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DESCRIÇÃO Teoria e a prática da governança, do accountability e da ética públicas, aplicadas para o atendimento ao cidadão e cumprimento das funções constitucionais da administração pública. PROPÓSITO Compreender os elementos da gestão pública relevantes para uma boa prestação de serviços ao cidadão. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer o conceito de governança e sua aplicação na área pública MÓDULO 2 Definir o que é accountability e os órgãos responsáveis pela sua execução no serviço público MÓDULO 3 Entender a ética na gestão pública e seus impactos no cotidiano do cidadão e nas funções do Estado INTRODUÇÃO A governança na administração pública é um conceito ainda pouco explorado. Sua introdução teve maior alcance com as ideias trazidas pelas reformas gerencialistas, desenvolvidas a partir da década de 1970, inicialmente no Reino Unido e, posteriormente, em vários países. Essa forma de encarar a gestão pública procura escapar dos problemas típicos da gestão burocrática do Estado, como a inércia e o excesso de regras e travas legais. A governança é uma das ferramentas para desburocratização. Já o accountability (prestação de contas) na administração pública é algo mais antigo. Desde o fim das monarquias absolutistas, os Estados vêm se modernizando e procurando, cada vez mais, tornarem-se transparentes em suas decisões e ações para com seus cidadãos. O accountability possibilita essa transparência e traz as condições para sua implantação e seu atendimento. Por fim, vamos falar sobre o outro lado do accountability: a ética na gestão pública. Esse conceito não representa apenas aderência às regras estabelecidas, mas vai além, trazendo as noções de responsabilidade social e sustentabilidade para a discussão dentro da gestão pública. javascript:void(0) REFORMAS GERENCIALISTAS Se você ainda não estudou as reformas gerencialistas, faça uma busca rápida na internet! Você poderá achar mais informações procurando pelo artigo Gerencialismo, de Janet Newman e John Clarke. MÓDULO 1 Reconhecer o conceito de governança e sua aplicação na área pública. O QUE É GOVERNANÇA Vamos iniciar os nossos estudos entendendo o que é governabilidade. Governabilidade refere-se às condições sistêmicas mais gerais, sob as quais se dá o exercício do poder numa sociedade, refletindo as características do sistema político, como a forma de governo, as relações entre os poderes, o sistema partidário e de intermediação de interesses. Já a governança é o conjunto de normas e práticas para gerenciamento dos recursos de um país, sejam econômicos, sociais, naturais, sejam quaisquer outros. O objetivo norteador desse gerenciamento é o desenvolvimento da sociedade em todas as dimensões relevantes – do combate à violência à saúde pública, da erradicação da pobreza ao crescimento econômico. Com esse conceito, podemos dizer que a governança na área pública é fazer o que deve ser feito, com a melhor técnica possível e com o menor custo e tempo possíveis. A governança é a busca constante pela eficiência e eficácia na gestão pública. EFICIÊNCIA E EFICÁCIA Peter Drucker, o pai da Administração moderna, define os termos eficiência e eficácia: "A eficiência consiste em fazer certo as coisas: geralmente está ligada ao nível operacional, como realizar as operações com menos recursos – menos tempo, menor orçamento, menos pessoas, menos matéria-prima etc.” "Já a eficácia consiste em fazer as coisas certas: geralmente está relacionada ao nível gerencial". Para que essa governança seja concretizada, é necessário que as regras sejam claras e precisas, além de simples e uniformes para todos, controlando de forma mais universal as transações sociais e econômicas em um país ao levar em consideração a questão da igualdade e da isonomia entre os cidadãos. Para que essa forma de governança seja alcançada, precisamos seguir alguns princípios: javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com Aderência às regras relevantes. Imagem: Shutterstock.com Ética em todas as relações, com cortesia e princípios saudáveis. Imagem: Shutterstock.com Accountability e transparência perante os cidadãos e os órgãos de controle da administração pública. ACCOUNTABILITY Accountability é, em geral, traduzido como “prestação de contas”, mas você encontrará com mais frequência o termo em inglês. Discutiremos o conceito em detalhe no próximo módulo. Todos esses princípios procuram atingir a prática do cotidiano, tratando a gestão pública como algo a ser desenvolvido com segurança e eficácia, procurando bases sólidas em princípios éticos e morais. Todos esses princípios devem balizar as ações dos gestores, demais servidores e empregados públicos. Dessa forma, o serviço público deve levar à governança uma prática que possa oferecer grandes ganhos aos cidadãos, melhorando a gestão na área pública. Esse aprimoramento só é alcançado se forem desenvolvidas ações para o desenvolvimento de lideranças com integridade, compromisso com o próximo, senso de propósito, responsabilidade com a coisa pública, busca pela integração das diversas esferas públicas com uma visão macro e total transparência em cada ação tomada. javascript:void(0) Com essas atitudes, a liderança se torna inspiradora, e pode tornar toda a cadeia de servidores mais engajada em suas tarefas, além de mais comprometida com seus locais de trabalho e com toda a gestão pública. Nesse caso, a governança deve se voltar para o atendimento do cliente, que, na área pública, é o cidadão. É ele quem utiliza e paga todo o setor público. Por isso, ele deve ser o alvo de qualquer ação que seja desempenhada dentro da administração pública. Uma gestão que não tem o cidadão como alvo se perderá em seu olhar para dentro, sem nunca pensar em seu objetivo final. A GOVERNANÇA NA PRÁTICA NA GESTÃO PÚBLICA A governança na área pública deve ser tratada de forma muito abrangente. Ela vai desde a gestão eficiente de pessoas até a gestão econômico-financeira, passando pela gestão das políticas públicas e do enxugamento da máquina estatal. A reforma gerencialista, trazida por Bresser-Pereira, durante o governo do presidente Fernando Henrique, procurou implantar essa linha de pensamento na administração pública no Brasil. Para que a gestão econômico-financeira seja implementada, é necessário um ciclo de orçamentos e planejamentos de longo, médio e curto prazos, procurando trazer racionalidade e eficiência à gestão pública. No Brasil, esse ciclo é desenvolvido obrigatoriamente pelos governos dos diversos entes, obedecendo a uma série de regras constantes em leis esparsas e, principalmente, na Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2000. Essa lei limitou alguns gastos públicos, responsabilizando diretamente o gestor público caso as regras não fossem cumpridas. Além disso, a Constituição Federal definiu um ciclo de planejamento, composto por: PLANO PLURIANUAL (PPA) Um planejamento de quatro anos. LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO) Feita anualmente, mas que deve ter relação com o PPA. LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA) Prevê as receitas e estabelece os gastos que a administração pública realizará no ano seguinte à sua aprovação. Toda essa estrutura procura dar previsibilidade e transparência ao processo de gestão dos recursos públicos, tratando da forma como os recursos econômicos e financeiros do Estado serão empregados nas diversas prioridades listadas pela agenda pública. A governança entra em todo esse processo como uma maneira de gerenciar esses recursos, de forma eficiente e com foco no cliente, no cidadão. Se assim for construído, o processo de planejamento do setor público alcançará seus objetivos e gerará o bem-estar dos cidadãos, retornando em serviços os impostos pagos por eles. Esse é o objetivo precípuo da administração pública. Cumpri-lo com eficiência e eficácia é o mínimo que os gestores públicos podem oferecer. GESTÃO ESTRATÉGICA NA ÁREA PÚBLICA Mesmo com todo esse planejamento, e com os limites e