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Brasília-DF. Gerenciamento de crises Elaboração Graça Melo Gomes Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................................................................... 5 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7 UNIDADE ÚNICA AMEAÇAS ........................................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 ENTENDENDO A CRISE ............................................................................................................ 9 CAPÍTULO 2 QUANDO A CRISE CHEGA..................................................................................................... 15 CAPÍTULO 3 GERENCIAMENTO DE UMA CRISE .......................................................................................... 20 CAPÍTULO 4 FUNDAMENTOS DA COMUNICAÇÃO DE CRISE....................................................................... 30 CAPÍTULO 5 PÓS-CRISE ............................................................................................................................ 34 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução A crise é uma probabilidade alta e sua ocorrência pode varrer do mapa dos negócios uma empresa ou comprometer seriamente uma instituição. Entretanto, é possível trabalhar em sua prevenção. A disciplina aborda as diferentes situações de crise, inclusive as potenciais, proporcionando as formas de avaliação das ameaças e a identificação de opções estratégicas de manejar a crise. Aborda, ainda, ferramentas de gerenciamento de crise, incluindo a negociação e a inteligência. Inclui um caso prático que permite observar o ciclo completo frente a uma crise, desde a identificação das possíveis causas – ainda que elas não se tenham produzido – até a etapa de pós-crise, incluindo a gestão a partir de uma perspectiva científica e analítica. A crise pode ser entendida como o resultado da evolução de um conflito não administrado ou, simplesmente, um evento que saltou sobre o conflito, dada suas peculiaridades e características de gravidade. Sucesso em seu Curso! Objetivos » Compreender os conceitos e fundamentos do Gerenciamento de Crises. » Apresentar medidas preventivas contra situações de crise. » Compreender a importância e capacitar na elaboração de Plano de Prevenção e Comitê de Crise. » Apresentar o perfil do gestor de crise. » Apresentar a interface com a imprensa e os reflexos agravantes da crise. 8 9 UNIDADE ÚNICAAMEAÇAS CAPÍTULO 1 Entendendo a crise “O Homem de caráter é atraído pelas crises, pois é enfrentando-as que ele se realiza” Charles de Gaulle Para fins didáticos, será seguida o seguinte roteiro de estudos: » Diferença entre Crise e Situações Conturbadas » Definição » Os 3D » Uma Tipologia das Crises » Fases de uma Crise Quando a crise chega » O que está em jogo? » Características comuns de uma Crise » Objetivos da Gestão de Crise Gerenciamento de uma crise » O que sabemos? O que não sabemos? » Elementos Fundamentais 10 UNIDADE ÚNICA │ AMEAÇAS › Auditoria de Risco › Manual de Crise › Plano de Contingência › Comitê de Crise › O Porta-Voz › Formação Fundamentos da comunicação de crise » Quem dá o alerta? » Quem fala e o que se fala » O Porta-Voz » Notícias que vendem » Entendendo os meios de comunicação » A relação com a Imprensa » Quem fala, afinal, durante uma crise? Pós-crise » O que é? » Alguns conselhos práticos » Uma reflexão básica Entendendo a crise A palavra vem do latim e tem equivalência com a palavra VENTO. O vento é uma ação da natureza capaz de gerar modificações leves ou profundas nas estruturas por onde passa. E, quando vem forte, uma coisa é certa: nada fica como antes. Gera praticamente uma impossibilidade de volta aos padrões antigos. Assim é a crise. Esse vento pode ser organizacional, técnico, financeiro, político, interno, externo, entre outras fontes. Quando ele sopra algo acontece e as estruturas mudam e nada mais é como antes. 11 AMEAÇAS │ UNIDADE ÚNICA Hoje, temos a CRISE FINANCEIRA na ordem do dia, também chamada CRISEMUNDIAL. O vento da crise passou, já engoliu bancos e tragou nossa confiança no sistema financeiro. Quem esperava por isso? Quem estava preparado para isso? Todos os dias aparece alguma CRISE POLÍTICA. Embora nos seja familiar e esperada, para o ator que se encontra nos raios do furacão, no turbilhão em torno de um olho central, o mesmo não acontece. O vento da crise pode causar danos, muitas vezes irreparáveis. Para a empresa que vê um de seus aviões caindo, o vento da crise pode derrubar mais do que um avião, como ocorreu com uma empresa de aviação norte-americana, de porte grande. Quatro anos após a queda inexplicável de uma de suas aeronaves, a empresa simplesmente faliu. O problema do vento é o rastro que deixa. Podemos evitar? Depende. Diferença entre crise e situações conturbadas Uma situação conturbada é uma brecha em um universo estável, normalmente isolada, com uma repercussão mínima. Ainda que possa ser questionada, a estrutura da autoridade não é ameaçada. O número de variáveis é limitado e rapidamente há o retorno à normalidade. Quando Bophal, na Índia, perdeu cerca de 40 mil de seus habitantes em um acidente de vazamento de gás da empresa Union Carbide, tudo voltou à normalidade? A repercussão foi mínima? A estrutura da autoridade não foi ameaçada? Nesse caso, não foi uma conturbação, mas uma crise. Temos, portanto, os primeiros componentes de uma crise: » Alta repercussão. » Grande número de variáveis. » Ameaça à estrutura da autoridade. » Impossibilidade voltar à normalidade. Isto é, depois que o vento passa nunca mais o lugar será o mesmo. Para James Robson, CRISE é um termo de uso corrente em busca de um significado científico. Não deixa de ser, efetivamente. Ele nos chama atenção para a vulgarização do termo que mascara gradativamente a importância de nos prepararmos para as crises, estudarmos como evitá-las na medida do possível, avaliar os possíveis danos e sobreviver a ela, principalmente. Crise virou sinônimo dos atropelos de políticos, de problemas financeiros, menos o que realmente é. 12 UNIDADE ÚNICA │ AMEAÇAS Vamos, então, a uma definição mais específica: CRISE é um processo que, sob o efeito de algum evento propulsor, desestabiliza fortemente o quadro de referência habitual, segundo três modalidades: deflagração, desregulamentação e divergência (os 3 D). Na definição de Robert (2002), as Crises são momentos da verdade, em que se colocam a questão de confiança e que: » afetam o andamento normal da “organização”; » chamam a atenção de seus dirigentes; » envolvem sua imagem e seus fundamentos; » interagem amplamente com o ambiente/contexto. Em resumo, crise, em geral, é: » estado súbito de desequilíbrio; » estado de incerteza, vacilação ou declínio; » grave desequilíbrio conjuntural; » momento histórico de riscos inquietantes; » situação de tensão, disputa grave; » situação de escassez, carência; » culminância de conflitos que se intensificam. A crise e sua gestão não podem ser dissociadas da percepção e representação que os atores têm dela. E, nesse caso, eles podem pensar em “um momento difícil” ou em “uma oportunidade de mudança”. Os 3D Segundo Lagadec (2002), toda crise, para ser efetivamente uma crise, tem de passar pelos 3D: Deflagração A crise suscita uma série de dificuldades que ultrapassam as capacidades normais de resposta, seja pela multiplicidade dos problemas, dos eventos, dos atores. A complexidade vai se acelerando tanto quanto o nível de incertezas. Registram-se problemas críticos de comunicação. 