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92 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade III Unidade III 5 CONCEITOS E OBJETIVOS DO ORÇAMENTO Administrar é aplicar o conhecimento à ação (Peter F. Drucker, 2001). Não é novidade para nenhum de nós que em ambientes competitivos o sucesso de um negócio decorre de uma boa administração. Porém, na prática, a administração não consegue ser eficiente todo o tempo. Existe, sim, uma gestão organizada, ou seja, com ações planejadas, ou melhor, um planejamento. É evidente que esta é uma ferramenta que por si só não garante o sucesso da organização, mas é fato que a falta dela gera um fracasso. Então, para começar, vamos explicar a diferença entre orçamento e planejamento. Na verdade, eles são complementares. Veja, no orçamento é o momento em que colocamos o quanto iremos desembolsar em determinado período de tempo, considerando todos os gastos necessários. Então, faremos um planejamento para encontrar a melhor forma para alcançar este objetivo, com vistas aos prazos, curto, médio e longo. Planejamento Orçamento Curto Médio Longo Figura 58 – Planejamento/orçamento e prazos Santos e Sanvicente (2008, p. 16-17) conceituam planejamento dizendo que: Planejar é estabelecer com antecedência as ações a serem executadas, estimar os recursos a serem empregados e definir as correspondentes atribuições de responsabilidades em relação a um período futuro determinado, para que sejam alcançados satisfatoriamente os objetivos porventura fixados para uma empresa e suas diversas unidades. 93 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO No que se refere mais especificamente ao planejamento, a empresa deve contar com um procedimento sistemático regular, tanto quanto o permitam seus recursos, de coleta de informações sobre as condições do ambiente externo que a circunda. Ao gestor, sobra o importante papel de comprometimento com metas a serem atingidas, conforme o plano estratégico da organização que, quando não é seguido, acaba por evidenciar e acompanhar a montagem do orçamento, facilitando que os desvios sejam evitados, tendo o gestor uma obrigatoriedade de expor suas atividades na empresa. Dessa forma, quando bem idealizado, o plano estratégico constata aos gestores o poder de conhecer resultados e fazer acompanhamentos, para que estes sejam alcançados. O orçamento é uma consequência do plano estratégico, o que leva a pôr em prática as decisões a serem tomadas, com olhos atentos, identificando os pontos de maior relevância, sendo apontado como o principal benefício da implementação do orçamento empresarial. É neste contexto que a adoção de um orçamento torna-se indispensável para a administração, para que esta possa alcançar seus objetivos da melhor maneira possível, uma vez que estipula suas metas, visando ao equilíbrio de caixa e à eficiência no volume de atividades operacionais. Meta Equilíbrio de caixa Volume de atividades Figura 59 – Orçamento como base para administração Para Drucker (1998, p. 49), cada vez mais uma estratégia vencedora exigirá informações sobre os acontecimentos e as condições de fora da empresa, os não clientes, outras tecnologias e mercados não atendidos atualmente. Já Porter (1980, p. 6) vai além e afirma que ser eficiente não basta, ter uma estratégia é a única forma de garantir uma posição única diferenciada que permitirá enfrentar os concorrentes. 94 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade III Lembrete Quando as decisões são tomadas dentro do planejado, dificilmente a empresa passará por dificuldades. Sendo assim, se fossemos traduzir no ambiente empresarial termos como “planejamento” ou “plano de ação”, a concepção correta delas seria orçamento. Welsch (1983, p. 20) define o orçamento como: [...] um plano administrativo abrangendo todas as fases das operações para um período futuro definido. É a expressão formal das políticas, planos, objetivos e metas estabelecidas pela alta administração para a empresa como um todo, bem como para uma das suas subdivisões. O orçamento exprime planos relativos a itens, tais como níveis de estoque, acréscimos de capital, necessidade de caixa, financiamento, plano de fabricação, plano de compras, necessidade de mão de obra e assim por diante. O orçamento, portanto, consiste em um projeto elaborado em detalhes com o programa oficial de operações, com base em uma eficiência. Um projeto não pode ser igualado com um orçamento. A expressão orçamento está relacionada com a área de finanças e economia e deve retratar a quantidade de dinheiro estimada necessária para cobrir despesas, sejam estas de uma empresa, comunidade ou família. Vamos nos apoiar neste conceito para exemplificar, considerando uma renda familiar, uma família tradicionalmente constituída, pai, mãe e dois filhos menores de 10 anos, com uma única fonte de renda que soma em média 5 salários mínimos, o que, traduzindo monetariamente aos dias de hoje, não mais que R$ 3.620,00. Bem, isto significa que os custos mensais não poderão ultrapassar essa quantia, caso contrário, a família vai precisar entrar em dívidas. Seguramente, desenvolver um orçamento ajuda nestes casos, para que a família possa controlar seus gastos, não ultrapassar a renda e não comprometer a estabilidade da economia familiar. Outro exemplo bastante pertinente pode ser considerado nas viagens. Quando decidimos viajar com determinada quantia de dinheiro no bolso, sabemos que esse dinheiro deverá ser capaz de atender às necessidades durante todo o tempo, para não faltar dinheiro antes do fim da viagem. Neste caso, o orçamento deverá ser feito incluindo a renda disponível e as despesas que irão gerar este projeto “viagem”. Elaboramos um modelo básico de controle de orçamento familiar, executado a partir de uma simples planilha em Excel, que expressa as estimativas de gastos mensais da família citada, partindo dos valores estimados. 