responsabilizações impostaspela Lei de Responsabilidade Fiscal, para que uma gestão seja estratégica, é necessário que se tenha uma visão anterior a qualquer orçamento ou planejamento. Essa gestão precisa estar embasada em uma visão estratégica de longo prazo, com estratégias estabelecidas para cada setor de atuação do Estado. Essas medidas devem se transformar em projetos e propostas de ações dos governos, que serão levados para o PPA, depois para a LDO e para a LOA, até a aplicação final, quando serão executadas. Todo esse ciclo só é possível se a visão estratégica nortear esse processo. Isso trará uma unidade ao processo e levará a um resultado coordenado entre as diversas ações, evitando desperdício. Planos de governo, porém, são frequentemente descumpridos. De fato, são propostos inicialmente apenas como parte de propaganda eleitoral, pois os políticos precisam de votos. Na prática, o planejamento orçamentário de um ano repete aproximadamente o dos anos anteriores: há uma dissociação entre o orçamento e a gestão estratégica de longo prazo. Foto: Joa Souza/Shutterstock.com Essa forma de geração de agenda política e de escolha de estratégias de ação dos governos é totalmente ineficiente, pois não considera a capacidade do próprio Estado na concepção estratégica das ações a serem implementadas. Isso torna o plano de governo uma peça de enfeite, gerando uma ineficiência contínua na gestão do Estado. Se pensarmos na continuidade e na forma como a LOA acaba sendo planejada (como mera repetição da LOA do ano anterior), vemos que não existe nenhuma estratégia ou planejamento. Assim, a governança pública é perdida e a ineficiência ganha cada vez mais espaço. É preciso um planejamento realístico e que leve em conta as capacidades do Estado, procurando desenvolver capacidades não existentes. Uma busca constante de accountability e transparência pode ajudar em todo esse processo. A gestão de estratégias para a área pública não é uma realidade no Brasil. Poucos gestores públicos têm a consciência de tal necessidade, e mesmo os que possuem se perdem no jogo político. Em vez de ter... uma peça técnica, com estratégia e com objetivos bem claros. O que temos... é uma peça política, na qual os legisladores procuram colocar seus interesses eleitorais imediatos acima de qualquer estratégia de longo prazo. Essas peças, normalmente, atendem a interesses paroquiais das bases eleitorais dos legisladores que as aprovaram, alheios a qualquer estratégia de longo prazo ou projeto de país que se possa ter. Essa forma de organizar o orçamento provoca grandes desperdícios de recursos. Conforme uma visão mais ampla e mundial, os Planos de Longo Prazo (no Brasil, o PPA de quatro anos) buscariam planejar e manter as políticas em horizontes mais longos, alinhadas à estratégia e à visão dos eleitores que escolheram seus representantes. Esses planos poderiam manter a estratégia a longo prazo, sendo revisados ano a ano, para que os ajustes fossem feitos e novas políticas fossem sendo acopladas às já existentes, conforme os resultados das políticas implantadas fossem aparecendo. Essa revisão não tem como função construir uma nova estratégia, mas sim, ir ajustando-a à realidade, que está sempre em mudança, gerando novas demandas e novas ações para implementar a mesma estratégia de longo prazo. A VISÃO ESTRATÉGICA NA GESTÃO PÚBLICA Nesse vídeo, o especialista Ettore de Carvalho Oriol falará sobre os aspectos que norteiam uma visão estratégica para a gestão pública. GOVERNANÇA E O IMPACTO NA EFICIÊNCIA DO ESTADO. O principal impacto da governança no setor público é a adoção de um planejamento estratégico. No Brasil, o modelo estratégico adotado durante a maior parte do século XX foi a visão do Estado Desenvolvimentista, na qual o Estado é o motor, o propulsor do desenvolvimento do país. Essa estratégia é implementada desde Getúlio Vargas, mas foi fortemente abraçada por Juscelino Kubistchek, que colocou a meta de 50 anos em 5, principalmente com a construção de Brasília (sonho antigo de uma capital mais interiorana que vinha desde o segundo império). Tal estratégia foi colocada em prática durante vários anos, inclusive durante os governos militares, com os Planos Nacionais de Desenvolvimento – PND I e PND II. Esses planos procuravam desenvolver áreas como a de tecnologia e de infraestrutura do país. O planejamento estratégico tem sua origem na área militar, pois, para obter a vitória em uma batalha, era necessário mais do que pessoas e armamentos: era preciso ter visão estratégica. Muitos exércitos menores venceram grandes batalhas porque foram mais eficientes do que seus oponentes. Foto: Kallemax / English Wikipedia / Public domain Nas empresas, é muito utilizada essa mesma forma de pensar, sendo que livros como “A arte da Guerra”, de Sun Tzu (século VI a. C.), são frequentemente citados como exemplos de visão estratégica. O modelo desenvolvimentista no Brasil começou a se esgotar na década de 1980, quando o país entrou em um período de baixo crescimento econômico e hiperinflação. O setor público sofre uma permanente crise fiscal e não tem condições de promover o desenvolvimento como antes. Padrões semelhantes foram observados em diversos países, e houve uma mudança nas estratégias dos Estados. A necessidade imposta é a de que o Estado precisa encontrar novas estratégias para que o desenvolvimento seja impulsionado pelo setor privado e se torne menos pesado à sociedade. Essa nova visão estratégica é pouco popular, pois coloca o Estado como um agente menos paternalista e mais voltado à eficiência. Essa reforma do Estado começou na Inglaterra, e seguiu seu curso, com Nova Zelândia e Austrália seguindo esse modelo. Os Estados Unidos também procuraram fazer suas reformas do Estado, com o presidente Bill Clinton. Todos esses países buscaram dar início a reformas com a visão do New Public Management – Nova Gestão Pública, que procura incorporar a visão estratégica mais moderna na gestão do Estado. Tal visão estratégica incorpora a governança pública como peça-chave em seu desenvolvimento, gerando um impacto positivo sobre toda a gestão pública. A adoção de metas mensuráveis e a ideia do contrato de gestão procuram dar maior racionalidade a todo o processo de planejamento e gestão da área. Os princípios da Administração por Objetivos (APO), desenvolvida na gestão privada, são amplamente adotados na Nova Gestão Pública. Em particular, a necessidade de quantificar, medir e avaliar processos e resultados é um dos pilares mais importantes (nem tudo é quantificável e é importante estar atento aos limites das métricas, mas não podemos abrir mão delas). É nesse ponto que entram as metas e os objetivos, além da transparência e da prestação de contas na gestão pública. Sem essas ferramentas não se pode melhorar a gestão pública, e a governança se perde, não oferecendo seus ganhos e deixando de gerar impacto positivo. Outro ponto importante a ser considerado é a formação de redes organizacionais que podem melhorar a aplicação das estratégias traçadas. Essas redes podem ser estabelecidas entre: ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS (APO) Método de gestão detalhada, com foco em planejamento e controle das ações, que devem ser relacionadas a objetivos claros. Seu desenvolvimento começou com Peter Drucker, conhecido como pai da administração moderna. DIFERENTES PESSOAS OU INSTÂNCIAS DA MESMA ORGANIZAÇÃO ORGANIZAÇÕES E SEUS DIFERENTES CLIENTES EXTERNOS javascript:void(0) DIFERENTES ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS No entanto, as redes podem desencadear diversos problemas, como a falta de identificação das pessoas responsáveis pelas metas e demais aspectos da estratégia. Muitas vezes, o excesso de atores pode desencadear essa perda de responsabilização, na qual um ator transfere a responsabilidade para outros, sem nenhuma cobrança ou controle. O CONTRATO DE GESTÃO COMO FERRAMENTA DE GOVERNANÇA E GESTÃO ESTRATÉGICA O Contrato de Gestão é uma ferramenta gerencial, introduzidapela Nova Gestão Pública, e procura