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Literatura_seminario

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Introdução
Em 1862, com a publicação de Lucíola, José de Alencar dava início à sua serie dos chamados “perfis femininos”, que incluiriam ainda os romances Diva, de 1864, e Senhora, publicado quase uma década depois. As três obras vieram ao público assinadas por uma certa G.M., senhora idosa, cujo único papel nos romances foi o de compilar suas histórias. Os três romances seguem a mesma fórmula utilizada por romancistas franceses como Alexandre Dumas e Balzac, dos quais Alencar era assíduo leitor: inicialmente as obras são marcadas por situações de conflito/quebra, seguida por uma reparação/solução. Em todos os três, o enredo gira em torno de um jovem casal, que precisa enfrentar certos obstáculos sociais, como a questão financeira, no caso de Diva e Senhora, por exemplo, e o aspecto (i)moral da prostituição, no que se refere Lucíola. Caso o casal queira permanecer unido, precisam então superar essas barreiras.
Lucíola
RESUMO
O livro Lucíola, de José de Alencar, é narrado através de Paulo, personagem que se torna narrador para contar à Sr.ª G.M. o romance que viveu com uma cortesã chamada Lúcia. Em 1855, Paulo chega ao Rio de Janeiro e vê pela primeira vez Lúcia. Sem conhecer sua verdadeira vida, apaixona-se à primeira vista, pois enxerga nela uma encantadora menina. Essa impressão desfaz-se na Festa da Glória, onde Sá, representante dos valores e preconceitos da sociedade, a apresenta como uma mulher bonita e não como uma senhora. A partir de então, Paulo começa a visitar Lúcia em sua casa.
Na segunda visita, Paulo deixa de lado o tratamento cortês que até então fizera a Lúcia, agarra-a e acontece o primeiro contato físico. No dia seguinte, há uma festa na casa de Sá onde, além de Paulo e Lúcia, são convidados também homens boêmios, como Sr. Cunha, Rochinha, Sr. Couto e outras três prostitutas, entre elas Nina. Nessa festa, a cortesã exibe-se nua diante de todos. Paulo num primeiro momento teve uma repulsão por toda aquela cena. Porém, mostra-se piedoso e compreensivo e os dois tem uma noite na mata. Esse é o ponto que marca o início da transformação de Lúcia. 
Para Lúcia, Paulo é o caminho para chegar à salvação. Na tentativa de se afastar da sociedade e deixar definitivamente a vida de cortesã para trás, muda-se para uma casa mais simples no interior junto com sua irmã mais nova, Ana. Nesse momento, não existe mais o amor carnal entre Paulo e Lúcia. Há um amor espiritual – Lúcia chega até a fingir que estava doente para não mais haver contato. É nesse momento que conta o verdadeiro motivo que a levou à vida de cortesã – seu primeiro cliente foi Couto, pois sua família estava com febre amarela e sem recursos financeiros para o tratamento. Revela também que seu verdadeiro nome é Maria da Glória. Lúcia era uma antiga amiga dela que morreu e que tomou emprestado seu nome; sua família achava que estava morta.
A redenção de Lúcia culmina com a descoberta de sua gravidez e não aceitação dela. Mesmo com o melhor parteiro afirmando que a criança em seu ventre estaria viva, Lúcia acredita que seu corpo é sujo e morto, e por isso não é capaz de gerar um filho. Morre, grávida. Paulo, atendendo a um pedido seu, cuida de Ana até que ela se case.
Importância do livro 
Lucíola, ficção urbana de Alencar publicada em 1862, possui uma crítica da sociedade. Crítica esta que não se faz apenas através do relato do narrador, mas como também está presente indiretamente através das atitudes e valores mostrados pelos personagens. Lucíola apresenta uma transgressão à visão romântica da mulher amada – Lúcia não é submissa, ao contrário, é excêntrica e com vontades. Porém, no desfecho, apresenta atitudes tipicamente da visão romântica, e seu ápice acontece na morte de Lúcia, tendo em vista que não há salvação para uma mulher cortesã, a não ser a morte. 
