Tema 4 - Conflitos e territórios na atualidade

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Con�itos e territórios na atualidade
Prof.ª Debora Rodrigues
Descrição
O debate conceitual do território e sua materialização nos diferentes
continentes na atualidade.
Propósito
O conceito de território é um importante elemento para o entendimento
dos conflitos e debates na sociedade atual.
Objetivos
Módulo 1
Conceito de território
Reconhecer o conceito de território.
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Módulo 2
Questões territoriais na Europa e na América
Analisar as disputas territoriais na Europa e na América.
Módulo 3
Questões territoriais na Ásia e na África
Identificar os principais problemas territoriais na Ásia e na África.
Introdução
Os aspectos sociais de uma sociedade nos remetem ao conceito
de território, cujas implicações relacionadas aos agentes sociais
políticos e econômicos interferem diretamente na gerência do
espaço. Território é um conceito caro à geografia e auxilia no
entendimento dos processos de apropriação, produção e uso do
espaço pela sociedade ao longo da história.
Os estudos do território têm, como base central, as relações entre
os agentes sociais, políticos e econômicos interferindo na gestão
do espaço, uma vez que a delimitação do território está
assentada nas relações de poder, domínio e apropriação nele
contidas (GIOMETTI; PITTON; ORTIGOZA, 2012). Então, o
conceito de território tem relação direta com o poder. Se em um
determinado recorte espacial há um indivíduo ou um grupo que o
domina, seja demonstrando força, capacidade ou autoridade,
estamos falando de território.
Para compreender as complexidades das ações institucionais e
corporativas da atualidade, é importante debater o conceito de

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território e a materialização dos conflitos motivados pela
necessidade de territorialização de grupos sociais.
1 - Conceito de território
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o conceito de território.
Território
Quando usamos a palavra território, geralmente lembramos de território
nacional ou soberania. Mas você sabia que esse conceito esteve
originalmente relacionado às ciências biológicas?
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Friedrich Ratzel.
Você conhece Friedrich Ratzel? Ele tinha formação naturalista e foi
bastante influenciado pelas ideias evolucionistas de Charles Darwin e
pelo positivismo, procurando “leis” que explicariam o comportamento
dos homens na Terra. Seu principal livro publicado em 1882,
Antropogeografia: fundamentos da aplicação da geografia à história,
contém a primeira proposta explícita de um estudo geográfico dedicado
à discussão dos problemas humanos, ou seja, à influência que o homem
sofre em consequência do meio em que vive.
Conforme Moraes (2005), para Ratzel, o território é a condição de
trabalho e de existência de uma sociedade. Sua perda conduz a
decadência de uma sociedade. Já o progresso estaria relacionado ao
maior uso dos recursos disponíveis no meio, daí a necessidade de os
grupos sociais ampliarem o seu território e conquistarem novas áreas.
A partir dessas ideias, Ratzel elaborou o conceito de espaço vital, que
consiste no equilíbrio entre a população de uma dada sociedade e os
recursos disponíveis para suprir suas necessidades e sobrevivência.
Existe uma íntima vinculação entre as formulações do cientista alemão
e o projeto imperial e expansionista alemão que se expressa na
justificativa do expansionismo como algo natural e inevitável em uma
sociedade que progride.
É dentro desse contexto que se compreende o formato de território
discutido dentro da geografia tradicional e das relações internacionais.
Esse conceito-chave é tratado como um espaço concreto que é
apropriado e/ou ocupado por um grupo social. Então, é fácil a gente
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entender que esse conceito é visto como algo gerador de raízes e
identidade, como é o caso do Estado-Nação.
Um Estado-nação é uma estrutura que une a instituição
política (Estado) com a unidade cultural (nação). Pode
ter limites e fronteiras bastante flexíveis, geralmente
modificados pela força bruta.
De fato, a geopolítica de quase todo o século XX seguiu os mesmos
princípios de território encontrados na teoria ratzeliana. Após a Segunda
Guerra Mundial, as disputas estavam associadas às zonas de
exclusividade de fluxos militares e econômicos de um dos polos
ideológicos (capitalista ou comunista). A partir de então, o poder estava
atrelado às forças bélicas e avanços aeroespaciais, no contexto da
Guerra Fria, e as áreas periféricas de desenvolvimento serviram como
palcos da tensão e da disputa por territórios.
A Guerra Fria foi o período de disputas estratégicas e conflitos diretos
entre os Estados Unidos e a União Soviética, compreendendo os anos
de 1945 e 1991. Por causa da impossibilidade de vitória em uma batalha
nuclear, não houve uma guerra direta ou “quente” entre as duas
potências. Mas esses países estimularam e apoiaram conflitos,
participando de muitos enfrentamentos armados em outras nações. A
oposição e a disputa entre as duas potências se manifestavam na
economia, na política, no campo das ideias e na competição tecnológica
e bélica, criando um mundo marcado pela bipolaridade.
Exemplo
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As guerras travadas com o argumento das diversidades ideológicas,
como foi o caso das guerras no Vietnã e nas Coreias, separadas por
apoio dos Estados Unidos e da União Soviética. Há também os modelos
africanos, em que os conflitos eram originalmente causados por
diferenças étnicas, mas a cobiça estrangeira pelos seus recursos
naturais e a imposição das diferenças ideológicas causaram
consequências desastrosas até hoje observadas no continente.
Novas possibilidades na
conceituação de território
Atualmente, algumas ciências avançaram na discussão conceitual sobre
o território, ressignificando o termo. O mundo globalizado vem
avançando e, com ele, a exposição de um conjunto de consequências
espaciais, como é o caso do inchaço das cidades do mundo
subdesenvolvido, a falta de justiça social e os impactos da desigualdade
social, como violência, favelização e ocupação desordenada do espaço
público. É dentro desse contexto que se compreende a necessidade
desse conceito territorial envolver novas possiblidades, buscando se
tornar um elemento crucial das reivindicações nas cidades. Não, agora,
em nível de Estado-nação, mas em nível social.
Você já pensou nas seguintes questões:

Quais ações são necessárias para a territorialização? E as
consequências?

Qual é o indivíduo ou grupo social que se impõe sobre o espaço
geográfico, determinando o território?
De acordo com Claude Raffestin (1993), o território é definido a partir
das relações de poder, que podem ser econômicas, políticas e culturais.
Veja a territorialidade promovida pelo tráfico de drogas, no Rio de
Janeiro. Nesse caso, a estrutura encontra-se distribuída pelo tecido
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urbano, nos territórios-enclave, representadas pelas favelas, separados
pelo asfalto (os bairros comuns), representados pelas áreas neutras.
