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EU sou mesmo um cristão-Mike Mckinley

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Prévia do material em texto

“Este é um livro verdadeiramente importante, no sentido mais urgente –
um livro que serve à causa de Cristo por suscitar a pergunta mais importante
que os seres humanos têm de encarar e, igualmente, por ajudar a respondê-la.
Sou grato a McKinley por sua fidelidade e seu interesse pastoral que o
motivaram a escrever este livro tão importante.”
R. Albert Mohler Jr., presidente,
The Southern Baptist Theological Seminary
“Simples, perscrutador, agradável, prático, honesto, direto e pastoral. Se
você conhece alguém que está questionando sua conversão (ou que deveria
estar questionando!), compre este livro!”
Dave Harvey, cuidado e implantação de igreja,
Sovereign Grace Ministries
“Mike sempre teve a habilidade de falar sobre os aspectos mundanos e
sérios da vida, tanto com amor quanto com profundidade, de maneira
afetuosa. Essa é uma grande e rara combinação. Usando essas habilidades em
seu livro mais novo, ele se refere às experiências diárias para explicar
verdades espirituais mais profundas e mais importantes relacionadas à
questão de como sei que sou um cristão”.
Jackson Crum, pastor titular,
Park Community Church, Chicago, Illinois
“Existe, de fato, algo mais importante do que saber se já somos
realmente cristãos? Pessoas aparecem com muitas maneiras diferentes de
pensar sobre essa questão – indo desde sua capacidade de lembrar “a oração
do pecador” a possuir em sua Bíblia um cartão assinado em um culto de
avivamento, bem como a ter certeza de que sua “carta” está guardada em
algum arquivo no escritório de uma igreja. Examinar a nós mesmos para
termos certeza de que estamos na fé é muito mais do que isso. E McKinley
nos oferece boa ajuda para esse tipo de exame do coração. Este livro é um
bom material para devocionais, um bom material para pequenos grupos; e
espero que, para alguns, ele seja a primeira vez que entenderão
verdadeiramente o evangelho de Jesus Cristo.”
Greg Gilbert, pastor titular,
Third Avenue Baptist Church, Louisville, Kentucky
“Não pode haver pergunta mais importante do que ‘Eu sou realmente um
cristão?’ E Mike McKinley nos ajuda, com grande habilidade, a respondê-la.
Ele consegue desafiar os cristãos nominais, enquanto conforta os crentes
genuínos. A maneira de escrever de McKinley é agradável, envolvente e
simples, sem ser simplista. Aprecio especialmente a maneira como ele nos
encoraja a explorar esta pergunta crucial no contexto de uma comunidade
cristã. Se você não tem certeza de sua posição diante de Deus ou conhece
alguém que não tem esta certeza, este é o livro ideal para você.”
Tim Chester, diretor, The Porterbrook Institute;
Autor, You Can Change e A Meal with Jesus
“Alguma pergunta na vida pode ser tão importante quanto saber se você
está certo com Deus – se está indo para o céu ou para o inferno? Tenho
certeza de que toda pessoa agora na eternidade – sem nenhuma exceção entre
os bilhões que estão lá – afirmaria a urgência e a prioridade de procurar a
resposta para essa pergunta. Essa é a razão por que, se você tem alguma
incerteza a respeito da resposta no que concerne à sua própria situação, você
deve ler este livro. Algum dia, um dia tão real como o dia em que você entrou
neste mundo, tão real como o dia em que você está lendo estas palavras, você
entrará noutro mundo. Ali, você ficará para sempre. Você está pronto? Se
não, este livro o ajudará a entender como a Bíblia diz que devemos nos
preparar”.
Donald D. Whitney, professor associado de
espiritualidade bíblica, Deão associado da Escola de Teologia,
The Southern Baptist Theological Seminary
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
McKinley, Mike
Eu sou mesmo um cristão? / Mike McKinley ; tradução Eros Pasquini Jr.. -- São José dos
Campos, SP : Editora Fiel, 2012.
Título original: Am I really a christian.
ISBN 978-85-8132-065-6
1. Teologia doutrinal - Obras de divulgação
I. Título.
12-03912 CDD-230.0462
Índices para catálogo sistemático:
1. Teologia doutrinal : Obras de divulgação
230.0462
Eu sou mesmo um cristão?
Traduzido do original em inglês
Am I Really a Christian?
By Mike McKinley
Copyright 2011© by Mike McKinley
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por
Editora Fiel da Missão Evangélica Literária
PROIBIDA A REPRODUÇÃO DESTE LIVRO POR QUAISQUER
MEIOS, SEM A PERMISSÃO ESCRITA DOS EDITORES, SALVO
EM BREVES CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE.
Publicado por Crossway Books,
Um ministério de publicações de Good News Publishers
1300 Crescent Street
Wheaton, Illinois 60187, USA.
Copyright©2011 Editora FIEL.
eBook – 1ª Edição em Português: 2013
Produção de Ebook: S2 Books
Presidente: James Richard Denham III
Presidente emérito: James Richard Denham Jr.
Editor: Tiago J. Santos Filho
Tradução: Eros Pasquini Jr.
Diagramação: Rubner Durais
Capa: Rubner Durais
Ilustração: Thiago MILD
ISBN: 978-85-8132-065-6
Caixa Postal, 1601
CEP 12230-971
São José dos Campos-SP
PABX.: (12) 3919-9999
www.editorafiel.com.br
SUMÁRIO
Folha de rosto
Ficha catalográfica
Sumário
Agradecimentos
Prefácio
1 | Você não é cristão simplesmente porque diz ser cristão
2 | Você não é cristão se não nasceu de novo
3 | Você não é cristão simplesmente por gostar de Jesus
4 | Você não é cristão se curte o pecado
5 | Você não é cristão se não perseverar até o fim
6 | Você não é cristão se não ama outras pessoas
7 | Você não é cristão se ama suas coisas
8 | Será que tenho realmente como saber que sou cristão?
9 | Um pouco de ajuda de seus amigos
AGRADECIMENTOS
Devo a algumas pessoas muitos agradecimentos por sua ajuda neste livro.
Primeiramente, este livro foi uma ideia de meu amigo Andrew Sherwood.
Acho que foi uma ótima ideia, embora o título “mais ofensivo” proposto por
ele tenha sido mudado.
Em segundo, Jonathan Leeman é um grande editor. É divertido trabalhar
com um bom amigo que “compra” o projeto e ri de suas próprias piadas sem
graça.
Em terceiro, sou grato aos bons amigos da Crossway por seu apoio a este
projeto. Sou bastante grato por trabalhar com tão excelente equipe.
Em quarto, as boas pessoas da Guilford Baptist Church têm sido um
maravilhoso encorajamento para mim. Não posso imaginar alguma outra
igreja que torne o servi-la mais do que uma alegria para o seu pastor. Devo
agradecimentos especiais a Brian e Leslie Roe por sua amizade e
hospitalidade durante o processo de redação do livro.
Por fim, a minha própria família. Meus filhos, Kendall, Knox, Phineas e
Ebenezer foram tão amáveis e pacientes enquanto minha atenção foi dedicada
a este livro. E minha esposa, Karen, é, sem dúvida alguma, a mulher mais
encorajadora, autossacrificante, apoiadora e paciente no planeta. Ser casado
com ela é um lembrete diário de que Deus me ama mais do que sou digno.
B em, cá estamos no prefácio. Parabéns por ter passado pelo Índice e
continuado até aqui! A esta altura, como de costume, é preciso me apresentar,
e também ao livro. Então vamos lá.
Este livro visa convencê-lo de que, talvez, você não seja um cristão.
Quero que você se pergunte: “Eu realmente sou cristão?” Isso porque estou
convicto de que há muitos que pensam ser cristãos, mas na realidade não o
são.
Ao ouvir estas palavras, é provável que você seja tentado a se perguntar:
“Que tipo de simplório presunçoso escreveria um livro destes?” E para ser
bem franco penso que freqüentemente eu seja um mero simplório presunçoso.
É só perguntar a meus amigos.
Mas se você puder acredita nas minhas intenções, escrevo este livro com
mais sincero intuito de ajudar. Nós, os que professamos ser cristãos hoje,
enfrentamos um sério dilema. Muitos se encontram confusos acerca de uma
questão bem maior que simplesmente vida e morte, ou seja, se todos que se
dizem cristãos, realmente o são.
Deixe-me esclarecer. Muitas das subculturas e pequenos grupos são
notoriamente exigentes quanto a quem realmente a eles“pertence”. Quando
mais jovem, minha tribo era de roqueiros punk. E nessa esfera havia debates
sem fim sobre quem, pessoa ou banda, era realmente “punk”. Se você não
preenchesse os critérios certos, não esboçasse a ideologia pura, era rotulado
de farsante, impostor, que quer ser, não sendo. No mundo da ortodoxia rock
punk, a pior coisa é ser estigmatizado de artificial. Mas, no fundo, quem está
preocupado com os critérios do rock punk, certo? O destino eterno de quem
quer que seja não depende se os legítimos punks estão ou não resolvidos.
Atente para outro exemplo. Ande um pouco comigo e você constatará o
quanto eu torço pelos New York Yankees. Viajo com minha família para
assistir aos jogos do time. Assisto a maioria dos seus jogos na televisão.
Meus animais domésticos têm nomes dos jogadores. Fico mal humorado
quando os Yankees perdem (o que, felizmente, não é tão freqüente).
Suponhamos que você se identifique como um fanático pelos Yankees
também. Mas, à medida que conversamos, fica claro que há anos você não
assiste a um jogo sequer do time. Você desconhece quem são os titulares.
Você só se interessa quando chega o final do campeonato mundial, porque o
assunto está palpitando. Bom, no meu manual de “tremendo torcedor dos
Yankees” você não figura. Eu consideraria você como um torcedor casual,
um mero simpatizante.
