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65 A INTERSEÇÃO ENTRE A MATEMÁTICA E ARTE NO CONTEXTO HISTÓRICO

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A INTERSEÇÃO ENTRE A MATEMÁTICA E ARTE NO CONTEXTO 
HISTÓRICO 
A Arte e a Matemática têm uma longa história entrelaçada, remontando 
aos primeiros registros deixados pelo homem pré-histórico em cavernas que 
serviram como refúgio contra as adversidades naturais. Estes registros, que 
talvez tenham anunciado o surgimento da Arquitetura, incluíam representações 
de paisagens e animais, bem como a escultura de marcas em ossos, 
simbolizando os animais capturados. Através dessas expressões, o homem 
primitivo deu início à sua jornada em busca de ordenar e compreender o mundo 
ao seu redor, utilizando tanto a Arte quanto a Matemática como ferramentas 
fundamentais. 
De acordo com Gombrich (1995), é possível que os caçadores primitivos 
acreditem que criam imagens de suas presas e, em alguns casos, destruamo-
las com lanças e machados de pedra, poderiam submeter os animais reais à sua 
dominação. Essa é, sem dúvida, uma conjectura, mas ela se baseia no 
comportamento observado em povos primitivos cujas produções artísticas estão 
intrinsecamente ligadas ao poder das imagens. Essas sociedades utilizavam 
ferramentas de pedra para esculpir representações mágicas de animais. 
 
À medida que surgiam armas e roupas confeccionadas a partir de pedras, 
ossos e madeira, muitas vezes decoradas após a conclusão, uma interação entre 
formas, tamanhos e dimensões começou a se manifestar juntamente com 
símbolos e padrões. Ao longo da história da humanidade, a Arte e a Matemática 
ajudaram a desempenhar papéis essenciais na organização e na explicação das 
conquistas culturais. 
Segundo Karlson (1961), desde o início de sua jornada na Terra, o ser 
humano recorreu à Matemática, envolvendo-se em cálculos e medidas. Quando 
caçavam animais, dividiam-nos em partes iguais, dando origem às noções de 
frações. Ao medir pedaços de pele e comparar comprimentos, buscamos 
desenvolver noções de maior e menor. À medida que fabricavam vasos, 
estabelecemos padrões de medidas e realizamos as primeiras determinações 
de volume. Embora haja muitos exemplos dessas práticas, elas ainda não tinham 
alcançado um estágio de formalização consciente. 
Em culturas antigas, encontramos ornamentos geométricos que sugerem 
que as mulheres que os realizam podem ser consideradas as primeiras 
matemáticas do planeta. A transição de objetos produzidos com um propósito 
importado para um espaço de puras, impulsionada por motivações formas 
estéticas, representa um dos movimentos mais importantes na direção à 
integração da Matemática nas atividades humanas. 
 
Conforme César Nunes (1993) relata, na Grécia Antiga, Pitágoras se 
autodenominava "philosophos", um termo que se traduz como "amigo do saber" 
ou alguém que busca a sabedoria. Para Pitágoras, essa designação era uma 
maneira modesta de expressar sua busca para compreender o mundo em sua 
época. “Philos” e “sophia” significam, respectivamente, “amigo” e “sabedoria”, e 
quando combinados, deram origem à palavra “filosofia”. 
Na antiguidade, os gregos se empenharam em desvendar as questões 
relacionadas à existência humana, à natureza, à sociedade e à origem da 
humanidade e da cultura grega. Além disso, buscamos fundamentadas as 
dinâmicas sociais e políticas que prevaleceram na Grécia. Nessa fase inicial, os 
gregos recorriam a explicações mitológicas para compreender o universo e a 
realidade ao seu redor. 
Esses mitos foram concebidos de forma a refletir características 
semelhantes à vida cotidiana da época, incluindo os modos de vida e as relações 
interpessoais. Consequentemente, esse estágio inicial da cultura grega era 
caracterizado por sua natureza primitiva, rural, tribal e profundamente enraizada 
na mitologia. 
Início do período da filosofia 
A Filosofia emergiu como uma ocorrência ao pensamento mitológico, à 
medida que um período de prosperidade deu origem a uma classe de 
interferência com poder. Essa classe tinha a intenção de desafiar as estruturas 
mitológicas que haviam mantido a aristocracia rural em destaque. 
A Filosofia grega tinha como foco o estudo dos elementos constituintes 
das coisas. Conforme destacado por Benedito Nunes (2006), os primeiros 
filósofos se dedicaram à investigação da natureza com o objetivo de encontrar 
um princípio estável que fosse comum a todos os seres, proporcionando uma 
explicação para sua origem e transformações. Esses pioneiros, desde Tales até 
Anaxímenes, receberam uma denominação de "físicos" ou "fisiologoi" por 
Aristóteles. Eles estabeleceram uma tradição de estudo da Natureza, que foi 
posteriormente desenvolvida com profundidade por pensadores como Heráclito, 
Parmênides, Pitágoras, Empédocles, Anaxágoras e Demócrito.

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