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SISTEMA DE ENSINO LEGISLAÇÃO ESPECIAL Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha Livro Eletrônico 2 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas Sumário Apresentação .....................................................................................................................................................................4 Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha ...........................................................................................................5 1. Histórico ............................................................................................................................................................................5 2. Premissas ........................................................................................................................................................................6 3. Aspectos Básicos .......................................................................................................................................................6 3.1. Objetivos do Diploma Legal ...............................................................................................................................6 3.2. Direitos Assegurados à Mulher .....................................................................................................................6 3.3. Forma Correta de Interpretação da Lei ......................................................................................................7 4. Conceito de Violência Doméstica ......................................................................................................................7 4.1. Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher ..................................................................................7 4.2. Vulnerabilidade da Mulher ................................................................................................................................9 4.3. Violação de Direitos Humanos ..................................................................................................................... 10 5. Formas de Violência contra a Mulher .......................................................................................................... 10 6. Atendimento pela Autoridade Policial ..........................................................................................................11 7. Medidas Protetivas Solicitadas pela Ofendida .......................................................................................14 7.1. Flexibilização dos Meios de Prova ..............................................................................................................14 8. Competência ................................................................................................................................................................14 9. Denúncia e Retratação ..........................................................................................................................................15 10. Impossibilidade de Determinadas Sanções ............................................................................................15 11. Medidas Protetivas de Urgência ....................................................................................................................16 11.1. Medidas que Obrigam o Agressor ..............................................................................................................16 11.2. Medidas Protetivas à Ofendida ...................................................................................................................17 12. Medidas Protetivas e Lei 13.827/2019 ......................................................................................................18 12.1. Legitimidade ...........................................................................................................................................................18 12.2. Da Concessão de Medida Protetiva pelo Delegado de Polícia .................................................19 12.3. Do Registro das Medidas Protetivas .....................................................................................................20 12.4. HC e Medidas Protetivas ................................................................................................................................21 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas 13. Da Atuação do Ministério Público ................................................................................................................21 14. Outras Medidas Relevantes .............................................................................................................................21 15. Prisão Preventiva do Agressor ..................................................................................................................... 22 16. Jurisprudência .........................................................................................................................................................23 17. Medidas Protetivas e Desobediência – Lei n. 13.641/2018 ..........................................................23 17.1. Observações sobre o Delito .........................................................................................................................25 18. Processo Penal e Lei n. 13.721/2018 ..........................................................................................................25 Resumo ...............................................................................................................................................................................26 Questões de Concurso ...............................................................................................................................................30 Gabarito ..............................................................................................................................................................................37 Gabarito Comentado ...................................................................................................................................................38 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas ApresentAção Olá, querido(a) aluno(a)! Seja muito bem-vindo(a) a nossa aula de Lei Maria da Penha. A Lei n. 11.340/2006, comumente chamada de “Lei Maria da Penha”, nada mais é do que um diploma legal instituído pelo legislador com o objetivo de reprimir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Trata-se de diploma legal muito cobrado em provas, e que ao longo do tempo, vem so- frendo inúmeras alterações legislativas, as quais receberão especial atenção no decorrer de nosso estudo. Iremos estudar, ainda, as diversas alterações sofridas pela lei ao longo do tempo, tais como as inseridas pelas Leis n. 13.721/2018, n. 13.827/2019 e n. 13.984/2020. Como de praxe, nossa aula será elaborada levando em consideração estatísticas de ques- tões e quais os temais mais cobrados sobre este diploma legal. Trata-se de diploma legal relativamente curto, mas não subestimeo tempo necessário para sua adequada compreensão. Diversos aspectos jurisprudenciais e doutrinários se fazem especialmente relevantes, o que acaba tornando o tema um pouco mais extenso do que se espera ao fazer a leitura do texto de lei. Ao final, como usualmente fazemos, será incluída uma lista bastante completa de exercí- cios comentados. Vamos em frente! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas LEI N. 11.340/2006 – LEI MARIA DA PENHA 1. Histórico Em primeiro lugar, é necessário conhecer a origem da Lei n. 11.340/2006 e o motivo pelo qual o diploma legal foi apelidado de “Lei Maria da Penha”. Maria da Penha Fernandes foi vítima de violência doméstica em Fortaleza – Ceará. Durantes anos sofreu com a violência praticada pelo marido, chegando a ficar paraplégica em razão das agressões. Mesmo após condutas de enorme gravidade praticadas pelo autor, que envolveram até mesmo afogamento e tentativas de eletrocutar Maria, a condenação deste só ocorreu após 19 anos. Além disso, é importante notar que a sanção penal imposta em pouco tempo resultou na con- cessão de regime aberto de cumprimento de pena ao agressor. A severidade das agressões sofridas e a demora do Estado em processar e condenar o agressor a uma pena considerada muito branda gerou uma grande e compreensível revolta por parte da vítima. Com isso, Maria procurou o CLADEM (Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher), instituto que intermediou a apresentação do caso de Maria da Penha à CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos). Quando a CIDH tomou conhecimento da situação ocorrida, condenou o Brasil por omissão e tolerância em seus atos para coibir a violência contra a mulher, recomendando investigações sobre o processo penal que envolveu o caso de Maria, bem como a adoção de políticas públi- cas voltadas para prevenir, erradicar e punir a violência contra a mulher. E foi justamente após essa manifestação por parte do CIDH que o governo brasileiro teve de tomar uma medida legal com o objetivo de possibilitar uma maior efetividade na prevenção e repressão da violência doméstica. E assim nasceu a Lei n. 11.340/2006. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas 2. premissAs A Lei n. 11.340/2006 possui basicamente os seguintes objetivos: Agora sim! Uma vez que já conhecemos a origem da lei Maria da Penha e seus objetivos, podemos finalmente passar à análise do texto de lei. 3. Aspectos Básicos Primeiramente, temos as disposições preliminares da lei Maria da Penha, as quais tratam dos seguintes aspectos: 3.1. oBjetivos do diplomA legAl Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mu- lher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. 3.2. direitos AssegurAdos à mulHer Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sen- do-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao espor- te, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. § 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negli- gência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. § 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput. 3.3. FormA corretA de interpretAção dA lei Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, espe- cialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Os artigos acima merecem ser lidos diversas vezes. Seu conteúdo é bastante direto, moti- vo pelo qual os examinadores não costumam elaborar muito nas questões sobre eles, cobran- do apenas a sua literalidade. Além disso, note que o rol de direitos resguardados pela lei para a mulher em situação de violência (art. 2º e 3º) é bastante extenso, outra razão para que o examinador procure tentar trocar um termo ou outro com o objetivo de confundir o aluno. 4. conceito de violênciA domésticA A essa altura, já sabemos que a aplicação da lei 11.340 tem o objetivo precípuo de coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. No entanto, a questão é a seguinte: Efetivamente, quando é que a Lei n. 11.340 deve ser aplicada? Para responder a essa pergunta, precisamos entender o que exatamente configura violên- cia contra a mulher. Felizmente, no caso da lei Maria da Penha, o legislador inseriu uma norma explicativa no art. 5º do diploma legal, para que não restem dúvidas sobre o assunto. Vejamos: 4.1. violênciA domésticA e FAmiliAr contrA A mulHer Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psico- lógico e dano moral ou patrimonial: I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pes- soas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual oagressor conviva ou tenha convivido com a ofen- dida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. Veja, portanto, que temos três hipóteses nas quais o Estado deve considerar que houve o tipo de violência que enseja a aplicação da Lei n. 11.340/2006. De forma esquematizada, temos o seguinte: Sobre essas premissas, devemos fazer algumas observações muito importantes: Inciso I I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pes- soas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; Note que basta a existência da chamada unidade doméstica. Independentemente de víncu- lo familiar, ou da pessoa estar apenas esporadicamente agregada àquela unidade doméstica, se for perpetrada ação ou omissão contra a mulher em razão de seu gênero, estará configura- da uma das hipóteses de aplicação da lei em estudo. Inciso II II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; É importante destacar que ao tratar do âmbito familiar, o legislador incluiu até mesmo os indivíduos que se consideram aparentados, de modo que tanto os laços sanguíneos quan- to de consideração ou afinidade também são suficientes para ensejar a aplicação da Lei n. 11.340/2006; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas Inciso III III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofen- dida, independentemente de coabitação. Merece especial atenção o fato de que a coabitação não é necessária, e que é possível a aplicação da Lei Maria da Penha mesmo que o agressor não se encontre mais convivendo com a vítima, bastando a existência da relação íntima de afeto. Algumas das observações feitas acima inclusive já foram objeto de ratificação por parte do STJ. Veja só: Não é necessário coabitação para caracterização da violência doméstica contra a mulher. O namoro evidencia uma relação íntima de afeto que independe de coabitação. 