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UTILIZAÇÃO DO AÇAÍ (Euterpe oleracea) COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DE QUÍMICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
RESUMO
Nesta presente pesquisa, estudou-se a utilização do açaí (euterpe oleracea) como ferramenta no ensino e aprendizagem de Química na Educação de Jovens e Adultos. Para isso, desenvolveu-se uma metodologia alternativa para o ensino de Química por meio de cartilhas, no sentido de entender como o aluno aprende com temas do cotidiano de forma significativa, levando-se em consideração a atual realidade da educação no Brasil em período pandêmico. Foi abordado a composição mineral do fruto que serviu como eixo para a exploração de conceitos fundamentais de Química, tais como: matéria, energia, corpo e objeto, enfatizando ainda, temas como formas alotrópicas de alguns elementos como: carbono, fósforo, enxofre e oxigênio e Funções Orgânica. Já o valor nutricional foi relacionado à função dos alimentos, abordando assim, os sais minerais, vitaminas, carboidratos, lipídios e proteínas. As cartilhas mostraram-se eficazes no processo de ensino-aprendizagem por possuírem uma linguagem menos rebuscada e com demonstrativos experimentais, facilitando o entendimento do aluno e fazendo com que a absorção do conteúdo fosse feita de forma mais rápida. Sendo assim, tal ferramenta de apoio contribuiu de forma significativa para a difusão de conhecimento e formação do cidadão conforme as especificidades regionais e culturais exigidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, seguindo as orientações curriculares para o Ensino Médio.
Palavras-chave: Açai. EJA. Cartilhas.
USE OF AÇAÍ (Euterpe oleracea) AS A TOOL FOR TEACHING AND LEARNING CHEMISTRY IN THE EDUCATION OF YOUTH AND ADULTS
ABSTRACT
In this research, we studied the use of açaí (euterpe oleracea) as a tool in teaching and learning Chemistry in Youth and Adult Education. For this, an alternative methodology was developed for teaching Chemistry through booklets, in order to understand how the student learns with everyday topics in a meaningful way, taking into account the current reality of education in Brazil during a pandemic period. The mineral composition of the fruit was discussed, which served as an axis for the exploration of fundamental concepts in Chemistry, such as: matter, energy, body and object, emphasizing themes such as allotropic forms of some elements such as: carbon, phosphorus, sulfur and oxygen and Organic Functions. The nutritional value was related to the function of food, thus addressing mineral salts, vitamins, carbohydrates, lipids and proteins. The booklets proved to be effective in the teaching-learning process for having a less elaborate language and with experimental demonstrations, facilitating the student's understanding and making the absorption of the content faster. Thus, this support tool has significantly contributed to the dissemination of knowledge and citizen training according to regional and cultural specificities required by the National Curriculum Parameters, following the curricular guidelines for High School.
Keywords: Açai. EJA. Primers.
 INTRODUÇÃO
Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs (BRASIL, 1999), apresentam orientações curriculares com temas geradores de conhecimentos voltados para o Meio Ambiente. O tema gerador constrói a educação através de um elo forte entre os saberes populares e o conhecimento científico, e ainda, facilita o entendimento e a contextualização do aprendizado, permitindo o desenvolvimento de conhecimentos e valores que ajudam os educandos a compreenderem e interagirem melhor com o mundo ao seu redor (SAVIANI, 2012).
Seguindo essas orientações, a presente pesquisa apresenta uma proposta para utilização do fruto comestível da Amazônia como tema gerador de conhecimento experimental e teórico de Química. O açaí foi escolhido por ser um fruto de alto valor nutritivo, muito comercializado na Região Norte e por fazer parte da alimentação do educando. A utilização do açaí como tema gerador na educação, vai contribuir para motivar e qualificar a Educação de Jovens e Adultos (EJA) através dos ensinamentos teóricos e laboratoriais. Tais estudos serão realizados com o intuito de desenvolver a capacidade de tomada de decisão desses educandos, para que se tornem participantes ativos da sociedade brasileira (PCN, 2000).