Mas, novamente, que diferença faz? Ninguém vive ou morre por não ser
um torcedor de carteirinha dos Yankees. Na verdade, pouco importa.
Entretanto, volte-se para o assunto de ser ou não cristão, e de repente
deixamos de lado o âmbito do trivial e estamos nadando em mar aberto. Nada
menos que o destino eterno de sua alma é o que está em jogo!
Jesus ensinou que o mundo está dividido em dois tipos de pessoas, que
desfrutarão de dois tipos de destinos radicalmente opostos, nesta vida e na
próxima. Os que são seus seguidores receberão vida abundante agora e
bênçãos eternas na sua presença (João 10.10; Mateus 25.34). Os que não
estão entre seus seguidores, haverão de desperdiçar seus dias neste mundo e,
ao fim, experimentarão a justa ira de Deus contra seus pecados, por toda a
eternidade. Meu amigo, há muito em jogo no saber se você é ou não um
verdadeiro cristão.
Imagine por um instante que todos estamos numa corrida. De acordo com
as regras, não importa o lugar de chegada, importa somente que cheguemos.
Mais ainda! Nosso destino eterno depende de chegarmos ou não ao final
dessa corrida. Terminá-la é sinônimo de alegria eterna. Deixar de terminá-la,
não importa o porquê, significa sofrimento eterno. Você consideraria essa
corrida bastante importante, não é?
Continue imaginando que, ao olhar para a pista de corrida, encontramos
gente com tênis bem incrementado e roupa própria para uma corrida, mas por
algum motivo, estão sentados ao lado da pista. Outros estão agachados, no
ponto de partida, na posição de largada, rígidos como estátuas, tensos,
devidamente equilibrados, mas simplesmente prontos. Eles jamais se movem.
Ficam inertes. Outros estão correndo em círculos. Outros, ainda, correndo na
direção errada.
Suponhamos que parássemos para conversar com esses corredores sem
direção e com esses não corredores. Logo perceberíamos que todos têm a
impressão de estarem correndo bem. Eles estão de olho no final da corrida e
estão convictos de que receberão uma boa recompensa. Eles sorriem e falam
como que sonhando da nova vida que está além da linha de chegada. O
problema é que sabemos que eles jamais concluirão a corrida, devido ao
ritmo que estão adotando ou o rumo em que estão correndo.
Diga-me qual seria a coisa certa, amorosa, a fazer? O amor nos motivaria
a ignorar a confusão em que se encontram? O amor nos motivaria a
chacoalhar a cabeça sem ofendê-los, mas a ficarmos sem dizer nada? É claro
que não. Amá-los implicaria em alertá-los, convencê-los, até em implorar
com eles para que mudassem o ritmo ou a direção.
É nesse mesmo espírito que lhes ofereço este livro. Espero que ele seja
útil para lhe ajudar a determinar se você está “correndo sua corrida” na
direção certa.
Com isso em mente, quero lhes dar quatro pontos de esclarecimento.
Primeiro não me enxergo nem um pouquinho melhor do que você. Estou na
mesma situação que você. Preciso reexaminar minha vida da mesma forma
que estou pedindo para você reexaminar a sua.
Segundo, este livro visa o público composto por pessoas que dizem ser
cristãs, ou desejam ser cristãs. Se você sabe que não é cristão (digamos, você
é um muçulmano ou um agnóstico ou qualquer outra coisa), fique bem à
vontade para continuar lendo, mas talvez haja outros livros que sejam mais
diretos para responder suas dúvidas e perguntas.
Terceiro não me julgo perito nestas questões que me proponho a abordar.
Você não deve nelas acreditar só porque eu disse. Afinal, eu mal consigo
equilibrar meu ganho com meus gastos. Na realidade, quero partilhar com
você o que os peritos têm dito. Quero olhar para a Bíblia e ver o que Jesus e
os autores das Escrituras disseram a esse respeito. Eu pressuponho que, por
se considerar cristão, você está disposto a fazer, crer, e corresponder a tudo
que a Palavra de Deus diz.
Em quarto lugar, reconheço que muitos que são genuinamente cristãos
têm lutas com o aspecto de segurança da salvação. Como pastor, é comum
conhecer irmãos e irmãs com consciência bastante sensível, que sentem de
perto cada fracasso, cada luta. Se você se encaixa nessa categoria, talvez você
queira se utilizar de ajuda de alguns amigos, à medida que lê este livro. Peça
que não apenas lhe desafiem, mas que também lhe encorajem com a graça de
Deus em sua vida. Ou, se isso não puder ocorrer, pule direto para o capítulo
8, conforme descrito abaixo.
Veja em que direção prosseguiremos: no primeiro capítulo, quero olhar
para o que Jesus e o apóstolo Paulo disseram sobre a gravidade desta questão.
Veremos que simplesmente dizer-se cristão não torna ninguém cristão. No
capítulo dois, veremos o que a Bíblia diz ser um cristão “genuíno”.
Nos capítulos 3 a 7, focalizaremos atenção em textos bíblicos que nos
oferecem critérios bíblicos específicos para determinarmos se somos ou não
cristãos genuínos. No capítulo 8, consideraremos a questão da convicção.
Após passarmos boa parte do tempo no critério para se determinar se somos
ou não cristãos, que, afinal, é o propósito primeiro deste livro, parece-nos
importante também investirmos um tempo considerando como saber se você
realmente é cristão.
No capítulo 9, concluiremos enfocando o papel da igreja local no ajudar
você a determinar se é cristão ou não. Aliás, enquanto você lê este livro,
espero que o faça junto com outros irmãos de sua igreja. Deus nos deu as
igrejas locais para que irmãos e irmãs em Cristo que nos conhecem bem
possam nos ajudar a responder a essa importante pergunta.
Tornar-se cristão implica em admitir que você é pecador, e admitir que
sendo pecador, você está propenso ao auto-engano. Felizmente, Deus nos deu
outros cristãos para nos ajudar a enxergar aquilo que nós mesmos não
enxergamos. Por isso, pode-se dizer que este não é um livro para cristãos,
individualmente. É um livro para cristãos, no contexto da igreja. O cristão
que pensa ser capaz de fazer este auto-exame que vamos aqui propor sem a
ajuda de outros membros de sua igreja local, terá começado mal, digamos.
Talvez jamais encontre as respostas que está procurando.
Bom, parece que isso nos basta a título de apresentação. Fico feliz de
você continuar comigo. Vejamos agora o que Jesus tem a dizer nesse assunto
tão importante.
M inha caixa de entrada de e-mails está abarrotada de oportunidades de
“me tornar alguma coisa”. Apenas neste mês recebi mensagens de amigos e
spambots[1], todas me oferecendo oportunidades de me tornar:
• Amigo de alguém no Facebook,
• Ser membro da Netflix,
• Ser membro do Partido Democrata,
• Fazer parte de uma liga de futebol americano virtual,
• Serum ESPN.com “insider”,
• Fazer parte do conselho curador de uma empresa,
• Ser o recipiente de um cartão eletrônico do Banco Central da Nigéria
(programado para sacar 10 milhões de dólares!).
Em grande probabilidade, não farei uso desses convites. Já sou um
ESPN.com “insider”, não tenho tempo para jogar futebol americano virtual,
ou ser um curador (embora, pensando bem, eu talvez até corra atrás dessa
oportunidade dos $10 milhões...).
Mas pense no que aconteceria se eu me valesse dessas ofertas: meu
relacionamento com tais grupos seria redefinido, e eu passaria a ser membro
ativo. Por enquanto, tudo claro. Tais membresias são questão de auto-seleção:
ou você escolhe entrar, ou escolhe sair. No momento, Netflix e eu temos boa
noção de nosso relacionamento (ou não relacionamento) porque jamais optei
por entrar. Mas aqui é que entra a “pegadinha”: ser cristão não é bem assim.
DEUS CONHECE OS SEUS
Com certeza, há tremenda clareza na equação, do lado de Deus. Ele não
está nem um pouco confuso com relação a quem pertence ou não a ele. Na
Bíblia, lemos que ele tem um registro bem definido dos que receberão vida
eterna através de Cristo. Quando os setenta e dois discípulos voltaram a
Jesus, irrefletidamente atordoados com o recente sucesso ministerial, Jesus
disse a eles: “Alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim
porque o vosso nome está arrolado nos céus” (Lucas 10.20). Em outro texto,
Jesus diz a seus discípulos: “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas
ovelhas, e elas me conhecem a mim”(João 10.14). Deus sabe quem
verdadeiramente é cristão e quem não é.
Foi por isso que o apóstolo Paulo pôde falar de “Clemente e com os
demais cooperadores meus, cujos nomes se encontram no Livro da Vida”
(Filipenses 4.3). Da mesma forma, o apóstolo João, em sua visão do juízo
final diante do grande trono branco, refere-se ao “Livro da Vida” que contém
o nome de todos que são verdadeiramente povo de Deus. Todos cujos nomes
não estiverem ali relacionados serão atirados no lago de fogo, enquanto todos
cujos nomes aparecem no livro obterão acesso à Nova Jerusalém (Apocalipse
20.15; 21.27). Então Deus sabe claramente quem pertence a ele e quem não
pertence. Clareza de quem é quem, não é um problema que Deus tenha.
SUA CAMISETA ESPIRITUAL, DE TRÁS PARA FRENTE
Por outro lado, o mesmo não pode ser dito a nosso respeito. Nós não nos
enxergamos com muita clareza. Aliás, nossa auto-consciência chega a ser
ridiculamente limitada.
