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A Ordem dos Advogados do Brasil Prof. Paulo Machado false Descrição Estudo da natureza, das finalidades, da estrutura organizacional, da legitimidade e das contribuições da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Propósito Conhecer a própria instituição da qual faz parte é imprescindível para o advogado não só para sua atuação como advogado em empresas privadas ou públicas ou em processos judiciais, mas também para o devido conhecimento do corpo interno (conselho e tribunal de ética) da entidade responsável pela defesa de sua classe. Preparação Para o estudo deste material, é imprescindível que você tenha em mãos a Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e da OAB), o Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB e o Código de ética e disciplina da OAB para que eles possam ser consultados com facilidade no decorrer de sua leitura. Objetivos Módulo 1 Finalidades da OAB Identificar a natureza jurídica e finalidades da OAB. Módulo 2 Estrutura organizacional da OAB Identificar a estrutura organizacional da OAB. Módulo 3 Competências dos órgãos da OAB Reconhecer os órgãos da OAB e suas competências. Em um primeiro momento, edificaremos os conhecimentos estruturais acerca da instituição OAB, nomeadamente de sua natureza jurídica e de seus fins precípuos, a fim de lhe propiciar a devida compreensão dos módulos seguintes: estrutura organizacional, órgãos e competências da Ordem. Também estudaremos os quatros órgãos que a constituem: Conselho Federal, conselhos seccionais, subseções e Caixa de Assistência dos Advogados. Em seguida, delinearemos o Conselho Federal da OAB e suas funções, bem como as atribuições dos conselhos seccionais e das subseções. Por fim, analisaremos a Caixa de Assistência dos Introdução 1 - Finalidades da OAB Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a natureza jurídica e �nalidades da OAB. Finalidades e natureza da OAB OAB: Finalidades e natureza Antes de iniciarmos nossos estudos, acompanhe o vídeo introdutório sobre a OAB. Advogados, cuja finalidade é prestar assistência aos advogados e aos estagiários vinculados ao respectivo conselho seccional. Finalidades da OAB O artigo 44 do Estatuto da Advocacia e da OAB aborda as finalidades institucionais e corporativas da Ordem. Finalidades institucionais São aquelas cumpridas pela OAB externamente, ou seja, a organização, como instituição, age com o objetivo de alterar ou preservar algo fora do seu corpo. As finalidades institucionais incluem: Defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, os direitos humanos e a justiça social. Pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas. Finalidades corporativas São aquelas que a OAB cumpre internamente para mudar ou manter algo dentro de si relativamente aos seus quadros de advogados e de estagiários. Seu objetivo é, com exclusividade, promover em toda a República Federativa do Brasil a: Representação Defesa Seleção Disciplina O artigo 11 do Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, por sua vez, determina que: [...] compete ao sindicato de advogados e, na sua falta, à federação ou confederação de advogados, a representação destes nas convenções coletivas celebradas com as entidades sindicais representativas dos empregadores, nos acordos coletivos celebrados com a empresa empregadora e nos dissídios coletivos perante a justiça do trabalho, aplicáveis às relações de trabalho. (ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, 1994, art. 11) Tal conteúdo, porém, poderia ir de encontro ao disposto no artigo 44, II, do Estatuto da Advocacia e da OAB (EAOAB): “promover, com exclusividade, a representação”). Se há exclusividade da OAB, por que o Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB diz que ela compete ao sindicato? Esse regulamento estaria contrariando a Lei nº 8.906/94? A resposta é simples. Ela, na verdade, possui duas possiblidades: Interesse de toda a classe dos advogados Na violação de uma prerrogativa, por exemplo, a OAB, por meio de seus órgãos, representa os advogados judicial e extrajudicialmente. Direitos dos advogados empregados No caso da violação ao salário-mínimo do advogado empregado, por exemplo, essa representação fica a cargo do sindicato ou, na falta dele, da federação ou da confederação dos advogados. Origem e natureza jurídica da OAB A Ordem dos Advogados do Brasil foi criada em 1930 pelo Decreto nº 19.408, que, em seu artigo 17, determinou: “Fica criada a Ordem dos Advogados Brasileiros, órgão de disciplina e seleção de advogados, que se regerá pelos estatutos que forem votados pelo Instituto dos Advogados Brasileiros com a colaboração dos institutos dos estados e aprovados pelo governo”. No entanto, a OAB passou a ser devidamente estruturada com o advento da Lei nº 4.215, de 27 de abril de 1963. Esse é o primeiro estatuto da OAB, que, por sua vez, foi revogado pela Lei nº 8.906, de 4 de abril de 1994 (Estatuto da Advocacia e da OAB). Atenção! O uso da sigla OAB é privativo da Ordem dos Advogados do Brasil, como preceitua o art. 44, §2º do atual estatuto. Um tema sempre polêmico – e, por isso, bastante discutido na doutrina – e ainda não pacificado é a questão da natureza jurídica da OAB. É possível encontrar divergências sobre o assunto até mesmo entre os administrativistas mais renomados. Longe de querer esgotar o assunto ou até mesmo de se aprofundar no tema, é preciso frisar, entretanto, que esse não é o objetivo deste conteúdo. Apresentamos a seguir uma sinopse do assunto, ficando para outro momento mais debates a respeito. Em linhas gerais, é preciso destacar o seguinte aspecto: para que uma entidade seja considerada autarquia, ela, entre outros requisitos, deverá integrar a Administração Pública. Como preceitua a Lei nº 8.906/1994, no artigo 44, §1º, a OAB não mantém nenhum vínculo funcional ou hierárquico com qualquer órgão da Administração Pública. Em razão disso, há quem entenda que a Ordem seja uma autarquia em regime especial. Em que pese o respeitável entendimento supramencionado, nos somamos à corrente que entende ser a OAB uma entidade sui generis, uma vez que ela é uma entidade com características peculiares. Sui generis Único em seu gênero. A OAB, afinal, é diferente das demais entidades de classe. Não existe, no ordenamento jurídico, nenhuma entidade do tipo, principalmente pelo fato de ela não manter qualquer vínculo de natureza funcional ou hierárquica com os órgãos da Administração Pública. O STF se pronunciou acerca do assunto na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 3.026 por intermédio de seu relator, o então ministro Eros Grau: 2. não procede a alegação de que a oab sujeita-se aos ditames impostos à administração pública direta ou indireta. 