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Resumo DEDICACAO DELTA - Lei Maria da Penha - Gratuito

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RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
LEI MARIA DA PENHA 
 
GRATUITO 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo Gratuito 
Dedicação Delta 
 
Lei Maria da Penha 
 
 
 
2 
 
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RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
LEI MARIA DA PENHA 
 
GRATUITO 
3 
 
Sumário 
	
  
1.	
  FINALIDADES	
  DA	
  NORMA	
  ...............................................................................................................................................	
  6	
  
2.	
  PREVISÃO	
  CONSTITUCIONAL	
  E	
  IGUALDADE	
  MATERIAL	
  .................................................................................................	
  7	
  
3.	
  INTERPRETAÇÃO	
  DA	
  LEI	
  MARIA	
  DA	
  PENHA	
  ...................................................................................................................	
  8	
  
3.	
  VIOLÊNCIA	
  DOMÉSTICA	
  E	
  FAMILIAR	
  CONTRA	
  A	
  MULHER	
  .............................................................................................	
  9	
  
4.	
  SUJEITO	
  PASSIVO	
  .........................................................................................................................................................	
  12	
  
5.	
  SUJEITO	
  ATIVO	
  .............................................................................................................................................................	
  14	
  
6.	
  ELEMENTO	
  SUBJETIVO	
  .................................................................................................................................................	
  16	
  
7.	
  HIPÓTESES	
  DE	
  CONFIGURAÇÃO	
  DE	
  VIOLÊNCIA	
  DOMÉSTICA	
  .......................................................................................	
  18	
  
8.	
  FORMAS	
  DE	
  VIOLÊNCIA	
  CONTRA	
  A	
  MULHER	
  ...............................................................................................................	
  20	
  
9.	
  FORMAS	
  DE	
  PREVENÇÃO	
  NA	
  LEI	
  MARIA	
  DA	
  PENHA	
  ....................................................................................................	
  24	
  
10.	
  DA	
  ASSISTÊNCIA	
  À	
  MULHER	
  EM	
  SITUAÇÃO	
  DE	
  VIOLÊNCIA	
  FAMILIAR	
  .......................................................................	
  25	
  
11.	
  DO	
  ATENDIMENTO	
  PELA	
  AUTORIDADE	
  POLICIAL	
  ......................................................................................................	
  29	
  
12.	
  MEDIDAS	
  PROTETIVAS	
  DE	
  URGÊNCIA	
  ........................................................................................................................	
  34	
  
12.1.	
  Considerações	
  Iniciais:	
  ........................................................................................................................................	
  34	
  
12.2.	
  Legitimidade	
  para	
  conceder	
  as	
  medidas	
  protetivas	
  de	
  urgência:	
  ......................................................................	
  38	
  
12.3.	
  Das	
  Medidas	
  Protetivas	
  De	
  Urgência	
  Que	
  Obrigam	
  O	
  Agressor	
  .........................................................................	
  41	
  
12.4.	
  Das	
  Medidas	
  Protetivas	
  De	
  Urgência	
  À	
  Ofendida	
  ...............................................................................................	
  42	
  
12.5.	
  Vias	
  impugnativas	
  ...............................................................................................................................................	
  43	
  
12.6.	
  Descumprimento	
  das	
  medidas	
  protetivas	
  de	
  urgência	
  ......................................................................................	
  43	
  
13.	
  PRISÃO	
  PREVENTIVA	
  ..................................................................................................................................................	
  49	
  
14.	
  RETRATAÇÃO	
  DA	
  REPRESENTAÇÃO	
  NOS	
  CRIMES	
  PRATICADOS	
  NO	
  CONTEXTO	
  DA	
  LEI	
  11.340/06	
  ...........................	
  51	
  
15.	
  VEDAÇÕES	
  PREVISTAS	
  NA	
  LEI	
  MARIA	
  DA	
  PENHA	
  .......................................................................................................	
  52	
  
15.1	
  Vedação	
  à	
  pena	
  de	
  cesta	
  básica,	
  prestação	
  pecuniária	
  ou	
  pagamento	
  isolado	
  da	
  multa	
  ...................................	
  52	
  
15.2.	
  Vedação	
  às	
  penas	
  restritivas	
  de	
  direito	
  ..............................................................................................................	
  53	
  
15.3.	
  Vedação	
  à	
  aplicação	
  o	
  Princípio	
  da	
  Insignificância	
  .............................................................................................	
  54	
  
16.	
  AÇÃO	
  PENAL	
  NOS	
  CRIMES	
  DA	
  LEI	
  MARIA	
  DA	
  PENHA	
  ................................................................................................	
  56	
  
17.	
  COMPETÊNCIA	
  NA	
  LEI	
  MARIA	
  DA	
  PENHA	
  ..................................................................................................................	
  58	
  
18.	
  REPARAÇÃO	
  DE	
  DANOS	
  NO	
  ÂMBITO	
  DA	
  VIOLÊNCIA	
  DOMÉSTICA	
  E	
  FAMILIAR	
  CONTRA	
  A	
  MULHER	
  .........................	
  61	
  
19.	
  LEI	
  14.022/2020	
  .........................................................................................................................................................	
  63	
  
20.	
  ENTENDIMENTOS	
  JURISPRUDENCIAIS	
  IMPORTANTES	
  ...............................................................................................	
  68	
  
 
 
 
 
 
 
4 
 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
LEI MARIA DA PENHA 
 
GRATUITO 
5 
 
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA 
⦁ Lei 11.340/06 
⦁ Lei 14.022/2020 
⦁ Art. 226, §8º, CF/88 
⦁ Art. 88, Lei 9099/95 (inaplicabilidade da Lei 9099/95 à Maria da Penha) 
 
CPP 
⦁ Art. 312 e 313, III 
⦁ Art. 322 
⦁ Art. 581, V 
 
CP 
⦁ Art. 44, §2º 
⦁ Art. 45, §1º e 2º 
⦁ Art. 129, §9º 
⦁ Art. 138 a 140 (os crimes contra a honra configuram violência moral contra a mulher) 
⦁ Art. 330 
⦁ 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER! 
 
Lei 11.340/06 
⦁ Art. 5º e Art. 7º 
⦁ Art. 8º, §4º 
⦁ Art. 9º, §4º a §8º 
⦁ Art. 10-A (importantíssimo) 
⦁ Art. 11, 12 e 12-C (importantíssimos) 
⦁ Art. 14-A 
⦁ Art. 16 e 17 (importantíssimos) 
⦁ Art. 18 e 19 
⦁ Art. 20 
⦁ Art. 22, VI e VII 
⦁ Art. 24-A (importantíssimo) 
⦁ Art. 38-A 
⦁ Art. 41 
 
CPP 
⦁ Art. 312 e 313, III, CPP 
⦁ Art. 322, CPP 
 
 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
LEI MARIA DA PENHA 
 
GRATUITO 
6 
 
LEI MARIA DA PENHA 
 
Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher (Lei n. 11.340/06) 
 
1. FINALIDADES DA NORMA 
 
Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica 
e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição 
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência 
contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e 
Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais 
ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos 
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece 
medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência 
doméstica e familiar. 
 
A Lei Maria da Penha possui natureza multidisciplinar, pois, além do caráter penal material e 
procedimental, cria mecanismos de proteção à mulher também de natureza civil, e trata até mesmo 
temas afetos às políticas públicas. Ou seja, cuida-se de diploma direcionado à proteção da mulher frente 
a diversas áreas do direito. 
 São quatro as finalidades da lei: 
ü Prevenir e coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. 
ü Estabelecimento de medidas de assistência 
ü Estabelecimento de medidas de proteção 
ü Criação de Juizados Especiais de violência doméstica e familiar contraa mulher 
 
Cuidado! O juizado mencionado, não se confunde com os Juizados Especiais Criminais criados pela Lei 
nº 9.099 de 95. Ademais, a Lei Maria da Penha, ao teor do art. 41, disciplina a vedação da incidência da 
Lei dos Juizados no caso de aplicação da Lei Maria da Penha. 
 