A modalidade da EJA foi criada com o objetivo de democratizar o ensino no Brasil, proporcionando ao adulto analfabeto a possibilidade de igualdade numa sociedade que, muitas vezes o excluiu. São alunos maiores de 15 anos que na maioria das vezes interromperam seus estudos devido à grande necessidade de trabalhar desde cedo, outros que trabalham em tempo integral e, com isso, possuem carência de alfabetização e formação cidadã que são trabalhadas dentro do ambiente escolar.
A EJA traz consigo a oferta para aqueles que não tiveram oportunidades na idade própria e têm por objetivo prover meios para que os sujeitos se tornem ativos, críticos e democráticos, fazendo com que estes aprendam, reflitam e possam agir com responsabilidade individual e coletiva (SILVEIRA et al., 2013). O objetivo da pesquisa é utilizar o açaí como tema gerador no ensino e aprendizagem de Jovens e Adultos, com a utilização de cartilhas como material didático, dentro de um caráter multidisciplinar.
A química é uma ciência que exige dos alunos níveis de abstração elevados, na busca da compreensão dos fenômenos estudados, já que em muitos casos os alunos são levados apenas a memorizar os conteúdos e fórmulas, sem entender ou associá-la em seu cotidiano. A situação pode ser agravada em turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), principalmente pelo fato da maioria dos alunos terem parado seus estudos por certo tempo. A problemática da pesquisa questiona quais os conhecimentos que os educandos, que fazem parte da educação de jovens e adultos (EJA), aprendem no desenvolvimento de temas geradores executados através de cartilhas teóricas e experimentais.
MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia proposta sugere uma abordagem quantitativa e qualitativa na observação do participante. Para Minayo (2008, p.57), pesquisas qualitativas caracterizam-se pela sistematização evolutiva de conhecimento, até a compreensão da lógica interna do grupo ou do processo em estudo, proposta metodológica fundamentada na teoria dialética do conhecimento. A análise quantitativa foi feita por estatística descritiva, visando sintetizar os dados obtidos a partir da análise qualitativa e descrevê-los. 
LOCAL DA PESQUISA
Os educandos da EJA estão regularmente matriculados na instituição de ensino Escola Estadual General Azevedo Costa, localizada na Av. José Antônio Siqueira, nº111, no bairro do Laguinho, Macapá-AP. A faixa etária desses alunos varia entre 18 - 40 anos. 
DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Atividades desenvolvidas durante os 06 encontros programados em 7h para a sequência didática, bem como para a abordagem de conceitos de química orgânica através de cartilhas, esquematizadas na tabela 1 a seguir
Tabela 1 – Atividades realizadas
	Etapa
	Duração
	Atividades 
	01º
	1h
	Apresentação do projeto para turma e aplicação do questionário, para conhecer o perfil do aluno e o desempenho na aprendizagem do ensino de Química.
	02º
	1h
	Apresentação da primeira cartilha com o tema: A química do açaí.
	03º
	1h
	Apresentação da segunda cartilha com o tema: O uso do suco do açaí obtido em aula experimental, como indicador de ácidos e bases com materiais alternativos, será discutido a importância dos alimentos com propriedades antioxidantes.
	04º
	1h
	Apresentação da terceira cartilha com o tema: Formas alotrópicas de alguns elementos como: carbono, fósforo, enxofre e oxigênio.
	05º
	1h
	Apresentação da quarta cartilha com o tema: Funções orgânicas (álcool, ácidos carboxílicos, ésteres).
	06º
	2h
	Aplicação de um pós questionário para analisar os conhecimentos adquiridos pelos alunos. 
A CONFECÇÃO DA CARTILHA
De forma prática, as elaborações das cartilhas obedeceram às etapas descritas abaixo:
A) Pesquisa bibliográfica: estaetapa constituiu-se na consulta e seleção do conteúdo de Química a ser abordado. Inclui ainda textos de apoio, com base em livros, textos e trabalhos científicos; 
B) Definição dos conceitos que serão abordados na cartilha: esta etapa se constituiu na especificação, dentro dos temas escolhidos, do roteiro do texto. Neste ponto, é observada a necessidade de uma correta linguagem na elaboração do texto, de fácil compreensão, porém baseada em conceitos científicos;
C) Criação dos rascunhos das ilustrações, importantes na construção da cartilha;
D) Revisão conceitual e científica do material produzido: após a criação dos rascunhos, realizar uma revisão minuciosa dos conceitos científicos abordados;
E) Arte final: Inserção das ilustrações, utilizando o Canva e Powpoint;
F) PDF, enviar no grupo do WhatsApp da turma de EJA.
