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Emergencias Hiperglicemicas

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Urgência e Emergência I 
Emergências Hiperglicêmicas 
CETOACIDOSE DIABÉTICA 
❖ Consiste em uma complicação aguda do diabetes (principalmente tipo 1) em 
decorrência da deficiência absoluta ou relativa de insulina, associada a maior 
atividade dos hormônios contrarreguladores (glucagon, cortisol). Esse processo 
gera a oxidação dos ácidos graxos e sua consequente transformação em corpos 
cetônicos no sangue, que agem como acidificantes do meio. 
❖ É definida pela tríade de hiperglicemia (maior que 250), acidose sanguínea (pH 
< 7,3) e cetonemia positiva (ou cetonúria). 
ESTADO HIPEROSMOLAR HIPERGLICÊMICO 
❖ Consiste em uma emergência hiperglicêmica comum no diabético tipo 2, sendo 
caracterizada por uma hiperglicemia severa e consequente aumento da 
osmolaridade plasmática e desidratação. A desidratação ocorre devido a 
diurese osmótica intensa causada pela hiperglicemia e induz, 
subsequentemente, ao aumento da osmolaridade. 
❖ Sendo assim, é definida pela tríade de hiperglicemia (glicemia > 600), 
osmolaridade sanguínea > 320 e pH arterial > 7,3. 
DIAGNÓSTICO 
❖ Necessita da avaliação dos resultados de exames laboratoriais, isto é, do 
hemograma (Hb e Ht podem vir baixos, demonstrado desidratação), glicemia, 
gasometria arterial (para a avaliação da acidose), dosagem de corpos 
cetônicos (em sangue ou urina), urina tipo 1 (para visualização de corpos 
cetônicos), função renal (creatinina e ureia podem vir aumentadas), eletrólitos (a 
acidose pode causar hipercalemia), ECG (para rastreio de complicações) e RX 
de tórax. 
❖ Quando suspeitarmos de um EHH, sempre calcular a osmolaridade efetiva pela 
fórmula: 
OSM EFETIVA = 2x (Na) + 
𝐺𝑙𝑖𝑐𝑜𝑠𝑒/18
❖ E, sabendo que a hiperglicemia pode mascarar o real valor do sódio, deve-se 
calcular seu valor corrigido: 
Na corrigido = Na encontrado + 1,6 x (Glicose – 100 / 100) 
QUADRO CLÍNICO 
❖ A CAD é caracterizada por um evento de rápida instalação, cursando com 
poliúria, polidipsia, polifagia e mal-estar. Geralmente haverá sinais de 
desidratação (pulso fraco, TEC prolongado), hipotensão, taquicardia, 
taquipneia, respiração de Kussmaul, hálito cetônico, dor abdominal, náuseas e 
vômitos. 
❖ Por sua vez, o EHH costuma ser assintomático, evoluindo com rebaixamento do 
nível de consciência na presença de maior gravidade. 
TRATAMENTO 
❖ Os pilares se baseiam em hidratação intensa, controle do potássio, insulinoterapia 
e reposição de bicarbonato. 
❖ A hidratação deve ser feita, inicialmente, em uma fase de expansão, utilizando 1 
a 1,5L de SF0,9% EV em 1h (sem ultrapassar 50ml/kg nas 4h iniciais – risco de 
edema cerebral). Após a estabilização, segue-se com a fase de manutenção, 
com o uso de 250 a 500ml de NaCl 0,45 ou 0,9% a cada hora. 
Lembrar: quando a glicemia atingir 250, deve-se iniciar soro glicosado 5% para prevenir a 
hipoglicemia. 
❖ Em relação a insulinoterapia, deve-se realizar uma dose de ataque com insulina 
regular 0,1UI/Kg EV em bólus e, após, 0,1 UI/Kg/h em BIC (nesse momento, usa-se 
1 UI de insulina para cada 1ml de SF. A insulinoterapia objetiva interromper a 
cetogênese e corrigir a hiperglicemia, deixando-a em um intervalo entre 150 a 
200 (na CAD) e 200 a 300 (no EHH). 
Se necessário: correção da hipoglicemia → 40ml de SG 50% (mas mantém a insulina). 
❖ Com o uso da insulina, os níveis séricos de potássio tendem a reduzir, logo, apenas 
deve-se iniciar a insulinoterapia após a primeira dosagem de potássio ser 
conhecida. Sendo assim, opta-se pelo início da reposição de potássio apenas se 
K > 5,2. Para cada litro de volume infundido, deve-se repor 25mEq de potássio. 
Caso os níveis de potássio sejam menores que 3,3 opta-se pela suspensão da 
insulinoterapia e reposição com KCl 19,1% primariamente. 
Os níveis de potássio devem ser monitorados a cada 2/4 horas. 
❖ Quanto ao bicarbonato, sua reposição deve ser avaliada pelo risco de acidose 
e edema cerebral. Seu uso está indicado na presença de pH < 7 ou 
hiperpotassemia grave (K > 9). Quando indicado, usa-se bicarbonato de sódio 
8,4% 100mEq diluídos em 400ml de SF em BIC por 2h (repetindo até resolução do 
pH). 
CRITÉRIOS DE RESOLUÇÃO DA CAD 
✓ Glicemia < 200; 
✓ pH > 7,3; 
✓ bicarbonato > 15; 
✓ ânion GAP < 12. 
CRITÉRIOS DE RESOLUÇÃO DO EHH 
✓ Glicemia < 250; 
✓ Osmolaridade < 315; 
✓ Ausência de sintomas neurológicos.

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