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Livro-Texto - Unidade I

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Autoras: Profa. Cielo G. Festino
 Profa. Marilia Fatima de Oliveira
Colaborador: Prof. Leandro Dias Carneiro Rodrigues
Literaturas da Língua 
Inglesa: Poesia
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Professoras conteudistas: Cielo G. Festino / Marilia Fatima de Oliveira
Cielo G. Festino
Possui pós-doutorado na área de ensino de literaturas estrangeiras pela Universidade de São Paulo/Fapesp 
(2007-2009) e pós-doutorado pela Universidade Federal de Minas Gerais (2010-2012) na área de narrativas pós-
coloniais. Possui doutorado em Língua e Literatura em Inglês pela Universidade de São Paulo (2005), mestrado em 
Língua e Literatura Inglesa pela Universidade de São Paulo (2000) e graduação em inglês pelo Instituto Nacional Del 
Professorado Joaquín V. Gonzalez (1983). Atualmente é professora titular da Universidade Paulista. Tem experiência na 
área de Letras, com ênfase em literaturas de língua inglesa, atuando principalmente nos seguintes temas: literaturas 
de língua inglesa, com ênfase na literatura pós-colonial e ensino de literaturas estrangeiras.
Marilia Fatima de Oliveira
Professora de Literatura Inglesa na Universidade Federal do Tocantins. Doutora (2013) e mestre (2008) em Literatura 
Inglesa pela Universidade de São Paulo. Graduada com dupla Habilitação (Português e Inglês) pela Universidade de São 
Paulo (2003). Licenciada em Inglês (2005) e Português (2004) pela Universidade de São Paulo. Coordenadora adjunta 
do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) para o estado do Tocantins (2014 e 2015 – Formação de 
Professores). Realiza pesquisas a respeito das literaturas (pós) coloniais, africanas de língua inglesa e portuguesa, das 
diásporas e do exílio.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
F418p Festino, Cielo.
Literaturas de Língua Inglesa: Poesia. / Cielo Festino, Marilia 
Fatima de Oliveira. – São Paulo, 2016.
128 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2-096/16, ISSN 1517-9230.
1. Literatura. 2. Língua Inglesa. 3. Poesia. I. Oliveira, Marilia 
Fatima de. II. Título.
CDU 820-1
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Giovanna Oliveira
 Rose Castilho
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Sumário
Literaturas da Língua Inglesa: Poesia
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 A POESIA DE LÍNGUA INGLESA: DESDE OS PRIMÓRDIOS ATÉ O ROMANTISMO ......................9
1.1 De Beowulf a Chaucer ...........................................................................................................................9
1.1.1 Beowulf: as primeiras narrativas .........................................................................................................9
1.1.2 Beowulf ..........................................................................................................................................................9
1.2 O Rei Artur e os cavalheiros da Távola Redonda ..................................................................... 11
1.2.1 A Idade Média: a chegada dos normandos e as novas narrativas literárias....................11
1.2.2 Em foco: o Rei Artur e os cavalheiros da Távola Redonda .................................................... 12
1.3 Em foco: Robin Hood, Príncipe dos Ladrões ............................................................................. 13
1.4 Outras manifestações literárias ..................................................................................................... 15
1.5 Geoffrey Chaucer e Os Contos de Cantuária ............................................................................ 16
1.5.1 A emergência da burguesia ................................................................................................................ 16
2 OS SONETISTAS ELISABETANOS – EM FOCO: WILLIAM SHAKESPEARE ..................................... 19
2.1 A poesia e o teatro no Período Elisabetano ............................................................................... 19
2.1.1 O teatro ....................................................................................................................................................... 22
2.1.2 Em foco: William Shakespeare .......................................................................................................... 25
2.2 A idade da razão ................................................................................................................................... 28
2.2.1 Em foco: O Paraíso Perdido, de John Milton ............................................................................... 30
3 O ROMANTISMO NA METRÓPOLE ........................................................................................................... 31
3.1 Inglaterra ................................................................................................................................................. 31
3.1.1 A poesia do Romantismo: crítica à nova ordem industrial ................................................... 31
3.1.2 Em foco: William Wordsworth .......................................................................................................... 32
3.1.3 Em foco: a poesia vitoriana ................................................................................................................ 34
4 O ROMANTISMO NA AMÉRICA .................................................................................................................. 36
4.1 Estados Unidos ...................................................................................................................................... 36
4.1.1 As narrativas coloniais ......................................................................................................................... 36
4.1.2 A criação da tradição literária norte-americana ....................................................................... 40
4.1.3 O Romantismo Americano .................................................................................................................. 41
4.1.4 Os ensaístas ............................................................................................................................................... 42
4.2 Os poetas ................................................................................................................................................. 43
4.2.1 Em foco: WaltWhitman e Emily Dickinson ................................................................................. 43
4.2.2 O naturalismo norte-americano: uma crítica social – os poetas ........................................ 48
4.3 Canadá ...................................................................................................................................................... 48
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4.3.1 Antes da Confederação: as primeiras poesias ............................................................................. 48
4.3.2 Os poetas da Confederação ................................................................................................................ 50
Unidade II
5 A POESIA DE LÍNGUA INGLESA: MODERNISMO E DIFERENÇA ..................................................... 57
5.1 A poesia do Modernismo na Irlanda, Grã-Bretanha e Estados Unidos .......................... 57
5.1.1 Tornar novo ............................................................................................................................................... 58
5.1.2 A literatura irlandesa: a renovação da literatura inglesa ....................................................... 59
5.1.3 William Butler Yeats .............................................................................................................................. 59
5.2 Em foco: o teatro ................................................................................................................................. 61
5.2.1 Outros dramaturgos e poetas ............................................................................................................ 61
5.3 Modernismo na Grã-Bretanha ........................................................................................................ 62
5.4 Os poetas do modernismo norte-americano ............................................................................ 62
5.5 A poesia norte-americana nas décadas de 1940 e 1950 ..................................................... 65
5.6 Canadá ...................................................................................................................................................... 65
5.6.1 O Modernismo.......................................................................................................................................... 65
6 A POESIA AFRO-AMERICANA ..................................................................................................................... 68
6.1 The Harlem Renaissance: a afirmação da literatura afro-americana ............................. 71
6.1.1 Em foco: a poesia de Langston Hughes ........................................................................................ 72
6.1.2 O Black Arts Movement ....................................................................................................................... 75
7 A POESIA CONTEMPORÂNEA .................................................................................................................... 78
7.1 A poesia do pós-guerra ...................................................................................................................... 79
7.2 Diferentes grupos culturais: entre as margens e o centro .................................................. 81
7.3 A literatura multiétnica: a margem no centro ......................................................................... 83
8 POESIAS DE EXPRESSÃO CONTEMPORÂNEA: PÓS-COLONIAIS E DIASPÓRICAS ................... 85
8.1 O que é o pós-colonialismo? ........................................................................................................... 85
8.1.1 A semente da teoria pós-colonial .................................................................................................... 86
8.1.2 As literaturas pós-coloniais ................................................................................................................ 86
8.1.3 A estética pós-colonial ......................................................................................................................... 87
8.1.4 O tropo da diferença ............................................................................................................................. 87
8.2 Canadá ..................................................................................................................................................... 87
8.2.1 Em foco: Michael Ondaatje ................................................................................................................ 93
8.3 A poesia indiana de língua inglesa ............................................................................................... 94
8.4 A poesia sul-africana .......................................................................................................................... 97
8.5 A poesia nigeriana .............................................................................................................................100
8.6 A poesia caribenha.............................................................................................................................106
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APRESENTAÇÃO
Caro alunos,
Esta disciplina foca-se nas diferentes manifestações poéticas em língua inglesa das diversas culturas 
nas quais esse idioma é falado. Seu objetivo principal é levar você a refletir criticamente sobre os aspectos 
literários e linguísticos relevantes das culturas de língua inglesa, por meio de suas obras literárias de 
maior relevância, considerando a maneira como se relacionam com diferentes períodos históricos e, 
principalmente, o que significam no contexto brasileiro.
Logo, seus objetivos específicos são possibilitar a construção de relações sincrônicas e diacrônicas 
entre os diferentes aspectos da formação literária em língua inglesa, capacitando você para uma prática 
docente crítica da língua e literatura inglesa, que seja melhor orientada em suas inter-relações com a 
cultura de origem.
Finalmente, a displina pretende propiciar-lhe os instrumentos teóricos e práticos necessários, 
tanto de crítica e teoria literária, como de aspectos da tradição inglesa em particular, para desenvolver 
estratégias de interpretação literárias e culturais que levem em conta a relação entre discurso, texto e 
contexto nas literaturas de língua inglesa e delas com a cultura brasileira.
INTRODUÇÃO
Para John Frow (2006) o gênero é uma das maneiras através das quais são categorizadas as diferentes 
formas literárias e culturais. Porém, gênero é muito mais do que isso. Na fala e na escrita, na música e 
nas imagens, no cinema e na televisão, ou seja, em todas as formas textuais, os gêneros dão forma ao 
conhecimento e, como acrescenta o autor, contribuem para estruturar os significados de uma sociedade. 
Os gêneros devem ser entendidos não como formas estanques, mas como processos dinâmicos. 
