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99 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O PAPEL DO GESTOR PÚBLICO NA ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA


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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – O PAPEL DO GESTOR PÚBLICO NA 
ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA 
As primeiras introduções do Serviço Público no Brasil 
Após a Proclamação da República, o funcionalismo tornou-se mais forte, 
colaborando direta e indiretamente com a administração, executando ações que 
movimentaram e impulsionaram os serviços básicos e essenciais de que 
necessitam os cidadãos em suas relações sociais com o Estado, no entanto, não 
existiam regulamentação nem legislação específica ou mesmo denominação 
alguma para os servidores do da República brasileira. 
O serviço público brasileiro surge em 1808, no século XIX, com a chegada 
da Família Real Portuguesa ao Brasil, que com o passar do tempo enxergou a 
importância e cuidados necessários em torno do trabalho administrativo na 
época. Após a Proclamação da República, que acontece apenas em 1889, o 
funcionalismo público ganha um pouco mais de fôlego, mas é somente em 1939 
que é elaborado um documento que começa a olhar para as regras do serviço 
público brasileiro. 
Como relata Regina Coeli, em sua Especialização em Gestão Pública 
(2014), A Constituição de 1988 nasce em um momento político que tinha como 
paradigma a luta entre o comunismo e o capitalismo, consubstanciando-se como 
uma carta de bem-estar social de uma vida mais digna, cujo objetivo é prestar 
ao cidadão as condições necessárias para se viver dignamente, provendo-lhes 
as necessidades básicas. Em relação ao Serviço Público, surgem as principais 
características para sua definição, estabelecendo-se parâmetros para 
determinar o direito público e o privado. O período anterior foi marcado pela falta 
de esteio para o servidor e o ingresso era realizado através apadrinhamento ou 
troca de favores, não havendo a necessidade de concurso público. Só a partir 
da promulgação da Constituição de 88, com a ideia de justiça centrada na 
isonomia de oportunidades para todos, através do art. 37, parágrafos I e II, 
estabeleceu-se o concurso público que, consigo, trouxe mais qualidade ao 
serviço público. 
No brasil depois da Constituição de 1988, para entrar no serviço público, 
salvo as exceções constitucionais, somente acontecerá através de concurso 
público, como mostra o Art. 37 da CF/1988: 
“A administração pública direta, indireta ou 
fundacional, de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência, e, ao seguinte: I – os 
cargos, empregos e funções públicas são 
acessíveis aos brasileiros que preencham os 
requisitos estabelecidos em lei; II – a 
investidura em cargo ou emprego público 
depende de aprovação prévia em concurso 
público de provas ou de provas e títulos, 
ressalvadas as nomeações para cargo em 
comissão declarado em lei de livre nomeação 
e exoneração”. (BRASIL, CF/88.1999, p.40). 
O artigo mencionado anteriormente não se trata somente das formas de 
entrada no serviço público, mas servem nortear o servidor e elencam os 
princípios inerentes à Administração Pública, função é dar unidade e coerência 
ao Direito Administrativo, controlando as atividades administrativas de todos os 
entes que integram a federação brasileira (União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios). Como mostra a CF/1988, dos princípios da legalidade e da 
supremacia do interesse público sobre o particular nascem os demais princípios. 
“O profissional, servidor público, é antes de 
tudo humano e precisa deleitar-se no 
exercício de suas atividades profissionais. 
Esse infelizmente é o investimento mais 
carente no seio da sociedade e do serviço 
público, embora se saiba que não se faz o 
homem apenas com leis, regras e costumes, 
tão pouco com a profissionalização e o 
tecnicismo, apesar destes serem fatores 
importantes em sua formação. É necessário 
investir no Homem, na sua essência, naquilo 
que o faz ser. É necessário criar estratégias, 
permanentes e progressivas, para esclarecer 
a sociedade civil e o próprio servidor, à 
importância a função pública, mostrando o 
porquê de sua existência, necessidade e 
valorização”. (NEGREIROS, UFPB. João 
Pessoa, 2014). 
O que faz um gestor público 
Nos últimos tempos o setor público manifesta a justificável preocupação 
para que se tenha uma gestão cada vez mais qualificada, capaz de responder 
aos desafios quotidianos de suas atribuições, pautando-se sempre pelos 
princípios que norteiam o Direito Público: a legalidade, a impessoalidade, a 
moralidade, a publicidade e a eficiência. 
A Gestão Pública está em evidência, visto o conturbado cenário político e 
econômico do país. A área cresceu vertiginosamente nos últimos 20 anos com a 
busca por eficiência e administração profissional nos órgãos públicos. O gestor 
público é responsável por cuidar de coisas ligadas ao poder público, seja na 
esfera municipal, estadual ou federal. Sob sua responsabilidade podem cair 
atribuições mais amplas ou mais específicas dependendo da formação e da 
experiência do profissional e do setor de sua atuação. 
