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DESCRIÇÃO
Teoria e a prática da governança, do accountability e da ética públicas, aplicadas para o
atendimento ao cidadão e cumprimento das funções constitucionais da administração pública.
PROPÓSITO
Compreender os elementos da gestão pública relevantes para uma boa prestação de serviços
ao cidadão.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer o conceito de governança e sua aplicação na área pública
MÓDULO 2
Definir o que é accountability e os órgãos responsáveis pela sua execução no serviço público
MÓDULO 3
Entender a ética na gestão pública e seus impactos no cotidiano do cidadão e nas funções do
Estado
INTRODUÇÃO
A governança na administração pública é um conceito ainda pouco explorado. Sua introdução
teve maior alcance com as ideias trazidas pelas reformas gerencialistas, desenvolvidas a
partir da década de 1970, inicialmente no Reino Unido e, posteriormente, em vários países.
Essa forma de encarar a gestão pública procura escapar dos problemas típicos da gestão
burocrática do Estado, como a inércia e o excesso de regras e travas legais. A governança é
uma das ferramentas para desburocratização.
Já o accountability (prestação de contas) na administração pública é algo mais antigo. Desde o
fim das monarquias absolutistas, os Estados vêm se modernizando e procurando, cada vez
mais, tornarem-se transparentes em suas decisões e ações para com seus cidadãos. O
accountability possibilita essa transparência e traz as condições para sua implantação e seu
atendimento.
Por fim, vamos falar sobre o outro lado do accountability: a ética na gestão pública. Esse
conceito não representa apenas aderência às regras estabelecidas, mas vai além, trazendo as
noções de responsabilidade social e sustentabilidade para a discussão dentro da gestão
pública.
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REFORMAS GERENCIALISTAS
Se você ainda não estudou as reformas gerencialistas, faça uma busca rápida na
internet! Você poderá achar mais informações procurando pelo artigo Gerencialismo, de
Janet Newman e John Clarke.
MÓDULO 1
 Reconhecer o conceito de governança e sua aplicação na área pública.
O QUE É GOVERNANÇA
Vamos iniciar os nossos estudos entendendo o que é governabilidade.
Governabilidade refere-se às condições sistêmicas mais gerais, sob as quais se dá o exercício
do poder numa sociedade, refletindo as características do sistema político, como a forma de
governo, as relações entre os poderes, o sistema partidário e de intermediação de interesses.
Já a governança é o conjunto de normas e práticas para gerenciamento dos recursos de um
país, sejam econômicos, sociais, naturais, sejam quaisquer outros. O objetivo norteador desse
gerenciamento é o desenvolvimento da sociedade em todas as dimensões relevantes – do
combate à violência à saúde pública, da erradicação da pobreza ao crescimento econômico.
Com esse conceito, podemos dizer que a governança na área pública é fazer o que deve ser
feito, com a melhor técnica possível e com o menor custo e tempo possíveis. A governança é a
busca constante pela eficiência e eficácia na gestão pública.
EFICIÊNCIA E EFICÁCIA
Peter Drucker, o pai da Administração moderna, define os termos eficiência e eficácia:
"A eficiência consiste em fazer certo as coisas: geralmente está ligada ao nível
operacional, como realizar as operações com menos recursos – menos tempo, menor
orçamento, menos pessoas, menos matéria-prima etc.”
"Já a eficácia consiste em fazer as coisas certas: geralmente está relacionada ao nível
gerencial".
Para que essa governança seja concretizada, é necessário que as regras sejam claras e
precisas, além de simples e uniformes para todos, controlando de forma mais universal as
transações sociais e econômicas em um país ao levar em consideração a questão da
igualdade e da isonomia entre os cidadãos.
Para que essa forma de governança seja alcançada, precisamos seguir alguns princípios:
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Imagem: Shutterstock.com
Aderência às regras relevantes.
 
Imagem: Shutterstock.com
Ética em todas as relações, com cortesia e princípios saudáveis.
 
Imagem: Shutterstock.com
Accountability e transparência perante os cidadãos e os órgãos de controle da administração
pública.
ACCOUNTABILITY
Accountability é, em geral, traduzido como “prestação de contas”, mas você encontrará
com mais frequência o termo em inglês. Discutiremos o conceito em detalhe no próximo
módulo.
Todos esses princípios procuram atingir a prática do cotidiano, tratando a gestão pública como
algo a ser desenvolvido com segurança e eficácia, procurando bases sólidas em princípios
éticos e morais.
Todos esses princípios devem balizar as ações dos gestores, demais servidores e empregados
públicos. Dessa forma, o serviço público deve levar à governança uma prática que possa
oferecer grandes ganhos aos cidadãos, melhorando a gestão na área pública.
Esse aprimoramento só é alcançado se forem desenvolvidas ações para o desenvolvimento de
lideranças com integridade, compromisso com o próximo, senso de propósito, responsabilidade
com a coisa pública, busca pela integração das diversas esferas públicas com uma visão
macro e total transparência em cada ação tomada.
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Com essas atitudes, a liderança se torna inspiradora, e pode tornar toda a cadeia de servidores
mais engajada em suas tarefas, além de mais comprometida com seus locais de trabalho e
com toda a gestão pública.
Nesse caso, a governança deve se voltar para o atendimento do cliente, que, na área pública,
é o cidadão. É ele quem utiliza e paga todo o setor público. Por isso, ele deve ser o alvo de
qualquer ação que seja desempenhada dentro da administração pública.
Uma gestão que não tem o cidadão como alvo se perderá em seu olhar para dentro, sem
nunca pensar em seu objetivo final.
A GOVERNANÇA NA PRÁTICA NA GESTÃO
PÚBLICA
A governança na área pública deve ser tratada de forma muito abrangente.
Ela vai desde a gestão eficiente de pessoas até a gestão econômico-financeira, passando pela
gestão das políticas públicas e do enxugamento da máquina estatal.
A reforma gerencialista, trazida por Bresser-Pereira, durante o governo do presidente Fernando
Henrique, procurou implantar essa linha de pensamento na administração pública no Brasil.
Para que a gestão econômico-financeira seja implementada, é necessário um ciclo de
orçamentos e planejamentos de longo, médio e curto prazos, procurando trazer racionalidade e
eficiência à gestão pública. No Brasil, esse ciclo é desenvolvido obrigatoriamente pelos
governos dos diversos entes, obedecendo a uma série de regras constantes em leis esparsas
e, principalmente, na Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2000. Essa lei limitou alguns gastos
públicos, responsabilizando diretamente o gestor público caso as regras não fossem
cumpridas.
Além disso, a Constituição Federal definiu um ciclo de planejamento, composto por:
PLANO PLURIANUAL (PPA)
Um planejamento de quatro anos.
LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO)
Feita anualmente, mas que deve ter relação com o PPA.
LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA)
Prevê as receitas e estabelece os gastos que a administração pública realizará no ano seguinte
à sua aprovação.
Toda essa estrutura procura dar previsibilidade e transparência ao processo de gestão dos
recursos públicos, tratando da forma como os recursos econômicos e financeiros do Estado
serão empregados nas diversas prioridades listadas pela agenda pública.
A governança entra em todo esse processo como uma maneira de gerenciar esses recursos,
de forma eficiente e com foco no cliente, no cidadão.
Se assim for construído, o processo de planejamento do setor público alcançará seus objetivos
e gerará o bem-estar dos cidadãos, retornando em serviços os impostos pagos por eles. Esse
é o objetivo precípuo da administração pública. Cumpri-lo com eficiência e eficácia é o mínimo
que os gestores públicos podem oferecer.
GESTÃO ESTRATÉGICA NA ÁREA PÚBLICA
Mesmo com todo esse planejamento, e com os limites e responsabilizações impostaspela Lei
de Responsabilidade Fiscal, para que uma gestão seja estratégica, é necessário que se tenha
uma visão anterior a qualquer orçamento ou planejamento. Essa gestão precisa estar
embasada em uma visão estratégica de longo prazo, com estratégias estabelecidas para cada
setor de atuação do Estado.
Essas medidas devem se transformar em projetos e propostas de ações dos governos, que
serão levados para o PPA, depois para a LDO e para a LOA, até a aplicação final, quando
serão executadas.
Todo esse ciclo só é possível se a visão estratégica nortear esse processo.
Isso trará uma unidade ao processo e levará a um resultado coordenado entre as diversas
ações, evitando desperdício.
Planos de governo, porém, são frequentemente descumpridos. De fato, são propostos
inicialmente apenas como parte de propaganda eleitoral, pois os políticos precisam de votos.
Na prática, o planejamento orçamentário de um ano repete aproximadamente o dos anos
anteriores: há uma dissociação entre o orçamento e a gestão estratégica de longo prazo.
 