3. a oab não é uma entidade da administração indireta da união. a ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. 4. a oab não está incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem referido com “autarquias especiais” para pretender-se afirmar equivocada independência das hoje chamadas “agências”. (BRASIL, 2006) Personalidade jurídica À exceção das subseções, todos os órgãos da OAB possuem uma personalidade jurídica própria. É o que se depreende da simples leitura dos parágrafos 1º ao 4º do artigo 45 do Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (EAOAB). As subseções são órgãos autônomos dos conselhos seccionais, funcionando como extensões e com a finalidade de descentralizar algumas atividades desses conselhos. Curiosamente, o artigo 44, caput, do EAOAB determina que a OAB também tem personalidade jurídica. Uma dúvida poderia surgir aqui: quem tem personalidade jurídica? A OAB ou alguns de seus órgãos? Vejamos o que Paulo Lôbo dispõe sobre tal assunto: Quando o art. 44 do Estatuto diz quea OAB é dotada de personalidade jurídica própria, remete necessariamente à especificação do art. 45. A OAB é a instituição (que não se confunde com pessoa jurídica), cuja personalidade jurídica revela-se nos “órgãos” que a compõem, designados no art. 45. Vê-se, pois, que a referência no caput do art. 44 à personalidade jurídica da OAB é uma metonímia. Não existe uma pessoa jurídica OAB, ao lado de outras pessoas jurídicas, mas uma instituição organizada em determinadas pessoas jurídicas, que são o Conselho Federal, os conselhos seccionais e as Caixas de Assistência. (LÔBO, 2009, p. 94) O Instituto dos Advogados Brasileiros Bem antes da criação da OAB e após a autorização para a criação dos primeiros cursos jurídicos no Brasil, em 11 de agosto de 1827, nas cidades de Olinda e São Paulo, na busca pela organização da advocacia, foi fundado o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), em 1843, com vistas à criação da OAB. O IAB prestou uma significante contribuição para a história do país. Exemplo No auxílio ao governo para a organização legislativa e judiciária, posicionando-se como órgão de estudos e debates de temas legislativos e jurisprudenciais. Ainda existente, o IAB não é a entidade de classe dos advogados, porém, ainda assim, presta, entre outros, o relevante serviço de fomentar a cultura jurídica. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 É uma finalidade da OAB Parabéns! A alternativa A está correta. Conforme dispõe o artigo 44 do Estatuto da Advocacia e da OAB, defender a Constituição, a ordem jurídica do estado democrático de direito, os direitos humanos e a justiça social, é considerado uma finalidade da OAB. Questão 2 Levando em consideração que a natureza jurídica da OAB é polêmica, marque a alternativa com o entendimento do STF sobre a Ordem. A defender a Constituição, a ordem jurídica do estado democrático de direito, os direitos humanos e a justiça social. B fazer o controle das decisões judiciais, assim como fiscalizar a rápida administração da justiça. C defender o presidente da República em crimes cometidos em razão de sua função. D promover, sem exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina em toda a República Federativa do Brasil. E atuar como órgão recursal dos Tribunais de Contas A Parabéns! A alternativa E está correta. Ao analisar a constitucionalidade desses dispositivos, o STF deixou consignado alguns importantes posicionamentos sobre o tema. O primeiro refere-se ao fato de que a OAB não se sujeita aos ditames impostos à Administração direta e à indireta. Segundo o referido julgado, a OAB não é uma entidade da administração indireta da União. A Ordem, na verdade, é uma entidade sui generis. Trata-se de um serviço público independente de categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. Dessa forma, a OAB, cujas características são a autonomia e a independência, não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional, pois ela não está voltada exclusivamente a finalidades corporativas e também institucionais. Autarquia em regime especial. B Entidade da Administração Pública indireta. C Entidade da Administração Pública direita. D Sindicato. E Entidade sui generis. 2 - Estrutura organizacional da OAB Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a estrutura organizacional da OAB. Estrutura organizacional da OAB Considerações iniciais sobre os órgãos da OAB A OAB é formada por quatro órgãos. O estudo deles está disciplinado tanto no EAOAB quanto no Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB: Conselho Federal Arts. 51-55, EAOAB; arts. 62-104, regulamento. Conselhos seccionais Arts. 56-59, EAOAB; arts. 105-114, regulamento. Subseções Arts. 60-61, EAOAB; arts. 115-120, regulamento. Caixa de Assistência dos Advogados Art. 62, EAOAB; arts. 121-127, regulamento. Nenhum órgão da OAB pode se manifestar sobre questões de ordem pessoal, exceto em caso de homenagem a quem tenha prestado relevantes serviços à sociedade e à advocacia. As salas e as dependências de seus órgãos não podem receber nomes de pessoas vivas ou inscrições estranhas às suas finalidades, respeitando-se as situações que já existiam na data da publicação do Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB (artigo 151, parágrafo único). Saiba mais A publicação do Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB se deu no Diário de Justiça de 16 de novembro de 1994. Regras gerais para as eleições e mandatos na OAB Eleições e mandatos na OAB Acompanhe agora as principais regras relativas às eleições e aos mandatos na OAB. Eis como funcionam as eleições na OAB: A OAB designa ao advogado