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Animais Peconhentos

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Saúde da Criança – Toxicologia 
Animais Peçonhentos 
COBRAS 
 As principais caraterísticas a serem observadas nas serpentes para avaliar sua 
letalidade são a fosseta loreal e a cauda. 
 Fosseta loreal: é um órgão sensorial termorreceptor localizado entre o olho e a narina 
da cobra, que caracteriza a serpente como peçonhenta. Está presente na jararaca 
(Bothrops), pico-de-jaca (Lachesis) e cascavel (Chrotalus). As cobras corais (falsas e 
verdadeiras) não apresentam fosseta loreal, sendo diferenciadas pela presença de 
dentição posterior na arcada dentária (sendo assim, sempre que ocorrer um acidente 
ofídico pela cobra coral, considera-se que foi pela verdadeira devido ao risco-
benefício do veneno e do antídoto). 
 Caudas: as jararacas apresentam cauda lisa, as picos-de-jaca apresentam cauda 
com escamas ouriçadas e a cascavel apresenta um guizo em sua cauda. 
 Dentes: são utilizados para inoculação do veneno, criando um botão hemorrágico no 
local de entrada. Quando ausentes, as “picadas” de cobras terão um aspecto de 
escoriação na pele da vítima, sem ferimento de entrada. No entanto, devido ao alto 
risco de infecção bacteriana secundária, faz-se sempre a profilaxia de tétano em 
casos de acidentes ofídicos (em animais peçonhentos e não peçonhentos). 
JARARACA 
 Possui fosseta loreal e cauda lisa, estando presente em todo o território nacional. É 
uma serpente que tem hábito noturno e praticam o bote sem barulho de ameaça. 
QUADRO CLÍNICO 
 O veneno botrópico possui uma ação proteolítica (induz a uma inflamação, edema e 
necrose no local da picada), coagulante (gera um quadro semelhante a CIVD) e 
hemorrágica (lesa a membrana basal capilar que, em associação a plaquetopenia, 
gera sangramentos). 
 Seu quadro clínico cursa com dor, edema e equimoses no local da picada, além de 
infarto ganglionar ao longo da progressão da toxemia. 
Sempre avaliar a extensão dos danos para quantificar a gravidade (quanto mais proximal for, mais grave). 
EXAMES COMPLEMENTARES 
 Tempo de coagulação aumentado; 
 HMG com neutrofilia e desvio à esquerda; 
 Plaquetopenia; 
 Ureia e creatinina aumentada (em casos mais graves). 
TRATAMENTO 
 Usa-se o soro antiofídico específico EV, denominado antibotrópico (pode dar choque 
anafilático – sempre ter por perto material para IOT e adrenalina), usa-se 3 ampolas 
para caos leves, 6 para moderados e 12 para graves. 
 Ademais, deve-se hidratar o paciente e realizar ATB se houver sinais de infecção. 
COMPLICAÇÕES 
 Bolhas; 
 Gangrena; 
 Síndrome compartimental; 
 IRA; 
 Choque; 
 HDA. 
PICOS-DE-JACA 
 Possui fosseta loreal e escamas do rabo arrepiadas, geralmente pressentes em florestas 
tropicais. 
QUADRO CLÍNICO (ACIDENTE LAQUÉTICO) 
 Cursa com um quadro da jararaca (edema, bradicardia, hipotensão, diarreia, vômitos 
e hemorragia), porém potencializado. 
TRATAMENTO 
 Usa-se o soro antilaquético. 
CASCAVEL 
 Possui fosseta loreal e cauda com guizo, geralmente encontradas em regiões secas e 
desertos (campos de centro e nordeste). 
QUADRO CLÍNICO 
 Essa intoxicação cursa com uma ação neurotóxica, miotóxica (rabdomiólise) e 
coagulante. Apresenta uma fáscies miastênica (de bêbado – diplopia, ptose 
palpebral e só abre o olho ao forçar a testa). Pode ocorrer anúria e hematúria, além 
de mialgia generalizada. 
EXAMES LABORATORIAIS 
 CPK aumentada; 
 TGO e TGP aumentados; 
 DHL aumentado; 
 Ureia, creatinina, Potássio; 
 Urina I com mioglobinúria; 
 Tempo de coagulação inalterado. 
TRATAMENTO 
 Indica-se hidratação e diurético para prevenir IRA, prevenção e tétano e choque 
anafilático e usa-se soro anticrotálico EV. 
COMPLICAÇÕES 
 IRp; 
 IRA. 
CORAL VERDADEIRA 
 Estão distribuídas por todo o Brasil. Sua mordida é específica, com dois furos e riscos 
adjacentes (escoriações). 
QUADRO CLÍNICO 
 Cursa com ptose palpebral, diplopia, face de Rosenfelt, disfagia e insuficiência 
respiratória, com evolução rápida (1-2 horas). 
TRATAMENTO 
 Usa-se 10 ampolas de soro anti-elapídico. 
Primeiros Socorros 
 Nunca amarrar (garrote) os membros; 
 Não dar álcool; 
 Não cortar ou furar; 
 Levar para o local de tratamento mais rápido possível (soro até 4 primeiras horas). 
Se há sintomas de envenenamento o TTO deve ser feio independente do tempo transcorrido. 
ARANHAS 
ARANHA MARROM 
 O principal sintoma é a dor tardia (depois de 6 horas da picada). A picada geralmente 
é feita nas horas de buscar roupas em armários e colocar sapatos. 
QUADRO CLINICO 
 A lesão é incialmente eritematosa, com evolução para necrose local, com fundo sujo, 
edema e hiperemia de bordas. 
TRATAMENTO 
 Soro antiaracnídico. 
ARMADEIRA (PHONEUTRIA) 
QUADRO CLÍNICO 
 Caraterizado por uma dor logo no momento da picada (a aranha voa) no local (leve), 
ou com sudorese e vômitos (moderada) ou com convulsões e edema agudo (grave). 
TRATAMENTO 
 Soro antiaracnídico. 
LYCOSA (SETA PRETA NO DORSO –ARANHA DE JARDIM) 
 Não gera complicações. 
CARANGUEJEIRA 
 Não gera complicações, apenas alergia devido aos pelos. 
ESCORPIÕES 
 Tityus serrulatos (amarelo): sua toxina é mais grave que os demais. 
 Tityus bahiense (marrom, preto): cursa com muita dor, porém a toxina é menos grave. 
QUADRO CLÍNICO 
 Dor imediata e parestesias. 
TRATAMENTO 
 É com analgésico, anestesia local e observação por 6 horas após picadas. 
 Para casos moderados: 2 ampolas de soro antiescorpiônico. 
 Casos graves (sudorese, agitação, convulsão, arritmia): 4 a 5 ampolas se soro 
antiescorpiônico EV em 10 minutos. 
Para crianças menores que 3 anos devem sempre receber soroteraia específica independente do tempo de evolução ou sintomas. 
ABELHAS 
 Suas picadas cursam com a injeção do ferrão, que contém uma bolsa de veneno 
internamente. Deve-se passar uma faca na pele em sentido contrário a picada. Deve 
haver alta atenção pois esses quadros evoluem rapidamente para choque 
anafilático. 
CONDUTA 
 Remover ferroes; 
 Controlar a dor; 
 Prevenir e controlar reações alérgicas; 
 Medidas de suporte por demanda.

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