Foto: Joa Souza/Shutterstock.com
Essa forma de geração de agenda política e de escolha de estratégias de ação dos governos é
totalmente ineficiente, pois não considera a capacidade do próprio Estado na concepção
estratégica das ações a serem implementadas. Isso torna o plano de governo uma peça de
enfeite, gerando uma ineficiência contínua na gestão do Estado.
Se pensarmos na continuidade e na forma como a LOA acaba sendo planejada (como mera
repetição da LOA do ano anterior), vemos que não existe nenhuma estratégia ou planejamento.
Assim, a governança pública é perdida e a ineficiência ganha cada vez mais espaço. É preciso
um planejamento realístico e que leve em conta as capacidades do Estado, procurando
desenvolver capacidades não existentes.
Uma busca constante de accountability e transparência pode ajudar em todo esse processo.
A gestão de estratégias para a área pública não é uma realidade no Brasil. Poucos gestores
públicos têm a consciência de tal necessidade, e mesmo os que possuem se perdem no jogo
político.
Em vez de ter...
uma peça técnica, com estratégia e com objetivos bem claros.

O que temos...
é uma peça política, na qual os legisladores procuram colocar seus interesses eleitorais
imediatos acima de qualquer estratégia de longo prazo.
Essas peças, normalmente, atendem a interesses paroquiais das bases eleitorais dos
legisladores que as aprovaram, alheios a qualquer estratégia de longo prazo ou projeto de país
que se possa ter. Essa forma de organizar o orçamento provoca grandes desperdícios de
recursos.
Conforme uma visão mais ampla e mundial, os Planos de Longo Prazo (no Brasil, o PPA de
quatro anos) buscariam planejar e manter as políticas em horizontes mais longos, alinhadas à
estratégia e à visão dos eleitores que escolheram seus representantes.
Esses planos poderiam manter a estratégia a longo prazo, sendo revisados ano a ano, para
que os ajustes fossem feitos e novas políticas fossem sendo acopladas às já existentes,
conforme os resultados das políticas implantadas fossem aparecendo.
Essa revisão não tem como função construir uma nova estratégia, mas sim, ir ajustando-a à
realidade, que está sempre em mudança, gerando novas demandas e novas ações para
implementar a mesma estratégia de longo prazo.
A VISÃO ESTRATÉGICA NA GESTÃO
PÚBLICA
Nesse vídeo, o especialista Ettore de Carvalho Oriol falará sobre os aspectos que norteiam
uma visão estratégica para a gestão pública.
GOVERNANÇA E O IMPACTO NA
EFICIÊNCIA DO ESTADO.
O principal impacto da governança no setor público é a adoção de um planejamento
estratégico.
No Brasil, o modelo estratégico adotado durante a maior parte do século XX foi a visão do
Estado Desenvolvimentista, na qual o Estado é o motor, o propulsor do desenvolvimento do
país.
Essa estratégia é implementada desde Getúlio Vargas, mas foi fortemente abraçada por
Juscelino Kubistchek, que colocou a meta de 50 anos em 5, principalmente com a construção
de Brasília (sonho antigo de uma capital mais interiorana que vinha desde o segundo império).
Tal estratégia foi colocada em prática durante vários anos, inclusive durante os governos
militares, com os Planos Nacionais de Desenvolvimento – PND I e PND II. Esses planos
procuravam desenvolver áreas como a de tecnologia e de infraestrutura do país.
O planejamento estratégico tem sua origem na área militar, pois, para obter a vitória em uma
batalha, era necessário mais do que pessoas e armamentos: era preciso ter visão estratégica.
Muitos exércitos menores venceram grandes batalhas porque foram mais eficientes do que
seus oponentes.
 
Foto: Kallemax / English Wikipedia / Public domain
Nas empresas, é muito utilizada essa mesma forma de pensar, sendo que livros como “A arte
da Guerra”, de Sun Tzu (século VI a. C.), são frequentemente citados como exemplos de visão
estratégica.
O modelo desenvolvimentista no Brasil começou a se esgotar na década de 1980, quando o
país entrou em um período de baixo crescimento econômico e hiperinflação. O setor público
sofre uma permanente crise fiscal e não tem condições de promover o desenvolvimento como
antes.
Padrões semelhantes foram observados em diversos países, e houve uma mudança nas
estratégias dos Estados.
A necessidade imposta é a de que o Estado precisa encontrar novas estratégias para que o
desenvolvimento seja impulsionado pelo setor privado e se torne menos pesado à sociedade.
Essa nova visão estratégica é pouco popular, pois coloca o Estado como um agente menos
paternalista e mais voltado à eficiência.
Essa reforma do Estado começou na Inglaterra, e seguiu seu curso, com Nova Zelândia e
Austrália seguindo esse modelo. Os Estados Unidos também procuraram fazer suas reformas
do Estado, com o presidente Bill Clinton.
Todos esses países buscaram dar início a reformas com a visão do New Public Management –
Nova Gestão Pública, que procura incorporar a visão estratégica mais moderna na gestão do
Estado.
Tal visão estratégica incorpora a governança pública como peça-chave em seu
desenvolvimento, gerando um impacto positivo sobre toda a gestão pública. A adoção de
metas mensuráveis e a ideia do contrato de gestão procuram dar maior racionalidade a todo o
processo de planejamento e gestão da área.
Os princípios da Administração por Objetivos (APO), desenvolvida na gestão privada, são
amplamente adotados na Nova Gestão Pública. Em particular, a necessidade de quantificar,
medir e avaliar processos e resultados é um dos pilares mais importantes (nem tudo é
quantificável e é importante estar atento aos limites das métricas, mas não podemos abrir mão
delas).
É nesse ponto que entram as metas e os objetivos, além da transparência e da prestação de
contas na gestão pública. Sem essas ferramentas não se pode melhorar a gestão pública, e a
governança se perde, não oferecendo seus ganhos e deixando de gerar impacto positivo.
Outro ponto importante a ser considerado é a formação de redes organizacionais que podem
melhorar a aplicação das estratégias traçadas. Essas redes podem ser estabelecidas entre:
ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS (APO)
Método de gestão detalhada, com foco em planejamento e controle das ações, que
devem ser relacionadas a objetivos claros. Seu desenvolvimento começou com Peter
Drucker, conhecido como pai da administração moderna.
DIFERENTES PESSOAS OU INSTÂNCIAS DA MESMA
ORGANIZAÇÃO
ORGANIZAÇÕES E SEUS DIFERENTES CLIENTES
EXTERNOS
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DIFERENTES ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS
No entanto, as redes podem desencadear diversos problemas, como a falta de identificação
das pessoas responsáveis pelas metas e demais aspectos da estratégia. Muitas vezes, o
excesso de atores pode desencadear essa perda de responsabilização, na qual um ator
transfere a responsabilidade para outros, sem nenhuma cobrança ou controle.
O CONTRATO DE GESTÃO COMO
FERRAMENTA DE GOVERNANÇA E
GESTÃO ESTRATÉGICA
O Contrato de Gestão é uma ferramenta gerencial, introduzidapela Nova Gestão Pública, e
procura traduzir a estratégia de longo prazo em objetivos mensuráveis, para cada órgão dos
entes públicos.
O Contrato de Gestão é um contrato firmado entre o Gestor Central e os órgãos, autarquias e
demais unidades que compõe o ente como um todo.
Esse contrato estipula metas para os contratantes em troca de maior autonomia administrativa
e financeira. Ele é uma das ferramentas mais eficientes para a implantação de uma visão de
governança na gestão pública, pois penaliza os maus gestores e beneficia os gestores
responsáveis e comprometidos.
O contrato deve seguir os princípios que regem a gestão pública, descritos na Constituição
Federal:
LEGALIDADE
IMPESSOALIDADE
MORALIDADE
PUBLICIDADE
EFICIÊNCIA
O Contrato de Gestão foi introduzido na Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998, no artigo 37, § 8º, que dispõe: “a autonomia gerencial, orçamentária e financeira
dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante
contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a
fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: o
prazo de duração do contrato; os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos,
obrigações e responsabilidade dos dirigentes; a remuneração do pessoal.".
Esse dispositivo colocou em nosso ordenamento jurídico a figura do Contrato de Gestão e
possibilitou maior independência dos órgãos e entidades da gestão pública, que se
comprometem a cumprir metas mensuráveis específicas.
Os Contratos de Gestão são firmados entre o Estado e os órgãos públicos, autarquias,
fundações públicas e entidades paraestatais como organizações sociais, além de agências
executivas.
O propósito desses contratos é o atingimento de metas e objetivos para as políticas públicas a
cargo desses órgãos e instituições, além de sua própria gestão interna. Essas metas referem-
se a obrigações e recursos, sendo controladas via mecanismos de avaliações, com prêmios e
penalidades.
Outra característica do contrato de gestão é que, para o poder instituidor, ele funciona como
uma ferramenta de supervisão da ação de seus órgãos e demais entidades que tenham
alguma relação (não necessariamente de subordinação) com esse poder central.
Tal estratégia procura descentralizar o poder do Estado, dando parte desse poder aos órgãos e
instituições, gerando maior autonomia nas tomadas de decisão. Um exemplo é uma autarquia
que cuida do sistema de aposentadoria dos funcionários públicos. Nesse exemplo, se o
contrato é firmado, essa autarquia terá maior autonomia sobre a gestão do patrimônio dos
segurados.
 