Assim, o que interessa não é considerar como são descritos, mas como funcionam na prática, uma vez 
que “fazem as coisas acontecerem” ao dar forma ao modo como entendemos o mundo. Ou seja, como 
acrescenta Frow (2006, p. 2), gêneros não são simplesmente estilos, mas criam efeitos de “realidade e 
verdade”. Como exemplo, podemos observar que, nos poemas da Idade Média, o herói é o cavaleiro, 
a personagem mais destacada da sociedade feudal, já no Romantismo, influenciado pelas revoluções 
Francesa e Norte-Americana, o herói do poema é o homem comum.
Talvez uma das definições mais claras de gênero seja a que o descreve como a relação entre as 
estruturas textuais e as situações que as ocasionam (FROW, 2006, p. 13). Assim, para entender os 
gêneros, precisamos conhecer não somente suas características formais, mas também o contexto social 
no qual eles são desenvolvidos.
Desde o Classicismo, os gêneros literários têm sido organizadosem lírica, épica e drama. A lírica hoje 
é conhecida como poesia; por sua vez, os poemas épicos, ou poemas narrativos, têm se desenvolvido nas 
narrativas em prosa; e o drama corresponde ao teatro.
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Neste livro-texto focaremos a primeira categoria: a poesia, nas diferentes formas que tem assumido 
nas tradições literárias em língua inglesa, desde os primórdios nas Ilhas Britânicas, passando pela poesia 
norte-americana, até as tradições literárias consideradas pós-coloniais (tal qual o caso das poesias 
canadense, indiana, africana e caribenha).
Por sua vez, como aponta Frow (2006, p. 25), é bom lembrar que as classificações das narrativas 
literárias por gêneros, nas diferentes tradições literárias, são sempre instáveis porque elas podem ser 
entendidas como uso dos gêneros, através do qual os escritores e poetas os transformam. Por isso se diz 
que os textos mais significativos das diferentes tradições literárias não pertencem a nenhum gênero, 
mas os reescrevem.
Como você deve lembrar, das suas aulas sobre teoria literária, o gênero poesia é um dos mais antigos 
e começa a se gestar na literatura oral. Como explica Klarer (2004, p. 27), alguns dos primeiros exemplos 
de poesia na tradição ocidental remontam-se à literatura da Grécia Antiga. Uma das formas da poesia 
é a lírica. Esse termo deriva do instrumento grego lira e já relaciona a poesia com a música. Assim, os 
trovadores da Idade Média recitavam poemas ao som da lira. Contudo, como também aponta Klarer 
(2004, p. 28), o termo “poesia” também está relacionado ao termo grego “poeio”, que significa “fazer” 
ou “produzir”. Nesse sentido, o poeta seria aquele que faz versos.
Por sua vez, o gênero poesia se subdivide em:
[...] poesia narrativa, como o caso dos poemas épicos ou as baladas, as quais 
narram uma história bem desenvolvida com um enredo, e os poemas líricos, 
que são curtos e se caracterizam pela sua qualidade reflexiva e subjetiva 
(KLARER, 2004, p. 29). 
É nesse contexto que iremos considerar a poesia em língua inglesa.
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LITERATURAS DA LÍNGUA INGLESA: POESIA
Unidade I
1 A POESIA DE LÍNGUA INGLESA: DESDE OS PRIMÓRDIOS ATÉ O 
ROMANTISMO
1.1 De Beowulf a Chaucer
1.1.1 Beowulf: as primeiras narrativas
Conforme Hall (1992, p. 59), uma cultura nacional busca unificar seus membros em uma identidade 
cultural para representá-los como pertencendo à mesma e grande família nacional. No entanto, o 
ponto, como acrescenta o autor, é que a construção de uma identidade nacional e cultural implica uma 
estrutura de poder que vai necessariamente impor algumas formas culturais em detrimento de outras. 
No nosso caso, estudar a cultura e a literatura do “povo britânico” exige considerar o longo processo 
de relações violentas entre os romanos, celtas, saxões, vikings e normandos. Cada um desses povos 
subjugou os conquistados através da imposição de sua própria cultura, de seus costumes, línguas e 
tradições. A ideia era criar uma nação através da imposição de uma determinada hegemonia cultural.
Foram os monges cristãos que recolheram as narrativas orais dos saxões, transmitidas de geração em 
geração e, nos seus mosteiros, as registraram através da palavra escrita. Essa literatura está em forma de 
verso, mais do que prosa, porque a rima ajuda a memorização e a transmissão da literatura oral. Borges 
(2002, p. 7) explica que o verso é anterior à prosa: “Parece que o homem canta antes de falar. Um verso, 
uma vez composto, age como modelo. Repete-se outra vez, e chegamos ao poema”. 
1.1.2 Beowulf
Segundo pesquisadores da área, Beowulf é o mais antigo poema conhecido em língua inglesa. É 
um manuscrito saxão que data do século X e traz um poema composto ao redor do ano 700. A ação 
acontece na Escandinávia, em um tempo remoto àquele da sua audiência anglo-saxã, como já fica 
explicitado no primeiro verso:
Lo! We have heard the glory of the kings of the Spear-Danes in days gone 
by, how the chieftains wrought mighty deeds (WRIGHT, 1957, p. 45).
O poema, originariamente uma narrativa oral, conta a história de um guerreiro, Beowulf, que era o 
mais importante dentre as pessoas importantes de sua comunidade. Pelo fato de esse poema ter sido 
rescrito por um monge cristão, como explica Borges (2002, p. 13), muitos séculos após sua composição, 
o protagonista encarna as virtudes que eram apreciadas na Idade Média, como a coragem e a lealdade. 
Seu nome significa “lobo das abelhas” ou “urso”.
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Unidade I
Then, Beowulf of the Scyldings, beloved king of the people, was famed 
among warriors long time in the strongholds – his father had passed hence, 
the prince from his home – until noble Healfdene was born to him (WRIGHT, 
1957, p. 45).
Em vez de lutar contra homens, Beowulf luta contra um monstro, Grendel, que, por longo tempo, 
vinha atacando o reino do Rei Hrothgar:
The grim spirit was called Grendel, a famous march-stepper, who held the 
moors, the fen and the fastness. The hapless creature sojourned for a space 
in the sea-monster’s home after the Creator had condemned him (WRIGHT, 
1957, p. 45).
Veja como esse enfrentamento representa, justamente, a luta entre o bem e o mal, revelando que um 
dos fins da literatura, desde os seus primórdios, foi estabelecer os valores de uma comunidade. Aliás, se 
pensarmos dessa maneira, podemos nos reconciliar com a ideia de que essa narrativa violenta foi escrita 
por um monge em um mosteiro! 
 Lembrete
Como dito, esse poema é uma antíga lenda germânica que foi 
transformada em epopeia por um sacerdote erudito e barroco, como 
informa Borges (2002, p. 14). 
Podemos perceber o fato de o poema ter sido traduzido da tradição oral para a tradição escrita por 
um monge cristão não só nas referências ao bem e ao mal conforme definidos pelas crenças cristãs, mas 
também devido à presença de um único deus criador e de passagens bíblicas:
The eternal Lord avenged the murder on the race of Cain, because he slew 
Abel. He did not rejoice in that feud. He, the Lord, drove him [Grendel] far 
from mankind for that crime. Thence sprang all evil spawn, ogres and elves 
and sea-monsters, giants too, who struggled long time against God. He paid 
them requital for that (WRIGHT, 1957, p. 46).
Ao ler o poema, composto com mais de três mil versos, você perceberá as cores que se destacam na 
narrativa, o cinza e o preto, tingidos pelo vermelho do sangue. Perceberá igualmente o som associado com o 
rechinar dos dentes e o barulho dos ossos quebrando. Esse efeito sonoro da narrativa é produzido pelas muitas 
consoantes e poucas vogais das palavras do inglês arcaico, idioma no qual o poema foi escrito. 
Borges (2002, p. 8) assinala que a palavra “verso” tem um sentido muito elástico porque ela não 
significa o mesmo nem em todas as épocas, nem em todos os povos. Por exemplo, quando nós pensamos 
em verso, pensamos em rima. Mas nos versos germânicos, a rima era casual. O que se encontra é a 
aliteração, ou seja, a repetição de sons no começo de três das palavras do verso. Outra característica 
desse poema é o uso do “hipérbato”, ou seja, a alteração da ordem lógica da sentença.
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LITERATURAS DA LÍNGUA INGLESA: POESIA
 Saiba mais
Assista ao filme Beowulf e compare o enredo do poema com o da 
produção cinematográfica. Que mudanças foram introduzidas para que o 
poema se adaptasse à atualidade?
BEOWULF. Dir. Robert Zemeckis. EUA: Warner Bros., 2007. 215 minutos.
1.2 O Rei Artur e os cavalheiros da Távola Redonda
1.2.1 A Idade Média: a chegada dos normandos e as novas narrativas literárias
Passemos agora para a Invasão Normanda de 1066, liderada por William I (1066-1087), o Conquistador. 
Essa invasãoligou o futuro das Ilhas Britânicas ao da França pelo resto da Idade Média. Os normandos 
trouxeram a cultura e a língua francesa para a ilha, dando um fim ao período saxão, que unia a Inglaterra 
ao continente. 
 Observação
Foi William I quem instaurou o sistema feudal na Inglaterra quando 
dividiu as terras entre os nobres que, ao seu lado, invadiram a ilha. 