Período histórico
Na segunda metade do século XIX, a sociedade burguesa brasileira é marcada por costumes enraizados e de aparências, onde a mulher deveria ser pura e o homem ser cortês. Alencar, diferente de outros autores da mesma época, apresenta sua visão crítica através de suas obras literárias, e por isso é atacado pelos críticos da época.
PERSONAGENS
Lúcia: cortesã rica que é conhecida por todos como bela e excêntrica. Maria da Glória é seu nome de batismo. Ao decorrer do livro, busca seu autoperdão através do amor que tem com Paulo. Apesar disso, não consegue o perdão diante da sociedade do seu passado de cortesã. Morre no final, grávida.
Paulo: confuso entre o sentimento por Lúcia e os preconceitos que há na sociedade. Ao longo do livro também sofre uma transformação; passa de um homem boêmio a um homem de negócios. Escreve uma carta à senhora G.M. contando sua história com Lúcia.
Sá: amigo de infância de Paulo e ex-amante de Lúcia, ele quem apresenta os dois. Milionário e solteiro, é o típico homem burguês. Dá festas em sua casa e representa o preconceito da sociedade burguesa diante da impossibilidade de haver perdão aos atos de Lúcia.
Cunha: amigo de Paulo e ex-amante de Lúcia. Ela o deixou no dia em que viu sua mulher sozinha, triste.
Couto: foi o primeiro cliente de Lúcia. Responsável por oferecer dinheiro a ela, em troca de favores sexuais, quando Lúcia tinha apenas 14 anos.
Rochinha: na roda de amigos boêmios, é o mais novo, com 17 anos, e o mais inexperiente. Porém, tem uma vida irrigada por bebidas alcoólicas. 
Laura: uma das prostitutas que participaram da festa na casa de Sá.
Nina: uma prostituta que se interessou por Paulo, com quem chegou até a marcar um encontro, que não acontece.
Jesuína: Quando Lúcia foi expulsa de casa por seus pais, foi morar com Jesuína. Mais tarde, ela aparece como suposta enfermeira na casa de Lúcia. 
Ana: Com 12 anos e irmã mais nova de Lúcia, vai morar com ela no interior. Possui traços muitos semelhantes aos de Lúcia. Quando Lúcia falece, fica sob responsabilidade de Paulo, e no final do livro casa-se.
Senhora
RESUMO
A obra Senhora, de José de Alencar é dividida em quatro partes. A primeira delas, nomeada de “O preço do casamento”, começa descrevendo uma jovem moça chamada Aurélia, rica e frequentadora de bailes da alta sociedade. Aurélia, sendo órfã e recebedora de uma grande fortuna, estava sempre acompanhada de sua parenta D. Firmina e acreditava que todos só se interessavam por ela por causa de sua beleza e do seu dinheiro. Em um baile de costume, Aurélia começou a se questionar sobre sua educação e seu destino. Escreveu uma carta ao Sr. Lemos dando-lhe a missão de arrumar seu casamento com o atual noivo de Adelaide Amaral, o Fernando Seixas. Seixas era pertencente a uma família de situação pouco favorável e pretendia arrumar um casamento com uma moça rica para oferecer melhores condições para sua mãe e suas irmãs, e também para seus luxos. Lemos faz a proposta de casamento a Seixas, que mesmo sem conhecer a noiva, recebe um adiantamento do alto dote e aceita o compromisso. Quando foi apresentado à Aurélia, Seixas sente uma profunda humilhação, pois em tempos passados tinha rompido um noivado com ela para ficar noivo de Adelaide, que era mais rica. Na noite de núpcias, Aurélia chama seu então marido de homem vendido.