3ª Seção – STJ Outro ponto relevante também defendido pelo STJ é que a lei Maria da penha é aplicável mesmo quando o relacionamento já tenha acabado – basta que as agressões perpetradas contra a mulher tenham ocorrido em razão do relacionamento que foi encerrado. Dessa forma, note que o ex-namorado que perpetra agressões e ameaças após um térmi- no abrupto do relacionamento, por exemplo, irá incorrer regularmente na lei Maria da Penha, mesmo que não mais coabite com sua ex-namorada e que eles já não estejam mais em um relacionamento. A aplicação da lei Maria da Penha INDEPENDE da orientação sexual da mulher. A aplicação da lei Maria da Penha, desse modo, pode se dar em um relacionamento entre duas mulheres, desde que exista o estado de vulnerabilidade caracterizado por uma relação de poder e submissão. É o que afirma o STJ. 4.2. vulnerABilidAde dA mulHer É essencial que você note que o foco da Lei n. 11.340/2006 está na situação de vulnerabi- lidade da mulher. Dessa forma, perceba que pode até mesmo ocorrer a aplicação da lei em estudo nas situa- ções envolvendo outro familiar ou pessoa que conviva com a vítima, não apenas seu cônjuge, companheiro ou companheira. Nessa esteira de raciocínio, o STJ inclusive já até mesmo entendeu possível a aplicação da Lei Maria da Penha em casos envolvendo mãe e filha. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas 4.3. violAção de direitos HumAnos Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos. Seguindo em frente, segundo o artigo 6º da lei em estudo, a violência doméstica e familiar contra a mulher é uma das formas de violação de direitos humanos. Essa é uma observação simples, mas que já foi objeto de prova, portanto tome nota! 5. FormAs de violênciA contrA A mulHer A partir do art. 7º, o legislador passa a classificar as formas de violência contra a mulher. É importante ressaltar que esse rol é meramente exemplificativo, de modo que, ao analisar o caso concreto, é possível o reconhecimento de outras formas de violência não listadas na lei que serão idôneas para ensejar a aplicação dos procedimentos específicos para a mulher em situação de vulnerabilidade. Dito isso, vejamos quais são as formas de violência previstas pelo legislador: Violência Física I – a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde cor- poral; Violência Psicológica II – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e dimi- nuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degra- dar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangi- mento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; (Redação dada pela Lei n. 13.772, de 2018) Violência Sexual III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à pros- tituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; Violência Patrimonial IV – a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; Violência Moral V – a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. 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Uma vez que conhecemos as formas de violência contra a mulher, é hora de responder à seguinte pergunta: Uma vez que a polícia é comunicada sobre uma situação que pode ser en- quadrada sob a égide da Lei n. 11.340/2006,o que deve fazer a autoridade policial? 6. Atendimento pelA AutoridAde policiAl Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade poli- cial deverá, entre outras providências: I – garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; II – encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; III – fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; IV – se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas V – informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de sepa- ração judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável. (Redação dada pela Lei n. 13.894, de 2019) Em primeiro lugar, note que a autoridade policial não tomará as medidas se quiser: o legislador é taxativo ao informar que o delegado de polícia deverá proceder às providências listadas no art. 11. Em segundo lugar, é importante observar que esse rol também é meramente exempli- ficativo, tendo em vista que o legislador prevê expressamente a possibilidade de OUTRAS PROVIDÊNCIAS. As providências do art. 11, no entanto, tratam apenas de medidas com objetivo de prestar assistência imediata à mulher em situação de vulnerabilidade. Existem ainda as medidas for- mais que a autoridade policial deverá tomar para o regular andamento da persecução penal, as quais estão listadas no art. 12 da Lei n. 11.340/2006. Vejamos: Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem preju- ízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas A Lei n. 13.880 de 2019 inclui mais uma providência a ser adotada pela autoridade policial (art. 12, VI-A). Tome nota: Verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existên- cia, juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição responsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento). 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São eles: • Qualificação da ofendida e do agressor; • Nome e idade dos dependentes; • Descrição do fato; • Descrição das medidas protetivas solicitadas; • Informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência ou agravamento de deficiência preexistente; • B.O e cópia dos documentos da vítima (parágrafo 2º). 7.1. FlexiBilizAção dos meios de provA Com o objetivo de tornar mais célere a apuração dos fatos sob tutela da Lei n. 11.340/2006, o legislador previu a possibilidade de que laudos ou prontuários médicos fornecidos por hos- pitais e postos de saúde sejam utilizados como meio de prova. § 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hos- pitais e postos de saúde. 8. competênciA O juízo competente para atuar em casos da lei Maria da Penha são definidos pelas normas do art. 14 e 15, a saber: Esfera Criminal Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territó- rios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. (Incluído pela Lei n. 13.894, de 2019) § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão relacionada à partilha de bens. (Incluído pela Lei n. 13.894, de 2019) § 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ajuizamento da ação de divórcio ou de dis- solução de união estável, a ação terá preferência no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei n. 13.894, de 2019) Esfera Cível Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: I – do seu domicílio ou de sua residência; II – do lugar do fato em que se baseou a demanda; III – do domicílio do agressor. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas Merece especial atenção o fato de que a previsão do art. 15 está sujeita à opção da ofen- dida. Dessa forma, é a vítima que irá escolher qual o juizado se adequa melhor para a sua rea- lidade, podendo optar por qualquer uma das três possibilidades previstas nos incisos I, II e III. É importante observar, no entanto, que a lei diz que a União poderá criar os chamados Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. No entanto, enquanto tais órgãos não são criados, são as varas criminais que acumulam ambas as competências (cível e crimi- nal) para julgar os processos oriundos da lei Maria da penha. 