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Introdução ao Direito Civil

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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO CIVIL
LINDB e Introdução ao Direito Civil
Livro Eletrônico
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LINDB e Introdução ao Direito Civil
DIREITO CIVIL
Daniel Carnacchioni
Sumário
Apresentação .....................................................................................................................................................................3
LINDB e Introdução ao Direito Civil ......................................................................................................................4
1. Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro ..................................................................................4
1.1. Introdução .....................................................................................................................................................................4
1.2. Fontes do Direito ......................................................................................................................................................4
1.3. Norma Agendi: a Lei ...............................................................................................................................................7
1.4. Competência e Jurisdição.................................................................................................................................20
1.5. Casamento: Regras sobre Direito Espacial ...........................................................................................20
1.6. Prova ............................................................................................................................................................................ 22
1.7. O Direito Público e as Inovações ................................................................................................................. 22
2. Princípios Constitucionais do Direito Civil Contemporâneo ..........................................................30
3. Histórico do Direito Civil ......................................................................................................................................31
3.1. Direito Civil Tradicional/Clássico ...............................................................................................................33
3.2. Direito Civil Contemporâneo .........................................................................................................................34
3.3. Características do Direito Civil Pós-Positivismo ..............................................................................36
4. Princípios Constitucionais e sua Relevância para o Direito Civil ................................................39
5. Paradigmas do Direito Civil Contemporâneo ..........................................................................................42
6. Diferença Básica entre Cláusula Geral e Conceito Jurídico Indeterminado ...........................43
7. Diferença entre Regras e Princípios .............................................................................................................44
Resumo ...............................................................................................................................................................................46
Questões de Concurso ...............................................................................................................................................49
Gabarito .............................................................................................................................................................................. 59
Gabarito Comentado ...................................................................................................................................................60
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LINDB e Introdução ao Direito Civil
DIREITO CIVIL
Daniel Carnacchioni
ApresentAção
Olá, tudo bem?
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à equipe do Gran Cursos Jurídico pelo convite que 
recebi para ministrar este curso de Direito Civil. É um enorme desafio porque o Direito Civil é 
extenso e interage com todas as demais matérias, em especial, com o Direito Constitucional, 
que o legitima e fundamenta.
Meu nome é Daniel Carnacchioni e, atualmente, ocupo o cargo de juiz de direito do TJ-DFT, 
como titular da 2ª Vara da Fazenda Pública da capital federal. Antes de ingressar na carreira 
da magistratura do TJ-DFT, há quase duas décadas, fui juiz de direito no nobre e encantador 
Estado da Bahia, onde tive a oportunidade de conhecer e conviver com o guerreiro povo nor-
destino, época em que fui aprovado, em duas oportunidades, para o cargo de juiz de direito do 
Estado de Minas Gerais, em concursos públicos sucessivos. Ao final, acabei por permanecer 
no Distrito Federal, onde estou até hoje.
Há mais de 15 anos sou professor de Direito Civil e, tento, na medida do possível, apresentar 
a matéria a partir de outra perspectiva, com foco no fundamento, na razão e na finalidade dos 
institutos de Direito Civil, porque somente assim é possível ter compreensão lógica de todo o 
sistema para, inclusive, permitir que o aluno tenha a capacidade para conectar todos os assun-
tos e temas. Nesse período de magistério, fui e ainda sou professor de várias instituições de 
ensino e, em tempos recentes, passei a ter a honra de integrar a equipe do Gran Jurídico. Meu 
Manual de Direito Civil pela editora Juspodivm, no qual abordo todos os temas de Direito Civil, 
está caminhando para a 4ª edição, o que me deixa muito orgulhoso.
O curso apresentará teoria e exercícios comentados. A metodologia contempla a exposi-
ção dos assuntos e, na sequência, a resolução de questões de provas. Para facilitar a revisão 
da matéria, todas as aulas serão finalizadas com um resumo, além de uma lista das questões 
comentadas, com o gabarito. Caso reste alguma dúvida, não hesite em postá-la no Fórum de 
Dúvidas. A interação com o professor é um dos diferenciais do curso! Espero que aprovei-
te bastante.
Aproveite e se entregue intensamente ao Direito Civil. Boa leitura e sucesso.
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LINDB e Introdução ao Direito Civil
DIREITO CIVIL
Daniel Carnacchioni
LINDB E INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL
1. Lei de introdução às normAs de direito BrAsiLeiro
1.1. introdução
A LINDB (antes denominada LICC) não faz parte do Código Civil, embora esteja anexa a ele. 
Trata-se de norma de sobredireito, ou seja, é um conjunto de normas cujo objetivo é disciplinar 
as próprias normas jurídicas (lex legum – norma sobre normas).
A lei em questão estabelece alguns parâmetros genéricos para formação, elaboração, vi-
gência, eficácia, interpretação, integração e aplicação das leis.
A mudança de nomenclatura ocorreu com a finalidade de adequar a aplicação prática e 
a abrangência real da lei de introdução ao seu aspecto formal (nome da ementa). A Lei n. 
12.376/2010 passou a mencionar que o decreto é, de fato, Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro, e não apenas normas de caráter civil.
A LINDB é destinada ao legislador e aplicador do direito, diferente das demais normas 
jurídicas que, por possuírem o atributo da generalidade, são destinadas, em regra, a toda a 
comunidade.
A LINDB trata dos seguintes assuntos:
• vigência e eficácia das normas jurídicas;
• conflito de leis notempo;
• conflito de leis no espaço;
• critérios hermenêuticos;
• critérios de integração do ordenamento jurídico;
• normas de direito internacional privado (arts. 7º a 19);
• normas de direito público (arts. 20 a 30).
Antes de adentrar propriamente no estudo da LINDB, devemos revisar conceitos básicos 
do direito. Isso porque, muitas vezes, em etapas mais avançadas dos concursos, como, por 
exemplo, nas provas orais, são cobrados conceitos jurídicos básicos, que acabam gerando um 
limbo jurídico na mente do indagado no momento da resposta.
1.2. Fontes do direito
Conceito: de “onde vem” ou formas de expressão do direito.
Miguel Reale define fontes do direito como os “processos ou meios em virtude dos quais 
as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória”.
De acordo com Hans Kelsen, fonte do direito é “o fundamento de validade da norma jurídi-
ca, decorre de uma norma superior, válida”.
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LINDB e Introdução ao Direito Civil
DIREITO CIVIL
Daniel Carnacchioni
A classificação e divisão quanto as fontes do direito, não é tema pacífico na doutrina, de 
modo que cada autor edita sua classificação:
Se dividem em:
• Fontes formais: constam expressamente na LINDB, e se dividem em primarias (leis); e 
secundarias (analogia, costumes e princípios gerais do direito);
• Fontes informais: não estão previstas na LINDB: doutrina, jurisprudência e equidade.
Alguns autores denominam as fontes formais secundárias de fontes indiretas ou mediatas, 
isso porque são aplicáveis em caso de lacuna legal, omissão da lei (art. 4º – “quando a lei for 
omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de 
direito”). São os denominados métodos de integração normativa.
CPC, Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordena-
mento jurídico.
1.2.1. Analogia
Consiste em aplicar a uma data situação que não está prevista em lei uma norma jurídica 
próxima (analogia legis ou propriamente dita) ou um conjunto de normas jurídicas que pos-
suem sintonia com aquele caso (analogia iuris). Como exemplo há a aplicação das regras do 
casamento para a união estável.
001. (MPE-PB/PROMOTOR DE JUSTIÇA/BANCA PRÓPRIA/2010/ADAPTADA) Julgue:
A analogia juris consiste na aplicação de uma norma existente, destinada a reger caso seme-
lhante ao previsto.