Na segunda parte, chamada “Quitação”, é contada a história de Aurélia. D. Emília era sua mãe e Pedro Camargo, seu pai. Pedro era filho bastardo de um rico fazendeiro e casou-se com Emília sem conhecimento de seu pai. Anos depois, acaba morrendo e seu pai não conhece sua neta. D. Emília fica em má situação para criar sua filha. Nesse momento, Seixas se elege como pretendente de Aurélia e assume o compromisso de se casar com ela. Porém, se arrepende por ter se apaixonado por uma moça pobre e órfã e assume compromisso com Adelaide, moça rica na sociedade. Perto de falecer, o avô de Aurélia a procura e deixa para ela toda sua fortuna. Após a morte de sua mãe, Aurélia tem como tutor Sr. Lemos, seu tio, e como acompanhante, D. Firmina.
A terceira parte tem como título “Posse” e descreve a rotina de Aurélia e Fernando enquanto casal. Eles vivem uma vida de aparência; desfilam de mãos dadas, trocam carinhose gentilezas diante de bailes ou de amigos. Mas quando estão sozinhos, trocam palavras ferinas e acusações. Fernando se vê como um escravo de Aurélia, tendo ela como sua dona e a obedece em todos os seus desejos.
Na quarta e última parte, “Resgate”, temos os principais acontecimentos da trama. Os desejos não realizados de Aurélia e Fernando são passados pelo autor com muito erotismo. Porém, por orgulho, Fernando e Aurélia não se deixam envolver. Podemos notar nessa parte a visível transformação de Fernando que passa a recusar o luxo que tanto já desejara. Fernando passa então a trabalhar dedicadamente e faz um negócio importante, em que arrecada um valor e devolve para Aurélia todo o dinheiro do dote. Ele então pede o divórcio. Comprovada a mudança de Fernando, Aurélia lhe mostra o seu testamento escrito no dia do casamento, onde é deixada para Fernando toda sua fortuna e é declarado o seu amor por ele. O casamento então se consuma e os dois se tornam um casal de amantes.
PERSONAGENS
Aurélia Camargo: Jovem rica de 18 anos órfã, chama atenção de todos pela sua beleza e excentricidade. Muitos moços da sociedade a desejam como esposa, porém, ela pede a seu tio que faça um acordo com Fernando Seixas e casa-se com ele. Aurélia demonstra inteligência e planejamento de suas ações, para que tudo saia conforme seus planos.
Fernando Seixas: Jovem de 18 anos que, apesar de sua família viver de maneira muito simples, tinha uma pose e um lugar de respeito na sociedade. Interesseiro, procura casamento com uma moça rica para melhorar sua situação financeira. É servidor público. Só após o casamento com Aurélia é que começa a ocorrer uma transformação em sua personalidade.
D. Emília: mãe de Aurélia, casa-se com Pedro por amor e deixa sua família para viver esse amor. 
Lemos: Irmão mais velho de D. Emília que só aparece após saber que sua sobrinha herdou uma valiosa herança. A pedido de Aurélia, arruma seu casamento com Fernando.
Pedro Camargo: filho bastardo de Lourenço Camargo, casa-se escondido de seu pai com D. Emília e morre, deixando Aurélia órfã.
D. Firmina: mora com Aurélia e a faz companhia.
Adelaide: Ex-noiva de Fernando, é apaixonada por Torquato e por ele ser pobre, só consegue se casar com a ajuda de Aurélia.
Torquarto Ribeiro: moço pobre e apaixonado por Adelaide, foi muito amigo de Aurélia quando ela era pobre.
Eduardo Abreu: Apaixonado por Aurélia, paga as despesas do sepultamento de D. Emília, mesmo estando viajando.
Importância do livro
Sendo um dos últimos de Alencar, Senhora é um romance urbano que retrata o casamento por interesse numa sociedade de aparências do século XIX, mesma época em que o autor vivia. Nessa obra pertencente à época literária do Romantismo já é possível observar características do Realismo e do Naturalismo. Através dos diálogos e discussões entre Fernando e Aurélia, podemos notar a visão crítica que estes possuem da sociedade, onde o casamento não é apenas por amor, e mais por interesse.
Período histórico
O romance pertence a segunda metade do século XIX, onde a sociedade vivia de aparências e contradições. Alencar critica a sociedade, não de uma perspectiva esperançosa de mudanças, mas de perspectivas atuais e sem soluções aparentes. O casamento por interesse era um costume social muito criticado pelo autor.
