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Política, direito e ciências naturais Política: razão política se orienta a partir de noções de interesse, conveniência e oportunidade. Direito: a razão jurídica se orienta por noções de legalidade e de justiça e justifica-se não mediante argumentos de interesse, conveniência e oportunidade, mas invocando a lei, a jurisprudência e os princípios gerais de direito. Faço isso, não porque é de meu interesse, mas porque a lei me faculta ou me obriga a fazê-lo. Condeno o réu, não porque é interessante, conveniente e oportuno, mas por isto, o que ele fez está tipificado no código penal como crime. Ciência: conhecimento cuja garantia de validade é a possibilidade de se autocorrigir ciências naturais Senso comum: política, direito e ciência são independentes. Por isso, é possível diferenciar entre "decisão técnica" e "decisão política" Insensatez do senso comum I: política e direito norma jurídica deve ser interpretada, e o processo de interpretação, que envolve escolhas entre pelo menos duas possibilidades interpretativas, devolve o direito para a política intérprete da lei tem, nesse momento, livre arbítrio para escolher de acordo com seus interesses, sua conveniência e com a oportunidade dessa ou daquela escolha. Por isso, ouve-se falar em administradores ou juízes conservadores, liberais, progressistas, populistas, enfim, pessoas portadoras de rótulos que revelam sua tendência política, conforme interpretem e apliquem a norma jurídica nesse ou naquele sentido sob esse aspecto, a diferença entre política e direito desaparece, e todo intérprete da norma surge como um ator político, com preferências e paixões, que se revelam em sua interpretação. Insensatez do senso comum II: política e ciência Relações entre política e ciência externa: decide-se no plano político o que pesquisar? Para onde conduzir a pesquisa etc. interna: dentre os métodos disponíveis de pesquisa, escolhe-se um, seja porque é o mais barato, seja porque é o disponível etc. Insensatez do senso comum III: direito e ciência Relações entre direito e ciência I poder legiferante prescreve normas que regulam 1.1. aspectos técnicos de produção. Exemplo: prescrições que regulamentam a fabricação de automóveis 1.2. uso de determinadas coisas. Exemplo: limites de velocidade 2. intérprete da ciência: o legislador Relações entre direito e ciência II poder legiferante, utilizando conceitos jurídicos indeterminados, regula a matéria apenas indiretamente, deixando em aberto lacunas que poderão ser preenchidas pela ciência. Aqui, ao contrário do primeiro caso, espera-se que ela dê ao direito o conteúdo que lhe falta, informando-o. intérprete da ciência: autoridades administrativas ou judiciárias Relações entre direito e ciência III Propriedade intelectual Um novo ator na cena política: o especialista assessoria para o legislador assessoria para o executor assessoria para o julgador Relações entre o intérprete da norma e o especialista: três questionamentos Sobre a legitimação dos especialistas: quem são? Como foram indicados? Por quem? A que título: pessoal ou representante? Sobre a posição jurídica dos especialistas num processo: são consultores? Testemunhas, cujas declarações a ninguém vinculam? quem dará definitivamente conteúdo à norma técnica, o poder executivo ou o judiciário? Pode a justiça avaliar a interpretação feita pelo executivo, e, em caso de divergência, impor a sua própria? Legitimação legitimação obtida mediante processo de escolha dos peritos, que preferencialmente resulte em nomes aceitos por todas as partes do processo; legitimação fundada na confiança que se tem na pessoa do especialista. legitimação fundada na entidade que indicou o especialista
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