Já se flagrou andando com papel higiênico preso a seu sapato? E com a
camiseta de trás para frente? Ou com um pouco de ketchup no queixo? Eu já
me peguei nessas situações vez por outra. Quando alguém finalmente teve a
misericórdia de me conscientizar do problema (“Ô, seu tonto, sua camiseta
está ao contrário!”), senti uma vergonha, de leve a moderada, digamos. Eu
estava indo no meu caminho, pressupondo certas coisas a meu respeito
(agradável, tremendamente bem apanhado, capaz de me vestir
convenientemente), mas numa fração de segundo me convenci que a
realidade não era bem aquela (nem um pouco legal). Todos ao meu redor
conseguiam contemplar claramente a meu respeito, enquanto eu me mantinha
abstraído da realidade.
Lembro-me de certa ocasião que Deus usou para me ensinar acerca da,
por vezes, enorme diferença entre a auto-percepção e a realidade. Eu acabara
de me tornar co-pastor. Havia tido a oportunidade de ministrar um estudo
bíblico a umas duzentas pessoas de nossa igreja. Havia gostado de coordenar
o estudo e responder perguntas. No que podia avaliar, o estudo bíblico
correra muito bem.
Na manhã seguinte, sentado no escritório de um amigo chamado Matt,
pedi que ele me desse um feedback do estudo da noite anterior. Ele me disse
que, em sua ótica, tudo havia corrido bem, e aí mencionou como se
surpreendera pela forma que eu liderara aquele grupo. “Mike”, ele me disse,
“não dava para acreditar quão querido e cordial você foi e quão focado
estava. Parecia que você estava realmente realizado por estar ali, e tão
conectado com todo aquele povo. Eu me surpreendi”.
Matt tencionou que suas palavras fossem um elogio, mas eu não as recebi
dessa forma. Eu rechacei: o que ele quis dizer que estava surpreso? Sou
sempre pessoa querida, cordial e focada! Sempre externo estar contente de
estar em meu contexto de ministério! Afinal, sempre soube que não haveria
venceria na vida por causa de uma inteligência ímpar; pessoas com wattagem
limitada precisam ser queridas e cordiais.
Mas não foi assim que Matt me enxergou. Ele explicou que, embora
pessoalmente goste de mim, sempre me enxergou como alguém um tanto
distante e desinteressado. Para piorar as coisas, ele começou a me dar
exemplos de situações em que me viu assim.
Como você deve imaginar, eu fiquei muito inquieto com as palavras de
Matt. Depois de sair do escritório dele, fiquei remoendo as palavras dele. Até
que cheguei à conclusão que ele havia pirado. Ou, se não estivesse pirado,
foi, pelo menos crítico além da medida. Embora Matt fosse um amigo de
minha confiança, com mais de dez anos de amizade, me deixei convencer que
minha percepção a meu próprio respeito estava correta, e a dele errada.
Naquela tarde, eu já tivera um almoço com Steve, outro membro da
igreja. Eu não o conhecia bem à época, mas por seu envolvimento na igreja,
ele tivera amplas oportunidades de me observar à frente dos trabalhos.
Enquanto comíamos, partilhei com Steve os detalhes de minha conversa
anterior com Matt. Ao terminar, perguntei a ele se ele concordava. Eu não era
uma pessoa distante e desinteressada, não é mesmo?
Para minha surpresa, Steve sinalizou com a cabeça enfaticamente. Com a
boca cheia ele disse: “É isso aí! Você descrito com absoluta precisão. Esse é
você. Distante... gostei dessa descrição. A palavra se encaixa bem”. Aí ele
passou a partilhar detalhadamente porque me enxergava daquela forma. Ao
final do almoço, eu me deixara convencer que tanto ele quanto Matt estavam
certos a meu respeito.
Senti-me arrasado. Minha percepção de mim mesmo estava ridiculamente
imprecisa. Sentia-me como o próprio Sr. Amigável, mas todos me viam como
o Sr. Distante e Ameaçador. Como eu pude ser completamente cego quanto à
verdade a meu respeito? Você já se sentiu assim?
A ÚNICA OPINIÃO QUE IMPORTA
Em Mateus 25, Jesus nos fala sobre um grupo de pessoas que se
conscientizou da verdade a respeito deles tarde demais. Ele constrói a cena de
um relato angustiante em relação a como será o juízo final:
Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se
assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele
separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas (Mateus 25.31-32).
As ovelhas, nesse texto, representam o povo de Deus, os verdadeiros
seguidores de Cristo. Eles serão louvados pelo seu mestre e introduzidos “no
reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus 25.34). A
sorte deles é a que nós almejamos!
Os bodes, por outro lado, não têm tal sorte. Ouça o que Jesus diz para
eles:
Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-
vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e
seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e
não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes;
estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não
fostes ver-me. E eles lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te
vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não te
assistimos? Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que,
sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim
o deixastes de fazer. E irão estes para o castigo eterno, porém os
justos, para a vida eterna.
Há muito que poderia ser dito sobre esse texto, ao qual voltarei no
capítulo 6. Mas há duas coisas importantes para enxergarmos a esta altura.Primeira, todos os reunidos diante do trono se consideram cristãos, ou, pelo
menos, estavam esperançosos da aprovação de Cristo. Quando Jesus
confrontou os bodes com sua destruição eterna, ninguém levantou as mãos
em louvor e disse: “Estás correto, Jesus! Eu estava errado. Eu sempre disse
que, na verdade, tu nunca exististes. Nunca cri na tua Pessoa. A verdade é
que eu não deveria ter optado por rejeitá-lo”!
Nenhum deles estava conscientemente se opondo a Jesus. Aliás, ao
ouvirem o veredicto de Jesus, agiram como se tivesse havido algum erro.
Eles todos haviam comparecido ao grande evento na esperança de receberem
de Jesus alguma recompensa. Mas estavam terrivelmente errados. Foram
vítimas do auto-engano. Não conseguiram enxergar seu próprio estado com
clareza, e a cegueira deles custou-lhes absolutamente tudo.
Segundo, repare que o próprio Jesus é o Juiz. É ele que introduz as
pessoas à vida eterna ou ao castigo eterno. As nações que diante dele se
encontram não são as que tomam as decisões. Não há nada que possam fazer
ou dizer que faça com que ele mude de idéia. A única coisa que importa
naquele último dia é se Jesus declara você como um dos seus.
Quando estivermos diante de Jesus, nosso Juiz, qualquer evidência que
dispusermos em benefício próprio não faránenhuma diferença fará. Você
talvez destaque o fato de um dia ter feito a “oração do pecador arrependido”,
ou de ter ido à frente num apelo, ou de ter sido batizado, ou quando você for
rebatizado, porque a primeira vez não foi para valer, ou os acampamentos de
jovens em que esteve, as viagens missionárias de que participou. Se naquele
momento Jesus não disser de você “ele/ela é uma de minhas ovelhas”, nada
do que você tiver feito fará diferença. Não haverá como apelar do veredicto
do Juiz. O próprio Jesus disse no Sermão do Monte:
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor,
Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos
demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente:
nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade (Mateus 7.21-23).
Você percebe o que Jesus está dizendo? É possível você sinceramente
pensar que é um seguidor de Cristo, mas, na verdade, não ser. É possível
dizer a ele “Senhor, Senhor!”, e jamais entrar no reino dos céus. O simples
marcar uma opção numa ficha de papel e chamar-se de cristão não o torna um
cristão.
Um site da web de alta visibilidade foi criado recentemente, onde as
pessoas podem assinar seu nome para publicamente “declararem sua fé no
Senhor Jesus Cristo”. Suponho que seja bom para você, se é disso que você
gosta. Mas Deus não consultará esse site no dia do juízo. No fundo, o que
conta, é a avaliação dele a seu respeito, não sua própria avaliação. Conforme
Jesus disse, apenas aqueles que fazem a vontade do Pai no céu é que
realmente são cristãos. Todos os demais ouvirão Jesus dizer: “Apartai-vos de
mim”.
UMA SURPRESA DESAGRADÁVEL
Reconheço que o que estou dizendo é diferente do que se ouvem na
maioria das igrejas hoje. No desejo bem intencionado que têm de tornar as
boas novas de Jesus disponíveis a todos, muitas igrejas tornam a decisão de
seguir a Jesus um tanto quanto fácil demais. A coisa toda gira em torno de
uma decisão. Apenas diga que você quer ser cristão, e você se tornará um.
Faça a oração com estas palavras. Assine este cartão. Siga estes passos.
Pronto! Você já é um cristão! Fim de papo. Caso encerrado. Bem-vindo ao
céu!
É verdade que basta-nos uma única decisão de seguir a Cristo. Mas uma
única decisão verdadeira é seguida de decisões diárias de seguir a Jesus. Jesus
não achou ser suficiente você se identificar superficialmente com ele. Há
mais no ser um seguidor de Cristo que simplesmente uma profissão de fé.
Receio que muitas igrejas vêm encorajando pessoas a esperar que um dia
Jesus diga a elas: “Bem está, servo fiel”, quando na verdade, elas o ouvirão
dizendo: “Apartai-vos de mim”. Tais pessoas descobrirão a verdade quando
for tarde demais.
Seria possível você ser uma dessas pessoas? Seria possível você, na
realidade, não ser verdadeiramente cristão? Como saber ao certo?
JESUS NÃO É WILLY WONKA
Você se recorda daquele clássico do cinema de 1971, Willy Wonka: A
Fantástica Fábrica de Chocolate? (Eu me refiro a versão antiga, esquisita,
estrelada por Gene Wilder, não a nova, igualmente esquisita, estrelada por
Johnny Depp). Depois dos heróis Charlei e o Vovô Joe sobreviverem a um
penoso tour da Fábrica de Chocolates Wonka, eles se dirigem ao local onde
receberão o grande prêmio a eles prometido: um suprimento vitalício de
chocolates Wonka. Mas há uma surpresa ao final. Willy Wonka, o dono da
fábrica, não dá o prêmio a Charlie com base em uma questão puramente
técnica. A cena se desenrola assim:
VOVÔ JOE: Sr. Wonka?