95 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Tabela 23 – Planilha orçamento familiar Despesa Valor orçado Valor real Aluguel R$ 1.500,00 R$ 1.500,00 TV a cabo R$ 300,00 R$ 299,50 Combustível R$ 150,00 R$ 145,00 Cartão de crédito R$ 800,00 R$ 758,00 Alimentação R$ 450,00 R$ 460,00 Escola R$ 500,00 R$ 500,00 Água, luz R$ 120,00 R$ 117,80 Telefone R$ 70,00 R$ 68,00 Outras R$ 200,00 R$ 189,00 Total R$ 4.090,00 R$ 4.037,30 Percebam que entre o valor orçado e valor real, a variação foi bem pequena, no entanto, ultrapassa o valor dos recursos financeiros da família em questão. Portanto, orçamento é uma ferramenta usada tanto por pessoas físicas como por jurídicas, com o intuito de prever as receitas e despesas de um determinado período de tempo; é comum ser feito para um ano de prazo, assim, permite definir as prioridades e avaliar a realização dos objetivos/projetos. Para o ambiente corporativo, o orçamento é fundamental para a organização, independentemente de seu tamanho ou ramo de atividade, pois é um planejamento estratégico que estabelece metas, conduzindo a empresa aos seus objetivos. Quando uma empresa estabelece um orçamento, além do levantamento dos dados, será funcional desenvolver um ferramental para o acompanhamento mensal das variações de valores. A partir deste instrumento empresarial, seja nas instituições públicas, privadas ou pessoas comuns, todos desenvolvem seus planos. Com vistas àssuas metas, de alguma forma disponibilizarão todos os esforços em busca de objetivos e prioridades, observando os passos a serem seguidos para atingi-los dentro de determinado período de tempo. Muitas vezes, notamos que neste caminho podem ocorrer percalços que levam ao que conhecemos como déficit, quando as despesas superam as receitas, e a grata surpresa por alcançar um superávit, receitas maiores que os gastos. Observação A palavra “orçamento” também é tratada para expressar o custo de um bem ou serviço, e neste sentido é entregue ao cliente na forma em que expressa os custos a serem aplicados. Uma vez entregue ao cliente, este toma conhecimento do custo a ser praticado pela ação de venda ou prestação de serviço. 96 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade III Houve um tempo, em que o orçamento só era utilizado no sentido de demonstrar os desembolsos referentes às despesas, hoje é um instrumento vital para tomada de decisão. Seu uso é indicado para qualquer tipo de empresa, seja ela de pequeno, médio ou de grande porte, considerando a natureza, com ou sem fins lucrativos, privada, estatal ou filantrópica. • Pequena • Média Orçamento • Grande Orçamento Orçamento Figura 60 – Orçamento e o tipo de empresa Para Lunkes (2000), em um cenário de restrição generalizada de recursos, a definição prévia de despesas e investimentos evita dispêndios desordenados e sem critérios, assegurando, assim, o emprego mais eficiente desses recursos. Corroboramos esta afirmação, uma vez que cabe ao gestor controlar antecipadamente o futuro, constituindo uma visão bastante proativa para o processo de gestão da organização, que exige métodos administrativos mais apurados e que torna o orçamento uma rotina padrão dentro das organizações. O orçamento, que é ao mesmo tempo estratégico, tático e operacional, bem empregado e, em especial, agregando um conjunto de informações. Somente neste contexto é que deixa de ser trabalhoso e burocrático e passa a ser uma ferramenta orientadora para trilhar os caminhos presentes e, principalmente, futuros de uma empresa (CHIAVENATO, 2003). Observe a figura a seguir: Nível estratégico Nível tático Nível operacional Decisões estratégicas Decisões táticas Decisões operacionais Figura 61 – Modelo hierárquico 97 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Segundo Chiavenato (2003), ao nível estratégico cabe subsidiar os recursos necessários para os níveis tático e operacional, a fim de que estes possam cumprir com eficiência e eficácia suas devidas atribuições. Com isso, a elaboração dos processos cria condições necessárias para que as pessoas desenvolvam suas competências técnicas e comportamentais inerentes a cada função. O mesmo autor ainda explica que, no nível tático, os gerentes, coordenadores, supervisores e demais funções têm como objetivo principal o desdobramento da estratégia, ou seja, de como será realizado o caminho para a consecução dos objetivos estratégicos, de forma eficiente e eficaz, desdobrando-os em metas específicas para suas áreas e liderados. Enquanto o nível operacional cumpre a estratégia traçada para alcançar os objetivos almejados, sendo necessário que pessoas de fato cumpram de forma eficiente e eficaz cada uma das atividades que lhes for atribuída (CHIAVENATO, 2003). Observação Eficiência trata de realizar algo bem, ou seja, produzir bons resultados e ainda o fazer mais com o mínimo de recursos possíveis. Já a eficácia trata de como fazer as coisas certas, da decisão de que caminho seguir. Vamos a um exemplo cotidiano, um time de futebol jogou mal, mas venceu o jogo. Portanto, foi eficaz? Pense nisto. Eficácia está relacionada à qualidade de algo que é esperado, é o grau na escala de resultados; em uma organização, corresponde ao alcance de suas necessidades. Podemos sintetizar que o objetivo de um orçamento é reunir os elementos no sentido de atingir resultados, partindo de um processo interativo, que permita a participação de todos, proporcionando processo de projeções e planejamento, um canal de comunicação entre todos os níveis da organização, tornando-se uma ferramenta motivadora, além de um instrumento de avaliação e controle, e ainda constitui-se em fonte norteadora para tomada de decisão. Segundo Frezatti (2007), o orçamento é o plano financeiro para implementar a estratégia da empresa para determinado exercício. Concordamos com Padoveze (2010), para quem o orçamento é mais do que uma simples estimativa, pois deve estar baseado no compromisso dos gestores em termos de metas a serem alcançadas. Um orçamento pode ser estruturado de várias formas. Observe a seguir os principais conceitos existentes para a temática (PADOVEZE, 2010). Orçamento base zero Orçamento de tendências No qual são utilizados dados passados para as projeções futuras, consiste em forte tendência de que o passado possa se repetir. Este seria o contraponto ao de tendências, pois rompe com o passado, repensando a empresa, questionando a estrutura. Figura 62 98 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade III Padoveze (2010) cita os tipos mais comuns de orçamentos praticados nas empresas, independente de seu porte, conforme demonstramos resumidamente no quadro que segue. Quadro 12 – Orçamentos e características Tipo de orçamento Principais características Estático É considerado estático quando a administração do sistema não permite alteração nas peças orçamentárias, está baseado em um único nível de produção. Flexível Este orçamento toma por base a distinção dos custos fixos e variáveis, fornecendo estimativas sobre qualquer nível de atividade e permitindo uma análise de suas variações. Ajustado Derivado do flexível, é o ajuste efetuado nos volumes planejados dentro do conceito, tornando-se um novo orçamento. Corrigido A partir do orçamento inicial, as alterações serão feitas de forma automática, contudo, deve passar pelo crivo do gestor do orçamento. Fonte: Padoveze (2010). Os orçamentos constituem um conjunto de medidas que deve atender às perspectivas da empresa, e cada qual deve se utilizar da metodologia que mais lhe seja pertinente. 