Em uma área entre duas favelas, sob o comando da mesma facção
criminosa, pode haver territórios inimigos representados por facções
diferentes ou sob o domínio de milícias. Portanto, o que secria é uma
rede complexa unindo as favelas sob a mesma liderança, na busca por
um amplo mercado consumidor.
Essa estrutura forma uma grande malha intricada de simbologias,
manifestação de poder, armamentos e, atualmente, facilitada pelas
comunicações de internet, grupos de discussão, no WhatsApp, e redes
sociais, como Facebook e Instagram.
Na metrópole carioca, o tráfico conta atualmente com três facções
rivais que disputam entre si o controle de favelas e áreas pobres:
Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando Puro (TCP) e o Amigo dos
Amigos (ADA). Veja a imagem a seguir, com o mosaico de lideranças
criminosas e atente para a formação de redes complexas de comando
ilegal associado ao tráfico de drogas.
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O quadro ainda se completa com um outro ator que passou a ganhar
enorme importância na geopolítica urbana carioca principalmente a
partir do final dos anos 1990: as milícias. Até 2010, policiais, bombeiros,
militares, agentes penitenciários e parlamentares formam as principais
lideranças das milícias, que atuam na forma de uma verdadeira força
paramilitar de segurança em determinados bairros e favelas, sem
maiores intervenções do Estado em suas atividades.
Mas por que a população, cativa desses con�itos de
poderes, não denuncia as atividades criminosas?
Lembre-se de que os meios de operação característicos do tráfico de
drogas perpassam por processos sociais que servem como mistura
para unir e firmar as relações que permeiam o desenvolvimento dessa
atividade ilícita. Como nos diz Haesbaert e Limonad (2007), o território é
um organismo histórico e, por conseguinte, social, a partir das relações
de poder, sejam concreto e/ou simbólico, que envolvem,
simultaneamente, sociedade e espaço geográfico, que também, é
sempre, de alguma forma, natureza.
Na verdade, em grandes conflitos, considerando o Estado-nação,
milícias e grupos contrários ao poder podem se envolver, criando uma
situação de territorialização e desterritorialização contínua.
Conceitos fundamentais ligados ao
território
Neste vídeo, é debatido o conceito de território correlacionando os
conceitos de nação, Estado-nação, Estado e pátria. Confira!

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
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Questão 1
(NUCEPE – 2020) Ratzel (2003) é um representante típico do
intelectual engajado no projeto estatal; sua obra propõe uma
legitimação do expansionismo bismarckiano. Assim, a geografia de
Ratzel expressa diretamente um elogio do imperialismo, como ao
dizer, por exemplo: “Semelhante à luta pela vida, cuja finalidade
básica é obter espaço, as lutas dos povos são quase sempre pelo
mesmo objetivo. Na história moderna, a recompensa da vitória foi
sempre um proveito territorial”.
Friedrich Ratzel é um dos mais importantes precursores do
pensamento geográfico, com grande contribuição na compreensão
do conceito de território, pois, num contexto de legitimação do
expansionismo alemão no século XIX, evidenciou a importância da
ligação entre Estado e espaço, a partir de princípios básicos do(a)
chamado(a)
Parabéns! A alternativa B está correta.
Ratzel elaborou o conceito de espaço vital, que consiste no
equilíbrio entre a população de uma sociedade e os recursos
disponíveis para suprir suas necessidades e sobrevivência. Existe
uma íntima vinculação entre as formulações do cientista alemão e
o projeto imperial e expansionista alemão que se expressa na
justificativa do expansionismo como algo natural e inevitável em
uma sociedade que progride.
A positivismo.
B espaço vital.
C espírito do povo.
D política territorial.
E determinismo geográfico.
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Questão 2
(CESPE – 2017) De acordo com Haesbaert (2004), a territorialidade
é uma “abstração” também no sentido ontológico de que, enquanto
“imagem” ou símbolo de um território, existe e pode inserir-se
eficazmente como uma estratégia político-cultural, mesmo que o
território ao qual se refira não esteja concretamente manifestado —
como no conhecido exemplo da “Terra Prometida” dos judeus, ou
seja, o poder no seu sentido simbólico também precisa ser
devidamente considerado em nossas concepções de território.
Para o autor do texto precedente,
Parabéns! A alternativa D está correta.
Com a atenuação da Guerra Fria, na década de 1990, o conceito de
território, na geografia, ganhou contornos mais simbólicos e
sociais. Perdeu-se conotação política internacional e o destaque,
agora, é pelo campo de forças, ou seja, uma teia ou rede de
relações sociais que territorializam um recorte espacial.
A a territorialidade é meramente ontológica.
B
o território deve ser tratado como estratégia político-
cultural.
C
a territorialidade manifesta-se concretamente no
território.
D a territorialidade é um poder abstrato e simbólico.
E a concepção da materialidade define o território.
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2 - Questões territoriais na Europa e na América
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar as disputas territoriais na Europa e na
América.
Europa
A América foi efetivamente o primeiro grande continente a ser
colonizado pelas potências europeias, principalmente Portugal e
Espanha e, depois, França e Reino Unido. Os conflitos nessas regiões
são igualmente antigos, embora muitos se perpetuem no espaço
geográfico atual.
Junto com a África, a Europa também é conhecida como Velho
Continente, exatamente por conta da antiguidade de suas civilizações
conhecidas. É um continente de poucas dimensões, mas com muitas
transformações territoriais, no que diz respeito aos Estados-nações,
continuadas a partir do século XII, com a formação das fronteiras
portuguesas.
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No que diz respeito à Primeira Guerra Mundial, com a
vitória da Tríplice Entente (Reino Unido, França e
Rússia), apoiada pelos Estados Unidos, e a assinatura
dos tratados de paz, grandes impérios foram
desmantelados, como foi o caso dos austro-húngaro,
otomano e alemão, sem contar as perdas territoriais da
Rússia.
Essa guerra mudou o cenário territorial europeu. Observe a imagem e
identifique a quantidade de países que surgiram: Polônia, Áustria,
Hungria, Bulgária e as antigas Tchecoslováquia e Iugoslávia, bem como
a criação de Finlândia, Estônia, Letônia e Lituânia só para citar alguns
exemplos.