 Os arts. 2° e 3° da Lei nº 11.340/06 enumeram direitos e garantias fundamentais inerentes à 
pessoa humana que devem ser assegurados a toda e qualquer mulher, independentemente de classe, 
raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião: oportunidades e 
facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
LEI MARIA DA PENHA 
 
GRATUITO 
7 
 
intelectual e social, além de condições para o efetivo exercício dos direitos à vida, à segurança, à saúde, 
à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à 
cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. 
 
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação 
sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos 
fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as 
oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física 
e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. 
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos 
direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à 
moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à 
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. 
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos 
humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no 
sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições 
necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput. 
 
2. PREVISÃO CONSTITUCIONAL E IGUALDADE MATERIAL 
 
Art. 226 – A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a 
integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas 
relações. 
 
 A Lei nº 11.340/06 foi criada, não apenas para atender ao disposto no art. 226, §8°, da 
Constituição Federal, que considerou ser dever do Estado assegurar a igualdade substancial nas relações 
domésticas, em razão da necessidade de proteção específica e da continuada relação de submissão 
experimentada pelas mulheres, mas também para dar cumprimento a diversos tratados internacionais 
ratificados pela República Federativa do Brasil. 
 Nesse sentido, é dever do Estado, por meio de prestações positivas (ações afirmativas), extirpar 
a desigualdade histórica que existe entre homens e mulheres, construindo uma igualdade para além da 
meramente formal, estabelecida no art.5º, I, da CRFB, ou seja, uma igualdade materialmente perceptível 
no âmbito das relações sociais. 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
LEI MARIA DA PENHA 
 
GRATUITO 
8 
 
Explica o professor Renato Brasileiro (2020): 
 
Com o objetivo de compensar desigualdades históricas entre os gêneros 
masculino e feminino, e de modo a estimular a inserção e inclusão desse grupo 
socialmente vulnerável nos espaços sociais, promovendo-se, assim, a tão 
desejada isonomia constitucional entre homens e mulheres (CF, art. 5°, I), esta 
Convenção passou a prever a possibilidade de adoção de ações afirmativas (" 
discriminação positiva"). Afinal, a promoção da igualdade entre os sexos passa 
não apenas pelo combate à discriminação contra a mulher, mas também pela 
adoção de políticas compensatórias capazes de acelerar a igualdade de gênero. 
 
Ressalta-se que esses programas de ação afirmativa não se colocam em rota de colisão com o 
princípio da igualdade, potencializando, pelo contrário, expectativas compensatórias e de inserção social 
de parcelas historicamente marginalizadas. Não violam o princípio da igualdade, pois há uma 
discriminação positiva e não negativa 
 
Inf. 654 do STF - Não há violação do princípio constitucional da igualdade no 
fato de a Lei n. 11.340/06 ser voltada apenas à proteção das mulheres. 
 
 
3. INTERPRETAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA 
 
Art. 4o - Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que 
ela se destina e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em 
situação de violência doméstica e familiar. 
 
Cuida o dispositivo da famigerada “interpretação teleológica”, aquela que parte das finalidades 
da norma. 
Segundo o art. 4º, a interpretação da Lei deve levar em conta os fins sociais a que se destina, ou 
seja, deve tutelar a mulher que se encontra em uma situação de vulnerabilidade no âmbito de uma 
relação doméstica, familiar ou íntima de afeto. É nesse sentido que os dispositivos da lei devem ser 
interpretados, em favor da pessoa que mereceu maior proteção do legislador. 
 
 
 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
LEI MARIA DA PENHA 
 
GRATUITO 
9 
 
3. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER 
 
 O conceito de violência doméstica e familiar contra a mulher é extraído do art. 5º, conjugado 
com o art. 7º, ambos da Lei 11.340/06. 
 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra 
a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, 
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou 
patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015) 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de 
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as 
esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por 
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, 
por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou 
tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de 
orientação sexual. 
 
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre 
outras: 
I - A violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua 
integridade ou saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause 
dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o 
pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, 
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, 
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição 
contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, 
exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe 
cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; (Redação dada pela 
Lei nº 13.772, de 2018) 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a 
presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante 
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a 
utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer 
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou 
à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que 
limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
IV - A violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que 
configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
LEI MARIA DA PENHA 
 
GRATUITO 
10 
 
instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou 
recursos econômicos, incluindo osdestinados a satisfazer suas necessidades; 
V - A violência moral, entendida como qualquer conduta que configure 
calúnia, difamação ou injúria. 
 
De forma genérica, são exigidos três requisitos para a configuração de violência doméstica: 
1) A vítima deve ser mulher. (Aqui é importante ser cuidadoso, uma vez que há 
jurisprudência do STJ reconhecendo o direito de transexuais à alteração do registro civil, 
mesmo sem realizar a cirurgia de redesignação sexual, logo a este seria extensível a proteção 
da Lei Maria da penha.) 
 
2) Deve ocorrer uma das hipóteses do artigo 5º da referida lei: 
2.1. A violência deve ter ocorrido âmbito da unidade doméstica, compreendida 
como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo 
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
2.2. No âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por 
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por 
afinidade ou por vontade expressa 
2.3. Em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha 
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. 
Atenção à súmula 600 do STJ, segundo a qual a configuração da violência familiar não exige 
a coabitação entre autor e vítima. Tal entendimento visa estender o grau de proteção da norma de 
modo a abarcar um conjunto de relações fluídas, percebidas em grande parte na sociedade brasileira. 
 
Súmula 600 do STJ: “Para configuração da violência doméstica e familiar 
prevista no artigo 5º da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a 
coabitação entre autor e vítima”. 
 
3) Produção de forma de violência prevista nos incisos do art. 7º, Lei 11.340/06: 
a. Violência física 
b. Violência patrimonial 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
LEI MARIA DA PENHA 
 
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11 
 
c. Violência sexual 
d. Violência moral. 
e. Violência psicológica ** 
 
** Obs.: A Lei nº 13.772/2018 promoveu uma pequena mudança na Lei nº 11.340/2006 para 
deixar expresso que a violação da intimidade da mulher é uma forma de violência doméstica, 
classificada como violência psicológica. 
 
Considerações importantes: 
(1) Não há necessidade de habitualidade. O art. 5º, caput refere-se apenas à ação ou omissão. 
(2) É indispensável que ocorra uma violência de gênero, tal qual expresso no caput do art.5º. 
Ausente esta violência de gênero, não se aplica a Lei Maria da Penha. Segundo Renato 
Brasileiro: 
 
“O objetivo da Lei Maria da Penha não foi o de conferir uma proteção 
indiscriminada a toda e qualquer mulher, mas apenas àquelas que efetivamente 
se encontrarem em uma situação de vulnerabilidade em razão de gênero. É 
indispensável, portanto, que a vítima esteja em uma situação de 
hipossuficiência física ou econômica, enfim, que a infração tenha como 
motivação a opressão à mulher”. 
 
(3) Para o STJ há presunção legal da hipossuficiência da mulher vítima de violência doméstica: 
	
  
Apesar de haver decisões em sentido contrário, prevalece o entendimento de 
que a hipossuficiência e a vulnerabilidade, necessárias à caracterização da 
violência doméstica e familiar contra a mulher, são presumidas pela Lei nº 
11.340/2006. A mulher possui na Lei Maria da Penha uma proteção decorrente 
de direito convencional de proteção ao gênero (tratados internacionais), que o 
Brasil incorporou em seu ordenamento, proteção essa que não depende da 
demonstração de concreta fragilidade, física, emocional ou financeira. 
Ex: agressão feita por um homem contra a sua namorada, uma Procuradora da 
AGU, que possuía autonomia financeira e ganhava mais que ele. STJ. 5ª 
Turma. AgRg no AREsp 620.058/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 
14/03/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1720536/SP, Rel. Min. 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
LEI MARIA DA PENHA 
 
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12 
 
Nefi Cordeiro, julgado em 04/09/2018. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 92.825, 
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca; Julg. 21/08/2018. 
 