o local onde deve votar. O candidato a membro da Ordem deve fazer prova dos seguintes requisitos: 1. Ser advogado regularmente inscrito no respectivo conselho seccional (com inscrição principal ou suplementar); 2. Estar em dia com as anuidades; Frequência As eleições na OAB são realizadas trienalmente: todos os seus mandatos têm a duração de três anos. As eleições dos membros de todos os órgãos se realizam na segunda quinzena do mês de novembro do último ano do mandato mediante cédula única e votação direta dos advogados regularmente inscritos. Obrigatoriedade O voto é obrigatório para todos os advogados, sob pena de multa equivalente a 20% do valor da anuidade, a não ser que sua ausência seja justificada por escrito. Já os estagiários não votam. Local O advogado com inscrição suplementar pode exercer sua opção de voto, comunicando ao conselho seccional no qual possui inscrição principal. Além disso, a votação em trânsito é vedada. Nesse caso, o advogado poderia, por exemplo, votar no local mais perto do seu escritório, da sua residência ou na comarca próximo a uma audiência. 3. Não ocupar cargos ou funções incompatíveis com a advocacia (art. 28, EAOAB) em caráter permanente ou temporário; 4. Não ocupar cargos ou funções dos quais possa ser exonerável ad nutum (mesmo que compatíveis com a advocacia); 5. Não ter sido condenado por qualquer infração disciplinar por decisão transitada em julgado, salvo se estiver reabilitado pela OAB; �. Exercer efetivamente a profissão há mais de 3 anos para ocupar cargos nos conselhos seccionais e nas subseções e de 5 anos para cargos no Conselho Federal e na Caixa de Assistência dos Advogados (não se conta o período de estagiário); 7. Não estar em débito com a prestação de contas ao Conselho Federal caso seja dirigente do conselho seccional. A chapa para o conselho seccional, por sua vez, é composta dos candidatos a: Diretoria Presidente, vice-presidente, secretário-geral, secretário-geral adjunto e tesoureiro. Conselho Composta pelos conselheiros seccionais da OAB. Delegação do Conselho Federal Diretoria da Caixa de Assistência dos Advogados A eleição é conjunta. Serão considerados eleitos os candidatos integrantes da chapa que obtiver a maioria dos votos válidos (art. 64, EAOAB). A chapa para a subseção é composta com os candidatos à sua diretoria e ao conselho da subseção, quando houver. Os mandatos na OAB têm início em 1º de janeiro do ano seguinte ao da eleição para os todos os órgãos da OAB, com exceção para o Conselho Federal (os conselheiros federais eleitos na chapa iniciam os seus mandatos no dia 1º de fevereiro do ano seguinte ao da eleição). A extinção do mandato ocorrerá automaticamente antes de seu término quando: 1. Ocorrer qualquer hipótese de cancelamento da inscrição ou de licença do advogado; 2. O titular sofrer condenação disciplinar na OAB; 3. O titular faltar, sem motivo justificado, a três reuniões ordinárias consecutivas de cada órgão deliberativo do conselho, da diretoria da subseção ou da caixa de assistência dos advogados, não podendo ser reconduzido no mesmo período de mandado. Nos casos da extinção de qualquer mandato na OAB resultantedas hipóteses supracitadas, caberá ao conselho seccional, no caso de não haver suplentes (art. 66, parágrafo único, EAOAB), escolher o substituto. Como já comentamos, a votação se dá de forma direta nos conselhos seccionais, sendo na modalidade indireta para a escolha da diretoria do Conselho Federal. Dispõe o art. 67 do EAOAB que: A Eleição da Diretoria do Conselho Federal, que tomará posse no dia 1º de fevereiro, obedecerá às seguintes regras: I – será admitido o registro, junto ao Conselho Federal, de candidaturas à presidência, desde 6 (seis) meses até 1 (um) mês antes da eleição; II – o requerimento de registro deverá vir acompanhado do apoio de, no mínimo, 6 (seis) Conselhos seccionais; III – até 1 (um) mês antes das eleições, deverá ser requerido o registro da chapa completa, sob pena de cancelamento da candidatura respectiva; IV – no dia 31 de janeiro do ano seguinte ao da eleição, o Conselheiro Federal elegerá, em reunião presidida pelo conselheiro mais antigo, por voto secreto e para mandato de 3 (três) anos, sua diretoria, que tomará posse no dia seguinte; V – será considerada eleita a chapa que obtiver maioria simples dos votos dos Conselheiros Federais, presente a metade mais 1 (um) de seus membros. (BRASIL, 1994, art. 67) À exceção do candidato à Presidente do Conselho Federal, os demais integrantes deverão ser conselheiros federais eleitos. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Adaptado de: FGV – XXXI Exame de Ordem - 2021) Os advogados Diego, Willian e Pablo, todos em situação regular perante a OAB, desejam candidatar-se ao cargo de conselheiro de um conselho seccional da OAB. Diego é advogado há dois anos e um dia, sendo sócio de uma sociedade simples de prestação de serviços de advocacia, e nunca foi condenado por infração disciplinar. Willian, por sua vez, exerce a advocacia há exatos quatro anos e constituiu sociedade unipessoal de advocacia por meio da qual advoga atualmente. Willian já foi condenado pela prática de infração disciplinar, tendo obtido reabilitação um ano e três meses após o cumprimento da sanção imposta. Já Pablo é advogado há cinco anos e um dia e nunca respondeu por prática de qualquer infração disciplinar. Atualmente, Pablo exerce certo cargo em comissão, exonerável ad nutum, cumprindo atividades exclusivas da advocacia. Considerando as informações acima e o disposto na Lei nº 8.906/94, assinale a afirmativa correta. Parabéns! A alternativa B está correta. O artigo 63, §2º, do EAOAB, com a redação dada pela Lei nº 13.875/2019, passou a determinar que o candidato a cargo na OAB deve: comprovar situação regular perante a Ordem; não ocupar cargo exonerável ad nutum; não ter sido condenado por infração disciplinar, salvo reabilitação; e exercer efetivamente a profissão há mais de 3 anos nas eleições para os cargos de conselheiro seccional e das subseções, quando houver, e há mais de 5 anos nas eleições para os demais cargos. A Apenas Diego e Willian cumprem os requisitos para serem eleitos para o cargo pretendido. B Apenas Willian cumpre os requisitos