As cartilhas tiveram como foco introduzir o conteúdo com os educandos, sendo o público alvo estudantes das turmas de EJA. Para que houvesse um tom mais lúdico no material, as cartilhas foram desenvolvidas possuindo imagens, textos curtos com uma linguagem mais simplificada, objetivando uma fácil compreensão.
Figura 1- Capa da cartilha utilizada como material didático
 COLETA DE DADOS
Silva et al. (2016) aborda a importância da coleta de dados para a realização da pesquisa, frisando ser um dos momentos mais importantes, pois é através da coleta de dados que o pesquisador irá obter os dados necessários para o avanço de seus estudos. Entre diferentes técnicas para a coleta de dados, a utilizada na presente pesquisa será o uso de questionários. Segundo Gil (2008, p. 121), pode-se definir questionário como “técnica de investigação composta por questões que são submetidas a pessoas, com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, sentimentos, valores, interesses, expectativas”. Marconi e Lakatos (2003) abordam as principais vantagens desta técnica: economia de tempo, conquista de grandes números de dados e atinge um bom número de pessoas ao mesmo tempo, é possível englobar diferentes regiões na pesquisa. As respostas obtidas pelos questionários permitem que o indivíduo exponha sua opinião em razão do anonimato, dando mais segurança para o mesmo.
 ANÁLISE DE DADOS
A análise qualitativa dos questionários aconteceu por meio de análise de conteúdo, a qual se difundiu após pesquisas feitas por Bardin em 1977. Esta análise pode ser compreendida como um agregado de diferentes técnicas de pesquisa que possuem o objetivo de buscar sentido em dado documento (CAMPOS, 2004). A análise quantitativa foi feita por estatística descritiva, visando sintetizar os dados obtidos a partir da análise qualitativa e descrevê-los. Marconi e Lakatos (2010) abordam a facilidade em visualizar os resultados a partir de gráficos, que torna o trabalho mais acessível e de fácil compreensão.
No desenvolvimento do ensino-aprendizagem, realizado na escola estadual, os educandos foram avaliados de forma continuada, através dos conhecimentos construídos e contextualizados em cada aula, como forma de avaliar a metodologia desenvolvida, foi realizada uma avaliação parcial, feita pelo google formulário com perguntas de múltipla escolha e perguntas dissertativas. Então, desta forma, foi possível verificar se os alunos aprenderam química com o uso do tema gerador açaí através das cartilhas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISE DO PRÉ-QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO 
O pré-questionário é constituído por seis perguntas, sendo elas de múltipla escolha. O objetivo deste questionário foi conhecer os alunos e suas concepções a respeito da disciplina de Química. Na Tabela 2 tem-se a população dos alunos da E.E.G.A.C, bem como a amostra, referente à quantidade de alunos que responderam ao questionário. 
Tabela 2 - População e amostra para o primeiro questionário diagnóstico aplicado.
	SÉRIE
	POPULAÇÃO
	AMOSTRA
	2 ETAPA
	34
	26
1) Qual recurso digital você utiliza para acompanhar as aulas de Química?Essa pergunta tem a finalidade de verificar qual o meio de acesso dos alunos, pois sabe-se que existe um percentual de famílias sem equipamentos eletrônicos decentes para fazer o acompanhamento das aulas remotas, o que gera uma exclusão do acesso à educação pública de qualidade. E como estamos em isolamento social as cartilhas foram enviadas virtualmente. A Figura 2 mostra a quantidade e a porcentagem das respostas obtidas dos alunos.
Figura 2 – Recursos digitais utilizados pelos alunos
Fonte:https://docs.google.com/forms/d/1KwwXGG1xqShgGejDbHYGOfEsCoH4LgCaeT2iaEoaGY/edit
Analisando os resultados, podemos observar que 96,2% dos alunos utilizam o celular para ter acesso as aulas e apenas 3,8% utilizam o computador. Apesar do smartphone ser um bom equipamento para acompanhar as aulas, mas também tem suas desvantagens, pois com uma tela pequena fica mais complicado para visualizar as letras de um PDF e áudio nem sempre satisfatório.