Adaptada de memoprimeiraguerramundial.wordpress.com e
todamateria.com.br
Adaptada de memoprimeiraguerramundial.wordpress.com e
todamateria.com.br
Após a Segunda Guerra Mundial, houve o fim das anexações territoriais
e novos povos foram parcialmente libertos. Foi o caso de Polônia,
Hungria e Tchecoslováquia, outrora invadidos e que, depois, passaram à
esfera da influência soviética.
Mas não temos espaço para a ingenuidade. Muitos conflitos da
atualidade são resultados retardatários dessa dinâmica geopolítica que
mudou fronteiras, apoios políticos e sistemas de defesa bélica, sejam
resquícios da Primeira e da Segunda Guerras ou da Guerra Fria.
Exemplo
O caso mais emblemático é a situação da guerra entre Rússia e Ucrânia,
deflagrada em 2022, que deixou a opinião pública internacional dividida.
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Certamente você se pegou com alguns questionamentos. Quais sãoas
suas alegações? O que Ocidente tem a ver com isso? Como a Europa
pode ser impactada? Há sanções para esse tipo de conflito?
Durante uma boa parte da sua história, a Ucrânia fez parte do território
russo, seja na forma de império, seja na União Soviética e somente
conseguiu a independência política com o fim da URSS, em 1991.
Mesmo hoje, os russos acham que a Ucrânia é deles, embora haja um
povo ucraniano com fortes raízes nacionalistas que não aceita essa
submissão.
Somado a esses fatores, há a questão do avanço da Otan em direção ao
Leste Europeu, colocando a Rússia em alerta. Embora a Ucrânia possua
movimentos pró-ocidente, há muito o que se discutir. A própria Rússia
tem vários gasodutos passando pelo território ucraniano para levar gás
natural para a Europa. A questão não é fácil e são muitos interesses
envolvidos.
Otan
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é uma organização
intergovernamental formada por dezenas de países, que se ajudam
mutuamente em termos políticos e militares. Foi criada no contexto da
Guerra Fria, em 1949, e é comandada pelos Estados Unidos. Quando foi
criada, tinha como um de seus pilares garantir a segurança de seus países-
membros, o que pode ocorrer de forma diplomática ou com o uso de forças
militares.
Com a atenuação da Guerra Fria, em �ns dos anos 1980, o
Ocidente, os Estados Unidos e a Otan sagraram-se
vencedores.
Coube ao Leste Europeu, inclusive à Rússia, buscar novos caminhos
geopolíticos, sobretudo no que se refere à conversão do socialismo para
o capitalismo. O esforço foi grande, com a privatização das empresas, a
promoção parcial da democratização de suas instituições e abertura
das portas para as Nações Unidas. Isso deu trabalho e significou
transformações importantes, mas a Rússia se reergueu, com a
exploração de petróleo (gás e óleo), bem com a produção de alimentos
e exportação de metais.
Concomitantemente a isso, a Otan continuou crescendo e absorveu
vários países, antes aliados da Rússia soviética, como você observa na
imagem. Tenha especial atenção ao avanço da Otan em direção às
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fronteiras russas. Dois países – Ucrânia e Belarus – ainda serviam de
“tampão”. E a Ucrânia vem investindo no Ocidente.
A Rússia precisava demonstrar força, em uma vã tentativa de reduzir o
“poder” ocidental em seu “quintal”. O país está resistindo de todas as
maneiras possíveis, reforçando seu arsenal nuclear e tentando
restabelecer sua influência internacional. A campanha controversa, mas
bem-sucedida de Vladimir Putin para apoiar o regime de Bashar al-
Assad na Síria é um exemplo disso. Sem contar os exercícios militares
com o exército chinês.
É dentro desse contexto que se deve debater a anexação da Crimeia, em
2014. A Crimeia era uma república autônoma dessa mesma Ucrânia,
localizada em uma península no Mar Negro, que já tinha pertencido à
Rússia. Veja, a seguir, a linha do tempo.
 1954
Durante a Guerra Fria, o líder soviético Nikita
Khrushchev, que era de origem ucraniana, deu a
região como presente para o seu país de origem.
Diferentemente do resto da Ucrânia, a maioria da
população na região é de origem russa.
 2014
A Rússia de Vladimir Putin entrou no território
ucraniano, ocupou militarmente o lugar e anexou a
Crimeia ao seu próprio território. Foi uma invasão
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A Rússia é uma grande fornecedora de gás natural para os sistemas de
calefação de unidades domésticas e industriais na Europa Ocidental e
não há interesse dessas nações em um conflito que fragilize as relações
com a sua principal fornecedora de energia.
O meio diplomático de buscar soluções para um conflito desse tipo é o
diálogo pelas nações diretamente envolvidas ou por um intermediário
interessado e que demonstre um pouco de isenção política. Foi o que
tentou fazer Tayyip Erdogan, primeiro-ministro da Turquia, que possui
relações comerciais com ambos os países.
Mesmo assim, as sanções são mais uma estratégia de se conseguir
uma paz diplomática.
Sanções geralmente são feitas para prejudicar a
economia de um país ou as finanças de determinados
indivíduos, como políticos importantes.
Elas podem incluir proibições de viagens e embargos de armas e
tecnologia e estão entre as medidas mais duras que as nações podem
adotar — em vez de declarar guerra.
A Guerra da Ucrânia e da Rússia e
rápida que causou protestos do Ocidente e que
impôs sanções político-econômicas.
 2022
Donetsk e Luhansk, regiões de maioria russa, dentro
da Ucrânia, declararam sua independência, que foi
quase imediatamente reconhecida pela Rússia. É
uma forma da Rússia resistir ao movimento da
Ucrânia de aproximação das instituições europeias,
tanto da Otan quanto da União Europeia.

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suas repercussões mundiais
Neste vídeo, são apresentadas as inúmeras situações territoriais
causadas pela guerra, assim como o impacto na exportação de
alimentos e comoditties.
No passado recente, a guerra nos Balcãs fez parte do processo de
fragmentação da Iugoslávia. Em 2020, observamos mais uma
movimentação do problema de Nagorno-Karabakh, envolvendo
Azerbaijão e Armênia. Também bastante insistentes são os conflitos
resultantes da Guerra de Kosovo, cujo povo quer se tornar liberto da
Sérvia.
A própria Rússia está envolvida em conflitos ainda recentes, como o da
Ossétia do Sul, que quer ser anexada pelos russos, embora ainda faça
parte da Geórgia. A sempre expressa vontade da Chechênia de se
separar da Rússia, inclusive utilizando-se de meios terroristas, bem
como as ações separatistas de Inguchétia, Daguestão, Karachev e
Cabárdia-Balcária, no Cáucaso.
