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Inscrição e registro na OAB Prof. Paulo Ricardo Nogueira Machado Descrição A inscrição do advogado, os tipos de inscrição, os requisitos, as incompatibilidades, os impedimentos e o licenciamento. Propósito O conhecimento das exigências legais sobre inscrição e sociedade de advogados faz com que o profissional inicie sua atividade dentro da ética. Conhecer os trâmites que envolvem a inscrição do advogado marca o início da advocacia, assim como o registro de uma sociedade de advogados marca o começo da história da pessoa jurídica. Preparação Para o estudo deste material, é imprescindível que você tenha em mãos a Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e da OAB, o Regulamento Geral do EAOAB e o Código de Ética e Disciplina), para que possam ser consultados com facilidade no decorrer do texto. Objetivos Módulo 1 Inscrição do advogado, incompatibilidades, impedimentos e licenciamento Analisar regras de inscrição, incompatibilidade, impedimentos e licenciamento do advogado. Módulo 2 Registro das sociedades de advogado Identificar os requisitos de registro das sociedades de advogado. O estudo do presente conteúdo é de suma importância tanto para o acadêmico de Direito quanto para quem já está inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. Vamos analisar os requisitos necessários à inscrição no quadro de estagiários e no de advogados, bem como os casos em que o profissional terá que cancelar sua inscrição ou pedir licença, e, ainda, aqueles cargos que darão ensejo ao seu impedimento ou à sua incompatibilidade. Introdução 1 - Inscrição do advogado, incompatibilidades, impedimentos e licenciamento Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar regras de inscrição, incompatibilidade, impedimentos e licenciamento do advogado. Quadros da OAB Requisitos para inscrição como advogado Principais aspectos Neste vídeo, o professor Paulo Machado discorre sobre os requisitos para a inscrição como advogado e seus principais aspectos. A OAB possui dois quadros de inscritos: o quadro de advogados e o quadro de estagiários. Neste primeiro momento, vamos conhecer os requisitos necessários para inscrição no quadro de advogados, que estão no art. 8º do Estatuto. Vejamos: Capacidade civil A capacidade civil aqui referida é a capacidade civil plena, que, nos termos da legislação civil, se adquire aos 18 anos completos (art. 5º do Código Civil). Essa capacidade civil pode ser comprovada com a apresentação da carteira de identidade. Para o preenchimento desse requisito, presume-se que a pessoa é civilmente capaz com a simples prova de sua maioridade. Comentário Em algumas situações, o menor pode ser emancipado, cessando sua incapacidade, mediante a colação de grau em curso de nível superior, nos termos do art. 5º, parágrafo único, IV, do Código Civil. Neste caso, o curso deve ser o de Direito e a comprovação se dará com o diploma. Diploma ou certidão de graduação em Direito obtida em instituição de ensino o�cialmente autorizada e credenciada O atual Estatuto possibilitou, na falta do diploma, a apresentação de certidão de graduação em Direito. Isso ocorre em razão de o diploma, em determinadas situações, demorar a ser expedido, o que impossibilita a inscrição daquele que já colou grau em Direito. Além desse requisito, expresso no inciso II do art. 8º do Estatuto, o art. 23 do Regulamento Geral condicionou o suprimento da falta do diploma à apresentação da certidão de graduação em Direito, desde que acompanhada da cópia autenticada do histórico escolar. Assim, deve o candidato apresentar o diploma ou, se não o tiver, a certidão de graduação em Direito mais o histórico escolar devidamente autenticado. Título de eleitor e quitação de serviço militar, se brasileiro Esse requisito permaneceu no atual Estatuto. Atente-se que a redação determina que, para inscrição como advogado, é necessário apresentar o título de eleitor e provar a quitação do serviço militar, se brasileiro. A contrario sensu – e por razões óbvias – se brasileiro for, somente deve ser apresentado o título de eleitor; se estrangeiro, nem título de eleitor, nem quitação do serviço militar. Sobre a inscrição de estrangeiros e brasileiros graduados em outro país comentaremos à frente. Aprovação no exame da Ordem Candidatos ao Exame da Ordem, em