Segundo a distinção feita por alguns autores, a analogia legis consiste na aplicação de uma 
regra jurídica existente a caso semelhante, não previsto pelo legislador. A analogia juris sugere 
um processo mais amplo, porque não encontrando regra jurídica que regulamente caso seme-
lhante, ao julgador se permite extrair filosoficamente o axioma predominante de um conjunto 
de regras ou de um instituto, ou de um acervo de diplomas legislativos (baseada, portanto, em 
princípios do direito positivo).
Errado.
Não confunda analogia com interpretação extensiva.
Na analogia, rompe-se com os limites previstos na norma, havendo integração jurídica. Na 
interpretação extensiva, apenas amplia-se o seu campo, havendo subsunção.
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LINDB e Introdução ao Direito Civil
DIREITO CIVIL
Daniel Carnacchioni
Também não confunda SUBSUNÇÃO com INTEGRAÇÃO. A SUBSUNÇÃO é a aplicação dire-
ta da lei, ao passo que a INTEGRAÇÃO é o método a partir do qual o julgador supre as lacunas 
da lei, aplicando as ferramentas previstas no art. 4º da LINDB (analogia, costumes e princípios 
gerais do Direito).
EXEMPLO
Aplicação do art. 157, § 2º, do CC, para lesão usuária, prevista na Lei de Usura. Nesse caso, 
haverá interpretação extensiva, pois o dispositivo somente será aplicado a outro caso de lesão. 
Amplia-se o sentido da norma, sem romper seus limites.
Aplicação do art. 157, § 2º, do CC, para o estado de perigo (art. 156 do CC). Nessa hipótese, 
haverá a aplicação da analogia, porque o comendo legal está sendo aplicado a outro instituto 
jurídico, sendo caso de integração.
O PULO DO GATO
As normas de exceção não admitem analogia ou interpretação extensiva. Podemos citar, como 
exemplo, as normas que restringem a autonomia privada ou que diminuem a proteção de direi-
tos relacionados a dignidade da pessoa humana.
EXEMPLOS
Enunciado n. 146 III JDC: “nas relações civis, interpretam-se restritivamente os parâmetros de 
desconsideração da personalidade jurídica previstos no art. 50 (desvio de finalidade social ou 
confusão patrimonial).”
Qualquer negócio ou ato jurídico que envolva a cessão ou a transmissão da projeção dos efei-
tos patrimoniais dos direitos da personalidade deve ser interpretado restritivamente.
Art. 114 do CC (os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se restritivamente).
1.2.2. Costumes
São as práticas reiteradas no tempo. A repetição de usos de comportamentos, capaz de 
gerar a convicção interna no individuo de uma necessidade jurídica de sua obediência.
CC, Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar 
de sua celebração.
Os costumes podem ser:
• Segundo a lei (secudum legem): quando expressamente previstos (ex.: art. 187, CC). 
Aqui há subsunção;
• Na fata de lei (praeter legem): aplicado quando a lei for omissa (ex.: cheque pré-datado);
• Contra a lei (contra legem): não são admitidos.
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1.2.3. Princípios Gerais do Direito
São as fontes basilares para qualquer ramo do direito, influindo tanto em sua formação 
quanto em sua aplicação.
São três os princípios consagrados no CC, conforme se extrai da sua exposição de motivos:
• Princípio da eticidade (valorização da ética e boa-fé);
• Princípio da socialidade (corolário do princípio da função social da propriedade, dos 
contratos);
• Princípio da operabilidade (simplicidade e efetividade, a alcançada por meio das cláusu-
las gerais).
Alguns princípios gerais do Direito Civil, a partir da vigência da CF/1988, e do movimento de 
constitucionalização do Direito Civil, ganharam status constitucional, de modo que, segundo 
o professor Paulo Bonavides, terão prioridade de aplicação, mesmo quando há lei específica 
sobre a matéria.
São exemplos: a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF5), a solidariedade social (art. 
3º, I, CF6) e a isonomia ou igualdade material (art. 5º, caput, CF7).
Vale destacar a crítica realizada pela doutrina contemporânea, que ressalta a necessidade 
de atualização do art. 4º, em razão da profunda alteração da teoria das fontes. Já que hoje há 
reconhecida eficácia normativa dos princípios e também da jurisprudência (aproximação do 
sistema common law realizado pelo CPC/2015 com a valorização da jurisprudência).
1.2.4. Equidade
A equidade é forma de integração do direito?
Segundo Aristóteles, a equidade é a correção do justo legal; ou seja, a correção da lei, quan-
do esta se mostrar extremamente injusta.
A equidade não está prevista na LINDB como forma de integração de lacunas legais. Mas 
o art. 127 do CPC prevê que “ojuiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”. Des-
se modo, entende-se que o sistema jurídico admite a equidade como mecanismo de integra-
ção, quando indicado pela própria norma, ou seja, somente em caso de previsão legal (vide 
art. 7º, CDC).
1.3. normA Agendi: A Lei
Lei é a norma jurídica. Fonte primária e direta do direito. Trata-se de uma ordem (determi-
nação do legislador) com caráter geral, universal e permanente, e deve originar da autoridade 
competente.
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DIREITO CIVIL
Daniel Carnacchioni
Nos dizeres de Maria Helena Diniz, trata-se de um imperativo autorizante. Imperativo por-
que é dotada de coercibilidade, sendo dirigida a todos (atributo da generalidade). Autorizante 
porque tem a função de autorizar ou não determinadas condutas.
1.3.1. Vigência, Vigor, Eficácia e Validade da Lei
A vigência é o tempo de duração de uma norma jurídica, o lapso temporal no qual a lei pode 
produzir efeitos, no qual a lei possui vigor. Tem seu início com a publicação (ou decorrido o 
prazo da vacatio legis) e persiste até a sua revogação ou extinção. O termo a quo da vigência 
da lei é estabelecido livremente pelo legislador.
A vigência da norma tem íntima conexão com a força vinculante da lei ou à sua obrigato-
riedade (vigor da norma).
Atenção, caro(a) aluna(o), não podemos confundir vigência com vigor e com eficácia da lei:
• Vigência: período entre a entrada em vigor e a revogação da lei;
• Vigor: força vinculante, se liga ao princípio da obrigatoriedade, vincula todos os fatos e 
pessoas à norma agendi (lei). A ultratividade é o fenômeno em que uma norma mesmo 
sem ter vigência (em razão de sua revogação), possui vigor (continua a reger certos 
fatos).
Assim, normas sem vigência podem ainda estar em vigor. Trata-se do fenômeno da ultrati-
vidade, que nada mais é do que a possibilidade material e concreta de uma lei revogada ainda 
produzir efeitos. Tal princípio está diretamente relacionado com a garantia constitucional da 
não retroatividade das normas. Como exemplo, há a aplicação do CC/16 para os fatos ocorri-
dos durante a sua vigência, ou seja, para os contratos celebrados durante sua vigência.
O CC/2002 também manteve a vigência de vários dispositivos do CC/1916, com o que con-
feriu ultratividade para algumas normas específicas, ou “sobrevida”, mesmo após a revogação 
do CC/1916 pelo CC/2002 (enfiteuse, sucessão aberta antes do CC).
002. (CEBRASPE/JUIZ DE DIREITO/TJ-PB/2015/ADAPTADA) Em razão da denominada ul-
tratividade da norma, mesmo revogado, o Código Civil de 1916 tem aplicação às sucessões 
abertas durante a sua vigência, ainda que o inventário tenha sido proposto após o advento do 
Código Civil de 2002.
Veja o teor do art. 1.787 do CC: “Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a 
lei vigente ao tempo da abertura daquela.” Assim, em alguns temas, o CC/16, embora revogado, 
possui ultratividade, de modo a que continua reger os fatos jurídicos anteriores à sua vigência.
Certo.
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DIREITO CIVIL
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Eficácia: é a aptidão da norma para produzir efeitos. Pode ser social, técnica ou jurídica.