O fato de a vítima ser figura pública renomada não afasta a competência do 
Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher para processar e 
julgar o delito. Isso porque a situação de vulnerabilidade e de hipossuficiência 
da mulher, envolvida em relacionamento íntimo de afeto, revela-se ipso facto, 
sendo irrelevante a sua condição pessoal para a aplicação da Lei Maria da 
Penha. Trata-se de uma presunção da Lei. STJ. 5ª Turma. REsp 1416580-
RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 1º/4/2014 (Info 539). 
 
APROFUNDANDO PARA AS PROVAS DISCURSIVAS... 
Em provas subjetivas, além de apresentar o entendimento do STJ, é importante demonstrar 
conhecimento acerca dos entendimentos doutrinários sobre o tema. Para parte da doutrina, somente 
haveria presunção absoluta de vulnerabilidade da mulher quando o sujeito ativo fosse homem. Em 
sendo uma mulher, essa presunção de vulnerabilidade deveria ser relativa, a ser demonstrada no caso 
concreto. Confira a explicação do professor Renato Brasileiro: 
“A nosso ver, não há como se afastar a aplicação da Lei Maria da Penha às hipóteses de violência 
doméstica e familiar perpetrada por um homem contra a mulher. Nesse caso, parece haver 
verdadeira presunção absoluta de vulnerabilidade. Em tais situações, a desigualdade entre os 
gêneros feminino e masculino que justifica o tratamento desigual contemplado pela Lei Maria da Penha 
pode ser facilmente constatada, seja pela maior força física do homem, seja pela posição de 
superioridade que geralmente ocupa no seio familiar e social. Todavia, quando esta mesma violência é 
perpetrada por uma mulher contra outra no seio de uma relação doméstica, familiar ou íntima de 
afeto, não há falar em presunção absoluta de vulnerabilidade do gênero feminino. Cuida-se, na verdade, 
de presunção relativa. A título de exemplo, possamos pensar numa violência física praticada por uma 
irmã contra a outra. Como o sujeito ativo de tal crime não se apresenta supostamente mais forte, 
ameaçador e dominante que a vítima, não há nenhum critério razoável capaz de justificar a aplicação 
dos ditames gravosos da Lei nº 11.340/06. Afinal, o objetivo da Lei Maria da Penha não foi o de 
conferir uma proteção indiscriminada a toda e qualquer mulher, mas apenas àquelas que efetivamente 
se encontrarem em uma situação de vulnerabilidade.” 
 
4. SUJEITO PASSIVO 
 
Exclusivamente a mulher (violência de gênero), independentemente da orientação sexual, sendo 
perfeitamente possível que o agressor e a vítima sejam do sexo feminino (vide parágrafo único do art.5º 
supracitado). 
Ensina o Professor Renato Brasileiro de Lima: 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
LEI MARIA DA PENHA 
 
GRATUITO 
13 
 
 
“Para a caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher, não é 
necessário que a violência seja perpetrada por pessoas de sexos distintos. O 
agressor tanto pode ser um homem (união heterossexual) como outra mulher 
(união homoafetiva)”. 
 
Ressalta-se que, para a doutrina majoritária e os Tribunais Superiores, é possível que os 
transgêneros e transexuais sejam vítimas no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
APROFUNDANDO PARA PROVAS DISCURSIVAS... 
Aplica-se a Lei Maria da Penha aos transexuais? 
Há duas correntes sobre o tema. 
1ª Corrente: não seria possível, pois seria uma analogia in malan partem. 
2ª Corrente: É possível conferir a proteção da Lei Maria da Penha, mesmo sem realizar a cirurgia de 
transgenitalização. (Prevalece!) Vejam: 
 
A Lei Maria da Penha não distingue orientação sexual e identidade de gênero das vítimas mulheres. O 
fato de a ofendida ser transexual feminina não afasta a proteção legal, tampouco a competência do 
Juizado de Violência Doméstica e Familiar.1 
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
CONTRA DECISÃO DO JUIZADO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. DECLINAÇÃO DA 
COMPETÊNCIA PARA VARA CRIMINAL COMUM. INADMISSÃO DA TUTELA DA LEI 
MARIA DA PENHA. AGRESSÃO DE TRANSEXUAL FEMININO NÃO SUBMETIDA A 
CIRURGIA DE REDESIGNAÇÃO SEXUAL (CRS).PENDÊNCIA DE RESOLUÇÃO DE AÇÃO 
CÍVEL PARA RETIFICAÇÃO DE PRENOME NO REGISTRO PÚBLICO. IRRELEVÂNCIA. 
CONCEITO EXTENSIVO DE VIOLÊNCIA BASEADA NO GÊNERO FEMININO. DECISÃO 
REFORMADA. 
1. O Ministério Público recorre contra decisão de primeiro grau que deferiu medidas protetivas de 
urgência em favor de transexual mulher agredida pelo companheiro, mas declinou da competência para 
a Vara Criminal Comum, por entender ser inaplicável a Lei Maria da Penha porque não houve alteração 
do patronímico averbada no registro civil. 
2. O gênero feminino decorre da liberdade de autodeterminação individual, sendo apresentado 
socialmente pelo nome que adota, pela forma como se comporta, se veste e se identifica como pessoa. 
A alteração do registro de identidade ou a cirurgia de transgenitalização são apenas opções disponíveis 
 
1https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/jurisprudencia-­‐em-­‐temas/lei-­‐maria-­‐da-­‐penha-­‐na-­‐visao-­‐do-­‐tjdft/sujeitos-­‐e-­‐
requisitos/sujeitos/transexual-­‐feminina-­‐como-­‐sujeito-­‐
passivo#:~:text=A%20Lei%20Maria%20da%20Penha,de%20Viol%C3%AAncia%20Dom%C3%A9stica%20e%20Familiar.	
  	
  
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para que exerça de forma plena e sem constrangimentos essa liberdade de escolha. Não se trata de 
condicionantes para que seja considerada mulher. 
3. Não há analogia in malam partem ao se considerar mulher a vítima transexual feminina, 
considerando que o gênero é um construto primordialmente social e não apenas biológico. 
Identificando-se e sendo identificada como mulher, a vítima passa a carregar consigo estereótipos 
seculares de submissão e vulnerabilidade, os quais sobressaem no relacionamento com seu agressor e 
justificam a aplicação da Lei Maria da Penha à hipótese. 
4. Recurso provido, determinando-se prosseguimento do feito no Juizado de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher, com aplicação da Lei Maria da Penha. (Acórdão 1089057, Relator Des. 
GEORGE LOPES, 1ª Turma Criminal, data de julgamento: 5/4/2018, publicado no DJe: 20/4/2018.) 
 
Obs.: Embora o homem não possa ser sujeito passivo na lei Maria da Penha, é perfeitamente possível a 
aplicação das medidas protetivas de urgência previstas na referida lei, com base no poder geral de 
cautela do juiz, caso o crime seja praticado no contexto de violência doméstica e familiar e haja situação 
de vulnerabilidade do sujeito passivo homem, à luz do art. 313, III do CPP. 
 Um dos exemplos de que o homem pode ser vítima no contexto de violência doméstica e 
familiar contra a mulher é o art. 128, §§9º, 10 e 11 do Código Penal. 
 
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou 
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, 
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 
11.340, de 2006) 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as 
indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído 
pela Lei nº 10.886, de 2004) 
§ 11. Na hipótese do § 9ºdeste artigo, a pena será aumentada de um terço se o 
crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei 
nº 11.340, de 2006) 
 
Inf. 501 do STJ – Lesão corporal (qualificadora no caso de violência 
doméstica) - A qualificadora prevista no § 9º do art. 129 do CP aplica-se 
também às lesões corporais cometidas contra HOMEM no âmbito das 
relações domésticas. 
 
5. SUJEITO ATIVO 
 
 Pode ser tanto o homem quanto a mulher (art. 5º, parágrafo único, Lei 11.340/06). 
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 Logo, a violência doméstica baseada em razão de gênero havida entre companheiras se submete 
à Lei Maria da Penha, não sendo o fato de se tratar de relação homoafetiva suficiente para afastar sua 
aplicação. Também é possível que em um conflito percebido mãe e filha, irmãs, ou mesmo sogra e nota 
esteja sujeito à aplicação da Lei 11.340/06. 
 