13 AMEAÇAS │ UNIDADE ÚNICA Desregulamentação Os dispositivos habituais de resposta emperram, os conflitos que estão latentes afloram, as alianças se dissolvem. As pequenas rupturas existentes por dentro, mas normalmente disfarçadas pela normalidade do dia a dia, se rompem de vez. É como se, de uma hora para outra, trocassem a fechadura da porta, mas deixassem você com a chave velha para abri-la. A velha chave já não serve. Os modos de agir já não servem. Os procedimentos que sempre funcionaram não funcionam mais. Divergência A crise abala as referências. Tudo é questionado: os valores, as estratégias, os procedimentos. O que era utilizado até aquele momento parece não valer mais. Uma tipologia das crises Ainda segundo Lagadec, as crises podem ser geradas a partir da combinação dos seguintes critérios: interna ou externa versus econômico/técnico e social/humano. Uma tipologia das crises Tipologia Econômico/técnico Social/humano Interna Acidente, panes... Baixo desempenho econômico, ... Disfunção gerencial, Conflito social, Sabotagem, Sequestros, Fraudes... Externa Interdição de locais, Poluições, catástrofe, Crise nacional, internacional... Rumores, escândalos de mídia, Boicotes, Atos terroristas... (Segundo Lagadec, 1993) Gestão fraudulenta seria, por exemplo, uma crise interna/econômica. Como você classificaria os seguintes eventos, segundo a tipologia de Lagadec? » A queda do avião da Gol, em 2006, após ter se chocado com o jatinho Legacy, pertencente a uma empresa aérea dos Estados Unidos. » O acidente com o avião da TAM, no centro de São Paulo, quando pousava no aeroporto de Congonhas, em 2007. » O vazamento de gás da Union Caribe, em 1984, matando milhares de pessoas na Índia. 14 UNIDADE ÚNICA │ AMEAÇAS » A invasão dos Sem-Terra na Câmara dos Deputados, em 2006. » A informação de que o sanduíche Big Mac continha minhocas. » A morte de pessoas que ingeriram comprimidos de Tylenol, nos EUA. » A má administração de uma empresa. » A crise econômica mundial. » Um furacão. » Um terremoto. » O fracasso de vendas do Mercedes Classe A. » O choque dos aviões nas torres do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001. Fases de uma crise Interprete esse gráfico demonstrativo das fases de uma crise, por meio de um exemplo concreto. 15 CAPÍTULO 2 Quando a crise chega O que está em jogo? A resposta a essa pergunta é a mesma acerca dos objetivos da gestão de crise. Primeiramente, o que está em jogo quando a crise chega é a SOBREVIVÊNCIA e a VIABILIDADE OPERACIONAL da organização. Muitas vezes encontramos pessoas que subestimam o tamanho e a potência da organização e simplesmente dizem: “Bah! Isso nunca ruirá, aconteça o que acontecer!” “Isso é uma potência. Jamais cairá!” Para quem pensa assim, vamos questionar alguns fatos: » Quem imaginava que o muro de Berlim cairia, sem um terremoto ou uma explosão? » Quem acreditava que a potência russa cairia? » Quem acreditava nessa bolha que já fez, até este momento, 14 bancos americanos quebrarem (fora os outros)? » Quem, assistindo aos filmes americanos ou visitando os EUA, e vendo aquelas casas lindas, acreditaria que 7,3 milhões de chefes de família perderão suas casas até 2010? (estimativa de estudos publicados pela imprensa em 11 de novembro de 2008) Os crédulos que não calculam riscos são em si mesmos um grande risco para qualquer organização, especialmente se ocupam cargos de chefia. O contrário de crédulo é o profissional sadio e preparado, portanto capaz de administrar a empresa e gerenciar crises. Importante! O gerenciamento de crises faz parte da administração. Esse profissional vai monitorar os perigos, como alguém que entra na floresta. Sempre atento, cuidadoso, mapeando a cada passo os sons, os alertas. Ao entrar em uma floresta é preciso saber que ali existem perigos. Saber quais são, como evitá-los e o que fazer caso aconteça alguma coisa formam o roteiro do Gerente de Crise. Em segundo lugar, o que está em risco é a REPUTAÇÃO, a imagem da empresa e da marca, que pode ficar arranhada ou deteriorada. Com isso, a CREDIBILIDADE, a moeda forte de qualquer organização, pode estar se perdendo. 16 UNIDADE ÚNICA │ AMEAÇAS Também está em jogo: » Perder cota de mercado. » Perder clientes. » Reduzir capitalização e valor das ações. » Expor-se a sanções econômicas. » Ter responsabilidade penal.» Suspender pagamentos. » Cassar atividade. Para proteger a organização é preciso: » antecipar os riscos potenciais; » estabelecer sistemas de prevenção; » buscar a melhoria contínua; e » aprender com as experiências. Características comuns de uma crise Alguns autores optam por características mais simplificadas, tais como: » surpresa; » imprevisibilidade; » urgência; » desestabilização. Podemos fazer uma reflexão sobre essas características. Em uma empresa aérea, por exemplo, embora exista a possiblidade de um de seus aviões cair, o fator surpresa e a imprevisibilidade só ocorrerão se a empresa se descuidar da manutenção, estiver com problemas financeiros etc. Quanto mais rigorosa for sua política de operação, menos fatores inesperados ocorrerão. Tomemos como exemplo o acidente ocorrido com o avião da TAM, em São Paulo. Considerando que o manual de aeronave dizia que um avião poderia pousar, mesmo com um dos reversos não funcionando, essa informação foi usada para justificar a tragédia que abalou o país. O que não se observou, no entanto, foram as condições da aeronave naquela condição específica, ou seja, um Airbus, com peso máximo, pousando no Aeroporto de congonhas, que se assemelha a um porta- aviões situado no centro de São Paulo. O que faltou, no caso, foi o bom senso dos responsáveis e não simplesmente a falta de um dos reversos do avião. 