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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS - JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

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Procedimentos Especiais 
 
1. Jurisdição voluntária e contenciosa 
Existem situações nas quais, mesmo sem a contenda judicial, faz-se necessário 
acionar o judiciário. Nesses casos, temos as chamadas: 
 
• JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA: também chamada de graciosa. Não há lide, o Judiciário 
atua exercendo administração pública, de interesses privados. 
 
• JURISDIÇÃO CONTENCIOSA: existe um conflito entre as partes e o judiciário atuará 
para solucionar a lide. Ex: processo de conhecimento 
 
 
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA (Art. 719) 
 
. Existe lide 
 
. Não existe lide 
 
. Existem partes 
Art. 77. Além de outros previstos neste 
Código, são deveres das partes, de seus 
procuradores e de todos aqueles que de 
qualquer forma participem do processo: 
I - Expor os fatos em juízo conforme a 
verdade; 
 
. Existem interessados 
 
Art. 720. O procedimento terá início por 
provocação do interessado, do 
Ministério Público ou da Defensoria 
Pública, cabendo-lhes formular o pedido 
devidamente instruído com os 
documentos necessários e com a 
indicação da providência judicial. 
II - Não formular pretensão ou de 
apresentar defesa quando cientes de 
que são destituídas de fundamento; 
III - não produzir provas e não praticar 
atos inúteis ou desnecessários à 
declaração ou à defesa do direito; 
IV - Cumprir com exatidão as decisões 
jurisdicionais, de natureza provisória ou 
final, e não criar embaraços à sua 
efetivação; 
V - Declinar, no primeiro momento que 
lhes couber falar nos autos, o endereço 
residencial ou profissional onde 
receberão intimações, atualizando essa 
informação sempre que ocorrer 
qualquer modificação temporária ou 
definitiva; 
VI - Não praticar inovação ilegal no 
estado de fato de bem ou direito 
litigioso. 
 
 
 
 
 
. Juiz de legalidade estrita 
Art. 140. O juiz não se exime de decidir 
sob a alegação de lacuna ou 
obscuridade do ordenamento jurídico. 
Parágrafo único. O juiz só decidirá por 
equidade nos casos previstos em lei. 
 
 
. Juiz de equidade 
Art. 723. O juiz decidirá o pedido no 
prazo de 10 (dez) dias. 
Parágrafo único. O juiz não é obrigado a 
observar critério de legalidade estrita, 
podendo adotar em cada caso a solução 
que considerar mais conveniente ou 
oportuna. 
 
 
 
 
2. Procedimentos especiais do NCPC 
O NCPC inovou, no quesito procedimentos especiais, em relação ao CPC/73. São eles: 
 
• TÍTULO III – DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 
 
→ Capítulo I: Da Ação De Consignação Em Pagamento: art. 539, CPC 
→ Capítulo II: Da Ação De Exigir Contas: art. 550, CPC 
→ Capítulo III: Das Ações Possessórias: art. 554, CPC 
→ Capítulo IV: Da Ação De Divisão E Demarcação De Terras Particulares: art. 569, 
CPC 
→ Capítulo V: Da Ação De Dissolução Parcial De Sociedade: art. 599, CPC 
→ Capítulo VI: Do Inventário E Da Partilha: art. 610, CPC 
→ Capítulo VII: Dos Embargos De Terceiros: art. 674, CPC 
→ Capítulo VIII: Da Oposição: art. 682, CPC 
→ Capítulo IX: Da Habilitação: art. 687, CPC 
→ Capítulo X: Das Ações De Família: art. 693, CPC 
→ Capítulo XI: Da Ação Monitória: art.700, CPC 
→ Capítulo XII: Da Homologação De Penhor Legal: art. 703, CPC 
→ Capítulo XIII: Da Regulação De Avaria Grossa: art. 707, CPC 
→ Capítulo XIV: Da Restauração De Autos: art. 712, CPC 
→ Capítulo XV: Dos Procedimentos De Jurisdição Voluntária: art. 719, CPC 
 
▪ Seção I: disposições gerais 
▪ Seção II: Das Notificações e da Interpelação – art. 726 
▪ Seção III: Da Alienação judicial: art. 730 
▪ Seção IV: Do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual de 
União Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio: art. 731 
▪ Seção V: Dos Testamentos e Codicilos: art. 735 
▪ Seção VI: Da Herança Jacente: art. 738 
▪ Seção VII: Dos Bens dos Ausentes: art. 744 
▪ Seção VIII: Das Coisas Vagas: art. 746 
▪ Seção IX: Da Interdição: art. 747 
▪ Seção X: Disposições Comuns à Tutela e Curatela: art. 759 
▪ Seção XI: Da Organização e da Fiscalização de Fundações: art. 764 
▪ Seção XII: Da Ratificação dos Protestos Marítimos e dos Processos 
Testemunháveis Formados a Bordo: art. 766 
 
 
3. Ações mais utilizadas, nos procedimentos especiais 
 
a) Da Ação De Consignação Em Pagamento: art. 539, CPC 
Embora o pagamento espontâneo deva ser considerado como a forma primária e 
natural do cumprimento de uma prestação, não sendo a obrigação espontaneamente 
desfeita dessa forma, resta ao devedor, ou a qualquer outro interessado na extinção 
da obrigação, a via anormal do pagamento, através da Ação de Consignação em 
Pagamento, conforme o art. 539 do NCPC: 
Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor 
ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a 
consignação da quantia ou da coisa devida. 
A ação de consignação em pagamento, é um mecanismo previsto pela lei civil, onde 
o sistema processual coloca à disposição do interessado uma via que lhe permite 
promover o depósito da coisa ou do valor devidos e, que, uma vez efetivada lhe 
confere a quitação da sua prestação, liberando-o da dívida e dos seus respectivos 
encargos. O devedor pode se valer, caso queira sanar uma dívida e não consegue 
fazê-lo, nas seguintes situações: 
 
• O credor se recusa a receber ou dar quitação (injustificadamente) 
 
• Por estar em local inacessível ou ignorado (por motivos alheios à sua vontade) 
 
• Por existirem dúvidas fundadas a respeito de quem pode, legitimamente, 
receber a quantia. 
 
 
 
 
▪ Situações autorizadoras do pagamento em consignação 
 
 
→ O PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO COMO MODO ANORMAL DE EXTINÇÃO DA 
OBRIGAÇÃO 
 
Conforme o art. 304 do Código Civil, o pagamento representa o modo normal de 
extinção da obrigação, mediante o cumprimento espontâneo da prestação devida. 
Entretanto, não sendo a obrigação espontaneamente desfeita dessa forma – seja 
porque o credor se recusou injustificadamente a receber o pagamento ou a dar 
regular quitação, seja porque o devedor ficou impedido, por motivos alheios à sua 
vontade, de realizar o pagamento, seja, ainda, pela impossibilidade de realização do 
depósito extrajudicial da importância devida, ou da recusa, pelo credor, do depósito 
realizado pelo devedor –, resta a este último, ou a qualquer outro interessado na 
extinção da obrigação, a via anormal do pagamento por consignação: 
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida 
pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios 
conducentes à exoneração do devedor. 
.Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não 
interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, 
salvo oposição deste. 
 
Então, se, no caso concreto, não é admissível o depósito extrajudicial da prestação 
ou, sendo, e o devedor não quer se utilizar dele (essa modalidade de depósito lhe é 
facultativa), deverá se valer da via judicial para se exonerar da dívida e dos 
respectivos encargos. 
Em outras palavras, essa modalidade de pagamento assume, nessa hipótese, a forma 
judicializada de desfazimento do vínculo obrigacional, daí o devedor, ou o terceiro 
interessado no pagamento, depender da realização do depósito judicial para a 
liberação da dívida, promovendo a ação de consignação em pagamento. 
O art. 335 do Código Civil enuncia as hipóteses de cabimento do pagamento por 
consignação, todas elas relativas ao mérito da ação de consignação em pagamento, 
quando proposta pelo devedor ou interessado que não quis, ou não pôde valer-se do 
depósito extrajudicial. 
Deduzida qualquer dessas situações como causa de pedir fática, sua não 
comprovação pelo autor-consignante, quando lhe couber o ônus probatório, 
implicará a rejeição do pedido pelo juiz 
Art. 335. A consignação tem lugar: 
I - Se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar 
receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; 
II - Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no 
lugar, tempo e condição devidos; 
III - se o credor for incapaz de receber, fordesconhecido, 
declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de 
acesso perigoso ou difícil; 
IV - Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente 
receber o objeto do pagamento; 
V - Se pender litígio sobre o objeto do pagamento. 
 
→ RECUSA DO CREDOR 
 
 
É cabível o pagamento em consignação se o credor se recusar, injustificadamente, a 
receber o pagamento realizado pelo devedor, ou se negar a dar quitação. Diante de 
sua recusa em receber a coisa ou quantia ofertada, a inércia do devedor poderá 
acarretar em sua mora. 
Entretanto, se o credor aceitar a oferta de pagamento, sem, contudo, dar-lhe a 
quitação, o devedor pode optar pela consignação em pagamento, judicial ou 
extrajudicialmente (quando couber), do objeto da prestação. 
 
 
 
 
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a 
quem de direito o represente, sob pena de só valer 
depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em 
seu proveito. 
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo 
é válido, ainda provado depois que não era credor. 
Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao 
credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que 
em benefício dele efetivamente reverteu. 
“Quem paga mal, paga duas vezes” 
Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento 
o portador da quitação, salvo se as circunstâncias 
contrariarem a presunção daí resultante. 
Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de 
intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da 
impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento 
não valerá contra estes, que poderão constranger o 
devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o 
regresso contra o credor. 
 