Brasília. Conforme expressamente dito pelo art. 8º, § 1º, do Estatuto, o exame da Ordem será regulamentado por provimento do Conselho Federal da OAB. O exame já foi regulamentado por vários provimentos: 81/96, 109/05 e 136/09. Atualmente, o exame da Ordem é regulamentado pelo Provimento 144/11. O exame da Ordem pode ser prestado por bacharéis em Direito, inclusive por aqueles que exercem atividades incompatíveis com a advocacia, a exemplo dos policiais, dos técnicos de atividade judiciária e dos prefeitos, ficando, entretanto, impossibilitados de exercer a atividade de advocacia enquanto estiverem incompatibilizados. Neste caso, a aprovação no exame na Ordem tem validade por prazo indeterminado, podendo se obter a inscrição no quadro de advogado após a desincompatibilização. Não exercer atividade incompatível com a advocacia A expressão “atividade incompatível” está relacionada à atividade profissional da pessoa. O art. 28 do EAOAB traz num rol taxativo (numerus clausus) as atividades incompatíveis. Uma pessoa que exerça atividade incompatível com a advocacia pode prestar o exame da Ordem, mas, caso venha a ser aprovada, não poderá se inscrever no quadro de advogados enquanto estiver incompatibilizada. Idoneidade moral O EAOAB não define o que vem a ser idoneidade moral. Alguns autores se referem à condição do indivíduo honesto, probo ou escrupuloso. Para Paulo Lôbo (2009), os parâmetros não são subjetivos, mas decorrem da aferição objetiva de standards ou topoi valorativos que se captam na comunidade profissional, no tempo e no espaço, e que contam com o máximo de consenso na consciência jurídica. topoi Termo latino que designa um método aristotélico de argumento. Como a idoneidade moral é um requisito para a inscrição na OAB, caso venha o advogado, futuramente, a ser considerado inidôneo moralmente, sofrerá a penalidade de exclusão dos quadros da OAB, somente podendo retornar após o deferimento do pedido de reabilitação (vide art. 41 e parágrafo único do Estatuto). A inidoneidade moral, antes ou depois da inscrição, pode ser suscitada por qualquer pessoa, sendo declarada mediante decisão que alcance, no mínimo, 2/3 (dois terços) dos votos de todos os membros do Conselho competente, em procedimento que siga os trâmites do processo disciplinar. Saiba mais A lei traz uma hipótese expressa de inidoneidade moral: prática de crime infamante, salvo se já tenha sido reabilitado judicialmente (vide arts. 93 a 95 do Código Penal). Prestar compromisso perante o Conselho Esse compromisso é o juramento que dever ser feito pelo requerente por ocasião do recebimento da carteira e do cartão de advogado. Trata-se de um requisito solene e personalíssimo, portanto, indelegável. Não se pode prestar o compromisso por procuração, devendo o requerente comparecer pessoalmente. Esse compromisso encontra-se no art. 20 do Regulamento Geral. Note que as finalidades da OAB e o compromisso ético são passados ao advogado neste momento: Prometo exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais e defender a constituição, a ordem jurídica do estado democrático, os direitos humanos, a justiça social, a boa aplicação das leis, a rápida administração da justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas. (REGULAMENTO GERAL DO ESTATUTO DA ADVOCACIA E DA OAB, 1994) Além dos requisitos arrolados no art. 8º do Estatuto, o art. 20, § 2º, do Regulamento Geral, trouxe mais uma exigência: não praticar conduta incompatível com a advocacia. Cabe, aqui, esclarecer a diferença entre atividade incompatível e conduta incompatível. Atividade incompatível Está relacionadaà atividade profissional (art. 28 do EAOAB) da pessoa: atividade policial, cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário, militares de qualquer natureza (na ativa) etc. Conduta incompatível Refere-se à vida pessoal (social) do indivíduo, como, por exemplo, a embriaguez e a toxicomania habituais, a prática reiterada de jogo de azar não autorizado por lei, a incontinência pública e escandalosa (art. 34, parágrafo único, do EAOAB). A respeito disso, entendemos que somente a lei (e a lei é a 8.906/94 ‒ Estatuto da Advocacia e da OAB) pode determinar os requisitos necessários ao exercício da advocacia, pois a Constituição, no art. 5º, XIII, ao tratar do princípio da liberdade de profissão, assim impôs: “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. Assim, no que pese a relevância e a obrigatoriedade do respeito ao Regulamento Geral por todos os advogados e membros da OAB, o RG não é lei, é ato normativo emanado pelo Conselho Federal da OAB. Comunga do mesmo posicionamento Geronimo Theml de Macedo: Tal acréscimo trazido pelo Regulamento Geral da OAB é ilegal, pois as normas regulamentadoras devem se ater aos limites das normas regulamentadas; no nosso caso, o Regulamento Geral deve se limitar ao que dispõe o Estatuto da Advocacia e da OAB. (MACEDO, 2009, p. 50) Requisitos para inscrição como estagiário O estágio profissional, com duração de dois anos, realizado nos últimos anos da faculdade de Direito, pode ser mantido pelas instituições de ensino superior, pelos Conselhos Seccionais da OAB ou, ainda, por setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia credenciados pela OAB. A inscrição do estagiário deve ser realizada no Conselho Seccional do estado onde se localiza o seu curso jurídico, e não naquele que tenha seu domicílio civil, na eventualidade de serem diferentes. Podem inscrever-se o aluno de Direito (a partir dos últimos dois anos do curso jurídico) ou o bacharel em Direito que assim desejarem e preencherem os requisitos mencionados no art. 9º do Estatuto. Exige o art. 9º que o requerente preencha alguns dos requisitos do art. 8º, também do EAOAB: Capacidade civil Idoneidade moral Prestar compromisso perante o Conselho Não exercer atividade incompatível com a advocacia Título de eleitor e quitação de serviço militar, se brasileiro Além desses requisitos, o candidato deve ter sido admitido em estágio profissional de advocacia. O acadêmico de Direito que exerce atividade incompatível com a advocacia (policial, técnico de atividade judiciária, militar das Forças Armadas, por exemplo) pode frequentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino para fins de aprendizagem, sendo proibida a inscrição na OAB (art. 9º, § 3º, EAOAB). Inscrição de estrangeiros ou brasileiros graduados fora do país Não vigora no atual Estatuto (Lei nº 8.906/94) o princípio da reciprocidade, no qual o estrangeiro somente poderá exercer a advocacia no Brasil se o brasileiro tiver igual tratamento no país de origem daquele. O art. 8º, § 2º, do EAOAB, determina que o estrangeiro ou o brasileiro, quando graduados em Direito fora do país, podem inscrever-se no quadro de advogados da OAB. Para isso, deve ser feita a prova do título de graduação em Direito, obtido pela instituição de ensino estrangeira, devidamente revalidado, bem como preencher os requisitos indicados nos incisos do art. 8º do Estatuto. De acordo com o Provimento nº 91/2000 do Conselho Federal da OAB, é possível que o advogado estrangeiro preste tais serviços no Brasil, desde que regularmente admitido em seu país a exercer a advocacia e após a autorização dada pelo Conselho Seccional da OAB do estado onde for exercer sua atividade profissional. Ressalte-se que tal autorização será concedida sempre em caráter precário e o exercício da advocacia se restringe, exclusivamente, à prática de consultoria em Direito do país de origem, sendo vedados, mesmo em conjunto com advogados ou sociedades de advogados nacionais, o exercício do procuratório judicial e a consultoria ou assessoria em direito brasileiro. Para tanto, deve se inscrever no quadro de advogados, depois de preencher as exigências do art. 8º, § 2º, do EAOAB. Saiba mais Existe uma exceção trazida pelo Provimento nº 129/2008: os advogados de nacionalidade portuguesa, desde que em situação regular junto à Ordem dos Advogados Portugueses, poderão se inscrever no quadro de advogados da OAB com dispensa dos requisitos de aprovação no exame da Ordem, de revalidação do diploma e da prestação de compromisso perante o Conselho (“juramento”). Inscrição Tipos de inscrição O Estatuto prevê três tipos de inscrição para advogados (principal, suplementar e por transferência) e um tipo para os estagiários (inscrição de estagiário). Inscrição principal Obtida a aprovação no Exame, e caso a pessoa não exerça atividade incompatível com a advocacia (art. 28 do EAOAB), a inscrição principal deve ser feita no Conselho Seccional em cujo estado pretende estabelecer seu domicílio profissional. O Estatuto da Advocacia e da OAB considera domicílio