para ser eleito para o cargo pretendido. C Apenas Diego e Pablo cumprem os requisitos para serem eleitos para o cargo pretendido. D Apenas Pablo cumpre os requisitos para ser eleito para o cargo pretendido. E O tema não é tratado pela lei. Questão 2 (Adaptado de: FGV - XX Exame de Ordem – 2016) Charles é presidente de certo conselho seccional da OAB. Não obstante, no curso do mandato, Charles vê-se envolvido em dificuldades no seu casamento com Emma e decide renunciar ao mandato para dedicar-se às suas questões pessoais. Sobre o caso, assinale a afirmativa correta. Parabéns! A alternativa B está correta. De acordo com o artigo 66, parágrafo único, do EAOAB, ocorrendo os casos de extinção do mandato antes de seu tempo integral, caberá ao conselho seccional escolher o substituto caso não haja suplente. A O sucessor de Charles deverá ser eleito pelo Conselho Federal da OAB entre os membros do conselho seccional respectivo. B O sucessor de Charles deverá ser eleito pelo conselho seccional respectivo entre seus membros. C O sucessor de Charles deverá ser eleito pela subseção respectiva entre seus membros. D O sucessor de Charles deverá ser eleito por votação direta dos advogados regularmente inscritos perante o conselho seccional respectivo. E Não é possível a renúncia. 3 - Competências dos órgãos da OAB Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os órgãos da OAB e suas competências. Conselho Federal O Conselho Federal da OAB Acompanhe agora um breve comentário acerca do Conselho Federal da OAB, bem como sua composição e suas competências. Composição do Conselho Federal Órgão supremo da OAB, o Conselho Federal tem sua sede na capital do país (Brasília) e é composto pelos conselheiros federais, conforme o disposto no artigo 51 do EAOAB. São conselheiros federais: Os integrantes das delegações de cada unidade federativa. Os ex-presidentes do próprio Conselho Federal. Falemos agora sobre os integrantes das delegações de cada unidade federativa. Cada conselho seccional elege três advogados (conselheiros federais) para representá-los no Conselho Federal. Esses conselheiros são eleitos pelo voto direto dos advogados em eleições realizadas trienalmente nos conselhos seccionais por meio de chapas. As chapas contêm: Candidatos à diretoria do conselho seccional Presidente, vice-presidente, secretário-geral, secretário-geral adjunto e tesoureiro. Conselheiros seccionais Composta pelos conselheiros das seções. Diretoria da Caixa de Assistência dos Advogados Delegação de conselheiros federais Quando o presidente do Conselho Federal, que também é o presidente nacional da OAB, encerra o seu mandato, passando a ser ex-presidente, ele continua sendo conselheiro federal, só que na qualidade de membro honorário vitalício. Desse modo, existem 81 conselheiros federais provenientes das delegações (já que, no Brasil, há 27 unidades federativas, contando com o Distrito Federal) mais seus ex-presidentes. Votação no Conselho Federal Os votos no Conselho Federal são tomados por delegação. Cada uma delas tem direito a um voto. Se a delegação for composta por três conselheiros federais, o voto será tomado por maioria (3x0 ou 2x1). Caso haja a falta de um conselheiro e a ausência de um suplente, ela só poderá votar se os dois que estiverem presentes votarem no mesmo sentido. Caso contrário, ocorrerá um empate, e seu voto não será computado, isto é, será inválido. Os conselheiros federais integrantes das delegações não poderão exercer o direito de voto nas matérias de interesse específico da unidade federativa que representam, podendo, no entanto, opinar sobre o assunto, dispõe o artigo 68, §2º, do Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB. Exemplo Se estiver sendo decidido se o Conselho Federal deve ou não intervir no conselho seccional de São Paulo, os integrantes da delegação de São Paulo ficarão impedidos de votar. De acordo com artigo 51, §2º, do atual Estatuto da Advocacia, os ex- presidentes não têm mais direito a voto, como se permitia no passado, por ocasião da Lei nº 4.215/1963, tendo agora apenas direito de voz. Entretanto, o artigo 81 da Lei nº 8.906/94 determinou que essa restrição não se aplica a quem assumiu originariamente o cargo de presidente do Conselho Federal até a data da publicação dessa lei (5 de julho de 1994). Fica assegurado, assim, o pleno direito de voz e de voto em suas sessões. Nas palavras do artigo 77, §2º, do Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB: “Os ex-presidentes empossados antes de julho de 1994 têm direito de voto equivalente ao de uma delegação, em todas as matérias, exceto na eleição dos membros da diretoria do Conselho Federal”. O presidente do Conselho Federal tem apenas o voto de qualidade, isto é, o voto de minerva ou de desempate. Suas competências incluem: Exercera representação nacional e internacional da OAB. Convocar, presidir e representar, ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, o Conselho Federal. Promover a administração patrimonial. Dar execução às suas decisões. Diretoria do Conselho Federal Todos os órgãos da OAB possuem uma diretoria. A diretoria do Conselho Federal é composta por: Presidente Vice-presidente Secretário-geral Secretário-geral adjunto Tesoureiro Nas deliberações desse conselho, seus componentes votam como membros de suas delegações, exceto quanto ao presidente, pois somente lhe caberá o voto de desempate e o direito de embargar a decisão se ela não for unânime. Outras considerações Nas sessões do Conselho Federal, os presidentes dos conselhos seccionais têm lugar reservado junto à sua delegação e somente direito de voz, ou seja, não podem votar nas sessões do Conselho Federal. O presidente do IAB e os agraciados com a Medalha Rui Barbosa podem participar das sessões do conselho pleno do Conselho Federal, mas sofrem a mesma restrição. Apesar de o artigo 50 do Estatuto da Advocacia e da OAB, para o cumprimento de suas finalidades, possibilitar aos presidentes dos conselhos da Ordem e das subseções a requisição de cópias de peças de autos ou de outros documentos a qualquer tribunal, magistrado, cartório e órgãos da Administração Pública, o Supremo Tribunal Federal (STF), na ADI nº 1.127-8, deu interpretação a