 
→ INÉRCIA DO CREDOR 
 
Compete ao credor buscar o pagamento do devedor. Por sua vez, quando não 
procurado pelo credor, o devedor pode se valer do pagamento em consignação para 
saldar sua dívida e se exonerar da obrigação e consequências. 
 
→ CREDOR INCAPAZ, DESCONHECIDO, AUSENTE OU EM LOCAL DESCONHECIDO OU 
INACESSÍVEL 
 
Também é autorizada essa modalidade de pagamento quando o credor for incapaz 
de receber, não seja conhecido pelo devedor, houver sido declarado ausente, ou 
residir em lugar incerto, ou de acesso perigoso ou difícil. 
a) Incapacidade do credor: Sendo incapaz o credor, o pagamento deverá ser feito na 
pessoa de seu representante legal (no caso de incapacidade absoluta), ou 
diretamente a ele, mas assistido por seu representante legal (no caso da 
incapacidade relativa). Ignorando o devedor quem seja o representante legal, ou se 
este recusar-se a receber ou a dar quitação em nome do credor absolutamente 
incapaz, ou, no caso de incapacidade relativa, a conceder a indispensável assistência, 
restará ao devedor valer-se da via consignatória. No entanto, é inadmissível o 
depósito extrajudicial da quantia devida, pois essa modalidade de extinção da 
obrigação pressupõe a capacidade civil do credor. 
 
 
 
b) Credor falecido: O credor original faleceu e o devedor, por ignorar quem seja 
seu herdeiro, desconhece a quem pagar. Como o único modo de liberar-se da 
obrigação é o pagamento, deverá promover ação de consignação em pagamento, 
pois também inviável, neste caso, o depósito extrajudicial. 
 
c) Credor ausente: O credor foi judicialmente declarado ausente (NCPC, arts. 
744 e ss.), ao seu curador competindo receber e dar quitação. Se o devedor 
desconhece quem seja o curador, ou, mesmo o conhecendo, ignorar se ele tem 
poderes para receber e dar quitação, poderá valer-se da ação de consignação em 
pagamento para liberar-se da obrigação, igualmente não sendo possível, neste caso, 
lançar mão do depósito extrajudicial. 
 
d) Credor em local incerto, ou de acesso perigoso ou difícil: Como nesses casos 
é impossível ao devedor efetuar o pagamento, a ação consignatória representará a 
via adequada para a liberação da obrigação, inviabilizado o depósito extrajudicial a 
que alude o § 1º do art. 539 do NCPC. Observe-se, porém, que a presente hipótese se 
refere somente à dívida portável; sendo ela quesível, a inércia do credor caracteriza 
a hipótese acima. 
 
→ DÚVIDA QUANTO À TITULARIDADE DO CRÉDITO 
 
Ignorando o devedor a quem deva validamente efetuar o pagamento entre os 
pretendentes credores, poderá fazer uso do pagamento por consignação, 
promovendo a ação correspondente, também inviabilizado, neste caso, por evidente, 
o depósito extrajudicial. Assim, havendo disputa judicial entre terceiros a respeito de 
determinado crédito – e tornando-se exigível a prestação no curso do processo, sem 
que o devedor tenha certeza a quem deva satisfazê-la –, ou ele assumirá o risco do 
pagamento, pagando a qualquer dos contendores (CC, art. 344), ou procederá à 
consignação judicial da prestação, isentando-se das consequências da mora. 
 
→ LITÍGIO SOBRE O OBJETO DO PAGAMENTO 
 
Mesmo sendo conhecido o credor, poderá haver litígio acerca do objeto do 
pagamento. Ou seja, o credor é certo, mas entre ele e terceiro trava-se disputa judicial 
tendo por objeto a quantia ou a coisa devida; consequentemente, não pode o 
devedor simplesmente efetuar o pagamento ao credor, pois, se o fizer, assume o 
risco de pagar mal. Terá, portanto, como única forma de livrar-se da obrigação, o 
pagamento por consignação, mediante a propositura da correspondente ação 
judicial, também sendo inviável, nessa hipótese, o depósito extrajudicial. 
 
→ OUTRAS HIPÓTESES DE PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO 
 
Além daquelas até aqui examinadas, há outras hipóteses ensejadoras de pagamento 
por consignação: 
 
▪ como na desapropriação (Decreto-lei no 3.365/1941, arts. 33 e 34, parágrafo 
único) 
▪ na liberação de débito fiscal (CTN, arts. 156, VIII e 164). 
 
 
 
 
▪ A ação de consignação em pagamento 
→ EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO VIA JUDICIAL 
 
Uma vez constituída a obrigação, está somente será extinta, por meio do pagamento, 
no momento em que o devedor satisfaz o credor, cumprindo a prestação devida. 
Extingue-se, então, o vínculo obrigacional e os encargos e ônus dele eventualmente 
resultantes. 
Mas nem sempre a obrigação é voluntariamente desfeita dessa forma. A obrigação 
deixa de ser cumprida quando: 
▪ o devedor se tornou inadimplente, não ofertando a prestação no tempo, lugar 
ou modo estabelecidos pela lei ou pelo contrato (mora do devedor ou mora 
solvendi – CC) 
▪ próprio credor se recusa injustificadamente a receber o pagamento, ou a dar 
quitação (mora do credor ou mora accipiendi) 
▪ o devedor ficou impedido, por motivos alheios à sua vontade, de realizar o 
pagamento. 
 
Nos dois últimos casos (mora accipiendi e impossibilidade de pagamento por motivo 
alheio à vontade do devedor), poderá a obrigação ser extinta por meio do 
pagamento por consignação (CC, arts. 334 a 345), que se perfaz com o depósito da 
quantia ou coisa devida, o qual, sendo aceito pelo credor ou vindo a ser declarado 
válido e suficiente por sentença judicial, tem o condão de extinguir a obrigação, 
liberando o devedor. 
Sendo inadmissível o depósito bancário ou dele não querendo valer-se o devedor, 
restar-lhe-á apenas a via judicial, com a promoção da ação de consignação em 
pagamento, também designada como ação consignatória. 
→ LEGITIMIDADE 
 
▪ Ativa: Estão ativamente legitimados a promover a ação consignatória o devedor e o terceiro 
juridicamente interessado no pagamento da dívida, como o fiador, o sócio etc. 
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida 
pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios 
conducentes à exoneração do devedor. 
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não 
interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, 
salvo oposição deste. 
 
▪ Passiva: É conferida ao credor conhecido, àquele que alegue tal condição junto ao 
devedor ou, ainda, sendo desconhecido, ao credor incerto, a ser citado por edital, em 
seu favor intervindo, se for o caso, o defensor público ou aquele nomeado pelojuiz 
(curador especial – NCPC, art. 72, II e parágrafo único). O credor incapaz também 
figurará como réu, mas representado ou assistido por seu representante legal, 
também intervindo obrigatoriamente no processo, nesse caso, o órgão do Ministério 
Público, na qualidade de fiscal da ordem jurídica. Havendo dúvida quanto à 
titularidade do crédito, figurarão como litisconsortes passivos aqueles que se 
intitulam credores (os pretendentes ou sedizentes credores). 
 
→ COMPETÊNCIA 
O art. 540 do NCPC estabelece regra de competência de foro, ou territorial, valendo 
como critério determinativo o lugar do pagamento da quantia ou coisa devida. Juízo 
competente, por sua vez, será o estadual, federal ou trabalhista, dependendo da 
qualidade da parte ou da natureza da prestação. 
 
Art. 540. Requerer-se-á a consignação no lugar do 
pagamento, cessando para o devedor, à data do 
depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for 
julgada improcedente. 
 
Como se trata de dívida quesível, entende-se que a mesma deve ser paga no domicilio 
do devedor. Logo, o foro competente é o do domicílio do devedor, conforme o 
Código Civil: 
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do 
devedor, salvo se as partes convencionarem 
diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da 
natureza da obrigação ou das circunstâncias. 
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe 
ao credor escolher entre eles. 
 A competência territorial ou de foro é relativa, por definição. Logo, se a ação 
consignatória for ajuizada no foro incompetente, caberá ao réu (credor) alegar a 
incompetência relativa, em sede preliminar da contestação, sob pena de operar-se a 
prorrogação da competência (art. 65). Entretanto, o mesmo não se aplica à 
competência de juízo, que é absoluta e improrrogável. 
 
→ LITISCONSÓRCIO 
Poderão figurar como réus (credores) duas ou mais pessoas – conforme a previsão 
do NCPC, tendo domicílios diferentes, nesse caso, prevalecerá a regra de 
competência territorial prevista no mesmo Código, podendo a ação consignatória ser 
proposta no foro de qualquer deles, à escolha do autor. 
Art. 547. Se ocorrer dúvida sobre quem deva 
legitimamente receber o pagamento, o autor requererá 
o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito 
para provarem o seu direito 
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito 
real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro 
de domicílio do réu. 
§ 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes 
domicílios, serão demandados no foro de qualquer 
deles, à escolha do autor. 
Contudo, se a prestação consignanda for quesível, ou seja, devendo ser paga no 
domicílio do devedor ou, se houver previsão de foro de eleição, a competência será, 
respectivamente, do foro do domicílio do -devedor consignante, ou do foro 
contratualmente eleito pelas partes. 
 