5.1 Vantagens e limitações do plano orçamentário Será que é sempre possível seguir um objetivo traçado? Muitas vezes, temos que nos adaptar às necessidades de mudanças, pois as condições mudam com frequência. Se é assim no nosso dia a dia, nas empresas, por sua vez, não acontece de forma diferente. De qualquer modo, seja em nossa vida pessoal ou na corporativa, teremos que necessariamente acompanhar os desvios que ocorrem, analisando-os e implementando ações para corrigi-los. Por ser o orçamento um plano que engloba as operações da empresa, ele obriga o administrador a um exame prévio e detalhado para tomada de decisões importantes, além de exigir dos responsáveis constantes pesquisas no mercado, estimulando a delegações de poderes. Outro fator importante a ser considerado são as peças contábeis, que devem retratar com exímia minúcia a fotografia financeira da empresa. Cumprir esses requisitos fará toda a diferença no mundo corporativo. Observe: 99 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Pesquisa de mercado Delegação de poder Sucesso+ Figura 63 – Aspectos importantes para o sucessodo orçamento Fato é que um orçamento é sempre útil para qualquer organização, independentemente do seu tamanho, basicamente porque cumpre os planos traçados pela administração no todo da empresa, forçando a gestão a examinar o futuro, a fim de conseguir a alocação de recursos referentes às partes da organização em que eles podem ser empregados de maneira eficaz. Em outro momento, coordena as ações de toda a organização, por meio de interface nos processos das diversas partes do todo, desde que estejam claros os objetivos, se constituem em fonte de informação confiável. Porém, devemos considerar que, conforme o dito popular, “toda rosa tem seus espinhos” e, no caso dos orçamentos, também existem limitações, por exemplo: os dados são baseados em informações sólidas, entretanto, são estimativas, que devem ser monitoradas e adaptadas; ou ainda são mais focados em custos e não na criação de valor para a empresa. Informações? Estimativas? Limitações Figura 64 – Limitações do orçamento 5.2 Requisitos fundamentais do plano orçamentário Orçamento, para Stedry (1999, p. 22), é a expressão quantitativa de um plano de ação que ajuda a sua coordenação e implementação. 100 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade III Observação Orçar é esmiuçar de fato todos os dados disponíveis em um sistema de informação, introduzindo as informações previstas para o futuro. Ainda vale a pena considerar a diferença entre dados e informações; dados são fatos isolados e que por si só não produzem informações. O orçamento, para o qual é preterido, pode ser entendido como qualquer período de doze meses escolhido pela empresa. Porém, esse período deve ser mantido, para no futuro permitir comparações. É preparado em detalhes, com bastante antecedência, por se tratar de um processo complexo, que envolve todos os departamentos da organização, mas principalmente as pessoas que neles atuam. Elaborar um orçamento é mais que uma tarefa matemática, é uma tarefa gerencial. Um plano orçamentário evidencia a organização colocando em “cheque” os processos e, muitas vezes, evidencia também um eminente aprendizado, em que os erros vão se tornando claros e possibilitando as correções, perfazendo um processo contínuo de melhorias. Lembrete O elemento humano é fundamental no processo orçamentário, portanto ele deve estar o tempo todo motivado. As projeções orçamentárias estão relacionadas com valores monetários dentro de um determinado período de tempo, podendo também se referir a um serviço ou atividade específica, estabelecendo, de forma pontuada, o que ou como se espera que caminhem os negócios da instituição, usualmente num prazo mínimo de um ano, proporcionando uma visão bem aproximada da situação futura. Veja que, por exemplo, nos hospitais, instituições que prestam serviços, os orçamentos também são utilizados como ferramenta de planejamento e controle, no momento em que as informações são apresentadas de forma a auxiliar na análise econômico-financeira sobre sua viabilidade, na busca por investimentos ou ainda na gestão de custos, mesmo diante de todas as peculiaridades que envolvem os hospitais. Portanto, é por meio do orçamento que se estabelece um envolvimento administrativo, uma adaptação organizacional, uma orientação para as equipes, contribuindo, assim, como um norteador de aonde a empresa pretende chegar, suportada por uma comunicação integral, com expectativas realistas e informações confiáveis, reconhecendo os esforços individuais ou em grupos a partir de controle permanente. Vejamos, a seguir, um quadro-síntese, construído mediante observações de leituras a diversos autores, sobre sistema orçamentário, em que se destacam fatores fundamentais para o plano orçamentário. 