17 AMEAÇAS │ UNIDADE ÚNICA O acidente da TAM foi uma “Crônica da Morte Anunciada”, por excesso de autoconfiança, por desprezo tácito de seus dirigentes e por desconhecimento de algumas regras do gerenciamento de crise. Nesse caso, a surpresa e a imprevisibilidade se potencializaram por descuido de seus dirigentes. Por trás desse desastre, que é interno-técnico, havia o interno-econômico e o interno-gerencial. O acidente que envolveu uma aeronave da GOL e o jatinho Legacy, em 2006, outra tragédia que abalou o país e o mundo, é um exemplo de como a surpresa e imprevisibilidade surgem como características em sua pureza. Outros autores citam mais características: » fatos acontecem repentinamente (é quase o fator surpresa, mas há diferenciação); » tomada de decisões urgentes; » tempo curto para gerenciamento; » identificação de ameaças específicas; » fornecimento de informações urgentes sobre o ocorrido; » sensação geral de perda de controle; » pressão crescente a cada segundo; » trabalhos de rotina extremamente difíceis; » pedidos descabidos para tentar descobrir quem são os “reclamadores”; » pressão externa (imprensa, sindicatos, políticos, “amigos”) começa a ter um súbito interesse pela empresa/instituição; » reputação da empresa abalada; » comunicações extremamente difíceis de serem gerenciadas (tanto as internas quanto as externas). Há aqui uma especial característica que resulta de todas as outras. Na fase preliminar, na qual as coisas começam a dar errado, aparece essa característica: a procura de um culpado. Achado, esse culpado é sacrificado de imediato, como forma de solucionar a crise. Esse é o sinal clássico de que essa empresa/instituição, já em fase inicial de crise, não se preparou, não tem plano para enfrentar a crise, não sabe, não viu e não ouviu. E acha que resolve tudo encontrando o culpado e matando-o. É a figura do MORTO. Se você já o viu dentro de sua organização, saiba que ela não está preparada para enfrentar uma crise. 18 UNIDADE ÚNICA │ AMEAÇAS Objetivos da gestão de crise 1. A PREVENÇÃO da crise. 2. A SOBREVIVÊNCIA da organização. 3. A MELHORIA da situação geral na fase pós-crise. Efetue o Estudo dos Casos a seguir transcrito: Caso TYLENOL » Em três dias, as sete pessoas que haviam ingerido o medicamento morreram. » Na época, o Tylenol tinha 35% do mercado americano e representava para a J&J vendas de 400 milhões de dólares. » A empresa decidiu recolher 32 milhões de embalagens que estavam no mercado americano. » Os executivos da J&J decidiram não esconder as informações da opinião pública. » James Burke, então CEO da empresa, envolveu-se pessoalmente na solução do problema. » Paralelamente, técnicos da J&J conduziram pesquisas diárias com consumidores para monitorar a situação. » A empresa fez um acordo com as famílias das sete vítimas, cujo conteúdo ficou em sigilo. » Em oito semanas o analgésico voltava a ser comercializado, caindo de 32 milhões para 4 milhões por mês. » A empresa realizou monitoramento diário da opinião pública. » Um ano depois do acidente, o Tylenol recuperou sua participação no mercado. A empresa errou ou acertou? Por que? Caso Coca-cola a. Na Bélgica, em junho de 1999, cerca de 100 pessoas passaram mal após tomar o refrigerante. 19 AMEAÇAS │ UNIDADE ÚNICA b. A reação inicial da empresa foi garantir à população que não havia risco de vida. c. O medo se instalou, incentivado pelo mercado livre que se tornou a União Europeia. d. Governos chegaram a proibir a comercialização do produto. e. Estima-se que cerca de 15 milhões de unidades tenham sido retiradas de circulação. f. Douglas Ivester, então presidente mundial da companhia, uma semana depois do incidente, foi verificar pessoalmente o que estava ocorrendo, viajando para a Europa. A empresa errou ou acertou? Por que? 20 CAPÍTULO 3 Gerenciamento de uma crise O que sabemos? O que não sabemos? » O que uma organização bem preparada para o gerenciamento de uma crise pode SABER de antemão? › Que a crise pode passar. › Onde ela pode ocorrer. › Por que pode acontecer. › Quais são os possíveis efeitos. › Quem deve saber. » O que ninguém, nem o mais bem preparado gerente de crise, vai saber? › Quando a crise vai ocorrer. › Existe, inclusive, um velho dizer para o tema: só temos duas certezas a crise ocorrerá e não sabemos quando. Elementos Fundamentais » Auditoria de Riscos. » Metodologia para a priorização das Crises Potenciais. » Manual de Crise. » Plano de Contingência. » Comitê de Crise. » Porta-Voz. » Formação. 21 AMEAÇAS │ UNIDADE ÚNICA Auditoria de Riscos O objetivo da Auditoria de Riscos é identificar potenciais situações de risco que possam gerar uma crise para a companhia/instituição. Pode-se deduzir que a auditoria de riscos já é uma resposta à pergunta: Pode-se prevenir uma crise? Sim, a auditoria é um passo importante para prevenção da crise. Ela deve responder quais as ameaças e perigos ou mesmo possibilidades podem ocorrer e quais os possíveis efeitos. A Auditoria vai estruturar de forma a dar uma gradação a esses perigos e ameaças e, assim, permitir ao gestor saber quais merecem prioridade. A mecânica para se fazer uma auditoria de riscos vai desde análise de planos de emergência e segurança, visita crítica às instalações, revisão analítica de crises anteriores, até, e principalmente, entrevistas pessoais com a direção e pessoas-chave da organização que lidam com as operações, qualidade, marketing, comercial, segurança e demais áreas. Exemplo: Em uma instituição pública, no centro médico, há uma sala (mais ou menos 4 x 4) onde ficam instalados vários tubos de oxigênio. A lei estabelece que esses tubos devem ficar a mais de 150 metros das principais instalações e em construção própria e não ao ar livre. Esses tubos são como bombas armazenadas com força para destruir toda a instituição. Se a direção dessa instituição não tivesse a autoconfiança, mas estivesse mais preparada, teria detectado, em apenas uma entrevista com o médico- chefe, que esse perigo ameaçava a todos. Mas não o fez. O médico-chefe há dez anos pede que retirem dali a sua bomba, mas ninguém está preocupado em ver o perigo. “Basta que ele fique guardado e escondido. O que eu não vejo, não existe.” Certamente, a atenção recai sobre ameaças mais graves e mais prováveis. Todas as ameaças e perigos levantados na Auditoria de Riscos devem ser avaliados e priorizados a partir da combinação desses dois critérios: PROBABILIDADE E GRAVIDADE. Além dessa combinação,temos outra, relacionada à REPERCUSSÃO PÚBLICA dos possíveis riscos, o que potencializa a crise. 