Com a invasão dos normandos, a língua, a literatura e a cultura saxãs foram reduzidas a um nível de 
subordinação com relação aos novos senhores. Por sua vez, a nova literatura produzida pelos normandos 
na ilha vai mostrar o processo de deslocamento cultural que uma invasão implica. Segundo Malone e 
Baugh (1977, p. 111), uma das consequências imediatas da conquista normanda foi a introdução da 
língua francesa no território conquistado.
A nova nobreza não falava inglês, nem se interessava por aprendê-lo. Isso porque os franceses foram 
para a Inglaterra para enriquecer e não porque tivessem algum tipo de interesse cultural; na verdade, 
consideravam a cultura saxã muito menos sofisticada que a sua. No entanto, o inglês continuou a ser 
falado pelo povo e, enquanto o francês era a linguagem da cultura, a língua inglesa era a linguagem 
dos considerados “incultos”. Isso porque a cultura, com “C” maiúsculo, estava associada ao colonizador 
francês. Assim, a Inglaterra estava dividida em duas línguas: a francesa, falada pelas classes dominantes, 
e o inglês, falado pelas pessoas comuns.
Embora a literatura fosse escrita em francês para a nobreza, o fato de estar longe da França fez com 
que o idioma perdesse sua pureza. Como consequência, o latim se tornaria a linguagem da cultura. Nos 
séculos XII e XIII, aparecem músicas e livros de história escritos em latim. Por outro lado, a língua inglesa 
(Middle English) incorporou muitos vocábulos importados da língua francesa.
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Unidade I
1.2.2 Em foco: o Rei Artur e os cavalheiros da Távola Redonda
Na Idade Média surgem as primeiras narrativas do romanesco. A mais famosa é a saga do Rei Artur 
e os Cavaleiros da Távola Redonda. As estórias contam a saga do Rei Artur, de sua esposa Guinevere e 
dos cavaleiros Gawain e Percival em sua busca pelo Cálice Sagrado.
 Observação
O gênero romanesco designa um certo tipo de narrativa associada 
ao maravilhoso, ao inverossímil e a um mundo idealizado e aristocrático, 
levado aos ingleses pelas mãos dos franceses. Esse gênero gozou de grande 
popularidade desde o século XVII (VASCONCELOS, 2002).
Tendemos a associar o romanesco às narrativas de amor, especialmente porque essas histórias 
medievais contam famosos “romances”, como o do cavaleiro Lancelot e a rainha Guinevere. Contudo, a 
associação não é exatamente adequada. O tema principal dessas narrativas é a história de cavalaria e 
suas muitas façanhas heróicas. Elas são histórias de aventuras, tanto em verso como em prosa, e o amor 
sempre está subordinado às peripécias sofridas pelos cavaleiros.
Por sua vez, essas histórias romanescas não têm um enredo central único, mas são compostas por 
uma sequência de incidentes relacionados. As personagens são “tipos”, mais do que individuos e, às 
vezes, devido a semelhanças de caráter, torna-se difícil distinguir uma da outra. Uma vez mais, porém, a 
importância dessas narrativas reside no fato de que elas representam o cavaleiro ideal (Lancelot, Tristam, 
Gawain), que, por sua vez, encarna as virtudes da época. Daí resulta o fato de não haver variedade na 
ação: todas essas narrativas são muito parecidas, pois a única maneira de um cavaleiro se distinguir é 
mostrando sua superioridade sobre os outros cavaleiros.
O romanesco é um gênero aristocrático. As primeiras narrativas sobre as lendas arturianas (lendas 
celtas anteriores à entrada dos normandos na Inglaterra) foram escritas, paradoxalmente, em francês, 
tanto na França como na Inglaterra. Essas histórias só começaram a ser escritas em inglês no século XIII, 
quando os normandos já haviam saído da Inglaterra havia quase um século, e o inglês havia se tornado 
a linguagem da classe alta.
Na verdade, caro aluno, Malone e Baugh (1977, p. 165) afirmam que não se sabe com certeza se 
Artur foi uma personagem histórica ou não. Como já dissemos, a lenda desse rei pertence à tradição 
celta estabelecida em Gales e Cornwall e ficou conhecida na Europa com a publicação da Historia 
Regum Britannie (1137), de Geoffrey de Monmouth, e as narrativas do escritor francês de romanesco 
Chretien de Troyes (1160-90).
As lendas de Artur apareceram pela primeira vez em língua inglesa por meio do trabalho de um 
humilde sacerdote de Worcestershire. No prefácio de seu texto, ele narra que seu nome é Layamon. 
Enquanto morava no mosteiro, ele decidiu escrever sobre as façanhas dos ingleses e, para isso, começou 
a viajar para coletar material. 
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Malone e Baugh (1977, p. 171) nos explicam que algumas alusões no poema de Layamon indicariam 
que ele o escreveu por volta do ano 1200. O poema em inglês é duas vezes mais longo do que o poema 
em francês, porque ele acrescentou todo o material recolhido em suas viagens. Um dos incidentes mais 
interessantes de sua narrativa é a criação da Távola Redonda, como consequência de uma briga iniciada 
em uma festa de Natal. A discussão teria se iniciado entre alguns convidados, e teria como tema a 
questão de quem se sentaria nos lugares de maior importância ao redor da mesa. Conta a lenda que, 
durante uma das viagens do Rei Artur para Cornwall, um hábil artesão se ofereceu para fazer uma mesa 
redonda, que poderia ser levada de um lugar a outro e ao redor da qual poderiam se sentar 160 pessoas 
ou mais, sem nenhuma discriminação.
Conforme já mencionado, a narrativa de Artur, em inglês, está organizada em uma série de episódios 
cuja única conexão é girarem em torno das aventuras do rei. Não há, dessa maneira, uma única narrativa 
que inclua a sua vida inteira, mas várias histórias que são episódios que tratam de diferentes aspectos 
da vida do herói: O Rei Artur e o Mago Merlin; Artur e os Cavalheiros da Távola Redonda; O Rei Artur e 
a Rainha Guinevere; Sir Gawain e o Cavalheiro Verde; Lancelot do Lago etc.
A seguir, incluímos uma citação de Sir Gawain and the Green Knight, na qual o cavaleiro reconhece 
que sua única virtude (e que é típica da sociedade medieval) é que ele tem sangue nobre, uma vez que 
está relacionado com o Rei Artur. Por outro lado, as palavras de Gawain são duvidosas: embora ele saiba 
que é o melhor dos cavaleiros de Artur, apresenta-se como o mais humilde.
I am the weakest [of your knights], I know, and am the dullest-minded,
So my death would be the least loss, if truth should be told;
Only because you are my uncle am I to be praised,
No virtue I know in myself but your blood (SIR GAWAIN…, 1999, p. 29).
1.3 Em foco: Robin Hood, Príncipe dos Ladrões
Você já deve ter assistido a filmes sobre Robin Hood ou ouvido referências a esse personagem, 
que roubava dos ricos para dar aos pobres e teria vivido na época em que a Casa de Anjou estava 
no poder. 
O último rei da Casa de Normandia, estabelecida por William I, foi Henry I (1100-1135). Ele foi 
sucedido pela Casa de Anjou, cujos mais famosos expoentes foram os reis Ricardo, Coração de 
Leão (1189-1199), famoso por sua participação na Terceira Cruzada (que teve como resultado a 
recuperação de Jerusalém dos chamados “infiéis”), e seu irmão, que entrou para a história como 
João Sem-Terra (1199-1216). João era o filho menor e, por isso, não teve direito à posse de terras, 
como seus irmãos. 
 Observação
Diferentemente de seu irmão, o querido Rei Ricardo, João ficou 
conhecido pelas suas injustiças.
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Uma das mais famosas figuras da literaturainglesa associada com esse período é a do lendário Robin 
Hood. Como o Rei Artur, não se sabe se ele, de fato, existiu. Sua história chegou até os nossos dias através 
das baladas, um dos gêneros populares da época, e de peças de teatro. Nessas narrativas, o herói, junto 
com seus amigos, o Pequeno John, Will Scarlet e Much, o filho do dono do moinho, e seus inimigos, o Rei 
João e o xerife, participam de várias aventuras nas quais Robin sempre triunfa contra os mesmos vilões.
Em 1377, o escritor medieval William Langland, autor de Piers Plowman, já faz referência às histórias 
de Robin. Por volta do ano 1500, ou talvez antes, não sabemos ao certo, muitas dessas aventuras haviam 
sido coletadas em forma de episódio, em A Gesta de Robin Hood. As aventuras de Robin eram recitadas 
em castelos, tavernas, feiras e em todos os lugares onde as pessoas se reuniam, por isso podemos afirmar 
que as narrativas orais estão por trás e foram a base dos episódios escritos. A Gesta de Robin Hood 
começa assim:
I
LITHE and listen, Gentlemen,
That be of free-born blood:
I shall you tell of a good yeoman,
His name was Robin Hood.
II
Robin was a proud outlaw,
The while he walked on ground;
So courteous an outlaw as he was one
Was never none y-found.
III
Robin stood in Barnèsdale,
And leaned him to a tree;
And by him stood Little John,
A good yeoman was he.
IV
And also did good Scathèlock,
And Much, the miller’s son;
There was none inch of his body,
But it was worth a groom (THE GESTE…, [s.d.]).