A eficácia social ou efetividade da norma diz respeito ao cumprimento do direito por parte 
da sociedade, em outras palavras, é a materialização no mundo dos fatos da dicção da norma.
Eficácia técnica se liga à presença de condições técnicas para sua produção de efeitos. A 
exemplo das normas constitucionais de eficácia limitada.
Eficácia jurídica: se refere ao poder que toda norma possui para irradiar efeitos jurídicos, a 
exemplo da revogação de norma anterior incompatível.
Hugo de Brito Machado afirma que “vigência é a aptidão para incidir”, enquanto eficácia 
seria a “aptidão para produzir efeitos no plano da concreção jurídica”. Ademais, esclarece o 
autor que:
Vigência é qualidade que não admite graduação. Está ou não na lei. Não existe lei mais vigente do 
que outra. A eficácia, diversamente, é qualidade sempre relativa. Existem leis mais eficazes do que 
outras. Pode-se dizer que não existe lei absolutamente desprovida de eficácia, como não existe lei 
absolutamente eficaz.
Também não se deve confundir vigência com validade.
Validade: norma válida é a que foi formada, originada e elaborada por órgão competente, 
com a obediência ao devido processo legal legislativo. No âmbito formal, a lei válida é a que 
obedece a todos os parâmetros legais de formação e do processo legislativo. No âmbito mate-
rial, lei válida é a que está adequada e conforme os preceitos da Constituição Federal.
A vigência está relacionada ao momento em que a norma válida, sob o aspecto formal e 
material, passa a ter força vinculante para os seus destinatários.
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficial-
mente publicada.
§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 me-
ses depois de oficialmente publicada.
Entrada em vigor:
Brasil Estado estrangeiro
Quarenta e cinco dias, salvo 
disposição em contrário. Três meses.
Se a lei for omissa quanto ao início da vigência, aplica-se a regra geral do art. 1º: entra em 
vigor 45 dias após ser publicada. No entanto, se a lei dispuser a data de vigência, prevalece a 
norma específica.
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Nesse ponto, há um importante princípio, muito cobrado em provas de concurso: princípio 
da obrigatoriedade simultânea ou vigência sincrônica, que estabelece que vigência se dá em 
todo o território nacional simultaneamente. Também chamado de critério do prazo único. Se 
contrapõe ao sistema da vigência progressiva, gradual, sucessiva, aplicável para a vigência da 
lei brasileira no Estado estrangeiro em relação à sua aplicação em território nacional. Vale des-
tacar também que lei antecessora da atual LINDB adotava o sistema da vigência progressiva.
§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, 
o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação [ou seja, o 
prazo se reinicia a contar da nova publicação]
§ 4º As correções a texto de lei já em vigor CONSIDERAM-SE LEI NOVA.
A correção a que se refere o § 3º será apenas quanto a erros de redação/ortografia. Mu-
danças de mérito não são admitidas, pois estas demandam uma nova lei com adequado trami-
te legislativo (deliberações, discussão etc.).
O período entre a publicação da lei e o início de vigência é denominado de vacatio legis. O 
prazo de vacatio legis e o modo de cômputo do prazo deve ser de acordo com o art. 8º da Lei 
Complementar n. 95/1998:
Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável 
para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula “entra em vigor na data de sua 
publicação” para as leis de pequena repercussão.§ 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância 
far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia 
subsequente à sua consumação integral [vale destacar: independentemente se o dia for ou não útil]
§ 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor 
após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial.
Não se aplica o prazo de vacatio legis da LINDB:
• Para os atos administrativos, pois estes entram em vigor na data da publicação no órgão 
oficial, pois nesse momento presume-se a ciência do destinatário;
• Para a vacatio constitutionis, isso porque as ECs entram em vigor na data de sua publica-
ção, salvo se houver previsão expressa em outro sentido, como, por exemplo, o sistema 
tributário nacional possuiu uma vacância prevista no art. 34 do ADCT.
O art. 2º da LINDB prevê outro importante princípio ao enunciar que “não se destinando à 
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”. Trata-se do princípio 
da continuidade ou permanência da lei, esta permanecerá em vigor até que outra a modifique 
ou revogue. A exceção fica por conta da lei excepcional ou temporária, que são autorrevogá-
veis (possuem vigência por um período condicional ou temporário) e são ultrativas (os efeitos 
dos atos praticados não extinguem com elas).
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Como exemplo de norma temporária, podemos citar a Lei n. 14.010, de 10 de junho de 
2020, que na ementa dispõe sobre o Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações 
jurídicas de direito privado no período da pandemia do coronavírus (covid-19), e no art. 3º, 
caput, dispõe de forma expressa que: “os prazos prescricionais consideram-se impedidos ou 
suspensos, conforme o caso, a partir da entrada em vigor desta Lei até 30 de outubro de 2020”. 
Norma aplicável também, para os prazos de decadência (§ 2º).
A revogação encerra a vigência de uma norma por outra, e pode ser:
• Quanto à extensão:
Revogação total Ab-rogação (lembrar: “ab” de absoluta, 
total).
Revogação parcial Derrogação.
• Quanto ao modo:
Revogação expressa (ou por via direta) Taxativamente prevista na norma.
Revogação tácita (ou por via oblíqua)
Quando seja com ela incompatível 
ou quando regule a matéria de que 
tratava a lei anterior.
O § 1º admite que a revogação seja expressa ou tácita. Nesse ponto, a regra pode parecer 
entrar em choque com aquela disciplinada no art. 9º da LC n. 95/1998, que sugere a neces-
sidade de a revogação ser sempre expressa. Não obstante, tem prevalecido que a revogação 
tácita é, sim, possível.
Já o § 2º do mesmo artigo apresenta obviedades. A revogação somente pode ser expressa 
ou tácita, razão pela qual, caso a lei nova estabeleça disposições gerais ou especiais a par das 
já existentes, não há revogação nem modificação da lei anterior.
A exemplo da Lei dos Alimentos Gravídicos (Lei n. 11.804/2008,) que ao trazer apenas 
acréscimos ao reconhecer o direito a alimentos ao nascituro e à mulher grávida, não revogou 
nem alterou o CC/02 em matéria de alimentos.
Por fim, o § 3º trata do fenômeno da repristinação. Por se tratar de assunto “supercaidor” 
em provas de concursos, explicarei, a seguir, tal fenômeno.
O terceiro e último princípio, de grande importância na LINDB, vem previsto no art. 3º: “nin-
guém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece”. Trata-se do princípio da obriga-
toriedade da lei. A norma jurídica, geral e abstrata, quando publicada e vigente, obriga a todos 
os membros da coletividade ou comunidade que a ela se submete, sem qualquer distinção. É 
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irrelevante a condição social, cultural, sexual, racial, econômica e pessoal do sujeito. Tal nor-
ma garante a eficácia do sistema e traz segurança jurídica. Há uma presunção relativa de que 
todos conhecem a lei. Relativa, pois admite exceções, como, por exemplo, a norma prevista no 
art. 139, III, do CC/02, o qual permite a anulação do negócio jurídico por erro do direito.
Vamos lá, caro(a) aluno(a), depois de visto alguns conceitos, veja se consegue responder esta 
pergunta: Se um negócio jurídico for celebrado durante a vacatio de uma lei que o irá proibir, 
esse negócio jurídico é: (i) anulável (porque assim se considera aquele em que se verifica a 
prática de fraude); (ii) nulo (por faltar licitude ao seu objeto)’ (iii) inexistente (porque assim se 
considera aquele que tiver por objetivo fraudar lei imperativa); (iv) válido, porque a lei ainda 
não está em vigor; (v) ineficaz, porque a convenção dos particulares não pode derrogar a or-
dem pública?
Essa questão foi cobrada na prova objetiva do concurso de juiz de direito do TJ-PE, promovido 
pela FCC, em 2015.