9. denúnciA e retrAtAção Outro ponto chave para fins de prova está na possibilidade da retratação no âmbito da Lei Maria da penha. Via de regra, em nosso ordenamento jurídico, a retratação do ofendido em crimes que de- pendem de representação deve ser realizada até o oferecimento da denúncia. É o que prevê o art. 102 do Código Penal. Entretanto, no caso da lei Maria da Penha, a retratação pode ocorrer até o RECEBIMENTO da denúncia. Outra peculiaridade é que, para que a retratação seja aceita, a vítima deve manifestar seu interesse diante do Juiz, em audiência específica para esse fim, ouvido o Ministério Público. O examinador gosta muito de elaborar questões utilizando essa pequena diferença entre a retratação da representação no processo penal comum e no processo estabelecidopela Lei n. 11.340/2006. Por isso, muita atenção na hora de responder questões com essa temática. Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. 10. impossiBilidAde de determinAdAs sAnções De modo a asseverar a maior relevância penal dos casos de violência contra a mulher, o legislador vedou expressamente a aplicação de determinadas penas em casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. Vejamos o que diz a legislação: Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. Além da vedação das sanções acima citadas, temos ainda uma outra proibição importan- tíssima, a qual consta na jurisprudência vigente: Segundo o STF, os institutos despenalizadores da lei 9.099/95 (Composição Civil de Danos, Transação Penal, Suspensão Condicional do Processo) NÃO se aplicam aos casos da lei Maria da Penha! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas A Lei n. 9.099/1995, portanto, não pode ser aplicada aos crimes praticados com violência familiar ou doméstica contra a mulher. Não importa sequer qual a pena máxima ou mínima do delito. O STJ possui entendimento sumulado sobre o tema: Súmula n. 536: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. Por fim, vale lembrar que por força da Súmula n. 588 do STJ, a prática de crime ou contra- venção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impos- sibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 11. medidAs protetivAs de urgênciA Além das medidas cautelares existentes no Código de Processo Penal, a Lei Maria da penha apresenta um rol de medidas específico para os casos arrolados em seu texto, de modo a ofe- recer uma proteção especial e mais eficiente para as mulheres em situação de vulnerabilidade. Tais medidas estão divididas em duas categorias: Medidas que obrigam o agressor e me- didas protetivas à ofendida, e consistem em rol exemplificativo. Trata-se do que a doutrina chama de princípio da atipicidade das medidas protetivas de urgência. Ótimo. Uma vez que sabemos dos aspectos gerais sobre as medidas protetivas, vejamos quais são elas. 11.1. medidAs que oBrigAm o Agressor Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; II – afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; III – proibição de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; IV – restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; V – prestação de alimentos provisionais ou provisórios. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e (Incluído pela Lei n. 13.984, de 2020) VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em gru- po de apoio. (Incluído pela Lei n. 13.984, de 2020) É de especial importância notar que as medidas da Lei n. 11.340/2006 não prejudicam outras medidas previstas na legislação vigente (inclusive o próprio Código de Processo Penal, que pode ser aplicado de forma subsidiária). O examinador costuma afirmar que são apenas as medidas previstas na lei Maria da penha que podem ser aplicadas ao caso concreto, de forma TAXATIVA, o que não é verdade. 11.2. medidAs protetivAs à oFendidA Seguindo a diante, devemos observar as medidas protetivas relativas à ofendida, arroladas no art. 23 do diploma em estudo. Vejamos quais são elas: Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: I – encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; II – determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; III – determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; IV – determinar a separação de corpos. V – determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga. (Incluído pela Lei n. 13.882, de 2019) Infelizmente, é muito comum que em casos de conflitos conjugais, o agressor atente con- tra os bens patrimoniais da família (vendendo-os ou destruindo-os) como forma de agredir ainda mais a vítima quando a mesma já se encontra fora de seu alcance. Nesse sentido, o legislador previu ainda medidas destinadas à proteção patrimonial dos bens de propriedade da mulher ou de ambos, de modo que seja mitigada a capacidade do agressor de causar também danos patrimoniais à vítima. Tais medidas estão arroladas no art. 24, a saber: Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: I – restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; II – proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; III – suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; IV – prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais de- correntes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas 12. medidAs protetivAs e lei 13.827/2019 Ainda sobre o tema medidas protetivas, temos a importante superveniência da Lei n. 13.827/19, publicada em maio de 2019, a qual autoriza, em determinadas hipóteses, a aplica- ção das medidas protetivas pela autoridade policial.Antes de mais nada, é importante ressaltar o seguinte: O texto do art. 23 não foi alterado pela Lei n. 13.827/19. Se sua literalidade for cobrada em sua prova (sobre o deferimento de medidas protetivas pelo juiz), o item continuará correto. O que temos agora são algumas novas hipóteses (as quais iremos analisar de forma deta- lhada deste momento em diante) nas quais a autoridade policial poderá atuar sem a necessi- dade de ordem judicial, para deferimento das medidas protetivas. Em primeiro lugar, e antes de tratar das exceções previstas em lei, devemos entender o fluxo regular do deferimento de medidas protetivas de urgência. 