WILLY WONKA: Estou assoberbado de trabalho, meu senhor.
VOVÔ JOE: Só queria perguntar acerca do chocolate. É... o suprimento
vitalício de chocolate... para o Charlie. Quando é que ele o recebe?
WILLY WONKA: Ele não recebe.
VOVÔ JOE: Por que não?
WILLY WONKA: Porque ele violou as normas.
VOVÔ JOE: Que normas? Não vimos norma alguma. Vimos, Charlie?
WILLY WONKA: Errado, meu senhor! Na cláusula 37B do contrato assinado
por ele, está muito claro que tudo se tornará nulo e sem efeito se – e o
senhor pode ler com seus próprios olhos nesta cópia fotostática: “Eu, o
abaixo assinado, perderei todos os direitos, privilégios e licenças aqui e
abaixo estipulados”, etc., etc.... “Fax mentis incendium gloria culpam”,
etc., etc., “Memo bis punitor della cattum!” Está tudo aqui, o preto no
branco, muito claro! Vocês roubaram as bebidas gasosas elevantes. Vocês
colidiram com o teto que agora precisa ser lavado e esterilizado, então
vocês não ganham nada! Passem um bom dia!
VOVÔ JOE: O senhor é um bandido. É uma farsa, um trapaceiro! É isso que
o senhor é! Como o senhor poderia fazer isso... elevar as expectativas de
um menino e a aí estilhaçar todos os seus sonhos? O senhor não passa de
um monstro desumano.
WILLY WONKA: Eu disse, “passem um bom dia!”[2]
Aqui temos um equívoco contra o qual precisamos nos cuidar: Jesus não é
Willy Wonka. Nosso Deus não é um Deus que se deleita em manter as
pessoas no escuro, sem informação, apenas para poder puxar o tapete no
último instante e negar-lhes as recompensas prometidas. Ele não é um sovina,
ansioso para reter as bênçãos com base em pormenores técnicos.
Em vez disso, Deus se deleita em salvar o seu povo. Jesus disse que ele
“veio para buscar e salvar o perdido” (Lucas 19.10). Por isso ele veio ao
mundo, para salvar-nos de nossos pecados. Se não quisesse nos salvar, não
teria se dado ao trabalho de vir. Jesus não é um impostor. Não é um
trapaceiro. Não é um monstro desumano. Nada poderia estar mais longe da
verdade que essas concepções.
Além do mais, Jesus nos forneceu graciosamente diretrizes extremamente
claras acerca de quem pertence a ele. Nos versículos que antecedem a
passagem que lemos há pouco, na qual ele dirá a alguns que se afastem, ele
explica que “pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus 7.20). Nos versículos
seguintes desta mesma passagem, Jesus se utiliza de uma ilustração de um
homem que ouve as suas palavras e “as pratica” se assemelhando a um
homem sábio que edifica sua casa sobre a rocha sólida. Enquanto isso, o
homem que ouve as palavras de Jesus “e não as pratica” é como o insensato
que edificou sobre a areia (Mateus 7.24-27). Não há quaisquer cláusulas
obscuras nesse relacionamento. Jesus, falando em linguagem bastante
simples, está procurando por “aquele que faz a vontade de meu Pai, que está
nos céus” (Mateus 7.21).
EXAMINE-SE!
O simples fato de Jesus nos alertar contra o perigo que corremos é, em si,
prova de seu amor e misericórdia.Ele nos deu essas palavras de alerta para
que prestemos atenção a elas. As palavras de Jesus deveriam soar em nossa
alma como um alarme de incêndio. A advertência de Jesus visa nos ajudar a
chegar naquele último dia sem estarmos sendo auto-enganados.
Pelo mesmo motivo, o apóstolo Paulo instrui a igreja em Corinto:
“Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé. Provai-vos a vós
mesmos” (2 Coríntios 13.5). Da mesma forma, o apóstolo Pedro instrui:
“Procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e
eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. Pois
desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 1.10-11). Paulo e Pedro
amavam aqueles que haveriam de ler suas cartas, por isso advertiram-nos a
examinarem sua vida antes que fosse tarde demais.
É isso que espero fazer neste livro inteiro. Quero examinar textos das
Escrituras onde Jesus nos diz com base em exatamente o quê podemos nos
auto-examinar para avaliarmos se realmente estamos na fé. De forma ideal,
isso deveria ser feito no contexto de nossa igreja local. Justamente por não
sermos os melhores juízes de nossa própria vida e conduta, é de tremenda
importância que tenhamos à nossa volta cristãos sábios e honestos que
possam nos ajudar a enxergar coisas em nossa vida que sozinhos não
enxergamos. Portanto, encontre alguém na sua igreja (ou, quem sabe,
encontre uma igreja!) e peça a essa pessoa que caminhe com você nessa
jornada. Mas primeiro, temos uma caminhada a fazer.
COMO CORRESPONDER
REFLITA:
A palavra de alerta de Jesus em Mateus 7.21-23 lhe deixa desconfortável?
Por quê?
Por que você acha que não basta apenas dizer que você é cristão?
Você já examinou a sua vida alguma vez para averiguar se você é
realmente cristão? Se não o fez, por quê? Se já o fez, qual foi o critério
utilizado? Qual foi sua conclusão?
ARREPENDA-SE:
Peça a Deus que lhe perdoe por quaisquer maneiras em que você tem
estado erroneamente confiante quanto a seu estado espiritual.
Pense em uma forma de você crescer em humildade e aprender a não
confiar sempre eu sua própria percepção das coisas.
LEMBRE-SE:
Pense acerca de 2 Coríntios 5.21: “Aquele que não conheceu pecado, ele
o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”.
Você jamais será justo o suficiente para agradar a Deus. Mas, graças ao
próprio Deus, a perfeita justiça de Cristo se torna nossa quando nos
achegamos a ele em fé. Louvado seja Deus por essas boas novas!
PRESTE CONTAS:
Fale com um líder ou amigo na igreja e peça a essa pessoa que lhe forneça
uma avaliação honesta e regular acerca de como lhe vê em sua vida espiritual.
S E VOU TENTAR CONVENCÊ-LO da possibilidade de você não ser um
cristão, parece que precisamos definir o que a palavra “cristão” quer dizer.
Literalmente, a palavra “cristão” significa “seguidor de Cristo”. De acordo
com Atos 11, esse rótulo foi primeiramente usado na cidade de Antioquia, no
primeiro século, para descrever homens e mulheres que haviam se vinculado
a um grupo de seguidores de Jesus. Provavelmente, foi um termo cunhado na
forma de menosprezo, mas os membros da igreja em seus primórdios
acabaram adotando o termo e utilizando-o para se auto-descrever. O apóstolo
Pedro usou o termo “cristão” em sua primeira epístola para sinalizar que seus
leitores eram, verdadeiramente, seguidores do Senhor. Nesse texto, ele
escreve: “Mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes,
glorifique a Deus com esse nome” (1 Pedro 4.16).
Desembrulhando o assunto um pouco mais detalhadamente, cristão é
alguém que ouviu o evangelho, as boas novas acerca de Jesus, e
correspondeu confiando em Jesus para a salvação, declarando-o Senhor. Em
suma, o cristão crê que:
1. Somos pecadores, merecendo completamente a condenação de um
Deus Santo que odeia o pecado e toda a perversidade.
2. Deus, em Sua misericórdia, assumiu forma humana na pessoa de Jesus
e viveu a vida de perfeita de obediência a Deus que nós deveríamos
viver.
3. Ele ofereceu sua vida na cruz para pagar a penalidade pelos nossos
pecados, e ressuscitou dentre os mortos em vitória e glória, como Rei
prometido de Deus.
4. Qualquer um que se volta para Jesus em arrependimento e fé é
completamente perdoado e adotado na família de Deus.
Tristemente, entretanto, parece que o termo “cristão” acabou esvaziado de
seu significado mesmo antes da tinta que Pedro usou para escrever sua carta
secasse. Através das cartas do Novo Testamento, os apóstolos investiram um
montante surpreendente de tempo advertindo contra os falsos mestres e
membros extraviados de igreja, muitos dos quais, sem dúvida, continuavam a
se intitular de cristãos.
Hoje em dia usamos o termo como um adjetivo para descrever toda sorte
de coisas que muito pouco tem a ver com o seguir a Cristo. Um atacadista na
Internet anuncia “acessórios cristãos para carros”, “sacolas cristãs
personalizadas” e “tapetes cristãos”. O uso que Pedro faz do termo “cristão” e
tapetes de borracha para automóveis não está exatamente claro para mim.
Mas, negócio é negócio!
Também somos promíscuos no uso que fazemos do termo como
substantivo. Utilizamos o termo como uma categoria padrão para quem não é
Judeu nem Muçulmano. Ou então, usamos o termo para incluir gente famosa
que foi criada na cultura igrejeira, tais como astros e estrelas pudicos e
extremamente castos, só porque começaram cantando em igrejas. (Alguns
exemplos são Britney Spears, Jessica Simpson, Clay Aiken). Aí, quando o
shorts que usam se torna muito pequeno ou a vida intoleravelmente
escandalosa, começamos a ter lá nossas dúvidas. Quem sabe nunca foram
cristãos. Quem sabe eram somente do sul dos Estados Unidos[3]. Por vezes, é
difícil saber a diferença. Então, o que significa ser cristão?
UMA DEFINIÇÃO OPERACIONAL
Poderíamos fatiar esta maçã de várias maneiras. Mas para os propósitos a
que nos propomos, gostaria de sugerir uma definição operacional: cristão é
alguém que recebeu o novo nascimento como um presente de graça de Deus.