A resposta correta é a que indica que o contrato é valido, porque a lei ainda não está em vigor. O 
plano da validade de um negócio jurídico é regulado pela norma em vigor no momento de sua 
celebração. Se a lei estava cumprindo o prazo de vacatio, é sinal de que a mesma ainda não 
estava em vigor (art. 1º, LINDB: Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o 
país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada). Se não estava em vigor o negócio 
ainda não havia sido proibido. Não sendo proibido o negócio no momento de sua celebração, 
será reputado válido.
Trata-se da regra estampada no art. 2.035, CC:
a validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Códi-
go, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos 
após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas 
partes determinada forma de execução.
A lei se torna obrigatória, passa a ter vigor, com a vigência e não com a publicação. Após a 
publicação, a lei poderá ou não cumprir o período de vacatio legis.
Nesse ponto, é importante analisarmos como se dá a formação da lei. Esta envolve três 
etapas, quais sejam:
• 1º Elaboração da lei;
• 2º Promulgação da lei (pode ser dispensada);
• 3º Publicação da lei.
A fase de elaboração da lei vai desde a iniciativa até a sanção ou veto, ou seja, corresponde 
a todo o processo legislativo previsto na CF/1988 e na LC n. 95/1998.
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A promulgação é a última etapa do processo legislativo e consiste na declaração de exis-
tência formal da lei, embora ainda não tenha entrado em vigor.
Por fim, a publicação é o ato que dá publicidade à lei. É a condição para a lei entrar em vigor, 
obedecido o período de vacatio legis, se acaso houver.
Há controvérsia na doutrina se o nascimento da lei ocorre com a promulgação ou com o 
último ato anterior a ela, já que a promulgação tem o fito apenas de atestar a existência da lei. 
Noentanto, tal discussão não se mostra relevante para o Direito Civil, pois, para reger um dado 
fato jurídico e produzir seus efeitos, a lei deve estar em vigor (e quanto a esse momento, não 
há controvérsia).
1.3.2. Repristinação da Lei
O § 3º do art. 2º trata do fenômeno da repristinação, nos seguintes termos: “salvo dispo-
sição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”. 
Veja que, em regra, não se admite a repristinação no Direito brasileiro.
Mas o que é tal fenômeno? Em apertada síntese, trata-se de fenômeno jurídico em razão 
do qual uma norma revogada volta a ter vigência, em razão da revogação da lei que a revogara.
Veja o seguinte exemplo:
Se a lei C revoga a lei B, a qual, por sua vez, já havia revogado a lei A, esta última não voltará 
a produzir efeitos, pois, em regra, no Brasil, não se admite a repristinação. Não se admite que 
a lei A volte a viger em razão da revogação da lei B.
A repristinação somente será admitida quando: (i) houver previsão expressa (repristinação 
legal); (ii) em caso de declaração de inconstitucionalidade da norma revogadora (nesse caso, 
não haverá propriamente repristinação, mas, sim, o denominado efeito repristinatório, previsto 
no Direito Constitucional); (iii) uma lei for revogada por uma MP que não foi convertida em lei.
1.3.3. Eficácia da Lei no Tempo
A eficácia de uma legislação no tempo possui relevância, em especial, nas situações que 
envolvem o denominado “direito intertemporal”. Há relações jurídicas que foram estabelecidas 
sob a vigência de uma lei e acabam projetando os seus efeitos quando já vigente outra lei. O 
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direito intertemporal cuidará de regular e disciplinar essas situações jurídicas em que os efei-
tos de fato jurídico nascido e se originado na vigência de uma lei refletirão em período quando 
já em vigor outra legislação.
O art. 6º da lei de introdução retrata e reproduz esses pressupostos ao dispor que a lei em 
vigor (vigência) terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquiri-
do e a coisa julgada. As situações jurídicas já consolidadas sob a vigência da lei antiga devem 
ser preservadas pela nova legislação.
A regra no ordenamento jurídico brasileiro é a irretroatividade da lei (leis são editadas 
para reger fatos posteriores a sua vigência). Esse princípio objetiva garantir a segurança, a 
certeza e a estabilidade do ordenamento jurídico.
E quando será possível a retroatividade?
• necessário que haja permissão legal; e
• não pode prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (barreiras 
previstas não apenas na LINDB como também na CF/1988).
Vamos entender cada uma das referidas barreiras constitucionais.
• Direito Adquirido
De acordo com o § 2º do art. 6º, consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu 
titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo 
pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. De acordo com Caio Mario:
são os direitos definitivamente incorporados ao patrimônio do seu titular, sejam os já 
realizados, sejam os que simplesmente dependem de um prazo para o seu exercício, 
sejam ainda os subordinados a uma condição inalterável ao arbítrio de outrem.
Nesse ponto, é preciso ter cuidado para o seguinte: não confunda o referido artigo da LIN-
DB com o art. 125 do CC, que dispõe: “subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condi-
ção suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa”. 
Isso porque, enquanto o art. 125 trata acerca do direito adquirido em razão de um negócio 
jurídico (direito a própria prestação), o art. 6º, § 2º, da LINDB, trata acerca do direito adquirido 
resultante de lei (direito a ter direito).
Outra distinção importante é no que se refere à expectativa de direito que se configura 
quando não estiverem presentes todos os fatos exigíveis para a aquisição do direito. Seu ti-
tular tem apenas a expectativa, esperança de que um dia possa ser titular do referido direito. 
Um exemplo disso ocorre quando há um conjunto de regras que autorizam a aquisição de um 
direito após o cumprimento de fatos predeterminados. Se o pretenso titular ainda não cumpriu 
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os fatos necessários, não poderá alegar direito adquirido em face de novo conjunto de regras. 
Por isso é que se afirma que não há direito adquirido a regime jurídico (não há direito adquirido 
para mantença de normas jurídicas, estas, assim como a sociedade são dinâmicas). Veja o 
seguinte julgado do STF:
JURISPRUDÊNCIA
CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. LEI SUPER-
VENIENTE ESTABELECENDO VENCIMENTO ÚNICO PARA A CARREIRA. DIREITO ADQUI-
RIDO A REGIME JURÍDICO. INEXISTÊNCIA, ASSEGURADA A IRREDUTIBILIDADE DO VALOR 
PERCEBIDO. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. A jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal consolidou-se no sentido de que não existe direito adquirido 
nem a regime jurídico, nem aos critérios que determinaram a composição da remunera-
ção ou dos proventos, desde que o novo sistema normativo assegure a irredutibilidade 
dos ganhos anteriormente percebidos. 2. Não havendo redução dos proventos percebi-
dos pelo inativo, não há inconstitucionalidade na lei que estabelece, para a carreira, o sis-
tema de vencimento único, com absorção de outras vantagens remuneratórias. 3. Agravo 
regimental desprovido. (RE 634.732 AgR-segundo, Rel. Min. Teori Zavascki, 2ª Turma, DJe 
19-06-2013).
• Ato Jurídico Perfeito
A distinção entre ato jurídico perfeito e direito adquirido: o direito adquirido resulta dire-
tamente da lei, já o ato jurídico perfeito decorre da vontade das partes, que a exterioriza de 
acordo com a lei (exemplo: um contrato). Tais atos jurídicos são protegidos por mudanças 
supervenientes da lei.
• Coisa Julgada
Por fim, denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscu-
tível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso, ou seja, a decisão de mérito que tran-
sitou em julgado.
No entanto, tratando-se de direitos disponíveis, as partes poderão dispor dos seus direitos, 
mesmo após o reconhecimento em sentença transitada em julgado.
O efeito negativo da coisa julgada impede que a mesma causa seja discutida em outro 
processo, com as mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido. Já o efeito positivo 
da coisa julgada vincula o juiz ao que foi decidido em demanda anterior com decisão protegida 
pela coisa julgada material ao julgar uma segunda demanda. 