A cada conflito e processo de separatismo, há sempre dois lados.
Exemplo
O Ocidente apoia os separatismos deflagrados em territórios russos e
chineses. E a Rússia apoia o separatismo em Estados-nações, cujas
parcelas da população são pró-russas ou que estão sob o seu interesse.
É o jogo geopolítico.
América
A América tem apresentado uma certa estabilidade, no que diz respeito
aos conflitos regionais, mas também conta com divergências
importantes, no que se refere ao território, à soberania e ao separatismo.
Dois casos são emblemáticos na América do Norte: o caso de Quebec,
no Canadá, e Alasca, nos Estados Unidos. Mas, efetivamente, muitos
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países "brigam", atualmente na América Latina, por conta de reservas
petrolíferas e saídas ao mar.
Entre a Venezuela e a Guiana, tem uma região conhecida como
Essequibo ou Guiana Essequiba, rica em recursos naturais e florestas. A
região corresponde a aproximadamente dois terços do território guianês
e a crise já dura quase 200 anos. A própria Venezuela já obteve o apoio
dos Estados Unidos no passado. A região costuma aparecer nos mapas
venezuelanos chamada de "área sob reivindicação".
Nas últimas décadas, o conflito teve altos e baixos,
mas a descoberta de grandes reservas de petróleo na
Guiana, nos últimos anos, fez com que as tensões
aumentem. O país começou a explorar suas reservas e
já construiu plataforma de alto-mar próximo à região
reivindicada pela Venezuela.
Na imagem, em azul mais escuro, observa-se o Essequibo. Em linha
tracejada, em vermelho, está a área reclamada pela Venezuela. E, em
azul tracejado, a área da Zona Econômica Exclusiva da Guiana, onde
estão as reservas no Campo de Liza, em que há a exploração petrolífera.
Em 2018, a Guiana entrou com um pedido na Corte Internacional de
Justiça (CIJ) para que o conflito seja resolvido, mas a Venezuela nega a
legitimidade da instituiçãopara resolver a questão.
Na fronteira entre a Guatemala e Belize, há um conflito territorial que
dura mais de 160 anos e já está sendo debatido na Corte de Haia.
Atualmente, a Guatemala reivindica a região ao sul de Belize, desde o rio
Sibún até o rio Sarstún, que tem mais de 11 mil km² e inclui ilhas,
abrolhos, ilhotas e superfície marítima no golfo de Honduras.
O Chile também tem uma pendência com a Argentina, pela Passagem
de Drake. Já ouviu falar? Fica no extremo sul da América do Sul e é um
hiato oceânico, em direção à Antártica. Observe na imagem que o Chile
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fica a oeste da Argentina e ambos partilham a passagem com a
Antártica.
O conceito de território diz respeito à manifestação de poder sobre um
recorte espacial de interesse de algum indivíduo, grupo social ou
corporativo ou de um Estado-nação. Nesse caso, novamente, há o
interesse pelas reservas de petróleo e as nações encontram-se em
diálogo para a exploração dos recursos naturais. Destaca-se, também, a
importância estratégica de sua localização, na passagem entre os
oceanos Pacífico e Atlântico e a rota comercial de navios de diferentes
bandeiras.
Outro desentendimento acontece entre Chile e a Bolívia. Observe a
imagem. Certamente, a Bolívia quer uma saída ao mar, para promover o
seu potencial exportador, através de portos que levem suas mercadorias
para as nações aliadas. Toda essa região bem clara é considerada
desértica ou semidesértica.
Localização da Bolívia, Chile e Peru.
Durante a Guerra do Pacífico, Chile, Bolívia e Peru disputaram as terras
no Deserto do Atacama, no período de 1879 a 1884. Luta por um
deserto?
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A região, que pertencia à Bolívia, naquela época, não tinha muito valor
até que se descobriram reservas de guano e salitre, importantes
elementos para a fabricação de fertilizantes. A atração de empresas
chilenas para o território boliviano causou um adensamento
populacional de origem chilena. Peru e Bolívia não desejavam essa
influência do vizinho e, depois de uma série de ações que tensionaram a
relação, a guerra foi deflagrada, com a vitória do Chile, que anexou o
deserto do Atacama, deixando a Bolívia sem saída ao mar.
Saiba mais
A questão da saída para o mar é motivo de tensão entre o governo do
Chile e Bolívia até hoje. Atualmente, trava-se uma disputa pelos dois
países no Tribunal Internacional de Haia, com a Bolívia solicitando à
Corte Internacional uma decisão que force o governo chileno a iniciar
negociações para solucionar essa questão, considerada de grande
importância nacional na Bolívia.
O conflito é permanente, portanto, devido às assimetrias de poder na
disputa pelos territórios – não só na conquista e manutenção, mas na
resistência – do que resulta serem desconstruídos, deformados,
transfigurados ou extintos. De maneira geral, se diz que o território
encarna “o conflito social [que] é um conflito territorializado” (ZIBECHI,
2015).
Também importante é outro conflito que envolve duas nações, por um
território e, nesse caso, estamos falando das Ilhas Malvinas (ou Ilhas
Falkland, para os ingleses). O arquipélago fica a quase 500km da costa
argentina, mas foi ocupado pelos ingleses primeiro, ainda no século XIX,
quando teve início o Império Britânico. Com o processo de
descolonização e a busca de novas áreas, a Argentina "entendeu" que as
ilhas fazem parte do seu território e as reivindicou.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A Guerra Fria foi um conflito político-ideológico travado entre
Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS), entre 1947 e 1991.
Duas organizações militares foram fundadas pela União Soviética e
pelos Estados Unidos com o objetivo de garantir alianças dentro da
lógica bipolar que o mundo vivia durante a Guerra Fria. Quais são
elas?
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A Otan e o Pacto de Varsóvia nunca travaram um conflito militar
direto, mas fizeram o mundo refém de suas trocas de ameaças por
mais de três décadas. Abastecidas pela obcecada corrida
armamentista da Guerra Fria, as duas organizações simbolizaram o
perigo mais imediato de uma guerra entre Estados Unidos e União
Soviética. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)
surgiu primeiro, em 1949, para lutar contra a expansão do
comunismo e retaliar qualquer ataque soviético contra seus países-
membros. A resposta da URSS veio em 1955 com o Pacto de
Varsóvia, apoiado pelos países do bloco socialista e criado nos
mesmos moldes da rival.