Certamente poderíamos dizer mais. Elaborar nossa definição utilizando
categorias teológicas como a adoção (“cristão é quem recebeu uma condição
adequada diante de Deus”). Mas eu gostaria de abordar o assunto através da
lente da regeneração, por isso é que falarei em ser “nascido de novo”, ou
receber “o novo nascimento”, duas frases que usarei intercambiavelmente.
Neste capítulo, eu gostaria de desembalar essa definição e esclarecer algumas
coisas sobre o ser cristão, fazendo uso de cinco perguntas.
O QUE É O NOVO NASCIMENTO?
Jesus fala do novo nascimento no terceiro capítulo do Evangelho de João.
É o melhor lugar para começarmos:
Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus.
Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de
Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. A
isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo,
não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer,
sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez? Respondeu
Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode
entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é
espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo. O vento sopra onde
quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é
nascido do Espírito (João 3.1-8)
Certamente, essa não era a conversa que Nicodemos esperava ter com
Jesus. Ele sabia que algo era diferente em Jesus, e que Jesus parecia deter a
chave para o reino prometido de Deus. Mas não era isso que ele esperava!
Afinal, Nicodemos era mestre em Israel.Talvez não fosse tão conhecido
como Jesus, mas tinha assento entre a elite religiosa. Ele veio a Jesus à busca
da peça que estava faltando, o que era necessário para dar a volta por cima.
Mas fato é que a prescrição de Jesus mais parece uma recomendação de
se reformar a cozinha com dinamite. Não é um conselho tipo “5 dicas para se
aprimorar”, do Dr. Você Pode Melhorar. Nada disso! Jesus disse a
Nicodemos que precisava começar tudo de novo – nascer de novo! Mesmo
que se considerasse um modelo de devoção e austeridade religiosas,
Nicodemos precisava de uma vida totalmente nova, um novo nascimento.
Dá para imaginar a confusão na mente de Nicodemos. Ele provavelmente
estava um tanto apreensivo quanto a vir conversar com Jesus. Afinal, Jesus
havia transformado a água em vinho, derrubado as mesas dos cambistas no
pátio do Templo e dito frases do tipo “Destruí este santuário, e em três dias o
reedificarei” (João 2.19). Jesus não tinha receio de dizer coisas que não
faziam sentido para a maioria dos que o cercavam. Mas agora Ele diz para
Nicodemos que, para entrar no reino de Deus, ele precisa que lhe dêem à luz
novamente.
Aquele pobre homem certamente não entendeu. Com bastante cuidado,
ele pressionou Jesus à busca de detalhes: “Como é que é, Jesus? Sabes que
isso é impossível, certo? Gente idosa não nasce segunda vez. A coisa...
acontece uma única vez na vida”.
Jesus, então, esclarece o que quis dizer. Não estava falando de uma
renovação física, mas sim de “nascer do Espírito”. Nicodemos carecia de uma
vida espiritual totalmente nova. Ele precisava o que os teólogos chamam de
“regeneração”, um renascer por meio do qual a velha pessoal espiritual cede
em favor da nova pessoa espiritual.
Se Nicodemos precisava nascer de novo, mesmo nos dias em que Jesus
estava ali por perto, então você e eu certamente precisamos nascer de novo
para ver o reino que Jesus trouxe. Lembre-se de nossa definição operacional
de cristão: cristão é alguém que recebeu o novo nascimento como um
presente de graça de Deus. É isso que distingue o cristão do resto do mundo;
o cristão é aquele que recebeu de Deus nova vida espiritual.
POR QUE É NECESSÁRIO O NOVO NASCIMENTO?
Embora Jesus tenha sido absolutamente claro com Nicodemos quando à
necessidade de regeneração, ele não disse a Nicodemos por que ele precisava
dessa nova vida, o que pode parecer estranho. A simples sugestão que um
respeitado líder religioso precisava de tamanha revisão espiritual certamente
seria algo vergonhoso. Por que seria necessário um novo nascimento?
Jesus, aliás, deu uma dica a Nicodemos. Quando Nicodemos perguntou
como tal coisa poderia acontecer, Jesus respondeu: “Tu és mestre em Israel e
não compreendes estas coisas?” (João 3.10). Jesus avaliou que Nicodemos
tinha informação suficiente proveniente do Antigo Testamento para ser capaz
de compreender o que ele estava dizendo. O Antigo Testamento, que
Nicodemos provavelmente conhecia de trás para a frente, estava repleto de
indicações que uma transformação tão radical seria tanto necessária quanto
algo prometido por Deus.
Há duas coisas que Nicodemos deveria ter percebido. Primeira delas, que
o Antigo Testamento fala de todo ser humano vivendo em estado espiritual
desesperador. Alguns exemplos são:
• pois não têm eles sinceridade nos seus lábios; o seu íntimo é todo
crimes; a sua garganta é sepulcro aberto, e com a língua lisonjeiam
(Salmo 5.9).
• o céu olha o SENHOR para os filhos dos homens, para ver se há quem
entenda, se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente
se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer
(Salmo 14.2-3)
• Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de
vós o coração de pedra e vos darei coração de carne (Ezequiel 36.26).
Coração de pedra não funciona bem. Alguém que possua coração de
pedra está morto, nada sente, está alheio.
Juntando as peças do quebra-cabeça, o quadro é tenebroso, desesperador,
na verdade. O ser humano não se encontra espiritualmente ferido; estamos
espiritualmente mortos. A questão não é apenas que não estamos dispostos a
agradar a Deus; somos incapazes de agradá-lo. Nicodemos, é claro, não
poderia ter lido o que Paulo escreveu, devido à época. Mas para que esta
faceta fique clara para nós, vale a pena percebermos de onde Paulo pegou
este tema no Antigo Testamento, que diz respeito à nossa condição espiritual
desesperadora:
• Ele escreve: Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois
não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que
estão na carne não podem agradar a Deus (Romanos 8.7-8).
• Em outro lugar, ele discorre: Ele vos deu vida, estando vós mortos nos
vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso
deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que
agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós
andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a
vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da
ira, como também os demais (Efésios 2.1-3).
A auto-melhoria não é a solução para esses tipos de problemas. Uma
revisão radical, sim.
Aprendi algo a respeito da diferença entre essas duas coisas quando
comprei a casa em que agora resido. Minha esposa e eu compramos nossa
casa no auge do boom imobiliário no norte da Virgínia. A vizinhança era
estratégica em termos ministeriais, e havia bastante espaço para parentes e
amigos. Estava até ao nosso alcance adquiri-la - isto é, quase – o que era
completamente incomum para a época. Na verdade, a casa era
perfeita...exceto pelo fato de parecer que havia pertencido ao enredo de um
filme de terror dos mais bravos!
Nos dois anos seguintes, me empenhei em limpar a casa. Animais mortos
foram removidos do quintal. Algumas paredes foram derrubadas. Outras
foram limpas com fosfato trissódico para remover as décadas de acúmulo de
nicotina. Portas que ligavam nada a coisa alguma foram trancadas
definitivamente e assoalhos foram refeitos. Mas o tempo todo eu sabia que,
mais dia, menos dia, teria que encarar o desafio do closet da suíte principal.
As calhas acima desse pequeno cômodo estavam entupidas havia décadas,
e, com o passar do tempo, os sidings, o isolamento e a dry wall, tudo havia
ficado podre. Certa manhã, nosso cachorro Jeter, entediado de brincar no
quintal, fez um buraco na parede. Minha esposa entrou no closet para se
vestir e deu de cara com o cachorro bisbilhotando, do lado de fora da casa.
A essa altura, é lógico, eu tive que suspender tudo e atacar esse problema.
Um amigo veio me ajudar e durante vários finais de semana no verão nós
reconstruímos o closet. Toda decoração teve que ser removida. Estava tudo
comprometido. Cada chapa da dry wall precisou ser removida. Tudo estava
mofado, se desintegrando. Cada camada de isolamento precisou ser jogada no
lixo, assim como os sidings e as guarnições de acabamento. Ao terminarmos,
o closet havia sido completamente refeito. Nada do closet original havia
permanecido, porque nada do antigo closet teria sido útil numa casa
aconchegante e não infecciosa.
Esse closet se constitui numa pálida ilustração de nossa condição
espiritual. Não fomos avariados pelo pecado; fomos completamente
destruídos por ele. Não somos como uma tábua solta que dois pregos
resolvem. Somos como um closet que está tão podre que cada parte dele
precisa, necessariamente, ser substituída. Nicodemos deveria ter lido a
história de Israel no Antigo Testamento, portanto, deveria saber disso.
Segundo, Nicodemos deveria saber, a partir do Antigo Testamento, que
Deus prometera solucionar esse terrível problema. Deus não se limita em
mostrar nossa desprezível condição, nos deixando ali sem solução. Ele
promete intervir e nos salvar. Ele disse através de Ezequiel: “Dar-vos-ei
coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coraçãode
pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei
que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis”
(Ezequiel 36.26-27). O próprio Deus revificaria seu povo por meio da dádiva
de seu Espírito.
Portanto, quando Jesus entrou em cena e disse a Nicodemos que ele
precisava de uma vida completamente nova trazida à existência pelo Espírito
de Deus, a reação dele deveria ter sido: “É por isso que eu há muito esperava!
É disso que precisamos!”
COMO É QUE OBTEMOS O NOVO NASCIMENTO?
Mas não foi isso que Nicodemos pensou. Ele estava esperando por algum
tipo de regulagem espiritual, uma simples polida. Mas Jesus havia descrito
nada mais, nada menos, que uma cirurgia cardíaca invasiva, o que deixou
Nicodemos completamente confuso. Repare que Jesus precisou dizer a ele:
“Não te admires”, como se Jesus tivesse que dar um jeito no queixo caído de
Nicodemos, para que ele voltasse a fechar a boca.