No entanto, vale destacar que o dispositivo diz respeito à coisa julgada. De modo que, 
modificadas a situação fática e jurídica que serviu de base e fundamento para a decisão, é 
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plenamentepossível, em face dos limites objetivos da coisa julgada, que uma nova decisão 
seja proferida modificando a situação a partir de então, ou seja, para o futuro. Explicando 
melhor, se uma pessoa ganha judicialmente o direito a receber algum auxílio governamental, 
modificada a lei na qual tal auxílio fora fundamentado, excluindo o benefício, o referido titu-
lar perde o direito ao auxílio, não havendo que se falar em impedimento pela coisa julgada. 
Não pode ser alegado, nem mesmo o óbice do direito adquirido, haja vista, como já dito, a 
inexistência de direito adquirido frente a regime jurídico.
É certo que, atualmente, há certa relativização da coisa julgada – em especial, quando esta 
for inconstitucional (RE 363.889 – STF); bem como em ações investigatórias de paternidade 
julgadas improcedentes quando não existia exame de DNA no Brasil.
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. REPER-
CUSSÃO GERAL RECONHECIDA. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE DECLA-
RADA EXTINTA, COM FUNDAMENTO EM COISA JULGADA, EM RAZÃO DA EXISTÊNCIA 
DE ANTERIOR DEMANDA EM QUE NÃO FOI POSSÍVEL A REALIZAÇÃO DE EXAME DE DNA, 
POR SER O AUTOR BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA E POR NÃO TER O ESTADO 
PROVIDENCIADO A SUA REALIZAÇÃO. REPROPOSITURA DA AÇÃO. POSSIBILIDADE, 
EM RESPEITO À PREVALÊNCIA DO DIREITO FUNDAMENTAL À BUSCA DA IDENTIDADE 
GENÉTICA DO SER, COMO EMANAÇÃO DE SEU DIREITO DE PERSONALIDADE. (STF, RE 
363.889/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, J. 02/06/2011).
003. Considere as afirmações abaixo, a respeito do direito intertemporal em matéria civil:
I – A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro veda, textual e literalmente, o efeito 
retroativo da lei.
II – Os direitos sob condição suspensiva são considerados adquiridos.
III – As expectativas de direito equiparam-se a direitos adquiridos quando constantes de con-
trato escrito.
IV – A lei nova possui efeito imediato, salvo quando alterar prazos de prescrição.
I – Errado. Não há previsão expressa na LINDB de proibição de retroatividade da lei.
II – Certo. Nos termos do art. 6º, § 2º, da LINDB.
III – Errado. Art. 6º, § 2º, LINDB. Para que se tenha direito adquirido mister, se faz que já tenham 
sido realizados ou que o começo do seu exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabe-
lecida inalterável, a arbítrio de outrem.
IV – Errado. Art. 1º, LINDB.
Errado./Certo./Errado./Errado.
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A irretroatividade não é regra absoluta, cedendo, em alguns casos, em razão de outros 
princípios constitucionais de alto relevo. Carlos Roberto Gonçalves afirma que a irretroativida-
de das leis não possui caráter absoluto, por razões de políticas legislativas, que por sua vez 
podem recomendar que, em determinadas situações, a lei seja retroativa, atingindo os efeitos 
dos atos jurídicos praticados sob o império da norma antiga.
Logo, a retroatividade é exceção, e se trata de fenômeno no qual uma lei é aplicada para 
fatos anteriores à sua vigência. Segundo alguns doutrinadores, a retroatividade pode ocorrer 
em graus:
• Retroatividade de grau máximo (restitutória): a lei nova retroage para atingir os atos ou 
fatos já consumados (direito adquirido, ato jurídico perfeito ou coisa julgada);
• Retroatividade em grau médio: a lei nova, sem atingir a causa finitae, retroage para atin-
gir os efeitos do fato passado, efeitos esses que se encontram pendentes;
• Retroatividade de grau mínimo (mitigada, temperada): ocorre quando a lei nova incide 
imediatamente sobre os efeitos futuros dos atos ou fatos pretéritos, não atingindo, no 
entanto, nem os atos ou fatos pretéritos nem os seus efeitos pendentes.
O STF, no RE n. 226.855, decidiu que as leis que afetam os efeitos futuros de contratos 
celebrados anteriormente são retroativas (retroatividade mínima), afetando a causa, que é um 
fato ocorrido no passado, ou seja, os efeitos futuros dos fatos ocorridos sob a vigência da lei 
antiga podem ser atingidos pela lei nova (retroatividade mínima).
No entanto, Nelson Rosenvald faz o alerta de que:
[...]forçoso é reconhecer, outrossim, a aplicação imediata da lei nova às relações jurídicas continua-
tivas – isto é, as relações jurídicas iniciadas na vigência da lei anterior e que se protraem no tempo, 
mantendo-se após o advento da lei nova. No que concerne às relações continuativas (também cha-
madas de trato sucessivo), a sua existência e sua validade, ficam submetidas à norma vigente ao 
tempo de seu início. No entanto, a sua eficácia, estará, inarredavelmente, submetida à nova norma 
jurídica. De qualquer sorte, é certo que essa incidência da lei nova aos efeitos das relações continu-
ativas exige respeito ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e a coisa julgada. Um bom exemplo, 
pode ser lembrado com a incidência do novo limite de multa (cláusula penal em taxas condominiais 
não pode exceder 2% ao mês, imposto pelo CC/02). Na legislação antecedente a multa poderia ser 
fixada no limite de 20% ao mês. Assim sendo, indaga-se, um condomínio constituído antes da vigên-
cia do CC/02 poderia continuar cobrando a multa de 20% pelo atraso no pagamento da taxa mensal? 
A resposta é não. Estando todo e qualquer condômino submetido ao limite de 2% ao mês, mesmo 
aqueles constituídos antes da vigência do atual Codex, uma vez que em se tratando de relação jurí-
dica continuada, sua eficácia, estará, seguramente, submetida à legislação vigente.
Outra exceção, em que também haverá retroatividade mínima, também diz respeito ao pre-
ceito de ordem pública. Nos termos do parágrafo único do art. 2.035 do CC: “nenhuma conven-
ção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este 
Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos”.
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1.3.4. Eficácia da Lei no Espaço – Regras sobre Direito Internacional Privado
Objetivo: solucionar conflito de leis no espaço.
O conflito de leis no espaço ocorre quando certas relações jurídicas transcendem a ordem 
jurídica interna e se interconectam com leis estrangeiras, autônomas e independentes. O que 
exigirá a definição de qual desses ordenamentos jurídicos regerá o fato e suas consequências 
ou efeitos jurídicos.
A regra geral é a aplicação do direito pátrio. O direito estrangeiro é aplicável apenas de 
modo excepcional. Por essa razão, a LINDB adota o princípio da territorialidade moderada, 
temperada mitigada.
Mas vale destacar uma premissa: a CF sempre prevalece sobre eventual norma estrangeira 
que preveja desigualdade entre homens, entre filhos na constância do casamento ou em razão 
de raça ou religião. Isso porque não se aplicam as normas de direito estrangeiro contrárias às 
normas de índole constitucional.
Outro fato importante é que as normas de direito internacional privado previstas na LINDB 
são indicativas e indiretas. Isso significa que apenas indicam qual a ordem jurídica substancial 
(nacional ou estrangeira) deverá ser aplicada no caso concreto para o fim de resolver a ques-
tão principal. Por exemplo: não dizem se o casamento é valido ou não, se o indivíduo tem ou 
não direito a herança.
Assim, as normas de DPI são instrumentais, auxiliares, pois apenas indicarão se é o direitoestrangeiro ou o direito nacional que resolverá a questão.
Para aplicação da norma estrangeira, exige-se uma regra de conexão. Os elementos de 
conexão podem ser pessoais (nacionalidade, domicílio), reais (localização do imóvel) e condu-
cista (celebração e execução de contrato).