traduzir a estratégia de longo prazo em objetivos mensuráveis, para cada órgão dos entes públicos. O Contrato de Gestão é um contrato firmado entre o Gestor Central e os órgãos, autarquias e demais unidades que compõe o ente como um todo. Esse contrato estipula metas para os contratantes em troca de maior autonomia administrativa e financeira. Ele é uma das ferramentas mais eficientes para a implantação de uma visão de governança na gestão pública, pois penaliza os maus gestores e beneficia os gestores responsáveis e comprometidos. O contrato deve seguir os princípios que regem a gestão pública, descritos na Constituição Federal: LEGALIDADE IMPESSOALIDADE MORALIDADE PUBLICIDADE EFICIÊNCIA O Contrato de Gestão foi introduzido na Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998, no artigo 37, § 8º, que dispõe: “a autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: o prazo de duração do contrato; os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; a remuneração do pessoal.". Esse dispositivo colocou em nosso ordenamento jurídico a figura do Contrato de Gestão e possibilitou maior independência dos órgãos e entidades da gestão pública, que se comprometem a cumprir metas mensuráveis específicas. Os Contratos de Gestão são firmados entre o Estado e os órgãos públicos, autarquias, fundações públicas e entidades paraestatais como organizações sociais, além de agências executivas. O propósito desses contratos é o atingimento de metas e objetivos para as políticas públicas a cargo desses órgãos e instituições, além de sua própria gestão interna. Essas metas referem- se a obrigações e recursos, sendo controladas via mecanismos de avaliações, com prêmios e penalidades. Outra característica do contrato de gestão é que, para o poder instituidor, ele funciona como uma ferramenta de supervisão da ação de seus órgãos e demais entidades que tenham alguma relação (não necessariamente de subordinação) com esse poder central. Tal estratégia procura descentralizar o poder do Estado, dando parte desse poder aos órgãos e instituições, gerando maior autonomia nas tomadas de decisão. Um exemplo é uma autarquia que cuida do sistema de aposentadoria dos funcionários públicos. Nesse exemplo, se o contrato é firmado, essa autarquia terá maior autonomia sobre a gestão do patrimônio dos segurados. Foto: Shutterstock.com Seguindo o exemplo, podemos afirmar que para o órgão ou entidade que faz o contrato de Gestão, sua maior liberdade lhe oferece maiores possibilidades de uma gestão estratégica mais eficiente, pois pode desenhá-la com maior aderência à sua própria realidade. Essa maior aderência pode trazer grandes ganhos para a gestão estratégica na área pública, já que aproxima a estratégia das necessidades específicas do órgão ou entidade que está contratando com o poder central. Além disso, as políticas públicas geridas por esses órgãos e entidades poderão atender de forma mais específica os cidadãos, modulando-as de acordo com as realidades de cada região e aproximando-as do cotidiano das pessoas. Esses contratos, ao estabelecer metas e objetivos, podem proporcionar maior comparabilidade do desempenho entre órgãos, e entre o passado e o futuro de cada órgão. As metas e objetivos geram transparência e mensurabilidade do desempenho dos contratantes, gerando informações sobre o desempenho dos gestores e das organizações no curto, médio e longo prazos. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (FCC, 2018) AS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NÃO INTEGRAM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, MAS PODEM EXERCER ATIVIDADES TÍPICAS DELA, POIS: A) Prestam serviços públicos em caráter lucrativo, não podendo receber recursos públicos no desempenho dessas funções, embora possam ser contratadas mediante dispensa de licitação. B) Não podem exercer atividades com caráter lucrativo, tais quais as fundações públicas; tampouco prestar serviços públicos, atuando em colaboração com o poder público, mediante celebração de termos de parceria, não se submetendo aos órgãos externos de controle. C) Dependem de autorização legislativa para serem instituídas pelo poder público, com o qual celebram contrato de gestão, instrumento necessário para fixação de metas e resultados no desempenho de atividades executivas, incluída a prestação de serviços públicos. D) Celebram contrato de gestão para definição de metas na execução de serviços públicos de caráter não exclusivo, mediante repasses de recursos públicos, o que atrai a incidência de controle externo no manejo dessas verbas. E) Estão habilitadas a firmar contratos de concessão ou permissão de serviços públicos, tanto quanto termos de parcerias, cabendo controle sobre sua gestão, pois sua remuneração pode advir diretamente dos usuários ou da própria Administração Pública. 2. (FCC, 2013) O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO TEM COMO FOCO CENTRAL: A) Alcançar o potencial máximo da organização através do fortalecimento da capacidade de prever ocorrências futuras com impacto estratégico nas metas de longo prazo. B) Realizar metas organizacionais de longo alcance, através da priorização de enfrentamento das incertezas ambientais internas. C) Capacitar os níveis diretivos superiores para enfrentar as incertezas ambientais externas. D) Reduzir as incertezas em ambientes competitivos para alcançar resultados precisos no curto prazo. E) Fortalecer a sinergia entre as capacidades efetivas da organização visando a alcançar seu pleno potencial de ação num ambiente de incerteza sistêmica. GABARITO 1. (FCC, 2018) As organizações sociais não integram a Administração Pública, mas podem exercer atividades típicas dela, pois: A alternativa "D " está correta. A resposta “d” está correta, pois o contrato de gestão procura gerar uma relação baseada em objetivos do poder público com órgãos públicos ou instituições paraestatais, que terão como objetivos atingir certas metas em troca de maior liberdade para a gestão de recursos públicos. 2. (FCC, 2013) O Planejamento Estratégico tem como foco central: A alternativa "E " está correta. O planejamento procura antever problemas e demais questões que podem ocorrer, planejando as formas de enfrentamento dos riscos e gerando uma forma de melhorar a certeza e objetivos para os órgãos que estão utilizando essa estratégia. MÓDULO 2 Definir o que é accountability e os órgãos responsáveis pela sua execução no serviço público O QUE É ACCOUNTABILITY E TRANSPARÊNCIA NO SETOR PÚBLICO Accountability significa prestação de contas. Essa questão está cada vez mais presente em todas as esferas da sociedade. Nas empresas, principalmente nas com ações listadas em bolsa de valores, o accountability já é uma realidade há algum tempo. No Brasil, essa obrigatoriedade existe há bastante tempo, mas só nos últimos anos, após escândalos seguidos, é que esse conceito vem entrando na agenda em geral. Segundo Ramos (2020), o accountability pode ser classificado em três modalidades diferentes: ACCOUNTABILITY VERTICAL Se dá entre a população e o Estado, referindo-se ao controle que aquela exerce sobre os agentes públicos e os governos e é relacionada à capacidade da população de votar e de se manifestar de forma livre, tendo como exemplo o voto e a ação popular. ACCOUNTABILITY HORIZONTAL Se dá entre entes ou órgãos estatais, ocorrendo quando um poder, órgão, agência reguladora etc., fiscaliza outro. ACCOUNTABILITY SOCIETAL Se dá entre a sociedade civil organizada e entes ou órgãos estatais, em que aquela, muitas vezes representada por ONGs, sindicatos, associações etc., fiscaliza os agentes públicos e o os governos, exercendo pressão legítima sobre a AdministraçãoPública. Nos últimos anos, com a edição de novas leis voltadas para o tema nas empresas, este assunto vem ganhando cada vez mais relevância, mas na área pública, esse tema é mais antigo. A Constituição Federal de 1988 já considerou todo um sistema de controle e accountability para a gestão pública, deixando prescrita uma série de regras e responsabilidades