Questão 2
O Essequibo é uma área que dispõe de uma série de recursos
naturais, como ouro, bauxita, urânio, potencial hidrelétrico e, em seu
oceano próximo, petróleo. A região está localizada em qual
continente?
A ONU e Otan.
B Pacto de Varsóvia e ONU.
C Pacto de Varsóvia e Otan.
D ONU e OEA.
E Conselho de Segurança e Otan.
A América
B África
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Parabéns! A alternativa A está correta.
A Venezuela e a Guiana, na América do Sul, atualmente disputam o
controle de uma rica e vasta região entre os dois países – a Guiana
Essequibo. Esse litígio está relacionado ao estabelecimento há
mais de 100 anos das fronteiras que dividem os dois países e que
foram demarcadas segundo interesses econômicos da Coroa
britânica.
3 - Questões territoriais na Ásia e na África
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os principais problemas territoriais na
Ásia e na África.
Árabes e israelenses
C Ásia
D Oceania
E Antártica
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Os países da África e da Ásia foram, em sua maioria, os últimos a
passarem pelo processo de descolonização e se tornaram
independentes, ao menos politicamente, apenas no século XX, com o
enfraquecimento econômico e bélico das potências europeias durante a
Segunda Guerra Mundial.
Na Ásia, o principal ponto de conflito está localizado
no Oriente Médio, mais precisamente no confronto
entre árabes e israelenses.
Judeus israelenses e árabes palestinos querem a mesma terra. Embora
judeus e árabes muçulmanos datem suas reivindicações à terra há
alguns milhares de anos, o atual conflito político começou no início do
século XX.
Os judeus que fugiam da perseguição na Europa queriam estabelecer
uma pátria nacional no que era um território de maioria árabe e
muçulmana no Império Otomano e depois no Império Britânico. Os
árabes resistiram, vendo a terra como sendo deles por direito. Um plano
inicial das Nações Unidas para dar a cada grupo parte da terra falhou, e
Israel e as nações árabes vizinhas travaram várias guerras pelo
território. As linhas de hoje refletem amplamente os resultados de duas
dessas guerras, uma travada em 1948 e outra em 1967.
As nações árabes iniciaram quatro guerras contra Israel:
Soldados defendendo Katamon em Jerusalém, 1948.
1948 – Guerra da Independência
Ocorreu após a formação de Israel e mobilizou alguns países
da Liga Árabe, como Egito, Iraque, Jordânia, Líbano, Síria e
Arábia Saudita.
Consequência: aumento territorial de Israel e expulsão de
quase um milhão de palestinos das terras conquistadas.
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Fumaça de barris de petróleo atingidos durante o ataque anglo-francês em PortoSaid, 1956.
1956 – Guerra de Suez
Invasão do Egito por forças militares Israelenses apoiadas por
franceses e ingleses e ocupação temporária da Faixa de Gaza e
da região do Sinai. O conflito era contrário aos interesses das
superpotências (EUA e URSS), o que promoveu a devolução
dos territórios anexados.
Consequência: criação da Organização para a Libertação da
Palestina (OLP) e Al Fatah e enfraquecimento geopolítico de
Israel.
Coluna israelense avança no Sinai, 1967.
1967 – Guerra dos Seis Dias
Ações militares do Egito, Jordânia e Síria contra Israel, cujas
forças responderam à brutalidade rapidamente (em 6 dias)
Consequência: conquista de Jerusalém Ocidental, Cisjordânia,
Península do Sinai e Colinas de Golã, por Israel.
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Tanques israelenses cruzam a regiao dos lagos Amargos em direção à cidade de
Ismaília, 1973.
1973 – Guerra do Yom Kipur
Resultante de um ataque surpresa conduzido por egípcios e
sírios contra Israel, no Sinai e em Golã, para reconquistas dos
territórios perdidos.
Consequência: m anutenção das terras conquistadas por
Israel, mas, em 1979, houve a devolução do Sinai aos egípcios.
Você reparou que o tempo todo estivemos falando sobre conquista
territorial? Como já dizia Friedrich Ratzel, há a preocupação com a
presença de recursos ou, atualmente, podemos nos referir às vantagens
estratégicas, seja na forma de exploração de um recurso (petróleo ou
água, por exemplo) ou na localização de uma passagem de navios ou
tropas.
O Sinai é conhecido pelas ricas reservas petrolíferas (e de ouro) e, além
disso, ocupa uma posição estratégica que une dois continentes – África
e Ásia – separando também dois mares – o Mediterrâneo e o Mar
Vermelho, que juntamente com o Golfo Pérsico servem de canais de
circulação de petroleiros.
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As Colinas de Golã faziam parte da Síria e eram muito utilizadas como
base militar para bombardear comunidades no Estado judeu. Ainda nos
dias de hoje, servem de zona “tampão” entre Israel e Síria e este país
tem reivindicado o trecho territorial com veemência, primeiro com
guerra, e, mais recentemente, em repetidas conversações de paz.
Por sua vez, a Cisjordânia contém o vale do rio Jordão, que é
considerado estrategicamente importante, pois abriga muitos interesses
comerciais de Israel. É uma região rica em água, coisa rara no Oriente
Médio, e contém grandes assentamentos judaicos, onde a moradia é
mais barata, subsidiada pelo governo israelense.
Um grande problema territorial, resultante desse
conflito, é a situação da Faixa de Gaza, sob controle de
Israel, mas que é ocupada predominantemente por
palestinos.
Atualmente, é uma região densamente povoada e com indicadores
socioeconômicos baixos, demonstrando a pobreza da população que
mora no lugar. A economia da Faixa de Gaza, assim como a sua
infraestrutura, foi duramente atingida pelos recorrentes conflitos
militares que ocorrem na região. A Faixa de Gaza é dominada pelo grupo
extremista Hamas.
A situação na Faixa de Gaza
atualmente
Neste vídeo, são analisadas as causas e consequências das ações
violentas praticadas no território da Faixa de Gaza. Assista!

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Os curdos
Na região, outra questão territorial e com ideais separatistas está
relacionada ao povo curdo, que corresponde a uma nação sem estado.
Nesse caso, vamos tratar de três conceitos caros à geopolítica:
Nação
União de um mesmo povo com um sentimento de pertencimento
e de união entre si, compartilhando um conjunto mais ou menos
definido de culturas (como práticas sociais, idiomas, culinária e
língua). Na Catalunha, há uma nação (os catalães) que vive
dentro do Estado-nação espanhol. Eles não têm seu próprio
"chão", assim dizendo.