Para incidência do DPI, o pressuposto é a conexão espacial. Para ficar mais claro, veja ca-
ro(a) aluno(a) um exemplo em que está ausente a conexão espacial: dois brasileiros se casam no 
Brasil, adquirem bens no Brasil e dissolvem a sociedade conjugal no Brasil. Agora, um exemplo 
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em que está presente a conexão espacial: brasileiro se casa com italiano na França, lá residem, 
adquirem bens e resolvem vir morar no Brasil.
Qual a metodologia de aplicação do DPI?
PRIMEIRO (OBJETO DA CONEXÃO): qualificação da relação jurídica (objeto da conexão – 
família, sucessão, contrato) – qual o assunto será conectado?
SEGUNDO (ELEMENTO DA CONEXÃO): determinação da lei aplicável (elemento de cone-
xão) – definição da lei que regera o assunto – exemplo: domicílio como elemento.
Em regra, o elemento de conexão adotado pela LINDB é o estatuto pessoal (art. 7º). Desse 
modo, a lei do país em que estiver domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo 
e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
Será aplicável a norma legal do domicílio do estrangeiro para essas questões, bem como 
para bens móveis que o proprietário tiver consigo (art. 8º), penhor e capacidade para sucessão 
(art. 10, § 2º). As pessoas jurídicas também se submetem a esse critério, pois devem obediên-
cia à lei do Estado em que foram constituídas.
O critério do estatuto pessoal tem exceções:
• Relações jurídicas cujo objeto seja imóvel: utiliza-se o critério real para a aplicação da 
lei do lugar da coisa para regular as relações de posse e propriedade sobre imóveis (prin-
cípio da territorialidade, caso de jurisdição exclusiva);
• Obrigações: utiliza-se da regra conducista, que determina a aplicação do lugar em que 
foi constituída para as relações obrigacionais (art. 9º);*
• Sucessão: utiliza-se da norma mais favorável em relação aos bens de estrangeiro morto, 
situado do Brasil, em favor do cônjuge e dos filhos (art. 10, § 1º).
*Se a obrigação for constituída por contrato ou decorrer de contrato, afasta-se a regra do 
caput e aplica-se a regra especial do § 2º do art. 9º. Nessa situação, a obrigação reputa-se 
constituída no lugar em que residir o proponente. É o lugar de residência do proponente e não 
o lugar da proposta ou da constituição do contrato que definirá a legislação aplicável à relação 
jurídica contratual.
No caso de sucessão por morte ou por ausência, segue a regra acima disposta, sendo 
aplicável a lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a 
natureza e a situação dos bens. Aplica-se a teoria da unidade sucessória. A sucessão será re-
gida pela lei do local de domicílio do falecido. Não são relevantes a nacionalidade e o local da 
situação dos bens.
A sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em 
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes 
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. Tal disposição do art. 10, § 1º, repetido pelo art. 
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5º, XXXI, da CF/1988, constitui exceção ao critério do último domicílio se a lei de nacionalidade 
do de cujus for mais favorável ao cônjuge ou filhos, desde que mais favorável.
A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
1.4. CompetênCiA e Jurisdição
De acordo com o art. 12 da LINDB, é competente a autoridade judiciária brasileira (na rea-
lidade, possui jurisdição) quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida 
a obrigação (mesmo sentido o art. 21 do CPC/15, que vai além e inclui as ações que tenham 
por fundamento fato ou ato praticado no Brasil). Nesses casos, a jurisdição é concorrente com 
outros países estrangeiros. Nessas hipóteses, se houver jurisdição prestada no estrangeiro, 
a sentença será válida e eficaz no Brasil após ser homologada pelo STJ (art. 105, I, “i”, da 
CF/1988). Não há litispendência entre as ações no Brasil e no estrangeiro (art. 24, CPC/15). No 
entanto, tal norma não se aplica às hipóteses de jurisdição exclusiva (art. 23 do CPC e § 1º do 
art. 12 da LINDB).
1.5. CAsAmento: regrAs soBre direito espACiAL
O art. 7º da LINDB adota o critério do estatuto pessoal (lei do domicílio da pessoa) para 
questões relativas a direito de família.
Os parágrafos do mesmo artigo apresentam situações especiais. Caso o casamento seja 
realizado no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às for-
malidades da celebração.
Se os cônjuges forem estrangeiros, o casamento poderá celebrar-se perante autoridades 
diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. Nesse caso, as regras, formalida-
des e procedimentos serão as do país de origem. De igual maneira é possível o casamento de 
brasileiros no exterior, com a aplicação da lei brasileira, se celebrado perante autoridade con-
sular brasileira (art. 18 da LINDB), devendo ambos nubentes ser brasileiros.
De acordo com o § 1º do art. 18, as autoridades consulares brasileiras também poderão 
celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos 
menores ou incapazes do casal, devendo constar da respectiva escritura pública as disposi-
ções relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao 
acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou a manutenção do nome 
adotado quando se deu o casamento. Nesse caso, nos termos do § 2º do mesmo artigo, é in-
dispensável a assistência de advogado. Os §§ do art. 18 da LINDB estão em absoluta sintonia 
com o art. 733 do CPC.
Para a capacidade: país do domicílio; impedimentos e formalidades: local do casamento, 
com a exceção acima referida; invalidade: lei do país do primeiro domicílio conjugal; e regime 
de bens: lei do país do domicílio dos nubentes ou, de forma alternativa, do primeiro domicílio, 
se estes forem diferentes.
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O § 5º do art. 7º da LINDB confere ao estrangeiro casado, que se naturaliza brasileiro, ado-
tar o regime da comunhão parcial de bens, com respeito aos direitos de terceiros e dada essa 
adoção ao competente registro (mutabilidade do regime de bens).
O § 6º do art. 7º da LINDB disciplina o divórcio realizado por brasileiro no estrangeiro e 
seu reconhecimento no Brasil. Basta que um dos cônjuges seja brasileiro. Para que esse di-
vórcio tenha eficácia no Brasil, deverá se submeter a alguns requisitos e às condições para 
homologação de sentenças estrangeiras.Em primeiro, é necessário o lapso temporal de um 
ano da data da sentença, salvo se antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em 
que a homologação produzirá efeito imediato. Segundo, a sentença deverá ser submetida aos 
pressupostos para a homologação de sentenças estrangeiras no país (arts. 960 a 965 do CPC). 
O STJ, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, 
decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de 
brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. A eficácia de decisão es-
trangeira depende da homologação desta no Brasil.
O § 5º do art. 961 do CPC dispõe que a sentença estrangeira de divórcio consensual produ-
zirá efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça. 
Poderá ser levada a cartório para registro, independentemente de qualquer atividade judicial. 
Os requisitos indispensáveis para a homologação de sentença estrangeira estão previstos no 
art. 963 do CPC (autoridade competente, citação regular, eficácia no país em que proferida, não 
ofender a coisa julgada brasileira, tradução oficial e não ofensa à ordem pública).
Em relação à homologação de sentença estrangeira, no mesmo sentido são os arts. 15 a 
17 da LINDB. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro que reúna os se-
guintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido as partes citadas 
ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das 
formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por 
intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal (agora STJ).
Se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem conside-
rar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. As leis, atos e sentenças de outro país, bem 
como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil quando ofenderem a 
soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes (arts. 16 e 17 da LINDB). A ordem 
pública deve estar baseada em valores e princípios constitucionais.
Ainda em relação à homologação de sentença estrangeira, se a decisão for proferida por 
países que integram o Mercosul, em razão do Protocolo de “Las Leñas”, o procedimento é mais 
célere, mas não dispensa a necessária chancela do Superior Tribunal de Justiça.