Violência praticada por filha contra a mãe 
Aplica-se a Lei Maria da Penha. O agressor também pode ser mulher. STJ. 5ª 
Turma. HC 277561/AL, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 06/11/2014. 
 
Constatada situação de vulnerabilidade, aplica-se a Lei Maria da 
Penha no caso de violência do neto praticada contra a avó 
A Lei Maria da Penha objetiva proteger a mulher da violência doméstica e 
familiar que, cometida no âmbito da unidade doméstica, da família ou em 
qualquer relação íntima de afeto, cause-lhe morte, lesão, sofrimento físico, 
sexual ou psicológico, e dano moral ou patrimonial. Estão no âmbito de 
abrangência do delito de violência doméstica e podem integrar o polo passivo 
da ação delituosa as esposas, as companheiras ou amantes, bem como a mãe, as 
filhas, as netas do agressor e também a sogra, a avó ou qualquer outra parente 
que mantém vínculo familiar ou afetivo com ele. STJ. 5ª Turma. AgRg no 
AREsp 1626825-GO, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 05/05/2020 (Info 
671). 
 
 
Atenção: o homem pode ser vítima de violência doméstica e familiar, porém sem a 
possibilidade de aplicação da Lei Maria da Penha. Aplica-se, portanto, o Código Penal (art.129, 
§9º, CP), hipótese em que a violência doméstica sofrida pelo sujeito do sexo masculino qualifica o 
crime de lesão corporal. Vejam : 
 
Não se aplica a Lei Maria da Penha. O sujeito passivo (vítima) não pode ser do 
sexo masculino. STJ. 5ª Turma. RHC 51481/SC, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado 
em 21/10/2014. 
 
Lesão corporal contra irmão configura o § 9º do art. 129 do CP não 
importando onde a agressão tenha ocorrido	
  
Não é inepta a denúncia que se fundamenta no art. 129, § 9º, do CP – lesão 
corporal leve –, qualificada pela violência doméstica, tão somente em razão de 
o crime não ter ocorrido no ambiente familiar. Ex: João agrediu fisicamente 
seu irmão na sede da empresa onde trabalham, causando-lhe lesão corporal 
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leve. O agente deverá responder pelo art. 129, § 9º do CP. Sendo a lesão 
corporal praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou 
companheiro, deverá incidir a qualificadora do § 9º não importando onde a 
agressão tenha ocorrido. STJ. 5ª Turma. RHC 50026-PA, Rel. Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, julgado em 3/8/2017 (Info 609) 
 
Vamos esquematizar? 
 
SUJEITO ATIVO SUJEITO PASSIVO 
Homem ou mulher; Há uma exigência de uma qualidade 
especial: ser mulher. 
 
 
 
6. ELEMENTO SUBJETIVO 
 
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Para a doutrina amplamente majoritária: Apenas crimes dolosos podem atrair a aplicação da 
Lei Maria da Penha. 
Deve-se frisar que, no que tange à modalidade de culpa consciente, aplica-se a incidência da Lei 
nº 11.340/06. Isso porque, na culpa consciente, existe vontade e nítido liame subjetivo entre o agente e 
o resultado, na medida em que o sujeito reconhece que ultrapassa os limites do risco autorizado, ou 
seja, ele tem ciência de que está lesando um dever de cuidado por meio de sua conduta. Isso é: Quando 
atua com culpa consciente, o agente prevê a ocorrência do resultado penalmente relevante, em que pese 
acreditar, firmemente, que não irá se verificar. 
Já no tocante à culpa inconsciente, a doutrina entende não ser possível aplicar a Lei Maria da 
Penha para os crimes culposos (nos casos em que a culpa é inconsciente, o agente não possui 
conhecimento de que infringe um dever de cuidado, tampouco prevê a ocorrência do resultado danoso, 
razão pela qual sua ação/omissão não poderá ter qualquer base no gênero, implicando o afastamento 
do artigo 5º da Lei Maria da Penha.) 
Vejamos o julgamento do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, assim ementado: 
 
Ementa: CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. 
DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÃOCORPORAL CULPOSA. ART. 129, 
§ 6º, DO CÓDIGO PENAL. NÃO INCIDÊNCIA DA LEI MARIA DA 
PENHA. CONFLITO PROCEDENTE. Já que houve a desclassificação para 
o delito de lesão corporal culposa, impõe-se a procedência do conflito, fixando 
a competência do juízo da 1ª Vara Judicial da Comarca de Estrela para o 
processamento do inquérito policial e de eventual ação penal. CONFLITO DE 
COMPETENCIA PROCEDENTE. (Conflito de Jurisdição Nº 70051245728, 
Segunda Câmara, Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Lizete Andreis 
Sebben, Julgado em 08/11/2012). 
 
 Cuidado! Apesar de o Supremo não ter enfrentado diretamente a questão por ocasião do 
julgamento da ADI 4.424/DF (Rei. Min. Marco Aurélio, j. 09/02/ 2012), o Plenário do Supremo 
concluiu que o crime de lesão corporal praticada contra a mulher em âmbito doméstico será de ação 
penal pública incondicionada, mesmo que de natureza leve ou culposa. Logo, por via oblíqua as 
infrações penais culposas também se sujeitam à incidência da Lei Maria da Penha.	
  
 
 
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7. HIPÓTESES DE CONFIGURAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
 
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar 
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause 
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou 
patrimonial: 
 
A ação ou omissão da qual resulta a violência doméstica não precisa ser necessariamente uma 
infração penal, ações que não são típicas, ou são praticadas no bojo de alguma excludente de ilicitude 
ou culpabilidade, podem ser consideradas violência doméstica, mesmo não sendo punidas 
criminalmente. 
 
I - No âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio 
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente 
agregadas; 
 
A lei é clara no sentido de que não se exige o vínculo familiar para a caracterização do 
âmbito de unidade doméstica, sendo necessário apenas que o espaço seja de convivência permanente 
incluindo-se as pessoas agregadas esporadicamente. 
Nesse sentido, é possível aplicar a Lei Maria da Penha em relações de amigos que moram 
juntos, ou, ainda, em violência perpetrada contra empregada doméstica, desde que presentes os demais 
requisitos, sobretudo a situação de vulnerabilidade. 
 
II - No âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por 
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por 
afinidade ou por vontade expressa; 
 
Nesta hipótese, sim, o determinante é a existência de vínculo familiar, de origem biológica ou 
não. A violência não precisa ser praticada no âmbito da unidade doméstica, podendo ocorrer dentro ou 
fora do espaço habitado pelos familiares. 
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 Lembrando que não basta a relação de parentesco, sendo imprescindível a presença dos 
requisitos: motivação de gênero e situação de vulnerabilidade. 
 Obs.: Vinculo de natureza familiar é jurídico. Logo, pode ser um vínculo conjugal, vinculo de 
parentesco ou um vínculo por vontade expressa (adoção). 
 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha 
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. 
 
*Atenção: STJ CC 100654. A Lei n.º 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha, em seu art. 
5.º, inc. III, caracteriza como violência doméstica aquela em que o agressor conviva ou tenha convivido 
com a ofendida, independentemente de coabitação. 
Contudo, necessário se faz salientar que a aplicabilidade da mencionada legislação a 
relações íntimas de afeto como o namoro deve ser analisada em face do caso concreto. Não se 
pode ampliar o termo - relação íntima de afeto - para abarcar um relacionamento passageiro, fugaz ou 
esporádico. Em miúdos, o STJ afasta a aplicação da Lei para as relações de afeto que sejam meras 
“ficadas” eventuais entre pessoas que não tem efetiva conexão afetiva. 
 