Foto: Shutterstock.com
Seguindo o exemplo, podemos afirmar que para o órgão ou entidade que faz o contrato de
Gestão, sua maior liberdade lhe oferece maiores possibilidades de uma gestão estratégica
mais eficiente, pois pode desenhá-la com maior aderência à sua própria realidade.
Essa maior aderência pode trazer grandes ganhos para a gestão estratégica na área pública, já
que aproxima a estratégia das necessidades específicas do órgão ou entidade que está
contratando com o poder central.
Além disso, as políticas públicas geridas por esses órgãos e entidades poderão atender de
forma mais específica os cidadãos, modulando-as de acordo com as realidades de cada região
e aproximando-as do cotidiano das pessoas.
Esses contratos, ao estabelecer metas e objetivos, podem proporcionar maior comparabilidade
do desempenho entre órgãos, e entre o passado e o futuro de cada órgão. As metas e
objetivos geram transparência e mensurabilidade do desempenho dos contratantes, gerando
informações sobre o desempenho dos gestores e das organizações no curto, médio e longo
prazos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (FCC, 2018) AS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NÃO INTEGRAM A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, MAS PODEM EXERCER ATIVIDADES
TÍPICAS DELA, POIS:
A) Prestam serviços públicos em caráter lucrativo, não podendo receber recursos públicos no
desempenho dessas funções, embora possam ser contratadas mediante dispensa de licitação.
B) Não podem exercer atividades com caráter lucrativo, tais quais as fundações públicas;
tampouco prestar serviços públicos, atuando em colaboração com o poder público, mediante
celebração de termos de parceria, não se submetendo aos órgãos externos de controle.
C) Dependem de autorização legislativa para serem instituídas pelo poder público, com o qual
celebram contrato de gestão, instrumento necessário para fixação de metas e resultados no
desempenho de atividades executivas, incluída a prestação de serviços públicos.
D) Celebram contrato de gestão para definição de metas na execução de serviços públicos de
caráter não exclusivo, mediante repasses de recursos públicos, o que atrai a incidência de
controle externo no manejo dessas verbas.
E) Estão habilitadas a firmar contratos de concessão ou permissão de serviços públicos, tanto
quanto termos de parcerias, cabendo controle sobre sua gestão, pois sua remuneração pode
advir diretamente dos usuários ou da própria Administração Pública.
2. (FCC, 2013) O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO TEM COMO FOCO
CENTRAL:
A) Alcançar o potencial máximo da organização através do fortalecimento da capacidade de
prever ocorrências futuras com impacto estratégico nas metas de longo prazo.
B) Realizar metas organizacionais de longo alcance, através da priorização de enfrentamento
das incertezas ambientais internas.
C) Capacitar os níveis diretivos superiores para enfrentar as incertezas ambientais externas.
D) Reduzir as incertezas em ambientes competitivos para alcançar resultados precisos no curto
prazo.
E) Fortalecer a sinergia entre as capacidades efetivas da organização visando a alcançar seu
pleno potencial de ação num ambiente de incerteza sistêmica.
GABARITO
1. (FCC, 2018) As organizações sociais não integram a Administração Pública, mas
podem exercer atividades típicas dela, pois:
A alternativa "D " está correta.
 
A resposta “d” está correta, pois o contrato de gestão procura gerar uma relação baseada em
objetivos do poder público com órgãos públicos ou instituições paraestatais, que terão como
objetivos atingir certas metas em troca de maior liberdade para a gestão de recursos públicos.
2. (FCC, 2013) O Planejamento Estratégico tem como foco central:
A alternativa "E " está correta.
 
O planejamento procura antever problemas e demais questões que podem ocorrer, planejando
as formas de enfrentamento dos riscos e gerando uma forma de melhorar a certeza e objetivos
para os órgãos que estão utilizando essa estratégia.
MÓDULO 2
 Definir o que é accountability e os órgãos responsáveis pela sua execução no
serviço público
O QUE É ACCOUNTABILITY E
TRANSPARÊNCIA NO SETOR PÚBLICO
Accountability significa prestação de contas. Essa questão está cada vez mais presente em
todas as esferas da sociedade. Nas empresas, principalmente nas com ações listadas em
bolsa de valores, o accountability já é uma realidade há algum tempo.
No Brasil, essa obrigatoriedade existe há bastante tempo, mas só nos últimos anos, após
escândalos seguidos, é que esse conceito vem entrando na agenda em geral.
Segundo Ramos (2020), o accountability pode ser classificado em três modalidades diferentes:
ACCOUNTABILITY VERTICAL
Se dá entre a população e o Estado, referindo-se ao controle que aquela exerce sobre os
agentes públicos e os governos e é relacionada à capacidade da população de votar e de se
manifestar de forma livre, tendo como exemplo o voto e a ação popular.
ACCOUNTABILITY HORIZONTAL
Se dá entre entes ou órgãos estatais, ocorrendo quando um poder, órgão, agência reguladora
etc., fiscaliza outro.
ACCOUNTABILITY SOCIETAL
Se dá entre a sociedade civil organizada e entes ou órgãos estatais, em que aquela, muitas
vezes representada por ONGs, sindicatos, associações etc., fiscaliza os agentes públicos e o
os governos, exercendo pressão legítima sobre a AdministraçãoPública.
Nos últimos anos, com a edição de novas leis voltadas para o tema nas empresas, este
assunto vem ganhando cada vez mais relevância, mas na área pública, esse tema é mais
antigo.
A Constituição Federal de 1988 já considerou todo um sistema de controle e accountability
para a gestão pública, deixando prescrita uma série de regras e responsabilidades cruzadas de
controle entre os poderes que integram a nossa nação.
Diversos órgãos e entidades foram criados ou tiveram seus mandatos e responsabilidades
aumentados no momento da formulação e aprovação da Constituição Federal.
 