cruzadas de controle entre os poderes que integram a nossa nação. Diversos órgãos e entidades foram criados ou tiveram seus mandatos e responsabilidades aumentados no momento da formulação e aprovação da Constituição Federal. Foto: rafastockbr/Shutterstock.com AO LEGISLATIVO: Ficou a incumbência de fiscalizar o Executivo, além de suas prerrogativas naturais de criação e aprovação das leis. Foto: tjncaldas/Shutterstock.com AO EXECUTIVO: Ficou a obrigação de compilar e organizar todo o orçamento dos diversos poderes, controlando a arrecadação e repasse de todos os recursos que manterão esses poderes. Foto: Patricia dos Santos/Shutterstock.com AO JUDICIÁRIO: Ficou a obrigação de julgar as condutas desses dois poderes, sempre que acionado dentro das regras constitucionais. Assim, vemos que o legislador procurou tecer uma rede de pesos e contrapesos na fiscalização da gestão pública, ficando com o Executivo a maior carga de prestação de contas, e com o Legislativo a maior carga de fiscalização. Para que o Legislativo execute seu trabalho, foram indicados os Tribunais de Contas, que procuram auxiliar na tarefa de investigação e julgamento das prestações de contas do Executivo. Esses tribunais não estão ligados ao poder Judiciário e sim ao poder Legislativo, servindo como um auxílio técnico no accountability. O accountability procura fortalecer o controle social e político, em detrimento do controle burocrático. Essa afirmação está na base da política de transparência em todo o mundo. No Brasil, esse conceito já está bem entendido, e vem ganhando cada vez mais relevância. Há avanços e retrocessos, consequências da luta dos cidadãos contra os poderes que desejam menos transparência para que possam agir da forma como acharem mais conveniente. Quanto maior a transparência em um país, maior a percepção dos cidadãos sobre a corrupção, e esse entendimento é muito importante para impulsionar as ações voltadas para combatê-la. Todo esse sistema de controle é a base para a transparência e a geração de melhores práticas na gestão pública. OS DIVERSOS TIPOS DE ACCOUNTABILITY Nesse vídeo, o especialista Ettore de Carvalho Oriol explicará e citará exemplos de cada tipo de accountability. CONTROLE ESTATAL DA GESTÃO PÚBLICA O controle legislativo sobre as ações do Executivo é uma das funções legais que a Constituição Federal definiu. Esse controle, como já indicado anteriormente, é exercido com a ajuda dos Tribunais de Contas. Esses tribunais são constituídos de um grupo de ministros. Em particular, o Tribunal de Contas da União (TCU) é constituído por nove ministros que julgam as contas do Poder Executivo e as encaminham para a aprovação ou rejeição de seu julgamento pelo Poder Legislativo. A Constituição estabeleceu uma série de competências para o TCU em seu artigo 71, que dispõe: “o controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União”, ao qual compete: 1 Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República. Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por recursos, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte em prejuízo ao erário público. 2 3 Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, salvo exceções previstas em lei. Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas ligadas ou subordinadas aos poderes da União. 4 5 Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta. Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município. 6 7 Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas. Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, incluindo multa proporcional ao dano causado ao erário. 8 9 Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade. Sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. 10 11 Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. Todas essas competências estão direcionadas para o bom andamento do serviço público e da geração de um sistema de fiscalização e accountability interno no setor público, que gere segurança ao cidadão na aplicação dos recursos públicos. Ao cidadão, compete acompanhar os resultados de toda essa fiscalização e cobrar que ela seja feita de forma correta e com toda a dedicação que a tarefa requer. Os Estados federados devem ter seus próprios Tribunais de Contas, que devem exercer a função de auxiliar as Assembleias Legislativas estaduais. Além dessa função, os Tribunais de Contas do Estado (TCEs) devem auxiliar as câmaras municipais que não tenham Tribunais de Contas próprios. Nesses casos, a jurisdição do TCE abarca as prefeituras que compõe o Estado. Essa forma de organização procura distanciar o poder fiscalizador do poder executivo, que tem controle direto sobre as contas públicas, garantindo independência e transparência em todo esse processo. Outro órgão de Estado significativo na prestação de contas, na gestão pública, é o Ministério Público. Foto: rafastockbr/Shutterstock.com Esse órgão independente que integra o Estado é muito importante para o accountability e a transparência na gestão pública. Ele é o responsável por processar os responsáveis por desvios na gestão pública, além de representar o Estado em caso judiciais contra empresas e cidadãos. O Ministério Público tem, inclusive, poder de investigação contra cidadãos, empresas, e gestores e ordenadores de despesas na área pública. Nas estruturas internas de cada ente e de cada poder, existem sistemas de accountability e de fiscalização instituídos pela Constituição Federal e em outras legislações correlatas. Na gestão federal, temos os advogados que trabalham na Advocacia Geral da União (AGU), que desempenham o papel de defensores do Estado. Em diversos casos, funcionam inclusive como uma auditoria interna do Executivo Federal, além da auditoria interna oficial. Nos órgãos e empresas públicas, a Constituição Federal obriga o estabelecimento de sistemas de auditorias internas, organizadas de tal forma que sejam independentes e que respondam diretamente à cúpula dessas entidades. Assim, essas auditorias internas podem exercer um papel de fiscalização das operações do dia a dia dessas unidades. CONTROLE SOCIAL DA GESTÃO PÚBLICA O controle social da gestão pública é uma das questões mais importantes para a transparência e o accountability. Diversas iniciativas, tanto dentroda própria área pública quanto em organizações não governamentais (ONGs), podem garantir o controle social das ações e políticas na gestão pública. Uma dessas iniciativas são os conselhos de políticas públicas. Eles possuem um papel de controle das políticas públicas e de representatividade da população em diferentes áreas de interesse de todos os cidadãos, configurando-se como espaços de articulação da sociedade com os governantes. Esses conselhos procuram fazer a ligação entre: A sociedade civil organizada O poder público Gerando maior diálogo e melhor aderência das políticas públicas aos objetivos e desejos da população. Importante destacar, em todo esse processo de controle social, o papel das ouvidorias públicas, unidades das estruturas dos poderes a que pertencem, mas que desenvolvem um papel de recebimento de denúncias e reclamações diretamente dos cidadãos. Esse controle pela coletividade pode ser consubstanciado por essas ouvidorias públicas, que são meios destinados a receber, apurar e responder a manifestações de elogio, reclamação, dúvida e sugestão dos cidadãos. Diversas entidades sem fins lucrativos também se dedicam a promover o controle social no Brasil. AGENTES VOLUNTÁRIOS DO BRASIL CONTRA A CORRUPÇÃO Engajam cidadãos no acompanhamento de todos os gastos do governo. Essa supervisão é feita para que o controle social aconteça durante a execução dos gastos e não somente após sua conclusão. Essa forma de controle social é exercida de forma individual ou em grupo, dependendo da quantidade de pessoas dispostas a se voluntariar. OBSERVATÓRIO SOCIAL É um exemplo de entidade que procura congregar outras, com o intuito de promover a transparência e o controle social na administração pública. O Observatório é uma associação não governamental, com