Conforme artigo publicado no Blog Supremo TV, conservar bens, 
patrimônios e recursos públicos, planejar os projetos das empresas e instituições 
públicas, elaborar políticas públicas, administrar os recursos humanos, entre 
muitas outras atribuições, são atividades realizadas por gestores públicos. 
Mesmo sendo uma profissão orientada aos órgãos públicos, o profissional 
também pode atuar em empresas do segundo e terceiro setor, prestando 
consultorias ou gerindo projetos relacionados à Administração Pública. O gestor 
público pode ainda dar palestras e treinamentos sobre a área e a profissão, 
realizar pesquisas ou produzir conteúdo para veiculação na mídia e em 
publicações importantes do setor. Se o objetivo é dar aulas em faculdades e 
universidades, é necessário ter pós-graduação em Gestão Pública. 
Liderança na gestão pública 
De acordo com Bresser Pereira (1996) a administração gerencial 
desenhou-se nos anos 30, durante a primeira reforma administrativa, perpassou 
a criação do Departamento Administrativo do Serviço Público – DASP e teve 
início no final dos anos 60, na tentativa de superar a rigidez burocrática. 
Marini (1996) aponta, dentre os princípios norteadores do modelo 
gerencial, a valorização do servidor como parte integrante do processo de 
construção do novo modelo, permitindo que atuem de forma participativa, 
empreendedora e criativa, visto que estes são como âncoras do processo de 
construção coletiva do novo paradigma, orientado para o cidadão e realizado 
pelo conjunto dos servidores de forma participativa. 
A atualização dos processos da gestão pública baseada em princípios 
advindos da iniciativa privada, como gerenciamento, liderança e foco em 
resultados ainda é complicado e carece de adequações. 
“Liderança é o processo de influenciar as 
atividades de um grupo organizado em 
direção a realização de um objetivo (Rauch e 
Behling, Yukl, 1998)”. 
De acordo com Ouimet (2002) a liderança pode inclusive estimular os 
colaboradores para uma aplicação mais eficiente dos conhecimentos recebidos 
em sua qualificação profissional, tornando o ambiente de trabalho mais produtivo 
e agradável para todos na organização. 
Na atualidade, tanto em organizações públicas quanto nas privadas, é 
evidente uma maior busca na aplicação dos princípios da liderança, para 
aprimorar o relacionamento interno e com os clientes. 
Rita De Cassia, em seu trabalho de conclusão de curso (UNIPAMPA), 
relata que a liderança, tal qual acontece no setor privado, passou a ser vista 
como fonte de vantagens estratégicas dentro das organizações. A autora afirma 
que quando as lideranças são fortes e se desenvolvem, os liderados tendem a 
ter mais confiança, sentem-se mais engajados e executam suas atividades de 
forma mais eficiente. Sendo assim ela reitera que desta forma, 
identificar/encontrar liderançascapazes de assumir esses papeis parece ser o 
desafio nos tempos atuais. Ainda segundo a autora, com todo esse processo de 
mudanças, diversas competências passam a ser imprescindíveis para um gestor 
público, ao mesmo tempo em que começa a emergir a figura do líder com 
diversos objetivos a serem alcançados. 
Atribuições e responsabilidades na Gestão Pública 
Para Albarello, 2013, o gestor público precisa ter em mente que sua 
atuação deve estar voltada para a qualidade da prestação de serviços, cujos 
objetivos e resultados decorrentes encontram-se relacionados aos interesses 
dos cidadãos. A área pública, ao contrário do setor privado, está sujeita a normas 
estabelecidas em leis e decretos, cujas alterações não se dão nem facilmente, 
nem rapidamente, pois dependem de pactos e negociações de natureza política 
para serem modificadas. Assim, a Administração Pública enfrenta dificuldades 
para resolver, com rapidez, os problemas da sociedade. 
Para Lorenzetti , 2014, para além da observância das questões de ordem 
legal e das boas técnicas aplicadas à gestão pública da saúde, o gestor deve 
agir, também, pelo primado do bom senso e da escuta atenta às necessidades 
e às expectativas dos cidadãos. As estratégias e os serviços precisam ser 
efetivamente centrados nas pessoas, evitando-se a criação e/ou a perpetuação 
de barreiras de acesso, a descontinuidade e a fragmentação da atenção, as 
condições de trabalho inadequadas que geram ineficiência e insatisfação, além 
de contribuírem de modo significativo para o descrédito do sistema público de 
saúde.