22 UNIDADE ÚNICA │ AMEAÇAS Um incêndio é um perigo sempre presente nas organizações, instituições e até mesmo na vida das pessoas. utilizando os gráficos anteriores, podemos enquadrar uma fábrica de fogos de artifício como MUITO PROVÁVEL, em função do produto, e MUITO GRAVE, porque um incêndio é sempre um evento grave. Merece, então, toda a PRIORIDADE. Mesmo sendo uma pequena fábrica, o que lhe confere a condição de POUCO NOTICIOSA e de abrangência relativa à imprensa local, a PRIORIDADE vai se manter graças ao perigo do produto, que tornará o risco de incêndio MUITO PROVÁVEL, situando-se no gráfico PIORIDADE no quadrante superior direito. As instalações do Senado Federal Brasileiro, por exemplo, que tem toda estrutura para prevenir incêndio e possui estrutura e funcionários preparados para qualquer eventualidade, pode ser classificado como POUCO PROVÁVEL, de acordo com a combinação dos critérios apresentados no gráfico, embora incêndio seja classificado como MUITO GRAVE. Portanto, MUITO GRAVE, mas POUCO PROVÁVEL, situa o evento no quadrante direito inferior do gráfico, ou seja, NÃO PRIORITÁRIO. Entretanto, se complementada a análise com o critério REPERCUSSÃO PÚBLICA, por menor que seja um incêndio naquela Casa, esse evento se caracterizará como MUITO NOTICIOSO e de ÂMBITO INTERNACIONAL. Assim, esse risco deverá merecer a classificação de ALTA PRIORIDADE, tornando-o RISCO POTENCIAL. Essas são maneiras de PRIORIZAR AS CRISES POTENCIAIS. Manual de Gestão de Crise Estabelecido o mapa dos perigos e ameaças e a forma de priorizarmos riscos potenciais, passemos a mais um dos elementos-chaves no Gerenciamento de Crise: o MANUAL DE GESTÃO DE CRISE. Ele se confunde muitas vezes com o Plano de Contingência, que é o terceiro elemento-chave. Terceiro em uma ordem didática, mas com o mesmo peso de todos os demais. O manual vai definir os procedimentos e materiais básicos para fazer frente aos cenários de crise mais plausíveis de maneira prática e rápida. Deverá expor os cenários e procedimentos, as mensagens básicas para informação rápida, conter os nomes e a estrutura da equipe de crise, seus 23 AMEAÇAS │ UNIDADE ÚNICA membros e suas funções, modelos de comunicados à imprensa, dossiês informativos, telefones de emergência etc. Uma organização que necessite de seguranças nas entradas de acesso terá especificados no Manual de Gestão de Crise o material e vestimenta adequados para cada profissional, além de informações relativas à forma de comportamento adequado, relacionamento com o cliente, com as chefias, sempre sob a ótica da prevenção, conterá, ainda, a especificação do material de defesa pessoal e de defesa do patrimônio. Porém, no caso de uma invasão ou assalto, a orientação de como esse profissional vai atuar e como vai se inserir nas operações de gestão de crise estará no Plano de Contingência. O manual pode estar Off-Line ou On-Line. Ambas as opções têm prós e contras. Off-Line On-Line + Mobilidade + Confidencialidade + Controle + Fácilidade de uso + Atualização + Acesso Remoto + Crackeável + Privilégio de Acesso + Visual e atrativo + Atualização Imediata + Exige acesso a computador Tudo vai depender do tipo de empresa e do produto ou serviço. Mas uma coisa é certa: o Manual de Gestão de Crise jamais pode ser um objeto inacessível. Pelo contrário, ele deve ser do conhecimento dos elementos-chave da empresa e estar de posse de todos os membros do Comitê de Crise, da administração da empresa. Para exemplificar melhor, apresentamos partes de um plano de uma empresa de turismo, dona de hotéis e resorts, presente em mais de 50 países, que chamaremos de WW. O objetivo do Plano de Gestão de Crise da WW é criar um instrumento de coordenação eficaz para afrontar situações de crises por meio de pessoal treinado que permite minimizar impactos na operação da WW e de suas filiais. Plano criado para fazer frente às potenciais ameaças à equipe de empregados e às instalações, tais como: » ataques terroristas » bombas e ameaças de bombas » grandes incêndios » sequestros » distúrbios civis » tornados e furacões 24 UNIDADE ÚNICA │ AMEAÇAS » inundações » terremotos » acidentes nucleares, químicos ou biológicos. O plano se baseia nos seguintes princípios: » avaliações periódicas e exaustivas de ameaças por parte do Time Gerenciador de Crise; » definições claras e concisas de funções e responsabilidades; » sistema confiável de comunicações e linhas de atendimento; » apoio administrativo; » segurança operacional e organizacional nos momentos de rumor de incertezas; » estratégias de resposta à crise. Observe que, como se trata de uma prestadora de serviços em TURISMO, e se encontra em 50 países, ataques terroristas ocuparam o primeiro lugar em sua lista de ameaças. Mas tornados e furacões também, porque alguns dos países com hotéis da rede se encontram em rotas de furacões. É o caso de New Orleans. Essa empresa, a WW, por ocasião do furacão Katrina, foi uma das que deram melhor resposta à crise. Ninguém saiu ferido. Todos os hóspedes, funcionários e suas famílias foram evacuados em tempo hábil. E depois de algum tempo retornaram ao hotel em segurança. Observe também que ela priorizou os empregados e depois citou as instalações. Nesse caso, os valores da empresa são espelhados no Plano de Gestão de Crise. Plano de Contingência Os Planos de Contingência são planos de ação específicos frente a situações com potencial elevado de crise. Eles devem ser elaborados a partir dos riscos potenciais. Enquanto que o Manual de Crise responde à pergunta: “O que fazer para evitar o pior?”, os Planos de Contingência respondem à pergunta: ‘O que fazer se ocorrer o pior?’ Para cada risco, sempre se considerando a escala de prioridades, será necessário um plano de contingência. Exemplos de riscos além dos fornecidos pela empresa WW: » Agressões a executivos » Sabotagem de material industrial 25 AMEAÇAS │ UNIDADE ÚNICA » Prisão de manifestantes » Sequestro » Extorsão » Greves » Acidentes de trabalho » Incêndios » Incidentes de segurança Comitê de crise O Comitê de Crise é um organismo dentro da empresa/instituição que tem autonomia, agilidade e poder de decisão. Seu objetivo: dedicar-se a gerenciar situações de crise, antes, durante e depois dela. A quantidade ideal de membros é de 3 a 7 pessoas. O comitê deve ter representação de toda a empresa. O COMITÊ, além da representatividade de toda a empresa, deve ser composta por pessoas com perfis diferentes, tais como: O ESTRATEGISTA: frio, analítico e racional. Busca soluções para problemas de fundo. O RESOLUTO: executa o combinado e marca os tempos. O CRIATIVO: contribui com soluções pouco usuais e com grande rapidez mental. O PESSIMISTA: imagina os piores cenários e compartilha suas inquietudes com o restante do pessoal. O TÁTICO: organiza os detalhes sem esquecer nada. O LÍDER: sabe aproveitar o melhor de cada um em benefício do conjunto. 