Estado
Conjunto de instituições que controlam e administram uma nação
ou país e o seu ordenamento jurídico, ou seja, é uma definição de
ordem jurídica. O Brasil, por exemplo, tem a Constituição Federal,
leis ordinárias, medidas provisórias, decretos, resoluções,
portarias e toda uma hierarquia jurídica.
Estado-nação
Constituído por uma massa de cidadãos que se considera parte
de uma mesma nação e que tem limites definidos e território,
onde eles assumem um domínio, ou seja, exercem o poder.
Os curdos formam uma nação, ou seja, um grupo étnico descendente de
um reino mesopotâmico (ou medo-persa), que estava localizado no
atual território de países como Turquia, Armênia, Azerbaijão, Iraque, Irã e
Síria. Veja na figura o que se conhece como Curdistão.
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Eles não são árabes, são curdos, embora professem a religião islâmica.
Eles guardam cultura em comum, por isso, uma nação, mas não têm um
Estado-nação e não têm soberania sobre um recorte territorial. E não
interessa aos líderes de nenhum dos países que estão morando ceder
uma parte do território para eles exercerem a sua soberania. Muito pelo
contrário, buscam desmobilizá-los, reduzir a importância do grupo como
nação e, por isso, impedem a comemoração de datas nacionais ou o
ensino da língua curda nas escolas.
No sentido de resistir contra as duras repressões, os curdos organizam-
se em grupos que buscam uma atuação mais política (no senado e nos
congressos), mas existem alguns grupos armados ligados ao Partido
dos Trabalhadores Curdos (PKK), reconhecidos pelas suas ações
terroristas para chamar a atenção da opinião pública para a questão
curda.
A China
A questão mais contundente na evolução da questão territorial na Ásia
diz respeito ao expansionismo chinês da atualidade. É fato que o país
está nos holofotes do mundo por conta de sua guerra comercial com os
Estados Unidos, que acusam o país do seu apetite comercial.
É sempre bom lembrar que os Estados Unidos cresceram
territorialmente falando a partir de Guerra com índios ou vizinhos
texanos. Atualmente, utilizam-se de várias estratégias para reduzir a
influência da China em seu próprio quintal, o Sudeste Asiático.
E se a China é a segunda maior potência econômica do planeta, muito
se deve às práticas comerciais do Ocidente e, especialmente dos
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Estados Unidos. Era fácil colocar uma indústria em um país com
vulnerabilidades na legislação trabalhista e ambiental, que impõe o
autoritarismo e ainda oferece condições para a alocação industrial (com
subsídios e impostos mais baratos).
Custo produtivo pequeno = altas margens de lucros
Mas, sim! Sem participação de grandes guerras na atualidade, a China
tem aumentado o seu poder econômico e desenvolvendo uma política
expansionista que fala muito sobre uma de suas principais
características: o não militarismo.
Comentário
São conhecidas as diferenças entre a ética confucionista e protestante.
A civilização chinesa não é, nem foi, militarista nem expansionista. Se o
fosse teria conquistado os territórios vizinhos. A Austrália não teria sido
colonizada por potências europeias. Mas não o fez. Não por
incapacidade militar, mas por peculiaridades culturais. Ao contrário dos
EUA, que quando confrontados com um desafio estratégico privilegiam
o emprego da força militar, os chineses evitam as opções militares. A
China não recorrerá aos meios militares como primeira expressão de
poder, como está bem evidente no “White Paper” de 2019, onde se
prioriza a salvaguarda da soberania e da integridade territorial nacional
(BRANCO, 2020).
Recentemente, a China tem se utilizado da violência, sim, embora
pontualmente. Sem contar a questãodo autoritarismo de uma ditadura
que, seja capitalista ou comunista, causa repressão, violência e morte
de ideias e valores fundamentais democráticos.
A China ainda está trabalhando para redesenhar as fronteiras do
Himalaia quase sete décadas depois de engolir o Tibete, uma ação que
levou à ocupação do planalto Aksai Chin, do tamanho da Suíça, e mais
recentemente, Doklam.
Na imagem, observe a região indicada pelo número 1, que representa
aproximadamente o Planalto do Tibet, um recorte espacial, cuja
população lutou bravamente pela independência, durante grande parte
de sua história.
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Mapa do território chinês, com destaque para a região do Tibet.
A história tibetana está focada principalmente na história do budismo e
no papel central que essa religião tem desempenhado no
desenvolvimento das culturas tibetanas, mongóis e manchus e dos
próprios monges budistas.
De fato, entre 1912 e 1951, os tibetanos puderam se autogovernar, mas
foram dominados pelos exércitos de Mao Tse Tung, que promoveu a
Revolução Chinesa, em 1949, e logo depois rumou para o oeste
planáltico chinês.
Aksai Chin, definida pelo número 2 na imagem, entre Índia e China,
anexada pela China durante o curto conflito sino-indiano, em 1962, é
uma região da Caxemira que é uma extensão sudoeste do Planalto do
Tibete, com um relevo montanhoso, de difícil acesso e grandes belezas
paisagísticas.
Aksai Chin se tornou, então, parte da estratégia de expansão de fronteira
favorita de Pequim. A estratégia está sendo chamada de “fatiar salame”,
que envolve uma progressão constante de ações, sem grandes guerras,
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que camuflam a estratégia do ataque, como defesa, e fazem a China
mudar de tamanho, expandindo o seu território.
Recentemente, o território de Doklam foi ocupado rapidamente pela
China. Doklam é um pequeno planalto no Butão, que os chineses
afirmam ser parte do seu próprio país. Na imagem, a região corresponde
ao número 3.
O Butão não possui relações diplomáticas formais com Pequim, e
acionou a Índia para discutir a situação com a China. Ao final da
intervenção indiana, a situação não mudou e a China tem ocupado
militarmente esse pequeno recorte espacial.
Não podemos esquecer do Mar da China, que envolve um conjunto de
interesses por conta das reservas petrolíferas e as múltiplas
possibilidades comerciais, com seus inúmeros portos. Os norte-
americanos acusam a China de expansionismo, mas estavam nessas
águas muito tempo antes da China.
O governo chinês adota como posição oficial os direitos históricos
sobre a região, e argumenta que as atividades dos chineses no Mar do
Sul datam de mais de 2 mil anos.
A narrativa dominante ocidental se
concentra no expansionismo da
China sobre os vizinhos fragilizados.
No entanto, as evidências são, na
verdade, de ostensiva presença
militar estadunidense na região,
bem como de grande disparidade
temporal entre a primeira
construção de estruturas chinesas
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nos territórios reivindicados nas
ilhas Spratly, que se deu apenas no
final de 2013, e aquelas construídas
anteriormente pelos demais
contendores.
