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LLPT_TopicosdeLiteraturaPortuguesa_impresso-22

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Dom Pedro I e Dona Inês de Castro
No poema de Bocage fica patente a intenção do autor em ampliar o 
aspecto lírico, inflacionando o que Camões já havia feito em sua epopeia. Por 
isso, na cantata desaparece o julgamento de Inês, sua defesa, os apelos pelos 
filhos pequenos, ou seja, as características dramáticas que os poetas iniciais 
haviam privilegiado. Aqui, Bocage está interessado na interioridade da bela 
Inês, em seus sonhos, nos seus profundos anseios e sentimentos. Os algozes 
surgem de súbito no recitativo, despertando a mulher de seu devaneio, e em 
completa mudez cumprem sua macabra tarefa: “Vós, brutos assassinos, / No 
peito lhe enterrais os ímpios ferros. / Cai nas sombras da morte / A vítima de 
amor, lavada em sangue”.
OLHANDO DE PERTO
D. Pedro também não comparece como personagem no poema. Ele 
apenas é lembrado em seus versos pela amante e pelas ninfas. Por isso, 
sua dor e consequente vingança também estão ausentes. Inês impera 
sozinha e soberana na cantata, e todos os figurantes servem apenas para 
indicar sua centralidade. 
Dessa forma, Bocage faz de Inês uma alegoria do Amor (o sentimento 
ideal), cuja existência na terra transfigura a existência humana, mas cuja 
própria existência está sempre sob a ameaça do ódio e da violência dos que 
representam os interesses materiais e mundanos.
FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.denso-wave.com/en/
Responsável: Professor José Carlos Siqueira de Souza
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
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