STJ: “(...) LEI MARIA DA PENHA. VIOLÊNCIA PRATICADA EM 
DESFAVOR DE EXNAMORADA. (...) a aplicabilidade da mencionada 
legislação a relações íntimas de afeto como o namoro deve ser analisada em 
face do caso concreto. Não se pode ampliar o termo - relação íntima de afeto - 
para abarcar um relacionamento passageiro, fugaz ou esporádico. In casu, 
verifica-se nexo de causalidade entre a conduta criminosa e a relação de 
intimidade existente entre agressor e vítima, que estaria sendo ameaçada de 
morte após romper namoro de quase dois anos, situação apta a atrair a 
incidência da Lei n.º 11.340/2006. (...)”. (STJ, 3ª Seção, CC 100.654/MG, Rel. 
Min. Laurita Vaz, DJe 13/05/2009). 
 
Violência praticada por companheiro da mãe ("padrasto") contra a 
enteada. Aplica-se a Lei Maria da Penha. Obs.: a agressão foi motivada por 
discussão envolvendo o relacionamento amoroso que o agressor possuía com a 
mãe da vítima (relação íntima de afeto). STJ. 5ª Turma. RHC 42092/RJ, Rel. 
Min. Jorge Mussi, julgado em 25/03/2014. 
 
STJ: “(...) AMEAÇA. SOGRA E NORA. (...) A incidência da Lei n.º 
11.340/2006 reclama situação de violência praticada contra a mulher, em 
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contexto caracterizado por relação de poder e submissão, praticada por 
homem ou mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade. Precedentes. 
No caso não se revela a presença dos requisitos cumulativos para a incidência 
da Lei n.º 11.340/06, a relação íntima de afeto, a motivação de gênero e a 
situação de vulnerabilidade. Concessão da ordem. Ordem não conhecida. 
Habeas corpus concedido de oficio, para declarar competente para processar e 
julgar o feito o Juizado Especial Criminal da Comarca de Santa Maria/RS”. 
(STJ, 5ª Turma, HC 175.816/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Belizze, j. 
20/06/2013, DJe 28/06/2013). 
 
Vamos esquematizar? 
ÂMBITO DA UNIDADE 
DOMÉSTICA 
ÂMBITO DA FAMÍLIA. QUALQUER RELAÇÃO 
ÍNTIMA DE AFETO 
Espaço de convívio 
permanente de pessoas, COM 
OU SEM VÍNCULO 
FAMILIAR, inclusive as 
esporadicamente agregadas. 
Indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, 
unidos por laços naturais, por 
afinidade ou por vontade 
expressa 
Em qualquer relação íntima de 
afeto, na qual o agressor conviva 
ou tenha convivido com a 
ofendida, 
INDEPENDENTEMENTE 
DE COABITAÇÃO. 
 
Não se exige o vínculo 
familiar. Leva em conta apenas 
o aspecto espacial. 
Aqui importam os laços, 
pouco importando o lugar, 
pouco importando se há 
coabitação. 
 
Aqui, o importante é que haja 
um relacionamento entre duas 
pessoas, seja baseado na 
amizade ou em qualquer outro 
sentimento, desde que não seja 
uma relação passageira. 
 
8. FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
 
 O conceito de violência doméstica e familiar é divorciado do conceito de violência existente na 
esfera penal (emprego de força física obre o corpo da vítima). O termo “violência”, na Lei Maria da 
Penha, abarca: a violência física, a violência psicológica, a violência sexual, a violência patrimonial e a 
violência moral. 
As violências, como já exposto anteriormente, devem ser praticadas a título de dolo. 
Lembrando que há entendimento admitindo também na prática do crime culposo consciente. 
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Note que o art. 7° faz uso da expressão "entre outras", portanto não se trata de um rol 
taxativo, mas sim exemplificativo. Logo, é perfeitamente possível o reconhecimento de outras 
formas de violência doméstica e familiar contra a mulher. Tem-se aí verdadeira hipótese de 
interpretação analógica. 
 
• Violência física – Entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde 
corporal 
 
• Violência psicológica – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe 
cause dano emocional e diminuição da autoestima, lhe prejudique o pleno desenvolvimento, 
ou que vise degradar ou controlar suas ações de maneira geral 
Lei 13.772/2018: acrescentaum novo crime ao Código Penal - Crime de registro 
não autorizado da intimidade sexual (art. 216-B).2 
Promoveu ainda uma pequena mudança na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da 
Penha) para deixar expresso que a violação da intimidade da mulher é uma 
forma de violência doméstica, classificada como violência psicológica. 
 
• Violência sexual - entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a 
manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação 
ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua 
sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao 
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno 
ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
 
• Violência patrimonial - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que 
configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de 
 
2 https://www.dizerodireito.com.br/2018/12/lei-­‐137722018-­‐crime-­‐de-­‐registro-­‐nao.html 
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trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os 
destinados a satisfazer suas necessidades 
 
 
 
 
APROFUNDANDO PARA PROVAS DISCURSIVAS... 
Há divergência doutrinária se há a aplicação das escusas absolutórias, das imunidades 
absoluta e relativa previstas no CP nos casos de violência patrimonial no âmbito doméstico 
e familiar. 
1ª posição – Maria Berenice: NÃO. Defendem a inaplicabilidade das escusas 
absolutórias por ser uma medida de política criminal incompatível com a mens legis da Lei 
Maria da Penha. Permitir a incidência das imunidades é enfraquecer a proteção (que deveria 
ser mais intensa) à mulher vítima de violência patrimonial no seio das relações domesticas, 
familiares e intimas de afeto. 
2ª posição- Nucci e Renato Brasileiro: SIM. Diante do silêncio da Lei, o ideal é concluir 
pela aplicação das escusas absolutórias no caso de crimes patrimoniais perpetrados no 
contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher. Estender a vedação expressa 
presente no estatuto do idoso constitui verdadeira analogia in malam partem, colocando-se 
em rota de colisão com o princípio da legalidade. 
 
• Violência moral - entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação 
ou injúria. 
 
Já caiu em prova e foi considerada correta a seguinte alternativa: A violência moral, entendida 
como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria, é uma das formas de violência 
doméstica e familiar contra a mulher, estabelecida na Lei n. 11.340/2006 
 
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Logo, é importante perceber que as agressões da qual a lei protege não são necessariamente 
físicas, podendo ser objeto do procedimento previsto na Lei 11.340 atos de disposição ilegítima de 
patrimônio e crimes contra a honra, caso presentes das hipóteses já estudadas no art. 5°. 
 
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9. FORMAS DE PREVENÇÃO NA LEI MARIA DA PENHA 
 
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra 
a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, 
tendo por diretrizes: 
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e 
da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, 
saúde, educação, trabalho e habitação; 
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações 
relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às 
causas, às consequências e à frequência da violência doméstica e familiar contra 
a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e 
a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas; 
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais 
da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que 
legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o 
estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV 
do art. 221 da Constituição Federal; 
Já tem MP instaurando ACP contra programas de TV que violam este 
dispositivo. 
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as 
mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; 
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da 
violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à 
sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos 
direitos humanos das mulheres; 
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros 
instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre 
estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a implementação de 
programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher; 
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda 
Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos 
órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça 
ou etnia; 
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos 
de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de 
gênero e de raça ou etnia; 
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os 
conteúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou 
etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
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Merece destaque o inciso IV, que trata da implementação de Delegacias especializadas no 
atendimento à mulher vítima de violência doméstica e familiar. Em alguns locais chamada de DEAM. A 
vítima deve ser encaminhada a esta Delegacia especializada para que lá seja adequadamente atendida e 
para que lá sejam tomadas todas as providências em relação a essa espécie de delito. 
 
10. DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA FAMILIAR 
 
Art. 9° A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes 
previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no 
Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas 
de proteção, e emergencialmente quando for o caso. 
 
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de 
violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do 
governo federal, estadual e municipal. 
 
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, 
para preservar sua integridade física e psicológica: 
I - Acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da 
administração direta ou indireta; 
II - Manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do 
local de trabalho, por até seis meses. 
III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para 
eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de 
casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo 
competente. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) 
 
§ 3º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento 
científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, 
a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da 
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos 
necessários e cabíveis nos casos de violênciasexual. 
 