O § 7º do art. 7º da LINDB não está em sintonia com a Constituição Federal, porque faz re-
ferência a “chefe de família”, figura que não se coaduna com a igualdade de direitos e deveres 
entre os cônjuges e companheiros. Os tutelados e curatelados se ajustarão à lei do domicílio 
dos seus tutores e curadores. Se a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no 
lugar de sua residência ou naquele em que se encontre (§ 8º e art. 71 do CC).
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1.6. provA
A LINDB também disciplina a questão da prova de fatos ocorridos no exterior. O art. 13 dis-
põe que a prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quan-
to ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei 
brasileira desconheça. Portanto, o ônus e os meios de prova são aqueles estabelecidos pela lei 
do país onde o fato ocorreu. Não se admite, entretanto, prova cujo meio não é reconhecido pela 
legislação brasileira. Por exemplo, a Constituição Federal veda a utilização de provas ilícitas.
O CPC brasileiro adota o princípio da atipicidade das provas (art. 369), ou seja, além dos 
meios de provas previstas em lei, também são admitidas as não previstas, desde que obser-
vados meios lícitos e morais. O sistema processual brasileiro é aberto, pois não especifica os 
meios que podem ser utilizados para a demonstração da verdade dos fatos. O uso de provas 
atípicas não é ilimitado, pois deve respeitar os direitos e garantias fundamentais de natureza 
processual e material.
Se o juiz não conhecer a lei estrangeira, poderá exigir de quem a invoca prova do texto e da 
vigência (art. 14 da LINDB). Há regra semelhante no CPC, art. 376, segundo o qual a parte que 
alegar direito estrangeiro, entre outros, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz deter-
minar. O juiz, em caso concreto, verificará a pertinência de se determinar a prova do teor e da 
vigência de lei estrangeira que é alegada pelas partes.
1.7. o direito púBLiCo e As inovAções
O direito público e a segurança jurídica: inovações da Lei n. 13.655/2018, que acrescentou 
os arts. 20 a 30 à Lei de introdução às normas de Direito brasileiro. É verdade que a referida 
legislação não tem relação direta com o direito privado, objeto desta obra, mas, como a LINDB 
integra este PDF porque possui regras de vigência, eficácia e aplicação de leis que também in-
teressam ao Direito Civil, serão feitas algumas considerações sobre a nova legislação. O foco 
da legislação é o direito público, âmbito de atuação dos agentes políticos, mais especificamen-
te as matérias de Direito Administrativo, Financeiro, Orçamentário e Tributário.
Tais regras não se aplicam, portanto, para temas de direito privado.
De início, é importante ressaltar que, há algum tempo, a discussão acerca da análise con-
sequencialista das decisões judiciais vem tomando conta do cenário mundial. O estudo do 
Law and Economics vem demandando, dos operadores do direito, uma análise efetiva dos 
efeitos práticos das decisões, não apenas para as partes, mas também para todos os afetados, 
principalmente, nos casos em que há grande repercussão econômica.
Desse modo, urge seja realizada uma análise argumentativa das consequências das deci-
sões judiciais ou administrativas, no momento de decidir.
A teoria consequencialista foi introduzida no Brasil por meio da edição da Lei n. 13.655/2015, 
que alterou a LINDB para trazer segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do 
direito público.
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Nesse contexto, o art. 20 dispõe:
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores 
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
A norma busca evitar que as decisões proferidas tanto em âmbito judicial quanto admi-
nistrativo apresentem apenas argumentos principiológicos vagos e imprecisos, sem a devida 
fundamentação, ou seja, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso.
A norma tem o objetivo de reforçar a responsabilidade decisória estatal em face da existên-
cia de normas jurídicas indeterminadas e que, por isso, admitem diversas hipóteses interpreta-
tivas e, portanto, mais de uma solução.
De acordo com o parecer da CCJ da Câmara, tal mudança se justificou pela falta de ca-
pacidade de as normas regularem todas as atividades humanas, cabendo aos operadores do 
Direito interpretá-las a aplicá-las com base em princípios e direitos fundamentais. O referido re-
latório ressalta que, apesar de os princípios adaptarem melhor a complexidade da sociedade, 
sobretudo em um momento de evolução tecnológica, sua simples aplicação conferiria margem 
para amplas divergências interpretativas e contribuipara o aumento da insegurança jurídica.
Os professores Carlos Ari Sundfeld e Bruno Meyerhof Salama fazem as seguintes observa-
ções sobre a referida norma:
O projeto de lei sugere um art. 20 para a LICC. Ele trataria das decisões judiciais, administrativas 
e controladoras (dos tribunais de contas, hoje ativos e interventivos) que se baseiem em “valores 
jurídicos abstratos” (que podem ser entendidos como princípios). É fácil entender a importância 
de uma norma desse tipo. Como hoje se acredita cada vez mais que os princípios podem ter força 
normativa – não só nas omissões legais, mas em qualquer caso – o mínimo que se pode exigir é 
que juízes e controladores (assim como os administradores) pensem como políticos. Por isso, a 
proposta é que eles tenham de ponderar sobre “as consequências práticas da decisão” e considerar 
as “possíveis alternativas” (art. 20, caput e parágrafo único).
A CF está repleta de valores jurídicos abstratos. Ex.: dignidade da pessoa humana, mora-
lidade, bem-estar e justiça social, meio ambiente ecologicamente equilibrado. São, portanto, 
princípios constitucionais que possuem forca normativa (pós-positivismo). Com a norma da 
LINDB em comento, o legislador busca conter o ativismo judicial.
Marcio André Lopes Cavalcante nos lembra que, com base na forca normativa dos 
princípios constitucionais, o Poder Judiciário, nos últimos anos, condenou o poder público 
a implementar uma série de medidas destinadas a assegurar direitos que estavam sendo 
desrespeitados:
• Município condenado a fornecer vaga em creche a criança de até cinco anos de idade 
(STF RE 956475, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 12/05/2016);
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• Administração pública condenada a manter estoque mínimo de determinado medica-
mento, utilizado no combate a certa doença grave, de modo a evitar novas interrupções 
no tratamento (STF, 1ª turma. RE 429903/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 
25/06/2014);
• Estado condenado a garantir o direito à acessibilidade em prédios públicos (STF, 1ª Tur-
ma. RE 440028/SP. Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/10/2013);
• Poder público condenado a realizar obras emergências em estabelecimentos prisionais 
(STF. Plenário. RE 592581/RS. Rel. Min Ricardo Lewandowski, julgado em 13/08/2015).
Quando o art. 20 afirma a necessidade da observância das consequências práticas da de-
cisão, a norma busca evidenciar a necessidade de o julgador analisar a realidade fática apre-
sentada, que não deve se desvincular da conclusão final tomada na decisão.
A norma se aplica às decisões proferidas nas esferas administrativa (ex.: PAD), controlado-
ra (ex.: julgamento das contas de um administrador público pelo TC) e judicial (ex.: ACP).
É necessário saber a diferenciação do consequencialismo para o utilitarismo.
O utilitarismo de Jeremy Bentham e John Stuart Mill afirma que as ações são boas quando 
tendem a promover a felicidade, maximizar a utilidade e o prazer.
Bentham propunha, por exemplo, a criação de um reformatório para abrigar mendigos, re-
duzindo a presença deles nas ruas. Para ele, quanto mais mendigos nas ruas, menor é a felici-
dade dos transeuntes.
Tal teoria sofre duras críticas, em especial, por violar direitos fundamentais, quando de sua 
aplicação.
Assim, apesar da linha tênue entre o consequencialismo e o utilitarismo, é plenamente 
possível que o julgador decida com argumentos consequencialistas, sem utilizar premissas 
utilitaristas.