26 UNIDADE ÚNICA │ AMEAÇAS O que não fazer A reação à crise costuma desencadear comportamentos baseados em alguns paradigmas. Até certo ponto é natural, porque a Crise tem sua psicologia, isto é, suas fases de aceitação, segundo a Teoria Kluber-Ross: esturpor/surpresa, negação, enfado, depressão, negociação e aceitação. Apesar disso, o Comitê de Crise precisa treinar para evitar as seguintes atitudes: “Foi um episódio isolado! Não vai acontecer novamente! ” Esse é o paradigma da negação. Uma fase normalmente comum nos primeiros momentos da crise, mas indicador de falta de formação em gerenciamento de crise. Jamais ignore os sinais de alerta. Resolvendo problemas potencialmente graves da primeira vez é possível que eles não se tornem crise. “Não quero incomodar meus chefes” Típica frase da negação, vinda de alguém que já travou de medo. A comunicação deve ser imediata,de preferência a alguém do comitê de crise. O Primeiro, para facilitar a mobilização, e, em seguida, para informar os escalões superiores. O tempo é chave. “Legalmente estamos cobertos!” Ter razão, em crises, não significa vencer. A questão é de imagem e não de leis. “Foi um problema menor. Não há motivo para pânico!” Não se iluda. Uma pequena rachadura em um dique pode significar uma catástrofe. Formação É imprescindível o TREINAMENTO DE SIMULAÇÃO DE CRISE: do Comitê, é sempre necessário; dos funcionários efetivos e terceirizados, vai depender do tipo de ameaça, das estruturas da organização, do perigo que essa ameaça representa, entre outros fatores. Exemplo: Treinamento de evacuação em caso de incêndio. Um dos casos mais populares é o treinamento geral que é feito periodicamente com a população do Japão para casos de terremoto. O Japão sofre por ser a origem e o fim do Anel do Fogo. Houve um grande terremoto no início do século passado e eles sabem que a qualquer momento poderá haver outro. E não descuidam. O fato de já haver passado mais de 100 anos não os acomoda. O Manual de Crise para terremotos prevê situações inusitadas para nós, como: » os hotéis têm todos os móveis fixos e as janelas não abrem; 27 AMEAÇAS │ UNIDADE ÚNICA » as janelas desses hotéis têm uma tela entremeando o vidro, para que, durante o terremoto, o vidro não se parta e caia sobre as pessoas da rua; » o banheiro é feito de fibra de vidro que molda todas as partes utilitárias, como vaso, banheira, pia. Esse molde é encaixado e depois fechado com a parede. Isso tem evitado que os hóspedes, muitas vezes estrangeiros, pouco acostumados com esses eventos, fiquem feridos mesmo em terremotos menores, mas com alguma consequência. Atentem para o fato que um terremoto de 6.0 é um terremoto menor para os japoneses. Além disso, a população treina periodicamente. ISSO É ESSENCIAL. De nada adiantaria ter um fabuloso Manual de Crise e um Plano de Contingência perfeito se as pessoas não soubessem como agir no momento decisivo. Ou se, por falta de treinamento, houvesse pânico, dispersão, fugas em massa descontroladas etc. » Simulação de Crise › A surpresa como fator essencial. › Envolvimento de departamentos chaves. › Convocação do Comitê de Crise. › Auditor: objetivo externo. › Autocrítica construtiva e melhoria de processos. Caso EXXON: Um dos casos mais famosos de crise foi vivenciado pela Exxon Lawrence Rawl. O petroleiro Exxon Valdez causou um derramamento de 24.000 barris de petróleo, no Alasca, em 1989. O desastre ecológico tomou proporções colossais: a. Seis dias depois, o presidente do Conselho de Administração pronunciou-se. b. Um executivo afirmou, logo após o acidente que os custos da limpeza no Alasca seriam repassados para os consumidores, na forma de aumento do preço da gasolina. c. A empresa errou ou acertou? Analise ponto a ponto. Caso TAM (acidente com o Fokker) A TAM, com relação ao acidente com o avião Fokker-100, em Congonhas, que vitimou 99 pessoas, em 1996: a. Imediatamente montou uma central de atendimento. 28 UNIDADE ÚNICA │ AMEAÇAS b. Trouxe familiares das vítimas para São Paulo. c. Falou à imprensa 3 horas após o acidente. d. Amaro Rolim, presidente da TAM, estava no exterior, mas retornou de imediato, assumindo a condução da crise. e. 26 famílias foram indenizadas. As demais aguardam. A empresa errou ou acertou? Analise ponto a ponto. Caso SCHERING DO BRASIL a. Cartelas do anticoncepcional Microvlar contendo placebo chegaram ao mercado. b. Pelo menos oito mulheres teriam engravidado ao usar o produto inócuo. c. A empresa teve a fábrica interditada e tomou uma multa de 3 milhões de reais. d. Tão logo recebeu a denúncia, a Schering abriu investigação interna e registrou a ocorrência junto à Vigilância Sanitária, 30 dias após. e. O presidente determinou à sua Assessoria de Imprensa a responsabilidade de informar, assumindo essa função um mês depois. f. Treze dias após vir a público, a empresa montou uma central de atendimento aos consumidores. A empresa errou ou acertou? Analise ponto a ponto. Caso RHODIA FARMA a. Em 1993, a empresa foi alertada por um farmacêutico que a cartela do neurolítico Amplictil fora achada dentro de uma caixa do antialérgico Fenergan. b. No dia seguinte, o laboratório soltou um comunicado na televisão advertindo os consumidores. c. Contatou a Vigilância Sanitária de imediato e determinou o recolhimento do lote. d. Não houve vítimas da troca. A empresa errou ou acertou? Analise ponto a ponto. Caso NESTLÉ a. Em 1991, a empresa foi chantageada por um indivíduo que ameaçava envenenar seus produtos. 29 AMEAÇAS │ UNIDADE ÚNICA b. A empresa, então, optou por divulgar as ameaças à população. c. Com isso, registrou uma queda de 18 milhões de dólares em suas vendas nos meses seguintes. d. Nesse período a empresa aumentou a segurança das embalagens e investiu em marketing. A empresa errou ou acertou? Analise ponto a ponto. 30 CAPÍTULO 4 Fundamentos da comunicação de crise Quem dá o alerta? Quem dá o alerta é sempre quem viu primeiro. E essa pessoa não pode esperar para falar com uma chefia ou com o presidente da empresa para depois dar o alerta. Viu, comunica imediatamente alguém do Comitê ou alguém com mais acesso ao comitê. Esse é um dos motivos pelos quais o Comitê de Crise deve ser conhecido de todos. Seus telefones devem ser de fácil acesso a qualquer funcionário, direto ou indireto. Se o faxineiro noturno viu a fumaça e pode ser um incêndio deve ligar de imediato para alguém do Comitê. Quando se trata de uma ameaça, a hierarquia deixa de ser seguida à risca. Quem fala e o que se fala Uma mulher dá o alerta: ficou grávida tomando anticoncepcionais Microvlar, da Schering do Brasil. A imprensa quer saber. Caso a empresa tivesse a atitude de “Nada a comentar”, “Vamos investigar e depois nos pronunciaremos oficialmente”, “Não acreditamos que tenha sido o nosso produto”, alguém, com certeza ocuparia aquele vazio de comunicação. De repente, o Presidente da empresa vê o faxineiro, ou a secretária, ou o copeiro, ou o chefe de marketing, dando entrevista para a Televisão. E, pior, dizendo qualquer bobagem. Ficção? Não, esse episódio ocorreu recentemente quando o avião da TAM caiu em Congonhas. O Presidente da TAM demorou a falar. Quando falou não sabia o que dizer e três dias depois teve de se desmentir. A Infraero, atingida pelo vendaval, veio à frente falar, na figura de seu Presidente. Cada vez que ele se manifestava a crise subia de nível como se de sua boca saísse combustível, ao invés de palavras, para alimentar o fogo da crise. Foi um pandemônio de comunicações desencontradas, da companhia e dos órgãos do governo envolvidos. Em uma crise isso é como atear fogo às próprias vestes. A comunicação pode ser de dois tipos: a. Suicida. b. Aquele elemento essencial, sem o qual nenhum comitê de crise poderá trabalhar. 