atuação nacional, composta por voluntários apartidários e que tem como definição em seu próprio site ser: “Um espaço para o exercício da cidadania, que deve ser democrático e apartidário e reunir o maior número possível de entidades representativas da sociedade civil com o objetivo de contribuir para a melhoria da gestão pública. Cada Observatório Social é integrado por cidadãos brasileiros que transformaram o seu direito de indignar-se em atitude: em favor da transparência e da qualidade na aplicação dos recursos públicos. São empresários, profissionais, professores, estudantes, funcionários públicos (exceto os que integram a esfera de atuação do observatório específico) e outros cidadãos que, voluntariamente, entregam-se à causa da justiça social”. Outro ponto importante que o Observatório Social do Brasil coloca é sua forma de funcionamento, pois é um exemplo de como a maioria dessas associações se organizam, procurando manter uma estrutura pequena e utilizar a mão de obra de voluntários que se dispõem a ajudarem nesse controle. Assim, o controle é realmente social, já que é exercido por cidadãos que compõem a sociedade e não por profissionais treinados para tal função. Dentro dessa visão, o principal olhar dessas instituições está sobre as licitações, que representam uma parte relevante do gasto público, e onde frequentemente surgem denúncias de corrupção. ORÇAMENTO PARTICIPATIVO É uma iniciativa interessante que começou em algumas prefeituras, há alguns anos, e que vem ganhando cada vez mais adeptos. Esse instrumento de controle social e de participação do cidadão é importante para a complementação da democracia representativa, pois permite que o cidadão debata e defina os destinos de uma cidade, um estado e da nação. Essa forma de participação procura incorporar ao planejamento público os desejos dos cidadãos que receberão o impacto da execução daquele orçamento público, e que, por fim, arcarão com os custos das decisões tomadas. Nessa participação no planejamento, o controle social do setor público acontece a priori, pois as decisões são tomadas por consenso, o que obriga tanto os cidadãos, quanto o poder público, a cederem em suas posições para que as questões discutidas avancem e gerem os resultados esperados. A PRIORI Se você ainda não conhece essa expressão, habitue-se a ela: significa “anteriormente”. javascript:void(0) Modelos mais simples, como a abertura da possibilidade de sugestões para a inclusão de questões específicas no orçamento, também são válidas, mas exercem um papel muito menor nesse controle social, pois a decisão ainda fica nas mãos das autoridades. LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO A Lei de Acesso à Informação, Lei 12.527 de 2011, procurou organizar todo o processo de gestão e disponibilidade de informações ao cidadão. Ela estabelece: Que informações devem ser disponibilizadas de forma automática aos cidadãos, por meio de sites e demais meios ditados pela lei. Quais informações devem ser disponibilizadas a pedido do cidadão. Quais devem ser mantidas em sigilo, e por quanto tempo esse sigilo deve durar. Essa preocupação de regrar a relação do cidadão com o ente público em relação à disposição de informações foi muito importante para o avanço do accountability e da transparência em nosso país. Ao solicitar uma informação com base nessa legislação, o poder público terá um prazo máximo para a disponibilização, não podendo adiar ou ignorar. Esse processo de disponibilização é muito utilizado por pessoas que pesquisam na área pública e exercem o papel de traduzir os números e informações prestadas para a linguagem do cidadão comum. Algumas ONGs e associações sem fins lucrativos também fazem esse papel, buscando um acompanhamento contínuo sobre esses dados. A Lei de Acesso à Informação exige o respeito aos princípios constitucionais que regem a administração pública, e além disso apresenta como princípios: Imagem: Shutterstock.com Observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção. Imagem: Shutterstock.com Divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações. Imagem: Shutterstock.com Utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação. Imagem: Shutterstock.com Fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública. Imagem: Shutterstock.com Desenvolvimento do controle social da administração pública. Vemos que o controle social é auxiliado pela Lei de Acesso à Informação e que esse controle pode ser feito tanto pelo próprio Estado como pela sociedade em geral. Vimos também que esse controle social é exercido tanto pelo próprio cidadão, individualmente, como por agrupamentos de pessoas organizadas em ONGs e associações sem fins lucrativos. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (ESAF, 2009, ADAPTADA) SOBRE O TEMA “GOVERNABILIDADE, GOVERNANÇA E ACCOUNTABILITY”, ASSINALE A OPÇÃO CORRETA: A) O accountability visa a fortalecer o controle social e político, em detrimento do controle burocrático. B) Governança pode ser entendida como um modelo horizontal de relação entre atores públicos e privados no processo de elaboração de políticas públicas. C) O conceito de governança é sinônimo do conceito de governabilidade. D) As parcerias público-privadas (PPPs) constituem um exemplo de coordenação de diversos atores dentro da máquina estatal para provisão de serviços públicos. E) A governabilidade refere-se mais à dimensão paraestatal do exercício do poder. 2. (SMASDH/MT, 2019) A TRANSPARÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA É RELATIVAMENTE NOVA, APESAR DE O PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE SER UM DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA NOSSA CARTA MAGNA DE 1988. COM O INCREMENTO DA TRANSPARÊNCIA, CRESCEM AS POSSIBILIDADES DE REALIZAÇÃO DE ACOMPANHAMENTO PELOS INDIVÍDUOS, O CHAMADO CONTROLE SOCIAL. EM RELAÇÃO AO CONTROLE SOCIAL, ASSINALE A ALTERNATIVA FALSA: A) Os conselhos possuem um papel de controle das políticas públicas e de representatividade da população em diferentes áreas de interesse de todos os cidadãos, configurando-se como espaços de articulação da sociedade com os governantes. B) O controle pela coletividade pode serconsubstanciado também pela utilização de ouvidorias públicas, que são meios destinados a receber, apurar e responder manifestações de elogio, reclamação, dúvida e sugestão dos habitantes. C) O orçamento participativo é um importante instrumento de complementação da democracia representativa, pois permite que o cidadão debata e defina os destinos de uma cidade. D) O observatório social é uma associação não governamental, com âmbito de atuação estadual, composta por voluntários apartidários. E) O Transparência Brasil é uma instituição que procura divulgar dados do poder público com o fim de melhorar a transparência para o controle social dos cidadãos. GABARITO 1. (ESAF, 2009, Adaptada) Sobre o tema “governabilidade, governança e accountability”, assinale a opção correta: A alternativa "A " está correta. O accountability, entendido como prestação de contas, busca facilitar o controle da sociedade e de outras esferas do próprio setor público sobre a atuação de cada ente da máquina estatal. 