(PAUTASSO, 2021, n. p.)
As várias Áfricas no continente
africano
No continente africano, a maior motivação dos conflitos está associada
à chegada dos europeus e à forma como a África foi dividida, sem
respeitar as diferenças étnicas entre os povos que lá viviam. Durante a
colonização, a Conferência de Berlim serviu de ponto de partida para a
ocupação africana, pelos europeus, que sugaram suas riquezas e
comandaram a sua divisão política.
Abaixo, uma imagem que mostra, de um lado, a organização dos
diferentes grupos étnicos e do outro, a organização dos países atuais.
Ao serem agrupados de forma desordenada e sem analisar a estrutura
social, cultural e religiosa, promoveu-se uma grande instabilidade em
vários pontos da África.
Organização étnica e política da África.
Apesar dos esforços de várias partes interessadas para estabelecer
uma África pacífica, os conflitos armados continuam em partes do
continente. Das guerrilhas ideológicas, houve a passagem para conflitos
atuais, motivados por perspectivas de poder político ou ganho
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financeiro, com grupos armados lutando para adquirir valiosos recursos
minerais, afirmar sua ideologia ou resolver problemas pontuais.
Desde 2020, a insegurança ainda persiste em alguns lugares
específicos. Vamos entender os motivos.
Sudão e Sudão do Sul
Você sabia que o Sudão do Sul é o mais novo Estado-nação da África? O
país tornou-se independente em 2011, após a sua separação do Sudão,
através de um processo democrático (urnas eleitorais).
Um dos fatores que gerava conflitos históricos entre essas nações era a
questão religiosa, uma vez que a população do sul do Sudão era
majoritariamente composta por cristãos e animistas, enquanto o Norte
possui maioria islâmica. Havia muita desavença, conflitos e violência
continua.
Mas é o petróleo que aumenta as tensões, uma vez
que ambos os países dependem economicamente do
recurso natural e, na separação, as regiões de maior
abundância ficaram com os sul-sudaneses.
Mas como escoar essa produção energética sem ter relações
comerciais com o vizinho Sudão? Na imagem, observe a localização das
reservas petrolíferas (em azul) e onde estão os canais de exportação do
petróleo, construídos quando o Sudão era um só país e escoava o
recurso energético para o mundo, através do mar Vermelho.
China e Estados Unidos, com grandes demandas energéticas, têm se
mobilizado para resolver esse imbróglio, lançando mão da diplomacia
para colocar ambas as nações na mesa de negociações.
Dica
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Procure na internet um trabalho muito interessante de André Valente
Maia e Silvia Ferabolli, ambos da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS), sobre o assunto, intitulado O petróleo como elo entre o
Sudão do Sul e a China.
O deserto do Saara
Outra questão territorial preocupante diz respeito ao problema entre o
Marrocos, o Saara Ocidental e a Argélia.
Na teoria, o Saara Ocidental ainda é uma colônia espanhola, já que o
tratado de independência nunca foi assinado. Quando os europeus
deixaram o local, dividiram o território entre a Mauritânia e o Marrocos,
pedindo que a população fosse consultada sobre o destino do país, o
que nunca aconteceu. "A Espanha transferiu ilegalmente o território para
o Marrocos", explica Rodrigo Duque Estrada. A Corte Internacional de
Justiça emitiu um parecer consultivo dizendo que não havia laços de
soberania suficientes que justificassem a anexação do território tanto
pelo Marrocos quanto pela Mauritânia. O rei Hassan II do Marrocos não
aceitou o parecer e invadiu o território militarmente em outubro de 1975
(SANZ, 2018).
Tropas saarauís, no Saara Ocidental, celebrando o 32º aniversário da Frente Polisario, 2005.
O Saara Ocidental tornou-se protetorado da Espanha em 1884 e desde a
segunda metade do século passado o Marrocos demonstra interesse
por esse trecho de terra desértica, mas os nativos (o povo saarauí) não
desejam a união com o vizinho Marrocos. Para lutar a favor dos seus
interesses, foram formados grupos de resistências treinados pela
Argélia, a exemplo do famoso Frente Polisário. O substrato desértico da
região é rico em fosfato, o que aguça os interesses dos vizinhos.
O Saara foi anexado pelo Marrocos em 1974, ato que nunca chegou a
ser reconhecido pelas NaçõesUnidas. Em 2020, os Estados Unidos
reconheceram a presença marroquina no Saara Ocidental, em uma parte
do acordo para que o Marrocos reconheça Israel como um país
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soberano, no Oriente Médio. Essa ação abre espaço para que Israel
também reconheça a soberania territorial do Marrocos. Em 2022, foi a
vez da Espanha apoiar a posição marroquina para esse território.
Religião e cultura
Outra situação que merece atenção na África atual diz respeito à
questão cultural. A religião islâmica foi introduzida na África no século
VII, através do Egito, que logo conquistou o reino cristão da Núbia,
iniciando o seu alargamento a todo o norte do continente e, atualmente,
avançando em direção ao sul.
Diferentemente do que muitos afirmam, o Alcorão não prega a
violência. Os que o utilizam com esse propósito fazem suas
interpretações para justificar seus atos. A própria palavra “islã” vem
da raiz árabe salam, que significa “paz”. A saudação islâmica
“salamaleico” significa “Que a paz esteja com você”.
O fundamentalismo não é parte oficial do islamismo. O que ocorre é que
alguns grupos interpretam que a religião deve ser seguida estritamente
e tentam impor essa visão à sociedade. Assim como grupos
fundamentalistas islâmicos como a Al Qaeda, o Boko Haram e o Estado
Islâmico, há grupos fundamentalistas também no judaísmo, como o
Kach Kahane Chai e no cristianismo, como Christian Voice (Voz Cristã),
da Inglaterra.
O problema é que os fundamentalistas islâmicos têm prosperado no
continente, aproveitando-se do desemprego, da pobreza, da
manipulação por líderes religiosos extremistas e da falta de consciência
dos autênticos ensinamentos do Islã. O crescimento do jihadismo tem
acontecido em países no entorno do Deserto do Saara, onde grande
parte da população vive na mais absoluta pobreza, como é o caso do
Mali e Burkina Faso.
Atividade jihadista no Sahel, região de Burkina Faso, 2021.