2) Como você tem acesso a internet para acompanhar as aulas de Química?
A finalidade dessa pergunta foi analisar quantos alunos tinham dificuldades em ter acesso à internet, pois sabe-se que existe uma grande quantidade de alunos da rede pública que tem a falta de uma internet com boa qualidade. A Figura 3 mostra a quantidade e a porcentagem das respostas obtidas dos alunos.
Figura 3 - Meio de acesso dos alunos que acompanham as aulas de Química
Fonte:https://docs.google.com/forms/d/1KwwXGG1xqShgGejDbHYGOfEsCoH4LgCaeT2iaEoaGY/edit
Como podemos observar no gráfico apenas 65,4% dos alunos possuem a rede Wi-fi e 34,6% acompanham as aulas pelos dados móveis. Geralmente esses alunos que assistem as aulas pela internet 3G/4G, consequentemente, não conseguem participar sempre das aulas, pois nem sempre eles têm condições de renovar seu pacote de dados móveis. O que fez então a cartilha ser uma ferramenta importante, pois as aulas eram transmitidas pelo aplicativo Google Meet e nem sempre todos os alunos estavam presentes. Então além das cartilhas facilitar o aprendizado, ela também estava disponível como material nos grupos do WhatsApp, essencial principalmente para aqueles alunos que não tinham acesso à internet 24h.
3) Qual sua idade?
Essa pergunta tem a finalidade de saber a idade dos alunos da EJA da E.E.G.A.C. A Figura 4 mostra a quantidade e a porcentagem das respostas obtidas dos alunos.
Figura 4 – Idade dos alunos da EJA
Fonte:https://docs.google.com/forms/d/1KwwXGG1xqShgGejDbHYGOfEsCoH4LgCaeT2iaEoaGY/edit
Analisando-se os resultados nota-se que 65,4% tem a idade entre 19 a 25 anos e em seguida 19,2% tem a idade entre 15 e 18 anos e 15% dos alunos tem a idade de 25 a 45 anos.
De acordo com o Censo Escolar de 2014, o Brasil conta com cerca de 3,5 milhões de pessoas matriculadas na Educação de Jovens e Adultos (EJA), modalidade da Educação Básica direcionada a alunos que não puderam completar os estudos durante o período regular, ao longo da infância e da adolescência. Porém, cerca de 1 milhão desses estudantes ainda estão em idade escolar: 30% das matrículas de EJA do Brasil são de jovens com idades entre 15 e 19 anos. Em 2007, eles somavam 26% dos estudantes da rede (Larieira 2015).
4) Quantas horas por dia você se dedica as suas atividades educacionais (aulas remotas, pesquisas, resoluções de exercícios)?
Essa pergunta tem a finalidade de saber quantas horas por dia os alunos organizam seu tempo para se dedicar aos estudos. A Figura 5 mostra a quantidade e a porcentagem das respostas obtidas dos alunos.
Figura 5 – Horas dos alunos dedicadas as atividades educacionais
Fonte:https://docs.google.com/forms/d/1KwwXGG1xqShgGejDbHYGOfEsCoH4LgCaeT2iaEoaGY/edit
Analisando as respostas dos alunos, nota-se que 75% se dedicam aos estudos de 1 a 2 horas, 12,5% dos alunos se dedicam de 3 a 4 horas, 8,3% se dedicam de 4 a 5 horas e apenas 4,2% se dedica acima de 6 horas. Esses dados mostram que é uma modalidade que não tem como se dedicar totalmente aos estudos, pois a maioria já são maior de idade e tem outras responsabilidades, como por exemplo trabalhar em tempo integral. 
5) Em relação à disciplina de química, como vocêconsidera o aprendizado?
Essa pergunta tem a finalidade de saber qual a opinião do aluno sobre os aprendizados adquiridos nas aulas de química. A Figura 6 mostra a quantidade e a porcentagem das respostas obtidas dos alunos.