Foto: rafastockbr/Shutterstock.com
AO LEGISLATIVO:
Ficou a incumbência de fiscalizar o Executivo, além de suas prerrogativas naturais de criação e
aprovação das leis.
 
Foto: tjncaldas/Shutterstock.com
AO EXECUTIVO:
Ficou a obrigação de compilar e organizar todo o orçamento dos diversos poderes, controlando
a arrecadação e repasse de todos os recursos que manterão esses poderes.
 
Foto: Patricia dos Santos/Shutterstock.com
AO JUDICIÁRIO:
Ficou a obrigação de julgar as condutas desses dois poderes, sempre que acionado dentro das
regras constitucionais.
Assim, vemos que o legislador procurou tecer uma rede de pesos e contrapesos na
fiscalização da gestão pública, ficando com o Executivo a maior carga de prestação de contas,
e com o Legislativo a maior carga de fiscalização.
Para que o Legislativo execute seu trabalho, foram indicados os Tribunais de Contas, que
procuram auxiliar na tarefa de investigação e julgamento das prestações de contas do
Executivo. Esses tribunais não estão ligados ao poder Judiciário e sim ao poder Legislativo,
servindo como um auxílio técnico no accountability.
O accountability procura fortalecer o controle social e político, em detrimento do controle
burocrático.
Essa afirmação está na base da política de transparência em todo o mundo. No Brasil, esse
conceito já está bem entendido, e vem ganhando cada vez mais relevância. Há avanços e
retrocessos, consequências da luta dos cidadãos contra os poderes que desejam menos
transparência para que possam agir da forma como acharem mais conveniente.
Quanto maior a transparência em um país, maior a percepção dos cidadãos sobre a corrupção,
e esse entendimento é muito importante para impulsionar as ações voltadas para combatê-la.
Todo esse sistema de controle é a base para a transparência e a geração de melhores práticas
na gestão pública.
OS DIVERSOS TIPOS DE ACCOUNTABILITY
Nesse vídeo, o especialista Ettore de Carvalho Oriol explicará e citará exemplos de cada tipo
de accountability.
CONTROLE ESTATAL DA GESTÃO PÚBLICA
O controle legislativo sobre as ações do Executivo é uma das funções legais que a
Constituição Federal definiu. Esse controle, como já indicado anteriormente, é exercido com a
ajuda dos Tribunais de Contas. Esses tribunais são constituídos de um grupo de ministros.
Em particular, o Tribunal de Contas da União (TCU) é constituído por nove ministros que
julgam as contas do Poder Executivo e as encaminham para a aprovação ou rejeição de seu
julgamento pelo Poder Legislativo.
A Constituição estabeleceu uma série de competências para o TCU em seu artigo 71, que
dispõe: “o controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União”, ao qual compete:
1
Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República.
Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por recursos, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio
ou outra irregularidade de que resulte em prejuízo ao erário público.
2
3
Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título,
na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, salvo exceções previstas em lei.
Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas ligadas ou subordinadas aos poderes da União.
4
5
Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta.
Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,
acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a
Município.
6
7
Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou
por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
realizadas.
Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as
sanções previstas em lei, incluindo multa proporcional ao dano causado ao erário.
8
9
Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade.
Sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal.
10
11
Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
Todas essas competências estão direcionadas para o bom andamento do serviço público e da
geração de um sistema de fiscalização e accountability interno no setor público, que gere
segurança ao cidadão na aplicação dos recursos públicos.
Ao cidadão, compete acompanhar os resultados de toda essa fiscalização e cobrar que ela
seja feita de forma correta e com toda a dedicação que a tarefa requer.
Os Estados federados devem ter seus próprios Tribunais de Contas, que devem exercer a
função de auxiliar as Assembleias Legislativas estaduais. Além dessa função, os Tribunais de
Contas do Estado (TCEs) devem auxiliar as câmaras municipais que não tenham Tribunais de
Contas próprios.
Nesses casos, a jurisdição do TCE abarca as prefeituras que compõe o Estado. Essa forma de
organização procura distanciar o poder fiscalizador do poder executivo, que tem controle direto
sobre as contas públicas, garantindo independência e transparência em todo esse processo.
Outro órgão de Estado significativo na prestação de contas, na gestão pública, é o Ministério
Público.
 
Foto: rafastockbr/Shutterstock.com
Esse órgão independente que integra o Estado é muito importante para o accountability e a
transparência na gestão pública. Ele é o responsável por processar os responsáveis por
desvios na gestão pública, além de representar o Estado em caso judiciais contra empresas e
cidadãos. O Ministério Público tem, inclusive, poder de investigação contra cidadãos,
empresas, e gestores e ordenadores de despesas na área pública.
Nas estruturas internas de cada ente e de cada poder, existem sistemas de accountability e de
fiscalização instituídos pela Constituição Federal e em outras legislações correlatas. Na gestão
federal, temos os advogados que trabalham na Advocacia Geral da União (AGU), que
desempenham o papel de defensores do Estado. Em diversos casos, funcionam inclusive
como uma auditoria interna do Executivo Federal, além da auditoria interna oficial.
Nos órgãos e empresas públicas, a Constituição Federal obriga o estabelecimento de sistemas
de auditorias internas, organizadas de tal forma que sejam independentes e que respondam
diretamente à cúpula dessas entidades. Assim, essas auditorias internas podem exercer um
papel de fiscalização das operações do dia a dia dessas unidades.
CONTROLE SOCIAL DA GESTÃO PÚBLICA
O controle social da gestão pública é uma das questões mais importantes para a transparência
e o accountability.
Diversas iniciativas, tanto dentroda própria área pública quanto em organizações não
governamentais (ONGs), podem garantir o controle social das ações e políticas na gestão
pública.
Uma dessas iniciativas são os conselhos de políticas públicas. Eles possuem um papel de
controle das políticas públicas e de representatividade da população em diferentes áreas de
interesse de todos os cidadãos, configurando-se como espaços de articulação da sociedade
com os governantes.
Esses conselhos procuram fazer a ligação entre:
A sociedade civil organizada