→ PRESTAÇÕES SUCESSIVAS 
 
O NCPC refere-se às prestações sucessivas (ao invés de periódicas), como as 
originadas de contratos de trato sucessivo, cujo cumprimento perdura no tempo e 
compreende prestações também deferidas no tempo, repetindo-se em intervalos, 
regulares ou não. EX: aluguéis, prestações alimentares, mensalidades escolares, etc. 
Art. 541. Tratando-se de prestações sucessivas, 
consignada uma delas, pode o devedor continuar a 
depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, 
as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 
(cinco) dias contados da data do respectivo vencimento. 
Ao promover a ação de consignação em pagamento, o autor deverá indicar na 
petição inicial, explicitamente, a prestação (ou prestações) vencida, objeto do 
pedido; neste também se incluem as prestações vincendas, à medida que se 
tornarem exigíveis e desde que tempestivamente depositadas no curso do processo. 
Algumas hipóteses devem ser consideradas, levando-se em conta a existência, ou 
não, de depósito extrajudicial anterior à propositura da ação consignatória: 
Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor 
ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a 
consignação da quantia ou da coisa devida. 
§ 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o 
valor ser depositado em estabelecimento bancário, 
oficial onde houver situado no lugar do pagamento, 
cientificando-se o credor por carta com aviso de 
recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a 
manifestação de recusa. 
§ 2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno do 
aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa, 
considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando 
à disposição do credor a quantia depositada. 
§ 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao 
estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro 
de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a 
inicial com a prova do depósito e da recusa. 
§ 4º Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem 
efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante. 
 
Realizado o depósito extrajudicial da prestação pecuniária, nada obsta, em caso de 
recusa do credor, que o devedor utilize a mesma conta bancária para a efetivação do 
depósito da prestação vencida imediatamente em seguida, se e quando, no 
momento de seu vencimento, ainda não estiver instaurado o processo consignatório. 
Se, entre a recusa do credor e o ajuizamento da ação consignatória (a ocorrer, no 
máximo, até 30 dias após aquela) vier a vencer nova prestação (v. g., prestação 
semanal, quinzenal), poderá o depositante depositá-la na mesma conta bancária, 
novamente cientificando o credor do depósito. E, tão logo ingresse em juízo com a 
ação consignatória, deverá juntar a petição inicial também com os documentos que 
comprovam esse segundo depósito e da respectiva cientificação do credor. A solução 
atende perfeitamente ao espírito da lei e possibilita aos interessados, sendo aceitos 
os depósitos, a imediata satisfação de seus interesses. 
Efetivado o depósito judicial, as prestações vincendas deverão ser depositadas, à 
medida que vençam, no processo a essa altura, já instaurado, até 5 dias a contar da 
data do respectivo vencimento. 
Não é necessária a citação do réu (credor) a cada novo depósito, bem como a 
impossibilidade de reabrir-se prazo para contestação, porque não há nova demanda 
a ensejar defesa; nada obsta, porém, a que o réu impugne qualquer dos depósitos, 
decidindo o juiz a respeito. A possibilidade de utilização do mesmo processo para a 
continuidade dos depósitos encontra sua razão de ser na natureza implícita do 
pedido consignatório, assim tornando desnecessária a propositura de nova ação a 
cada vencimento de nova prestação. 
Não sendo depositada qualquer das prestações vencidas no quinquídio legal (5 dias), 
com o consequente rompimento da cadeia de depósitos, essa prestação inadimplida 
ainda poderá ser depositada, antes do vencimento da próxima, com os acréscimos 
legais e ou contratuais, medida que melhor atende aos interesses das partes e aos 
escopos do processo; emendada a mora, restabelece-se a ordem de depósitos das 
prestações vincendas, até que sobrevenha a decisão judicial definitiva. Do contrário, 
permanecendo a situação de inadimplência, o juiz deverá proceder ao julgamento do 
pedido consignatório, acolhendo-o em parte, se e quando reconhecer que as 
prestações tempestivamente depositadas ensejaram o adimplemento parcial da 
obrigação, com a observância, então, do disposto no art. 86 e seu parágrafo, do 
NCPC. 
 Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e 
vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre 
eles as despesas. 
Parágrafo único. Se um litigante sucumbir em parte 
mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas 
despesas e pelos honorários. 
→ VALOR DA CAUSA 
Como a lei exige a atribuição de valor certo à causa, correspondente à sua expressão 
econômica (NCPC, art. 291), tem-se: 
▪ Ação consignatória tendo por objeto coisa, será atribuído o seu valor de mercado ou,se for o caso, aquele indicado em contrato; 
 
▪ Ação consignatória tendo por objeto prestação pecuniária única, o valor deverá 
correspondente ao dessa prestação; havendo prestações vincendas, o valor da causa 
corresponderá à soma delas, quando a obrigação for por tempo inferior a um ano, 
ou, finalmente, a uma prestação anual, se por tempo indeterminado ou superior a um 
ano. 
 
 
 
→ DEPÓSITO JUDICIAL 
 
Exceto a existência de depósito extrajudicial anterior à propositura da ação 
consignatória (e desde que ele esteja comprovado, com a respectiva recusa do 
credor, por documentos que instruirão a petição inicial), caberá ao devedor 
promover o depósito da coisa ou da prestação pecuniária, em 5 dias, a contar do 
deferimento da inicial. 
 
 
O depósito de quantia certa será realizado em conta judicial, à disposição do juízo, 
com a incidência de juros legais e correção monetária. 
Nos casos em que o devedor não se valeu do depósito extrajudicial, ou deixou 
transcorrer inutilmente o prazo estabelecido de 1 mês (art. 539, NCPC) 
Não realizado o depósito no prazo legal (5 dias), o juiz decretará a extinção do 
processo, sem resolução do mérito, porque, na ausência do depósito, ficam 
inviabilizadas tanto a oferta de defesa pelo credor-réu (ou a aceitação, por ele, da 
quantia ou coisa devida), quanto a faculdade de eventual complementação pelo 
devedor (NCPC, art. 545). 
Além disso – e principalmente –, a ausência do depósito contraria a própria razão de 
ser da ação consignatória, pois é ele o elemento liberatório dos riscos da dívida e 
instrumento de extinção da obrigação. Afinal, declarada por sentença a sua 
idoneidade (integralidade e pertinência da quantia ou da coisa depositada), o 
depósito faz cessar os juros e os riscos da dívida e libera o autor consignante do 
vínculo obrigacional. 
Assim que efetivado, o depósito produzirá os seguintes efeitos materiais: 
a) a liberação do devedor do vínculo obrigacional: satisfeita a prestação devida, 
dá-se a extinção da obrigação 
b) a cessação dos juros: feito o depósito da quantia devida e acolhido, ao final, o 
pedido consignatório, estará o devedor desobrigado dos juros. Há, contudo, 
divergência se os juros que deixarão de incidir são apenas os convencionais (juros 
da dívida) ou também os moratórios. Inexiste dúvida, no entanto, de que serão 
devidos os juros anteriores à satisfação da prestação, daí a necessidade de sua 
inclusão no depósito; já os juros moratórios não fluem se estiver caracterizada a 
mora accipiendi (credor). 
c) a transferência dos riscos da dívida para o credor: com o depósito, transferem-
se os riscos da dívida ao credor-réu, invertendo-se a regra res perit debitoris para 
res perit creditoris; ou seja, efetuado o depósito (e desde que ele seja aceito pelo 
credor ou judicialmente declarado idôneo), os eventuais riscos derivados da 
obrigação transferem-se ao credor, que os suportará; se a coisa depositada vier a 
depreciar-se ou deteriorar-se antes do provimento judicial favorável ao devedor 
(consignante), ainda assim o credor-réu suportará os prejuízos daí advindos, pois 
o efeito declaratório da sentença é ex tunc. 
→ CITAÇÃO DO RÉU 
Uma vez efetivado o depósito, daí – e só então – será ordenada a citação do réu, para 
que oferte resposta no prazo de 15 dias úteis. 
Antes de ordenar a citação, deverá o juiz aguardar a realização do depósito, pois a 
concretização daquele ato processual depende da litispendência do processo e esta, 
por sua vez, da realização tempestiva do depósito, haja vista a previsão de extinção 
anormal conforme o NCPC: 
Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá: 
I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no 
prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a 
hipótese do art. 539, § 3º ; 
II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer 
contestação. 
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso 
I, o processo será extinto sem resolução do mérito. 
Concretizada a citação, em qualquer das modalidades previstas em lei, no prazo legal, 
o réu (credor): 
a) não oferta resposta tempestiva: e, decretada sua revelia por ausência de 
contestação oportuna, uma das seguintes hipóteses irá concretizar-se: 
• sendo o réu (credor) capaz e tendo sido citado pessoalmente, o juiz acolherá 
de plano o pedido formulado pelo autor e declarará extinta a obrigação, 
condenando o primeiro a pagar as custas e os honorários advocatícios, salvo 
se ocorrente qualquer das hipóteses enunciadas no art. 345 do mesmo 
diploma legal; 
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado 
no art. 344 se: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art539%C2%A73
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art344
I - Havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a 
ação; 
II - O litígio versar sobre direitos indisponíveis; 
III - a petição inicial não estiver acompanhada de 
instrumento que a lei considere indispensável à prova do 
ato; 
IV - As alegações de fato formuladas pelo autor forem 
inverossímeis ou estiverem em contradição com prova 
constante dos autos. 
• sendo incapaz, o representante do Ministério Público intervirá no processo, 
sem prejuízo da representação legal do réu assistido 
• se o réu não estiver sujeito ao efeito da revelia e descouber, ainda, o 
julgamento antecipado do pedido (não há necessidade de produção de prova), 
o juiz procederá exarando decisão de saneamento e organização do processo 
• estando o réu preso, ou tendo sido citado fictamente (com hora certa ou por 
edital), o juiz designar-lhe-á defensor público, que deverá ofertar contestação 
 
b) comparece em juízo, por si ou procurador e aceita, sem ressalvas, a quantia ou a 
coisa depositada, dando a devida quitação: caracterizado, então, o reconhecimento 
da procedência do pedido, o juiz o homologará por sentença, com a consequente 
extinção do processo, com resolução de mérito, respondendo o réu pelo pagamento 
das custas e honorários advocatícios : 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
III - homologar: 
a) o reconhecimento da procedência do pedido 
formulado na ação ou na reconvenção; 
 
c) oferta contestação 
→ DIREITO DE ESCOLHA DA COISA DEVIDA 
Tanto nas obrigações de dar coisa incerta, quanto nas obrigações alternativas, é 
direito do devedor a escolha da coisa a ser entregue ao credor, salvo se estipulado de 
forma diversa. 
Dessa forma, o NCPC prevê a respeito da escolha e depósito da coisa, a saber: tendo 
o credor-réu o direito de escolher a coisa devida, será citado para: 
▪ exercê-lo no prazo de 5 dias, se outro não constar da lei ou contrato; 
▪ para aceitar que o devedor o faça, fixando o juiz, ao despachar a petição inicial, 
o lugar, dia e hora em que se dará a entrega da coisa, sob pena de depósito. 
 