profissional a sede principal da atividade de advocacia, prevalecendo, na dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado (domicílio civil). Com a inscrição principal, o advogado pode exercer livremente (ilimitadamente) a profissão no Estado-membro (ou no Distrito Federal) respectivo e, eventualmente (limitadamente), em qualquer outro Estado do país. Passando a exercer a advocacia com habitualidade na área de outro Conselho Seccional, será obrigado a fazer outra inscrição (suplementar) naquele local. Inscrição suplementar A inscrição suplementar é outra inscrição que deve ser feita pelo advogado quando passa a exercer a advocacia habitualmente em outro estado, diverso daquele onde tem a inscrição principal. O art. 10, § 2º, do Estatuto da Advocacia considera habitualidade a intervenção judicial que exceder de cinco causas por ano. Nos casos de procurações conjuntas ou de substabelecimento recebido com reserva de poderes, somente serão computadas as causas em que o advogado, efetivamente, passar atuar, assinando petições, fazendo audiências etc. Outro aspecto relevante é acerca da expressão “intervenção judicial”, que consta no art. 10, § 2º, do Estatuto. Desse modo, não contam para fins de habitualidade as intervenções extrajudiciais. O art. 1º e seu § 2º, do Estatuto, determinam que são atos privativos de advogado a assessoria, consultoria e direção jurídicas, bem como o visto nos atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas para registro nos órgãos competentes. Exemplo Um advogado que tenha inscrição principal no Conselho Seccional do Rio de Janeiro pode elaborar mais de cinco ‒ e muito mais ‒ pareceres jurídicos na Bahia, sem a necessidade de fazer a inscrição suplementar. Também não se deve contar o acompanhamento de cartas precatórias em outro estado. A carta precatória é um ato processual de comunicação, não exigindo do advogado inscrição suplementar no Conselho Seccional, mesmo sendo superior a cinco. A respeito, já se manifestou o Conselho Federal da OAB na mesma consulta supracitada (processo nº 0136/1997, DJ 08.07.97): “A defesa em processos administrativos, em inquéritos policiais, o visto em contratos constitutivos de pessoas jurídicas, a impetração de habeas corpus e o simples cumprimento de cartas precatórias não constituem intervenção judicial para os efeitos do art. 10, § 2º”. Em relação aos recursos para tribunais localizados fora do Estado, Paulo Lôbo (2009, p. 110) afirma que “não se entende, evidentemente, no sentido de causa os recursos decorrentes e processados em tribunais localizados fora do território da sede principal”. E completa: “A instalação ou participação em escritórios de advocacia ou vínculo permanente a setor jurídico de empresa ou entidade pública fazempresumir a habitualidade da profissão, deixando de ser eventual”. Na primeira parte, é o caso dos recursos para o STJ, STF, TST, TSE, STM ou TRF, quando sediados fora do local de inscrição do advogado, não se exigindo outra inscrição. Inscrição por transferência A inscrição por transferência deve ser feita pelo advogado quando houver mudança efetiva de seu domicílio profissional para outra unidade federativa. Difere-se da inscrição suplementar, porque nesta o advogado permanece com a inscrição principal. Com a transferência da inscrição, a principal é cancelada. Por determinação do art. 10, § 4º, do Estatuto, o Conselho Seccional deve suspender o pedido de inscrição suplementar ou de transferência ao verificar a existência de vício ou ilegalidade na inscrição principal, representando contra ela ao Conselho Federal. Afastamento e saída do quadro da OAB Licença e cancelamento da inscrição A licença e o cancelamento, por razões óbvias, são institutos que ocorrem após a inscrição nos quadros da OAB. O Estatuto trata do assunto nos artigos 11 e 12. Licença A licença significa o afastamento do advogado do exercício profissional, quando ocorrer qualquer uma das hipóteses do art. 12 do Estatuto. Durante o prazo do licenciamento, caso o advogado pratique qualquer ato de advocacia, o ato será nulo (art. 4º e parágrafo único, EAOAB). Na licença, não será cobrada anuidade e o profissional não precisará votar (nem justificar porque não votou), caso haja eleição na OAB no período correspondente. Com a licença, o número de inscrição será mantido quando do seu