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EDUCAÇÃO INFANTIL: FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS A educação no Brasil é regida por um vasto conjunto de leis e regulamentações provenientes das esferas federal, estadual e municipal, que estabelecem as bases e o funcionamento do sistema educacional brasileiro. Essas normas compreendem princípios, diretrizes e regras que direcionam a estrutura e a gestão dos sistemas de ensino, bem como o financiamento da educação. Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, a Educação Infantil, que abrange creches e pré-escolas, foi estabelecida como a primeira etapa da educação básica. Essa definição foi reafirmada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394, de 1996, reconhecendo o direito legal das crianças pequenas à educação e a responsabilidade do Estado em atender a essa demanda. Posteriormente, em 2006, houve uma mudança na legislação que tornou obrigatória a educação para crianças de quatro a 17 anos, incluindo a pré-escola. Vale ressaltar que essa obrigatoriedade se refere à faixa etária e não necessariamente ao nível de escolarização, mas enfatiza a importância do ingresso na pré-escola aos quatro anos de idade. Os princípios legais relacionados à Educação Infantil são resultado das conquistas de movimentos sociais que, desde os anos 1970, reivindicaram esse direito como uma necessidade das mães trabalhadoras que precisavam de um ambiente seguro para seus filhos pequenos. Com o tempo, esse direito evoluiu para se tornar um direito das crianças e de suas famílias. A crescente importância da Educação Infantil pode ser justificada por diversos motivos, como as mudanças no papel da mulher na sociedade moderna, transformações nos arranjos familiares, as condições de vida nas cidades, pesquisas científicas que comprovam os benefícios da frequência à pré- escola e o reconhecimento internacional dos direitos das crianças, incluindo o direito à educação de qualidade desde os primeiros anos de vida. Quanto à organização da Educação Infantil, a responsabilidade por sua oferta foi atribuída aos municípios pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394/1996, que distribuiu as competências administrativas entre os níveis de governo. O Plano Nacional de Educação de 2001 reafirmou a responsabilidade compartilhada das esferas de governo e das famílias em relação à Educação Infantil. A transição das creches do âmbito da assistência social, saúde e trabalho para o setor educacional trouxe novos desafios à gestão municipal da educação e ampliou as oportunidades de emprego para professores que atendem crianças com menos de quatro anos. Além disso, a crescente demanda por creches, especialmente nas áreas urbanas, e a persistência do fracasso escolar no ensino fundamental destacaram a importância de investir na oferta e na qualidade da Educação Infantil, cujos benefícios para o desempenho futuro das crianças no ensino fundamental são amplamente reconhecidos pela pesquisa. Impactos da política na educação básica Existem várias políticas voltadas para a educação básica que têm impacto na Educação Infantil, embora não tenham sido originalmente projetadas para esse fim. De acordo com Campos (2010), algumas medidas podem ser identificadas nesse contexto, como a extensão do ensino fundamental para nove anos e a obrigatoriedade da educação para crianças dos quatro aos dezessete anos. Essas medidas não apenas reestruturaram o sistema de educação básica, mas também trouxeram à tona questões históricas não resolvidas na educação brasileira, como a divisão entre creche e pré-escola e os desafios de alfabetização nos primeiros anos do ensino fundamental. Essas questões estão relacionadas ao direito à Educação Infantil e têm um impacto significativo na qualidade das instituições de Educação Infantil e nos primeiros anos do ensino fundamental. Durante a reforma administrativa do Estado nos anos 1990, houve mudanças significativas na autoridade dos governos locais devido ao aumento da parcela de tributos federais transferidos automaticamente aos entes federados. Isso deu aos municípios uma autoridade maior sobre impostos de grande importância, como o Fundef, que impulsionou o processo de municipalização da educação e a priorização do investimento no ensino fundamental. No entanto, essas mudanças tiveram impacto na Educação Infantil. A política de financiamento do ensino fundamental, por meio da criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), parece ter gerado desafios para os municípios no que diz respeito à implementação de suas redes de Educação Infantil, uma vez que 25% de seus orçamentos em educação deveriam ser destinados ao ensino fundamental. Antes da criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) em substituição ao Fundef, a Educação Infantil não contava com recursos especificamente direcionados ao seu financiamento. Isso deixou a maioria dos municípios, que têm a responsabilidade primária de atender a essa etapa educacional, com poucas condições concretas de oferecer e expandir o número de vagas na Educação Infantil. No entanto, a partir da metade da última década, o novo fundo tem contribuído para promover o atendimento à Educação Infantil no país. A Emenda Constitucional nº 53/2006 trouxe mudanças na estrutura da Educação Infantil, determinando que as crianças de seis anos completos fossem matriculadas no ensino fundamental. Essa medida gerou críticas no âmbito da Educação Infantil, mas a discussão se concentrou principalmente na institucionalidade dessa etapa de ensino, resultando em poucos compromissos e preocupações em relação às crianças de seis anos de idade. No ano de 2009, foi aprovada a Emenda Constitucional nº 59/2009, que estabeleceu como princípio a obrigatoriedade do ensino para crianças com idades entre quatro e dezessete anos. Essa medida tornou obrigatória a frequência das crianças de quatro e cinco anos na pré-escola. Três anos após essa aprovação, em 4 de abril de 2013, a obrigatoriedade foi regulamentada por meio da Lei nº 12.796, que modificou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394/1996. Essa lei tratou, entre outros assuntos, da obrigatoriedade da educação básica e gratuita para crianças de quatro a dezessete anos, organizada em pré-escola, ensino fundamental e ensino médio (Art. 4, inciso I). Além disso, estabeleceu o dever dos pais ou responsáveis de matricular as crianças na educação básica a partir dos quatro anos de idade (Art. 6). Além das mudanças legislativas, o Ministério da Educação tem implementado programas e ações federais em todas as etapas da educação básica, desempenhando seu papel na coordenação da política educacional nacional. Nos últimos dez anos, diversas iniciativas foram tomadas para promover mudanças na implementação das políticas municipais de educação. Algumas das ações do governo federal nesse sentido incluem o Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação (Pradime), o Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação (Pró-Conselho) e o
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