31 AMEAÇAS │ UNIDADE ÚNICA Comunicar ou não comunicar é o drama número um das organizações que sofreram o primeiro abalo. A favor de comunicar estão vantagens como: » Tomar a iniciativa e não deixar que terceiros peguem as rédeas. » Controlar a mensagem e não deixar que ela se transforme em alguma arma cujo tiro saia pela culatra. » Demonstrar compromisso. » Responder às audiências-chaves. » Cumprir com o dever de informar. Os pontos contrários mais frequentes são: » As consequências políticas ou legais para a empresa. » Não poder guardar silêncio mais tarde. » Visibilidade negativa. » Assumir riscos quando falta informação. É por isso que a comunicação assume um papel vital no gerenciamento de crise. NEGAR somente será válido se já se souber comprovadamente que tudo é falso. Buscar o MORTO é deixar a crise ganhar força. O SILÊNCIO é a última opção porque o silêncio sempre diz algo. E RECONHECER O PROBLEMA não basta. O porta-voz Por tudo que foi dito, essa figura já tão emdesuso é essencial. O porta-voz deve ser um COMUNICADOR, não um ESPECIALISTA. Deve ser escolhido por suas características: » Deve ser alguém que transmita CREDIBILIDADE. Isso é mais importante que as informações que irá transmitir. » Deve ENTENDER O JORNALISMO e suas necessidades. » Deve ser antes uma PESSOA QUE PORTA A VOZ. 32 UNIDADE ÚNICA │ AMEAÇAS » Deve saber CALAR frente a pressão. » Deve saber se comportar frente a situações especiais, tais como: › ao fazer uma declaração; › ao estar em uma roda de imprensa; › ao dar uma entrevista; › ao atender as chamadas telefônicas (que são situações informais e tomam de surpresa). Notícias que vendem São 5 os “C” que vendem a notícia: CRISE CRIME CONFLITOS CATÁSTROFES CORRUPÇÃO Entendendo os meios de comunicação Existem os meios quentes e os meios frios. Os meios quentes, os jornais (imprensa escrita), criam opiniões, exigem envolvimento de quem os utiliza e, normalmente, as opiniões se contrastam. Esses meios fazem PENSAR. Já os meios frios – TV e Rádio – criam impressões emocionais, delatam o estado de ânimo da pessoa que fala, os sentimentos não se contrastam e os efeitos são mais fundos e perduráveis. Esses fazem SENTIR. Um novo meio de comunicação já se inseriu em nosso cotidiano e não há a menor possibilidade de controlá-lo: a internet. Ela é ágil e imediatista. Democratizou o direito à informação, tem o poder da digitalização e sua atualização é permanente. Traz a informação em tempo real, mas nem toda informação é verificada, o que a torna perigosa. A escassa autorregulação deixa demasiadas brechas, incentivadas pela impunidade. Relação com a imprensa A relação com a imprensa deve ser de TRANSPARÊNCIA. Se você não falar pela sua empresa, alguém vai falar e sem conhecimento. Se você não dispuser de um porta-voz, alguém com habilidades 33 AMEAÇAS │ UNIDADE ÚNICA específicas de comunicação e atitudes empáticas, a impressão causada pode trazer mais danos aos danos já causados pela crise. Estar consciente do papel da imprensa e do poder da imprensa é um ponto a favor. Lembrar-se sempre que a imprensa tem o PODER DE CONSTRUIR E DESTRUIR REPUTAÇÕES e esse poder dobra em períodos de crise. Práticas corretas na relação com a Imprensa: » NUNCA MENTIR. » Nunca negar que está diante de uma crise. » Não postergar as comunicações. » Transmitir controle da situação, sem arrogância e com a humildade de quem está disposto a aprender algo de cada situação. » Manter o porta-voz treinado, com mensagens pré-prontas e um porta-voz substituto. » Ter um porta-voz para cada tipo de tema. Práticas incorretas com relação à Imprensa: » Falar off de record. » Ver o jornalista como inimigo. » Não responder às suas chamadas. » Transformar em algo pessoal. » Subestimar o poder dos meios de comunicação. » Negar que estão diante de uma crise. » Esquecer o que está em jogo. » Não se comunicar rápido (mas sem precipitação). Quem fala, afinal, durante uma crise? O porta-voz fala sob o acompanhamento do Gestor da Crise. E o Presidente da empresa também deve estar presente. Se ele não tem as características necessárias para falar, deve dizer o mínimo necessário e manter-se com um comportamento adequado ao tipo de crise. Mas ele deve aparecer. Sua ausência costuma aumentar a crise. 34 CAPÍTULO 5 Pós-crise O que é? É o processo de cicatrização. Ela deve ser ANUNCIADA. Caso contrário, sempre a organização estará vivendo a crise. Alguns conselhos práticos Deve ser conduzida com cuidado, atenção, com balanços coletivos contendo a análise dos êxitos e dos erros. Uma atitude importante é prevenir-se contra todo tipo de triunfalismo ou culpabilidade. É o momento em que todos devem abordar a crise como uma ocasião para acumular experiência. Aproveitar a crise para melhorar o que já existe. Rediscutir as formas de gestão, redefinir os elementos fundamentais da empresa, valores, cultura etc. Voltar-se para o exterior, identificando e analisando outras crises similares. Escolher iniciativas que atendam as questões de fundo levantadas pela crise e deem uma dimensão exata das repercussões que o tratamento da crise pode suscitar em outros locais da atividade da empresa. E, finalmente, para consolidar o gerenciamento e o diálogo social. É o momento de se preparar para a próxima crise. Nada de respirar aliviado. É a hora de mudar os esquemas mentais, utilizar métodos de cenários e se preparar para a surpresa. Desenvolver capacidades de montar estratégias e organizar-se para gerir uma nova possível crise. E, principalmente, dispor de um dispositivo de “vigilância”: selecionar indicadores ou “sinalizadores” de crise em potencial. Uma reflexão básica: » O que perdemos? » O que conservamos? » Com o que contamos para seguir adiante? 