Figura 6- Como os alunos consideram os aprendizados de química
 
Fonte:https://docs.google.com/forms/d/1KwwXGG1xqShgGejDbHYGOfEsCoH4LgCaeT2iaEoaGY/edit
Como podemos analisar no gráfico, 50% dos alunos acham os aprendizados ótimo e 42,3% consideram os ensinamentos regular e apenas 7,7% consideram os aprendizados de uma forma ruim. De acordo com as respostas ainda contém uma maioria que a classificou como regular ou ruim. Pesquisas têm mostrado que o ensino de Química geralmente vem sendo estruturado em torno de atividades que levam à memorização de informações, fórmulas e conhecimentos que limitam o aprendizado dos alunos e contribuem para a desmotivação em aprender e estudar Química (SANTOS et. al., 2013). Essa limitação do aprendizado e desmotivação dos alunos pela disciplina de química, decorrente da metodologia de ensino utilizada pelo professor, pode ser considerada um importante fator para o bloqueio que os alunos apresentam na aprendizagem de química.
6) Qual sua maior dificuldade na matéria de química?
Essa pergunta teve a finalidade de verificar qual é a maior dificuldade dos alunos no ensino de Química, uma vez que a maioria dos alunos reclamam que não gostam de Química e que é uma matéria difícil. A Figura 7 mostra a quantidade e a porcentagem das respostas obtidas dos alunos.
Figura 7 – Respostas obtidas das dificuldades dos alunos na matéria de Química
Fonte:https://docs.google.com/forms/d/1KwwXGG1xqShgGejDbHYGOfEsCoH4LgCaeT2iaEoaGY/edit
Analisando os resultados, nota-se que a maior dificuldade dos alunos está voltada pela ausência de aulas experimentais com 46,2%, seguido pela falta de contextualização com 26,9%, poucas aulas de química com 15,4% e Matematização dos conteúdos com 11,5%. Com base nos resultados, pode-se inferir que, se o docente variar os seus métodos de ensino visando utilizar outros recursos didáticos e associar os conteúdos com o cotidiano do aluno, ele conseguirá fazer com que as dificuldades dos alunos diminuam. E sabe-se que a Química é uma ciência que não só requer a teoria, mas junto dela também requer a experimentação dos resultados para um melhor entendimento. Então, é de suma importância a apresentação de experimentos químicos, aproximando ainda mais os alunos da disciplina.
4.2 ANÁLISE DO PÓS-QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO
O pós-questionário é uma avalição, constituído por nove perguntas, sendo elas de múltipla escolha e com algumas perguntas dissertativas. A finalidade desse questionário é avaliar os aprendizados adquiridos dos alunos da EJA, através das cartilhas utilizando o açaí como tema gerador. Na Tabela 3 tem-se a população dos alunos da E.E.G.A.C, bem como a amostra, referente à quantidade de alunos que responderam a avaliação.
Tabela 3 - População e amostra para o segundo questionário diagnóstico aplicado.
	SÉRIE
	POPULAÇÃO
	AMOSTRA
	2 ETAPA
	34
	21
1) Cite 3 propriedades do açaí:
Esta é uma questão dissertativa, referente a primeira cartilha “A Química do açaí”, 21 alunos responderam ao questionário, citando 3 propriedades do açaí, com base nas respostas observou-se que todos os alunos responderam corretamente, conseguindo então absorver os conteúdos.
2) O que são ácidos graxos?
Esta questão foi proposta aos educandos para que eles descrevessem o que seria ácidos graxos. Todos os 21 educandos responderam corretamente.
3) Sabe-se que o açaí pode ser usado como indicador de ácido-base natural, ao ser colocado em soluções ácidas qual será sua coloração? e qual a sua coloração em soluções básicas?
Esta pergunta é referente a segunda cartilha “Açaí como indicador de ácido-base natural” A Figura 8 mostra a quantidade e a porcentagem das respostas obtidas dos alunos.
Figura 8 – Pergunta sobre a cartilha “Açaí como indicador de ácido-base natural”
Fonte:https://docs.google.com/forms/d/1gldNtj2qeEC2AXtv_j3N8Ug0WimC7xxwRteivl6Ivc/edit
Com base nos resultados, nota-se que 95,2% dos alunos acertaram a pergunta sobre o experimento e apenas 4,8% erram a pergunta.