2. (SMASDH/MT, 2019) A transparência na administração pública brasileira é relativamente nova, apesar de o Princípio da Publicidade ser um dos princípios fundamentais da nossa Carta Magna de 1988. Com o incremento da transparência, crescem as possibilidades de realização de acompanhamento pelos indivíduos, o chamado Controle Social. Em relação ao Controle Social, assinale a alternativa falsa: A alternativa "D " está correta. A resposta “d” é falsa, pois o observatório social é uma entidade que tem atuação nacional e que desenvolve seus serviços fornecendo informações orçamentárias e comparativas para a sociedade civil. MÓDULO 3 Entender a ética na gestão pública e seus impactos no cotidiano do cidadão e nas funções do Estado. MORAL E ÉTICA A moral e a ética se relacionam constantemente dentro do cotidiano das pessoas. A moral, antecessora da ética, é formada pelos costumes e prescinde a necessidade de um código escrito para existir. Ela pode variar de tempos em tempos, conforme o costume de cada época, mas normalmente seu núcleo de conceitos é universal e atemporal. Foto: JonathasDG /santuariodafantasia.blogspot.com / Os direitos autorais pertencem ao fotógrafo que é desconhecido. Escritor norte-irlandês C. S. Lewis. Por outro lado, outros autores, como Nietzsche, colocam que “Deus está morto” e que a moral deve seguir a vontade do ser humano. Essa forma de pensar abandona a ideia da existência de um criador e de uma moral atrelada a um relacionamento com ele. Assim, se não temos a quem prestar contas de nossas ações e se essa moral não está subordinada à vontade de um Deus, a que essa vontade estará subordinada? RESPOSTA Para Nietzsche, se Deus está morto é porque nós o matamos. Se Deus pode morrer, então não era Deus, pois um dos princípios da deidade é ser imortal. Com esse argumento, o autor coloca que, em última instância, a moral será dada pela vontade de cada pessoa, e que será guiada pelo próprio prazer, ou seja, pelo hedonismo. Já a ética é uma formalização de alguns conceitos morais e deve ser encarada como um conjunto de regras e procedimentos relacionados a um local específico. Normalmente, as javascript:void(0) empresas procuram escrever seus códigos de ética abrangendo todos os departamentos que as compõem. Diferente da moral, que procura ser universal, a ética é inerente ao local de situação particular de cada tipo de atividade e ao local em que se está aplicando. Em muitos casos, o que é ético em uma empresa, não será em outra. Em geral, existe um núcleo central que permanece em todas as empresas, principalmente o núcleo relacionado com a moral e com as questões criminais. No entanto, a essência de um código de ética é adaptar-se às necessidades do local e das atividades a que se referem. Muitas ações, que em uma empresa são éticas, no setor público são inaceitáveis. Considere, por exemplo, negociar diretamente com o fornecedor, independentemente de qualquer consulta aos concorrentes, sobretudo quando o próprio dono da empresa é quem está realizando a compra. O EXEMPLO APRESENTADO ACIMA SE TRATA DE UMA SITUAÇÃO NORMAL NO SETOR PRIVADO, MAS NO SETOR PÚBLICO É ATÉ CRIME, TIPIFICADO EM LEGISLAÇÃO PRÓPRIA. MAS POR QUE ISSO ACONTECE? RESPOSTA RESPOSTA Acontece, pois, no caso da empresa, a pessoa está lidando com os próprios recursos, não precisando prestar contas a ninguém. Já no segundo caso, da gestão pública, o colaborador está lidando com os recursos públicos e, como tal, não pode dispor deles da forma que achar melhor: deverá seguir as regras impostas pela legislação relacionada à ação que está tomando, relacionada à ampla concorrência nas compras públicas. javascript:void(0) A ética nas negociações é algo muito importante, e é nesse ponto que a maioria dos negociadores se perde. Para alguns, vale qualquer subterfúgio para levarem a melhor em uma negociação, não importando sobre o que se está negociando. Ter uma moral e aplicar todos os códigos de ética inerentes à negociação que está em curso é algo imprescindível. Para que essa ética seja seguida durante as negociações, é importante que o negociador conheça as regras éticas da empresa ou da entidade que está representado na negociação. Esse conhecimento deve ser profundo e minucioso, pois isso evitará que o negociador infrinja essas regras e seja punido por essa infração. Muitas vezes, a infração das regras éticas em uma negociação pode levar o negociador à cadeia. Um negociador que aceita subornos para escolher um comprador específico de um material em uma empresa está cometendo uma infração ética, e também um crime. Esses comportamentos fora do padrão moral normalmente são tipificados como antiéticos também. Porém, existem: ZONA CINZENTA QUESTÕES QUE SÃO DÚBIAS ZONA CINZENTA Em que a moral e a ética são duvidosas, mas que ainda não se caracterizam como crime, ou não estão tipificadas. QUESTÕES QUE SÃO DÚBIAS Não são caracterizadas como antiéticas, mas em algumas situações podem acarretar grandes prejuízos a uma das partes na negociação ou até mesmo a ambas as partes. Nesses casos, é o bom senso do negociador que deve pesar cada uma das questões e tomar a decisão de agir ou deixar de agir para que o resultado seja o mais transparente possível. Levando em consideração que a ética e a moral são guias para a ação no dia a dia dos profissionais, principalmente para aqueles que de alguma forma lidam diretamente com negociações, dominá-las é essencial para o seu uso e aplicação. Assim, é importante que a empresas procurem dar treinamentos constantes a seus empregados sobre o seu código de ética, procurando introjetar seus conceitos e regras à mente das pessoas. Para além da mera existência de um código de ética, com todos os escândalos empresariais das últimas décadas, como os da Siemens, da Emron, da Volkswagen, da Petrobras e tantos outros, as empresas têm procurado desenvolver programas de compliance. Esses programas incluem: OS ESCÂNDALOS EMPRESARIAIS DAS ÚLTIMAS DÉCADAS Faça uma pesquisa na internet sobre esses casos! javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com Códigos de ética. Imagem: Shutterstock.com Processos de ouvidorias de denúncias relacionadas a desvios de condutas internos. Imagem: Shutterstock.com Contratação de empresas especializadas para investigarem essas denúncias. Imagem: Shutterstock.com Punições para cada tipo de desvio ético que é identificado. Por outro lado, os governos têm procurado incentivar a adoção de boas práticas nas empresas, dando incentivos, e diminuindo punições, caso elas adotem programas internos de compliance após serem pegas em qualquer tipo de desvio ético/criminal em sua relação com os entes públicos. Essa legislação é mais recente no Brasil, mas em países como os EUA já estão presentes há muitos anos. Leis como F.C.P.A. (Foreign Corrupt Practices Act), da década de 1970, punem javascript:void(0) empresas norte-americanas que as infringirem nas negociações,não apenas nos EUA, mas em qualquer outro país do mundo. Basta a empresa ter suas ações listadas em uma bolsa de valores dos Estados Unidos para estar obrigada a seguir essa legislação, podendo ser punida por seus desvios éticos e legais. Mais recentemente, após os escândalos envolvendo a Emron, sua quebra e grande prejuízo que deu a seus investidores, foi aprovada mais uma legislação nos EUA relacionada à questão da corrupção e de desvios éticos e criminais nas empresas: A Lei Sarbanes-Oxley (SOX), que responsabiliza o CEO e o CFO das empresas caso haja desvios dentro delas. Além da questão ligada à responsabilização, essa lei ditou muitas regras para as auditorias, que deveriam cuidar que as empresas seguissem as melhores práticas de mercado em seu trato com seus clientes e stakeholders em geral. FOREIGN CORRUPT PRACTICES ACT Podemos traduzir informalmente como Lei de Crimes de Corrupção no Exterior. CEO Chief Executive Officer: é quem está no topo da administração da companhia. Podemos traduzir informalmente como Diretor Geral. CFO Chief Financial Officer: Diretor Financeiro. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) STAKEHOLDERS Qualquer parte interessada na operação da empresa. Pode ser um cliente, um acionista, ou um morador da vizinhança. ÉTICA NA GESTÃO PÚBLICA A ética é essencial para seu bom desempenho em qualquer área, e o setor público não é exceção. Existem muitos casos em que a lei não está sendo infringida, mas que a ação do gestor público é imoral ou até mesmo antiética. Um conceito importante que devemos considerar como premissa sobre ética na gestão pública é que ao gestor público só é permitido fazer o que a lei permite, enquanto para o gestor privado, em geral, é permitido fazer qualquer coisa, exceto o que a lei proíbe. Assim, essa forma de encarar a gestão pública modifica totalmente o modo de agir dos gestores e dos demais colaboradores dentro da área pública. Na gestão pública, existem diversos códigos formalizados. Para o empregado/servidor federal existe o código de ética, aprovado pelo decreto nº 1.171 de 1994. Com esse decreto, foi instituído um código para todo o funcionalismo do Poder Executivo Federal. Outros entes, e mesmo outros poderes dentro do mesmo ente, também têm seus próprios códigos de ética e procuram disciplinar as condutas de seus colaboradores em pontos que acham importante. Na gestão pública em geral, a moral e a ética são elementos essenciais para a construção de uma gestão melhor e de um senso de compromisso com a coisa pública. Diversos autores estudam essa questão da ética na gestão pública e já é comprovado que: QUANTO MAIOR O SENSO DE ÉTICA E QUANTO MAIS ELEVADA A MORAL DE UM POVO MELHOR SERÁ O TRATO DESSE POVO COM A COISA PÚBLICA Países onde a moral de seu povo é elevada e o senso do certo e errado é melhor difundido tendem a ter um setor público menos corrupto e com maior senso de dever público. No Brasil, apesar de a nossa Constituição Federal colocar alguns princípios que devem nortear a gestão pública, principalmente no artigo 37, muitas vezes esses princípios não são suficientes para evitar desvios e atitudes amorais e imorais por parte dos gestores e colaboradores públicos. Mesmo com os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência na gestão da coisa pública, a nossa baixa moral e o chamado “jeitinho brasileiro” tendem a minar as atitudes dos gestores públicos. Esse problema moral é mais evidente quando os gestores se encontram na zona cinzenta da moral e da ética, em que se deve tomar decisões que não são ilegais, mas que em muitos casos prejudicarão pessoas ou interessados na coisa pública. Nesse momento, a moral tem seu papel mais preponderante. CORRUPÇÃO E DESVIOS NA GESTÃO PÚBLICA Tanto a corrupção quanto a improbidade administrativa, bem como os outros crimes praticados contra a administração pública e os recursos públicos, lesam a sociedade. No Brasil, essa prática de corrupção na gestão pública é antiga e se mistura com nossa história. 1 O sistema patrimonialista, trazido de Portugal com a família real, que se mudou para cá fugindo de Napoleão Bonaparte, é baseado na troca de favores entre os governantes e as pessoas com posses. No modelo burocrático, que começou a ser implantado já durante o governo de Getúlio Vargas (antes dele, já era implantado, porém mais timidamente), essa troca de favores é algo tipificado como crime, pois um dos princípios que regem o modelo burocrático é a impessoalidade. 2 3 No entanto, tanto o modelo burocrático como o modelo patrimonialista de gestão da coisa pública ainda convivem em nosso Estado. Essas questões relacionadas à forma como a coisa pública é tratada, principalmente a parte mais ligada à gestão patrimonialista do Estado, é bastante corrosiva aos princípios públicos. A indicação de pessoas a cargos específicos é ainda um resquício dessa forma de encarar a gestão do estado. Em relação à ligação dos resquícios de gestão patrimonialista e à corrupção nos entes públicos, observa-se menor incidência de corrupção nos quadros de unidades com corpo funcional estável, formado por funcionários públicos concursados. Quadros como os da Receita Federal, Polícia Federal e alguns outros órgãos, que são basicamente constituídos de funcionários de carreira, têm menor índice de corrupção do que órgãos que têm grande quantidade de indicações políticas de funcionários. A necessidade de envolvimento de pessoas de dentro da empresa, para que as fraudes e desvios sejam concretizados, é que garantem a permanência desse modelo patrimonialista em nosso país. Apesar dessa aparente lascividade em relação à coisa pública, o nosso Código Penal (DEL) nº 2.848/1940, em seus artigos 312 a 337-D, tipificam uma série de comportamentos e condutas que são consideradas crimes contra a administração pública nacional e até mesmo estrangeira. Esses crimes incluem tanto o crime de corrupção ativa, como a passiva, entre outros. Crimes como enriquecimento ilícito ao subtrair a coisa pública, bem como crimes ligados a compras públicas (por exemplo, fraudes em licitações), são todos tipificados, indicando o tipo de pena que as pessoas enquadradas nesses dispositivos podem receber ao serem julgadas. Diversas outras leis tipificam e indicam penas para crimes ligados à administração pública. Uma delas é a lei nº 8666/1993, a Lei das Licitações. Nos últimos artigos dessa lei, são listados crimes contra a licitação e contra o contrato administrativo, indicando suas penas. No Brasil, a corrupção e outros crimes contra a administração pública, muitas vezes, não são punidos ou coibidos por falta de legislação específica, de punição severa, ou ainda de aplicação uniforme dessa lei. O que existe no Brasil é uma sensação de impunidade, que permeia toda a sociedade e que incentiva a prática de crimes. Foto: Hugo Martins Oliveira/Shutterstock.com O que coíbe a prática de um crime é a certeza da punição: quando essa é tardia ou nem mesmo acontece, o criminoso se sente à vontade para a prática dos crimes, percebendo que sua prática o beneficia, sem risco ou ônus relevantes. É nessa sensação de impunidade que mora o grande incentivo para a prática da corrupção e dos demais crimes contra a gestão pública; é na morosidade do nosso sistema judiciário e das brechas que os legisladores deixam nas leis, que os criminosos se fiam para verem vantagem na prática de seus crimes. Toda essa discussão sobre corrupção e prática de crimes esbarra na postura ética dos agentes públicos. Se esses agentes tiverem um alto grau de moral e uma conduta ética exemplar, a maioria desses crimes intentados contra a administração pública não serão concretizados. Cada um dos servidores públicos e de empregados públicos devem ter em suas mentes que sua postura e sua conduta determinarão como a coisa pública será tratada, não apenas por eles, mas por todos os cidadãos. Na área de anticorrupção, vem surgindodiversas iniciativas, tanto internacionais como nacionais. Institutos, como Transparência Brasil, procuram incentivar e aumentar a divulgação de dados para melhorar todo o processo de transparência em nosso país. Outras instituições incentivam a responsabilidade social para a melhora dos ambientes de negócios e de toda a relação das empresas com os diversos entes públicos. Todas essas iniciativas estão voltadas para a adoção de boas práticas na relação do particular com a coisa pública, além de melhorarem a divulgação de dados e a gestão da responsabilidade social nas empresas. Essa questão de responsabilidade social é muito importante, pois agrega valor à marca da empresa e também à marca da gestão pública. Essa ideia de que a gestão pública também tem uma marca a construir junto ao cidadão é bastante nova. Tal visão da gestão pública pode trazer grandes ganhos para o cidadão e para a gestão pública, pois pode melhorar o relacionamento entre as partes. Por fim, uma visão de longo prazo, levando em consideração a sustentabilidade de toda a administração pública, é outro conceito recente e que tem ganhado força. Essa visão procura trazer ensinamentos da gestão privada na condução da coisa pública voltada para o longo prazo e para a aplicação de técnicas, que privilegiem a reciclagem e a construção de um futuro, com maior economia de recursos naturais e pessoais. EXEMPLO Cidades inteligentes (Smart Cities) têm se tornado o novo alvo das administrações mais modernas. Cidades voltadas para o bem-estar de seus cidadãos, com planejamento de longo prazo e uso de tecnologias para facilitar a vida das pessoas são o novo paradigma nessa área. A moral e a ética são partes importantes em todos esses conceitos, tanto de responsabilidade social, como de sustentabilidade, pois são a base sobre a qual uma sociedade mais justa e igualitária pode ser construída. Quanto mais ético um povo, melhor será a sua consciência sobre a coisa pública e melhor será a forma como esse povo lidará com os desafios que o futuro lhe reserva. Corrupção e desvios na gestão pública são o oposto dessa postura ética, e podem corromper uma sociedade, tirando-lhe o futuro e acabando com a esperança de toda uma nação. A expectativa é uma arma muito importante como propulsora do desenvolvimento, e a corrupção mina esse dispositivo e o destrói, comprometendo o desenvolvimento de um povo. MORAL E ÉTICA NA GESTÃO PÚBLICA Nesse vídeo, o especialista Ettore de Carvalho Oriol falará sobre as diferenças entre moral e ética e tratará um pouco sobre a corrupção no Brasil. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (ADAPTADA DE CESPE/CEBRASPE, 2019) TODAS AS POSTURAS ÉTICAS, SEJAM QUAIS FOREM SUAS ORIENTAÇÕES, SUAS PREMISSAS, SEUS ENGAJAMENTOS E SUAS PREOCUPAÇÕES, SEMPRE ELEGEM “O MELHOR” COMO A FINALIDADE DO COMPORTAMENTO HUMANO E PARA O DIRECIONAMENTO DA AÇÃO HUMANA. (EDUARDO C. B. BITTAR. CURSO DE ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL. 15ª ED. SÃO PAULO, 2017, P. 52) CONSIDERANDO O FRAGMENTO DE TEXTO APRESENTADO ACIMA COMO REFERÊNCIA INICIAL, É CORRETO AFIRMAR QUE A ÉTICA E A MORAL: A) Subordinam a validade da lei na busca do que é “o melhor”. B) Exteriorizam as melhores normas de conduta dos seres humanos que convivem em sociedade. C) São normas jurídicas ideais à evolução da sociedade. D) Têm por atributo serem cogentes e heterônomas. E) São subordinadas entre si, com prevalência da moral sobre a ética, de modo que o que for moralmente aceitável será ético. 2. (FCC, 2016) OSCAR, SERVIDOR PÚBLICO DE ÓRGÃO PREVIDENCIÁRIO FEDERAL, OBJETIVANDO REDUZIR SUA CARGA DE TRABALHO, PRESTOU INFORMAÇÕES INCORRETAS A CIDADÃOS QUE PROCURARAM ATENDIMENTO JUNTO AO ÓRGÃO, NO SENTIDO DE QUE O PLEITO APRESENTADO NÃO ENCONTRARIA RESPALDO NA LEGISLAÇÃO VIGENTE. OSCAR NÃO RECEBEU PUNIÇÃO DISCIPLINAR, TENDO ALEGADO QUE NÃO AGIU DE MÁ-FÉ, MAS QUE TERIA COMETIDO EQUÍVOCO POR NÃO ESTAR ATUALIZADO ACERCA DA MUDANÇA DA LEGISLAÇÃO SOBRE A MATÉRIA. DO PONTO DE VISTA ÉTICO, A CONDUTA DE OSCAR: A) Somente será considerada violação aos princípios éticos aplicáveis aos servidores se identificada falta disciplinar. B) Constitui violação aos deveres fundamentais do servidor e dos princípios da administração pública, independentemente da apuração sob o aspecto disciplinar. C) Infringe os deveres éticos do servidor público, sendo passível de pena de advertência, independentemente de infração disciplinar. D) Está em desacordo com as regras deontológicas que devem nortear a atuação dos servidores públicos, porém não configura violação a princípio ético específico. E) Configura conduta antiética grave, passível de pena de suspensão, conversível em multa. GABARITO 1. (Adaptada de CESPE/CEBRASPE, 2019) Todas as posturas éticas, sejam quais forem suas orientações, suas premissas, seus engajamentos e suas preocupações, sempre elegem “o melhor” como a finalidade do comportamento humano e para o direcionamento da ação humana. (Eduardo C. B. Bittar. Curso de ética geral e profissional. 15ª ed. São Paulo, 2017, p. 52) Considerando o fragmento de texto apresentado acima como referência inicial, é correto afirmar que a ética e a moral: A alternativa "B " está correta. A resposta “b” está correta, pois a ética e a moral incidem sobre fazer o que é correto e ajudar ao próximo. A ética é sua formalização e garante que seja colocado em regras e seja padronizado para o conhecimento de todos os envolvidos. 2. (FCC, 2016) Oscar, servidor público de órgão previdenciário federal, objetivando reduzir sua carga de trabalho, prestou informações incorretas a cidadãos que procuraram atendimento junto ao órgão, no sentido de que o pleito apresentado não encontraria respaldo na legislação vigente. Oscar não recebeu punição disciplinar, tendo alegado que não agiu de má-fé, mas que teria cometido equívoco por não estar atualizado acerca da mudança da legislação sobre a matéria. Do ponto de vista ético, a conduta de Oscar: A alternativa "B " está correta. A resposta “b” está correta, pois o servidor público descumpriu os preceitos básicos constantes da Constituição Federal, em seu artigo 37, que coloca a eficiência e a moralidade como princípios da gestão pública. No caso, faltou tanto moralidade (o servidor compromete o serviço ao cidadão para reduzir sua carga de trabalho) quanto eficiência (a operação não funcionou da maneira correta). CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Após estudarmos um tema tão importante para o nosso país como a governança, o accountability e a ética na gestão pública, precisamos nos perguntar “onde nos encaixamos nesse ecossistema”. Essa é uma pergunta muito importante, pois sermos cidadãos implica em responsabilidades com os destinos de nossa nação. Participar de todos esses controles e da construção de uma sociedade mais ética e justa é o melhor que podemos deixar para os nossos filhos. Todo esse processo de melhorias na gestão pública só acontecerá se os cidadãos estiverem atentos à forma como a coisa pública está sendo gerida. Se conseguirmos entender que a coisa pública é de todos nós, poderemos melhorar a nossa relação com ela. Ao deixarmos a velha forma de pensar “o que é público não é de ninguém”, e ao passarmos a encarar como nosso, mudaremos totalmente a forma como encaramos e como fiscalizamos a ação dos gestores públicos. Não adianta apenas votar uma vez a cada quatro anos para tentarmos mudar os rumos do nosso país, são necessárias uma vigilância constante e uma exigência de maior transparência no trato com a gestão pública. A ética é fundamental para que essa transparência se converta em boas práticas, pois cada ação e cada decisão precisam estar aderentes, não apenas à legislação vigente, mas a todo um sopesar ético e moral. Muitas vezes, a atitude ou a decisão não são ilegais, mas prejudicarão muitas pessoas, tanto no presente como no futuro. Por isso, é necessário cada vez mais a inclusão da ética na pauta pública. Com o entendimento e a compreensão adquiridos sobre os temas aquitratados, você seguramente construirá atitudes mais conscientes e éticas em todas as áreas de sua vida. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS DIAS, R. Gestão Pública: aspectos atuais e perspectivas para atualização. São Paulo: Atlas, 2017. ENAP. Repositório - Ética e serviço público: conceitos básicos. Consultado em meio eletrônico em: 29 abr. 2021. FISHER, R.; YRY, William. Como chegar ao sim: como negociar acordos sem fazer concessões. Trad. Ricardo Vasques Vieira. 3. ed. São Paulo: Solomon Editores, 2014. GHILLYER, A. W. Ética nos negócios. 4. ed. Porto alegre: AMGH, 2015. LEWICKI, R. J.; SAUNDERS, D. M.; BARRY, B. Fundamentos de negociação. Trad. Félix Nonnenmacher. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. MAXIMIANO, A. C. A. Gestão pública: abordagem integrada da Administração e do Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2017. RAMOS, L. C. Você sabe o que é accountability e suas modalidades vertical, horizontal e societal? In: Jusbrasil, 2020. PASTORE, A. C. et al. Infraestrutura: eficiência e ética. Rio de janeiro: Elsevier, 2017. LEWIS, C. S. Cristianismo Puro e Simples. São Paulo: WMF - Martins Fontes. 2009. NEWMAN, J.; CLARKE, J. Gerencialismo. Acesso em: 09 jun. 2021. EXPLORE+ Procure ler os artigos do Código Penal, Lei 2848/1940 nos seus artigos 312 a 337-D, que você pode encontrar no site do Planalto. Conheça mais sobre o Instituto Transparência Brasil pelo site deles, verificando as suas ações para a divulgação de dados mais fidedignos de toda a gestão pública, para o controle social da administração pública. Para quem gostaria de se aprofundar nas questões mais voltadas para a ética e, inclusive a ética na gestão pública, indicamos que leia o livro Ética nos negócios, de William Ghillyer. Para quem deseja entender um pouco mais sobre moral no ocidente, indicamos a leitura do livro Cristianismo Puro e Simples, de C. S Lewis. Esse é o mesmo autor dos livros As Crônicas de Nárnia, que viraram filmes e que fizeram grande sucesso. CONTEUDISTA Prof. Ms. Ettore de Carvalho Oriol CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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