esse dispositivo. Sem redução do texto, essa interpretação promove o entendimento da palavra “requisitar” como dependente de motivação, compatibilização com as finalidades da lei e atendimento de custos, ficando ressalvados os documentos sigilosos. Competências do Conselho Federal da OAB O artigo 44 do Estatuto da Advocacia e da OAB define as finalidades institucionais e corporativas da Ordem. Dessa forma, é por meio de seus órgãos que elas serão efetivadas. As competências do Conselho Federal estão arroladas no artigo 54 do Estatuto de 1994: I. dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB; II. representar, em juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais dos advogados; III. velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização da advocacia; IV. representar, com exclusividade, os advogados brasileiros nos órgãos e eventos internacionais da advocacia; V. editar e alterar o Regulamento geral, o Código de ética e disciplina, e os provimentos que julgar necessários; VI. adotar medidas para assegurar o regular funcionamento dos conselhos seccionais; VII. intervir nos conselho seccionais, onde e quando constatar grave violação desta lei ou do Regulamento geral; VIII. cassar ou modificar, de ofício ou mediante representação, qualquer ato, de órgão ou autoridade da OAB, contrário à presente lei, ao Regulamento geral, ao Código de ética e disciplina e aos provimentos, ouvida a autoridade ou o órgão em causa; IX. julgar, em grau de recurso, as questões decididas pelos conselhos seccionais nos casos previstos neste Estatuto e no Regulamento geral; X. dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os respectivos símbolos privativos; XI. apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas de sua diretoria; XII. homologar ou mandar suprir relatório anual, o balanço e as contas dos conselhos seccionais; XIII. elaborar as listas constitucionalmente previstas, para o preenchimento dos cargos nos tribunais judiciários de âmbito nacional ou interestadual, com advogados que estejam em pleno exercício da profissão, vedada a inclusão de nome de membro do próprio Conselho ou de outro órgão da OAB; XIV. ajuizar Ação Direta de Inconstitucionalidade de normas legais e atos normativos, ação civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e demais ações cuja legitimação lhe seja outorgada por lei. Interesses coletivos Esta competência também se dá em cumprimento às finalidades da OAB (art. 44, II, EAOAB). Representar Pelo EAOAB, essa competência é do Conselho Federal. No entanto, o Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, no art. 80, parágrafo único, determina que os conselhos seccionais podem representar a OAB, em geral, ou os advogados brasileiros em eventos internacionais ou no exterior, quando autorizados pelo presidente Nacional da OAB, que é o presidente do Conselho Federal. Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB O Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB e o Código de ética e disciplina da OAB não são leis em sentido material. Trata-se de atos normativos criados pelo Conselho Federal da OAB. Se esse conselho pode criá-los, também pode alterá-los. Conselhos seccionais Sendo o Conselho Federal o órgão supremo da OAB, com “jurisdição” em todo o território nacional, compete a ele assegurar o regular funcionamento dos conselhos seccionais localizados nos estados-membros e no Distrito Federal. Julgar O Conselho Federal, órgão supremo da OAB, tem competência para julgar em última instância os recursos na Ordem. Elaborar as listas Será competência do Conselho Federal elaborar a lista sêxtupla quando a destinação for para os tribunais de abrangência nacional ou interestadual, ou seja, o Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal Superior do Trabalho ou os tribunais federais cuja competência territorial alcance mais de um estado. Sendo tribunal estadual, a competência passa a ser dos conselhos seccionais. A proibição para a inclusão de membros do próprio Conselho Federal ou de outro órgão da OAB é justa e ética, já que são os conselheiros que escolherão os seis indicados para o Tribunal Judiciário, evitando-se, assim, que possa haver qualquer privilégio ou tráfico de influência. O EAOAB entrou em vigor no ano de 1994, quando a Constituição Federal arrolava, no artigo 103, as pessoas legitimadas a propor a ADI e, no artigo 105, aquelas com legitimidade para a proposição da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC). No entanto, por conta da Emenda Constitucional nº 45/2004, que trouxe a reforma do Judiciário, passou a ser determinado no artigo 103 que as mesmas pessoas legitimadas à proposição da ADI também pudessem propor a ADC – e o Conselho Federal da OAB lá está. A Lei nº 9.882/1999, no artigo 2º, I, prevê que os legitimados para a ADI têm competência para propor Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), razão pela qual a OAB também pode propor a ADPF. XV - colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, e opinar, previamente, nos pedidos apresentados aos órgãos competentes para criação, reconhecimento ou credenciamento desses cursos; XVI - autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a oneração ou alienação de seus bens imóveis; XVII - participar de concursos públicos, nos casos previstos na Constituição e na lei, em todas as suas fases, quando tiverem abrangência nacional ou interestadual; XVIII - resolver os casos omissos neste estatuto. (BRASIL, 1994) Note que: No inciso XV, também em cumprimento às finalidades da OAB (art. 44, EAOAB), o Conselho Federal desempenha o relevante papel de opinar antecipadamente nos pedidos de criação, reconhecimento e credenciamento dos cursos jurídicos nos órgãos competentes. Em relação ao inciso XVI, atente-se para o quórum exigido: maioria absoluta. Já referente ao inciso XVII, é necessário saber que a OAB, por meio do Conselho Federal, terá de participar de forma efetiva nos concursos públicos de âmbito nacional ou interestadual quando houver previsão na Constituição Federal e nas leis, tal como nos concursos públicos para o ingresso na magistratura, no Ministério Público e na Advocacia Geral da União. Quando os concursos não tiverem