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Em 2021, o Mali sofreu um golpe militar. Em 2022, foi a vez de Burkina
Faso. O fracasso de governos em conter avanço jihadista sedimentou
bases para golpes militares nesses lugares. Boa parte da população,
desesperada pela magnitude da violência jihadistas (através do grupo
al-Qaeda no Magrebe Islâmico – AQMI), saúda a chegada dos militares
ao poder.
Saiba mais
Conflitos, pobreza, crime organizado e extremismo coexistem nessa
faixa de 5 mil km que atravessa o continente, indo do oceano Atlântico,
a oeste, ao mar Vermelho, no leste, e serve como transição entre o
deserto do Saara e a savana africana. Mar Pichel, em seu artigo
disponível no portal da BBC, Cinturão do Sahel, o esconderijo de
jihadistas na África que preocupa cada vez mais a Europa debate a
situação.
Na África subsaariana, existem vários grupos terroristas em atuação,
mas entre eles dois se destacam: Boko Haram e Al-Shabab, que são
muito ativos e extremamente violentos.
Boko Haram em ação na Nigéria, 2020.
O Boko Haram surgiu na Nigéria, onde a população sofre com inúmeros
problemas sociais, com a ausência de serviços públicos como moradia,
alimentação, saúde e educação. O Norte nigeriano é mais muçulmano e
o Sul é mais cristão. Esse cenário é o palco de atuação do Boko Haram,
que tem como principal vítima a população cristã do país.
O outro grupo famoso é a Al-Shabab, que age principalmente na
Somália, mas suas atividades se desdobram em direção a países
próximos, como Quênia e Etiópia.
Eles possuem também conexões com redes mais conhecidas
internacionalmente, como o Al Qaeda e o Estado Islâmico. Dessa forma,
Al-Shabab é filiado à rede Al Qaeda, enquanto o Boko Haram jurou
fidelidade ao Estado Islâmico. São conexões internacionais repletas de
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simbolismo e com alguns resultados práticos, que ampliam a
capacidade de atuação desses grupos no continente africano.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(Adaptada de Unoesc – 2010) A criação do Estado de Israel em
1948 traz à tona a emergência dos conflitos latentes entre árabes e
judeus; em 1949, inicia-se a primeira guerra árabe israelense, com a
vitória de Israel e a ampliação de seu território. A questão palestina
está longe de acabar, esse conflito fez surgir vários grupos que
lutam contra o Estado de Israel, às vezes se utilizando de atentados
à bomba em vários locais de concentração de judeus e seus
aliados. A Faixa de Gaza sempre foi um local de disputas entre as
partes envolvidas. Quem controla atualmente essa região?
Parabéns! A alternativa C está correta.
O Hamas é entendido como uma organização nacionalista
palestina e islamista que está sediada na Faixa de Gaza desde a
década de 1980, quando surgiu.
Questão 2
A Jihad Islâmica
B Al Qaeda
C Hamas
D Hezbollah
E Boko Haram
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(Adaptado de VUNESP – 2012) Leia o trecho de um texto de
Cristina Krippahl, publicado no portal DW em 9 de julho de 2021:
“A euforia após a independência do Sudão, a 9 de julho de 2011, foi
grande, mas de curta duração. Menos de um ano e meio depois, o
país mergulhou numa brutal guerra civil, que ceifou quase 400.000
vidas. Mais de 2 milhões de um total de 11 milhões de sul
sudaneses tiveram de fugir das suas casas. Atualmente, dois terços
da população dependem de ajuda humanitária no país rico em
recursos naturais”.
O referendo sobre a independência do Sudão do Sul foi realizado
em 2011. A quase totalidade dos eleitores votou pela separação do
sul do Sudão. Assinale a alternativa que caracteriza corretamente o
novo Estado africano.
Parabéns! A alternativa D está correta.
O Sudão do Sul é um país rico em petróleo, tendo as terceiras
maiores reservas de hidrocarbonetos da região subsaariana.
Campos ricos em hidrocarbonetos ligados por oleoduto à costa do
mar Vermelho. O controle dessas importantes jazidas levou, depois
de uma guerra prolongada, à partição do Sudão em Sudão do Sul e
República do Sudão em 2011. Desde o Dia da Independência, o
Sudão do Sul mergulhou em uma guerra civil pelo petróleo.
A
É exportador de carne bovina e sua forma de
governo é a monarquia.
B
Há baixa mortalidade infantil e a maioria da
população vive nos centros urbanos.
C
Sofre carência de reservas hídricas e economia é
concentrada na extração de diamantes.
D
É rico em petróleo, mas a maioria da população está
abaixo da linha da pobreza.
E
É exportador de cereais e a maioria de sua
população é muçulmana.
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Considerações �nais
O conceito de território é importante fonte de conhecimento para a
compreensão da complexidade dos conflitos existentes em diferentes
continentes. No Velho Mundo, os resultados territoriais das disputadas
da Primeira e Segunda Guerra ainda estão marcados nos conflitos
atuais. Na América Latina, na África e na Ásia, os resultados do
colonialismo — a violência e a pobreza — somam-se aos fatores
históricos para o entendimento das ameaças globais terroristas e de
base ideológica.
Podcast
Ouça este podcast sobre questões territoriais associadas às
manifestações culturais e aos núcleos urbanos.

Explore +
O conceito de território é muito caro à geografia e tem sido incorporado
nos estudos de diferentes áreas do conhecimento, como história e
relações internacionais. 
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Leia o trabalho de um importante analista sobre a questão, o geógrafo
Marcelo Lopes de Souza, que escreveu o artigo O território: sobre o
espaço e poder, autonomia e desenvolvimento, disponível no livro de Iná
Elias de Castro, Paulo Cesar da Costa Gomes e Roberto Lobato Correa,
Conceitos e temas. 
Leia o artigo Espaço, poder e nação: a constituição do estado-nação
contemporâneo no mundo e no Brasil, de Marcelo Garcia Antunes, que
discute o conceito de Estado-nação sob o viés da desconstrução de
seus elementos fundamentais constitutivos, que são o território, o
Estado e o povo.
O canal Nerdologia no Youtube apresenta os principais motivos para o
desmantelamento da União Soviética e suas consequências para o
mundo globalizado atual. Procure pelo vídeo intitulado Fim da URSS |
Nerdologia.
Referências
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2007. 
BRANCO, C. O “expansionismo” chinês. Jornal Económico, 14 maio
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espaço geográfico através das categorias: lugar, paisagem e território.
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13/03/2024, 16:55 Conflitos e territórios na atualidade
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considerações sobre o programa das Unidades de Polícia Pacificadora
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