101 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Quadro 13 – Sistema orçamentário Pré-requisitos Direcionamento Total envolvimento de todos os executivos e colaboradores. Apoio da alta direção, empenho de todos na empresa. Estrutura organizacional. Adequação da estrutura, evitando retrabalho, apontando responsabilidades, e a cultura da empresa. Definição dos objetivos. Padrões que permitam comparação de resultados. Comunicação. Relacionamento total aos níveis hierárquicos. Definição de expectativas realistas. Procurar alcançar a eficiência global. Desempenho. Ações corretivas. Lembrete A prática orçamentária possibilita a fixação de objetivos definidos para cada área empresária, considerando um determinado período de tempo, com perfeita interação de todos. Como vimos anteriormente, o processo de elaboração de um plano orçamentário tem enfoque principal nas pessoas no âmbito da organização, porém a tecnologia e os recursos materiais são indispensáveis. Esse processo compreende um conjunto de medidas estruturais, o qual a empresa estabelece e que deve ser respeitado. O plano orçamentário contempla três grandes segmentos, o orçamento operacional, o orçamento de investimentos e financiamentos e a projeção dos demonstrativos contábeis, também chamada de orçamento de caixa (PADOVEZE, 2010). Investimentos Financiamentos Operacional Plano orçamentário Figura 65 – Plano orçamentário e seus seguimentos 102 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade III 6 SEQUÊNCIA DE UM PLANO ORÇAMENTÁRIO Em linhas gerais, o processo orçamentário, se dá em três fases: previsão, execução e controle. Com base na estrutura organizacional descrita no plano orçamentário, devem seguir o que observamos do texto adaptado de Padoveze (2005), o qual descreve as seguintes etapas a serem cumpridas: a) a missão e os objetivos da organização devem ser estabelecidos; b) devem-se estruturar as assunções ambientais determinando o fator limitante, normalmente às vendas; c) elaborar o orçamento a partir da função restritiva do fator limitante descrito anteriormente; d) elaborar os demais orçamentos, coordenando-os com o fator limitante em consonância com os objetivos da organização; e) sintetizar o orçamento-mestre à luz dos objetivos estabelecidos pela organização; f) após a sintetização do orçamento-mestre, deve-se revê-lo de acordo com os objetivos da organização; g) caso seja aceito o orçamento-mestre, deve-se monitorar os resultados reais confrontando-os com os resultados orçados para que se possam reportar possíveis variações; h) após reportadas as variações, deve-se tomar as ações corretivas de modo a eliminar as variações e/ou revisar os orçamentos-mestres ou subsidiários para acomodar as variações. Segundo os autores Welsh (1989) e Lunkes (2003), “O orçamento é um instrumento que pode ser resumido como um plano de ação detalhado, de alta relevância para acionistas, presidentes, diretores e gerentes de área específicas” A elaboração de um orçamento ainda inclui duas outras etapas, a operacional e a financeira. Nelas estão contidas informações parametrizadas para as projeções desse orçamento. São as premissas que constituíram o período orçado; estes dados deverão ser submetidos à provação do comitê orçamentário, em que serão lidos e analisados, e, somente após esta fase, rigorosamente realizados. A etapa operacional engloba a parte administrativa, comercial e de produção, devendo constar os orçamentos de vendas e de produção, compreendendo os custos de matéria-prima, de mão de obra e os indiretos. Já no financeiro estão concentradas informações com projeções de resultados e nele estão descritos os orçamentos de caixa, investimentos e os demonstrativoscontábeis. 103 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Etapas Operacional Adm. comercial vendas Vendas Produção Caixa Investimentos Demonstrativos contábeis Projeção resultados Financeira Agregam Orçamentos Figura 66 – Etapas da elaboração do orçamento A figura a seguir demonstra a composição do orçamento, com as informações,que vão desde o orçamento de vendas até os resultados finais expressos nas demonstrações contábeis. Orçamento de vendas/receitas Orçamento da produção Orçamento dos custos de mão de obra Orçamento dos custos dos produtos vendidos (CPV) Orçamento das despesas; pesquisa e desenvolvimento (P&D), vendas e marketing, distribuição, administração, outros Demonstração de resultado orçada (DRE) Balanço patrimonial orçado Orçamento de capital Orçamento de caixa Orçamento dos custos de matéria-prima Orçamento dos custos indiretos de fabricação Figura 67 – Estrutura de orçamento 104 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade III Observação Um orçamento empresarial completo engloba, necessariamente, os seguintes orçamentos específicos: • orçamento de vendas; • orçamento de produção; • orçamento de matérias-primas; • orçamento de mão de obra; • orçamento de custos indiretos de fabricação; • orçamento de despesas; • orçamento de capital; • orçamento de caixa. Vamos a seguir detalhar os conceitos a partir do enfoque de cada orçamento. 6.1 Orçamentos de vendas Orçamento de vendas Figura 68 – Orçamento de vendas, unidade (autônomo) O orçamento de vendas é que um plano futuro de vendas para a empresa para determinado período. Significa um planejamento financeiro. Esse orçamento é o primeiro, portanto autônomo, não importando em outras peças orçamentárias da estrutura da organização. Contudo, os demais orçamentos só serão elaborados em função do orçamento de vendas, ou seja, depois de determinada a quantidade que será vendida naquele período é que se começa a elaborar o restante dos orçamentos. Portanto, ele serve de apoio e, se mal-elaborado, a continuidade do processo de realização de orçamentos tende a ser eliminada. Para a elaboração deste orçamento, é preciso estar atento às tendências do mercado, visando estimar exatamente as vendas necessárias, a fim de não correr o risco de não atender à demanda, fazendo as projeções de preços e, principalmente, visando a busca do crescimento do negócio. O orçamento de venda, seja de produtos ou serviços, dependendo do seguimento do negócio, pode variar de acordo com o tamanho que a empresa ocupa no mercado. Veja: 105 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Orçamento de vendas Tendências de mercado Preço Volume Figura 69 – Orçamento de vendas e suas relações Assim, quando uma empresa está iniciando um plano orçamentário, uma das principais preocupações está relacionada exatamente ao tratamento com a quantidade de produtos ou serviços, em termos unitários e de valor monetário. Para que se possa projetar um volume de produção, vendas ou serviços, é necessário considerar alguns aspectos importantes, como a necessidade e a procura do mercado consumidor, as mercadorias ou serviços a serem oferecidos, o quadro de colaboradores, a capacidade dos recursos tecnológicos e materiais, entre outros. Contudo, não podemos esquecer de considerar que os produtos ou serviços ofertados estão sujeitos a algum tipo de sazonalidade. É sempre recomendável que, a princípio, a expectativa de vendas seja moderada. Neste sentido, os administradores, sobretudo os do terceiro setor, vêm dando demasiada atenção à preparação de orçamentos, visando