4) O carbono é um elemento químico que apresenta várias formas alotrópicas diferentes. Marque a alternativa que apresenta uma substância que não é um alótropo do carbono.
Essa pergunta é sobre a terceira cartilha sobre “Formas alotrópicas” A Figura 9 mostra a quantidade e a porcentagem das respostas obtidas dos alunos.
Figura 9– Resposta sobre a cartilha de “Formas alotrópicas”.
Fonte:https://docs.google.com/forms/d/1gldNtj2qeEC2AXtv_j3N8Ug0WimC7xxwRteivl6Ivc/edit
Conforme os dados, nota-se que todos os alunos responderam de forma correta esta questão, mostrando assim, absorção dos conteúdos pelos educados.
5)Qual das afirmativas a seguir sobre funções orgânicas está incorreta?
Essa pergunta é referente a 4 cartilha sobre “Funções orgânicas”. A figura 10 mostra a quantidade e a porcentagem das respostas obtidas dos alunos.
Figura 10 – Resposta referente a cartilha de “Funções orgânicas”
Fonte:https://docs.google.com/forms/d/1gldNtj2qeEC2AXtv_j3N8Ug0WimC7xxwRteivl6Ivc/edit
Nota-se que nessa questão 95,2% dos alunos responderam corretamente e apenas 4,8% erram a questão.
6) A atividade experimental da cartilha despertou o seu interesse pelo conteúdo e pela disciplina?
Essa pergunta tem a finalidade de saber da opinião dos alunos sobre a cartilha experimental se despertou um interesse pelas aulas de Química. A figura 11 mostra a quantidade e a porcentagem das respostas obtidas dos alunos.
Figura 11 – Interesse dos alunos adquiridos com a cartilha experimental
Fonte:https://docs.google.com/forms/d/1gldNtj2qeEC2AXtv_j3N8Ug0WimC7xxwRteivl6Ivc/edit
Com os resultados obtidos, observa-se que 95,2% dos alunos responderam como sim e apenas 4,8% disseram talvez. Vale ressaltar que a experimentação não é somente um instrumento motivador, mas também apresenta um caráter significativo na aprendizagem, e mesmo que os alunos não tenham vivenciado efetivamente, apresentaram percepções que a experimentação poderá apresentar uma melhor compressão nos conteúdos de Química.
7) Adquiriu novos conhecimentos, após a realização das leituras das cartilhas?
Essa pergunta foi realizada para de saber se os alunos adquiriram algum conhecimento através das leituras das cartilhas. A figura 12 mostra a quantidade e a porcentagem das respostas obtidas dos alunos.
Figura 12 -Conhecimentos adquiridos após as leituras das cartilhas
Fonte:https://docs.google.com/forms/d/1gldNtj2qeEC2AXtv_j3N8Ug0WimC7xxwRteivl6Ivc/edit
De acordo com as respostas, nota-se que 95,2% dos alunos responderam como sim e apenas 4,8% responderam como talvez. Vale ressaltar a importância da elaboração de cartilhas como recurso didático, que servem como material de estudo, facilitando a aprendizagem e a fixação dos conteúdos de química com uma linguagem leve e lúdica.
8) Você achou a cartilha como um bom material para os ensinamentos de Química?
A proposta dessa pergunta era saber a opinião dos alunos da metodologia aplicada. A figura 13 mostra a quantidade e a porcentagem das respostas obtidas dos alunos.
Figura 13 – Porcentagem da cartilha como bom material didático para os ensinos de Química.
Fonte:https://docs.google.com/forms/d/1gldNtj2qeEC2AXtv_j3N8Ug0WimC7xxwRteivl6Ivc/edit
Conforme os resultados 85,7% responderam como sim e 14,3% dos alunos responderam como talvez. Percebe-se, pelas respostas obtidas dos alunos, que a maioria acredita que as cartilhas vão ajudar, facilitando a aprendizagem na disciplina de Química. Diante desta avaliação dos estudantes a cartilha mostrou-se adequada à promoção da aprendizagem, uma vez que estimulou o acesso e o compartilhamento de informações sobre a Química orgânica. Souza et al, (2014) por meio do uso de diferentes recursos didáticos, afirmam que, com esses recursos visuais e materializados, além de chamarem muito mais a atenção dos educandos, atiçam a curiosidade.
