Buscar

IanCrofton-OPequenoLivroDaGrandeHistoriaMundo-141-230-píginas-87

Prévia do material em texto

resultado	foi	a	guerra	civil	e	a	execução	do	rei,	em	1649,	por	traição	contra	o	seu
próprio	povo.
Foram	 o	 caos	 e	 o	 derramamento	 de	 sangue	 da	 Guerra	 Civil	 Inglesa	 que
levaram	Thomas	Hobbes	a	publicar	o	livro	Leviatã	em	1651,	propondo	a	ideia	de
um	 contrato	 social	 entre	 governante	 e	 governado.	 Para	 os	 seres	 humanos	 em
“estado	 de	 natureza”,	 argumentou	 Hobbes,	 a	 vida	 era	 “solitária,	 pobre,
desagradável,	brutal	e	curta”.	Para	evitar	essa	barbárie,	os	humanos	se	reuniram
e	concordaram	com	um	contrato	social	pelo	qual,	em	troca	de	proteção,	abriam
mão	de	alguns	direitos	para	uma	autoridade	absoluta.
Isso	implicava	que,	se	a	autoridade	absoluta	não	cumprisse	com	o	seu	lado	no
acordo,	as	pessoas	tinham	o	direito	de	substituí-lo.	Isso	foi	explicado	na	versão
do	 contrato	 social	 proposta	 por	 outro	 filósofo	 inglês,	 John	 Locke,	 em	 Dois
tratados	 sobre	 o	 governo	 (1690).	 Ele	 alegava	 que	 o	 governo	 só	 é	 legítimo
quando	 tem	o	 consentimento	 dos	 governados.	O	Estado	 garante	 a	 preservação
dos	 “direitos	 naturais”	 dos	 cidadãos,	 especificamente	 a	 vida,	 a	 liberdade	 e	 a
propriedade.	 Se	 o	 governo	 rompe	 esse	 contrato	 social,	 então	 o	 povo	 pode
escolher	 outro	 governante	 –	 um	 argumento	 empregado	 pelos	 revolucionários
norte-americanos	 de	 1776,	 que	 decidiram	 substituir	 um	 rei	 britânico	 por	 uma
república	independente.
Uma	terceira	versão	do	contrato	social	foi	escrita	pelo	filósofo	francês	Jean-
Jacques	Rousseau	em	seu	livro	O	contrato	social	(1762).	Rousseau	contestava	o
princípio	do	governo	representativo	encontrado	na	monarquia	constitucional	da
Grã-Bretanha	e	afirmava	que	a	liberdade	só	poderia	existir	quando	o	povo	como
um	 todo	estivesse	diretamente	envolvido	na	elaboração	das	 leis,	o	que	deveria
expressar	 a	 “vontade	 geral”.	 Em	um	Estado	 pequeno,	 isso	 pode	 ser	 alcançado
por	meio	da	democracia	direta,	mas,	em	Estados	maiores,	Rousseau	alegou	que	a
vontade	geral	exigia	a	orientação	de	um	governo	forte.	No	entanto,	uma	vez	que

Continue navegando