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O DECLÍNIO DA FILOSOFIA, O SURGIMENTO DO CRISTIANISMO E DA ARTE O estágio derradeiro da Filosofia Grega é conhecido como “decadente”, coincidindo com o declínio da civilização grega. As correntes filosóficas desse período não podem ser equiparadas ao período clássico, pois não introduziram conceitos inovadores. Um filósofo notável desse período é Plotino (205-270 dC), cujo pensamento, de acordo com César Nunes (1993), incorporou elementos do pensamento platônico e acrescentou uma dimensão mística por meio do conceito de Nóus, que ele via como a inteligência organizadora do mundo, a ideia de um processo de ‘emanacionismo’ divino da matéria. Muitas das teses de Plotino foram posteriormente incorporadas pelo Cristianismo, especialmente a noção de um Deus Providente. Plotino foi o último dos grandes filósofos gregos. A meta da “alma humana”, segundo Plotino, era fundir-se com esse “deus filosófico” por meio da contemplação e êxtase. Para ele, o foco da Filosofia já não era mais uma investigação sobre o mundo (como nos pré-socráticos) ou sobre o homem e a polis (como em Sócrates). Em vez disso, a Filosofia passou a se concentrar na acessível de uma realidade divina e providencial da qual todos emanaram. Como resultado, a transição do monismo grego para o monoteísmo semítico e, posteriormente, para a concepção de um Deus Pai Providente, ocorreu de forma rápida e fluida. O Cristianismo encontrou maiores facilidades entre os gregos, romanos e gentios, que praticavam religiões pagas. Em 313 (d.C.), o Cristianismo foi declarado como religião oficial de Roma. Nesse contexto, o clero surgiu como uma categoria que desenvolveu uma ideologia, conhecida como teologia, para fundamentar sua função como os "pastores das ovelhas de Cristo". Eles formaram alianças com os grupos dominantes da sociedade. Um dos teóricos desse movimento foi Santo Agostinho (354-430), que, em seu livro "A Cidade de Deus e a Cidade dos Homens", propôs a existência de dois líderes para implementar o poder da igreja e do imperador. Ele argumentava que, além do imperador, que tinha autoridade sobre os súditos de Roma, era necessário um papa, o bispo de Roma, para continuar a missão de Pedro. Com esse contexto em mente, podemos analisar a posição da Arte nesse período de transição. Como mencionado anteriormente, Plotino desempenhou um papel fundamental na revitalização do ideal platônico, exercendo grande influência sobre os primeiros pensadores cristãos, incluindo Santo Agostinho. Plotino concebeu uma concepção de uma beleza transcendental, imutável e eterna, que era a razão de ser das coisas belas neste mundo. A elevação à Beleza por meio da Arte, vista como uma atividade espiritual, não difere do conhecimento intuitivo do ser e da contemplação da realidade absoluta. No entanto, os pensadores cristãos entenderam que toda a beleza da criação emana de Deus, e essa beleza, que se origina em Deus, é a única de verdadeira importância. Ela é o elo que um o ser humano ao Criador e não é efêmera como a beleza aparente que se apresenta aos olhos. Isso se refere às obras de arte transitórias.