Como você pode inferir ao assistir às várias versões já produzidas com base na lenda de Robin Hood, 
suas baladas têm sido reescritas através dos séculos. Em algumas delas, ele é um homem do povo (yeoman); 
em outras, é um senhor. Uma das versões mais populares sobre Robin (que Hollywood tem narrado através 
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dos seus filmes) é que, ao lado do Rei Ricardo, ele (Sir Robin of Locksley) viaja para a Terra Santa. Durante 
sua ausência, o Rei João mata o pai de Robin e queima seu castelo. Quando Robin retorna, ele é obrigado 
a morar na floresta de Sherwood. Assim, ele se torna o herói de todos aqueles que sofreram nas mãos de 
João e passa a ser conhecido como “O Príncipe dos Ladrões”, que rouba para ajudar os pobres. 
Robin é a contrafigura popular de heróis aristocráticos como o Rei Artur. Sempre pronto para a 
aventura e com muito senso de humor, ele é o herói dos fracos, pobres e honestos. Embora sempre leal 
ao Rei Ricardo, Robin toma a lei em suas mãos quando preciso e sua vida está marcada pelos encontros 
frequentes com o xerife de Nottingham. 
A história que contam as baladas é a da Inglaterra medieval, antes da Reforma introduzida pelo Rei 
Henrique VIII (que vai unir a Coroa e a Igreja, conferindo ao rei imensos poderes), quando a nação ainda 
era “Merry England”. Ortodoxamente cristã, a sociedade estava organizada comunitariamente, segundo 
o modelo das fraternidades, que tinha como objetivo principal o bem-estar da comunidade; e a justiça 
era aplicada através da ação direita, como o faz Robin:
I was considered the best archer
That was in Merry England (THE GESTE…, [s.d.]).
Um dos fatos interessantes das histórias do ciclo de Robin Hood, como também das lendas de Artur, 
é que elas estão escritas em inglês, no que se chamou de “Middle English”. No ano de 1244, após a 
derrota de Normandia pelos ingleses, os laços da Inglaterra com o continente foram cortados. Aliás, os 
reis da Inglaterra e da França outorgaram um decreto que proibia a posse de terras pela mesma pessoa 
em ambos os países. Assim, aqueles que ficaram na Inglaterra assumiram sua identidade inglesa e o 
idioma inglês, aos poucos, foi se tornando a língua falada por todos os habitantes do reino.
 Saiba mais
Um livro muito interessante sobre a lenda de Robin Hood é: 
KNIGHT, S.; OHLGREN, T. H. (Ed.). Robin Hood and other outlaw tales. 
Michigan: Medieval Institute Publications, 1997. 
1.4 Outras manifestações literárias 
O outro tipo de literatura que floresceu na Idade Média tem a ver com manifestações religiosas, uma vez 
que, nessa época, a vida girava em torno da figura de Deus. Um dos poemas mais importantes em língua 
inglesa, escrito com o propósito da instrução religiosa e guia moral do povo, é o Ormulum. O objetivo de Orm, 
seu autor, segundo ele mesmo expõe no prefácio, é explicar para o povo “ignorante” os textos sagrados que são 
lidos na missa todos os dias e “suprir as necessidades da alma” (MALONE; BAUGH, 1977, p. 158). O método a 
que se propõe é começar com uma paráfrase de um texto bíblico e logo explicá-lo por extenso, contudo, não é 
isso que ele faz, uma vez que narra a vida de Cristo em uma série de episódios. 
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Um dos aspectos interessantes de Ormulum é que o autor se identifica; nesse aspecto, é diferente 
de muitos textos da Idade Média, que são anônimos porque a ideia dominante é a de que, tratando-se 
de uma arte dedicada à palavra de Deus, nem o aqui e agora, nem a figura do autor interessam. Ele, 
nesse sentido, já antecipa o ano 1340, quando surgirá a figura de Geoffrey Chaucer, um dos poetas mais 
importantes da Inglaterra de língua inglesa.
1.5 Geoffrey Chaucer e Os Contos de Cantuária
1.5.1 A emergência da burguesia
A. L. Morton (1970, p. 73-75) aponta que, na Inglaterra, o século XIII é marcado por uma transformação 
geral do feudalismo cujo resultado foi o seu declínio e o crescimento do que Morton chama da “agricultura 
capitalista”. Ao final do século XIII, acrescenta o historiador, quase todas as cidades alcançaram certa 
autonomia. Então, depois de obter isenção dos tributos feudais, o principal objetivo de qualquer cidade 
era manter seus negócios nas mãos dos próprios burgueses, baseando-se no princípio de que apenas 
aqueles cujo trabalho tivesse contribuído para a libertação da cidade teriam o direito de compartilhar 
dos seus privilégios. 
Todas essas mudanças na economia e na sociedade da Inglaterra fizeram surgir um novo tipo 
de narrativa literária. Um dos poetas importantes nessa época de profundas mudanças foi Geoffrey 
Chaucer. Conforme nos informam Malone e Baugh (1977, p. 249), acredita-se que Chaucer tenha 
nascido em 1340, quando a Guerra dos Cem Anos com a França tinha acabado de começar. Três vezes 
durante sua vida (entre 1348 e 1349) a peste, então chamada de “black death”, assolou a Inglaterra. 
 Observação
A peste (black death) começou a se espalhar a partir da Ásia Central e 
chegou à Itália em 1347. De lá, alastrou-se pela Europa, chegando ao sul 
da Inglaterra em 1348. A peste, também chamada de peste bubônica, foi 
causada por um bacilo dos roedores, transmitido aos humanos pelas pulgas 
(CUNLIFFE, 2004, p. 104).
No ano de 1381, houve uma grande revolta quando as pessoas do campo se rebelaram por não 
desfrutarem dos mesmos direitos da nobreza. Chaucer pertencia a essa classe social ascendente: sua 
família não era nem do clero nem da nobreza, mas ricos comerciantes. Cedo, Chaucer tornou-se pajem 
na casa da Duquesa de Ulster, esposa de Lionel, filho do Rei Eduardo III. Em 1359, foi soldado na França, 
onde foi feito prisioneiro. O Rei Eduardo III precisou pagar o seu resgate. 
Em 1366, Chaucer se casou com Philippa, uma mulher de classe alta, a serviço da rainha. Há 
registros mostrando que ele foi contratado para realizar missões a serviço do rei tanto na Inglaterra 
quanto no continente, o que lhe permitiu entrar em contato com outras línguas e literaturas, como 
a italiana e a francesa. 
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Chaucer escreveu em inglês, em um dos dialetos da cidade de Londres. Entretanto, como achava a 
língua limitada, importou termos do francês e da literatura europeia para a línguainglesa. 
É preciso destacar que o autor escreveu em uma época em que muitas pessoas não sabiam ler, 
e que havia uma forte tradição de narrativa oral entre o povo. Assim, um poema como Os Contos 
de Cantuária (The Canterbury Tales) contém uma série de referências que possibilitam tanto a leitura 
silenciosa quanto a declamação do texto, às vezes dentro do mesmo parágrafo.
Através d’Os Contos de Cantuária, sua obra-mestra, ele criou histórias nunca antes narradas, retratando 
o dia a dia do homem e da mulher comum. A visão que perpassa seu texto é tolerante, bem-humorada, 
apaixonada e cheia de amor pela humanidade. A modernidade de seu texto estaria na linguagem escolhida, 
conforme assinala Burgess (1996): ele nos fala hoje como falava às pessoas de seu tempo.
A narrativa está organizada ao redor de uma peregrinação à Cantuária, cidade onde há o santuário 
do mártir Sir Thomas Becket. Esse tipo de peregrinação era comum nessa época. Quando a primavera 
chegava e a neve derretia, as estradas tornavam-se mais seguras, e as pessoas de todos os níveis sociais 
iam para os lugares sagrados. 
Assim começa o prólogo à narrativa:
As soon as April pierces to the root
The drought of March, and bathes each bud and shoot
Through every vein of sap with gentle showers
From whose engendering liquor spring the flowers;
When zephyrs have breathed softly all about
Inspiring every wood and field to sprout,
And in the zodiac the youthful sun
His journey halfway through the Ram has run;
When little birds are busy with their song
Who sleep with open eyes the whole night long
Life stirs their hearts and tingles in them so,
Then people long on pilgrimage to go (CHAUCER apud MALONE; BAUGH, 
1977, p. 249).
Thomas Becket tinha sido assassinado durante o reinado de Henrique II, e é mencionado no poema:
And specially in England people ride
To Canterbury from every countryside
To visit there the blessed martyred saint
Who gave them strength when they were sick and faint (CHAUCER apud 
MALONE; BAUGH, 1977, p. 249).
Os peregrinos viajavam juntos, e era comum se reunirem na Taverna Tabard (Tabard Inn), na cidade 
de Londres, um dos mais importantes centros de toda a Europa. Durante as peregrinações, as pessoas 
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que iam e voltavam da Cantuária contavam histórias. A Tabard Inn era parte da peregrinação, e o 
melhor narrador ganhava um jantar oferecido pelo dono da pousada. Geoffrey Chaucer narra o fato em 
primeira pessoa, retratando a si mesmo como um peregrino:
In Southwark, at the Tabard one spring day
It happened, as I stopped there on my way
Myself a pilgrim with a heart devout
Ready for Canterbury to set out (CHAUCER apud MALONE; BAUGH, 1977, p. 249).