Comparecendo o credor-réu (ou terceiro, em seu nome), ao escolher e receber a 
coisa objeto da prestação devida, dará quitação ao devedor, competindo ao juiz 
proceder, neste caso, de acordo com o NCPC. 
Não comparecendo o credor, caberá ao devedor a escolha, com a observância do 
disposto na última parte do art. 244 do CC, efetivando-se então o depósito. Observe-
se que o não comparecimento do réu para a escolha da coisa não o impedirá de 
ofertar resposta oportuna. 
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela 
quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o 
contrário não resultar do título da obrigação; mas não 
poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a 
melhor. 
 
 
 
→ DEFESAS DO RÉU (CREDOR) – ART. 544, ncpc 
Efetivado o depósito e citado o réu (ou apenas citado, no caso de o depósito já haver 
sido realizado extrajudicialmente), ele poderá: 
• aceitá-lo e levantá-lo, 
• permanecer omisso 
• ofertar resposta, consistente em contestação e/ou reconvenção 
 
Contestando, poderá deduzir não apenas as defesasde mérito enunciadas nos incisos 
do art. 544 do NCPC: também lhe é facultado arguir, em sede preliminar, qualquer 
das defesas (contestação) e, ainda, outras tantas no que tange ao mérito da causa, 
como a falsidade da afirmação do autor no sentido de que estava em local incerto ou 
inacessível, ou, ainda, que fosse ignorado por ele o verdadeiro titular do crédito 
objeto do depósito. 
Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que: 
I - Não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a 
coisa devida; 
II - Foi justa a recusa; 
III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do 
pagamento; 
IV - O depósito não é integral. 
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação 
somente será admissível se o réu indicar o montante que 
entende devido. 
 
• I - Não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida: Se o réu 
(credor) sustentar a inocorrência de recusa ou de mora no recebimento da quantia 
ou da coisa devida (e sendo a dívida de natureza portável), é do autor (devedor) o 
O art. 544 não esgota o rol 
das matérias de defesa 
 
ônus da prova do fato constitutivo de seu direito, cabendo-lhe demonstrar haver 
diligenciado, sem sucesso, o pagamento junto ao credor; tratando-se de dívida 
quesível, bastará ao autor (devedor) afirmar que o réu não foi, nem mandou buscar 
a prestação devida, no tempo, lugar e modo convencionados, competindo ao credor, 
neste caso, o ônus de provar que diligenciou o recebimento. 
 
• II - Foi justa a recusa: O réu (credor) poderá reconhecer a recusa afirmada na petição 
inicial, mas fundar sua defesa na justeza de seu comportamento, alegando, por 
exemplo, a ausência de qualquer dos requisitos do pagamento, à época da oferta da 
prestação pelo devedor, circunstância que invalidaria aquele ato extintivo da 
obrigação. Apresentada essa sua linha de defesa, será dele o ônus da prova. 
 
III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento: É lícito ao réu 
sustentar, em sua contestação, que o depósito de prestação portável não foi 
realizado pelo autor no prazo ou no lugar do pagamento, hipótese que enseja uma 
série de considerações: 
a) ao referir-se à inadequação do lugar do depósito e à intempestividade de sua 
ocorrência: o Código autoriza a apresentação de defesa fundada na imprestabilidade 
da prestação, quando esta tenha por objeto uma coisa, não uma determinada quantia 
em dinheiro, pois as prestações de natureza pecuniária jamais se tornam inúteis; aliás, 
ainda que o devedor de prestação pecuniária já esteja em mora, mas queira furtar-se 
aos seus efeitos, poderá pleitear o depósito, com o acréscimo das importâncias 
devidas a título de ressarcimento pelos prejuízos impostos ao credor até a data de 
sua efetivação. No entanto, se o autor (devedor) for devedor de prestação de dar ou 
de restituir coisa e já se encontrar em mora por ocasião do depósito (sendo inútil, a 
essa altura, a prestação dele objeto), deverá o credor-réu fundar sua defesa nessa 
inutilidade da prestação, decorrente da intempestividade do depósito e da 
inadequação do local onde foi realizado; 
b) sendo a dívida portável, o local do pagamento é o do domicílio do credor, ou outro 
lugar por ele designado contratualmente; tendo natureza quesível, o local do 
pagamento coincidirá com o do domicílio do devedor, ali devendo o credor buscar o 
pagamento; se o devedor ofertou a prestação portável em local diverso do 
estabelecido, estará, só por isso, em mora , sendo justa, portanto, a recusa do credor 
em recebê-la. E, efetivado o depósito pelo devedor, a defesa do credor também 
poderá vir fundada no inciso III; 
c) a circunstância de ter sido o depósito realizado em local diverso daquele do 
pagamento: poderá ensejar ao réu a arguição de uma defesa processual indireta e 
outra de mérito, isto é, poderá tanto arguir a incompetência de foro, quanto 
apresentar contestação fundada na inadequação do depósito, pois inconfundíveis as 
defesas relacionadas ao processo, à ação ou ao mérito da causa. Ao sustentar que o 
depósito não foi efetivado no lugar do pagamento, o réu estará deduzindo defesa de 
mérito, negando o fundamento do pedido deduzido pelo autor; atacando a validade 
do processo, via arguição da incompetência territorial, ele visa, simplesmente, dilatar 
a relação processual no tempo, retardando o pronunciamento jurisdicional sobre o 
mérito. 
Acolhida a primeira defesa, impõe-se o decreto de rejeição do pedido consignatório; 
acolhida a segunda, o processo será encaminhado ao órgão territorialmente 
competente para processar e julgar a ação – circunstâncias indicativas de que as 
regras processuais pertinentes à fixação da competência territorial não se 
confundem com aquelas de direito material atinentes ao lugar de pagamento. Então, 
mesmo vindo a ser repelida a arguição de incompetência de foro, ou ocorrendo a 
prorrogação convencional tácita da competência, nem por isso deverá o juiz 
reconhecer, ao pronunciar-se sobre o mérito, que o depósito foi adequadamente 
efetuado no local do pagamento. 
 
IV - O depósito não é integral: Finalmente, o réu poderá alegar a não integralidade do 
depósito, sob o argumento de que a quantia ou a quantidade de coisas depositadas 
não corresponde à totalidade da dívida. Adotando essa linha de defesa, compete-lhe 
indicar o montante que repute devido, sob pena de ser desconsiderada a sua 
alegação, até porque, vindo a ser rejeitado o pedido consignatório, o juiz condenará 
o autor-consignante ao pagamento da diferença reclamada pelo credor-réu, mercê 
da natureza dúplice, nesta hipótese, da ação consignatória. Ou seja, sendo a 
contestação fundada na insuficiência do depósito, a ação de consignação em 
pagamento assume natureza dúplice e, rejeitado o pedido formulado pelo autor, o 
juiz o condenará, independentemente da oferta de reconvenção pelo réu, a satisfazer 
o montante devido (a diferença apontada na contestação); e como a sentença 
conterá carga condenatória, valerá como título executivo judicial, incidindo, então, o 
disposto nos arts. 520 e ss., do NCPC. 
Observe-se, de outra parte, que se a quantia (ou a coisa) depositada for inferior (ou 
diversa, em qualidade ou quantidade) àquela efetivamente devida, o réu irá 
defender-se com a alegação de que o depósito não atende à plenitude de seu crédito. 
Reconhecendo o autor a pertinência dessa impugnação, poderá complementar o 
depósito, no prazo estabelecido pelo art. 545 (10 dias), salvo se a prestação já houver 
se tornado inútil ou impossível, a impor a rescisão do contrato. 
 