abrangência nacional ou interestadual, a competência será dos conselhos seccionais (art. 58, X, EAOAB). Conselhos seccionais De acordo com o artigo 45, §2º, do Estatuto da Advocacia e da OAB, os conselhos seccionais têm “jurisdição” sobre os respectivos estados- membros do Distrito Federale dos territórios, embora se saiba que, no país, hoje em dia, não existem mais territórios. Os novos conselhos seccionais são criados mediante resolução do Conselho Federal. Composição e voto A composição desses conselhos é diferente da observada no Conselho Federal. Nos conselhos seccionais, ela é proporcional ao número de advogados inscritos (artigo 106 do Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB com nova redação dada pela Resolução nº 2, de 2009, do Conselho Federal). Desse modo, se houver menos de 3.000 advogados inscritos na seccional, poderá ter até 30 conselheiros seccionais, podendo ser acrescentado mais um conselheiro a cada grupo completo de 3.000 até atingir o número máximo de 80 conselheiros seccionais. Integram ainda os conselhos seccionais os seus ex-presidentes, na qualidade de membros honorários vitalícios, valendo para eles a mesma regra do artigo 81 do EAOAB quanto ao direito de voto. Continua com direito de voz e voto apenas quem tenha assumido originariamente o cargo de presidente até a publicação da Lei nº 8.906/1994. Os demais, de acordo com essa lei, têm apenas o direito de voz. O presidente do Instituto dos Advogados local é membro honorário do conselho seccional, tendo direito à voz em suas sessões. Diretoria do conselho seccional A diretoria do conselho seccional tem composição idêntica e atribuições equivalentes às do Conselho Federal: Presidente Vice-presidente Secretário-geral Secretário-geral adjunto Tesoureiro Nos termos do artigo 66 do Estatuto, o mandato será extinto automaticamente antes de seu término quando: I - ocorrer qualquer hipótese de cancelamento de inscrição ou de licenciamento do profissional; II - o titular sofrer condenação disciplinar; III - o titular faltar, sem motivo justificado, a três reuniões ordinárias consecutivas de cada órgão deliberativo do conselho ou da diretoria da subseção, ou da Caixa de Assistência dos Advogados, não podendo ser reconduzido no mesmo período de mandato. (BRASIL, 1994, art. 66) Competências do conselho seccional De acordo com o artigo 58 do Estatuto da Advocacia e da OAB, compete privativamente ao conselho seccional: I - editar seu regimento interno e resoluções; II - criar as subseções e a caixa de assistência dos advogados; III - julgar, em grau de recurso, as questões decididas por seu presidente, por sua diretoria, pelo tribunal de ética e disciplina, pelas diretorias das subseções e pela Caixa de Assistência dos Advogados. (BRASIL, 1994, art. 58) É interessante observar na passagem do inciso II que a criação das subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados é da competência exclusiva dos conselhos seccionais, não podendo ser criadas pelo Conselho Federal. O conselho seccional também funciona como tribunal de recursos. Digamos que, via de regra, os recursos em segunda instância na OAB são julgados por esse conselho. Na Ordem, algumas decisões são da competência do presidente; outras, da diretoria do conselho, das subseções ou da Caixa de Assistência dos Advogados. Já os processos disciplinares contra advogados e estagiários são, em regra, julgados pelo tribunal de ética e disciplina (TED). As decisões proferidas pelo presidente do conselho seccional, por aquelas diretorias ou pelo TED terão seus recursos encaminhados para o conselho seccional, não podendo ser remetidos diretamente para o Conselho Federal sob pena de supressão de instância, como você pode verificar a seguir: IV - fiscalizar a aplicação da receita, apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas de sua diretoria, das diretorias das subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados; V - fixar a tabela de honorários, válida para todo o território estadual; VI - realizar o Exame de Ordem; VII - decidir os pedidos de inscrição nos quadros de advogados e estagiários; VIII - manter cadastro de seus inscritos; (BRASIL, 1994, art. 58) Sobre trecho do artigo acima, valem as seguintes notas: 1. Artigo IV: Sendo da competência do conselho seccional a criação das subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados, será também de sua responsabilidade a fiscalização da aplicação da receita, da apreciação do relatório anual e da deliberação sobre as contas e os balanços desses órgãos. 2. Artigo V: Compete a cada conselho seccional determinar a tabela de honorários advocatícios, que terá validade para aquele estado- membro ou Distrito Federal. Não existe, portanto, uma tabela nacional. A tabela de honorários do Rio de Janeiro, por exemplo, é diferente da fixada pelo conselho seccional da Bahia. 3. Artigo VI: O art. 58, VI, do Estatuto determina que cabe a cada conselho seccional realizar o exame de ordem. Entretanto, na prática, por convênio entre os conselhos seccionais, a competência passou a ser do Conselho Federal. É incumbência dos conselhos seccionais atualizar, até o dia 31 de dezembro de cada ano, o cadastro dos advogados inscritos, organizando, desse modo, a lista correspondente. Esse cadastro contém: Nome completo de cada advogado com os respectivos números de inscrição (principal e suplementar). Endereços e telefones dos locais onde exercem sua profissão. Nome da sociedade de que fazem parte, se for o caso. Lista dos cancelamentos de inscrição. Lista das sociedades de advogados registradas nos conselhos seccionais, indicando ainda os nomes dos sócios e o número do registro na OAB. Cada conselho seccional fica responsável por estabelecer e receber: as contribuições, que são as anuidades, tanto dos advogados quanto dos estagiários; os preços de serviços, que são os valores fixados para emissão de carteira e inscrição no Exame da Ordem, entre outros exemplos; e as multas. Veja: IX - fixar, alterar e receber contribuições obrigatórias, preços de serviços e multas; X - participar da elaboração dos concursos públicos, em todas as suas fases, nos casos previstos na Constituição e nas leis, no âmbito do seu território. (BRASIL, 