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou 
psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir 
todos os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), 
de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de saúde 
prestados para o total tratamento das vítimas em situação de violência 
doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de 
Saúde do ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem os 
serviços. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência) 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
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§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo 
iminente e disponibilizados para o monitoramento das vítimas de violência 
doméstica ou familiar amparadas por medidas protetivas terão seus custos 
ressarcidos pelo agressor. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência) 
 
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá 
importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus 
dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade de substituição 
da pena aplicada. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência) 
 
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade 
para matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais 
próxima de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a 
apresentação dos documentos comprobatórios do registro da ocorrência 
policial ou do processo de violência doméstica e familiar em curso. (Incluído 
pela Lei nº 13.882, de 2019) 
 
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados 
ou transferidos conforme o disposto no §4º** deste artigo, e o acesso às 
informações será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos 
competentes do poder público. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019) 
 
** Obs.: o §8º faz referência ao §4º porque o projeto de lei 
que o inseriu transitou de forma concomitante ao projeto de 
lei que alterou os §§4º, 5º e 6º (Lei 13.871/2019), não 
havendo um ajuste na numeração dos parágrafos. Onde se 
lê §4º, devemos ler §7º. 
 
Ao tratar sobre a assistência à mulher em condição de violência doméstica o legislador 
possibilitou a decretação judicial de diversas ações e programas de auxilio por prazo determinado para a 
vítima, dentre as quais: 
• Possibilidade de remoção prioritária da servidora pública, integrante da administração 
direta e indireta. 
• Manutenção do vínculo trabalhista pelo prazo de até seis meses quando necessário o 
afastamento da vítima de seu local de trabalho. 
 Obs.: Segundo o STJ, o INSS deverá arcar com a subsistência das mulheres que precisaram se 
afastar do trabalho para se proteger de violência doméstica. Para o colegiado, tais situações ofendem a 
integridade física ou psicológica da vítima, o que justifica o direito ao “auxílio-doença”: 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
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A medida de afastamento do local de trabalho, prevista no art. 9º, § 2º, 
da Lei é de competência do Juiz da Vara de Violência Doméstica, sendo 
caso de interrupção do contrato de trabalho, devendo a empresa arcar 
com os 15 primeiros dias e o INSS com o restante 
O art. 9º, § 2º da Lei Maria da Penha prevê que: O juiz assegurará à mulher em 
situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física 
e psicológica, manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o 
afastamento do local de trabalho, por até seis meses. A competência para 
determinar essa medida é do Juiz da Vara de Violência Doméstica ou do Juiz 
do Trabalho? Juiz da Vara de Violência Doméstica. O juiz da vara especializada 
em Violência Doméstica (ou, caso não haja na localidade, o juízo criminal) tem 
competência para apreciar pedido de imposição de medida protetiva de 
manutenção de vínculo trabalhista, por até seis meses, em razão de 
afastamento do trabalho de ofendida decorrente de violência doméstica e 
familiar. Isso porque o motivo do afastamento não advém da relação de 
trabalho, mas sim da situação emergencial que visa garantir a integridade física, 
psicológica e patrimonial da mulher. Qual é a natureza jurídica desse 
afastamento? Sobre quem recai o ônus do pagamento? A natureza jurídica do 
afastamento por até seis meses em razão de violência doméstica e familiar é de 
interrupção do contrato de trabalho, incidindo, analogicamente, o auxílio-
doença, devendo a empresa se responsabilizar pelo pagamento dos quinze 
primeiros dias, ficando o restante do período a cargo do INSS. STJ. 6ª Turma. 
REsp 1757775-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/08/2019 
(Info 655). 
 
• Encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual 
ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou 
de dissolução de união estável perante o juízo competente. 
 
NOVIDADE LEGISLATIVA: 
A Lei nº 13.894/2019 acrescentou um novo inciso ao § 2º do art. 9º prevendo que, se a 
vítima e o agressor forem casados ou viverem em união estável, a mulher deverá ser 
encaminhada à assistência judiciária para que possa ter a oportunidade de, assim desejando, 
desvincular-se formalmente do marido/companheiro agressor por meio da ação judicial 
própria. 
 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
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Atenção aos parágrafos 4º ao 8º: são novidades legislativas: 
O autor de violência doméstica praticada contra mulher terá que ressarcir os custos 
relacionados com os serviços de saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às 
vítimas de violência doméstica e familiar e com os dispositivos de segurança utilizados pelas 
vítimas para evitar nova violência. 
 
NOVIDADE LEGISLATIVA: 
A Lei nº 13.894/2019 acrescentou o § 4º e §5º e 6º do art. 9º prevendo que o autor de violência 
doméstica praticada contra mulher terá que ressarcir os custos relacionados com: 
• os serviços de saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às vítimas de 
violência doméstica e familiar: Quando se fala em ressarcir todos os danos causados, isso 
significa que o agressor tem o dever, inclusive, de pagar ao Sistema Único de Saúde (SUS) as 
despesas que foram realizadas com os serviços de saúde prestados para o total tratamento da 
vítima em situação de violência doméstica e familiar. Ex: custos com cirurgia, com 
medicamentos, com atendimento de psicóloga etc. Assim, mesmo o SUS sendo um serviço 
oferecido gratuitamente à população, o agressor tem o dever de ressarcir os gastos que o poder 
público teve com isso. 
 
• com os dispositivos de segurança utilizados pelas vítimas para evitar nova violência: 
como por exemplo: “Botão do Pânico”3; tornozeleira eletrônica com dispositivo de 
aproximação que fica com a mulher. 
 
Observações importantes sobre o ressarcimento previsto no §6º: 
- O ressarcimento não poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e 
dos seus dependentes; 
- O fato de o agressor ter feito o ressarcimento não configura atenuante (art. 65, III, b, CP); 
- O ressarcimento não enseja possibilidade de substituição da pena aplicada (art. 17 desta lei e 
 
3 http://www.tjes.jus.br/botao-­‐do-­‐panico-­‐dispositivo-­‐de-­‐seguranca-­‐que-­‐ajuda-­‐a-­‐proteger-­‐mulheres-­‐vitimas-­‐de-­‐
violencia-­‐domestica-­‐completa-­‐6-­‐anos/ 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
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Súmula 588 STJ). 
 
• Prioridade para matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais 
próxima de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a 
apresentação dos documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial. 
NOVIDADE LEGISLATIVA: A Lei nº 13.882/2019 amplia esse rol de assistência e prevê que a 
mulher vítima da violênciadoméstica terá prioridade para matricular ou para transferir seus filhos 
ou outros dependentes para escolas próximas de seu domicílio. E se não houver vaga na escola 
próxima, ainda assim, o dependente da vítima terá direito de ser matriculado como um excedente, 
ou seja, mesmo fora do número de vagas. É nesse sentido a previsão da medida protetiva de 
urgência constante do art. 23, V: 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: V – “determinar a 
matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais próxima do seu 
domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga.” 
 
Obs: A informação de que o aluno foi transferido ou matriculado por conta de violência doméstica 
sofrida por sua mãe deverá ficar em sigilo, sendo de conhecimento apenas do juiz, do MP e dos 
órgãos competentes do poder público (ex: diretora da escola). 
 
11. DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL 
 
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e 
familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da 
ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao 
descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. 
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o 
atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por 
servidores - preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados. 
 
Trata-se de tema rotineiramente abordado em prova de carreiras policiais, uma vez que é direito 
da mulher ser atendida de forma especializada, ininterrupta e preferencialmente, por servidoras do sexo 
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feminino. Como se depreende do texto legal, não há uma necessidade absoluta de que o atendimento 
seja realizado por Mulher. 
 