→ COMPLEMENTAÇÃO DO DEPÓSITO 
 
Alegando o réu a insuficiência do depósito realizado pelo autor, seja ele o 
extrajudicial (NCPC, art. 539, § 3º) ou o judicial (art. 542, IV), cumpre-lhe indicar o exato 
montante que entenda devido, discriminando as verbas (ou os bens) que o integram, 
pois a não indicação acarretará a pura e simples desconsideração dessa defesa. Caso 
em que estará, tecnicamente, na mesma situação do réu revel (credor), sofrendo as 
consequências que daí advêm. 
Além disso, a não discriminação dos elementos integrantes da prestação que o réu 
considera devida poderá gerar dúvidas que inviabilizem o exercício, pelo autor, da 
faculdade legalmente assegurada de complementar o depósito já realizado. 
Finalmente, apenas quando se tratar de prestação líquida (liquidez que diz respeito, 
neste caso, à diferença existente entre a quantia ou quantidade de coisas já 
depositadas pelo autor e aquela reputada devida pelo réu) é que existirá o título 
executivo judicial, bastando, quando for o caso, proceder à prévia liquidação. 
Reconhecendo o autor a pertinência da defesa calcada na insuficiência do depósito, 
poderá complementá-lo em 10 dias, a contar da data em que for cientificado do teor 
da contestação. É evidente que nem sempre será possível a complementação, como 
decorre do previsto no NCPC: se a prestação devida já se tornou imprestávelao réu, 
não aproveitará ao autor o exercício da faculdade conferida por lei, respondendo ele, 
isto sim, pelas perdas e danos decorrentes de sua mora. 
 Evidente, ainda, que a prestação só será eventualmente imprestável quando tenha 
por objeto a entrega ou restituição de coisa; sendo prestação pecuniária (obrigação 
de dar dinheiro), ela sempre será útil ao credor. 
Convém atentar para duas consequências decorrentes da complementação: 
▪ se a única alegação do réu foi a insuficiência do depósito, a sua complementação 
pelo autor implicará a prolação de sentença de mérito, pois o motivo da recusa 
deixou de existir 
▪ tendo o réu deduzido outras defesas, a complementação terá apenas o condão de 
reduzir os limites da controvérsia, mas não o de eliminá-la, devendo o processo 
prosseguir até a decisão final que solucione as questões remanescentes. 
Interessante observar que, nesse caso, a complementação do depósito pelo autor-
consignante equivale ao reconhecimento da procedência da defesa pelo autor, 
hipótese não encartada no rol das decisões de mérito. 
Mesmo que o autor não complemente o depósito, ainda assim poderá o credor-réu 
levantar a quantia ou coisa depositada, pois a controvérsia estará limitada 
exclusivamente à diferença por ele reclamada, hipótese em que se justifica o 
julgamento antecipado parcial do mérito. Essa antecipação permite ao credor-réu, 
sem prejuízo da contestação ofertada, o levantamento da quantia ou da coisa 
depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo 
quanto à parcela controvertida. Trata-se, pois, de providência extremamente 
benéfica, quer por ensejar ao autor a sua desoneração dessas prestações, livrando-
se, no que a elas respeita, dos riscos e ônus da mora, quer por permitir ao réu a pronta 
satisfação desses créditos. 
Importante salientar, na sequência, que o levantamento do depósito cabe também 
na situação do inc. I do art. 544 (I - não houve recusa ou mora em receber a quantia 
ou a coisa devida) e não, exclusivamente, em se tratando de contestação fundada 
na insuficiência do depósito. 
 
Existem algumas situações relacionadas à não complementação do depósito: 
a) o autor não complementa o depósito, mas o juiz se convence, ao final, da correção 
e adequação daquele originalmente realizado: deverá acolher o pedido 
consignatório e declarar extinta a obrigação, arcando o réu com o ônus de 
sucumbência, pois se revelou injustificada a sua resistência; 
b) reconhecida a insuficiência do depósito, o juiz adotará uma, entre as seguintes 
providências: 
▪ se o réu não efetuou o levantamento do depósito, facultado (mas não imposto!) 
pelo § 1º do art. 545, será rejeitado o pedido consignatório, arcando o autor, com 
exclusividade, com as consequências decorrentes da sucumbência; e, 
independentemente de dedução de pedido reconvencional pelo réu (mercê da 
natureza dúplice, neste caso, da ação consignatória), o autor consignante será 
ainda condenado ao pagamento (ou à entrega) da diferença da quantia (ou da 
coisa) devida, valendo a sentença como título executivo judicial, a permitir ao 
credor-réu a sua execução. Apelação que vier a ser interposta à sentença terá o 
denominado efeito suspensivo (NCPC, art. 1.012), razão pela qual a execução só 
poderá ser a definitiva, no aguardo do trânsito em julgado material daquele ato 
decisório; 
▪ se o réu levantou o depósito, as consequências serão idênticas às enunciadas no 
item anterior, seja porque o levantamento atinge apenas as parcelas 
incontroversas, não autorizando a conclusão de que, ao levantá-las, ele tenha 
reconhecido a pertinência e a suficiência do depósito, seja porque, caso 
reconhecida judicialmente, ao final, a não integralidade do depósito, estará 
demonstrada a correção da conduta do réu ao recusá-lo, nos moldes em que foi 
efetivado pelo autor, circunstância suficiente, por si só, a ensejar a rejeição do 
pedido consignatório. 
 
→ DÚVIDA QUANTO À TITULARIDADE DO CRÉDITO 
 Ignorando o devedor quem seja o credor ou, ainda, duas ou mais pessoas 
comparecerem perante ele intitulando-se titulares do mesmo crédito, torna-se 
impossível, ou potencialmente perigoso, o cumprimento a obrigação, seja por 
desconhecer a quem efetuar o pagamento (na primeira hipótese), seja por não poder 
efetuá-lo a qualquer dos pretendentes credores (na segunda), sob pena de pagar mal 
e sofrer as consequências que daí advirão (“quem paga mal, paga duas vezes”). 
Consequentemente, o devedor deverá promover a ação consignatória, competindo 
ao juiz decidir, ao final, quem é o legítimo credor. 
Interpretação apressada do artigo sob exame poderia levar à errônea conclusão de 
que ele se refira exclusivamente à hipótese do inc. IV do art. 335 do CC (dúvida quanto 
à legitimidade para receber o pagamento). Assim não é, porém, pois ele também terá 
incidência no caso de a dúvida resultar do absoluto desconhecimento de quem 
possua a qualidade de credor. 
Conhecendo o autor os pretendentes credores, estes serão pessoalmente citados; 
não os conhecendo, ou estando em local inacessível, ignorado ou incerto, a citação 
será realizada por edital, devendo intervir no processo o Defensor Público, caso 
ocorra a revelia de qualquer deles. 
 
 
→ POSTURAS DO RÉU 
Proposta a ação consignatória, efetivado o depósito e citados os réus em 
litisconsórcio necessário – mas não unitário –, uma, entre três hipóteses, poderá 
ocorrer: 
▪ nenhum deles comparece no processo; 
▪ comparece apenas um; e 
▪ comparecem dois ou mais (art. 548). 
 
a) revelia: não comparecendo ao processo qualquer dos réus, o juiz decretará a 
revelia de todos e proferirá sentença de procedência, declarando a correção e a 
integralidade do depósito realizado pelo autor, procedendo-se, em seguida, à 
conversão do depósito em arrecadação de coisas vagas. 
b) comparecimento de um litisconsorte passivo: nesse caso, demonstrando o 
comparecente, documentalmente, o seu legítimo direito à quantia ou à coisa 
depositada, o juiz proferirá sentença de procedência, declarando efetuado o 
depósito, liberando o autor-devedor da obrigação e deferindo o levantamento do 
depósito em favor do réu-credor. Cumpre alertar, porém, que apesar de o art. 548, II, 
prever o julgamento de plano, eventualmente será necessária a instrução probatória, 
possibilitando ao réu comparecente a comprovação de seu direito por prova diversa 
da documental; se este não comprovar o seu direito sobre a coisa ou a quantia 
depositada, declarar-se-á, por sentença, efetuado o depósito e liberado o autor-
devedor da obrigação, procedendo-se à conversão do depósito em arrecadação de 
coisas vagas 
c) comparecimento de dois ou mais litisconsortes passivos: há três hipóteses a 
considerar: 
▪ 1ª - O depósito é impugnado, sob o argumento de não ser integral: sendo 
possível a complementação pelo autor, após a sua realização o juiz procederá 
nos moldes do art. 545 do NCPC; 
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao 
autor completá-lo, em 10 (dez) dias, salvo se 
corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete 
a rescisão do contrato. 
§ 1º No caso do caput , poderá o réu levantar, desde logo, 
a quantia ou a coisa depositada, com a consequente 
liberação parcial do autor, prosseguindo o processo 
quanto à parcela controvertida. 
§ 2º A sentença que concluir pela insuficiência do 
depósito determinará, sempre que possível, o montante 
devido e valerá como título executivo, facultado ao 
credor promover-lhe o cumprimento nos mesmos autos, 
após liquidação, se necessária. 
 
▪ 2ª - Há impugnação ao depósito, ao argumento de inexistência de dúvida 
acerca da titularidade do crédito, ou de ocorrência de qualquer das 
circunstâncias apontadas no inc. III do art. 544: o processo prosseguirá, com 
a observância do procedimento comum (art. 316), mantidas as mesmas 
partes. O mesmo sucederá se, impugnado o depósito por não serele integral, 
for impossível – ou não requerida – a sua complementação pelo autor. 
▪ 3ª - O depósito não é impugnado por qualquer dos réus: o juiz o declarará 
efetuado e o autor-consignante liberado da obrigação, com sua consequente 
exclusão do processo; este então prosseguirá unicamente entre os réus, que 
assumirão, a partir daí, a dupla condição de sujeitos ativos e passivos da 
relação jurídica processual, adotado o procedimento comum. Por outras 
palavras, com a exclusão do autor original opera-se a movimentação e a 
acomodação das partes remanescentes na relação jurídica processual já 
instaurada e, no mesmo processo, caberá ao juiz decidir a questão pertinente 
à titularidade do crédito. No regime do NCPC, esse ato liberatório do autor 
original tem natureza de decisão interlocutória de mérito e, apesar da 
singularidade da situação, pode ser encartado na hipótese prevista no inciso I 
do art. 356, comportando impugnação, se for o caso, por agravo de 
instrumento. 
 