Nós podemos simpatizar facilmente com a perplexidade dele. Nicodemos
não conseguiria “nascer de novo” por sua própria iniciativa. E Jesus deixou
claro para ele que isso era tarefa do Espírito de Deus, e que o Espírito de
Deus agiria totalmente de acordo com seu próprio prazer, assim como o vento
sopra onde quer. Então, o que Nicodemos deveria fazer? Como haveria de
obter o novo nascimento espiritual de que tanto carecia?
A má notícia, que Nicodemos enxergou com clareza, é que ninguém pode
se auto-presentear com esse novo nascimento. Isso é absolutamente
impossível. Mas a boa nova, que Jesus passou bastante tempo explicando
durante seu ministério, é que ele havia vindo para tornar algo extremamente
impossível em algo possível.
Através de sua vida, morte e ressurreição, Jesus assegurou vida eterna a
seu povo. Deus, em sua misericórdia, aplica a obra de Jesus a nossa vida,
dando-nos vida através de seu Espírito. Em 1 Pedro 1.3-4, o apóstolo reflete
acerca do que Deus fez por nós:
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia,
nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para
vós outros.
Regeneração é um ato unilateral de Deus. Deus é quem realiza a obra
misericordiosa. Deus nos torna vivos. Nós simplesmente recebemos seu
presente.
QUAL É O RESULTADO DE SE NASCER DE NOVO?
Quando Deus realiza sua maravilhosa obra de regeneração em uma pessoa
espiritualmente morta, isso sempre gera resultados. Em Atos 16.14, lemos da
obra de Deus na vida de uma mulher chamada Lídia. Lucas relata: “Certa
mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente
a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que
Paulo dizia”. O Senhor agiu no coração de Lídia, e Lídia prestou especial
atenção à pregação que Paulo fez do Evangelho e o recebeu em fé. É assim
que o novo nascimento funciona.
A Bíblia chama esse resultado de “conversão”. O dom de Deus do novo
nascimento sempre produz efeito em nossa vida. Ele nos transforma;
converte-nos de uma forma de viver para outra. O Espírito de Deus não nos
vivifica e aí nos abandona; ele nos presenteia com fé, com amor por novas
coisas, e com novos desejos. A nova vida que recebemos através do Espírito
de Deus efetua em nós uma transformação. Ela faz com que voltemos às
costas ao nosso amor pelo pecado, e nos voltemos a Cristo em total confiança
e fé. De forma que ele age, aí nós agimos.
Isso aqui é radical! Não é como mudar de marca de desodorante; é uma
alteração total de nosso estado espiritual. É uma mudança de alianças
cósmicas. Paulo explica isso da seguinte forma: “E, assim, se alguém está em
Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram
novas. Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por
meio de Cristo” (2 Coríntios 5.17-18). Se você está em Cristo, você nasceu
de novo; você é uma criatura totalmente nova.
Mais uma vez, entretanto, precisamos cuidar contra mal entendidos.
Conquanto a mudança interior em nossa natureza possa ser radical e imediata,
a mudança em algumas de nossas atitudes e comportamento exteriores poderá
se manifestar mais lentamente. A regeneração não remove imediatamente o
pecado que habita em nós. A Bíblia é realista. O apóstolo Paulo, cuja
conversão foi tão repentina e marcante, admitiu claramente sua luta com o
pecado através de toda sua vida (p. ex. Romanos 7.15).
Mas onde quer que o Espírito de Deus tenha outorgado nova vida, sempre
haverá transformação, mesmo que a mudança seja, por vezes, lenta. Esse é o
ponto principal que você precisa entender. A transição do reino das trevas
para a maravilhosa luz de Deus (1 Pedro 2.9) fará diferença na vida da
pessoa.
Por exemplo: Paulo relaciona fruto visível que o Espírito de Deus gerará
nas emoções, conduta e atitudes do crente: “Mas o fruto do Espírito é: amor,
alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus
crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências” (Gálatas 5.22-
24). Tal fruto é o resultado do operar gracioso do Espírito em nossa alma.
COMO SABER SE SOU NASCIDO DE NOVO?
Eis, então, a importante pergunta a ser feita – como você pode saber se é
nascido de novo? A regeneração, afinal, não costuma ser espalhafatosa. Ela
não se reveste de letreiros de neon, não costuma criar uma auréola sobre
nossa cabeça. Ela não nos confere super-poderes com habilidades ímpares
para resolver complexos problemas de trigonometria. Em outras palavras,
nem sempre é fácil discernir quem recebeu o dom da regeneração.
Mas isso não significa que não haja maneira de se auto-examinar para
verificar se você realmente nasceu de novo. Ao contrário, você deveria estar
procurando o fruto. No momento da regeneração, provavelmente não haverá
sinos tocando, mas ela sempre resulta em vida transformada. É um ato
invisível de Deus, visível somente nas atitudes e paixões e desejos
transformados do cristão. O Espírito sempre gera fruto na vida das pessoas
que ele vivifica.
Não tenho como ser enfático o suficiente para dizer que tal processo de
exame só pode ser feito adequadamente no contexto de uma igreja local fiel.
Você precisa de outros cristãos comprometidos com seu bem-estar espiritual.
Eles são quem pode vir a conhecer você e identificar o fruto do novo
nascimento em sua vida. Se você tiver a tendência ao desânimo e à auto-
condenação, eles podem ser capazes de lhe encorajar. Se você (como eu!)
tiver a propensão a uma visão maior do que convém de si mesmo, quem sabe
eles saibam esvaziar um pouco a bolha em que você se encontra, para seu
próprio bem.
CINCO COISAS QUE TODOS OS CRISTÃOS POSSUEM
O que se constitui em evidência confiável de regeneração? Nos capítulos
seguintes, meu desejo é voltar os olhos para cinco coisas que a Bíblia afirma
que sempre acompanharão a verdadeira conversão. Se você as possui, você
tem a firme evidencia da obra regeneradora de Deus em sua vida. Se essas
coisas estiverem ausentes, você tem todo motivo para se preocupar.
Crença na sã doutrina. Você não é cristão simplesmente por simpatizar com
Jesus.
Aversão ao pecado em sua vida. Você não é cristão se curte o pecado.
Perseverança ao longo da vida. Você não é cristão se não persiste na fé.
Amor pelo próximo. Você não é cristão se não se importa e não se preocupa
com outras pessoas.
Estar livre do amor pelo mundo. Você não é cristão caso as coisas do mundo
tenham para você maior valor do que Deus.
Deus ordenou que nos examinássemos para confirmar se estamos na fé.
Estes cinco itens compõem parte do critério pelo qual podemos nos julgar.
Para o cristão, portanto, a pergunta mais importante é: eu possuo fruto que
evidencia o novo nascimento em minha vida?
No último dia, nada mais importará.Se você não nasceu de novo, você
não entrará no reino de Deus. Não fará diferença ter pais cristãos ou ter
crescido frequentando igreja. Conforme João Batista disse aos fariseus,
Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; e não comeceis a dizer entre vós mesmos:
Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a
Abraão. Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom
fruto é cortada e lançada ao fogo (Mateus 3.8-10).
Não queremos ser insolentes como os fariseus. Portanto, precisamos
constantemente examinar o fruto em nossa vida. Precisamos fazer isso
individualmente. Devemos fazer isso junto com outros membros da igreja em
quem confiamos. Você tem convidado irmãos e irmãs para ministrarem a
você nesse sentido?
MAS ESPERE – UMA ÚLTIMA COISA!
Há uma última coisa que precisamos aprumar antes de irmos em frente
com o assunto em pauta. À medida que nos examinamos para constatar se
realmente somos cristãos, é absolutamente essencial que mantenhamos
nossas causas e efeitos no prumo. Caso contrário, nos perderemos no
emaranhado.
Lembre-se que Deus é a causa de nossa salvação. Não há dúvidas quanto
a isso. Não há como se salvar por boas obras ou esforço árduo. Lembre-se,
nosso estado natural é o de morte espiritual. Nada podemos fazer para nos
trazer à vida.
Observe cuidadosamente o que o apóstolo Paulo diz acerca de nossa
salvação em Efésios 2.4-10:
Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e
estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça
sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais
em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em
bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto
não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos
feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou
para que andássemos nelas.
Captou? Enquanto estávamos mortos em nossos pecados, Deus nos
tornou vivos. Foi tudo por sua graça – um presente de Deus. Aliás, Deus
intencionalmente nos salva dessa forma para que não nos gabemos ou
pensemos que, de alguma forma, fomos nós mesmos que nos salvamos (veja
Romanos 3.27)! Deus opera nossa salvação. Isto significa que as boas obras
que esperamos (e temos a expectativa de) ver em nossa vida jamais poderão
ser a causa de nossa salvação.
Ao contrário, o amor e a misericórdia regeneradores de Deus são a causa.
O fruto – o crescer na paz e no amor e na fé e na aversão pelo pecado – são
os resultados daquilo que Deus faz. São as boas obras que ele preparou para
nós, para que possamos executar as implicações de nossa salvação no mundo.
Nosso objetivo neste livro, em outras palavras, não é perguntar se fizemos
o suficiente para obter o amor e favor de Deus. Em vez disso, nosso objetivo
é começar a aprender a como procurar evidências de que Deus efetuou uma
obra transformadora em nossa vida. Portanto, ao trabalho!
COMO CORRESPONDER
REFLITA:
Antes de ler este capítulo, como você teria definido “um cristão”? Em que
sua definição mudou após a leitura?
O que o fato de precisarmos nascer de novo diz a nosso respeito?
Quais são os perigos de confundirmos a causa de nossa regeneração com
os efeitos de nossa regeneração?
ARREPENDA-SE:
Confesse a Deus a verdade de que você é pecador, completamente
merecedor de sua justa ira.