1994, art. 58) Será competência do conselho seccional participar de forma efetiva nos concursos públicos de âmbito estadual quando houver previsão na Constituição e em leis específicas. Exemplo Concursos públicos para o ingresso na magistratura, no Ministério Público e em outras carreiras jurídicas. Indicado pelo conselho seccional, o representante da OAB atuará em todas as fases do concurso desde a etapa da elaboração do edital, fiscalizando e intervindo quando houver suspeita de irregularidades. Quando os concursos tiverem abrangência nacional ou interestadual, a competência será do Conselho Federal (art. 54, XVII, EAOAB). Também vale saber que é competência exclusiva dos conselhos seccionais a determinação dos trajes dos advogados, não podendo nem mesmo os magistrados interferirem nessa regulamentação. Em relação à aprovação do orçamento do ano que se segue, fica por conta do conselho seccional da OAB aprovar e, se necessário, modificá- lo. Já quanto ao tribunal de ética e disciplina localizado em cada conselho seccional: será organizado por esse conselho, recrutando seus membros, que podem ou não ser conselheiros seccionais. Essas informações podem ser conferidas nos artigos XI, XII e XIII do art. 58, conforme demonstrado a seguir: XI - determinar, com exclusividade, critérios para o traje dos advogados no exercício profissional; XII - aprovar e modificar seu orçamento anual; XIII - definir a composição e o funcionamento do Tribunal de Ética e disciplina, e escolher os seus membros; XIV - eleger as listas, constitucionalmente previstas, para preenchimento dos cargos nos tribunais judiciários, no âmbito de sua competência e na forma do provimento do Conselho Federal, vedada a inclusão de membros do próprio Conselho e de qualquer órgão da OAB; (BRASIL, 1994, art. 58) Será competência do conselho seccional elaborar a lista sêxtupla quando a indicação for para tribunais de abrangência estadual. Se o tribunal tiver abrangência nacional ou interestadual, elaficará a cargo do Conselho Federal (art. 54, XIII, EAOAB). A proibição para a inclusão de membros do próprio conselho seccional ou de outro órgão da OAB é justa e ética, já que são os conselheiros que vão escolher os seis indicados para o respectivo tribunal judiciário, evitando-se, com isso, qualquer privilégio ou tráfico de influência. Vimos que compete ao conselho seccional criar as subseções e a Caixa de Assistência dos Advogados, podendo esse conselho, entretanto, intervir nelas. O quórum, nesse caso, é de 2/3. Por isso, não podemos confundir: compete ao Conselho Federal intervir nos conselhos seccionais, mas compete ao conselho seccional a intervenção nas subseções e na Caixa de Assistência dos Advogados. Além disso, o Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB tem função supletiva aos casos omissos no EAOAB. Observe a aplicação através dos incisos XV e XVI, respectivamente: XV - intervir nas subseções e na Caixa de Assistência dos Advogados; XVI - desempenhar outras atribuições previstas no Regulamento geral. (BRASIL, 1994, art. 58) Subseções Competências das subseções As subseções são partes autônomas dos conselhos seccionais, funcionando como extensões deles. Elas têm a função de descentralizar algumas atividades desses conselhos. Sua área territorial pode abranger um município, mais de um ou parte de um município, inclusive a capital do estado. Para que uma subseção seja criada pelo conselho seccional, é preciso haver pelo menos 15 advogados domiciliados profissionalmente na respectiva área de abrangência. Compete às subseções: 1. Dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB (art. 44 do EAOAB); 2. Velar pela dignidade, pela independência e pela valorização da advocacia, fazendo valer as prerrogativas da advocacia; 3. Representar a OAB perante os poderes constituídos; 4. Desempenhar as atribuições previstas no Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB ou por delegação de competência do conselho seccional. Caso haja mais de 100 advogados domiciliados profissionalmente na respectiva área da subseção, ela poderá contar com um conselho (conselho da subseção), cujo número de membros será fixado pelo conselho seccional, competindo-lhe agora exercer as mesmas funções do conselho seccional na forma do regimento interno dele. Além disso, o conselho da subseção pode: 1. Editar seu regimento interno a ser referendado pelo conselho seccional (e não pelo Conselho Federal); 2. Editar resoluções no âmbito de sua competência; 3. Instaurar e instruir processos disciplinares (o julgamento fica a cargo do TED, que se localiza em cada conselho seccional); 4. Receber pedido de inscrição nos quadros de advogados e estagiários da OAB, instruindo e emitindo parecer prévio, para decisão do conselho seccional (perceba que, quando é criado um conselho na subseção, suas atribuições são bastante ampliadas). Atenção! O artigo 60, §4º, do Estatuto da Advocacia e da OAB ressalta que os quantitativos acima referidos para a criação da subseção ou do conselho da subseção (15 e 100, respectivamente) podem ser aumentados, mas não diminuídos, na forma do regimento interno do conselho seccional. Diretoria da subseção A subseção é administrada por uma diretoria com composição e atribuições equivalentes às da diretoria do conselho seccional. A diretoria é composta pelo: Presidente Vice-presidente Secretário-geral Secretário-geral adjunto Tesoureiro Caixa de Assistência dos Advogados Características da Caixa de Assistência dos Advogados Como o próprio nome já diz, a Caixa de Assistência dos Advogados tem a finalidade de prestar assistência aos advogados e aos estagiários vinculados ao respectivo conselho seccional. Ela será criada pelo conselho seccional quando eles contarem com mais de 1.500 inscritos, adquirindo personalidade jurídica com a aprovação e o registro de seu estatuto, o que se faz no próprio conselho seccional. A assistência aos inscritos na OAB é definida no estatuto da Caixa e está condicionada à: Regularidade do pagamento da anuidade. Carência de um ano após o deferimento da inscrição. Disponibilidade de recursos da caixa de assistência. O artigo 123 do Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB ainda traz