Diva
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Enredo:
A obra inicia quando Emília, com a idade de 14 anos nesse ponto, fica gravemente doente e seu irmão, Geraldo, chama um amigo que havia acabado de se formar médico, Augusto Amaral, para que cuide da garota. Emília era uma adolescente feia por ser muito magra e muito alta, o que fazia de seu jeito retraído, tímido e recatado. Além disso, Emília era extremamente rica, por ser filha de um grande capitalista da época, D. Duarte. Augusto então vai até a casa de Emília para exercer suas funções de médico, mas encontra grande dificuldade pelo temperamento da moça, que não admite ser tocada e cria por ele uma forte inimizade. Após dias e noites de cuidados médicos, Emília é curada de sua doença. D. Duarte oferece a Amaral uma grande recompensa pela vida da filha, mas ele se encontra satisfeito apenas por ter salvado a vida de alguém e por isso promete a Duarte que se um dia precisar do dinheiro o procurará.
Augusto então viaja para Europa com o intuito de se especializar em sua profissão. No caminho para Europa, ao fazer uma parada em Recife, conhece Paulo, protagonista da obra Lucíola, também de José de Alencar. Com Paulo ele cria uma amizade e após se separarem eles passam a se corresponder através de cartas, onde Augusto conta sua história com Emilia. Ao voltar da viagem, encontra Emília já com seus 18 anos e vê que nela houve uma incrível transformação. Emília se tornou a moça mais bonita da corte, a diva dos salões. Augusto tenta se aproximar de Emília, mas esta o trata com grande hostilidade, o que não impede que Amaral por ela se apaixone.
Após inúmeras humilhações Amaral decide se vingar de Emília. É quando Geraldo entra novamente na história, pois a pedido da irmã ele deve ajudar uma jovem órfã, mas por não ter interesse em ajudar passa essa responsabilidade para Amaral. Augusto então vai à casa de Emília e pede a D. Duarte uma pequena quantia por ter salvado a vida de Emília e deixa subentendido que para ele aquele é o seu valor. Amaral então volta pra casa crendo que sua história com Emília acabou, mas ela organiza um jantar e o convida. No jantar Emília declara a Amaral que ela queria muito amar alguém e ele era o único que para ela poderia obedecer a esse cargo de seu amante, pois para ela todos os outros rapazes só a queriam pelo seu dinheiro e ela o tratava mal por medo de que ele acabasse com suas expectativas, sendo mais um interesseiro.
Amaral e Emília então criam uma espécie de relacionamento. Emilia pede um ano a Amaral para ver se ela se apaixonará por ele. Emília apresenta uma personalidade bipolar a Amaral, ela em certos momentos o trata com ternura e em outros o humilha. Amaral após muitas desavenças desiste de Emília e o casal fica um mês sem se ver. Quando se reencontram Emília e Amaral discutem sobre o amor, Amaral tenta beijá-la e ela o estapeia. Em um momento de fúria Amaral a joga no chão e é nesse instante que Emília descobre estar apaixonada e ele então vai embora assustado. Após Emília enviar uma carta a Amaral se declarando eles enfim se casam.
 
· Personagens Principais:
1. Emília Duarte: moça rica, muito recatada e mimada. Emília te grandes dúvidas no amor, geradas por sua insegurança. Não é nem branca, nem morena, tem belas curvas, olhos grandes e feições que a tornam a diva dos salões.
2. Augusto Amaral: jovem médico, filho de escravos. Augusto é um rapaz de boa índole, muito esforçado e passa a maior parte da obra tentando entender o que se passa dentro de Emília.
3. D. Duarte: pai de Emília. Homem rico, um grande capitalista da época e de bom coração.
4. Julinha: prima de Emília. Não tão bonita quanto a prima, mas gentil e doce. Ao contrario de Emília, já teve muitos amores.
5. Paulo: protagonista da obra Lucíola, conhece Augusto em uma viagem e com ele cria uma grande amizade. E para ele que Augusto escreve cartas contando sua história com Emília.
Importância da obra:

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