35 AMEAÇAS │ UNIDADE ÚNICA Como sobreviver na crise, sem crise Cynthia M. Luz Jornalista John Birch consultor de Relações Públicas, especialista em gerenciamento de crises, há mais de 35 anos e atualmente Diretor de desenvolvimento da Ogilvy Adams & Rinehart, de Nova Iorque, empresa à qual está associada a AAB Ogilvy & Mather Relações Públicas, desde 1988, assessorou outras empresas como a Union Carbide, no desastre de Bhopal, na Índia, Unilever, Campeau, Standard Oil e Manufactures Hanover, o exército e o governo britânicos, nos processos de independência do Chipre e do Zimbábue, além de viajar por todo o mundo treinando executivos em 30 países, preparando-os para preservar a reputação de suas corporações. Leia a seguir a entrevista com esse especialista. Entrevista Com uma formação militar, de que forma você foi parar na área de relações públicas, se especializando em crises? As pessoas acreditam que passar oito anos e meio no exército é perda de tempo, mas eu estive no melhor serviço militar do mundo e aprendi muitas coisas úteis para quem trabalha em comunicação. Entre elas, autodisciplina, escrever de maneira concisa, administrar eficazmente e aprender a diferença entre tática e estratégia, o que tem a ver com marketing e relações públicas. Às vezes, o trabalho num serviço militar não é diferente de fazer Relações Públicas, já que devemos ter respeito às informações confidenciais, precisamos ser diretos em nossos objetivos e ter espírito de liderança. E não há melhor jeito de aprender liderança que quando a vida de seus comandados está em jogo. Com base em sua experiência profissional, o que é uma crise? Crise é diferente de um problema. É um evento imprevisível, que, potencialmente, provoca prejuízo significativo a uma organização ou empresa e, logicamente, a seus empregados, produtos, condições financeiras, serviços e à sua reputação. Entre as incidências mais comuns estão os problemas ambientais, contaminação de produtos, disputas trabalhistas, extorsões e incêndios, ataques dos consumidores, descréditos de produtos, desonestidades dos diretores, além de atos da natureza, como inundações e terremotos. Qual é a melhor forma de se lidar com crises? Uma das coisas que várias empresas fazem e que nossa assessoria aconselha é um processo de preparação, ou seja, é uma boa ideia fazer uma avaliação de todas as possíveis crises para poder, eventualmente, enfrentá-las. Devemos estudar os pontos 36 UNIDADE ÚNICA │ AMEAÇAS em que nossa empresa é mais vulnerável. Num instituto de gerenciamento de crises existente em Lousiville, no Kentucky, existe um estudo que mostra a incidência de 5.700 problemas causados por falha de administração e 4.500 por acidentes nos últimos anos, em uma amostragem de 31.500 casos registrados. Qual é a estratégia a ser seguida para a elaboração desse plano de emergência? Construir, passo a passo, o planejamento, montando um time especializado, formado por profissionais das áreas jurídica, financeira, de pessoal, de operações, de marketing, de Relações Públicas, entre as mais importantes; alocar um espaço físico adequadopara a reunião dessa equipe de modo rápido e eficiente, pois esse local precisa ter todos os equipamentos de comunicação e demais ferramentas de trabalho para os profissionais que vão gerenciar o problema, avaliar todos os potenciais riscos, preparando planos para cada um deles; elaborar um manual de crises, em que se encontre com facilidade quais os procedimentos a serem adotados pelas partes responsáveis; simular situações; e, principalmente, buscar boa vontade, aliança e apoio dos mais diversos segmentos em que a empresa atua, como governo, associações comunitárias, funcionários, associações de classe, sindicatos, imprensa, grupos de interesses especiais, enfim todos que possam dizer que a empresa não é má só por ter sofrido algum problema. É muito importante que joguemos o balde, em busca de apoio, e ele volte com algum conteúdo. De que maneira a propaganda influência ou é influenciada pela crise? A propaganda, assim como as demais ferramentas do marketing, pode auxiliar na formação de uma boa imagem da empresa. Nesse caso, em especial, situa-se a propaganda institucional. Por outro lado, se a empresa não estiver bem, o valor da marca cai bastante, não adiantando, muitas vezes, um bom trabalho de propaganda para recuperá-lo. Em recente crise enfrentada pela Pepsi-Cola, por exemplo, foram utilizadas 600 páginas de anúncios institucionais para comunicar o fim dos problemas, numa estratégia que reforçou o trabalho da equipe de Relações Públicas. Como os profissionais de comunicação devem agir diante de um quadro de crise? A função de um profissional de Relações Públicas é defender, proteger e, muitas vezes, reconstruir a reputação de uma organização ou de sua marca. É necessário que se treinem os porta-vozes, que devem ser pessoas importantes dentro da organização, para se manifestar com um tom humano e uma legítima preocupação para com os aspectos humanos do caso, para a adoção de medidas imediatas, para a comunicação franca e constante com a imprensa, com acompanhamento de pesquisas que revelem para que lado pende a opinião pública. Além disso, as informações devem ser imediatas, pois a comunicação mundial hoje é muito rápida. Deve-se, também, como medida até preventiva, saber o que os bancos de dados, em especial os utilizados pela imprensa, registram acerca da companhia, para evitar que jornalistas coloquem à população informações erradas baseadas neles. 37 AMEAÇAS │ UNIDADE ÚNICA Na época do acidente da Union Carbide em Bhopal, da Índia, como foi gerenciar a comunicação da empresa? Até certo ponto foi complicado, pois não existiam a CNN, o fax, as linhas telefônicas disponíveis eram escassas, enfim, a comunicação entre a subsidiária e a matriz, em Conecticut, era muito complicada. A notícia do acidente só chegou aos Estados Unidos 12 horas depois do ocorrido, já que, para piorar, Bhopal fica a dez horas de trem de Bombain, Calcutá ou Nova Delhi. Quais foram os aspectos positivos que poderia destacar? O mais importante foi a rapidez com que os executivos, em especial o presidente da companhia, agiram. Imediatamente após o comunicado chegar à matriz, foi convocada uma entrevista coletiva, para relatar a tragédia. Como não existiam muitas informações, apenas contaram-se os fatos (uma nuvem química havia sido liberada sobre a cidade e, devido ao frio, caíra em forma de chuva química, matando quase 4 mil pessoas que dormiam fora de suas casas e ferindo outras 11 mil). Outro ponto a ser destacado foi a aceitação de responsabilidade, mesmo que isso não tenha sido acompanhado de admissão de culpa, já que investigações posteriores mostraram que o incidente só pode ter sido provocado por sabotagem. A presença do presidente da Union Carbide no local apenas 40 horas após o incidente, mesmo tendo sido preso e imediatamente liberado, fez bem para sua imagem pública. A imagem da empresa e o valor da marca ficaram arranhados, mas todos os procedimentos realizados pela empresa foram corretos, ainda que a Union Carbide só possuísse metade das ações, sendo o restante de propriedade do governo ou de companhias ligadas a ele. Por essa razão, a preocupação da empresa em acompanhar e auxiliar as investigações e a postura de auxílio, com oferta de US$2 bilhões para as vítimas (não aceita pelo governo, mas divulgada) foram de extrema importância, ainda que não tenha conseguido superar a crise em relação ao governo. Hoje, anos depois, o caso foi reaberto, mas empresa não está sofrendo consequências em nível mundial, porém a unidade foi reduzida, com a resolução de se fechar a fábrica de baterias do conglomerado. No Trade Center, um caso mais recente, o que mais lhe chamou a atenção? O planejamento de crise do Fiduciary Banck, já previa grupos