Como apontam Malone e Baugh (1977, p. 260), o interessante dessa narrativa, cuja estrutura é a 
mesma d´As Mil e Uma Noites, é que ela representa todos os tipos sociais, porque inclui diferentes perfis 
de pessoas, que, por sua vez, narram histórias dos mais variados teores: há um barão, um cavaleiro, 
profissionais como um doutor, um advogado, um comerciante, um marinheiro e religiosos (uma madre 
superiora, um monge e um sacerdote); há também um persoangem fazendeiro e um cozinheiro de 
Londres. Através de todas as vozes de suas personagens, Chaucer critica a sociedade de seu tempo. 
Um aspecto interessante dessa narrativa é que as personagens são muito bem-elaboradas: eles não 
são tipos vazios, mas verdadeiros indivíduos, com suas características peculiares. Como cada um tem sua 
visão particular da vida, suas personalidades estão sempre em tensão.
A narrativa começa com um prólogo no qual as personagens são apresentadas tão detalhadamente 
que passam a impressão de terem sido conhecidas por Chaucer na vida real. Também nesse prólogo está 
o plano da narrativa. O projeto inicial era que cada peregrino narrasse duas histórias na ida e duas na 
volta. Porém, há vinte e quatro histórias no total. Dessas, duas são interrompidas antes do final, e duas 
se acabam tão logo começam:
At night came all of twenty-nine assorted 
Travelers, and to that same inn resorted,
Who by a turn of fortune chanced to fall
In fellowship together, and they were all
Pilgrims who meant toward Canterbury to ride (CHAUCER apud MALONE; 
BAUGH, 1977, p. 249).
As narrativas são organizadas em contraponto, com pessoas de diferentes estratos sociais narrando 
histórias sobre um mesmo tema. A primeira é uma narrativa de amor, contada pelo Cavaleiro sobre 
os sentimentos de dois de seus amigos, Palamon e Arcite, por uma mesma mulher. O segundo conto 
deveria ser narrado pelo Monge, mas o Moleiro está bêbado e insiste em narrar uma história indecente. 
Quando finaliza sua narrativa, o Magistrado se ofende e conta uma outra, igualmente ofensiva, sobre 
um moleiro. Então, o Cozinheiro quer contar a sua versão, mas Chaucer deve ter pensado que era 
demais, e a narrativa é interrompida.
A narrativa de Chaucer representa a comédia humana do século XIV, pois ele mostra a sociedade de 
seu tempo não só através do que contam suas personagens, mas também da maneira como elas agem. 
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2 OS SONETISTAS ELISABETANOS – EM FOCO: WILLIAM SHAKESPEARE
2.1 A poesia e o teatro no Período Elisabetano
A passagem do teocentrismo para o antropocentrismo marcou a transição da Idade Média para 
a Renascença. Na ordem teocêntrica, Deus era colocado no centro de tudo. No antropocentrismo, 
o Homem, com suas dúvidas e questões filosóficas, passa a ocupar o centro do pensamento e das 
artes. Assim, a transição de Chaucer a Shakespeare é marcada pela mudança da ordem teocêntrica 
para a nova ordem, na qual o ser humano está no centro dos acontecimentos. É um mundo novo, 
como Shakespeare diz na sua peça The Tempest: “O Brave New World, that has such people in it” 
(SHAKESPEARE, 2000, adaptado).
Foi uma época de florescimento do teatro, da poesia e da prosa. Nesta última, e especialmente no 
campo da história, destaca-se o filosofo Sir Francis Bacon (1561-1626). 
Precisamos nos lembrar de que, no século XIV, o romance (tal como o conhecemos hoje) ainda não 
existia, mas havia narrativas pastorais, como as de John Lyly (1553-1606).
Na poesia lírica, destacamos o soneto. Klarer faz as seguintes considerações sobre o soneto, uma das 
formas mais destacadas da poesia durante o período elisabetano:
Conforme a rima e o tipo de estrofe, pode-se distinguir entre o soneto 
Italiano (ou de Petrarca [1304-1374]) introduzido por Thomas Wyatt 
(1503-1542), forma que foi desenvolvida por Edmund Spenser (1553-
1599), e ficou conhecida como soneto spenseriano e, finalmente, pelo 
soneto shakespereano, quando esse estilo de poesia foi desenvolvida e 
aperfeiçoada por William Shakespeare. Wyatt queria civilizar a poesia e 
língua inglesa e, por isso, fez traduções de sonetos de Petrarcha para a 
língua inglesa. Ao assim o fazer, os ingleses começaram a se familiarizar 
com essa forma e a imitar em língua inglesa. Um dos pontos em comum, 
aparte da forma, é o tema dos sonetos, o amor. Contudo, para Petrarca 
o amor é entendido como uma força transcendental que nos eleva a 
um plano superior de perfeição, para Wyatt, e seus seguidores, o amor é 
terrenal e muitas vezes sombrio e cínico, já que o tema principal muitas 
vezes é a inconstância feminina. A respeito da forma, enquanto o soneto 
de Petrarca consiste de uma oitava com rima abba abba, seguido de um 
sexteto de rima variável, Wyatt utiliza a oitava de Petrarca, mas a rima do 
sexteto é cddc ee. Essa é uma verdadeira contribuição inglesa ao soneto. 
Por sua vez, os sonetos de Wyatt foram publicados em uma das primeiras 
antologias de poesias, publicadas pela primeira vez durante o reinado e 
Henry VIII por Richard Tottel e ficou conhecido como Tottel’s Miscellany, 
Songs and Sonnets. Dos 250 poemas publicados no livro, 90 pertencema 
Wyatt (KLARER, 2004, p. 42-3).
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É já famosa a história conforme a qual Thomas Wyatt foi o último amante de Anne Bolyen (1501-
1536), antes de ela atrair o interesse do Rei Henrique VIII. No famoso soneto “Whoso list to Hunt”:
Whoso list to hunt, I know where is an hind,
But as for me, helas! I may no more. 
The vain travail hath wearied me so sore, 
I am of them that furthest come behind. 
Yet may I by no means, my wearied mind 
Draw from the deer; but as she fleeth afore 
Fainting I follow. I leave off therefore, 
Since in a net I seek to hold the wind. 
Who list her hunt, I put him out of doubt, 
As well as I, may spend his time in vain; 
And graven in diamonds in letters plain 
There is written, her fair neck round about, 
“Noli me tangere, for Caesar’s I am,
And wild to hold, though I seem tame”. 
(GREENBLAT, 2006, p. 348)
O eu lírico do poema pergunta ao leitor quem gosta de caçar porque conhece uma hind, ou seja, uma 
cerva, acrescentando que conhece uma, mas que, como se separou do grupo de caçadores, infelizmente, 
não mais se interessa por caçá-la, embora ainda a siga com seu pensamento. Enquanto ela corre na 
frente, ele continua a segui-la, apesar de cansado, e compara seu esforço ao de tentar caçar o vento 
com uma rede. Logo, ele observa que a caça é infrutífera, porque a cerva tem um colar com letras de 
diamantes que identifica o dono: “Noli me tangere, for Caesar’s I am” – ninguém pode me tocar, porque 
pertenço a César (nesse caso, ao Rei Henrique VIII). 
Um dos aspectos mais interessantes do soneto de Wyatt é que ele está baseado na rima 190 de 
Petrarca, a qual foi traduzida ao inglês pelo próprio Wyatt e que citamos a seguir:
Petrarch, Rima 190
A Modern Prose Translation
A white doe on the green grass appeared to me, with two golden horns, 
between two rivers, in the shade of a laurel, when the sun was rising in the 
unripe season.
Her look was so sweet and proud that to follow her I left every task, like the 
miser who as he sees treasure sweetns his trouble with delight.
“Let no one touch me”, she bore written with diamonds and topazes around 
her lovely neck. “It has pleased my Caesar to make me free”.
And the sun had already turned at midday; my eyes were tired by looking 
but not sated, when I fell into the water, and she disappeared (GREENBLAT, 
2006, p. 350-351).
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Philip Sidney (1554-1586), por sua vez, estabeleceu essa forma no seu poema Astrophel and Stella e 
Edmund Spenser (1552-1599) a desenvolveu, em sua obra Amoretti, em três quartetos e um dístico, os 
quartetos com rimas abab bcbc cdcd, e o dístico, ee. 
Spenser, aliás, está entre os maiores poetas não dramáticos desse período, tendo aprimorado a língua 
inglesa. Ele ficou conhecido por seu poema The Fearie Queene, que é uma alegoria sobre as virtudes 
humanas. No poema, a rainha Elizabeth I é ficionalizada por meio da figura de Gloriana, pois a glória de 
seu governo deveu-se ao seu caráter virtuoso. Foi esse, então, um poema de grande importância em um 
momento de forte sentimento nacionalista:
What guile is this, that those her golden tresses
She doth attire under a net of gold;
And with sly skill so cunningly them dresses,
That which is gold or hair, may scarce be told?
Is it that men’s frail eyes, which gaze too bold,
She may entangle in that golden snare;
And being caught may craftily enfold
Their weaker hearts, which are not yet well aware?
Take heed therefore, mine eyes, how ye do stare
Henceforth too rashly on that guileful net,
In which if ever ye entrapped are,
Out of her bands ye by no means shall get.
Folly it were for any being free,
To covet fetters, though they golden be (GREENBLAT, 2006, p. 365).