O poder público

Gerando maior diálogo e melhor aderência das políticas públicas aos objetivos e
desejos da população.
Importante destacar, em todo esse processo de controle social, o papel das ouvidorias
públicas, unidades das estruturas dos poderes a que pertencem, mas que desenvolvem um
papel de recebimento de denúncias e reclamações diretamente dos cidadãos.
Esse controle pela coletividade pode ser consubstanciado por essas ouvidorias públicas, que
são meios destinados a receber, apurar e responder a manifestações de elogio, reclamação,
dúvida e sugestão dos cidadãos.
Diversas entidades sem fins lucrativos também se dedicam a promover o controle social no
Brasil.
AGENTES VOLUNTÁRIOS DO BRASIL CONTRA A
CORRUPÇÃO
Engajam cidadãos no acompanhamento de todos os gastos do governo. Essa supervisão é
feita para que o controle social aconteça durante a execução dos gastos e não somente após
sua conclusão. Essa forma de controle social é exercida de forma individual ou em grupo,
dependendo da quantidade de pessoas dispostas a se voluntariar.
OBSERVATÓRIO SOCIAL
É um exemplo de entidade que procura congregar outras, com o intuito de promover a
transparência e o controle social na administração pública. O Observatório é uma associação
não governamental, com atuação nacional, composta por voluntários apartidários e que tem
como definição em seu próprio site ser:
“Um espaço para o exercício da cidadania, que deve ser democrático e apartidário e reunir o
maior número possível de entidades representativas da sociedade civil com o objetivo de
contribuir para a melhoria da gestão pública. Cada Observatório Social é integrado por
cidadãos brasileiros que transformaram o seu direito de indignar-se em atitude: em favor da
transparência e da qualidade na aplicação dos recursos públicos. São empresários,
profissionais, professores, estudantes, funcionários públicos (exceto os que integram a esfera
de atuação do observatório específico) e outros cidadãos que, voluntariamente, entregam-se à
causa da justiça social”.
Outro ponto importante que o Observatório Social do Brasil coloca é sua forma de
funcionamento, pois é um exemplo de como a maioria dessas associações se organizam,
procurando manter uma estrutura pequena e utilizar a mão de obra de voluntários que se
dispõem a ajudarem nesse controle.
Assim, o controle é realmente social, já que é exercido por cidadãos que compõem a
sociedade e não por profissionais treinados para tal função.
Dentro dessa visão, o principal olhar dessas instituições está sobre as licitações, que
representam uma parte relevante do gasto público, e onde frequentemente surgem denúncias
de corrupção.
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
É uma iniciativa interessante que começou em algumas prefeituras, há alguns anos, e que vem
ganhando cada vez mais adeptos.
Esse instrumento de controle social e de participação do cidadão é importante para a
complementação da democracia representativa, pois permite que o cidadão debata e defina os
destinos de uma cidade, um estado e da nação.
Essa forma de participação procura incorporar ao planejamento público os desejos dos
cidadãos que receberão o impacto da execução daquele orçamento público, e que, por fim,
arcarão com os custos das decisões tomadas.
Nessa participação no planejamento, o controle social do setor público acontece a priori, pois
as decisões são tomadas por consenso, o que obriga tanto os cidadãos, quanto o poder
público, a cederem em suas posições para que as questões discutidas avancem e gerem os
resultados esperados.
A PRIORI
Se você ainda não conhece essa expressão, habitue-se a ela: significa “anteriormente”.
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Modelos mais simples, como a abertura da possibilidade de sugestões para a inclusão de
questões específicas no orçamento, também são válidas, mas exercem um papel muito menor
nesse controle social, pois a decisão ainda fica nas mãos das autoridades.
LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO
A Lei de Acesso à Informação, Lei 12.527 de 2011, procurou organizar todo o processo de
gestão e disponibilidade de informações ao cidadão. Ela estabelece:
Que informações devem ser disponibilizadas de forma automática aos cidadãos, por
meio de sites e demais meios ditados pela lei.
Quais informações devem ser disponibilizadas a pedido do cidadão.
Quais devem ser mantidas em sigilo, e por quanto tempo esse sigilo deve durar.
Essa preocupação de regrar a relação do cidadão com o ente público em relação à disposição
de informações foi muito importante para o avanço do accountability e da transparência em
nosso país. Ao solicitar uma informação com base nessa legislação, o poder público terá um
prazo máximo para a disponibilização, não podendo adiar ou ignorar.
Esse processo de disponibilização é muito utilizado por pessoas que pesquisam na área
pública e exercem o papel de traduzir os números e informações prestadas para a linguagem
do cidadão comum. Algumas ONGs e associações sem fins lucrativos também fazem esse
papel, buscando um acompanhamento contínuo sobre esses dados.
A Lei de Acesso à Informação exige o respeito aos princípios constitucionais que regem a
administração pública, e além disso apresenta como princípios:
 
Imagem: Shutterstock.com
Observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção.
 
Imagem: Shutterstock.com
Divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações.
 
Imagem: Shutterstock.com
Utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação.
 
Imagem: Shutterstock.com
Fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública.
 
Imagem: Shutterstock.com
Desenvolvimento do controle social da administração pública.
Vemos que o controle social é auxiliado pela Lei de Acesso à Informação e que esse controle
pode ser feito tanto pelo próprio Estado como pela sociedade em geral.
Vimos também que esse controle social é exercido tanto pelo próprio cidadão, individualmente,
como por agrupamentos de pessoas organizadas em ONGs e associações sem fins lucrativos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (ESAF, 2009, ADAPTADA) SOBRE O TEMA “GOVERNABILIDADE,
GOVERNANÇA E ACCOUNTABILITY”, ASSINALE A OPÇÃO CORRETA:
A) O accountability visa a fortalecer o controle social e político, em detrimento do controle
burocrático.
B) Governança pode ser entendida como um modelo horizontal de relação entre atores
públicos e privados no processo de elaboração de políticas públicas.
C) O conceito de governança é sinônimo do conceito de governabilidade.
D) As parcerias público-privadas (PPPs) constituem um exemplo de coordenação de diversos
atores dentro da máquina estatal para provisão de serviços públicos.
E) A governabilidade refere-se mais à dimensão paraestatal do exercício do poder.
2. (SMASDH/MT, 2019) A TRANSPARÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA BRASILEIRA É RELATIVAMENTE NOVA, APESAR DE O
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE SER UM DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
DA NOSSA CARTA MAGNA DE 1988. COM O INCREMENTO DA
TRANSPARÊNCIA, CRESCEM AS POSSIBILIDADES DE REALIZAÇÃO DE
ACOMPANHAMENTO PELOS INDIVÍDUOS, O CHAMADO CONTROLE
SOCIAL. EM RELAÇÃO AO CONTROLE SOCIAL, ASSINALE A
ALTERNATIVA FALSA:
A) Os conselhos possuem um papel de controle das políticas públicas e de representatividade
da população em diferentes áreas de interesse de todos os cidadãos, configurando-se como
espaços de articulação da sociedade com os governantes.
B) O controle pela coletividade pode serconsubstanciado também pela utilização de ouvidorias
públicas, que são meios destinados a receber, apurar e responder manifestações de elogio,
reclamação, dúvida e sugestão dos habitantes.
C) O orçamento participativo é um importante instrumento de complementação da democracia
representativa, pois permite que o cidadão debata e defina os destinos de uma cidade.
D) O observatório social é uma associação não governamental, com âmbito de atuação
estadual, composta por voluntários apartidários.
E) O Transparência Brasil é uma instituição que procura divulgar dados do poder público com o
fim de melhorar a transparência para o controle social dos cidadãos.
GABARITO
1. (ESAF, 2009, Adaptada) Sobre o tema “governabilidade, governança e accountability”,
assinale a opção correta:
A alternativa "A " está correta.
 
O accountability, entendido como prestação de contas, busca facilitar o controle da sociedade e
de outras esferas do próprio setor público sobre a atuação de cada ente da máquina estatal.
2. (SMASDH/MT, 2019) A transparência na administração pública brasileira é
relativamente nova, apesar de o Princípio da Publicidade ser um dos princípios
fundamentais da nossa Carta Magna de 1988. Com o incremento da transparência,
crescem as possibilidades de realização de acompanhamento pelos indivíduos, o
chamado Controle Social. Em relação ao Controle Social, assinale a alternativa falsa:
A alternativa "D " está correta.
 
A resposta “d” é falsa, pois o observatório social é uma entidade que tem atuação nacional e
que desenvolve seus serviços fornecendo informações orçamentárias e comparativas para a
sociedade civil.
MÓDULO 3
 Entender a ética na gestão pública e seus impactos no cotidiano do cidadão e nas
funções do Estado.
MORAL E ÉTICA
A moral e a ética se relacionam constantemente dentro do cotidiano das pessoas. A moral,
antecessora da ética, é formada pelos costumes e prescinde a necessidade de um código
escrito para existir. Ela pode variar de tempos em tempos, conforme o costume de cada época,
mas normalmente seu núcleo de conceitos é universal e atemporal.
 
