líquido cefalorraquidiano (LCR); - Quando administrada em conjunto com sulfametoxazol, cerca de metade da dose de cada um é excretada em 24 horas; - Como a trimetoprima é uma base fraca, sua eliminação pelos rins aumenta na proporção inversa do pH da urina (qto < pH, mais rápida a eliminação). Aspectos farmacocinéticos A resistência bacteriana é um problema que se espalha rapidamente, embora seja menor que a observada com cada fármaco isoladamente Com frequência, a resistência se deva à aquisição de um plasmídeo que codifica uma di-hidrofolato redutase alterada Mecanismo de Ação Resistência bacteriana Codifica uma enzima insensível à trimetoprima (IC50 muito alto ou mesmo afinidade inexistente) Indicações terapêuticas da combinação trimetoprina-sulfametoxazol Infecções do trato urinário - Geralmente muito eficazes contra bactérias sensíveis; - A combinação dos fármacos produz efeito terapêutico mais favorável do que quando administrados separadamente, contra microrganismos da família Enterobacteriaceae; - A combinação é particularmente eficaz nas infecções crônicas e recorrentes do trato urinário; - Eficaz no tratamento de prostite bacteriana. Infecções do trato respiratório - Eficaz nas exacerbações agudas da bronquite crônica - Eficaz para o tratamento de otite média aguda em crianças e da sinusite maxilar aguda em adultos (causada pela H. influenzae e S. pneumoniae) Infecções do trato gastrintestinal - A combinação é uma alternativa no trato da shigelose, já que muitas cepas atualmente são resistentes à ampicilina; - Contudo, a resistência à combinação tem se mostrado cada vez mais comum; - Útil na febre tifoide e para a diarreia do viajante. Infecções diversas - A combinação produz bons resultados nas infecções causada por Nocardia; - Tem sido usada também na doença de Whipple (causada pela bactéria Tropheryma whipplei), na infecção por Stenotrophomonas maltophilia (infecção respiratória) e nas infecções pelos parasitos intestinais Cyclospora e Isospora; - Síndrome de Wegener responde bem, dependendo do estágio da doença. Efeitos adversos da combinação trimetoprina-sulfametoxazol - No uso rotineiro, essa combinação costuma produzir pouca toxicidade; - Em torno de 75% dos efeitos adversos afetam a pele (foi relatado que a combinação causou 3x mais reações dermatológicas do que o sulfametoxazol isolado: 5,9% versus 1,7%); - Dermatite esfoliativa e síndrome de Stevens-Johnson são raras e ocorrem principalmente em idosos; - No SNC: cefaléia, depressão, alucinações (produzidas pelas sulfonamidas) Agentes Antibacterianos Quinolonas Quinolina (2 anéis benzênicos com um nitrogênio) Quinolona (cetonas derivadas da quinolina) Quinolonas Primeira quinolona, foi isolado como subproduto da síntese de cloroquina - A introdução das 4-quinolonas fluoradas, como o ciprofloxacino e moxifloxacino, representou um avanço terapêutico importante - Possuem ampla atividade antimicrobiana, tratando uma grande variedade de doenças infecciosas Ácido nalidíxico Foi disponibilizado para o tratamento das infecções do trato urinário Ciprofloxacino Moxifloxacino - Lomefloxacino e esparfloxacino (fototoxicidade prolongada, prolongamento do QTc); - Gatiploxacino (hipoglicemia); - Temofloxacino (anemia hemolítica imune); - Trovafloxacino (hepatotoxicidade); - Grepafloxacino (cardiotoxicidade); - Clinafloxacino (fototoxicidade). Foram detectados por estudos de vigilância pós-comercialização Porém, efeitos colaterais raros e potencialmente fatais levaram a retirada do mercado americano Mecanismo de ação Os 2 alvos moleculares das quinolonas nas bactérias são: Para muitas bactérias gram-positivas Para as bactérias gram-negativas - DNA-girase; - Topoisomerase IV. A topoisomerase IV é a atividade principal inibida pelas quinolonas O principal alvo das quinolonas é a DNA-girase As quinolonas bloqueiam a síntese do DNA bacteriano inibindo a DNA-girase e a topoisomerase IV A inibição da DNA-girase impede o relaxamento do DNA positivamente superespiralado Este relaxamento é necessário para a transcrição e replicação normais A inibição da topoisomerase IV Impede a separação do DNA cromossomial replicado nas respectivas células filhas durante a divisão celular A topoisomerase IV separa moléculas geradas de DNA interligadas, que são produtos da replicação de DNA. As células eucarióticas não contêm DNA-girase As quinolonas inibem apenas a topoisomerase tipo II das células eucarióticas em concentrações muito mais altas do que a quela necessária para inibir a DNA-girasse bacteriana Possuem um tipo mecanisticamente semelhante de topoisomerase II, que remove os superespirais do DNA para evitar seu emaranhado durante a