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou 
de testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a 
mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 
2017) 
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, 
considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de violência 
doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência 
doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com 
investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; (Incluído pela Lei nº 
13.505, de 2017) 
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o 
mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como 
questionamentos sobre a vida privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 
2017) 
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou 
de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o 
seguinte procedimento: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o 
qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em 
situação de violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à 
gravidade da violência sofrida; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional 
especializado em violência doméstica e familiar designado pela autoridade 
judiciária ou policial; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo 
a degravação e a mídia integrar o inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, 
de 2017) 
 
Em linhas gerais, busca-se por meio do estabelecimento de diretrizes especiais à polícia 
judiciária evitar a vitimização secundária, bem como a heterovitimização, impedindo que a vítima seja 
objeto de sucessivas inquirições e procedimentos que possam potencializar as sequelas das violências 
sofridas. 
 Os arts. 11 e 12 da Lei Maria da Penha tratam das providências que devem ser tomadas pela 
autoridade policial que tenha atuação na Delegacia especializada no atendimento à mulher vítima de 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
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violência doméstica e familiar contra a mulher, ou da Delegacia de Polícia comum, nos locais em que 
não houver a Delegacia especializada. 
 Algumas providências são de caráter obrigatório, como, por exemplo, a oitiva da vítima, 
lavratura do boletim de ocorrência, atermação da representação e a verificação se o agressor possui 
registro de porte ou posse de arma de fogo; outras, no entanto, têm sua realização condicionada à 
discricionariedade da autoridade policial, que deve determinar sua realização de acordo com as 
peculiaridades do caso concreto. 
 
M Artigos importantíssimos de alta incidência nas provas de 
delegado de polícia! 
 
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e 
familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: 
 
! Trata-se de rol exemplificativo, pois o caput fala “entre 
outras”. 
 
I - Garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao 
Ministério Público e ao Poder Judiciário; 
 
II - Encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto 
Médico Legal; 
 
O encaminhamento ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto 
Médico Legal decorre da necessidade de realização de perícia, 
para que se forme o conjunto probatório ligado à prova de 
existência da infração penal, nos moldes do art. 158 do Código 
de Processo Penal ("Quando a infração deixar vestígios, será 
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, 
não podendo supri-lo a confissão do acusado") 
 
III - fornece transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou 
local seguro, quando houver risco de vida; 
 
IV - Se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus 
pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; 
 
V - Informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços 
disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento 
perante o juízo competente da ação de separação judicial, de divórcio, de 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
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anulação de casamento ou de dissolução de união estável. (Redação 
dada pela Lei nº 13.894, de 2019) 
 
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de 
imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no 
Código de Processo Penal: 
 
I - Ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a 
termo, se apresentada; 
II - Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de 
suas circunstâncias; 
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente 
apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de 
medidas protetivas de urgência; 
IV - Determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e 
requisitar outros exames periciais necessários; 
V - Ouvir o agressor e as testemunhas; 
VI - Ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de 
antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou 
registro de outras ocorrências policiais contra ele; 
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma 
de fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos essa informação, 
bem como notificar a ocorrência à instituição responsável pela 
concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei nº 
10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do 
Desarmamento); (Incluído pela Lei nº13.880, de 2019) 
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquéritopolicial ao juiz e ao 
Ministério Público. 
 
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e 
deverá conter: 
I - Qualificação da ofendida e do agressor; 
II - nome e idade dos dependentes; 
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela 
ofendida. 
IV - Informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e 
se da violência sofrida resultou deficiência ou agravamento de deficiência 
preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019) 
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1º o 
boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse 
da ofendida. 
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários 
médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
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Aqui é importante ficar atento, pois se trata de dispositivo diretamente voltado à autoridade 
policial, em especial para o dever de remessa dos autos para o magistrado no prazo de 48 horas, bem 
como para a inovação legislativa que orienta a verificação do registro de posse ou porte de arma de 
fogo por parte do agressor. 
Note que a autoridade policial não tem legitimidade para aplicar diretamente a medida protetiva 
ou representar por ela. O delegado apenas encaminha ao juiz, em 48 horas, quando há pedido da 
ofendida! Não há que se falar em representação pelos procedimentos legais. 
O inciso VI determina que a autoridade policial deve fazer juntar aos autos do procedimento 
investigatório a folha de antecedentes criminais do agressor, indicando a existência de mandado de 
prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele. Nessa toada, é igualmente importante que o 
delegado verifique se há, no banco de dados criado pela Lei n. 13.829/19 (que inseriu o art. 38-A na 
Lei), eventual registro de medida protetiva de urgência anteriormente determinada em 
detrimento do agressor. 
 
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da medida protetiva de 
urgência. Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão registradas 
em banco de dados mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de 
Justiça, garantido o acesso do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos 
órgãos de segurança pública e da assistência social, com vistas à fiscalização e à 
efetividade das medidas protetivas". 
 
 A consulta em questão é de fundamental importância, não apenas para fins de verificação de 
eventual tipificação do crime do art. 24-A (descumprimento das medidas protetivas), mas também no 
sentido de evidenciar a necessidade de representação ao juiz pleiteando a decretação da prisão 
preventiva do agressor (Lei n. 11.340/06, art. 20). 
De forma semelhante com o que ocorre na lei 9.099/95, há possibilidade de utilização de 
laudos e boletins de atendimentos médicos fornecidos fora do Instituto Médico Legal. Essa 
possibilidade consiste em uma espécie de mitigação da obrigatoriedade do exame de corpo de delito, 
porquanto laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde poderiam ser 
utilizados para embasar a denúncia e, até mesmo, eventual condenação. Nas palavras de Renato 
Brasileiro: 
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“Ora, se a própria Lei Maria da Penha faz referência a tais documentos como 
verdadeiros meios de prova, ou seja, a um instrumento por meio do qual as 
fontes de prova são introduzidas no processo, é evidente que, nos mesmos 
moldes do que ocorre no âmbito dos Juizados Especiais Criminais (Lei nº 
9.099/95, art. 77, § 1 °), os laudos ou prontuários médicos também podem ser 
utilizados na sentença condenatória para a formação do convencimento do juiz 
acerca da materialidade de uma violência doméstica e familiar contra a mulher, 
e não apenas para fins de oferecimento da peça acusatória ou decretação de 
medidas cautelares” 
 
Já caiu em prova e foi considerada correta a seguinte assertiva: “Para configurar a materialidade 
do delito de lesão corporal culposa no âmbito de violência doméstica e familiar contra a mulher, é 
prescindível o exame de corpo de delito do art. 158 do CPP, se existentes outros elementos de prova, 
tais como laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. 
 
Outra inovação ocorreu no §1º, inciso IV. A Lei 13.836/2019 estabeleceu que uma das 
providências do Delegado de Polícia é informar à autoridade judicial caso a mulher vítima da violência 
seja pessoa com deficiência.	
  
	
  
! Por questões didáticas, analisaremos o art. 12-C juntamente 
com o estudo acerca das medidas protetivas de urgência, no 
tópico abaixo 
 
12. MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA 
 
12.1. Considerações Iniciais: 
 
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no 
prazo de 48 (quarenta e oito) horas: 
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas 
de urgência; 
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência 
judiciária, quando for o caso; 
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência 
judiciária, quando for o caso, inclusive para o ajuizamento da ação de 
separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de 
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dissolução de união estável perante o juízo competente; (Redação 
dada pela Lei nº 13.894, de 2019) 
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis. 
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do 
agressor. (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019) 
 
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a 
requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. 
§ 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, 
independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério 
Público, devendo este ser prontamente comunicado. 
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou 
cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de 
maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados 
ou violados. 
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da 
ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já 
concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e 
de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. 
 
a) Conceito e Natureza jurídica 
 As medidas protetivas de urgência são medidas adotadas para proteger a mulher em situação de 
vulnerabilidade. Possuem natureza de medidas cautelares, razão pela qual se submetem, em regra, à 
clausula de reserva de jurisdição, devendo, portanto, apresentar os seguintes pressupostos: 
• Fumus comissi delicti; 
• Periculum libertatis. 
 
Obs.: Medidas cautelares situacionais: As medidas protetivas de urgência, por possuírem natureza 
cautelar, dependem da manutenção da situação fática de perigo que legitimaram a sua decretação. 
Assim, desaparecido o suporte fático legitimador da medida, deve o magistrado revogar a constrição. 
Nesse sentido, é possível dizer que a decisão que decreta a medida sujeita-se à clausula rebus sic 
stantibus, estando sempre sujeita à nova verificação de seu cabimento à luz do seu suporte fático 
legitimador. 
 