→ NATUREZA DA SENTENÇA 
A ação consignatória tem objetivo declaratório, pois o autor pretende obter 
provimento jurisdicional declaratório da idoneidade e suficiência do depósito, ou 
seja, busca liberar-se da obrigação, mediante o depósito da coisa ou quantia devida, 
depósito este que tem, ele sim, eficácia desconstitutiva do vínculo obrigacional : 
Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará 
extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de 
custas e honorários advocatícios. 
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o 
credor receber e der quitação. 
Depositada a coisa ou a quantia devida, cessam imediatamente os riscos e a 
responsabilidade derivados da obrigação, sempre que a sentença ao final proferida 
contenha a declaração positiva da correção e da suficiência do depósito. Rejeitado o 
pedido consignatório (em razão do reconhecimento, por exemplo, da inidoneidade 
ou da insuficiência do depósito), permanecerá íntegro o vínculo obrigacional, 
arcando o devedor com todas as consequências legais e contratuais derivadas da 
mora ou de eventual inadimplemento absoluto. Não se perca de vista, porém, a 
situação prevista no último parágrafo do art. 545 do NCPC (condenação do autor ao 
pagamento da diferença do depósito), quando, então, a sentença também terá carga 
condenatória e valerá como título executivo judicial. 
 
 
→ ENFITEUSE 
Também denominado enfiteuse ou aprazamento, o aforamento civil, incluído no rol dos 
direitos sobre coisas alheias, representa “um direito real e perpétuo de possuir, usar e 
gozar de coisa alheia e de empregá-la na sua destinação natural se lhe destruir a 
substância, mediante o pagamento de um foro anual invariável”. 
A Enfiteuse, também denominada aforamento ou emprazamento, é o negócio jurídico 
pelo qual o proprietário (senhorio) transfere ao adquirente (enfiteuta), em caráter 
perpétuo, o domínio útil, a posse direta, o uso, o gozo e o direito de disposição sobre 
bem imóvel, mediante o pagamento de renda anual (foro) 
Ficam mantidas as enfiteuses administrativas, constituídas sobre bens públicos dominiais 
(geralmente, terrenos de marinha e acrescidos) e regidas por legislação própria (v. art. 
49, § 3º, Decreto-lei 9.760/1946 e Lei 9.636/1998). 
Como previsto no art. 693 do CC/1916, após dez anos de constituição do aforamento era 
assegurado ao enfiteuta (ou foreiro) o direito de resgatá-lo, pagando ao senhorio direto 
o laudêmio, equivalente a 2,5% (dois e meio por cento) do valor atual da propriedade, 
mais dez prestações anuais (foros), ficando assim consolidada a sua propriedade plena 
sobre o imóvel. Recusado o resgate pelo senhorio direto, o foreiro poderia promover 
ação consignatória, depositando as quantias correspondentes ao laudêmio e foros. 
Tendo em vista o que dispõem o diploma civil e o art. 549 do NCPC, dois alertas são 
necessários: 
▪ relativamente às enfiteuses civis ainda existentes, é proibida a cobrança de 
laudêmio ou prestação análoga na transmissão de bem aforado (CC, art. 2.038, § 1º, 
inc. I); 
▪ a remissão de enfiteuse administrativa, nas restritas hipóteses em que admitida, 
fica subordinada, primeiro, a expressa autorização administrativa, motivada pela 
superveniente insubsistência dos motivos que determinaram a aplicação do regime 
enfitêutico (Decreto-lei 9.760/1946, art. 103, inc. III, incluído pela Lei 11.481/2007) – 
ou seja, o foreiro não tem direito à remissão – e, segundo, ao pagamento de 
importância correspondente a 17% (dezessete por cento) do valor do domínio pleno 
do terreno (idem, arts. 122 e 123, este, com a redação dada pela Lei 9.636/1998). 
Dessas previsões legais é lícito extrair-se a conclusão de que o art. 549 do NCPC (simples 
repetição, em última análise, do art. 900 do CPC/1973) não terá aplicação prática. 
 
b) Ações possessórias – art. 554, ncpc 
Segundo o código civil, possuidor é aquele que tem de fato o exercício de algum dos 
poderes inerentes à propriedade. 
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem 
de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes 
inerentes à propriedade. 
 
A Ação possessória é utilizada sempre que a causa de pedir de um processo, tiver 
como fundamento a posse. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Somente as ações possessórias seguem procedimento especial. O NCPC prevê três 
ações possessórias, são elas: 
 
Sempre que a causa de pedir de um processo, tiver como fundamento a 
propriedade, fala-se de ação petitória! 
 
Dentre as petitórias, há ainda as ações de imissão na posse 
e a reivindicatória, que buscam a obtenção da posse a 
partir de sua propriedade, seguindo procedimento comum, 
não havendo previsão específica dessas demandas no ncpc; 
▪ Reintegração de posse 
 
▪ Manutenção da posse 
 
▪ Interdito proibitório 
 
 
Existem algumas diferenças no procedimento das possessórias: 
 
1. Possibilidade de liminar: cabe liminar na possessória, na hipótese de posse nova (= 
posse de – de 1 ano e 1 dia). Essa liminar é diferente de tutela provisória (art. 294, 
NCPC), trata-se de uma liminar com requisitos distintos: prova da posse e tempo de 
moléstia. 
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, 
o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado 
liminar de manutenção ou de reintegração, caso 
contrário, determinará que o autor justifique 
previamente o alegado, citando-se o réu para 
comparecer à audiência que for designada. 
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito 
público não será deferida a manutenção ou a 
reintegração liminar sem prévia audiência dos 
respectivos representantes judiciais. 
 
2. Fungibilidade das ações possessórias: em razão do dinamismo dos fatos em relação 
à posse, mesmo que o autor ajuíze uma determinada ação e a situação se 
transforme em outra, desde que comprovados os fatos, o juiz deve levar em 
consideração a ação proposta e conceder a proteção possessória. 
No caso de esbulho (perda da posse) 
No caso de turbação (perturbação da posse, sem perde-la) 
No caso ameaça de ser molestado na posse 
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez 
de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e 
outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos 
pressupostos estejam provados. 
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo 
passivo grande número de pessoas, serão feitas a 
citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados 
no local e a citação por edital dos demais, determinando-
se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se 
envolver pessoas em situação de hipossuficiência 
econômica, da Defensoria Pública. 
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial 
de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, 
citando-se por edital os que não forem encontrados. 
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla 
publicidade da existência da ação prevista no § 1º e dos 
respectivos prazos processuais,podendo, para tanto, 
valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da 
publicação de cartazes na região do conflito e de outros 
meios. 
 
3. Ausência de justificação: caso o juiz não se convença, através dos documentos, a 
respeito da concessão ou não da liminar, deve ser designada audiência de justificação 
para formar a convicção do magistrado, conforme o NCPC. 
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, 
o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado 
liminar de manutenção ou de reintegração, caso 
contrário, determinará que o autor justifique 
previamente o alegado, citando-se o réu para 
comparecer à audiência que for designada. 
 
A petição inicial da possessória deve trazer, em seu bojo: 
Art. 561. Incumbe ao autor provar: 
I - a sua posse; 
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; 
III - a data da turbação ou do esbulho; 
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de 
manutenção, ou a perda da posse, na ação de 
reintegração. 
 
A inicial pode cumular pedidos. Além da proteção da posse: 
Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório 
o de: 
I - Condenação em perdas e danos; 
II - Indenização dos frutos. 
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, 
imposição de medida necessária e adequada para: 
I - Evitar nova turbação ou esbulho; 
II - Cumprir-se a tutela provisória ou final. 
 
Na contestação, o réu pode formular pedidos em face do autor: 
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi 
o ofendido em sua posse, demandar a proteção 
possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes 
da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. 
 
No que diz respeito à litígio coletivo pela posse ou propriedade de um imóvel, o NCPC 
traz novidades. Nas possessórias em que figure grande número de pessoas no polo 
passivo, serão feitas: 
▪ citações pessoais: dos ocupantes encontrados no local, 
▪ citações por edital: dos que não forem encontrados no local 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando o esbulho ou a turbação tiverem ocorrido há + de 1 ano e 1 dia, antes de 
apreciar o pedido de liminar, o juiz deve designar audiência de mediação, que deverá 
realizar-se em até 30 dias. 
O que será feito pela 
reconvenção, dentro da 
própria contestação. 
Determina-se a intimação do Ministério Público. 
No caso de haver pessoas com hipossuficiência de recursos, determina-
se a intimação da Defensoria Pública. 
Para essa citação, o oficial de justiça se dirige ao local apenas uma 
vez. Não encontrando a pessoa a ser citada, a citação é feita através de 
edital. 
O juiz determina ampla publicidade dessa ação e dos atos processuais, 
podendo até utilizar-se de anúncios de jornal ou radio local, 
publicidade em cartazes na região do conflito e outros meios. 
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando 
o esbulho ou a turbação afirmada na petição inicial 
houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de 
apreciar o pedido de concessão da medida liminar, 
deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em 
até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2º e 
4º. 
 
Se a liminar possessória for concedida, mas não for executada, no prazo de 1 ano (a 
contar da data da distribuição), o juiz terá que designar audiência de mediação, com 
a presença de membro do MP, conforme o art. 565 do NCPC: 
§ 1º Concedida a liminar, se essa não for executada no 
prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição, 
caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos 
termos dos §§ 2º a 4º deste artigo. 
§ 2º O Ministério Público será intimado para comparecer 
à audiência, e a Defensoria Pública será intimada sempre 
que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça. 
 
