Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resumo Cumprimento de Sentença 1. Liquidação de Sentença (arts. 509 a 512, CPC) Como regra a sentença é líquida, ou seja, possui valor monetário definido. No mais, considera-se líquida a sentença quando para definir seu valor só há a necessidade de cálculo aritimético (art. 509, §2º, CPC). Todavia, em caso de senteça ilíquida deverá ocorrer sua liquidação a requerimento do credor ou do devedor, que pode ocorrer: por meio do arbitramento, quando determinado por sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação (art. 509, inc. I, CPC); ou por meio do procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo (art. 509, inc. II, CPC). Quando adotado o procedimento comum na liquidação da sentença, o juiz determinará a intimação do requerido para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias (art. 511, CPC). Ao passo que no arbitramento o juiz intimará as partes para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar (art. 510, CPC). Por fim, quando na sentença houver parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamento a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta (art. 509, §1º, CPC). Bem como poderá ser realizada liquidação na pendêndcia de recurso, processando-se em autos apartados no juízo de origem (art. 512, CPC). 2. Disposições Gerais do Cumprimento de Sentença (arts. 513 a 519, CPC) O cumprimento de senteça (título executivo judicial) se inicia por requerimento do credor (art. 513, §1º, CPC), sendo o devedor intimado a fazer o pagamento no prazo de 15 dias. Tal intimação se dará por meio do Diário de Justiça, na pessoa do advogado constituído nos autos(art. 513, inc. II, CPC). Contudo, nos casos de representação pela Defensoria Pública ou quando não houver procurador constituído, será feita a intimação por envio de carta com aviso de recebimento (art. 513, inc. II, CPC). Ao passo que as empresas, públicas ou privadas, serão intimadas por meio eletrônico caso não possuam procurador constituído nos autos (art. 513, inc. IV, CPC). Todavia, caso o devedor mude endereço sem prévia comunicação o juízo, considerar-se-á intimado (art. 513, §3º, CPC). Além disso, se o requerimento do credor ocorrer após 1 (um) ano do trânsito em julgado da senteça, a intimação do devedor será feita por caso de aviso de recebimento, mesmo que possua advogado constituído nos autos (art. 513, §4º, CPC). O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento (art. 513, §5º, CPC). São considerados títulos executivos judiciais (art. 515, incs. I – IX, CPC): 1. as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; 2. a decisão homologatória de autocomposição judicial; 3. a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; 4. o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal; 5. o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; 6. a sentença penal condenatória transitada em julgado; 7. a sentença arbitral; 8. a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; 9. a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça. Em caso de cumprimento de senteça de um dos títulos elencados de 6 a 9, o devedor será citado (não intimado) no prazo de 15 dias no juízo civil (art. 515, §1º, CPC). Nesses casos o juízo competente para requerimento do cumprimento de senteça será o juízo civil competente para a demanda, já nos demais casos o cumprimento se fará no local de origem do requerimento. (art. 516, incs. I - III, CPC). Contudo, nas hipóteses de cumprimento de 6 – 9 ou no caso da causa ter se iniciado no primeiro grau de jurisdição, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem (art. 516, p.ú., CPC). Transcorrido o prazo para pagamento voluntário do débito, o a decisão judicial poderá ser levada a protesto (art. 517, CPC). Sendo que, para efetivá-lo o exequente deverá apresentar a certidão de teor da decisão, a qual deverá ser fornecida em 3 (três) dias (art. 517, §§ 1º e 2º, CPC). Nesse diapasão, comprovada a satisfação do crédito, o protesto poderá ser cancelado a requerimento do executado e por determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido pelo cartório no prazo de 3 (três) dias (art. 517, § 4º, CPC). Por fim, todas as questões relativas à validade do procedimento de cumprimento da sentença e dos atos executivos subsequentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e nestes serão decididas pelo juiz. (art. 518, CPC) 3. Cumprimento Provisório de Sentença (arts. 520 a 522, CPC) O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo (art. 520, CPC). Tal cumprimento corre por iniciativa e responsabilidade (objetiva) do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido (art. 520, inc. I, CPC). No mais, o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos (art. 520, inc. IV, CPC). Entretanto, a caução poderá ser dispensada quando: o crédito dor de natureza alimentar; o credor demonstrar situação de necessidade; pender o agrado do art. 1.042 (agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial); e a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos (art. 521, incs. I – IV, CPC). Não obstante as exceções elencadas, a caução será mantida nos casos em que a dispesa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação (art. 521, p. ú., CPC). Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto (art. 520, §3º, CPC). Por fim, o cumprimento provisório da sentença será requerido por petição dirigida ao juízo competente (art. 522, CPC). 4. Cumprimento de Sentença para Pagar Quantia Certa (arts. 523 a 527, CPC) No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, o cumprimento definitivo da senteça far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito no prazo de 15 (quinze) dias (art. 523, CPC). Contudo, não ocorrendo o pagamento voluntário no prazo determinado, o débito será acrescido de multa de dez por cento e de honorários advocatícios de também dez por cento, prosseguindo-se com a expedição do mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação (art. 523, §§ 1º e 3º, CPC). Transcorrido o prazo inicial de 15 (quinze) dias sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado apresente, nos próprios autos, sua impugnação (art. 525, CPC). Na impugnação, o executadopoderá alegar (art. 525, §1º, CPC): I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; II - ilegitimidade de parte; III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; IV - penhora incorreta ou avaliação errônea; V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; [deve acompanhar valor correto e demonstrativo do cálculo, sob pena da impugnação ser liminarmente rejeitada ou não tendo o excesso de execução examinado (art. 525, §§ 4º e 5º, CPC)] VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença. Nesse diapasão, é lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido, apresentando memória discriminada do cálculo (art. 526, CPC). Em sequência o autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, podendo impugnar o valor depositado, sem prejuízo do levantamento do depósito a título de parcela incontroversa (art. 526, §1º, CPC). 5. Cumprimento de Senteça que Reconheça a Exigibilidade de prestar alimentos (arts. 528 a 533, CPC) No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo (art. 528, CPC). Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses (art. 528, §3º, CPC). Sendo que, o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo (art. 528, §7º, CPC). Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da prestação alimentícia (art. 529, CPC). Podendo executar dos rendimentos líquidos do executado até o limite de 50% de seus ganhos líquidos (art. 529, §3º, CPC). 6. Cumprimento de Senteça contra Fazenda Pública (arts. 534 a 535, CPC) Não se aplica multa à Fazenda Pública pelo não pagamento voluntário do débito (art. 534, §2º, CPC). A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução (art. 535, CPC). Em relação ao valor do débito, se for uma obrigação de pequeno valor (R$ 15.550,00 em SP) deverá ser pago no prazo de 2 (dois) meses, por outro lado, se o débito for maior ele entrará na lista de precatórios (art. 535, §3º, inc. II, CPC). 7. Cumprimento de Sentença que Reconheça a obrigação de Fazer e Não-Fazer (arts. 536 a 537, CPC) No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente (art. 536, CPC). Podendo o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial (art. 536, §1º, CPC). 8. Cumprimento de Senteça que Reconheça Exigibilidade de Entregar Coisa (arts. 538, CPC) Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença, será expedido mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel. § 1º A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de conhecimento, em contestação, de forma discriminada e com atribuição, sempre que possível e justificadamente, do respectivo valor. § 2º O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na contestação, na fase de conhecimento. § 3º Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as disposições sobre o cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer. 9. Bens Impenhoráveis (art. 833 e 834, CPC) São impenhoráveis (art. 833, CPC): I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º ; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos; XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei; XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. § 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição. § 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários- mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º , e no art. 529, § 3º . § 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. Art. 834. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis.
Compartilhar