retorno à atividade. Será licenciado o advogado que: Assim o requerer por motivo justificado De modo geral, os advogados preferem a licença ao cancelamento, porque o número continua o mesmo, sendo mais fácil e mais rápido o retorno. No cancelamento, deverá ser feito um novo requerimento, aguardar a confecção de nova carteira e o número de inscrição passa a ser outro, tendo, ainda, que prestar novo juramento. Para licenciar-se, o requerimento deve vir acompanhado de um motivo justificado, que será analisado pela OAB (viagem ao exterior para fazer um curso de extensão em Direito e doença grave, por exemplo). Caso não haja comprovação de justo motivo, a inscrição poderá ser cancelada por simples solicitação do advogado. As atividades incompatíveis estão arroladas no art. 28 do Estatuto, sendo algumas em caráter permanente e outras em caráter temporário. É temporária, por exemplo, a atividade de Chefe do Poder Executivo. Assim, o advogado que for eleito Presidente da República, Governador ou Prefeito ficará licenciado, estando, portanto, impossibilitado de exercer a advocacia durante o período do mandato. Não há no Estatuto um rol das doenças mentais que se enquadram nessa hipótese, devendo a expressão ser remetida à área médica. Para o nosso estudo, enquanto durar a enfermidade mental curável, o advogado ficará licenciado. Cancelamento O cancelamento, por sua vez, enseja a saída do advogado dos quadros da OAB. Em outras palavras, ele passa a não mais ser advogado. Caso o advogado faça um novo pedido de inscrição, deve fazer prova dos requisitos dos incisos I, V, VI e VII do art. 8º do Estatuto, que são, respectivamente: Passar a exercer atividade incompatível com a advocacia em caráter temporário Sofrer doença mental considerada curável I Capacidade civil. V Não exercer atividade incompatível com a advocacia. VI Idoneidade moral. VII Prestar compromisso perante o Conselho, não precisando prestar novo Exame da Ordem. O número antigo não será restaurado, ficando para dados históricos da OAB. A inscrição será cancelada se o advogado: À diferença do que ocorre no requerimento de licença, não há de ser apresentado um motivo justificado no pedido de cancelamento. A exclusão é a sanção disciplinar mais grave aplicada pela OAB. Com a exclusão, ocorrerá, automaticamente, o cancelamento da inscrição. Um novo pedido de inscrição deve vir acompanhado de provas de reabilitação (art. 41 e parágrafo único do EAOAB). Em caso de falecimento do advogado, o cancelamento será promovido ex officio pelo Conselho competente ou por meio de Assim o requerer Sofrer penalidade de exclusão Falecer comunicação por qualquer pessoa. As atividades incompatíveis encontram-se no art. 28 do EAOAB, sendo algumas delas em caráter permanente, outras em caráter temporário. São de natureza definitiva, por exemplo, as atividades de membro do Poder Judiciário e de membro do Ministério Público. Assim, o advogado que for aprovado em concurso público de provas e títulos para a magistratura deverá cancelar sua inscrição na OAB. Esclareça-se que, embora o juiz possa voltar ao exercício da advocacia após sua aposentadoria ou exoneração, respeitado o prazo de três anos para o juízo ou tribunal do qual se afastou (art. 95, parágrafo único, V, da Constituição Federal), a atividade aqui referida tem natureza permanente, ensejando o cancelamento, diferentemente dos mandados eletivos, dos cargos em comissão e dos cargos exoneráveis ad nutum. Tais requisitos são aqueles do art. 8º do Estatuto. Se o interessado precisa preenchê-los para fazer a inscrição, uma vez perdido qualquer deles, deverá a mesma ser cancelada. Impossibilidades de atuação Incompatibilidade e impedimento Essas nomenclaturas também são encontradas em diversos ramos do Direito, sendo que, em cada um deles, os conceitos e as consequências variam. Passar a exercer atividade incompatível com a advocacia em caráter definitivo Perder qualquer um dos requisitos necessários para a inscrição Direito Civil A tít l d l i t i di t Para a Deontologia Jurídica, impedimento e incompatibilidade significam outras coisas (art. 27 do EAOAB). Para o Estatuto da Advocacia e da OAB, impedimento é a proibição parcial do exercício da advocacia, ou seja, o advogado pode continuar exercendo a profissão, menos contra ou a favor de determinadas pessoas. No caso, são