Por fim, chamamos a atenção para a estrutura do soneto shakespeareano: 14 versos, três 
quartetos e um dístico ou epígrafe e sua rima: abab cdcd efef gg. Cada quarteto introduz uma 
imagem que se relaciona com o tema do poema. E as imagens, por sua vez, apresentam ideias em 
contraponto, que se resolvem no dístico final. As dimensões lexicais (uso de figuras da linguagem), 
visuais (imagens) e rítmicas ou acústicas (rima) contribuem para enfatizar determinados 
significados do tema apresentado. 
Os temas principais dos 154 sonetos shakesperianos são o amor, a admiração da beleza física, a 
riqueza intelectual e a arte. Uma curiosidade é que a misteriosa dedicatória desses sonetos a “uma bela 
dama” e a um “jovem amigo” tem intrigado os leitores de todos os tempos e lugares. 
Sua estratégia retórica principal é o “conceito”, uma imagem criada por meio de analogias, 
como mostra o verso inicial do soneto 18 de Shakespeare: “Shall I compare you to a summer’s day?” 
(SHAKESPEARE, 2013, p. 16). Os dois versos finais, por sua vez, expõem o tema principal: “So long as men 
can breathe or eyes can see,/So long lives this, and this gives life to thee” (ibidem, p. 16). Veja o poema 
na íntegra na sequência:
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Unidade I
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Shall I compare thee to a summer’s day?
Thou art more lovely and more temperate.
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer’s lease hath all too short a date.
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimmed;
And every fair from fair sometime declines,
By chance, or nature’s changing course, untrimmed;
But thy eternal summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou ow’st,
Nor shall death brag thou wand’rest in his shade,
When in eternal lines to Time thou grow’st.
 So long as men can breathe, or eyes can see,
 So long lives this, and this gives life to thee (SHAKESPEARE, 2013, p. 16).
 Lembrete
Os sonetos de Shakespeare, 154 no total, pertencem a um ciclo através 
do qual o autor discute determinados temas, como o amor.
2.1.1 O teatro
Embora o tema principal deste livro-texto seja o gênero poesia, vamos fazer algumas referências ao 
gênero teatro, uma vez que ele foi o mais popular no século XVI, ou seja, uma das formas da cultura 
oral em uma sociedade na qual poucos sabiam ler ou escrever. Além disso, abordaremos especialmente 
o teatro de William Shakespeare, cujas personagens nobres, como veremos, falam em forma de poesia, 
o que faz com que contenham alguns dos mais belos sonetos da língua inglesa.
Na Inglaterra, como aponta Burgess (1996, p. 73), o teatro não tinha uma reputação muito 
boa, e esse fato se explica ao considerarmos os acontecimentos ocorridos nos palcos nos últimos 
dias do Império Romano. Nessa época, o teatro estava associado a uma prática perversa, uma vez 
que ações repreensíveis realizavam-se no palco: pessoas condenadas à morte eram mortas; o ato 
sexual consumava-se diante dos olhos do público. De fato, por incrível que pareça, o teatro voltou 
à cena na Europa através da Igreja.
No período medieval, havia duas formas de fazer teatro, as chamadas peças de “mistérios” (mystery 
plays) e as de “milagres” (miracle plays). Os mistérios eram uma espécie de peça religiosa introduzida 
na Inglaterra pelos normandos que baseava-se em personagens das Sagradas Escrituras e tratava dos 
milagres de Cristo e de seus seguidores. Essas peças passaram por um processo de secularização quando 
começaram a ser representadas não mais no pátio das igrejas, mas em lugares públicos. Se antes os 
“atores” eram homens religiosos, agora eram laicos. 
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Os mistérios e milagres eram representados no dia mais longo do verão nórdico, ou seja, na festividade 
de Corpus Christi, ocasião em que os representantes das diferentes guildas encenavam peças baseadas 
em passagens da Bíblia. Cada uma das guildas escolhiauma passagem para representar: “A Queda de 
Lúcifer”, “A Última Ceia”, “Os Três Magos” etc. 
Conforme dissemos, no século XV, há um processo de secularização. Aparecem, então, as chamadas 
“peças de moralidade” (morality plays) e “interlúdios” (interludes). 
As moralidades eram alegorias religiosas ou semirreligiosas. Seu objetivo era, justamente, ensinar 
uma lição moral: apresentavam ideias abstratas como se fossem pessoas. Por exemplo, na peça Everyman 
(Todos Nós), a Morte aparecia a Everyman e chamava os amigos para acompanhá-lo em sua morte: A 
Beleza, Os Cinco Sentidos, O Poder, A Inteligência. Entretanto, só “Boas Ações” estava disposta a viajar 
ao túmulo com ele. Assim, Everyman aprendia que nem os prazeres, nem os amigos nos ajudam no 
caminho da morte. Os interlúdios, por sua vez, eram peças encenadas nos castelos e casas de pessoas 
ricas, durante eventos ou comemorações.
No período elisabetano, duas formas de teatro vão se impor: a tragédia e a comédia, mostrando 
a influência dos clássicos, elemento característico da Renascença. Brooke e Shaaber (1977, p. 460) 
explicam que não havia uma tradição inglesa no gênero tragédia. Então, as primeiras peças trágicas 
eram baseadas em Sêneca e começaram a ser escritas por volta de 1580 por fidalgos inspirados no 
escritor romano. 
O teatro inglês, por sua vez, pode se dividir em duas fases: antes e depois de William Shakespeare. 
Como dito, durante a época dos Tudors, houve um processo de secularização, marcado pelo aparecimento 
de um grupo de homens chamados de “University Wits”, ex-alunos de Oxford e Cambridge. Esses jovens 
eram talentosos, mas sem dinheiro e, diferentemente dos copistas da Idade Média, não desejavam 
tornar-se clérigos, então, adotavam profissões seculares, como a escrita de peças de teatro. Embora 
tão inteligente e talentoso como os University Wits, Shakespeare não era um deles, já que não teve a 
oportunidade de estudar em Oxford ou Cambridge.
Essas peças eram primeiramente representadas nas tavernas de Londres, uma das cidades mais 
prósperas da Europa, para onde convergiam pessoas de toda a Europa. Conforme os hóspedes chegavam 
à taverna todos os dias, as peças começaram a ser representadas diariamente e, como isso produzia 
grande comoção em Londres, o Conselho da Cidade baniu a representação das peças dentro dos limites 
da cidade. 
Então, Sir James Burbage, diretor da Companhia Leicester, construiu um teatro fora dos limites 
de Londres, em 1576, chamado de “The Theatre”. Em 1578, Philip Henslow construi “The Rose”. 
Em 1594, foi erigido “The Swan”. Shakespeare construiu “The Globe” em 1598. Nesses teatros, 
atuavam duas grandes companhias: “The Lord Chamberlain”, que logo se chamou “The King’s 
Men”, e “The Lord Admiral’s”.
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 Saiba mais
Tom Stoppard, o famoso dramaturgo e roteirista de Shakespeare 
in Love (Shakespeare Apaixonado), resgata todos esses detalhes no 
filme, desde os nomes das companhias até os nomes dos atores mais 
famosos. Vale a pena assistir!
SHAKESPEARE apaixonado. Dir. John Madden. EUA: Universal Pictures, 
1998. 123 minutos.
Um dos grandes autores do gênero dramático foi Christopher Marlowe (1564-1593), relegado 
à sombra de William Shakespeare até ser redescoberto pelos críticos do Romantismo no século XIX. 
Isso vem mostrar, como já observamos, que os escritores entram no cânone não só pelo valor de suas 
metáforas, mas por outras motivações conjunturais. 
A curta vida de Marlowe continua sendo um mistério até os nossos dias. Sabe-se que ele nasceu 
na Cantuária, filho de um sapateiro, e educou-se em Cambridge, morrendo assassinado em uma briga 
de taverna, aos 29 anos. Há a suspeita de que Marlowe possa ter sido um espião, fato que pode ter 
contribuído para perpetuar o enigma sobre ele até os nossos dias.
Marlowe escreveu poesia e teatro. Suas peças mais conhecidas são Tamburlaine, The Great (Tamerlão, 
O Grande – 1587), The Jew of Malta (O Judeu de Malta –1589), e Fausto. Marlowe era habilidoso em 
condensar a lírica em belos versos brancos e fez do uso metafórico da linguagem uma parte estrutural 
das peças de teatro; ou seja, combinou a poesia e o teatro, dando uma nova força à ação dramática, 
logo aperfeiçoada por Shakespeare. Em Edward II (Eduardo II), Marlowe transformou a primeira crônica 
histórica em uma peça de teatro, formato também desenvolvido por Shakespeare em suas famosas 
peças históricas. 
O tema central das peças e poemas de Shakespeare é a maneira como as autoridades corruptas e os 
deuses ferozes oprimem o indivíduo, e como este busca sua liberdade. Em outro nível, em uma época 
de forte nacionalismo, sua paixão pela verdade e pela justiça revelam-se em suas personagens, seres 
alheios e excluídos da cultura inglesa, como um pesquisador alemão, um judeu de Malta, um turco, uma 
rainha africana. A sua discussão da relação entre judeus, islamitas e cristãos tem grande vigência no 
nosso complexo cenário multicultural de hoje. 
Na comédia, destaca-se o nome de Ben Jonson (1572-1637). Algumas vezes, sua sátira levou as 
autoridades a fechar os teatros e levar à prisão o dramaturgo e seus atores. Sua peça mais conhecida 
é Every Man in His Humor. À primeira vista, a peça é uma comédia italiana, gênero popular na época, 
porém, olhando com mais atenção, percebe-se, nas entrelinhas, que faz uma crítica ácida à sociedade 
inglesa. No texto, Jonson critica as insinceridades e banalidades da época. A fonte de humor são as 
personagens e suas obsessões. Brooke e Shaaber (1977, p. 560) explicam a peça como um esforço de 
utilizar o teatro como sátira social e, assim, fugir da censura da época.