replicação. Porém... De onde surge a especificidade de ação das quinolonas? Espectro antimicrobiano Bactericidas potentes contra E. Coli e várias espécies de Salmonella, Shigella, Enterobacter, Campylobacter e Neisseria As fluoroquinolonas são bastante eficazes contra os estafilococos Várias fluoroquinolonas são ativas contra bactérias anaeróbias Desenvolvimento de resistência 1) Devido a mutações nos genes cromossômicos bacterianos que codificam a DNA-girase ou a topoisomerase IV Duas possibilidades: Alterações na sequência de aminoácidos que constituem as enzimas Diminuição da afinidade de ligação entre as quinolonas e as enzimas Não foram identificadas atividades de modificação ou inativação das quinolonas 2) Devido ao transporte ativo do fármaco para fora da bactéria (bombas de efluxo) Farmacocinética - São bem absorvidas após administração oral; - TMAX: de 1-3 h; - Os alimentos não reduzem a absorção, mas podem prolongar o intervalo para se alcançar o CMAX; - A biodisponibilidade das fluoroquinolonas é de > 50% e > 95% com vários deles; - A meia-vida sérica varia de 3-5 h para o norfloxacino e o ciprofloxacino; - O volume de distribuição é grande e suas concentrações na urina, nos rins, nos pulmões, na próstata, nas fezes, na bile e nos macrófagos e neutrófilos são maiores que os níveis séricos. Farmacocinética - As concentrações das quinolonas no líquido cerebrospinal, nos ossos e no líquido prostático são menores que os níveis séricos; - A maioria é eliminada predominantemente pelos rins e suas doses devem ser ajustadas quando há insuficiência renal Com exceção do pefloxacino e do moxifloxacino, que são predominantemente metabolizados pelo fígado Portanto, não devem ser utilizados em pacientescom insuficiência hepática Interações medicamentosas Cátions presentes nos fármacos antiácidos Diminuem a bioavaliabilidade das fluoroquinolonas Usos Terapêuticos Infecções do trato urinário - A concentração de várias quinolonas no tecido renal é de 5 à 10 x mais concentrado que no plasma; - O ácido nalidixílico é útil apenas para ITUs causadas por microrganismos sensíveis; - As fluoroquinolonas são mais potentes e apresentam um espectro de atividade antimicrobiana muito mais amplo; - Estudos demonstram que as fluoroquinolonas sejam mais eficazes que a combinação de trimetoprima-sulfametoxazol no tratamento das ITUs. Prostatite - As fluoroquinolonas administradas durante 4-6 semanas parecem ser eficazes nos pacientes que não respondem à trimetoprima-sulfametoxazol. Norfloxacino Ciclofloxacino Ofloxacino Foram eficazes em estudos clínicos para o tratamento de prostatite causado por bactérias sensíveis Doenças sexualmente transmissíveis - A administração de uma dose oral única de ofloxacino e ciprofloxacino é eficaz para as cepas sensíveis de N. gonorrhoeae; - O ciprofloxacino, administrado durante 3 dias, é um tratamento eficaz na infecção por H. ducreyi (cancro mole). Infecções gastrintestinais e abdominais - Para o tratamento da diarréia do viajante (frequentemente causada por E. coli enterotoxigênica) Reduzindo a duração da diarreia em 1-3 dias As quinolonas são tão eficazes quanto a trimetoprima-sulfametoxazol Inclusive... Infecções do trato respiratório - As fluoroquinolonas mais novas, como a gatifloxacino e o moxifloxacino têm atividade excelente contra S. Pneumoniae (pneumonia, meningite, otite); - Dados clínicos recentes demonstram a utilidade das novas fluoroquinolonas, utilizadas isoladamente, no tratamento de pneumonia; - Contudo, a sensibilidade do S.Pneumoniae às fluoroquinolonas parece estar diminuindo. - Se distribuem extensamente em todos os tecidos broncorespiratórios; Infecções dos ossos, articulações e tecidos moles - O tratamento de osteomielite crônica requer administração prolongada (semanas a meses) de antibióticos ativos contra S. aureus e bastonetes gram-negativos. - Infecções ósseas e articulares podem necessitar de tratamento durante 4-6 semanas ou mais; - As doses devem ser reduzidas em pacientes com disfunção renal; - A cura clínica foi obtida em até 75% dos casos de osteomielite crônica na qual predominavam bastonetes gram-negativos; - A falha terapêutica foi associada ao desenvolvimento de resistência do S. aureus, da P. aeruginosa e da Serratia marcescens; - No tratamento das infecções dos pés diabéticos, as fluoroquinolonas combinadas com um antibiótico de atividade antianaeróbica, consiste em uma escolha razoável. Efeitos adversos - As quinolonas e as fluoroquinolonas são bem toleradas; - As reações adversas mais comuns envolvem o trato gastrintestinal, com 3-17% dos pacientes queixando-se de náusea branda, vômitos e/ou desconforto abdominal; - Entre 0,9 – 11% dos