O juiz pode ainda, por ofício ou por requerimento das partes, comparecer ao local do 
conflito, realizando uma inspeção judicial, se sua presença se fizer necessária para a 
efetivação da tutela jurisdicional. 
Art. 481. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do 
processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que 
interesse à decisão da causa. 
Os órgãos responsáveis pela política agrária e urbana da União, Estado e Município, 
onde estiver situado o conflito, podem ser intimados para a audiência, manifestando 
seu interesse na lide, sobre a existência de possibilidade de solução para o conflito. 
 
c) Ação de exigir contas – art. 550, ncpc 
Algumas relações jurídicas impõem a obrigação de uma das partes prestar contas à 
outra. Essa situação se configura em casos que, por força dessa relação jurídica, uma 
parte administra negócios ou interesses alheios. Quem administra deve indicar de 
forma detalhada todos os créditos e débitos da sua gestão. Essa prestação de contas 
demonstra o resultado da gestão, proporcionando a possibilidade de saber a 
existência de saldo em favor de alguém. 
A ação de prestação de contas divide-se em: 
▪ ação de exigir contas 
▪ ação de dar contas. 
 
Diferem-se quanto a quem toma a iniciativa de entrar com a ação. Quando não 
houver necessidade de nenhum tipo de aclaramento, não será admitida a ação de 
prestação de contas, pois esta é sua finalidade. Para que haja interesse na ação, é 
preciso que: 
 
▪ quem tenha obrigação de prestar contas se recuse a prestá-las 
▪ haja divergência quanto ao saldo apresentado. 
 
O novo Código de Processo Civil contemplou apenas a ação de exigir contas como 
procedimento especial, sendo a ação de dar contas processada pelo rito comum. 
Apesar de existir situações específicas, as hipóteses de relações jurídicas que dão 
ensejo à prestação de contas estão previstas em lei espaças do nosso ordenamento 
jurídico. 
▪ O Código Civil de 2002: menciona obrigações do tutor e curador, a do sucessor 
provisório, a do inventariante e testamenteiro, e a do mandatário frente ao 
mandante como situações que resultam em tal obrigação. 
▪ O Código de Processo Civil: cita os casos do administrador da massa na insolvência, 
do imóvel ou empresa no usufruto, do curador da herança jacente e do depositário. 
▪ No direito Comercial: temos as seguintes hipóteses: contrato de sociedade, 
contrato de comissão e mandato mercantil, e no caso do administrador da falência. 
 
→ NATUREZA DA AÇÃO DE PRESTAR CONTAS 
 
A ação de prestação de contas tem natureza dúplice, caso a sentença declare que 
existe saldo em favor do credor, este poderá ser cobrado em execução forçada, seja 
em favor do autor ou réu. Desta forma afirma o Novo código de processo civil: 
Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título 
executivo judicial. 
O réu pode, em sua defesa, por meio da própria contestação, formular sua pretensão, 
não havendo necessidade da reconvenção. Sendo assim, o magistrado pode 
reconhecer a existência de crédito em favor do réu, condenando o autor a pagá-lo. 
Neste sentido: 
Mas há as intrinsecamente dúplices, como a prestação de contas, em que o juiz pode 
reconhecer o crédito em favor do réu, e condenar o autor a pagá-lo, independente 
de pedido. Na pretensão a prestação de contas está ínsita a noção de que, aquele 
contra quem for reconhecido o saldo, deve pagá-lo, independentemente de ser autor 
ou réu. 
 
→ PROCEDIMENTO 
A ação de exigir contas deve ser proposta por quem teve os bens administrados por 
outrem. 
O procedimento possui duas fases: 
▪ na primeira, o juiz decide sobre a existência da obrigação; 
▪ na segunda, o réu prestará contas e será avaliado. 
 
▪ PRIMEIRA FASE 
O autor deve apresentar em sua petição inicial o motivo pelo qual deseja a prestação 
de contas, pedindo ao juiz a citação do réu para em 5 dias apresentar as contas ou 
contestar. 
Após a citação o réu pode: 
a) Reconhecer que deve prestar contas e apresentá-las: Neste caso o juiz ouvirá no 
prazo de 5 dias o autor da ação, determinando provas necessárias e designando a 
audiênciade instrução e julgamento, decidindo sobre a existência de saldo. 
b) Ficar inerte: O juiz aplicará revelia, determinando que o réu preste as contas em 
48 horas, sob pena de não ser possível impugnar as contas que o autor apresentar. 
c) Contestar: indicando inexistência de obrigação por não ter relação com a parte 
autora ou por já ter prestado as contas. O juiz determinará a produção de provas e 
proferirá a sentença. 
d) Contestar e apresentar as contas: passando o processo para a segunda fase. 
A decisão que condenar o réu a prestar contas não termina o processo, apenas dá 
início a segunda fase deste. Tal decisão é atacável por agravo de instrumento. 
Art. 550 NCPC. Aquele que afirmar ser titular do direito 
de exigir contas requererá a citação do réu para que as 
preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) 
dias. 
 5º A decisão que julgar procedente o pedido condenará 
o réu a prestar as contas no prazo de 15 (quinze) dias, 
sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor 
apresentar.” 
O magistrado condenará o réu a pagar os honorários advocatícios referentes à 
primeira fase, mas caso ele preste as devidas contas e o autor as aceite não serão 
fixados honorários advocatícios referentes à segunda fase. 
Entretanto, havendo divergências quanto as contas apresentadas, que para serem 
solucionadas dependam de produção de novas provas deverão novos honorários ser 
fixados. 
Entende a doutrina que a condenação em verbas de sucumbência nessa segunda fase 
depende da conduta das partes, considerando-se que se não existir resistência do réu 
em apresentar as contas e tampouco divergência quanto ao seu conteúdo, não 
devem ser fixados novos honorários advocatícios, independentemente de quem for 
apontado como credor’ 
 
 
O antigo CPC denominava o ato que dava início à segunda fase como sentença, sendo o recurso 
cabível a apelação, com efeito suspensivo, todavia, o novo Código de Processo Civil definiu tal ato 
judicial como decisão interlocutória. 
 
▪ SEGUNDA FASE 
Na segunda fase, o réu será intimado para, dentro de 48 horas, apresentar as contas, 
sob pena de não poder impugnar as contas prestadas pelo autor da ação. 
O réu, depois de intimado, tomará uma das seguintes atitudes: 
a) Apresentará as contas: o autor será ouvido, não as aceitando, o juiz determinará 
provas a serem produzidas e julgará o feito. 
b) Não prestará as contas: ocasião em que o autor irá apresentar as contas, e o juiz 
as julgará, podendo determinar exame pericial ou provas para sua convicção. 
As contas apresentadas em juízo devem ser feitas de forma mercantil, discriminando 
as receitas e aplicações. Se não for respeitada a forma, as contas serão tidas como 
não prestadas. Por isso, tanto o autor como o réu devem se ater aos detalhes ao 
apresentar as contas. 
As contas devem vir acompanhadas dos documentos comprobatórios. Se houver a 
indicação de gastos, é indispensável que sejam comprovados com os recibos ou notas 
fiscais correspondentes. Se aquele que prestar contas não apresenta dessa maneira, 
o juiz considerará não prestadas. 
Com o advento do novo Código de Processo Civil de 2015, a ação de prestação de 
contas sofreu mudanças relevantes quanto a seus prazos e procedimentos. 
A primeira mudança significativa foi a separação feita entre a ação de exigir contas e 
a ação de dar contas, pois a segunda deixou de pertencer ao rol dos procedimentos 
especiais, passando a integrar o procedimento comum. 
A segunda mudança foi o fato de o novo código não designar o ato judicial que inicia 
a segunda fase da ação de exigir contas como sentença, passando a denominar como 
decisão interlocutória. Tal fato gera significante mudança, pois o recurso cabível 
deixa de ser apelação e passa a ser agravo de instrumento, sendo de suma 
importância que os juristas se atualizem neste sentido. 
A terceira importante mudança foi referente aos prazos. Todos os prazos da ação de 
exigir contas foram uniformizados, sendo de 15 dias, dando assim um maior tempo 
para as partes. Por todo exposto, percebe-se que as mudanças trazidas pelo novo 
Código de Processo Civil objetivam uma racionalização no procedimento da ação de 
exigir contas, tornando-o mais célere, na busca por uma decisão justa. 
 
d) Ação monitória – art. 700, Ncpc 
A ação monitória é um procedimento mais célere para aqueles casos em que o autor 
tem em suas mãos, (uma prova escrita), que não tem a eficácia de um título 
executivo, mas que traduz uma obrigação, cabível ao devedor (capaz), seja ela: 
▪ Pagar quantia 
▪ Entregar uma coisa móvel ou imóvel 
▪ Adimplir uma obrigação de fazer ou não fazer 
 
 
 
Por prova escrita, sem eficácia de título, entende-se: 
 
▪ Aquele que foi produzido pelo réu (devedor), ou que tenha sua participação. 
 
 
 
 
▪ Também a prova oral documentada, produzida de forma antecipada. 
 
Não é possível a utilização do processo de execução (pela falta do 
título executivo, porém, já existe a prova (por escrito), de que uma 
obrigação existe. 
O que interessa na ação monitória é a possibilidade de ajudar na 
formação do convencimento do julgador, em relação ao crédito, e não 
a adequação formal da prova, apresentada. 
Em casos de dúvidas, quanto à idoneidade da prova documental, juntada à exordial, 
o magistrado deverá intimar o autor para, querendo, emendar a inicial, adaptando-a 
ao procedimento comum, conforme o NCPC: 
Art. 700, § 5º Havendo dúvida quanto à idoneidade de 
prova documental apresentada pelo autor, o juiz intimá-
lo-á para, querendo, emendar a petição inicial, 
adaptando-a ao procedimento comum. 
 