9) O que você mais gostou nessametodologia?
Essa pergunta foi proposta aos educandos com a finalidade de saber a opinião deles sobre a metodologia aplicada, com 3 alternativas para saber em qual aspecto eles gostaram mais. A figura 14 mostra a quantidade e a porcentagem das respostas obtidas dos alunos.
Figura 14 – Gráfico o que o aluno mais gostou na metodologia aplicada
Fonte:https://docs.google.com/forms/d/1gldNtj2qeEC2AXtv_j3N8Ug0WimC7xxwRteivl6Ivc/edit
Com os resultados obtidos, nota-se que 76,6% dos alunos gostaram mais da contextualização com o açaí, 19% gostaram da experimentação e 4,8% dos alunos gostam da linguagem simples das cartilhas. O uso de metodologias alternativas em sala de aula pode despertar nos educandos uma maior vontade em participar do processo de ensino aprendizagem, desde que estas estejam ligadas com a realidade dos alunos, dando a eles a confiança em mudar o rumo da sua trajetória construindo conhecimentos que serão úteis para toda sua vida. Os resultados apresentaram uma maneira motivadora do uso dessa metodologia, pois observou-se que os alunos sentiram maior interesse pela disciplina e compreenderam o conteúdo de forma significativa, além de apresentarem um maior envolvimento nas aulas. Logo, a contextualização do ensino pode induzir os educandos a patamares de aprendizagem que sejam significativos ao contexto ao qual estão inseridos, vinculando saberes cotidianos a saberes científicos. As mais diversas formas de ensino são essenciais para tornar o ato de estudar prazeroso. A utilização de materiais educativos, como a cartilha, vem possibilitando abrir novos caminhos e técnicas, unificando os estudos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A contextualização no ensino é um instrumento importante para estimular o interesse pela ciência. Muitos estudantes sentem dificuldades nos conteúdos químicos, não conseguindo assimilar e nem estabelecer relações dos mesmos em seu cotidiano. Ao fazer a contextualização, ela possibilita o desenvolvimento da capacidade de raciocínio e compreensão dos fenômenos e transformações químicas, por meio de práticas com a vivência do educando no seu dia a dia, além de propiciar a vontade de experimentar e aprender Química de um caráter inovador e interessante. 
É de grande importância a utilização de novos métodos de ensino pelo docente, trabalhar de forma dinâmica para atrair a atenção dos educandos, até mesmos dos mais dispersos durante as aulas, para que haja mais interação efetiva entre o educando e o conhecimento a ser construído. Também é necessária realização de atividades experimentais, utilizando matérias de baixo custo e de realização rápida, capazes de auxiliar o educador a construir conhecimentos efetivos que fazem com que a sua prática docente seja de boa qualidade.
Levando-se em consideração a atual realidade da educação no Brasil em período pandêmico, a proposta metodológica alternativa para o ensino de Química por meio de cartilhas, mostrou-se eficaz no processo de ensino-aprendizagem por possuir uma linguagem menos rebuscada e com demonstrativos experimentais, o que facilitou o entendimento do aluno e fez com que a absorção do conteúdo fosse feita de forma mais rápida.
A aprendizagem passou a ser significativa; logo, duradoura. Os objetivos propostos supracitados foram alcançados e com os resultados obtidos, mostrou-se que inovar o ensino de Química, utilizando metodologias que tornam a apropriação do conhecimento pelo educando um momento prazeroso, faz com que educador e educando saiam ganhando. O educando ganha um conhecimento científico que lhe será útil para toda a vida e o educador ganha a satisfação de ter cumprido plenamente com o trabalho que se dispôs a fazer. 
Sendo assim, tal ferramenta de apoio contribuiu de forma significativa para a difusão de conhecimento e formação do cidadão conforme as especificidades regionais e culturais exigidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, seguindo as orientações curriculares para o Ensino Médio.
REFERÊNCIAS
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