Explica o professor Renato Brasileiro (2020): 
“Assim, urna vez decretada qualquer das medidas protetivas de urgência , ou até mesmo a prisão 
preventiva do agressor, mudanças do estado de fato subjacente ao momento de sua decretação ou 
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mesmo o surgimento de novas provas que alterem o convencimento judicial sobre o fumus comissi 
delicti ou o periculum libertatis podem levar à necessidade de: 1) revogação da medida; 2) substituição 
da medida por outra , mais gravosa ou mais benéfica;3) reforço da medida, por acréscimo de outra em 
cumulação; 4) atenuação da medida, pela revogação de uma das medidas anteriormente imposta 
cumulativamente com outra.” 
 
b) Momento: 
 As medidas cautelares poderão ser requeridas e deferidas durante a investigação preliminar e 
também após a instauração do processo penal. 
 
c) Possibilidade de aplicação de mais de uma medida protetiva concomitantemente: 
 As medidas protetivas de urgência poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente. Ex: 
determinação para que o agressor se afaste do lar (inciso II do art. 22) e não se aproxime da vítima 
(inciso III do mesmo artigo). 
 Além disso, as medidas protetivas de urgência poderão ser aplicadas em conjunto com as 
medidas cautelares do CPP. Ex: determinação para que o agressor se afaste do lar (inciso II do art. 22 
da LMP) e que compareça periodicamente em juízo (inciso I do art. 319 do CPP). 
 
d) Novidades Legislativas: 
§ Inciso II - Encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária: 
⦁ Uma dessas medidas protetivas de urgência que a vítima poderá pedir é justamente a 
assistência judiciária (art. 18, II, da Lei nº 11.340/2006). 
⦁ A Lei nº 13.894/2019 alterou esse inciso II do art. 18 para deixar claro que essa 
assistência judiciária abrange o direito de ajuizar ações de separação judicial, de divórcio, 
de anulação de casamento ou de dissolução de união estável. 
 
§ Inciso IV – Apreensão imediata da arma de fogo em posse do agressor 
⦁ Lei nº 13.880/2019 inseriu o inciso IV ao artigo 18, estabelecendo que o juiz, ao receber 
os autos pela autoridade policial, constatando que o suposto agressor possui registro de 
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porte ou posse de arma de fogo, deverá determinar, como medida cautelar, a apreensão 
desta arma. 
 
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12.2. Legitimidade para conceder as medidas protetivas de urgência: 
 
 As medidas protetivas de urgência, em regra, são concedidas pela autoridade judicial (Juiz ou 
Desembargador), após requerimento do Ministério Público ou da ofendida – cujo o pedido é 
formulado perante a autoridade policial.	
  	
  
 Note, portanto, que as medidas protetivas de urgências não podem ser objeto de 
representação pela autoridade policial. Como vimos na análise do art. 12, §1º, o que o delegado de 
polícia pode fazer é apenas tomar a termo a declaração da ofendida pela concessão das medidas 
protetivas, ou seja, somente pode transcrever esse pedido e encaminhá-lo ao Poder Judiciário. 
 Ressalta-se que, até a edição da Lei nº 13.827/2019, a regra que exigia cláusula de reserva de 
jurisdição não possuía exceções. A referida Lei, no entanto, inovou e trouxe uma hipótese em que uma 
das medidas protetivas de urgência poderia ser concedida pelo Delegado de polícia, ou até mesmo pelo 
policial, em determinadas situações. 
 O art. 12-C, inserido pela Lei nº 13.827/2019, permite que a medida protetiva de 
AFASTAMENTO DO LAR seja concedida pelo Delegado de Polícia, se o Município não for sede 
de comarca ou até mesmo pelo policial, caso também não haja Delegado de Polícia no 
momento, devendo o juiz ser comunicado no prazo máximo de 24 horas. 
M Cuidado para não confundir com o prazo de 48 horas 
previsto no art. 12, III e art. 18! 
 
 
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou a ̀ 
integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou 
de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, 
domicílio ou local de convivência com a ofendida: 
I - Pela autoridade judicial; 
II - Pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de 
comarca; ou 
III - Pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não 
houver delegado disponível no momento da denúncia. (Incluído pela 
Lei nº 13.827, de 2019) 
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será 
comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em 
igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo 
dar ciência ao Ministério Público concomitantemente. (Incluído pela Lei 
nº 13.827, de 2019) 
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§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da 
medida protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao 
preso. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
 
Explicação via dizer o direito: 
 Verificada a existência de... 
∘ Risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência 
doméstica e familiar, 
∘ Ou de seus dependentes, 
∘ O agressor deverá ser imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência 
com a ofendida. 
 
 Quem determina esse afastamento? 
∘ 1º) em primeiro lugar, a autoridade judicial. 
∘ 2º) se o Município não for sede de comarca: o Delegado de Polícia poderá determinar 
essa medida. 
∘ 3º) se o Município não for sede de comarca e não houver Delegado disponível no 
momento: o próprio policial (civil ou militar) poderá ordenar o afastamento. 
 
 Se a medida for concedida por Delegado ou por policial (situações 2 e 3), o Juiz será 
comunicado no prazo máximo de 24 horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a 
revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente! 
Obs.: Há ADI pendente de julgamento sobre as inovações da lei 13.827 de 2019, com relação à 
hipótese de afastamento do lar por parte da autoridade policial, devemos ficar atentos quanto a seu 
julgamento, entretanto, em virtude de ausência de decisão cautelar, por conta da presunção de 
constitucionalidade das leis, ainda vigora o dispositivo. 
 
CONCLUSÃO: Em regra, as medidas protetivas de urgência somente podem ser concedidas 
pela autoridade judiciária, por se tratar de medida submetida à cláusula de reserva de 
jurisdição, após o requerimento do MP ou da ofendida. No entanto, em havendo risco à vida 
ou integridade física da ofendida ou de seus dependentes, poderá o Delegado de Polícia ou o 
RESUMO DEDICAÇÃO DELTA 
 
LEI MARIA DA PENHA 
 
GRATUITO 
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próprio policial determinarem o AFASTAMENTO IMEDIATO DO LAR, nas hipóteses 
previstas em lei! 
 
PEGADINHA DE PROVA: 
* REGRA: O delegado tem 48 horas para enviar a representação da vítima ao juiz (art. 12, III), e o 
juiz também possui 48 horas para tomar as devidas providências (art. 18, caput) 
* EXCEÇÃO: em relação à medida protetiva de afastamento do lar concedida pelo Delegado de 
Polícia ou pelo Policial, nas hipóteses previstas em lei, tal medida deve ser comunicadas ao juiz em 24 
horas, tendo este o mesmo prazo de 24 horas para decidir sobre ela. (Art. 12-C, §1º). 
 
As medidas protetivas podem ser concedidas de ofício pelo juiz? 
• 1ª C – NÃO! Em observância ao Sistema Acusatório, que inclusive foi reforçado com o 
advento do Pacote Anticrime, não pode o juiz, de ofício, decretar as medidas protetivas de 
urgência. Isso porque é vedado, ao magistrado, decretar qualquer medida cautelar de ofício, e 
como a medida protetiva de urgência tem natureza de medida cautelar, o juiz também não 
poderia aplicá-la sem prévio requerimento das partes. 
Ø Obs.: há quem defenda que, nas hipóteses de afastamento imediato do lar (art. 12-C, 
inc. I) ou decretação da prisão preventiva, o juiz poderia agir de ofício, tendo em 
vista que há autorização expressa na Lei nesse sentido, devendo-se invocar, para 
tanto, o princípio da especialidade. (Tema extremamente controverso que será 
anal isado adiante) 
 
• 2ª C – SIM! Apesar de o dispositivo não prever expressamente, seria possível que as 
medidas protetivas fossem concedidas pelo Juiz de ofício. Isso porque o juiz, ao conceder 
medidas protetivas de urgência de ofício, não estaria promovendo a persecução penal contra o 
acusado, mas

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