a uma análise mais cuidadosa e segura para tomarem decisões e considerando a busca por uma gestão mais eficaz. Saiba mais Sazonalidade são situações que podem trazer quedas ou aumento da demanda, devido à mudança nas estações do ano e à preferência dos clientes. São exemplos o fato de os clubes serem mais frequentados no verão e as limitações nos hortifrutigranjeiros em detrimento do clima. Consulte o site Portal Administradores: <http://www.administradores.com.br/>. De acordo com o Sanches (1997), as previsões derivam de quatro recursos básicos: disponibilidade de dados fidedignos sobre a realidade; capacidade para identificar os fatores que afetam o comportamento da situação estudada; acesso às informações sobre as perspectivas de mudança; e habilidade para a capacitação e experiência para combinar elementos de modo a inferir os cenários futuros. Considere que o orçamento de vendas tem a função primordial de especificar as receitas, bem como servir de base para a elaboração dos demais planos, em que cada vez mais o uso de tecnologia pode ajudar na elaboração com mais rapidez e segurança. Para tanto, é importante considerar aspectos de históricos da empresa, ou seja, um olhar atento para o passado, considerando elementos, tais como volumes e 106 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade III valores de vendas, clientes, regionalidade e aspectos externos à organização, como comportamento da concorrência e dos clientes. As vendas de anos anteriores são comumente utilizadas como ponto de partida na preparação da previsão de vendas. Por fim, o orçamento de vendas deve responder às seguintes indagações: o que vender e quanto vender? Seja no caso de produtos ou serviços, em que se vendem procedimentos, é certo que, de qualquer forma, tanto um como o outro necessitam de pessoas trabalhando em equipe e de equipamentos disponíveis. Para evidenciarmos o orçamento de vendas, assim como os outros, vamos dar um exemplo de uma pequena confecção de uniformes masculinos para manutenção, que produz e vende calça e camisa. Tabela 24 – Projeção de vendas anuais, alocadas por trimestre Item – 1º T Quantidade VR. unitário (R$) Total (R$) Camisa 7.500 24,65 184.875,00 Calça 6.500 33,35 216.775,00 Item – 2º T Quantidade VR. unitário (R$) Total (R$) Camisa 7.500 25,02 187.648,13 Calça 6.500 33,85 220.026,63 Item – 3º T Quantidade VR. unitário (R$) Total (R$) Camisa 7.500 25,67 189.505,84 Calça 6.500 34,87 222.204,89 Item – 4º T Quantidade VR. unitário (R$) Total (R$) Camisa 7.500 25,77 193.295,96 Calça 6.500 34,87 226.648,99 6.2 Orçamentos de produção O orçamento de produção é aquele elaborado logo após o de vendas. Ele é o instrumento que indica as quantidades unitárias que devem ser produzidas em cada período. Na observância, que deve atender às necessidades de vendas, considera ainda o fato de que os estoques excessivos podem criar problemas de armazenamento, da mesma forma que a falta de produtos nos estoques pode trazer perdas de vendas, bem como necessidade de produção imediata ou esforços de produção de última hora, que geralmente custam mais. Orçamento de vendas Orçamento de produção Figura 70 – Orçamento de vendas 107 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Também neste orçamento, são projetadas as matérias-primas; o pessoal, ou seja, mão de obra direta; e os custos indiretos de fabricação, de acordo com as unidades a serem vendidas e, não menos importante, de acordo com a política de estoques e produtos prontos definidapela empresa. O orçamento de produção é uma etapa que promove uma grande movimentação na empresa. Envolve principalmente os recursos humanos, pela relação trabalho/produção, pois, a partir deste setor, começa toda cadeia produtiva. Nele são consideradas as quantidades produzidas, para que se possa ir ao encontro do volume projetado para vendas, a fim de estruturar os estoques. Orçamento de produção Recursos humanos Produção Figura 71 – Orçamento de vendas e suas relações Observação Orçamento de produção é simplesmente uma estimativa da quantidade de bens que devem ser fabricados durante um determinado período. Então, de forma mais pontuada, seria a relação entre: volume de vendas, quantidades no estoque e produção. Voltemos ao nosso exemplo: Tabela 25 Item – 1º T Est. inicial Vendas Est. final Camisa 8.000 7.500 500 Calça 7.000 6.500 500 Item – 2º T Est. inicial Vendas Est. final Camisa 8.000 7.500 1.000 Calça 7.000 6.500 1.000 Item – 3º T Est. inicial Vendas Est. final Camisa 8.000 7.500 1.500 Calça 7.000 6.500 1.500 Item – 4º T Est. inicial Vendas Est. final Camisa 8.000 7.500 2.000 Calça 7.000 6.500 2.000 108 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade III 6.3 Orçamento de matérias-primas No orçamento de matéria-prima é a parte do plano em que são especificadas as quantidades de matéria-prima a serem utilizadas. Neste ponto, teremos o dimensionamento dos custos para a fabricação das unidades de produção, portanto, é elaborado a partir das necessidades de material informadas pela área de fabricação. Reportamo-nos a Padoveze (2010), quando este cita que o orçamento de matéria-prima indica padrões de consumo ou as relações entre a quantidade de cada matéria-prima e que existem dois conceitos básicos para a elaboração desse orçamento. Os custos de matéria-prima são custos diretos, devendo, por isso, considerar-se no orçamento os custos e atividades por unidades produtivas ou departamentos. Custeio de produção: os custos de matéria-prima são custos de fabricação, devendo ser identificados nos custos dos produtos acabados por tipo de produto. Controle Custeio de produção Figura 72 – Conceitos básicos para elaboração de orçamento de matéria-prima As matérias-primas podem ser diretas ou indiretas; de qualquer forma, são parte integrante do custo final do produto. Exemplo, lembrando que ele é feito a cada trimestre: Tabela 26 MP – tecido Quantidade VR. unit. Total Camisa 56.000 1,45 81.200,00 Calça 70.000 1,35 94.500,00 MP – linha Quantidade VR. unit. Total Camisa 40.000 0,85 34.000,00 Calça 49.000 0,82 40.180,00 MP – botão Quantidade VR. unit. Total Camisa 48.000 0,10 4.800,00 Calça 7.000 0,15 1.050,00 MP – zíper Quantidade VR. unit. Total Calça 7.000 1,50 10.500,00 Custo direto – matéria-prima – 1º trimestre Camisa --------------------------------------------------------------------------------------- 2,40 Calça ----------------------------------------------------------------------------------------- 3,82 109 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO MP – tecido Quantidade VR. unit. Total Camisa 56.000 1,67 93.380,00 Calça 70.000 1,55 108.675,00 MP – linha Quantidade VR. unit. Total Camisa 40.000 0,98 39.100,00 Calça 49.000 0,94 46.207,00 MP – botão Quantidade VR. unit. Total Camisa 48.000 0,12 5.520,00 Calça 7.000 0,17 1.207,50 MP – zíper Quantidade VR. unit. Total Calça 7.000 1,73 12.075,00 Custo direto – matéria-prima – 2º trimestre Camisa --------------------------------------------------------------------------------------- 2,76 Calça ----------------------------------------------------------------------------------------- 4,39 MP – tecido Quantidade VR. unit. Total Camisa 56.000 1,92 107.387,00 Calça 70.000 1,79 124.976,25 MP – linha Quantidade VR. unit. Total Camisa 40.000 1,12 44.965,00 Calça 49.000 1,08 53.138,05 MP – botão Quantidade VR. unit. Total Camisa 48.000 0,13 6.348,00 Calça 7.000 0,20 1.388,63 MP – zíper Quantidade VR. unit. Total Calça 7.000 1,98 13.886,25 Custo direto – matéria-prima – 3º trimestre Camisa --------------------------------------------------------------------------------------- 3,17 Calça ----------------------------------------------------------------------------------------- 5,05 MP – tecido Quantidade VR. unit. Total Camisa 56.000 2,21 123.495,05 Calça 70.000 2,05 143.722,69 MP – linha Quantidade VR. unit. Total Camisa 40.000 1,29 51.709,75 Calça 49.000 1,25 61.108,76 MP – botão Quantidade VR. unit. Total Camisa 48.000 0,15 7.300,20 Calça 7.000 0,23 1.596,92 MP – zíper Quantidade VR. unit. Total Calça 7.000 2,28 15.969,19 Custo direto – matéria-prima – 4º trimestre Camisa --------------------------------------------------------------------------------------- 3,65 Calça ----------------------------------------------------------------------------------------- 5,81 110 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade III 6.4 Orçamentos de mão de obra Diretamente relacionado ao de produção, este orçamento leva em conta os custos com remunerações e seus encargos. Considera que as necessidades de mão de obra direta sejam apuradas para que a empresa conheça o montante de horas suficientes de mão de obra disponíveis para atender às necessidades de produção. Disponibilidade Orçamento de mão de obra Horas Figura 73 – Orçamento de mão de obra e suas relações Como é do nosso conhecimento, os valores pagos a títulos de salários, bem como seus encargos, despendem valores de desembolsos que implicam grandes somas de dinheiro. Assim, quando utilizamos esse orçamento como base, podemos nos antecipar aos impactos, por exemplo, de quantas horas de mão de obra serão necessárias durante o período, devendo a empresa se preparar para ajustar sua força de trabalho na medida das exigências da situação, com reservas financeiras adequadas. As empresas que não consideram esse orçamento com a devida atenção que ele merece correm o risco, por exemplo, de falta de mão de obra qualificada para suas necessidades ou, em outros casos, de dispensar operários em épocas pouco oportunas. Quando falamos de orçamento de mão de obra direta, estamos nos referindo à quantidade de pessoas, direta e necessária, que serão empregadas no processo produtivo, pois essa projeção irá variar conforme a estimativa de produção. Para a elaboração desse orçamento, serão necessárias informações, tais como quantidades de produtos a fabricar de cada produto, valores em horas de mão de obra direta na fabricação de cada produto, encargos sociais e benefícios. Vejamos, considerando três departamentos: Tabela 27 Departamento Qdade. func. Saláriounit./mês Salário bruto/mês (-) INSS Salário liq./ mês Corte 4 1.350,00 5.400,00 432,00 4.968,00 Costura 3 1.300,00 3.900,00 312,00 3.588,00 Finalização 2 1.250,00 2.500,00 200,00 2.300,00 Total 9 3.900,00 11.800,00 944,00 10.856,00 111 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO 6.5 Orçamentos dos custos indiretos de fabricação O orçamento de custos indiretos de fabricação são todos os custos de produção, além de matéria- prima e mão de obra diretas, intrinsecamente relacionados aos processos produtivos. Até porque, como já vimos, os custos indiretos de produção irãonecessitar de critérios para apropriação dos produtos, considerando que não são identificados facilmente aos produtos específicos, ou seja, não são diretamente vinculados a determinado produto. Mão de obra Matéria-prima Custos indiretos Orçamento de custos Figura 74 – Integração do orçamento aos valores do custo dos produtos Esses custos são os referentes aos materiais indiretos; custos de mão de obra indireta, tanto administração como manutenção; e despesas diversas de fabricação, que incluem impostos, seguros, depreciação, luz, água, telefone e gás, entre outras, cuja identificação do centro de custo exige critério de rateio para apropriação. As unidades de produção ou serviços são fontes de custos e despesas indiretas de fabricação. Exemplo de como ficaria em um trimestre: Tabela 28 Custos indiretos 1º mês 2º mês 3º mês Aluguel fábrica 15.000,00 15.000,00 15.000,00 Energia elétrica 5.500,00 5.700,00 6.000,00 Manutenção máq. 2.500,00 2.700,00 2.800,00 Total 23.000,00 23.400,00 23.800,00 Considerando a base para o rateio as quantidades produzidas, teríamos: Tabela 29 Produção total 15.000 100% Camisa 8.000 53% Calça 7.000 47% 6.6 Orçamentos de despesas Orçamento de despesas é um plano de gastos, constituído pelos desembolsos administrativos e vendas tributárias e financeiras, entre todos os gastos do período menos os custos de produção. 