 
Conforme o NCPC, na inicial da monitória, deve conter: 
Art. 700, § 2º Na petição inicial, incumbe ao autor 
explicitar, conforme o caso: 
I - A importância devida, instruindo-a com memória de 
cálculo; 
II - O valor atual da coisa reclamada 
III - o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito 
econômico perseguido. 
Atenção!!!! 
→ Conforme o NCPC e o entendimento do STF, cabe monitória conta a FAZENDA 
PÚBLICA. Neste caso, sendo a Fazenda, ré, e não sendo apresentada a defesa, 
aplicam-se as regras do reexame necessário, observando-se, no que couber, o 
cumprimento de sentença. 
Art. 700, § 6º É admissível ação monitória em face da 
Fazenda Pública. 
Súmula 339, STJ- É cabível ação monitória contra a 
Fazenda Pública. 
O objetivo do Ncpc é evitar 
a discussão quanto ao 
cabimento da monitória. 
Seu objetivo, aqui, é a 
análise do mérito. 
Sob pena de indeferimento 
da inicial. 
→ Na monitória, admite-se a citação do devedor por qualquer meio que seja permitido 
no procedimento comum: 
Art. 700, § 7º Na ação monitória, admite-se citação por 
qualquer dos meios permitidos para o procedimento 
comum. 
SÚMULA 282, STJ: cabe a citação por edital em ação 
monitória. 
→ Na monitória, é cabível a reconvenção, mas é vedado o oferecimento de 
reconvenção à reconvenção! 
Art. 702, § 6º Na ação monitória admite-se a 
reconvenção, sendo vedado o oferecimento de 
reconvenção à reconvenção. 
SÚMULA 292, STJ :a reconvenção é cabível na ação 
monitória, após a conversão do procedimento em 
ordinário. 
→ Conforme entendimento do STJ, não é necessário, na monitória, fundada em 
cheque prescrito: 
Súmula 531, STJ: Em ação monitória fundada em cheque 
prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a 
menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da 
cártula. 
 
 
 
 
Implícito, oculto 
 
Uma vez que o direito do autor reste evidente, o magistrado deverá expedir um 
mandado de pagamento, de entrega da coisa ou para a execução da obrigação de 
fazer ou não fazer, concedendo ao réu, o prazo de 15 dias para seu cumprimento e 
o pagamento de honorários advocatícios, de 5% do valor da causa, conforme o art. 
701 do NCPC. 
Se o pagamento não for realizado e os embargos à decisão não forem apresentados 
no prazo, haverá a constituição do título executivo judicial,independente de 
qualquer formalidade, observando-se, no que couber, o procedimento de 
cumprimento de sentença. 
. 
 
 
Na ação monitória, admite-se, o pedido de parcelamento da dívida, conforme o 
NCPC: 
Art. 701, § 5º Aplica-se à ação monitória, no que couber, 
o art. 916 . 
Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o 
crédito do exequente e comprovando o depósito de 
trinta por cento do valor em execução, acrescido de 
custas e de honorários de advogado, o executado 
poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante 
em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção 
monetária e de juros de um por cento ao mês. 
§ 1º O exequente será intimado para manifestar-se sobre 
o preenchimento dos pressupostos do caput , e o juiz 
decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias. 
§ 2º Enquanto não apreciado o requerimento, o 
executado terá de depositar as parcelas vincendas, 
facultado ao exequente seu levantamento. 
Nesse caso, cabe ação rescisória da decisão que defira a expedição do 
mandado de pagamento. → A ação rescisória é uma ação própria 
que tem como finalidade desconstituir uma decisão que não 
possui mais recursos cabíveis contra 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art916
§ 3º Deferida a proposta, o exequente levantará a 
quantia depositada, e serão suspensos os atos 
executivos. 
§ 4º Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos 
executivos, mantido o depósito, que será convertido em 
penhora. 
§ 5º O não pagamento de qualquer das prestações 
acarretará cumulativamente: 
I - o vencimento das prestações subsequentes e o 
prosseguimento do processo, com o imediato reinício 
dos atos executivos; 
II - a imposição ao executado de multa de dez por cento 
sobre o valor das prestações não pagas. 
§ 6º A opção pelo parcelamento de que trata este artigo 
importa renúncia ao direito de opor embargos 
§ 7º O disposto neste artigo não se aplica ao 
cumprimento da sentença. 
 
Os embargos à ação monitória (que funcionam como contestação), podem ser 
fundamentados em matéria de possível alegação como defesa no procedimento 
comum, conforme o §1° do art. 702. 
Quando o réu alegar que o autor está pleiteando uma quantia superior à divida real, 
deve fazê-lo indicando de pronto, o valor que entende como correto, apresentando 
comprovante e modo atualizado da dívida. Não havendo a comprovação, os 
embargos serão rejeitados liminarmente, caso seja o único fundamento. Se houver 
outros fundamentos, os embargos deverão ser processados, porém, o magistrado 
deixará de analisar a alegação de excesso. 
 
 
 
O autor tem 15 dias para responder os embargos! 
A critério do magistrado, os embargos serão autuados em apenso (se parciais), 
constituindo-se de pleno direito o título executivo judicial em relação à parcela 
incontroversa. 
Os embargos monitórios suspendem a ação monitória até o julgamento (1° grau). 
 
 
 
 
O juiz condenará ao pagamento de multa de até 10% do valor da causa, em casos de: 
 
▪ Se o autor propuser, indevidamente e de má-fé, a monitória → em favor do 
réu 
▪ Se o réu opuser embargos de má-fé → multa em favor do autor. 
 
 
e) Embargos de terceiros – art. 674, Ncpc 
Os embargos de terceiros são utilizados quando uma pessoa, que não é parte da 
relação processual, sofre alguma constrição por ordem judicial (equivocada), para 
fazer cessá-la, conforme entendimento do NCPC: 
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer 
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que 
possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com 
o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou 
sua inibição por meio de embargos de terceiro. 
Da sentença que acolhe ou rejeita os embargos, cabe apelação! Esse recurso de 
apelação da sentença da monitória, será recebido sem efeito suspensivo. → de 
forma diferente da regra geral de duplo efeito do NCPC, a apelação tem 
efeito suspensivo, não havendo que se falar em efeito devolutivo, que 
devolver a matéria para análise de mérito em instância superior. 
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, 
inclusive fiduciário, ou possuidor. 
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos 
embargos: 
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse 
de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o 
disposto no art. 843 ; 
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de 
decisão que declara a ineficácia da alienação realizada 
em fraude à execução; 
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força 
de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo 
incidente não fez parte; 
 
Por incrível que pareça, não são raros os casos em que os juízes extrapolam os bens 
dos devedores, alcançando bens de terceiros com constrições judiciais. Isso acontece 
por conta do anseio de garantir o cumprimento de suas sentenças. 
→ CABIMENTO: 
Os embargos de terceiro têm por finalidade afastar a apreensão judicial indevida, 
quando recai sobre bem de quem não é parte no processo. 
Segundo a previsão no NCPC, os embargos podem ser de: 
 
▪ terceiro proprietário, inclusive fiduciário, 
▪ apenas de terceiro possuidor. 
 
 
→ REQUISITOS 
▪ Não é necessário que o bloqueio do bem já esteja consumado, basta que exista a 
ameaça real. Por exemplo quando determinado exequente indica bens de terceiro 
em uma penhora. Nesse caso, antes mesmo da penhora ser efetivada, há 
possibilidade de o prejudicado ingressar com embargos de terceiro. Assim, ele pode 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art843
garantir que seu patrimônio, ou bens que possui, não sejam invadidos pelo alcance 
da decisão judicial. 
 
▪ Outro requisito que merece destaque, apesar de óbvio, é que o embargante deve ser 
necessariamente um terceiro. A pessoa que é parte do processo deve utilizar da 
ferramenta cabível para atacar a decisão. Como por exemplo recorrer da decisão ou, 
nas execuções, utilizar-se dos embargos ou da impugnação. 
 
 
→ PRAZOS 
 
O prazo dos embargos de terceiro está previsto no artigo 675 do CPC. Eles “podem 
ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não 
transitada em julgado a sentença”. 
 
Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer 
tempo no processo de conhecimento enquanto não 
transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de 
sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias 
depois da adjudicação, da alienação por iniciativa 
particular ou da arrematação, mas sempre antes da 
assinatura da respectiva carta. 
Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro 
titular de interesse em embargar o ato, o juiz mandará 
intimá-lo pessoalmente. 
 
Já no cumprimento de sentença ou no processo de execução, o prazo é de cinco 
dias da adjudicação, alienação ou arrematação, desde que não assinada a respectiva 
carta. 
 
É importante salientar que algumas mudanças trazidas no NCPC/2015, foram apenas 
de ordem semântica. Porém, alguns avanços e modernizações apenas codificaram os 
concessão 
https://www.aurum.com.br/blog/impugnacao/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art675
https://www.aurum.com.br/blog/cumprimento-de-sentenca/
https://www.aurum.com.br/blog/adjudicacao/
entendimentos que já vinham sendo consolidados na jurisprudência dos tribunais. 
EX: a inclusão da ameaça ao bem, é uma situação que já era amplamente aceita 
na jurisprudência e agora está codificada. 
 
Segundo Humberto Theodoro Júnior, houve uma ampliação do conceito de terceiro, 
que passa a ser o terceiro proprietário, assim como o fiduciário, e não apenas o 
senhor e possuidor. É um sentido mais amplo do que o original, presente no CPC/73 
. 
Outra novidade dos embargos de terceiro no NCPC/2015 está no fato de que os 
embargos podem ser opostos a qualquer tempo enquanto não transitada a sentença 
em julgado. Isso se aplica ao processo de execução, bem como no cumprimento de 
sentença da

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