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DISCIPLINA DE FARMACOGNOSIA FICHA DE ANÁLISE Avaliação da qualidade de IFAV contendo taninos Analistas: Ensaio: Doseamento de teor de taninos totais em amostra de Maytenus ilicifolia por espectrometria UV/Vis. Cálculos e resultados Foi determinada a absorbância em 760 nm em espectômetro UV/Vis de polifenóis totais presentes numa amostra de extrato aquoso de folhas secas e pulverizadas de Maytenus ilicifolia, após diluição e adição de reagente fosfolibdotúngstico R. Posteriormente, procedeu-se à leitura de polifenóis não adsorvidos na amostra de mesmo extrato que em que os taninos foram filtrados através de uma reação de precipitação com caseína e carbonato de sódio. O padrão utilizado de pirogalol foi diluído em água e adicionado reagente fosfolibdotúngstico e carbonato de sódio. Os resultados constam descritos na tabela 1 e 2. Tabela 1. Dados obtidos da absorbância em 760 nm medida em espectômetro UV/Visível do padrão Pirogalol diluído em água destilada, com ajuste do zero da leitura do branco (água destilada). As leituras foram realizadas em triplicata e calculada a média e desvio padrão associado das três vias (A, B e C). A média das vias foi utilizada no calculo do teor de taninos totais. Identificação Massa de pirogalol (g) Absorbância A Absorbância B Absorbância C Média Desvio Padrão Padrão Pirogalol (A3) 0,055 0,316 0,317 0,327 0,320 ±0,006 Tabela 2. Dados obtidos da absorbância em 760 nm medida em espectômetro UV/Visível para determinação de taninos totais, presentes no extrato aquoso de folhas secas e pulverizadas de Maytenus ilicifolia, medindo a absorbância de polifenós totais, polifenóis não adsorvidos com ajuste do zero da leitura do branco (água destilada). As leituras foram realizadas em duplicata e calculada a média e desvio padrão associado das duas vias de cada (A e B). A média das vias foi utilizada no calculo do teor de taninos totais. Identificação Massa de droga vegetal (g) Absorbância A Absorbância B Média Desvio Padrão Teor de Taninos Totais (%) Polifenóis totais (A1) 0,754 0,296 0,302 0,299 ±0,004 2,08 Polifenóis não adsorvidos (A2) 0,154 0,152 0,153 ±0,001 Para o cálculo de teor de taninos totais utilizou-se a seguinte expressão: Onde: TT = taninos totais (%); A1 = absorbância medida para polifenóis totais; A2 = absorbância medida para polifenóis não adsorvidos; A3 = absorbância medida para a substância referência (pirogalol); m1 = massa da droga vegetal em gramas considerando a determinação de água; m2 = massa de pirogalol em g. Portanto, TT= 62,5 (0,299-0,153) x 0,055g = 2,08% de taninos totais presentes na amostra de Maytenus ilicifolia 0320 x 0,754g Discussão dos resultados A planta medicinal Maytenus ilicifolia é originária da América do Sul e é amplamente utilizada pela população geral, pois possui propriedades terapêuticas associadas aos taninos encontrados nas suas folhas, dentre os quais são em sua maioria condensados. Os taninos condensados são oligômeros e polímeros formados pela condensação de duas ou mais unidades de flavan-3-ol e flavan-3,4-diol, classe que também é denominada como proantocianidina devido a que produzem pigmentos avermelhados da classe das antocianidinas após a degradação com ácido diluído a quente (SIMÕES, 2007) fato que foi evidenciado nos resultados obtidos através da prática anterior (Detecção e identificação de taninos na droga vegetal Maytenus ilicifolia). É importante destacar que, o doseamento do teor de taninos totais é um ensaio utilizado para quantificar as substâncias ativas presentes na droga vegetal em análise e forma parte dos processos de controle de qualidade, conjunto de critérios que caracterizam a matéria-prima para o uso ao qual se destina (SIMÕES, 2007). Os taninos, dentre outros compostos, podem ser dosados empregando-se métodos espectroscópicos, especialmente no ultravioleta ou visível (SIMÕES, 2007). A espectrofotometria é uma técnica de análise que tem como objetivo determinar a absorção produzida numa radiação eletromagnética cuja banda é definida pelo seu comprimento de onda, na qual incide-se um feixe dessa radiação através da amostra, dessa forma a absorbância detectada é utilizada para calcular a concentração de um determinado constituinte (COSTA, 2000). Na monografia referente à Maytenus ilicifolia na Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2010), estão descritos os procedimentos adequados a adotar na preparação do extrato, das amostras e padrão, cálculos pertinentes e parâmetros, que foram seguidos no presente experimento e são discutidos a seguir. O extrato de Espinheira-Santa usado para o doseamento de teor de taninos totais, foi obtido em meio aquoso e alta temperatura, pois essas condições proporcionam eficiência na extração desses componentes (COSTA, 2000). Para a leitura da absorbância das amostras, foi utilizado o reagente fosfomolibdotúngstico (ou reagente de Folin-Ciocalteu), que consiste na mistura dos ácidos fosfomolibídico e fosfotunguístico, no qual o molibdênio e o tungstênio encontram-se no estado de oxidação 6+, assim, em contato com compostos fenólicos, ocorre reação de redução, formando os chamados molibdênio azul e tungstênio azul, permitindo análise colorimétrica (SOUZA, 2007). Na etapa de preparação da solução de polifenóis não absorvidos, foi substituído o pó-de-pele, designado pela farmacopeia brasileira, pela caseína, devido ao custo menor do que o pó-de-pele e que contorna o problema da variabilidade da composição (SIMÕES, 2007). Nessa reação, a caseína precipita os taninos contidos na amostra, assim possiblitando a separação por filtração e quantificação por diferença de absorbância dos taninos totais. A região selecionada no espectrômetro UV/visível foi de 760nm, adequada para determinar a absorbância das vias quantificadas para doseamento de taninos totais presentes na amostra (BRASIL, 2010). Através dos resultados obtidos no presente ensaio, foi determinado que o teor de taninos totais expressos em pirogalol encontrado na amostra de extrato aquoso de folhas de Maytenus ilicifolia (2,08%) está acima do mínimo de 2,0% estabelecido pela Farmacopeia Brasileira para a planta (BRASIL, 2010). Portanto, conclui-se que a amostra analisada apresentou uma quantidade de componentes químicos característicos satisfatória o que indica que os processos de coleta, manuseio, estabilização e armazenamento adotados pelo fornecedor foram adequados para manter a estabilidade desses compostos, além de garantir a autenticidade da planta medicinal. Referências Bibliográficas - SIMÕES, C. M. O., et al. (Org.). Farmacognosia: da Planta ao Medicamento. 6. ed. Florianópolis: UFSC, 2007. 1102p. - SIMÕES, Cláudia Maria Oliveira et al. Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. Porto Alegre: Artmed, 2017. 112 p. - COSTA, Alísio Fernandez. Farmacognosia: Farmacognosia experimental. 3°. ed. Lisboa: Fundação Calouste, 2000. 973 p. v. III. - SOUZA, C. M. et al. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Quim. Nova, Vol. 30, Nº 2. 2007. 355 p. - BRASIL. Farmacopeia Brasileira, Volume 2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2010. 524p.