12.1. legitimidAde A legitimidade para requerer medidas protetivas é da vítima ou do Ministério Público. Não há, portanto, previsão legal expressa para que o Delegado de Polícia formule, em nome próprio, o pedido de medidas protetivas de urgência. Assim sendo, a previsão legal (Artigos 12 e 18) nos apresenta que a vítima, ouvida pelo delegado de polícia e cientificada de seus direitos, pode fazer o pedido das medidas protetivas de urgência, as quais serão, via de regra, remetidas ao magistrado: Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem preju- ízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: III – remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência; E uma vez remetido o pedido, deve o juízo se ater à previsão do art. 18: Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida (pedido tratado no inciso III do art. 12 acima), caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: I – conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência; II – determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para o ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente; (Redação dada pela Lei n. 13.894, de 2019) III – comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis. IV – determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor. (Incluído pela Lei n. 13.880, de 2019) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas Ou seja: o Delegado de Polícia não formula, em nome próprio, requerimento de concessão de medida protetiva. Ele remete ao juiz o pedido deduzido pela ofendida (e essa é a regra geral). Agora sim. Uma vez que entendemos o fluxo processual regular da lei em estudo, podemos nos ater à exceção criada pela Lei n. 13.827/2019. 12.2. dA concessão de medidA protetivA pelo delegAdo de políciA Em regra, apenas a autoridade judicial pode conceder a medida protetiva de urgência. E até a edição da Lei n. 13.827/2019, essa regra não tinha exceções. No entanto, o novo diploma legal alterou a lei Maria da Penha trazendo uma exceção, per- mitindo que a medida protetiva de afastamento do lar seja concedida pelo Delegado de Polí- cia se o Município não for sede de comarca, permitindo até mesmo que o policial que tomar conhecimento da situação o faça, caso não haja Delegado de Polícia para fazê-lo no momento. Façamos a leitura do novo dispositivo legal para melhor entender a decisão do legislador: Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou psico- lógica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida: (Redação dada pela Lei nº 14.188, de 2021): I – pela autoridade judicial; II – pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou III – pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia. § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máxi- mo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente. Assim, verificada a existência do seguinte pressuposto: • risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes; O agressor deverá ser imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida. E quem determina esse afastamento? • em primeiro lugar, a autoridade judicial; • se o Município não for sede de comarca: o Delegado de Polícia poderá determinar essa medida; • se o Município não for sede de comarca e não houver Delegado disponível no momento: o próprio policial (civil ou militar) poderá ordenar o afastamento. 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Quando determinada pelo Delegado ou por outro policial, a medida em questão será co- municada em até 24h ao magistrado, que decidirá, em igual prazo, sobre sua manutenção ou revogação. 12.3. do registro dAs medidAs protetivAs Por fim, a Lei nº 13.827/2019 acrescentou um novo dispositivo à 11.340/06 prevendo que as medidas protetivas de urgência deverão ser registradas em bancos de dados para fiscaliza- ção de sua efetividade. Contudo, o parágrafo único do art. 38-A da lei em estudo passou a ter nova redação após a alteração promovida pela Lei nº 14.310/2022. Tome nota: Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da medida protetiva de urgência. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão, após sua concessão, imediatamente registradas em banco de dados mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garan- tido o acesso instantâneo do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos órgãos de segurança pública e de assistência social, com vistas à fiscalização e à efetividade das medidas protetivas. (Redação dada Lei nº 14.310, de 2022) . O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas 12.4. Hc e medidAs protetivAs Antes de finalizar nosso estudo sobre as medidas protetivas, cabe observar que segundo o STJ, é cabível o remédio do Habeas Corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência doméstica e familiar. Tal entendimento se deu no âmbitodo HC 298.99-AL, recebendo especial atenção no Infor- mativo 574/STJ, e já foi objeto de provas de concursos públicos. 13. dA AtuAção do ministério púBlico O Ministério Público possui uma atuação muito importante em casos de violência contra a mulher. Suas atribuições estão listadas nos artigos 25 e 26 da Lei n. 11.340/2006, que mere- cem ser lidos. Peço que você preste especial atenção ao art. 26, que em especial costuma ser mais cobrado em provas de concursos, pois trata de atribuições práticas do MP nos casos de violência doméstica contra a mulher: Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorren- tes da violência doméstica e familiar contra a mulher. Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário: I – requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança, entre outros; II – fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabí- veis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas; III – cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. 14. outrAs medidAs relevAntes Existem ainda outras medidas importantes que podem ser tomadas com o intuito de me- lhor prestar a assistência à mulher em situação de violência. Tais medidas estão previstas no art. 9º, que merece ser lido em sua integralidade: Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso. § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas § 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica: I – acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta; II – manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. III – encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual ajuiza- mento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente. (Incluído pela Lei n. 13.894, de 2019) Merece especial destaque o acesso prioritário à remoção quando a vítima for servidora pública, integrante da administração direta ou indireta, e a manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. Além dessas medidas, há ainda a previsão de acesso a serviços médicos tais como os de contracepção de emergência, profilaxia para doenças sexualmente transmissíveis e outros procedimentos médicos cabíveis a possíveis casos de violência sexual. É o que rege o art. 9º, em seu parágrafo 3º: § 3º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual. 15. prisão preventivA do Agressor Caso as outras medidas diferentes da prisão não sejam consideradas suficientes para manter a vítima em