terroristas e possuía toda uma estrutura de emergência montada do outro lado da cidade com todos os equipamentos necessários para seu trabalho. Eles previram não só o fato do ataque terrorista, mas que esse ataque poderia visar as telecomunicações do Trade Center e, sendo esses recursos vitais para o desenvolvimento de seus negócios, tinham para onde ir. A explosão ocorreu na sexta-feira e eles já estavam instalados e trabalhando no outro escritório na segunda-feira. E na crise que a Pepsi-Cola enfrentou? Quais os aspectos positivos? O caso poderia ter tomando proporções absurdas, não fosse rápida intervenção da companhia. Após um casal ter denunciado a existência de uma seringa hipodérmica dentro de uma lata do refrigerante, uma semana depois, em 23 Estados da federação, 38 UNIDADE ÚNICA │ AMEAÇAS já existiam denúncias semelhantes. A imprensa, pelo fato de a notícia ser vendável, já havia espalhado a informação para o mundo inteiro, colocando em jogo a marca. A primeira atitude da empresa foi liderar as investigações junto com a Food and Drug Association (FDA), órgão encarregado de supervisionar a qualidade dos remédios e alimentos. A partir dessa investigação, foram detectadas falhas nessas histórias dos consumidores. Entre as descobertas, destacaram o fato de a lata, na linha de montagem, ficar aberta por apenas 9 décimos de segundo, além do aparecimento de fitas, feitas por sistemas de segurança de supermercados, onde consumidores tentavam adulterar as latas dentro do próprio estabelecimento. Essas informações foram passadas para a imprensa e o próprio presidente da organização foi à tevê para apresentar o resultado das investigações para o público, além de mostrar um filme da linha de montagem das latas para que a população pudesse ver o processo. Além disso, cerca de 600 páginas de publicidade foram publicadas, num esforço para os trabalhos de relações públicas. Já no Brasil, como deve ser encarada a crise desencadeada pelo assassinato de menores abandonados, na Igreja Candelária, no Rio de Janeiro? O problema esta afetando principalmente o turismo, que já sofre queda. Mas, além da pouca informação que foi repassada pelas autoridades às entidades internacionais e mesmo às representações brasileiras fora do país, o problema deve ser cortado pela raiz, ou seja, é necessário que os assassinos sejam encontrados e punidos e que o crime, em geral, seja diminuído. Um exemplo de crise semelhante a esse foi muito bem contornado pelo governo do Egito quando do assassinato de turista por parte de terroristas. As autoridades informaram o problema e combateram as suas causas, eliminando-as por completo. Por que o caso Tylenol é considerado um clássico? Porque o modo como foi administrado é considerado um modelo a ser seguido até hoje, vários anos após o ocorrido. A primeira providência da Johnson & Johnson foi comunicar que o medicamento estava sendo adulterado, com a introdução de veneno em suas embalagens, pedindo que seu uso fosse suspenso na versão cápsulas. Recolheu todo o estoque de Tylenol dessa versão existente nos pontos de venda e nos hospitais e pronto-socorros, dando-lhes, ainda, subsídios para o tratamento, caso fosse detectadoum caso de envenenamento. Ofereceu à população a opção da troca das cápsulas por tabletes, que não podiam sofrer sabotagem, e ofereceu um prêmio em dinheiro a quem pudesse dar informações acerca do adulterador. Fora isso, começou uma série de pesquisas para desenvolver uma embalagem inviolável e só devolveu a versão passível de problemas quando achou que ela estava segura. A atitude da diretoria da empresa também foi a mais correta possível, assumindo a responsabilidade da crise procurando auxiliar as pessoas afetadas e não sonegando informações à imprensa; pelo contrário, tratando-a como parceira na divulgação dos fatos. Apesar de o veneno ter atingido seis pessoas mortalmente, a marca não foi tão afetada e a reputação da empresa não foi riscada. 39 AMEAÇAS │ UNIDADE ÚNICA Por outro lado, pode citar um exemplo de crise mal gerenciada? O vazamento de petróleo no Alaska, envolvendo um petroleiro da Exxon, é um exemplo clássico do que não deve ser feito. A companhia não se importou em comunicar a verdade, procurando muitas vezes, até ocultá-la; não foram rápidos em atender o acidente, com seus executivos só se dignando a ir ao local 23 dias depois da ocorrência e em nenhuma hora houve mais que um porta-voz dando a versão da empresa. Além do que pararam de falar cedo demais sobre as providências que estavam tomando, deixando no ar a impressão de que não haviam dado a devida importância à proporção da tragédia. Isso tudo é fácil de perceber quando verificamos que este foi o trigésimo pior acidente com derramamento de petróleo, mas é o primeiro a ser lembrado. Passageiros da TAM dormem em saguão de hotel Publicada em 23/08/2007, às 10h30m CBN, O Globo Online SÃO PAULO – Cerca de 200 passageiros da TAM, que partiriam às 22h15m desta quarta-feira de Cumbica, em direção à Buenos Aires, foram obrigados a dormir no saguão de um hotel em Guarulhos. Eles deveriam chegar a Buenos Aires, capital argentina, na madrugada desta quinta, mas tiveram que voltar a São Paulo por causa do fechamento do aeroporto de Ezeiza. A viagem até a Argentina, que normalmente é feita em 2h30m, está levando mais de 12 horas. De acordo com a TAM, o vôo 8006 partiu do aeroporto de Guarulhos às 22h45 com destino a Buenos Aires. No meio da viagem o comandante foi informado que o aeroporto de Ezeiza estava fechado por causa de forte nevoeiro. A aeronave pousou em Porto Alegre para esperar a reabertura da pista. Por volta de 3h14, o aeroporto na Argentina reabriu e o avião novamente decolou. Mas durante o trajeto, ele voltou a fechar. Segundo a TAM, a aeronave retornou até o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, aterrissando às 4h30. A TAM, então, encaminhou os passageiros para um hotel em Guarulhos. Apenas 50 deles foram acomodados em quartos, segundo os próprios passageiros. Os demais foram obrigados a dormir e se acomodar em poltronas no saguão do estabelecimento. Os passageiros, de acordo com o comerciário René Bezerra, não conseguiram sequer alimentação. – O restaurante já tinha sido fechado e cerca de 99% dos passageiros ficaram sem alimentação. Tivemos que ficar no saguão até um dos funcionários pedir que nos retirássemos – conta. 40 UNIDADE ÚNICA │ AMEAÇAS Um ônibus da TAM levou alguns dos passageiros às 5h30m para o aeroporto e o vôo finalmente decolou com destino a Buenos Aires às 8h53. A previsão de chegada é por volta de 11h30. Leia a obra CRÍTICA E TEORIAS DA CRISE, de Bento Itamar Borges, da Editora EDIPUCRS, e estabeleça uma correlação com o conteúdo desse Caderno, apontando pontos convergentes e destacando pontos que agregam ou complementam.
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