Foto: JonathasDG /santuariodafantasia.blogspot.com / Os direitos autorais pertencem ao
fotógrafo que é desconhecido.
 Escritor norte-irlandês C. S. Lewis.
Por outro lado, outros autores, como Nietzsche, colocam que “Deus está morto” e que a moral
deve seguir a vontade do ser humano. Essa forma de pensar abandona a ideia da existência
de um criador e de uma moral atrelada a um relacionamento com ele.
Assim, se não temos a quem prestar contas de nossas ações e se essa moral não está
subordinada à vontade de um Deus, a que essa vontade estará subordinada?
RESPOSTA
Para Nietzsche, se Deus está morto é porque nós o matamos. Se Deus pode morrer, então não
era Deus, pois um dos princípios da deidade é ser imortal. Com esse argumento, o autor
coloca que, em última instância, a moral será dada pela vontade de cada pessoa, e que será
guiada pelo próprio prazer, ou seja, pelo hedonismo.
Já a ética é uma formalização de alguns conceitos morais e deve ser encarada como um
conjunto de regras e procedimentos relacionados a um local específico. Normalmente, as
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empresas procuram escrever seus códigos de ética abrangendo todos os departamentos que
as compõem.
Diferente da moral, que procura ser universal, a ética é inerente ao local de situação particular
de cada tipo de atividade e ao local em que se está aplicando.
Em muitos casos, o que é ético em uma empresa, não será em outra. Em geral, existe um
núcleo central que permanece em todas as empresas, principalmente o núcleo relacionado
com a moral e com as questões criminais. No entanto, a essência de um código de ética é
adaptar-se às necessidades do local e das atividades a que se referem.
Muitas ações, que em uma empresa são éticas, no setor público são inaceitáveis. Considere,
por exemplo, negociar diretamente com o fornecedor, independentemente de qualquer consulta
aos concorrentes, sobretudo quando o próprio dono da empresa é quem está realizando a
compra.
O EXEMPLO APRESENTADO ACIMA SE TRATA
DE UMA SITUAÇÃO NORMAL NO SETOR
PRIVADO, MAS NO SETOR PÚBLICO É ATÉ
CRIME, TIPIFICADO EM LEGISLAÇÃO PRÓPRIA.
MAS POR QUE ISSO ACONTECE?
RESPOSTA
RESPOSTA
Acontece, pois, no caso da empresa, a pessoa está lidando com os próprios recursos,
não precisando prestar contas a ninguém. Já no segundo caso, da gestão pública, o
colaborador está lidando com os recursos públicos e, como tal, não pode dispor deles da
forma que achar melhor: deverá seguir as regras impostas pela legislação relacionada à
ação que está tomando, relacionada à ampla concorrência nas compras públicas.
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A ética nas negociações é algo muito importante, e é nesse ponto que a maioria dos
negociadores se perde. Para alguns, vale qualquer subterfúgio para levarem a melhor em uma
negociação, não importando sobre o que se está negociando. Ter uma moral e aplicar todos os
códigos de ética inerentes à negociação que está em curso é algo imprescindível.
Para que essa ética seja seguida durante as negociações, é importante que o negociador
conheça as regras éticas da empresa ou da entidade que está representado na negociação.
Esse conhecimento deve ser profundo e minucioso, pois isso evitará que o negociador infrinja
essas regras e seja punido por essa infração. Muitas vezes, a infração das regras éticas em
uma negociação pode levar o negociador à cadeia. Um negociador que aceita subornos para
escolher um comprador específico de um material em uma empresa está cometendo uma
infração ética, e também um crime.
Esses comportamentos fora do padrão moral normalmente são tipificados como antiéticos
também. Porém, existem:
ZONA CINZENTA
QUESTÕES QUE SÃO DÚBIAS
ZONA CINZENTA
Em que a moral e a ética são duvidosas, mas que ainda não se caracterizam como crime, ou
não estão tipificadas.
QUESTÕES QUE SÃO DÚBIAS
Não são caracterizadas como antiéticas, mas em algumas situações podem acarretar grandes
prejuízos a uma das partes na negociação ou até mesmo a ambas as partes. Nesses casos, é
o bom senso do negociador que deve pesar cada uma das questões e tomar a decisão de agir
ou deixar de agir para que o resultado seja o mais transparente possível.
Levando em consideração que a ética e a moral são guias para a ação no dia a dia dos
profissionais, principalmente para aqueles que de alguma forma lidam diretamente com
negociações, dominá-las é essencial para o seu uso e aplicação.
Assim, é importante que a empresas procurem dar treinamentos constantes a seus
empregados sobre o seu código de ética, procurando introjetar seus conceitos e regras à
mente das pessoas.
Para além da mera existência de um código de ética, com todos os escândalos empresariais
das últimas décadas, como os da Siemens, da Emron, da Volkswagen, da Petrobras e tantos
outros, as empresas têm procurado desenvolver programas de compliance. Esses programas
incluem:
OS ESCÂNDALOS EMPRESARIAIS DAS
ÚLTIMAS DÉCADAS
Faça uma pesquisa na internet sobre esses casos!
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Imagem: Shutterstock.com
Códigos de ética.
 
Imagem: Shutterstock.com
Processos de ouvidorias de denúncias relacionadas a desvios de condutas internos.
 
Imagem: Shutterstock.com
Contratação de empresas especializadas para investigarem essas denúncias.
 
Imagem: Shutterstock.com
Punições para cada tipo de desvio ético que é identificado.
Por outro lado, os governos têm procurado incentivar a adoção de boas práticas nas empresas,
dando incentivos, e diminuindo punições, caso elas adotem programas internos de compliance
após serem pegas em qualquer tipo de desvio ético/criminal em sua relação com os entes
públicos.
Essa legislação é mais recente no Brasil, mas em países como os EUA já estão presentes há
muitos anos. Leis como F.C.P.A. (Foreign Corrupt Practices Act), da década de 1970, punem
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empresas norte-americanas que as infringirem nas negociações,não apenas nos EUA, mas
em qualquer outro país do mundo.
Basta a empresa ter suas ações listadas em uma bolsa de valores dos Estados Unidos para
estar obrigada a seguir essa legislação, podendo ser punida por seus desvios éticos e legais.
Mais recentemente, após os escândalos envolvendo a Emron, sua quebra e grande prejuízo
que deu a seus investidores, foi aprovada mais uma legislação nos EUA relacionada à questão
da corrupção e de desvios éticos e criminais nas empresas:
A Lei Sarbanes-Oxley (SOX), que responsabiliza o CEO e o CFO das empresas caso haja
desvios dentro delas.
Além da questão ligada à responsabilização, essa lei ditou muitas regras para as auditorias,
que deveriam cuidar que as empresas seguissem as melhores práticas de mercado em seu
trato com seus clientes e stakeholders em geral.
FOREIGN CORRUPT PRACTICES ACT
Podemos traduzir informalmente como Lei de Crimes de Corrupção no Exterior.
CEO
Chief Executive Officer: é quem está no topo da administração da companhia. Podemos
traduzir informalmente como Diretor Geral.
CFO
Chief Financial Officer: Diretor Financeiro.
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STAKEHOLDERS
Qualquer parte interessada na operação da empresa. Pode ser um cliente, um acionista,
ou um morador da vizinhança.
ÉTICA NA GESTÃO PÚBLICA
A ética é essencial para seu bom desempenho em qualquer área, e o setor público não é
exceção. Existem muitos casos em que a lei não está sendo infringida, mas que a ação do
gestor público é imoral ou até mesmo antiética.
Um conceito importante que devemos considerar como premissa sobre ética na gestão pública
é que ao gestor público só é permitido fazer o que a lei permite, enquanto para o gestor
privado, em geral, é permitido fazer qualquer coisa, exceto o que a lei proíbe.
Assim, essa forma de encarar a gestão pública modifica totalmente o modo de agir dos
gestores e dos demais colaboradores dentro da área pública.
Na gestão pública, existem diversos códigos formalizados. Para o empregado/servidor federal
existe o código de ética, aprovado pelo decreto nº 1.171 de 1994. Com esse decreto, foi
instituído um código para todo o funcionalismo do Poder Executivo Federal. Outros entes, e
mesmo outros poderes dentro do mesmo ente, também têm seus próprios códigos de ética e
procuram disciplinar as condutas de seus colaboradores em pontos que acham importante.
Na gestão pública em geral, a moral e a ética são elementos essenciais para a construção de
uma gestão melhor e de um senso de compromisso com a coisa pública. Diversos autores
estudam essa questão da ética na gestão pública e já é comprovado que:
QUANTO MAIOR O SENSO DE ÉTICA