112 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade III Esse orçamento é importante para o desenvolvimento das suas atividades, assim como para o controle administrativo, que também está incluído nas despesas. Então, o orçamento de despesas operacionais é constituído por todos os gastos para administrar e vender. Esta etapa do plano é constituída por todos os gastos necessários para administrar e vender os produtos e/ou serviços aos clientes. Adm. gastos Vendas Orçamento de despesas Figura 75 – Orçamento de despesas e suas relações Nesta parte do orçamento de despesas, vamos considerar que existam duas fases de relevância, que são caracterizadas pelo planejamento/coordenação e pelo controle dos custos de vendas. Nelas estão depositadas as expectativas da empresa de ir em busca de equilíbrio, de forma que o dispêndio compense os resultados objetivados. Ou seja, a empresa fará esforço financeiro de acordo com o lucro almejado. Esse orçamento merece destaque por ser uma das peças acessórias importantes que irá compor o sistema financeiro e o orçamento da empresa. O orçamento de despesas é exatamente a projeção de todos os itens que apoiam o operacional da empresa, em termos de vendas e produção no período orçado. O constante controle dos custos de venda é fundamental. Normalmente, eles compõem uma parte considerável dos custos totais. Além disso, o pessoal de vendas, de forma geral, que tem metas para cumprir, se preocupa mais com suas metas do que com os custos incorridos para atingir objetivos de vendas. Os desembolsos administrativos de uma empresa geralmente são custos fixos e, por isso, não ocorrem grandes alterações, porque não estão ligadas diretamente com a produção. Mas, quando as despesas forem variáveis, elas necessariamente terão que ser rateadas pelos diversos setores da empresa. Vamos demonstrar o orçamento de vendas para um trimestre. A título de exemplo: Tabela 30 Despesas 1º mês 2º mês 3º mês Salário Adm. 2.208,00 2.208,00 2.208,00 INSS 1.136,00 1.136,00 1.136,00 FGTS 1.136,00 1.136,00 1.136,00 Depreciação 800,00 800,00 800,00 Água 80,00 130,00 135,00 Energia Adm. 250,00 355,00 360,00 Telefone 130,00 155,00 157,00 Despesas gerais 545,00 555,00 565,00 Total 6.285,00 6.475,00 6.497,00 113 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO 6.7 Orçamentos de capital Receitas Investimentos Produção Figura 76 – Elementos de capital Quando falamos de orçamento de capital, obviamente estamos envolvendo valores que se referem a investimentos, uma vez que o termo capital reflete disponibilidades. É um conjunto de técnicas para avaliar projetos que envolvam a operacionalidade da empresa. No caso específico desse orçamento, a mesma palavra deve ser empregada na produção, ou seja, nas máquinas e equipamentos, melhor dizendo, os ativos da empresa. Esses ativos são, em muitos casos, denominados rentáveis, porque geralmente fornecem a base para a geração de lucro e valor da empresa. O orçamento de capital avalia e seleciona investimentos de longo prazo que estejam em consonância com o objetivo da empresa, maximizando as riquezas dos proprietários. O mais importante do orçamento de capital é captar que sua essência está no valor do dinheiro no tempo, pois ele pode ter um retorno medido em tempo, então esse valor está relacionado ao tempo que despendeu para ser recebido. Mas vejam que estes custos não podem ser confundidos com aquele valor monetário que utilizamos para compras de matéria-prima, tido como um investimento, uma oportunidade de gerar riquezas para a empresa. Saiba mais Ativo de longo prazo: um bem quando é adquirido e pago antes que gere resultados que durem dois ou mais anos. A ideia principal da avaliação é de que, em se tratando do ativo de longo prazo, é necessário avaliar se seus resultados futuros justificam seu custo inicial. Leia mais em: MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. O orçamento de capital tem um enfoque dentro do sistema que serve para avaliar investimentos em ativos de longo prazo ou de capital. Sua capacidade tem foco na possibilidade de crescimento dos 114 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade III fluxos de caixa, para que a empresa objetive que o ativo gere e que justifiquem o investimento nesse ativo. Observe: Tabela 31 Projeção aquisição Início próximo ano 12 meses Máquina industrial 250.000,00 20.833,33 6.8 Orçamentos de caixa O caixa de uma organização recebe demasiada atenção, pois constitui um ativo de maior liquidez; é composto por valores que serão utilizados para o pagamento de despesas e obrigações adquiridas anteriormente ou para recebimentos relacionados com a atividade operacional da empresa. Nunca ouvimos, por exemplo, a expressão “tenho (-) R$ 1,00 no bolso!” O que podemos dizer é que não temos disponibilidade momentânea para saldar uma dívida ou adquirir algum bem ou serviço. No universo empresarial, se dá nos mesmos formatos. Saídas Orçamento de caixa Entradas Figura 77 – Orçamento de caixa e suas relações Há necessidade de estarmos atentos às entradas e saídas de numerários. Além do dia a dia, poderão ocorrer situações adversas que farão com que os desembolsos sejam inevitáveis. Portanto, esse orçamento deverá apresentar o plano para cumprir o planejamento e o controle financeiros, sobretudo, considerando os prazos estipulados no quadro de premissas orçamentárias da empresa. Este não indicará apenas o total dos recursos necessários às manutenções das operações da empresa, mas também as folgas financeiras para cobrir eventuais gastos. O principal objetivo do orçamento de caixa será direcionar, para um dado período, recursos disponíveis para suprir as necessidades consideradas. A partir do nível projetado, é possível saber os recursos que deverão ser buscados e/ou aplicados com os possíveis excedentes de caixa. Deverão constar neste plano definições sobre aplicações financeiras ou outras fontes de investimentos, assim como alternativas de financiamentos para falta de recursos. A grande importância doorçamento de caixa está na sua abrangência, pois é possível visualizar, dando condições aos gestores de tomarem decisões mais acertadas e correndo menos riscos no ambiente financeiro. 