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2.1.2 Em foco: William Shakespeare
Na Renascença, William Shakespeare (1564-1616) tornou-se o grande nome do teatro inglês. Sua 
figura tem as mesmas dimensões que a de Camões tem nas culturas de língua portuguesa, Cervantes, 
nas de língua espanhola ou Dante, nas de língua italiana. Autor de comédias, tragédias, peças históricas 
e sonetos, Shakespeare nasceu no quinto ano do reinado da rainha Elizabeth I em Stratford-upon-Avon, 
no centro rural da Inglaterra, rico em lendas e associado com as personagens da Guerra das Duas Rosas. 
Shakespeare frequentou a Stratford Grammar School, de ótima reputação. Aos dezoito anos, casou com 
Anne Hathaway e o nascimento de seus três filhos deu fim à sua educação.
Em pouco tempo, partiu para Londres, seguindo sua vocação para o palco. Antes de 1594, já era 
amigo do Earl of Shouthampton, a quem dedicou a maioria de seus sonetos. Foi um dos principais atores 
na Companhia do Lord Chamberlain que, em 1603, passou ser patrocínado pelo Rei James I. O nome 
de Shakespeare apareceu por escrito pela primeira vez em 1594, com a publicação de sua peça Titus 
Andronicus. Já em 1599, era o dono do Teatro Globo. Então, Shakespeare parou de atuar e dedicou-se a 
escrever peças de teatro. Em 1609, seus sonetos foram publicados. Após sua morte, em 1616, suas peças 
foram coletadas e publicadas no First Folio em 1623.
 Observação
First Folio é a nomenclatura pela qual muitos estudiosos costumam se 
referir à primeira versão escrita das peças de Shakespeare.
Nos últimos três séculos, Shakespeare tem sido estudado e reescrito inúmeras vezes, adquirindo 
diferentes significados em diferentes contextos culturais. Foi no final do século XVIII e no começo do 
XIX, no auge do império britânico, que sua fama alcançou níveis de idolatria, e sua metáfora foi elevada 
a nível de narrativa nacional, tornando-se elemento de dominação entre as culturas colonizadas pelos 
ingleses. Ele foi um dos primeiros escritores a ser incluído no cânone inglês, quando a literatura inglesa 
tornou-se tema de estudo para trabalhadores, mulheres e colonizados. Posteriormente, ascendeu ao 
currículo da Universidade deCambridge, na Inglaterra.
 Observação
Hoje Shakespeare é representado não só no teatro, mas também 
no cinema e na televisão. Suas peças têm sido rescritas e adaptadas a 
diferentes momentos históricos, como a peça histórica Richard III, que 
foi posteriormente ambientada durante o Nazismo, traçando um paralelo 
entre o Rei Ricardo e Adolf Hitler. Hamlet, por exemplo, foi reescrita pelo 
dramaturgo Tom Stoppard a partir da perspectiva de duas personagens 
menores da peça em Rosencratz and Guildenstern are Dead. Romeo and 
Juliet tem sido reescrita inúmeras vezes, às vezes recriando o cenário 
italiano, em outras, ambientando a história num cenário inglês ou norte-
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americano, como na versão com Leonardo DiCaprio. Da mesma maneira, 
a vida de Shakespeare foi recriada no filme Shakespere in Love, no qual 
Shakespeare é autor, ator e tema principal da narrativa.
No entanto, sua fama também teve seus dias obscuros. Por ser considerado um escritor perfeito, 
quase sobrenatural, passou-se a duvidar se teria sido ele mesmo o autor de suas peças e sonetos, ou 
se elas não teriam sido compostas por Christopher Marlowe, por exemplo. Muito tem se falado da 
originalidade de Shakespeare, sob a alegação de que seus temas não eram novos. Suas fontes foram 
variadas: romances italianos e franceses; livros de viagem; poemas latinos. Para suas tragédias e peças 
históricas, as fontes eram tristes histórias da morte de reis, crônicas, livros de história, biografias, peças 
mais antigas. Muitas vezes suas peças eram reescrituras de outras histórias já existentes. Sua arte, porém, 
não residia na novidade de seus temas, mas na qualidade e vigor de seus enredos. Por isso se fala que 
Shakespeare “put new wine into old bottles”. 
Assim, através das peças de Shakespeare, podemos nos transladar dos campos de batalha da Guerra 
das Duas Rosas à Dinamarca de Hamlet, da Verona de Romeu e Julieta, à ilha de Próspero, no novo 
mundo e, em todos os casos, aos intrincados labirintos que são a alma e o coração humano. Note 
que, desse modo, seu público era posto em contato tanto com cenas relacionadas a sua cultura (se 
reconhecendo nas personagens no palco), como com cenas de mundos desconhecidos e atraentes.
Como no caso de Marlowe, suas peças se caracterizam pela riqueza poética. Shakespeare sugeria 
através das palavras (metáforas e imagens) o que não podia ser representado com gestos. Suas 
personagens principais, de classe alta, falam em versos, enquanto as personagens menores falam em 
prosa. Como exemplo, lembremos o belo soneto de Romeu, quando vê Julieta pela primeira vez (Ato I. 
Cena V), entrelaçando a linguagem poética e a ação dramática:
O she does teach the torches to burn bright!
It seems she hangs upon the cheek of night
As a rich jewel in an Ethiop’s ear;
Beauty too rich for use, for earth so dear.
So shows a snowy dove trooping with crows,
As yonder lady o’er her fellows shows.
The measure is done, I’ll watch her place of stand,
And, touching hers, make blessed my rude hand.
Did my heart love till now? Forswear it, sight,
For I never saw true beauty till this night (SHAKESPEARE, 1965, p. 324).
O uso da linguagem, desde a metáfora sofisticada até as falas e o humor corriqueiros, mostram 
que Shakespeare se dirigia a todo tipo de público, podendo encenar suas peças tanto na corte da 
Rainha Elizabeth ou do Rei James I, seu sucessor, como nos teatros frequentados por populares, mesmo 
com tempo inclemente. O interesse maior era envolver seu público com as ações no palco. Por isso, as 
peças estão estruturadas como uma pirâmide hierárquica: começam com personagens representando 
as pessoas mais simples discutindo o tema a ser dramatizado e vão num crescente até surgirem as 
personagens principais.
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Os enredos são compactos e simples, baseados em conflitos humanos, entrelaçados por meio de uma 
relação de causa e efeito. Um exemplo seria o prólogo à peça Romeu e Julieta, no qual a ação e o tema 
da peça são apresentados de maneira precisa através de uma linguagem metafórica de grande efeito: 
Two households, both alike in dignity,
In fair Verona where we lay our scene,
From ancient grudge break the new mutiny,
Where civil blood makes civil hands unclean
From forth the fatal loins of these two foes
A pair of star-crossed lovers take their life;
Whose misadventured piteous overthrows
Does with their death bury their parents’ strife
The fearful passage of their death-marked love,
And the continuance of their parents’ rage,
Which, but their children’s end, nothing could remove,
Is now the two hours’ traffic of our stage,
The which, if you with patient ears attend,
What here shall miss, our toil shall strive to mend (SHAKESPEARE, 1965, p. 1).
A tragédia origina-se nas paixões humanas; na ambição, nos ciúmes, no ódio, na vingança e acaba 
em morte, como mostra a última fala de Romeu e Julieta:
A glooming peace this morning with it brings;
The sun for sorrow will not show his head.
Go hence, to have more talk of these sad things.
Some shall be pardoned, and some punished;
For never was a story of more woe
Than this of Juliet and her Romeo (SHAKESPEARE, 1965, p. 201).
Porém, nessas sombrias tragédias, nas quais os conflitos humanos se dramatizam em toda sua 
complexidade e crueza, nunca falta o elemento de humor, que ajuda a distender as tensões criadas pela 
natureza das narrativas. Um exemplo seria o diálogo entre os criados da casa dos Capuletos, no início 
de Romeu e Julieta:
Sampson: Gregory, on my word, we’ll not carry coals.
Gregory: No, for then we should be colliers.
Sampson: I mean, and we be in choler, we’ll draw.
Gregroy: Ay, while you live, draw your neck out of collar (SHAKESPEARE, 
1965, p. 5).
Nas comédias, o amor é o principal elemento, mas devido à mudança de fortuna ou confusões, 
há uma série de obstáculos entre os amantes que, aos poucos, são superados, e tudo acaba 
em casamento. O tom sempre é de grande alegria e o ritmo da ação é dinâmico, em particular 
pela qualidade dos diálogos entre as personagens, que são verdadeiras batalhas de engenho e 
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inteligência (battle of wits), nas quais se discutem as suas diferenças, enquanto a atração e a 
admiração que um personagem sente pelo outro torna-se mais forte e evidente. 
Nas peças históricas, Shakespeare elogiava a monarquia dos Tudors ao mesmo tempo em que 
analisava os valores associados a esse sistema de governo, como a lealdade e a autoridade. 