segurança, não restará alternativa ao poder público senão a de decretar a prisão preventiva do agressor. Nesse sentido, é importante notar o seguinte: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas 16. jurisprudênciA Diante do exposto, você já conhece o procedimento geral da Lei Maria da Penha, os casos em que tal diploma é aplicável e as principais medidas que podem ser tomadas em defesa da mulher em situação de violência. Para finalizar o nosso estudo, devemos citar questões jurisprudenciais que costumam ser objeto de prova, pois inúmeros dispositivos da Lei n. 11.340/2006 já foram objeto de delibera- ção por parte do STJ e do STF – além dos que já citamos durante a aula, é claro. Em primeiro lugar, temos a questão do delito de lesões corporais leves no âmbito da lei Maria da penha: Segundo o STF, no julgamento da ADI n. 4424, o delito de Lesões Corporais Leves prati- cado no escopo da Lei n. 11.340/2006 NÃO DEPENDE DE REPRESENTAÇÃO da ofendida, de modo que o MP pode dar andamento à ação penal por conta própria. Dessa forma, restou reconhecido que, no caso da lei Maria da Penha, o delito de lesões corporais leves se processa mediante ação penal pública incondicionada! Tal entendimento é de grande importância, tendo em vista que muitas vezes a vítima tem medo de representar contra o agressor. O entendimento pela ação penal pública incondicio- nada possibilita uma atuação mais incisiva do poder público para coibir esse tipo de violência contra a mulher! Existe ainda o entendimento (embora em sede de Habeas Corpus) de que o delito de lesões corporais culposas também se processa mediante ação penal pública incondicionada, quando praticado no contexto da Lei n. 11.340/2006. Ainda sobre este assunto, é necessário discorrer sobre o tipo de ação penal aplicável aos delitos de ameaça e de natureza sexual, no âmbito da lei Maria da penha: O entendimento jurisprudencial atual é que, no caso de delitos de AMEAÇA e de NATU- REZA SEXUAL, a ação penal permanece PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA, mesmo que a infração tenha sido praticada no escopo da Lei n. 11.340/2006. 17. medidAs protetivAs e desoBediênciA – lei n. 13.641/2018 Um ponto que sempre causou bastante conflito em relação às medidas protetivas é a ques- tão da desobediência. A discussão era a seguinte: se o magistrado determinasse uma medida (como por exem- plo, a proibição de manter contato ou de se aproximar da vítima), e tal determinação não fosse respeitada pelo agressor, poderia seu comportamento ensejar punição pelo delito de desobe- diência (Art. 330 do CP)? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas Inicialmente, ao analisar essa possibilidade, o STJ havia entendido que não. Segundo o Tribunal, a desobediência de medidas protetivas determinadas judicialmente não ensejaria a punição do autor pelo crime de desobediência:Desobedecer medida protetiva não enseja a responsabilização penal automática pelo delito de desobediência (Art. 330 do CP). Entretanto, o legislador – insatisfeito com a posição dos tribunais sobre o tema – revisitou a questão através da lei 13.641/2018, e tornou CRIME o descumprimento de decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha! Vejamos: Art. 1º Esta Lei altera a Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), para tipificar o crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência. Art. 2º O Capítulo II do Título IV da Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), passa a vigorar acrescido da seguinte Seção IV, com o seguinte art. 24-A: Seção IV Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. § 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. § 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. § 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.” Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Dessa forma, temos que, após a edição da Lei n. 13.641/2018, a Lei Maria da Penha passa a contar com um crime integrando seu texto (previsto no art. 24-A), justamente tratando so- bre a desobediência de medidas protetivas. Portanto, veja que mesmo que o STJ tenha anteriormente entendido que não há crime de desobediência nesses casos (arts. 330 ou 359 do CP), a partir da edição da Lei n. 13.641/2018, a conduta passa a configurar delito ESPECÍFICO, previsto no texto da Lei Maria da Penha (Art. 24-A). 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Se a medida protetiva é des- cumprida de propósito, mesmo que com boa intenção (por exemplo: o autor descumpre medida protetiva de não se aproximar da vítima para lhe fazer um pedido de desculpas) o delito irá se configurar. • Embora a pena do delito seja de 3 meses a 2 anos, o legislador expressamente vedou a concessão de fiança pelo delegado de polícia (§2º), de modo que apenas o magistrado pode arbitrar a fiança nos casos de flagrante do art. 24-A da lei em estudo. • Note que, atualmente, o descumprimento de medida protetiva é CRIME ESPECÍFICO. Não configura o delito do art. 330 ou 359 do CP, mas sim o delito específico previsto no art. 24-A da Lei Maria da Penha. Não caia nessa pegadinha! 18. processo penAl e lei n. 13.721/2018 Por fim, é necessário falar brevemente sobre uma alteração realizada no Código de Proces- so Penal pela Lei n. 13.721/2018: CPP, art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: I – violência doméstica e familiar contra mulher; II – violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. Destaque-se, portanto, que após a vigência da Lei n. 13.721/18, há prioridade na realiza- ção do exame de corpo de delito quanto o crime envolve violência doméstica e familiar con- tra a mulher. Caro(a) aluno(a): finalizamos aqui nosso detalhado estudo sobre a Lei Maria da Penha (e assuntos correlatos). É hora de revisar e cair matando nos exercícios! 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Impossibilidade de determinadas sanções É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de pe- nas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. Segundo o STF, os institutos despenalizadores da lei 9.099/95 (Composição Civil de Danos, Transação Penal, Suspensão Condicional do Processo) NÃO se aplicam aos casos da lei Ma- ria da Penha. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas Prisão Preventiva do Agressor Medidas Protetivas e Desobediência Para o STJ, desobedecer medida protetiva não enseja a responsabilização penal automáti- ca pelo delito de desobediência (Art. 330 do CP). Entretanto, a conduta constitui crime especí- fico previsto na Lei Maria da Penha, desde a edição da lei 13.641/18. Lei n. 13.721/2018 Estabelece PRIORIDADE na realização de exame de corpo de delito no caso de crimes en- volvendo violência doméstica contra a mulher. Lei n. 13.827/2019 Estabelece exceções para permitir que o Delegado de Polícia (ou policial, no caso da au- sência da autoridade policial) estabeleça medida de afastamento do agressor do convívio com a ofendida nos casos de Lei Maria da Penha. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civile criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas QUESTÕES DE CONCURSO 001. (UNOESC/PREFEITURA DE MARAVILHA-SC/ADVOGADO/2021) A Lei Maria da Penha traz garantias procedimentais destinadas à proteção da mulher sujeita a violência doméstica. Quanto ao disposto na mencionada lei, é correto afirmar que: a) É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores exclusivamente do sexo feminino e previamente capacitados. b) A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transfe- ri-los para essa instituição, independentemente da apresentação de qualquer documento ou formalidade extra. c) É possibilitada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. d) Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibi- lizados para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor. 002. (CEBRASPE/DEPEN/SERVIÇO SOCIAL/2021) Marina, com 70 anos de idade, e Marcos, com 81 anos de idade, são casados e residem com um de seus filhos, Luís. Marcos é servidor público federal aposentado e, Luís, após passar um período de quatro anos desempregado, foi admitido em uma empresa privada, com carteira de trabalho assinada há cinco meses. Tendo a situação hipotética acima como referência, julgue o item subsequente. No caso de a Sr.ª Marina ser vítima de violência familiar, o juiz poderá aplicar medidas proteti- vas à vítima e, em relação ao seu agressor, determinar o acompanhamento psicossocial e seu afastamento do domicílio. 003. (SELECON/PREFEITURA DE BOA VISTA-RR/GUARDA CIVIL MUNICIPAL/2020) Dan é acusado de injúria contra Fran, sua esposa. Ao ser enquadrado nos crimes tipificados pela Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006), o acusado atuou com violência: a) física. b) moral. c) social. d) psicológica. 004. (CESPE/MPE-CE/PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL/2020) Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, admite-se a) transação penal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas b) pena de prestação pecuniária. c) suspensão condicional da pena. d) suspensão condicional do processo. e) pagamento isolado de pena de multa. 005. (CESPE/MPE-CE/PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL/2020) Confor- me a Lei Maria da Penha, caracteriza forma específica de violência doméstica e familiar con- tra a mulher a) a retenção de seus documentos pessoais, o que constitui violência patrimonial. b) conduta que a impeça de usar método contraceptivo, o que constitui violência moral. c) a destruição de seus objetos e instrumentos de trabalho, o que constitui violência física. d) conduta que limite o exercício de seus direitos sexuais, o que constitui violência psicológica. e) conduta que a faça participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação ou ameaça, o que constitui violência moral. 006. (CESPE/TJ-BA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2019) De acordo com a jurisprudência do STJ acerca da Lei Maria da Penha — Lei n. 11.340/2006 —, o delito de descumprimento de medida protetiva de urgência constitui crime a) cujo sujeito ativo deve ser sempre um homem. b) que não admite a concessão de fiança. c) cuja caracterização será afastada se tiver sido prevista a aplicação de multa na decisão que tiver determinado a medida protetiva. d) mesmo que a determinação da medida protetiva tenha partido do juízo cível. e) cuja caracterização admite a modalidade culposa. 007. (CESPE/SEFAZ-RS/AUDITOR-FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – BLOCO I/2019) Uma mulher sofreu diversas formas de violência doméstica provocadas pelo marido. Muito abalada, ela conseguiu ir a uma delegacia especializada e foi recebida por uma autoridade policial que, após ouvir suas queixas, adotou imediatamente as providências cabíveis. O expediente foi re- cebido pelo juiz com pedido de medidas protetivas de urgência. De acordo com a Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha –, o juiz poderá conceder medi- da protetiva a) somente após a audiência das partes. b) isoladamente, sendo vedada a cumulação. c) apenas se houver pedido expresso da ofendida nesse sentido. d) de imediato, ainda que sem a oitiva das partes e sem a manifestação do Ministério Público. e) somente após a manifestação do Ministério Público. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas 008. (QUADRIX/CRESS-SC/AGENTE FISCAL/2019) No Brasil, mulheres de todas as idades, classes e raças e vários níveis de escolaridade são atingidas pela violência de gênero. A Lei Maria da Penha constitui um importante instrumento para enfrentar e coibir a violência domés- tica e familiar contra a mulher. No que concerne à Lei Maria da Penha, julgue o item. Realizar o encaminhamento da mulher vítima de violência doméstica ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal configura uma das providências da autoridade policial no atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar. 009. (QUADRIX/CRESS-SC/AGENTE FISCAL/2019) No Brasil, mulheres de todas as idades, classes e raças e vários níveis de escolaridade são atingidas pela violência de gênero. A Lei Maria da Penha constitui um importante instrumento para enfrentar e coibir a violência domés- tica e familiar contra a mulher. No que concerne à Lei Maria da Penha, julgue o item. Nas ações penais públicas incondicionadas à representação da ofendida, será admitida a renún- cia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada para tal finalidade. 010. (QUADRIX/CRESS-SC/AGENTE FISCAL/2019) No Brasil, mulheres de todas as idades, classes e raças e vários níveis de escolaridade são atingidas pela violência de gênero. A Lei Maria da Penha constitui um importante instrumento para enfrentar e coibir a violência domés- tica e familiar contra a mulher. No que concerne à Lei Maria da Penha, julgue o item. O juiz poderá determinar o afastamento da mulher em situação de violência doméstica do seu lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos. 011. (IADES/SEASTER-PA/TÉCNICO DE ENFERMAGEM/2019) A Lei n. 11.340/2006, deno- minada Lei Maria da Penha, cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, bem como estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Para efeitos de proteção da lei, a criação das condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos compete a) ao companheiro e à família. b) à família e ao Poder Judiciário. c) à família, à sociedade e ao poder público. d) à sociedade e ao companheiro. e) aos filhos e ao Estado. 