algumas informações a respeito da Caixa de Assistência dos Advogados. Veja: Dispensa da anuidade O artigo determina que em casos especiais, o estatuto da Caixa pode prever a dispensa dos requisitos de regularidade do pagamento da anuidade e de carência de um ano. A Caixa de Assistência, além disso, pode promover a seguridade complementar em benefício dos advogados na forma desse regulamento geral. Convênios de colaboração As caixas promovem entre si convênios de colaboração e execução de suas finalidades e mantêm a Coordenação Nacional das Caixas, que é composta por seus presidentes. Tal coordenação nacional é um órgão de assessoramento do Conselho Federal para a política nacional de assistência e seguridade dos advogados, tendo o seu coordenador, nas sessões, direito a voz nas matérias a elas pertinentes. A diretoria da Caixa é composta por cinco membros com atribuições definidas no seu regimento interno. Fontes de renda As fontes de renda da Caixa de Assistência dos Advogados são duas: Metade líquida das anuidades e Contribuições obrigatórias devidas pelos advogados e incidentes sobre os atos decorrentes do efetivo exercício da advocacia, que são fixadas pelo conselho seccional (art. 62, §3º, do EAOAB). Sobre a metade líquida das anuidades, faz-se necessário saber que: De acordo com o artigo 56 do Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB e após a nova redação dada pela Resolução nº 2, de 2007, do Conselho Federal, 60% delas são descontados do valor bruto mensal das anuidades. Tal percentual tem o seguinte destino: 45% Destinada às despesas administrativas e manutenção do conselho seccional. 2% Destinado ao Fundo de Integração e Desenvolvimento Assistencial dos Advogados (Fida). Incorporação do patrimônio Caso a Caixa seja extinta ou desativada, o seu patrimônio será incorporado ao do conselho seccional que a criou. Sendo da competência do conselho seccional criar a Caixa de Assistência dos Advogados, tal conselho poderá, mediante o voto de 2/3 de seus membros, intervir nela se houver descumprimento de suas finalidades, designando para tanto uma diretoria provisória enquanto durar a intervenção (art. 58, XV, do EAOAB). 3% Destinado ao Fundo cultural. 10% Destinado ao Conselho Federal. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Adaptado de: FGV – XVI - Exame de Ordem - 2015) Compete ao conselho seccional, após deliberação, ajuizar: Parabéns! A alternativa D está correta. A ADI em face de leis ou atos normativos federais. B queixa-crime contra quem tenha ofendido os inscritos na respectiva seccional. C mandado de segurança individual em favor dos advogados inscritos na respectiva seccional independentemente de vinculação com o exercício da profissão. D mandado de segurança coletivo em defesa de seus inscritos independentemente de autorização pessoal dos interessados. E mandado de segurança coletivo. As competências dos conselhos seccionais constam no artigo 58 do EAOAB, bem como no 105 do Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB. A alternativa A está errada, pois a competência para propor ADI em face de leis e atos normativos federais é o Conselho Federal. Na B, a queixa-crime somente pode ser ofertada pelo ofendido ou por seu representante legal. A questão C está incorreta, porque tem de ser por ato relativo à advocacia. Por fim, a D corresponde aos termos do artigo 105, V, c, do Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB. Questão 2 Assinale a alternativa que apresenta uma competência do Conselho Federal da OAB. Parabéns! A alternativa D está correta. Editar e alterar o Regulamento geral do Estatuto da Advocaciae da OAB, o Código de ética e disciplina da OAB e os provimentos que A Representar apenas em juízo os interesses coletivos dos advogados. B Representar a OAB perante os poderes constituídos. C Representar sem exclusividade os advogados brasileiros nos órgãos e nos eventos internacionais da advocacia. D Editar e alterar o Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, o Código de ética e disciplina da OAB e os provimentos que julgar necessários. E Intervir nas subseções e na Caixa de Assistência dos Advogados. julgar necessários, como frisa o artigo 54 do Estatuto da Advocacia e da OAB, são competências do Conselho Federal. Considerações �nais Como vimos neste conteúdo, a estrutura da OAB é de suma importância para o aluno não só para atuar dentro dos ditames dos regramentos exigidos pela Ordem, mas também pelo fato de ela oferecer diversas vagas no conselho, no tribunal de ética, nas procuradorias internas e nas comissões. Com isso, tais profissionais podem participar das mais importantes atividades de sua casa. Por fim, destacamos que a OAB se divide em quatro órgãos, apontando ainda as principais características e funções de cada um: Conselho Federal, conselhos seccionais, subseções e Caixa de Assistência dos Advogados. Podcast Para encerrar, ouça agora um resumo sobre as principais dúvidas acerca da OAB. Explore + Confira agora o que separamos especialmente para você! Sugerimos a leitura de dois livros: MACHADO, P. 10 em ética!. 8. ed. Salvador: Jus Podivm, 2021. MACEDO. G. T. Deontologia jurídica. 1. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2009. Referências BRASIL. Casa Civil. Decreto nº 19.408 de 18 de novembro de 1930. Reorganiza a Corte de Apelação, e dá outras providências. BRASIL. Casa Civil. Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994. (Vide ADIN 6278). Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade: ADI 3026 DF. Publicado em: 29 set. 2006. LÔBO, P. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. MACEDO JÚNIOR, M. A. S. de; COCCARO, C. Ética profissional e Estatuto da Advocacia – coleção OAB Nacional. São Paulo: Saraiva, 2009. ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. OAB. Código de ética e disciplina da OAB. Publicado em: 1. mar. 1995. ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Regulamento geral do Estatuto da Advocacia e da OAB. Dispõe sobre o regulamento geral previsto na Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994. Publicado em: 16 nov. 1994. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. 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