E QUANTO MAIS ELEVADA A MORAL DE UM POVO

MELHOR SERÁ O TRATO DESSE POVO COM A COISA
PÚBLICA
Países onde a moral de seu povo é elevada e o senso do certo e errado é melhor difundido
tendem a ter um setor público menos corrupto e com maior senso de dever público.
No Brasil, apesar de a nossa Constituição Federal colocar alguns princípios que devem nortear
a gestão pública, principalmente no artigo 37, muitas vezes esses princípios não são
suficientes para evitar desvios e atitudes amorais e imorais por parte dos gestores e
colaboradores públicos.
Mesmo com os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
na gestão da coisa pública, a nossa baixa moral e o chamado “jeitinho brasileiro” tendem a
minar as atitudes dos gestores públicos.
Esse problema moral é mais evidente quando os gestores se encontram na zona cinzenta da
moral e da ética, em que se deve tomar decisões que não são ilegais, mas que em muitos
casos prejudicarão pessoas ou interessados na coisa pública. Nesse momento, a moral tem
seu papel mais preponderante.
CORRUPÇÃO E DESVIOS NA GESTÃO
PÚBLICA
Tanto a corrupção quanto a improbidade administrativa, bem como os outros crimes praticados
contra a administração pública e os recursos públicos, lesam a sociedade. No Brasil, essa
prática de corrupção na gestão pública é antiga e se mistura com nossa história.
1
O sistema patrimonialista, trazido de Portugal com a família real, que se mudou para cá fugindo
de Napoleão Bonaparte, é baseado na troca de favores entre os governantes e as pessoas
com posses.
No modelo burocrático, que começou a ser implantado já durante o governo de Getúlio Vargas
(antes dele, já era implantado, porém mais timidamente), essa troca de favores é algo tipificado
como crime, pois um dos princípios que regem o modelo burocrático é a impessoalidade.
2
3
No entanto, tanto o modelo burocrático como o modelo patrimonialista de gestão da
coisa pública ainda convivem em nosso Estado.
Essas questões relacionadas à forma como a coisa pública é tratada, principalmente a parte
mais ligada à gestão patrimonialista do Estado, é bastante corrosiva aos princípios públicos. A
indicação de pessoas a cargos específicos é ainda um resquício dessa forma de encarar a
gestão do estado.
Em relação à ligação dos resquícios de gestão patrimonialista e à corrupção nos entes
públicos, observa-se menor incidência de corrupção nos quadros de unidades com corpo
funcional estável, formado por funcionários públicos concursados.
Quadros como os da Receita Federal, Polícia Federal e alguns outros órgãos, que são
basicamente constituídos de funcionários de carreira, têm menor índice de corrupção do que
órgãos que têm grande quantidade de indicações políticas de funcionários. A necessidade de
envolvimento de pessoas de dentro da empresa, para que as fraudes e desvios sejam
concretizados, é que garantem a permanência desse modelo patrimonialista em nosso país.
Apesar dessa aparente lascividade em relação à coisa pública, o nosso Código Penal (DEL) nº
2.848/1940, em seus artigos 312 a 337-D, tipificam uma série de comportamentos e condutas
que são consideradas crimes contra a administração pública nacional e até mesmo estrangeira.
Esses crimes incluem tanto o crime de corrupção ativa, como a passiva, entre outros. Crimes
como enriquecimento ilícito ao subtrair a coisa pública, bem como crimes ligados a compras
públicas (por exemplo, fraudes em licitações), são todos tipificados, indicando o tipo de pena
que as pessoas enquadradas nesses dispositivos podem receber ao serem julgadas.
Diversas outras leis tipificam e indicam penas para crimes ligados à administração pública.
Uma delas é a lei nº 8666/1993, a Lei das Licitações. Nos últimos artigos dessa lei, são listados
crimes contra a licitação e contra o contrato administrativo, indicando suas penas.
No Brasil, a corrupção e outros crimes contra a administração pública, muitas vezes, não são
punidos ou coibidos por falta de legislação específica, de punição severa, ou ainda de
aplicação uniforme dessa lei.
O que existe no Brasil é uma sensação de impunidade, que permeia toda a sociedade e que
incentiva a prática de crimes.
 
Foto: Hugo Martins Oliveira/Shutterstock.com
O que coíbe a prática de um crime é a certeza da punição: quando essa é tardia ou nem
mesmo acontece, o criminoso se sente à vontade para a prática dos crimes, percebendo que
sua prática o beneficia, sem risco ou ônus relevantes.
É nessa sensação de impunidade que mora o grande incentivo para a prática da corrupção e
dos demais crimes contra a gestão pública; é na morosidade do nosso sistema judiciário e das
brechas que os legisladores deixam nas leis, que os criminosos se fiam para verem vantagem
na prática de seus crimes.
Toda essa discussão sobre corrupção e prática de crimes esbarra na postura ética dos agentes
públicos.
Se esses agentes tiverem um alto grau de moral e uma conduta ética exemplar, a maioria
desses crimes intentados contra a administração pública não serão concretizados. Cada um
dos servidores públicos e de empregados públicos devem ter em suas mentes que sua postura
e sua conduta determinarão como a coisa pública será tratada, não apenas por eles, mas por
todos os cidadãos.
Na área de anticorrupção, vem surgindodiversas iniciativas, tanto internacionais como
nacionais. Institutos, como Transparência Brasil, procuram incentivar e aumentar a divulgação
de dados para melhorar todo o processo de transparência em nosso país.
Outras instituições incentivam a responsabilidade social para a melhora dos ambientes de
negócios e de toda a relação das empresas com os diversos entes públicos. Todas essas
iniciativas estão voltadas para a adoção de boas práticas na relação do particular com a coisa
pública, além de melhorarem a divulgação de dados e a gestão da responsabilidade social nas
empresas.
Essa questão de responsabilidade social é muito importante, pois agrega valor à marca da
empresa e também à marca da gestão pública.
Essa ideia de que a gestão pública também tem uma marca a construir junto ao cidadão é
bastante nova.
Tal visão da gestão pública pode trazer grandes ganhos para o cidadão e para a gestão
pública, pois pode melhorar o relacionamento entre as partes.
Por fim, uma visão de longo prazo, levando em consideração a sustentabilidade de toda a
administração pública, é outro conceito recente e que tem ganhado força. Essa visão procura
trazer ensinamentos da gestão privada na condução da coisa pública voltada para o longo
prazo e para a aplicação de técnicas, que privilegiem a reciclagem e a construção de um
futuro, com maior economia de recursos naturais e pessoais.
 EXEMPLO
Cidades inteligentes (Smart Cities) têm se tornado o novo alvo das administrações mais
modernas. Cidades voltadas para o bem-estar de seus cidadãos, com planejamento de longo
prazo e uso de tecnologias para facilitar a vida das pessoas são o novo paradigma nessa área.
A moral e a ética são partes importantes em todos esses conceitos, tanto de responsabilidade
social, como de sustentabilidade, pois são a base sobre a qual uma sociedade mais justa e
igualitária pode ser construída.
Quanto mais ético um povo, melhor será a sua consciência sobre a coisa pública e melhor será
a forma como esse povo lidará com os desafios que o futuro lhe reserva.
Corrupção e desvios na gestão pública são o oposto dessa postura ética, e podem corromper
uma sociedade, tirando-lhe o futuro e acabando com a esperança de toda uma nação. A
expectativa é uma arma muito importante como propulsora do desenvolvimento, e a corrupção
mina esse dispositivo e o destrói, comprometendo o desenvolvimento de um povo.
MORAL E ÉTICA NA GESTÃO PÚBLICA
Nesse vídeo, o especialista Ettore de Carvalho Oriol falará sobre as diferenças entre moral e
ética e tratará um pouco sobre a corrupção no Brasil.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (ADAPTADA DE CESPE/CEBRASPE, 2019) TODAS AS POSTURAS
ÉTICAS, SEJAM QUAIS FOREM SUAS ORIENTAÇÕES, SUAS PREMISSAS,
SEUS ENGAJAMENTOS E SUAS PREOCUPAÇÕES, SEMPRE ELEGEM “O
MELHOR” COMO A FINALIDADE DO COMPORTAMENTO HUMANO E
PARA O DIRECIONAMENTO DA AÇÃO HUMANA. (EDUARDO C. B.
BITTAR. CURSO DE ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL. 15ª ED. SÃO
PAULO, 2017, P. 52) 
 