012. (IADES/SEASTER-PA/ENFERMEIRO/2019) A Lei n. 11.340/2006, chamada Lei Mariada Penha, cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, bem como estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violên- cia doméstica e familiar. Para efeitos de proteção da lei, é considerada violência doméstica contra a mulher a) qualquer ação ou omissão com base no critério biológico de diferença sexual que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas b) qualquer ação ou omissão com base no patrimônio que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral. c) qualquer ação ou omissão com base no gênero que lhe cause apenas morte. d) qualquer ação ou omissão com base no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físi- co, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. e) qualquer ação ou omissão com base no gênero que lhe cause apenas lesão leve. 013. (INSTITUTO AOCP/PC-ES/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2019) Assinale a alternativa que está de acordo com os preceitos da Lei n. 11.340/2006. a) As medidas protetivas de urgência devem ser adotadas pelo juiz no prazo de 24 horas. b) A violência moral é entendida como qualquer conduta do agressor que constitua calúnia ou difamação, excetuando-se a injúria. c) Em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e familiar estará desa- companhada de advogado. d) A Lei n. 11.340/2006 veda a aplicação dos institutos da Lei n. 9.099/95, exceto o sursis processual. e) É possível obrigar o agressor a prestar alimentos provisionais ou provisórios. 014. (FGV/DPE-RJ/TÉCNICO SUPERIOR JURÍDICO/2019) Em busca de proteger os direitos das pessoas do sexo feminino, vítimas de violência física e psicológica no âmbito afetivo, do- méstico e familiar, o legislador editou a Lei n. 11.340/06 (Lei Maria da Penha), que trouxe uma série de peculiaridades ao procedimento aplicável aos crimes praticados em tal contexto. Sobre as previsões da lei acima mencionada, é correto afirmar que: a) o crime de ameaça, apesar de previsto no Código Penal como de ação penal pública con- dicionada à representação, quando praticado no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, independe da vontade da vítima para responsabilização do autor do fato; b) o crime de lesão corporal simples praticado no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, por ter pena privativa de liberdade mínima inferior a 01 (um) ano, admite pro- posta de suspensão condicional do processo; c) a retratação ao direito de representação, quando cabível, nos crimes praticados no contexto da Lei n. 11.340/06, terá de ocorrer em audiência especial, na presença do magistrado, ouvido o Ministério Público, antes do recebimento da denúncia; d) a pena privativa de liberdade aplicada no caso de condenação por crime de lesão corpo- ral simples, praticado no contexto da Lei n. 11.340/06, poderá ser substituída por restritiva de direitos; e) os crimes praticados no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, indepen- dentemente da pena aplicada, não admitem suspensão condicional da pena. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas 015. (CESPE/MPE-PI/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2019/ADAPTADA) A prática de crime mediante grave ameaça contra a mulher no ambiente doméstico impede a substitui- ção da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, independentemente da condição de primariedade do réu. 016. (CESPE/MPE-PI/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2019/ADAPTADA) Haja vista a interpretação restritiva do direito penal, para a configuração da violência doméstica e familiar prevista na Lei Maria da Penha é necessária a comprovação da coabitação de autor e vítima. 017. (CESPE/TJ-PR/2018/ADAPTADA) O deferimento de medida protetiva de urgência a víti- ma de violência doméstica e familiar não pode ser impugnado por habeas corpus. 018. (CESPE/DPU/ASSISTENTE SOCIAL/2016) Com referência às disposições da legislação específica relativa aos idosos e às mulheres, julgue o item que se segue. A violência doméstica e familiar contra a mulher é caracterizada pela ação ou omissão que ocasione morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, além de dano moral ou patri- monial, ocorrido em espaço de convívio permanente ou esporádico de pessoas, com ou sem vínculo familiar. 019. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – MATUTINA/2014) O crime de lesão cor- poral com violência doméstica somente pode ser praticado contra cônjuge ou companheira, com quem o autor da agressão conviva ou tenha convivido na época dos fatos. 020. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO – CONSULTOR LEGIS- LATIVO/2014) Com relação aos crimes contra o idoso e à violência familiar e doméstica con- tra a mulher, julgue o item. Cabe a aplicação das sanções previstas na lei dos juizados especiais criminais para os casos de violência doméstica contra a mulher, desde que comprovada a culpa, e não o dolo, na con- duta do autor do fato. 021. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO – CONSULTOR LEGIS- LATIVO/2014) Com relação aos crimes contra o idoso e à violência familiar e doméstica con- tra a mulher, julgue o item. Conforme a Lei Maria da Penha, ao condenado por crime praticado contra a mulher é vedada a aplicação de prestação pecuniária como sanção isolada. 022. (CESPE/SUFRAMA/ASSISTENTE SOCIAL/2014) Conforme disposto nas análises e le- gislações específicas, julgue o item, relativo ao seguinte segmento: homens, mulheres e por- tadores de HIV. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DEYVISON RICARDO MACEDO DE ARAUJO - 01282543199, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 52www.grancursosonline.com.br Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha LEGISLAÇÃO ESPECIAL Douglas Vargas Nos casos de comprovada prática de violência psicológica contra a mulher, a Lei Maria da Pe- nha permite a aplicação de penas por meio de pagamento de cesta básica ou de pagamento de multa, desde que o agressor se comprometa a submeter-se a tratamento em serviço que ofereça atendimento psicológico às vítimas de violência. 023. (CESPE/SUFRAMA/ASSISTENTE SOCIAL/2014) Conforme disposto nas análises e le- gislações específicas, julgue o item, relativo ao seguinte segmento: homens, mulheres e por- tadores de HIV. De acordo com a Lei Maria da Penha, configura-se violência doméstica e familiar contra a mu- lher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause dano moral ou patrimonial, e pode ocorrer em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convi- vido com a ofendida, independentemente de coabitação. 024. (CESPE/PC-DF/AGENTE DE POLÍCIA/2013) Nos termos da Lei n. 11.340/2006 — Lei Maria da Penha —, a empregada doméstica poderá ser sujeito passivo de violência praticada por seus empregadores. 025. (CESPE/PC-DF/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2013) Se duas mulheres mantiverem uma re- lação homoafetiva há mais de dois anos, e uma delas praticar violência
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