aquelas mencionadas no art. 30, I e II, que serão estudas a seguir. Somente para ilustrar, um agente administrativo da Prefeitura de Salvador pode advogar, exceto contra o município de Salvador. A incompatibilidade, por sua vez, gera a proibição total do exercício da advocacia, não podendo advogar em hipótese alguma, nem mesmo em causa própria. Essa proibição total pode ensejar: Cancelamento da inscrição Quando a atividade é incompatível em caráter definitivo: juiz, promotor de justiça, analista judiciário, delegado de polícia, entre outras. Apenas uma licença Quando a atividade incompatível tiver natureza temporária (art. 12, II, EAOAB), como nos casos do Prefeito, do Governador ou do Presidente da República (Chefes do Poder Executivo: art. 28, I, primeira parte, do EAOAB). A título de exemplo, existe o impedimento para o casamento entre irmãos. Direito Processual Civil e Direito Processual Penal O impedimento é regra de natureza objetiva em que um juiz, por exemplo, não pode atuar num processo em que tenha um parentesco muito próximo com o advogado ou com a parte, ou o advogado que não pode ingressar nos autos de um processo quando já existe aquela relação de parentesco. O motivo para a criação de impedimentos e de incompatibilidades é o de evitar que alguns advogados levem vantagens ou desvantagens em relação aos demais que não exerçam tais atividades, e até mesmo por implicações éticas, como no caso supracitado do funcionário vinculado ao município de Salvador se pudesse advogar contra quem o remunera. As vantagens podem ser em relação à captação de clientela, ao poder de influência nas decisões etc. Um exemplo de desvantagem seria a falta de independência dos militares das Forças Armadas, que, em virtude do regime próprio a que são subordinados, podem ficar presos no quartel, vindo a faltar uma audiência ou deixar de interpor um recurso tempestivamente. Resumindo São atividades incompatíveis aquelas que não poderão ser desenvolvidasconcomitantemente com a advocacia. Caso a pessoa já exerça uma atividade incompatível, não poderá se inscrever na OAB (mas pode prestar o Exame da Ordem, conforme visto), pois um dos requisitos mencionados no art. 8º do Estatuto para ser advogado é “não exercer atividade incompatível com a advocacia”. Por outro lado, quem já é advogado e depois passa a exercer qualquer atividade incompatível deverá licenciar-se da OAB ou cancelar sua inscrição. No impedimento, ele continua com sua inscrição, ficando apenas uma anotação em sua carteira profissional de que há restrições para a advocacia. Casos de incompatibilidade O art. 28 do Estatuto traz, em oito incisos, todos os casos de atividades incompatíveis. Porém, o legislador não definiu quais têm natureza temporária e quais têm caráter definitivo, devendo ser analisadas cada uma das situações em conjunto com a Constituição, leis ordinárias, leis complementares, leis orgânicas etc. Chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos legais Em razão deste primeiro inciso, não podem exercer a advocacia os Prefeitos, os Governadores, o Presidente da República e seus substitutos legais (Chefes do Poder Executivo). Também são incompatíveis os membros da Mesa do Poder Legislativo. I Observe que os membros do Poder Legislativo, conforme o art. 30, II, são impedidos (podem exercer a advocacia, menos contra ou a favor de determinadas pessoas), ao passo que os membros da Mesa não podem advogar em hipótese alguma. Para melhor entendimento do leitor, relembremos a composição do Poder Legislativo no Brasil. Na União, há o Congresso Nacional, que, por adotar o sistema do bicameralismo, é integrado pelo Senado Federal (que representa os Estados e o Distrito Federal) e a Câmara do Deputados (que representa o povo). Nos Estados, existem as Câmaras Legislativas; nos municípios, as Câmaras Municipais; e no Distrito Federal, a Câmara Distrital. Cada uma dessas Casas tem uma Mesa que a representa (Mesa Diretora), formada pelo Presidente, Vice-Presidente e Secretários, cuja numeração varia de acordo com cada Regimento Interno. Dessa forma, se o advogado for eleito Deputado Estadual, ele pode continuar exercendo a advocacia parcialmente, mas caso passe a ser Presidente da Assembleia Legislativa, deverá solicitar sua licença da OAB, por se tratar de atividade incompatível temporária. Aliás, todos