pacientes, observou-se efeitos colaterais no SNC, principalmente cefaleia branda e tontura; - Alucinações, delírios e convulsões são raras (bloqueio do receptor GABAA); Nitrofurantoína É um nitrofurano sintético utilizado na profilaxia e no tratamento das infecções do trato urinário Anel nitrofurano Nitrofurantoína Enzimas redutases Intermediários altamente reativos Enzimas reduzem a nitrofurantoína (pró-fármaco) em intermediários metabólicos altamente reativos, capazes de causar danos ao DNA Inibem enzimas do Ciclo de Krebs, reduzindo a produção de energia necessária para a sobrevivência e multiplicação da bactéria Gerando bloqueio da síntese de DNA e RNA Uma vez que o fármaco possui múltiplos mecanismos de ação antibacterianos Isso explica o baixo desenvolvimento de resistência pelas bactérias! Além disso... As bactérias reduzem a nitrofurantoína mais rapidamente que as células de mamíferos Vindo daí a seletividade contra as bactérias O que explica a seletividade de ação da nitrofurantoína? As bactérias sensíveis à nitrofurantoína raramente tornam-se resistentes durante o tratamento É ativa contra muitas cepas da E. coli e enterococos A maioria das espécies de Proteus e Pseudomonas e muitas espécies de Enterobacter e Klebsiella são resistentes A nitrofurantoína é bacteriostática em concentrações ≤ 32 µg/mL, mas é bactericida em concentrações ≤ 100 µg/mL Nitrofurantoína Porém... - A nitrofurantoína foi aprovada para o tratamento das infecções do trato urinário causadas por microrganismos reconhecidamente sensíveis ao fármaco; Farmacologia e Toxicidade - A nitrofurantoína é rápida e completamente absorvida pelo trato gastrintestinal; - Sua preparação macrocristalina é absorvida e excretada mais lentamente; - A meia-vida plasmática é de 0,3-1 h; - 40% são excretados em sua forma inalterada na urina; - A dose média produz a concentração urinária de 200µg/mL (mais concentrada na urina do que em qualquer outro tecido ou compartimento); - A taxa de excreção tem relação linear com a depuração da creatinina, de modo que nos pacientes com comprometimento da função glomerular, a eficácia do fármaco pode diminuir e sua toxicidade aumentar; - A nitrofurantoína confere à urina uma cor acastanhada. Farmacologia e Toxicidade - Os efeitos adversos mais comuns são: Náuseas e vômitos Diarreia Farmacologia e Toxicidade - A preparação macrocristalina é mais bem tolerada que as preparações tradicionais; - Reações de hipersensibilidade ocorrem ocasionalmente: calafrios, febre, leucopenia, granulocitopenia, anemia hemolítica, icterícia colestática e lesão hepatocelular; - Hepatite ativa crônica é um evento raro e grave; Caso haja sinais de falha hepática, o tratamento deve ser interrompido E não deve ser reintroduzido posteriormente, pois pode haver um componente de hipersensibilidade - Algumas horas ou dias após início do tratamento, podem ocorrer pneumonite aguda com febre, calafrios, tosse, dispneia, dor torácica, infiltração pulmonar e eosinofilia. Esses sinais regridem rapidamente após interrupção do tratamento Farmacologia e Toxicidade Fibrose pulmonar intersticial: pode ocorrer em pacientes tratados por longos períodos. Pacientes idosos são mais susceptíveis; Devido à geração de radicais livres de oxigênio provenientes do fármaco nos pulmões Nos primeiros sinais, o fármaco deve ser interrompido o quanto antes, enquanto os danos ainda são reversíveis - Cefaleia, vertigem, sonolência, mialgias e nistagmo são rapidamente reversíveis, As neuropatias têm maior chance de ocorrer em: Mas existem casos de polineuropatias graves com desmielinização e degeneração de nervos sensoriais e motores, resultando em desenervação e atrofia muscular - Pacientes com disfunção renal; - Pacientes submetidos a tratamento prolongado; Farmacologia e Toxicidade Não devem usar nitrofurantoína Gestantes Indivíduos com disfunção renal Crianças com menos de 1 mês de idade - A nitrofurantoína foi aprovada para o tratamento das infecções do trato urinário causadas por microrganismos reconhecidamente sensíveis ao fármaco; - Ela não é recomendada para tratamento da pielonefrite ou da prostatite Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46 Slide 47 Slide 48 Slide 49 Slide 50 Slide 51 Slide 52 Slide 53 Slide 54 Slide 55 Slide 56 Slide 57 Slide 58 Slide 59 Slide 60 Slide 61 Slide 62 Slide 63 Slide 64 Slide 65 Slide 66 Slide 67 Slide 68 Slide 69 Slide 70 Slide 71 Slide 72 Slide 73 Slide 74 Slide 75 Slide 76 Slide 77 Slide78 Slide 79 Slide 80 Slide 81 Slide 82 Slide 83 Slide 84 Slide 85 Slide 86 Slide 87 Slide 88 Slide 89 Slide 90 Slide 91 Slide 92 Slide 93 Slide 94 Slide 95
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