O STF, em muitas decisões, utiliza argumentos consequencialistas, por exemplo, Daniel 
Sarmento nos conta um caso em que o STF voltou atrás em uma de suas decisões em que 
havia proclamado a inconstitucionalidade da lei de conversão da MP que criara o Instituto Chi-
co Mendes, por não ter observado a exigência imposta pela CF, que exige que uma comissão 
mista da Câmara e do Senado emita parecer sobre a MP. O STF voltou atrás em tal decisão, 
porque, no dia seguinte ao julgamento, o AGU, em questão de ordem, advertiu que centenas 
de outras MPs continham o mesmo vício entre elas, algumas haviam criado políticas públicas 
essenciais (ex.: Bolsa Família). Assim, temendo as consequências práticas que o referido pre-
cedente ocasionaria, o STF decidiu voltar atrás na invalidação da norma.
O exemplo mais marcante da utilização do consequencialismo pelo STF está previsto na 
própria Lei n. 9.868/1999 (Lei da ADI), que em seu art. 27 assegura a modulação dos efeitos da 
decisão de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, tendo em vista razões de segurança 
jurídica ou de excepcional interesse social.
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Um exemplo dado por Marcio Cavalcante: em tese, pela aplicação do art. 20 da LINDB, o 
juiz poderia deixar de condenar o Estado a fornecer a um doente grave determinado tratamen-
to médico de custo muito elevado sob o argumento de que os recursos alocados para fazer 
frente a essa despesa fariam falta para custear o tratamento de centenas de outras pessoas 
(consequências práticas da decisão).
Prosseguindo, o referido jurista ressalta com razão que esse art. 20 revela uma enorme 
contradição. Isso porque defende que o julgador não deva decidir com base em “valores jurí-
dicos abstratos”, sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. Ocorre 
que a própria Lei n. 13.655/2018 introduziu, na LINDB, uma série de expressões jurídicas abs-
tratas, como, por exemplo: “interesses gerais da época”, regularização de modo “proporcional 
e equânime”, “obstáculos e dificuldades reais do gestor, “orientação nova sobre norma de con-
teúdo indeterminado”.
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da 
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possí-
veis alternativas.
O referido parágrafo ressalta a necessidade de motivação de todas as decisões, sejam 
proferidas por órgãos administrativos, controladores ou judiciais. Em tal fundamentação, o 
julgador deverá demonstrar que a decisão tomada é:
• a necessária e a mais adequada (necessidade e adequação, subprincípios do princípio 
da proporcionalidade);
• explicar as razões pelas quais não são cabíveis outras possíveis alternativas.
EXEMPLO
Ao anular uma licitação eivada de fraude, o administrador deve demonstrar que essa medida 
é necessária e adequada para resguardar a moralidade administrativa. E considerando que 
houve prejuízo ao erário, não seria possível a convalidação (possível alternativa).
O art. 21, em desdobramento do dispositivo anterior, reforça ainda a necessidade dos ór-
gãos de controle e do Judiciário observarem, no âmbito administrativo, com “indicação” e de 
forma “expressa”, as consequências jurídicas e administrativas de suas decisões quando de-
cretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa:
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação 
de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas 
consequências jurídicas e administrativas.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar 
as condições para que a regularizaçãoocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos 
interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das 
peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.
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O parágrafo único do art. 21 trata acerca da regularização da situação em caso de invalida-
ção de ato contrato ou ajuste.
EXEMPLO
No caso de invalidação de contrato administrativo, a autoridade pública julgadora que determi-
nar a invalidação deverá definir se serão ou não preservados os efeitos do contrato, como, por 
exemplo, se os terceiros de boa-fé terão seus direitos garantidos. Deverá decidir, ainda, se é ou 
não caso de pagamento de indenização ao particular que já executou as prestações, conforme 
disciplinado pelo art. 59 da Lei n. 8.666/1993 (https://www.conjur.com.br/dl/parecer-juristas-
-rebatem-criticas.pdf)
O art. 22 dispõe o que alguns juristas denominam de primado da realidade.
Em resumo, significa que a realidade deve sempre ser observada no que se refere à inter-
pretação das normas sobre gestão pública.
Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as 
dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos 
direitos dos administrados.
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou nor-
ma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado 
ou condicionado a ação do agente.
§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, 
os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenu-
antes e os antecedentes do agente
§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de 
mesma natureza e relativas ao mesmo fato
Os elaboradores do projeto justificam que: “a norma em questão reconhece que os di-
versos órgãos de cada ente da Federação possuem realidades próprias que não podem ser 
ignoradas. A realidade de gestor da União evidentemente é distinta da realidade de gestor 
em um pequeno e remoto município”.
No entanto, fica o alerta: se trata de norma perigosa. Isso porque pode ser utilizada como 
uma brecha para vencer comandos legais impositivos, sob a falácia das contingências da 
realidade.
As dificuldades orçamentárias não podem ser invocadas como defesa, para não imple-
mentação de políticas públicas mínimas (a teoria da reserva do possível não pode ser invoca-
da diante da garantia do mínimo existencial).
A diretriz a se seguir na interpretação da norma, pelos órgãos de controle, é de que a reali-
dade não pode vencer a garantia de direitos fundamentais da coletividade.
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Por fim, o § 2º do referido artigo elenca as circunstâncias que devem ser levadas em 
consideração na aplicação das sanções:
• a natureza e a gravidade da infração cometida;
• os danos que dela provierem para a administração pública;
• as circunstâncias agravantes ou atenuantes; e
• os antecedentes do agente.
No art. 23 e 24 da LINDB há a consagração do direito à segurança jurídica previsto no art. 
5º caput da CF, que visa, em sua vertente objetiva, a garantia da certeza e estabilidade das 
relações ou situações jurídicas; e em sua vertente subjetiva a proteção à confiança legitima.
Assim prevê o art. 23:
Art. 23. a decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orienta-
ção nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento 
de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou con-
dicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo 
aos interesses gerais [consagração dos regimes de transição e a modulação dos efeitos de decisão 
administrativa baseada em novo entendimento].
Por regime de transição entende-se o regime jurídico de passagem, que possui duração 
temporária e busca oferecer condições diferenciadas para viabilizar o cumprimento de nova 
interpretação jurídica aos seus destinatários, que sob o regime anterior se encontravam em 
posição mais benéfica. Como se fosse uma modulação dos efeitos.
O CPC/15 também apresenta a modulação dos efeitos das decisões, no entanto, proferi-
das pelo STF, nos seguintes termos:
Art. 927, § 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e 
dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modu-
lação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.
Com isso, o legislador buscou, por meio do primado da razoabilidade, que o julgador consi-
dere os custos e o tempo necessário para que os administrados se adaptem ao novo cenário.
Nessa linha de raciocínio, o art. 24 consagra a permanência das relações e situações ju-
rídicas já constituídas com base no direito e em orientações gerais da época, ainda que haja 
posterior mudança de orientação geral:
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, 
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará 
em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de 
orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. Parágrafo único. Consi-
deram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos de cará-
ter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática 
administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.
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Em crítica ao dispositivo, o MPF, em nota técnica, afirma que se trata de previsão perigosa, 
porque amplia em demasia a possibilidade de convalidação de atos viciados, sem ressalvar 
nulidade insanáveis:
O dispositivo, a rigor, traz mais justificativas abertas para eventual convalidação de ato ou de con-
trato inexistentes ou nulos. De fato, os atos anuláveis, convalidados, seriam até aceitáveis. O dis-
positivo, no entanto, abre espaço para que, considerando a passagem do tempo, a estabilidade das 
relações, a “orientação geral” que não foi à época contestada, o ato inexistente ou o ato nulo se 
tornem válidos. Assim, esses atos não seriam mais considerados inexistentes ou nulos com efeitos 
ex tunc. Esse tipo de conduta/previsão, no entanto, fere os princípios constitucionais da legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Importante relembrar que a validação do ato 
administrativo depende da verificação contrastada entre ele e a ordem jurídica, sendo que descom-
passo constatado deve possibilitar a reposição

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