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PROENEM.COM.BR REDAÇÃO PAIS AUSENTES: QUESTÃO IRREVERSÍVEL? PROENEM.COM.BR1 REDAÇÃO PAIS AUSENTES: QUESTÃO IRREVERSÍVEL? IN ST R U ÇÃ O A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Pais ausentes: Questão irreversível?”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEXTO 1 “Pais não devem compensar ausência com presentes e atitudes permissivas”, diz psicólogo "A vida é dura e corrida e nem sempre os pais podem estar tão perto dos filhos como gostariam. E tudo bem? Tudo. Ou quase. Há maneiras de compensar a ausência sem tentar “comprar” a compreensão da criança. Não vale, por exemplo, faltar na apresentação da escola e levar o jogo que a criança pediu ou o boneco que ela viu no shopping posteriormente. “Presença se compensa com presença”, ressalta o psicólogo Akim Rohula Neto. “Os pais precisam aprender a trabalhar a culpa e não transferir a responsabilidade da ausência e do “perdão” para a criança. Toda perda é necessária para o desenvolvimento, assim como saber lidar com a falta”, salienta Akim. Ele conta que ao longo da carreira acompanhou diversos pais “culpados” por enfrentar jornadas de trabalho extensas e tentando compensar essa falta com presentes, mesmo sem notar. A transformação econômica e social das últimas décadas também fez com que pai e mãe estejam a maior parte do tempo fora, a trabalho. Encarar essa realidade sem culpa e transformando o tempo em que se fica com os filhos em “tempo de qualidade” é fundamental no processo de crescimento da criança. “Os pais acabam compensando a ausência, dando presentes, mesadas, viagens e até tendo uma atitude mais permissiva diante de comportamentos inadequados, como o vício em internet ou em jogos. Acabam fazendo ‘vista grossa’ “, diz o psicólogo. Para ele, essa é uma forma dos próprios pais compensarem a culpa. Akim explica, porém, que essa não é uma atitude madura e sim ligada a uma comportamento infantil de reconhecimento. “Mas é como compensar a sede comendo carne. São duas coisas de natureza distintas”, analisa. O que fazer? Para abrandar essa questão e passar a ter atitudes mais positivas em relação à ausência os pais precisam entender que não tem como estar presente o tempo inteiro. E isso é natural. “Não tem como não errar. Os pais não vão ser perfeitos o tempo inteiro. E não dá para transferir a culpa para criança”, reforça. Mesmo que a intenção não seja essa, quando os pais compram presentes para os filhos para compensar o tempo que passam fora ou o fato de terem faltado em alguma ocasião especial, estão passando uma mensagem de que o produto é mais importante do que a presença. “E isso não é adequado. A criança pode até ter um comportamento de vingança posteriormente, pois ela não vai se sentir recompensada. Não é a mesma moeda”, diz ressaltando que essa “troca” ensina a criança a barganhar desde cedo. Para o profissional, os pais devem compensar a presença no mesmo nível. Se faltaram em um compromisso escolar, devem dizer que eles estarão juntos em uma outra ocasião. E claro, cumprir o combinado é essencial. E isso vale para pais e filhos." Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/comportamento/ausencia-nao-se-compensa-com-presentes-diz- psicologo/) PROENEM.COM.BR2 REDAÇÃO PAIS AUSENTES: QUESTÃO IRREVERSÍVEL? TEXTO 2 Trocados pela internet: A geração de filhos órfãos de pais que não largam o celular “Meus pais ficam no telefone todos os dias. Odeio o celular e queria que ele nunca tivesse sido inventado”. Essa foi a declaração de uma criança após responder uma pergunta simples feita por uma professora americana, chamada Jen Adams: “Que invenção você gostaria que nunca tivesse sido criada?”. “Se eu tivesse que te contar de qual invenção eu não gosto, diria que não gosto do celular. Eu não gosto do celular porque meus pais ficam no celular todos os dias. O celular às vezes é um hábito muito ruim. Eu odeio o celular da minha mãe e gostaria que ela nunca tivesse um. Essa é uma invenção de que eu não gosto”, respondeu outro aluno da 2ª série de um colégio no estado de Louisiana. Uma etapa do estudo Digital Diaries, realizado em junho de 2015 pela AVG, uma das maiores empresas globais de tecnologia de segurança, constatou que 42% das crianças com idades entre 8 e 13 se sentem trocadas pelo celular dos seus pais. A empresa entrevistou 6.117 pessoas de países como Austrália, Brasil, República Tcheca, França, Alemanha, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos. O estudo também apontou que 54% das crianças reclamaram da frequência com que seus pais olham o celular, especialmente durante a conversa com elas, fazendo surgir nelas outro dado relevante: o sentimento de desprezo (32%) pela falta de concentração no diálogo. Consequência sobre o desenvolvimento dos filhos O desenvolvimento infantil é marcado por etapas, onde cada uma possui suas peculiaridades. Em todas elas, porém, algo se destaca em comum: a necessidade de referência e segurança. Mas, o que isto significa exatamente? Alguns dos principais teóricos da aprendizagem, como Donald W. Winnicott e Henri Paul H. Wallon, apontaram a relação mãe-bebê como um fator-chave para o sucesso do bom desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças em seus primeiros meses e anos de vida. O período que vai dos 0 aos 5 anos, também, para teóricos como Sigmund Freud, Melanie Klein, Lev Vygotsky, Jean Piaget, constitui uma fase crucial para esse desenvolvimento. Não se trata do desenvolvimento motor e cognitivo, apenas, mas do emocional. Referência e segurança, como dito antes, dependem do tipo de relação desenvolvida entre a criança e seus pais. Quanto mais segura afetivamente a criança se sente, protegida, amada e cuidada, melhor se torna o aparato psíquico dela diante do mundo. Para se desenvolver a criança se espelha em referências. Os pais são a maior referência. É com base no comportamento dos pais que a criança constrói sua ideia de mundo, especialmente de relacionamentos. A autoimagem da criança, isto é, a maneira como ela se enxerga, também é reflexo da maneira como os seus pais lhe tratam. A falta de segurança e referência na vida das crianças na geração atual tem produzido uma geração emocionalmente vulnerável, carente, insegura e ansiosa. Crianças de apenas 7, 10, 11 anos (período compatível com a evolução da internet) estão cada vez mais externando problemas de ordem afetiva associados à falta de atenção dos pais, e isso também está relacionado à disciplina. Para entender esse outro aspecto da educação, leia: “Dar palmada nos filhos educa, sim, e faz muita falta na atual geração”. Essa é a geração que nos últimos anos tem apresentado maiores índices de psicopatologias, suicídio, automutilação, depressão e “rebeldias”. Não é só a falta de referência dos pais, mas a substituição dela por outra qualquer, literalmente, já que diante da ausência da família, a criança busca se espelhar no que o mundo lhe oferece de forma fácil e rápida. (Disponível em: https://oespacoeducar.com.br/2019/06/30/trocados-pela-internet-a-geracao-de-filhos-orfaos-de-pais-que-nao- largam-o-celular/) PROENEM.COM.BR3 REDAÇÃO PAIS AUSENTES: QUESTÃO IRREVERSÍVEL?