115 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Neste caso, para contextualizar, seria necessária a criação de uma planilha com as 12 colunas do ano, resultantes das informações e projeções dos meses. Resumo O orçamento é uma ferramenta associada ao plano estratégico, o que põe em prática as decisões, identificando os pontos de maior relevância, sendo este apontado como o principal benefício da implementação do orçamento empresarial. É indispensável para a administração para alcançar seus objetivos da melhor maneira possível, visando equilíbrio de caixa e eficiência no volume de atividades operacionais. Ele é um projeto elaborado em detalhes com base em uma eficiência. Está relacionado à área de finanças e economia e deve retratar a quantidade de dinheiro estimada. Um orçamento é útil para qualquer organização, independentemente do seu porte, coordenando as ações de toda a organização por meio de interface nos processos das diversas partes do todo, desde que estejam claros os objetivos, que se constituem em fonte de informação confiável. Esta ferramenta possui limitações, já que os dados são baseados em informações sólidas, mas são estimativas. O orçamento deve ser elaborado sobre o período de 12 meses e é preparado em detalhes com bastante antecedência, por se tratar de um processo complexo. Elaborar um orçamento é mais que uma tarefa matemática, é uma tarefa gerencial. Em um plano orçamentário, a organização coloca em “cheque” os processos que evidenciam a empresa, deixando expostos seus erros. A sequência de um planejamento orçamentário começa pela elaboração do orçamento de vendas. Neste orçamento, é preciso estar atento às tendências do mercado, visando estimar exatamente as vendas necessárias, a fim de não correr o risco de não atender à demanda; fazer as projeções de preços; e, principalmente, visar ao crescimento do negócio. Já o orçamento de produção é uma etapa que promove uma grande movimentação na empresa, envolve principalmente os recursos humanos pela relação trabalho/produção. Nele são consideradas as quantidades produzidas, para que se possa ir ao encontro do volume projetado para vendas, a fim de estruturar os estoques. O orçamento de matéria-prima indica padrões de consumo ou as relações entre a quantidade de cada matéria-prima; e, para isso, existem dois conceitos básicos para a elaboração desse orçamento, enquanto o de 116 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade III mão de obra leva em conta os custos com remunerações e seus encargos. Considera-se que as necessidades de mão de obra direta sejam apuradas. Por sua vez, o orçamento de custos indiretos de fabricação são todos os custos de produção além de matéria-prima e mão de obra diretas, intrinsecamente relacionadas aos processos produtivos. No caso do orçamento de despesas, é um plano de gastos constituído pelos desembolsos administrativos, vendas tributárias e financeiras, entre todos os gastos do período menos os custos de produção. Já o orçamento de capital envolve valores que se referem a investimentos, uma vez que o termo “capital” reflete disponibilidades; já o de caixa relaciona-se com entradas e saídas de numerários. Exercícios Questão 1. Uma empresa está estudando a viabilidade econômica de duas tecnologias, conhecidas como X e Y, para a fabricação de um novo produto. O custo total de produção anual pode ser corretamente representado por uma função de custo da forma CTi (q) = Fi + vi q, em que: • CTi é o custo total de produção anual, usando-se a tecnologia i; • Fi é o custo fixo (constante independentemente da quantidade produzida); • vi é o custo variável unitário (constante independentemente da quantidade produzida); • q é a quantidade anual a ser produzida. Ao vender o produto, a empresa recebe um valor p por unidade vendida. O gráfico a seguir mostra a função de custo total anual de cada uma das tecnologias e a função de receita total, R(q) = q × p. R$ Fy Fa CTy{qi CTy(q) R(q) q0 q1 q2 q Figura 78 117 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO Com base unicamente nas informações anteriores, assinale a opção correta: A) Se q < q1, então apenas a tecnologia X é economicamente inviável. B) Se q > q2, então apenas a tecnologia Y é economicamente viável. C) Se q > q1, então a tecnologia Y deve ser utilizada. D) Se q1 < q < q2, então apenas a tecnologia X é economicamente viável. E) Se q = q0, então ambas as tecnologias são inviáveis, mas o prejuízo anual que se teria com a fabricação do produto seria maior se a tecnologia X fosse a escolhida. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: no gráfico, q1 é o ponto de equilíbrio da tecnologia Y (PEy) e q2 é o ponto de equilíbrio da tecnologia X (PEx). Como q<q1<q2, o ponto q está abaixo do PE das duas tecnologias. Logo, ambas são inviáveis. B) Alternativa incorreta. Justificativa: no gráfico, q1 é o ponto de equilíbrio da tecnologia (PEy) e q2 é o ponto de equilíbrio da tecnologia X (PEx). Como q>q2>q1, o ponto q está acima do PE das duas tecnologias. Logo, ambas são viáveis. C) Alternativa correta. Justificativa: no gráfico, q1 é o ponto de equilíbrio da tecnologia Y (PEy) e q2 é o ponto de equilíbrio da tecnologia X (PEx). Nessa situação, q é maior do que o PE da tecnologia Y e, sendo assim, ocorrerá lucro. Mesmo quando q>q2, o que viabiliza a tecnologia X, o lucro obtido usando a tecnologia Y é maior do que o lucro obtido usando a tecnologia X. D) Alternativa incorreta. Justificativa: nessa situação, q está abaixo do ponto de equilíbrio da tecnologia X, que é q2. E) Alternativa incorreta. Justificativa: para essa quantidade, as duas tecnologias são inviáveis. Nessa situação, os prejuízos seriam idênticos, pois a distância entre as retas de custo total de X e de Y em relação à reta das receitas é a mesma. Portanto, ambas as tecnologias, nesse ponto, têm prejuízo igual. 118 AH OS P - Re vi sã o: V irg in ia - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 11 /1 4 Unidade III Questão 2. A CAR (Companhia Agropecuária Rondonópolis) está analisando a implantação de um projeto de investimento no Nordeste brasileiro para a produção de frutas com destino ao mercado europeu. Metade do capital necessário ao investimento virá de uma linha de crédito a ser obtida junto ao BNB (Banco do Nordeste do Brasil), e a outra metade virá de capital próprio, a ser captado através do lançamento de ações da empresa no mercado de capitais brasileiro. O investimento será de R$120 milhões, com benefícios anuais líquidos de R$20 milhões, em perpetuidade. O custo de capital junto ao banco deverá ser de 8% a.a., e o custo do capital próprio é de 12% a.a. Neste projeto não se deve considerar o Imposto de Renda. A equipe que realizou a análise de viabilidade financeira do projeto encontrou diferentes valores, tais como: I – Valor presente líquido do projeto: R$ 80 milhões. II – Valor presente líquido do projeto: R$ 200 milhões. III – Custo médio ponderado de capital do projeto: 8% a.a. IV – Custo médio ponderado de capital do projeto: 10% a.a. V – Custo médio ponderado de capital do projeto: 12% a.a. Para se definir a viabilidadefinanceira do projeto, devem ser utilizados, apenas: A) I e III. B) I e IV. C) I e V. D) II e III. E) II e IV. Resposta desta questão na plataforma.
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