As peças de Shakespeare (comédias, tragédias e dramas históricos) podem ser divididas em três 
períodos. No primeiro período, que vai de 1590 a 1595, às vezes classificado como “Período da 
Experiência”, encontramos as seguintes peças: Henry V, Henry I, Henry II, Henry III; Titus Andronicus (Tito 
Andrônico); Love’s Labours Lost (Trabalhos de Amor Perdido); Comedy of Errors (Comédia dos Erros); Two 
Gentlemen of Verona (Os Dois Cavalheiros de Verona); Richard III (Ricardo III).
O segundo período (1595-1599), conhecido como o “Período do Desenvolvimento”, também 
é chamado de “Período das Comédias” porque, além da tragédia Romeo and Juliet, e dos dramas 
históricos Henry IV e Henry V, inclui as seguintes comédias: A Midsummer Night’s Dream (Sonho de 
uma Noite de Verão); The Merchant of Venice (O Mercador de Veneza); The Merry Wives of Windsor 
(As Alegres Comadres de Windsor); Much Ado about Nothing (Muito Barulho por Nada) e As You Like 
It (Como Gostais).
O terceiro período, que vai de 1600 a 1608, é o período das tragédias: Hamlet; Othello; King Lear 
(Rei Lear); Macbeth.
 Saiba mais
Há muitas produções fílmicas sobre as peças de William Shakespeare. 
Uma delas é Henry V (Henrique V), à qual recomendamos que você assista:HENRIQUE V. Dir. Kenneth Branagh. Reino Unido: Renaissance Films, 
1989. 137 minutos.
2.2 A idade da razão
Os “poetas metafísicos” são um grupo de poetas do século XVII que escreviam poesias associadas a 
temas espirituais e filosóficos. Dentre eles, o mais notável é John Donne (1572-1631). Um outro poeta 
desta denominação é Andrew Marvell. O seu estilo é uma combinação da linguagem do dia a dia e o uso 
de jogos de palavras, paradoxos e uma figura retórica chamada “conceitos”: justaposição e comparação 
de objetos dissímeis. Às vezes, os poemas tomam a forma de argumentos porque esses poetas relacionam 
emoções intensas com o engenho intelectual. 
A produção literária de John Donne pode ser divida em duas partes: a produção poética do jovem 
Jack Donne, em que o desejo carnal é o principal tema, e as poesias e sermões religiosos do Dr. Donne, 
escritos após ele ser ordenado pastor da igreja da Inglaterra em 1615 e tornar-se capelão do Rei James I.
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O caráter da poesia de Donne é dialógico. Nela, o poeta tenta reconciliar os valores medievais com 
a concepção moderna do universo: a especulação religiosa, o desejo carnal e espiritual, a relação entre 
pensamento e sentimentos, o conflito permanente entre a fé e a razão. Daí o caráter alusivo de sua 
poesia, com sua forma elíptica, tom argumentativo, rima irregular, e o uso dos conceitos que, por um 
lado, dificultam a leitura e, por outro, tornam sua poesia tão atual. 
Como exemplo, vejamos um de seus poemas mais conhecidos, The Flea, no qual Donne utiliza a 
figura da pulga (flea), humoristicamente associada, na Renascença, com o ato sexual, para convencer a 
sua dama a lhe entregar sua virgindade: se a pulga une seus sangues ao sugar ambos, porque eles não 
poderiam fazer o mesmo? 
The Flea
Mark but this flea, and mark this,
How little that which you deny me is;
It sucked me first, and now sucks thee,
And in this flea, our bloods mingled be;
You know that this cannot be said
A sin, nor shame, nor loss of maidenhead,
Yet this enjoys before it woes
And pampered swells with one blood made of two,
An this, alas, is more than we would do (DONNE, 1950, p. 43).
Podemos observar, nessa estrofe, o tom bem-humorado e atrevido com que o poeta expõe o tema 
do poema, diferenciando-se da poesia de amor cavalheiresca por ser mais lógico do que sentimental. 
Retomando a figura do conceito, o poeta utiliza algo tão vulgar como a picada de uma pulga para 
sugerir o ato sexual.
Foi esse mesmo Donne que escreveu poesia e sermões religiosos. Seu tom, porém, mais do que de 
reverência ao sagrado, toma a forma de uma argumentação filosófica sobre a fé. Vejamos A Hymn to 
God the Father, poema que ele fazia cantar na capela de Saint Paul (onde era capelão):
A Hymn to God the Father
Will you forgive that sin where I began.
Which is my sin, though it were done before?
Will you forgive those sins, through which I run,
And do run still: though I still do deplore?
When you have done so, you have not done so,
For, I have more (DONNE, 1950, p. 57).
Como você pode perceber, essa estrofe está organizada ao redor de um paradoxo. O eu lírico 
confessa ser um pecador e pede a Deus para lhe perdoar o pecado por meio do qual foi concebido, 
embora este tenha sido cometido antes de ele nascer. Logo após, pede a Deus para lhe perdoar os 
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pecados cometidos, dos quais se arrepende, mas os continua a cometer, como o faz todo o resto 
da humanidade. Conclui dizendo que se Deus finalmente o perdoa, na verdade, não o faz, pois ele 
tem mais pecados para cometer.
2.2.1 Em foco: O Paraíso Perdido, de John Milton
O poeta John Milton (1608-1674) envolveu-se na luta entre anglicanos e puritanos, colocando-
se do lado dos puritanos na Guerra Civil (1642-1647) e logo participando do protetorado de Oliver 
Cromwell, que ficou também conhecido como o Interregnum, período de governo entre dois reinos, o 
de Charles I e Charles II.
Milton escreveu vários panfletos no momento em que Charles I foi decapitado, como The Tenure 
of Kings and Magistrates, ressaltando que a autoridade dos reis derivava do povo e este tinha o direito 
de tomar a justiça nas suas mãos. Após sua publicação, o autor foi nomeado Secretário de Línguas 
Estrangeiras. Contudo, posteriormente, com a morte de Cromwell e a restituição de Charles II à coroa 
inglesa, Milton sofreu perdas econômicas, precisando se afastar da vida pública, mas vivendo em paz e 
dedicando-se à sua paixão de juventude: a poesia. 
Milton pode ser considerado o poeta do protestantismo, compartilhando sua fé no individualismo, 
seu caráter revolucionário, sendo um guia espiritual no dia a dia, e interpretando os signos segundo a 
sua conveniência. 
Embora Milton tenha estudado no Christ’s College, Cambridge, porque o seu pai, um puritano 
de boa classe social, queria que ele fosse ministro, cedo resolveu que a Igreja não seria o seu lugar, 
desejando ser poeta. Antes de acabar os estudos, já havia publicado poemas como a famosa Ode to 
Shakespeare, tornada parte do prefácio do segundo fólio com as obras completas do bardo inglês. 
Entre seus poemas, encontram-se L’Allegro, Il Penseroso e Samson Agonistes. Suas experiências 
religiosas deram forma a seus mais famosos poemas: Paradise Lost e Paradise Regained. Milton 
acreditava que sua poesia era a melhor maneira de servir a seu deus.
Paradise Lost foi publicado em 1667, durante a Restauração. É um poema didático, motivado 
por razões morais, religiosas e patrióticas. Milton acreditava que a melhor maneira de servir a 
seu país era expressar ideais nobres e religiosos através da sua poesia. Sua fonte de inspiração 
foi a versão da Bíblia publicada pelo Rei James, citada literalmente pelo poeta (tanto o Velho 
como o Novo Testamento). A estrutura épica do poema foi inspirada pela Ilíada de Homero e pela 
Eneida de Virgilio. Essa erudição clássica faz com que o poema ainda hoje seja de leitura difícil e, 
portanto, restrito a poucos.
Desse modo, Paradise Lost é a obra de um homem que ficara cego em 1651 e sentia-se desapontado 
com o curso que os eventos tinham tomado na Inglaterra com o fim do Protetorado e a Restauração. 
O poema narra a história da queda de Adão do Paraíso (estando aí a origem do título), como rezam os 
versos de abertura do Livro I do poema:
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Of Man’s first disobedience and the fruit
Of that forbidden tree whose mortal taste
Brought death into the world and all our woe,
With loss of Eden, till one greater Man
Restore us and regain the blissful seat,
Sing, Heavenly Muse […] (MILTON, 1961, p. 4).
O poema pode ser lido como uma analogia ao fim do Protetorado. Assim, muitas das suas 
passagens são comentários relativos à situação política da Inglaterra e críticas à corte de Charles 
II, relacionando a queda de Adão à perda da liberdade (devido à restauração da monarquia), ao 
final do Protetorado e ao pecado original. Em outras palavras, através de seu poema, Milton dizia 
aos ingleses que o fracasso em estabelecer uma boa sociedade e a volta do regime monárquico 
deviam-se à fraqueza do povo inglês.
Porém, embora a Revolução Puritana tenha sido derrotada com a volta da monarquia, houve 
mudanças consideráveis, uma vez que houve limitação ao poder do rei e inauguração de uma época de 
maior tolerância.
3 O ROMANTISMO NA METRÓPOLE 
3.1 Inglaterra
3.1.1 A poesia do Romantismo: crítica à nova ordem industrial
Vamos enfocar agora o período associado com o Romantismo inglês (1770-1840), cujo marco 
inaugural é a publicação das Lyrical Ballads (Baladas Líricas), em 1798, pelos poetas William Wordsworth 
e Samuel Taylor Coleridge. O prefácio de Wordsworth à segunda edição das Lyrical

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