CONSIDERANDO O FRAGMENTO DE TEXTO APRESENTADO ACIMA
COMO REFERÊNCIA INICIAL, É CORRETO AFIRMAR QUE A ÉTICA E A
MORAL:
A) Subordinam a validade da lei na busca do que é “o melhor”.
B) Exteriorizam as melhores normas de conduta dos seres humanos que convivem em
sociedade.
C) São normas jurídicas ideais à evolução da sociedade.
D) Têm por atributo serem cogentes e heterônomas.
E) São subordinadas entre si, com prevalência da moral sobre a ética, de modo que o que for
moralmente aceitável será ético.
2. (FCC, 2016) OSCAR, SERVIDOR PÚBLICO DE ÓRGÃO
PREVIDENCIÁRIO FEDERAL, OBJETIVANDO REDUZIR SUA CARGA DE
TRABALHO, PRESTOU INFORMAÇÕES INCORRETAS A CIDADÃOS QUE
PROCURARAM ATENDIMENTO JUNTO AO ÓRGÃO, NO SENTIDO DE QUE
O PLEITO APRESENTADO NÃO ENCONTRARIA RESPALDO NA
LEGISLAÇÃO VIGENTE. OSCAR NÃO RECEBEU PUNIÇÃO DISCIPLINAR,
TENDO ALEGADO QUE NÃO AGIU DE MÁ-FÉ, MAS QUE TERIA
COMETIDO EQUÍVOCO POR NÃO ESTAR ATUALIZADO ACERCA DA
MUDANÇA DA LEGISLAÇÃO SOBRE A MATÉRIA. DO PONTO DE VISTA
ÉTICO, A CONDUTA DE OSCAR:
A) Somente será considerada violação aos princípios éticos aplicáveis aos servidores se
identificada falta disciplinar.
B) Constitui violação aos deveres fundamentais do servidor e dos princípios da administração
pública, independentemente da apuração sob o aspecto disciplinar.
C) Infringe os deveres éticos do servidor público, sendo passível de pena de advertência,
independentemente de infração disciplinar.
D) Está em desacordo com as regras deontológicas que devem nortear a atuação dos
servidores públicos, porém não configura violação a princípio ético específico.
E) Configura conduta antiética grave, passível de pena de suspensão, conversível em multa.
GABARITO
1. (Adaptada de CESPE/CEBRASPE, 2019) Todas as posturas éticas, sejam quais forem
suas orientações, suas premissas, seus engajamentos e suas preocupações, sempre
elegem “o melhor” como a finalidade do comportamento humano e para o
direcionamento da ação humana. (Eduardo C. B. Bittar. Curso de ética geral e
profissional. 15ª ed. São Paulo, 2017, p. 52) 
 
Considerando o fragmento de texto apresentado acima como referência inicial, é correto
afirmar que a ética e a moral:
A alternativa "B " está correta.
 
A resposta “b” está correta, pois a ética e a moral incidem sobre fazer o que é correto e ajudar
ao próximo. A ética é sua formalização e garante que seja colocado em regras e seja
padronizado para o conhecimento de todos os envolvidos.
2. (FCC, 2016) Oscar, servidor público de órgão previdenciário federal, objetivando
reduzir sua carga de trabalho, prestou informações incorretas a cidadãos que
procuraram atendimento junto ao órgão, no sentido de que o pleito apresentado não
encontraria respaldo na legislação vigente. Oscar não recebeu punição disciplinar, tendo
alegado que não agiu de má-fé, mas que teria cometido equívoco por não estar
atualizado acerca da mudança da legislação sobre a matéria. Do ponto de vista ético, a
conduta de Oscar:
A alternativa "B " está correta.
 
A resposta “b” está correta, pois o servidor público descumpriu os preceitos básicos constantes
da Constituição Federal, em seu artigo 37, que coloca a eficiência e a moralidade como
princípios da gestão pública. No caso, faltou tanto moralidade (o servidor compromete o serviço
ao cidadão para reduzir sua carga de trabalho) quanto eficiência (a operação não funcionou da
maneira correta).
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após estudarmos um tema tão importante para o nosso país como a governança, o
accountability e a ética na gestão pública, precisamos nos perguntar “onde nos encaixamos
nesse ecossistema”. Essa é uma pergunta muito importante, pois sermos cidadãos implica em
responsabilidades com os destinos de nossa nação. Participar de todos esses controles e da
construção de uma sociedade mais ética e justa é o melhor que podemos deixar para os
nossos filhos.
Todo esse processo de melhorias na gestão pública só acontecerá se os cidadãos estiverem
atentos à forma como a coisa pública está sendo gerida. Se conseguirmos entender que a
coisa pública é de todos nós, poderemos melhorar a nossa relação com ela.
Ao deixarmos a velha forma de pensar “o que é público não é de ninguém”, e ao passarmos a
encarar como nosso, mudaremos totalmente a forma como encaramos e como fiscalizamos a
ação dos gestores públicos. Não adianta apenas votar uma vez a cada quatro anos para
tentarmos mudar os rumos do nosso país, são necessárias uma vigilância constante e uma
exigência de maior transparência no trato com a gestão pública.
A ética é fundamental para que essa transparência se converta em boas práticas, pois cada
ação e cada decisão precisam estar aderentes, não apenas à legislação vigente, mas a todo
um sopesar ético e moral. Muitas vezes, a atitude ou a decisão não são ilegais, mas
prejudicarão muitas pessoas, tanto no presente como no futuro. Por isso, é necessário cada
vez mais a inclusão da ética na pauta pública.
Com o entendimento e a compreensão adquiridos sobre os temas aquitratados, você
seguramente construirá atitudes mais conscientes e éticas em todas as áreas de sua vida.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
DIAS, R. Gestão Pública: aspectos atuais e perspectivas para atualização. São Paulo: Atlas,
2017.
ENAP. Repositório - Ética e serviço público: conceitos básicos. Consultado em meio
eletrônico em: 29 abr. 2021.
FISHER, R.; YRY, William. Como chegar ao sim: como negociar acordos sem fazer
concessões. Trad. Ricardo Vasques Vieira. 3. ed. São Paulo: Solomon Editores, 2014.
GHILLYER, A. W. Ética nos negócios. 4. ed. Porto alegre: AMGH, 2015.
LEWICKI, R. J.; SAUNDERS, D. M.; BARRY, B. Fundamentos de negociação. Trad. Félix
Nonnenmacher. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
MAXIMIANO, A. C. A. Gestão pública: abordagem integrada da Administração e do Direito
Administrativo. São Paulo: Atlas, 2017.
RAMOS, L. C. Você sabe o que é accountability e suas modalidades vertical, horizontal e
societal? In: Jusbrasil, 2020.
PASTORE, A. C. et al. Infraestrutura: eficiência e ética. Rio de janeiro: Elsevier, 2017.
LEWIS, C. S. Cristianismo Puro e Simples. São Paulo: WMF - Martins Fontes. 2009.
NEWMAN, J.; CLARKE, J. Gerencialismo. Acesso em: 09 jun. 2021.
EXPLORE+
Procure ler os artigos do Código Penal, Lei 2848/1940 nos seus artigos 312 a 337-D, que
você pode encontrar no site do Planalto.
Conheça mais sobre o Instituto Transparência Brasil pelo site deles, verificando as suas
ações para a divulgação de dados mais fidedignos de toda a gestão pública, para o
controle social da administração pública.
Para quem gostaria de se aprofundar nas questões mais voltadas para a ética e, inclusive
a ética na gestão pública, indicamos que leia o livro Ética nos negócios, de William
Ghillyer.
Para quem deseja entender um pouco mais sobre moral no ocidente, indicamos a leitura
do livro Cristianismo Puro e Simples, de C. S Lewis. Esse é o mesmo autor dos livros As
Crônicas de Nárnia, que viraram filmes e que fizeram grande sucesso.
CONTEUDISTA
Prof. Ms. Ettore de Carvalho Oriol
 CURRÍCULO LATTES
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