Se você ainda não “nasceu de novo”, peça a Deus que lhe dê essa nova
vida agora.
LEMBRE-SE:
Pense acerca de Mateus 11.28-30: “Vinde a mim, todos os que estais
cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis
descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é
leve”.
Cada um de nós carrega um pesado fardo de pecado, culpa e vergonha.
Mas Jesus convida cada um de nós a vir, não importa o que tenhamos feito. E
ele promete descanso e consolo para todo aquele que se aproximar em fé.
PRESTE CONTAS:
Fale com um líder ou amigo na igreja e peça a essa pessoa que lhe ajude a
identificar quaisquer evidências de que você nasceu de novo.
E M 1966, JOHN LENNON fez um verdadeiro alvoroço ao afirmar – de
forma irônica e brincalhona – que os Beatles eram “mais populares que
Jesus”. Muitos se escandalizaram com a arrogância de Lennon, mas será que,
por um momento que fosse na história, eles realmente eram? Os Beatles se
encontravam no meio de um sucesso que se estendia por mais de meia
década, algo raramente visto até então.
Olhando de forma mais ampla, entretanto, a aventura de Lennon no auge
foi bem curta. Passados cinqüenta anos, sua vida e carreira foram
praticamente relegadas à lixeira da nostalgia e curiosidade, reduzidas a não
mais que trilhas sonoras dos comerciais da Nike.
Jesus, por outro lado, continua a crescer em popularidade a cada ano que
passa, sem contar o fato de que as pessoas falam dele há mais de dois mil
anos. Revistas semanais sabem que expor uma pintura de seu rosto na capa,
na época de Natal e Páscoa, certamente incrementará as vendas. Cineastas
sabem que filmes sobre Jesus geralmente são sucessos de bilheteria. Aliás, a
capacidade do nome de Jesus incrementar a caixa registradora tem gerado
novas indústrias. Algumas de minhas prediletas incluem:
1. A Dieta “O Que Comeria Jesus?” – por apenas $14.99 é possível
descobrir os antigos segredos mantidos a sete chaves da dieta do
Messias. Minha impressão é que ele comia as mesmas coisas que os
Palestinos rústicos do primeiro século comiam: azeitonas, peixes, figos,
pão e Twizzlers®[4].
2. Sandálias estilo Havaianas com as palavras “Jesus Te Ama” impressas
na sola, de forma a deixar uma mensagem inspirativa na areia, ao passar.
Afinal, as pessoas sempre procuram mensagens escondidas nas pegadas
na areia.
3. Uma linha de roupa para animais, com o tema “Jesus”, incluindo uma
camisa para cachorro que diz “Jesus me ouriça” e outro que proclama
que “Jesus Enche Meu Prato”. Não vou mentir. Não faço a mínima idéia
do que ambas as expressões significam.
Jesus é popular até mesmo entre os não cristãos. Ele angaria muito
respeito de grandes homens e mulheres que não têm a mesma fé. O décimo
quarto Dalai Lama, um dos principais líderes do Budismo Tibetano, chamou
Jesus de “uma pessoa iluminada” e o alardeou como um instrutor-mestre.[5]
O líder Hindu Mahatma Gandhi escreveu carinhosamente a respeito de Jesus:
“O personagem eminente de Cristo, tão paciente, tão bondoso, tão amoroso,
tão cheio de perdão a dar que ensinou seus seguidores a não retaliarem
quando abusados ou agredidos, mas a voltar a outra face, penso ser um belo
exemplo do homem perfeito...”[6] O renomado cientista Albert Einstein certa
feita disse ao The Saturday Evening Post: “Sou Judeu, mas fico encantado
com a figura luminosa do Nazareno (Jesus)... Ninguém consegue ler os
Evangelhos sem sentir, de fato, a presença de Jesus. Sua personalidade pulsa
a cada palavra. Não há mito nessa vida”.[7] Até mesmo o Alcorão se refere a
Jesus como um profeta e mensageiro de Deus.
E nós, como deveríamos encarar a popularidade de Jesus? Não é difícil de
se entender que ser cristão significa gostar de Jesus, e alguém que não gosta
de Jesus provavelmente não é cristão. Mas podemos dizer que gostar dele não
é suficiente para tornar alguém um cristão. Se Budistas, Hindus, Muçulmanos
e até mesmo ateístas conseguem imaginar que Jesus foi um grande homem,
nós certamente não podemos ecoar isso.
No relato dos Evangelhos sobre a vida de Jesus, nova e novamente ele se
encontra com gente que gostava dele, respeitava-o, e aprovava o que
conseguia captar de sua mensagem. Mas aí ele se volta e diz que eles não são
seus discípulos; que lhesfalta alguma coisa (p.ex. João 3, Lucas 9.57-62,
Lucas 18.18-22).
É PRECISO CRER
Você não é um cristão simplesmente por gostar de Jesus. Em vez disso,
ser um cristão implica em crer nele. Ou seja, é preciso ter fé nele.
É importante que você enteda isso por conta própria, portanto, não tome
minha palavra como final. Considere o que a Bíblia diz. A seguir encontram-
se quatro das principais passagens bíblicas onde a necessidade de fé e da
crença, é destacada.
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao
mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem
nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do
unigênito Filho de Deus. Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se
mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus (João
3.16-18, 36).
Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para realizar as obras de
Deus? Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi
enviado (João 6.28-29).
Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;
justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem;
porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados
gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus
propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por
ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos (Romanos
3.21-25).
De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se
aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam
(Hebreus 11.6).
Fica muito claro em textos como estes que fé é ingrediente essencial para
ser um cristão genuíno. Jesus disse que a vida eterna vem através do crer.
Paulo diz que os benefícios provenientes da morte sacrificial de Cristo vem
pela fé. E o autor de Hebreus diz que agradamos a Deus pela fé.
A fé faz a distinção entre os verdadeiros filhos de Deus e os que
simplesmente respeitam a Jesus. Você não é um cristão se não possui fé no
Filho de Deus. Se você tem tal fé, você é cristão. Afirmações desta espécie
requerem bastante esclarecimento e qualificação, é claro, mas mostram a
você, em linhas gerais, o que a Bíblia ensina.
O que a Bíblia quer dizer com a palavra “fé”? Usamos a palavra “fé” para
descrever toda sorte de coisas. Usamos para descrever um sistema religioso,
de forma que Muçulmanos e Cristãos e Baha’is são todos descritos como
“gente de fé”. Ou podemos falar de termos fé (crermos) que uma certa ação
da Bolsa irá desempenhar bem no próximo ano. Um time de futebol pode
dizer que tem fé que seu jogador-astro resolverá a parada no segundo tempo.
Por vezes, pessoas falam de fé como se isso fosse o a contraposição do
raciocínio claro ou do pensamento racional – fé como um estado de certeza
face evidência contraditória. Como torcedor do Philadelphia Eagles eu
exercito minha fé a cada temporada quando os escolho para ganharem o
Super Bowl embora eles nunca, jamais (literalmente jamais!) tenham ganho.
Mas não é isso que é fé cristã. A fé de um cristão, a fé que Jesus declara
fazer a diferença entre a vida eterna e a condenação eterna, traz consigo dois
elementos: conteúdo objetivo e confiança sincera.
CONTEÚDO OBJETIVO
Para se ter fé, é imprescindível conhecermos certos fatos a nosso próprio
respeito e a respeito de Jesus, quem ele é e o que fez por nós. Por isso, o
apóstolo Paulo pergunta retoricamente: “Como, porém, invocarão aquele em
quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como
ouvirão, se não há quem pregue?” (Romanos 10.14). Não há como crer em
algo que você não conhece. A fé salvadora precisa de um objeto. Não se crê,
simplesmente. Quando cremos, cremos em alguma coisa. E através das
Escrituras encontramos as verdades essenciais que precisam ser cridas. Paulo
escreve que somos salvos através da “fé na verdade” (2 Tessalonicenses
2.13). Há certas doutrinas que é preciso ouvir, entender e aprovar caso
alguém queira se tornar verdadeiramente cristão.
1. VOCÊ É PECADOR
A primeira verdade em que você precisa crer, a primeira parte do
conteúdo de sua fé, precisa ser que você é pecador. Jesus recebe apenas
aqueles que sabem ser pecadores. Para perceber isso, considere como Jesus
reage às pessoas que Dele se aproximam. Geralmente, é uma de duas
maneiras. A alguns ele recebe com calorosas e cordiais boas vindas. A outros,
ele rechaça, por vezes com palavras ásperas. Porque essa diferença?
Pense na história em Lucas 5 onde Jesus chama um coletor de impostos
de nome Levi para ser um de seus discípulos. Levi ficou tão animado que
promoveu uma tremenda festa para que Jesus pudesse conhecer todos seus
amigos coletores de impostos. Para você e para mim, isso pode não parecer
grande coisa, mas naquela época coletores de impostos eram caluniados, por
representarem a pior espécie de pecador. Eles ajudavam o governo Romano a
coletar impostos, por isso eram vistos como traidores de seu próprio povo.
Eles engordavam a conta bancária coletando mais impostos que o necessário,
portanto, eram ladrões e trapaceiros. Ficavam ricos à custa de seus
semelhantes e da nação. Os coletores de impostos eram tão populares quanto
os molestadores de crianças são hoje.
Em resposta ao escandaloso chamamento de Levi, os Fariseus e os
escribas disseram aos discípulos de Jesus: “Por que comeis e bebeis com os
publicanos e pecadores?” (Lucas 5.30). Era a pergunta a ser feita. Os Fariseus
representavam o establisment religioso. Eles eram os mocinhos, os guardiões
das leis. Eles estão compreensivelmente consternados pela decisão de Jesus
de ir a um jantar de pecadores notórios. Mas Jesus explicou sua ação a eles:
“Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos,
e sim pecadores, ao arrependimento” (Lucas 5.31-32).
Essa é uma afirmação extraordinária, não é mesmo? Em outra passagem
Jesus afirma ter vindo para buscar e salvar o perdido (Lucas 19.10).
Igualmente extraordinária. Normalmente esperamos que Deus seja bonzinho
com gente boazinha e esteja irado com gente ruim. Mas aqui Jesus deixa
claro que ele veio apenas para aqueles que se reconhecem pecadores, que
estão doentes e precisam de médico.
Para ser cristão, você precisa encarar a sua pecaminosidade e precisa de
perdão. Precisamos ser pobres de espírito (Mateus 5.3) e atender ao chamado
de Jesus para nos arrepender. Cada homem, mulher e criança no mundo
deveria clamar como o publicano: “Ó Deus, sê propício a mim,
pecador!”(Lucas 18.13).
As palavras de Jesus que veio para os doentes e pecadores é, ao mesmo
tempo, um consolo, quanto é uma advertência. Por um lado, Jesus promete
aceitar e curar qualquer um que dele se aproximar em sincero
arrependimento. São boas notícias para pecadores como você e eu. Por outro
lado, Jesus promete rejeitar qualquer um que tentar dele se aproximar sem
uma compreensão de sua própria profunda pecaminosidade. Pessoas que já se
acham espiritualmente sadias não receberão qualquer cura do Grande
Médico.
2. JESUS É PLENAMENTE DEUS E PLENAMENTE HOMEM
Além de crer algo a seu próprio respeito – que você é um pecador carente
de perdão – ser cristão implica em crer certos fatos básicos a respeito de
quem Jesus é. Para começar, é preciso crer que ele é plenamente Deus e
plenamente homem.
Começamos com o conceito de que Jesus é 100% Deus. Em Romanos 10,
o apóstolo Paulo diz: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e,
em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. 
Porque com o coração se crê para justiça e com a boca seconfessa a respeito
da salvação”(Romanos 10.9-10). Para ser salvo é preciso confessar com seus
próprios lábios que Jesus é Senhor. Nesse texto, a ênfase de Paulo não
repousa sobre o modo de confissão (com sua boca), mas sobre o conteúdo da
confissão (Jesus é Senhor). Precisamos reconhecer, crer, confessar e
proclamar que Jesus é Senhor.
Falarei um pouco mais sobre senhorio de Jesus daqui a pouco. Mas aqui
eu desejo observar que a confissão “Jesus é Senhor” é, entre outras coisas,
uma confissão quanto à divindade de Jesus – sua natureza divina. Pense no
Tomé incrédulo se curvando diante do Jesus ressurreto e dizendo: “Senhor
meu e Deus meu!” (João 20.28). Uma vez que os apóstolos compreenderam
que Jesus era Deus, o termo “Senhor” se tornou imbuído da divindade de
Cristo. Paulo também se refere a Jesus como Senhor de tal forma a esclarecer
que ele considera Jesus o próprio Deus.[8] O estudioso de Novo Testamento
Larry Hurtado sugere que “invocar o nome do Senhor é uma expressão
bíblica frequente de adoração a Yaweh”.[9] A divindade de Jesus é uma
doutrina cristã essencial porque somente uma pessoa infinita e sem pecado
poderia ter carregado a punição infinita que nossos pecados mereciam. Se
Jesus não é Deus, ele é incapaz de nos salvar.
Por outro lado, precisamos também crer que Jesus é 100% homem.
Algumas pessoas na igreja em seus primórdios tiveram menos problema com
a questão da divindade de Jesus e mais dificuldades com a questão da
humanidade de Jesus. Elas criam que Deus havia vindo na Pessoa de Jesus
Cristo. Entretanto, não conseguiam imaginar que Deus pudesse assumir
plenamente a forma humana, como ser humano e sofrer e morrer como
homem. Parecia demais. Como Deus haveria de se curvar tanto?
Para tratar dessa confusão, o apóstolo João escreveu uma afirmação
esclarecedora: Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que
confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não
confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do
anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está
no mundo” (1 João 4.2-3). Assim como Jesus só pode salvar se for
plenamente divino, Ele também só pode salvar se for plenamente humano.
Somente um ser humano pode substituir outro ser humano, assumindo o
castigo que nós merecemos. Apenas um membro da raça humana poderia
desfazer a maldição que Adão trouxe sobre todos nós (Romanos 5.12-21).
Apenas alguém que conhecesse a fragilidade e a fraqueza de ser um homem
poderia ser sacerdote solidário e misericordioso para conosco (Hebreus 4.14-
16).
Um cristão, então, é alguém que confessa tanto a humanidade quanto a
divindade de Jesus. Os autores do Novo Testamento são incapazes de
imaginar uma formulação de cristianismo que rejeita essas crenças.
3. JESUS, O DEUS-HOMEM, SALVA ATRAVÉS DE SUA MORTE
Ser cristão significa crer algo sobre quem Jesus é, mas também significa
crer algo sobre o que ele veio aqui fazer. É preciso crer que Jesus é o Deus-
Homem que veio buscar e salvar os perdidos, morrendo na cruz e
ressuscitando. Isto nos traz ao cerne do cristianismo. Comecemos pensando
na cruz.
Sobre a cruz, Jesus carregou a maldição da morte que nossos pecados
mereciam (Gálatas 3.13). Sobre a cruz, ele arcou com a ira de Deus que
nossos pecados mereciam (Romanos 3.24-25). Sobre a cruz Jesus carregou a
responsabilidade e a culpa que nossos pecados mereciam, de forma que já
não há condenação para nós (2 Coríntios 5.21; Romanos 8.1).
Quando atentamos para a pregação apostólica contida no livro de Atos,
vemos que eles proclamaram a crucificação de Cristo como parte essencial da
mensagem cristã (p. ex. Atos 2.23, 3.15, 4.10, 26-22-23). A morte de Cristo é
tão central ao cristianismo a ponto de Paulo se referir a toda proclamação
cristã como sendo “a mensagem da cruz”(1 Coríntios 1.18). E já que isso é
verdade, os verdadeiros seguidores de Cristo precisam crer que a morte de
Jesus é suficiente para salvá-los de seus pecados. Precisamos poder dizer
junto com o apóstolo Paulo: “e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo
pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”
(Gálatas 2.20).
O saudoso Leon Morris escreveu: “Colocando a coisa de forma ‘curta e
grossa’, se Cristo não é meu substituto, eu ainda ocupo o lugar do pecador
condenado. Se meus pecados e minha culpa não foram transferidos para ele,
se ele não os tomou sobre si, então, com certeza ambos continuam comigo.
Se ele não lidou com meus pecados, eu preciso enfrentar as conseqüências.
Se a minha penalidade não foi carregada por Ele, ela ainda paira sobre mim”.
[10] Cada crente em Cristo precisa ratificar a verdade de que Cristo morreu
uma morte sacrificial no lugar dos pecadores.
4. JESUS RESSUSCITOU CORPORALMENTE DENTRE OS MORTOS
A ressurreição de Cristo não recebe a mesma atenção que sua morte
recebe. Os cristãos, por vezes, são culpados de tratá-la como uma espécie de
final feliz cósmico da narrativa da paixão. Mas não há dúvida que crer na
ressurreição também está no cerne do que devemos fazer para sermos
cristãos. Lembremo-nos das palavras de Paulo: “Se, com a tua boca,
confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o
ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para
justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação” (Romanos 10.9-10).
A ressurreição de Cristo foi essencial à nossa salvação. Em outro trecho,
Paulo escreveu: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a
vossa fé” (1 Coríntios 15.14).
Mas por que ela foi essencial? Meu amigo Sam Alberry descreve a
ressurreição como a assinatura de Deus à obra de Cristo e nossa salvação.[11]
Pense, por exemplo, na forma que o carteiro lhe entrega um SEDEX e pede, à
sua porta, que você assine sua folha. Sua assinatura demonstra que você
aceita aquela encomenda e que a transação foi concretizada, para sua
satisfação. Da mesma forma, Deus demonstra sua satisfação com o
sofrimento e morte de Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos (veja o
argumento de Pedro em Atos 2.22-36). A ressurreição de Cristo mostra que
Jesus é quem ele disse que era e que ele concretiza a salvação que veio
assegurar. Se não tivesse havido ressurreição, Jesus ainda estaria no túmulo,
incapaz de ajudar, salvar, ser nosso Mediador.
A ressurreição de Cristo é de primordial importância. Ela se encontra no
centro da salvação que Cristo tem a oferecer a seu povo. Conforme Paulo diz:
Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos
nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15.3-4). Se você crer em seu
coração que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos, você será salvo.
5. JESUS É SENHOR
Há mais uma parcela de conteúdo que precisamos crer para sermos
cristãos. É preciso crer que Jesus é o único justo Senhor. É preciso crer que
ele é Senhor porque ele é Deus e ele criou o mundo, sim, mas também que
ele é nosso Senhor – ou autoridade suprema – porque ele redimiu você para si
mesmo, como alguém que pertence ao povo dele.
Após sua crucificação, Jesus declarou: “Toda a autoridade me foi dada no
céu e na terra” (Mateus 28.18). O Filho divino se submeteu ao máximo ao Pai
divino, portanto, o Pai “todas as coisas sujeitou debaixo dos [Seus] pés” (1
Coríntios 15.27). O Pai exaltou o Filho (veja Hebreus 1.8-9). O crucificado,
diz Pedro, é Senhor e Cristo (Atos 2.36).
O apóstolo Paulo coloca a divindade, a humanidade, o sofrimento, a
ressurreição, e a autoridade de Jesus, tudo junto, numa gloriosa afirmação:
“E, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à
morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que
está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra
e debaixo da terra, e

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