os casos deste inciso têm caráter temporário, ensejando a licença. Membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da administração pública direta ou indireta Uma primeira observação em relação a este inciso é que “membro” se difere de “servidor”. São membros do Poder Judiciário: os magistrados, juízes substitutos, juízes de Direito, desembargadores e os Ministros dos Tribunais. São membros do Ministério Público os promotores de justiça, procuradores de justiça, procuradores da República, procuradores regionais da República. Outra ressalva é a extinção dos juízes classistas, que eram os juízes que representavam as classe dos empregados e dos empregadores nas antigas Juntas de Conciliação e Julgamento II (JCJ), ao lado dos juízes togados. Atualmente, temos as Varas do Trabalho, com juízes togados e sem juízes classistas. Em relação aos membros dos juizados especiais, não podemos deixar de mencionar o que dispõe o art. 7º, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95: “Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no desempenho de suas funções”. Parece-nos que, pelo fato de uma lei de mesma hierarquia (ordinária federal) ter tratado do mesmo assunto de modo diverso, é o que deve prevalecer na prática. Por fim, é mister salientar que o Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.127-8, no dia 17 de maio de 2008 (publicado no Diário Oficial da União em 26.05.2008) ratificou a liminar concedida e decidiu que não se incluem nessa regra os juízes eleitorais e seus suplentes. Ocupantes de cargos ou funções de direção em órgãos da Administração Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público O art. 28, § 2º, do Estatuto, traz duas exceções a este tipo de incompatibilidade: Não se incluem nessa hipótese os que não detenham poder de decisão relevante sobre interesses de terceiros, a juízo do Conselho competente da OAB, ou seja, a Ordem irá verificar se, na prática, há, ou não, poder de decisão relevante, para definir se haverá, ou não, a incompatibilidade. Também não se incluem no inciso III aqueles que desempenham a administração acadêmica diretamente relacionada ao magistério jurídico. III IV Ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro O legislador tratou dos membros do Poder Judiciário no inciso II, e dos servidores e de outros ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente ao Judiciário, neste inciso. Fazem parte desta incompatibilidade os técnicos de atividade judiciária, os analistas judiciários, os contadores judiciais, os assessores dos desembargadores e até mesmo aqueles ligados indiretamente a este Poder, bem como os psicólogos, seguranças e demais cargos auxiliares ligados ao Poder Judiciário. Encontram-se nessa situação incompatível os que exercem serviços notariais e de registro (tabeliães, notários, registradores e escreventes de cartório extrajudicial). Ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente à atividade policial de qualquer natureza Da mesma forma que no inciso anterior, o Estatuto fez menção a vínculo de natureza direta ou indireta, só que, aqui, é em relação à atividade policial. Como exemplo, podemos citar os próprios policiais: policiais federais (agentes, escrivães e delegados), policiais civis (investigadores, comissários, delegados), policiais militares, policiais rodoviários (estaduais e federais), dentre outros (art. 144 da CRFB). São também incompatíveis os integrantes do Corpo de Bombeiro Militar. O Órgão Especial do Conselho Federal da OAB decidiu que os guardas municipais se enquadram nessa hipótese de incompatibilidade (processo nº 252/99, DJ 19.10.99). O Provimento nº 62/1988, embora tenha disposto sobre a incompatibilidade que cuidava o inciso XII do art. 84 do antigo Estatuto (Lei nº 4.215/63), ainda nos serve, compreendendo-se entre os cargos incompatíveis os de perito criminal, papiloscopista e seus auxiliares (como o auxiliar de necropsia) e médico legista. V Paulo Luiz Netto Lôbo (2009, p. 170) entende que “em virtude da crescente terceirização, a vedação envolve igualmente os que prestam serviços às atividades policiais diretas ou indiretas, mesmo que empregados de empresas privadas”. Militares de qualquer natureza, na ativa São os militares das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), seja qual for a patente e desde que estejam na ativa. Ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação ou �scalização de tributos e contribuições para�scais É o caso dos fiscais e de outros servidores que tenham competência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos ou contribuições parafiscais. Exemplificando, temos os auditores fiscais, fiscais de receita previdenciária, fiscais de renda e fiscais do trabalho. Ocupantes de funções de direção e gerência em instituições �nanceiras, inclusive privadas A última hipótese de incompatibilidade trazida pelo Estatuto é a dos diretores e gerentes de instituições financeiras públicas ou privadas. Afastamento temporário da atividade incompatível VI VII VIII O § 1º do art. 28 do Estatutodetermina que a incompatibilidade permanece, mesmo que os ocupantes de cargos e funções incompatíveis deixem de exercê-los temporariamente. Desse modo, os juízes não poderão advogar enquanto estiverem de férias ou de licença da magistratura. Afastamento de�nitivo da atividade incompatível ‒ desincompatibilização Apesar de apenas o art. 28, VI, do EAOAB determinar que a incompatibilidade ocorre somente enquanto no exercício da atividade (“na ativa”), às demais hipóteses deve-se dar o mesmo entendimento. Assim, ex-policiais e ex-fiscais podem advogar. Uma ressalva há de ser feita no que diz respeito aos magistrados e aos membros do Ministério Público aposentados ou exonerados. É que a Emenda Constitucional nº 45/2004 acrescentou o inciso V ao art. 95, parágrafo único, e o § 6º ao art. 128. Assim, é vedado a eles o exercício da advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastaram, antes de decorridos três anos do afastamento de seus cargos por aposentadoria ou exoneração. Casos de impedimento I – Servidores da administração pública direta, indireta e fundacional São impedidos, ou seja, estão proibidos de exercer a advocacia parcialmente, os servidores da administração pública direta, indireta e fundacional. Neste caso, eles podem advogar, menos contra a Fazenda Pública que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora. Exemplo O funcionário da Prefeitura do Rio de Janeiro, que só não pode advogar contra o município do Rio de Janeiro; o agente administrativo do INSS, que não pode advogar contra a União, por se tratar de autarquia federal; os professores de escolas estaduais, que não podem litigar contra o Estado etc. Exceção para advogados que sejam docentes de cursos jurídicos A exceção legal é para os docentes dos cursos jurídicos (art. 30, parágrafo único), que, apesar de serem servidores públicos, podem advogar livremente. Embora a lei, neste inciso, nada mencione, Marco Antonio Silva de Macedo Junior e Celso Coccaro (2009, p. 40) discorrem que “docente da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (autarquia estadual) poderá advogar contra o Estado de São Paulo (“Fazenda que o remunera”), mas não deverá fazê-lo contra a própria Universidade, em decorrência de limitações éticas”. No entanto, Paulo Lôbo (2009, p. 178) entende que os docentes dos cursos jurídicos “não sofrem qualquer incompatibilidade ou impedimento para advogar. Esclarece, ainda, que “essa explicitação deve-se ao fato de que é importante, para a formação dos futuros advogados, o magistério de profissionais qualificados que doutra forma estariam impedidos de advogar, inclusive totalmente, se sua especialidade fosse o direito público”. Comentário Somamos a este entendimento, por se tratar de exceção legal, ousando apenas salientar outro motivo: se a Constituição possibilita aos magistrados e aos membros do Ministério Público o exercício de suas atividades cumulativamente com o magistério (art. 95, parágrafo único, e art. 128, § 5º, II, d, da Constituição), igual tratamento deve ser estendido aos advogados, mesmo em situação privada, sob o aspecto de que não podem ver prejudicada sua atuação no mercado por causa da docência em cursos jurídicos públicos. Assim como os juízes e promotores de justiça não sofrem descontos nos seus subsídios, não vemos motivo para o legislador vedar a advocacia integral para advogados. Deve haver um tratamento isonômico para os três agentes indispensáveis à administração da justiça. Embora se saiba que a Constituição se refira aos casos das exceções à acumulação de cargos públicos, externamos aqui o nosso posicionamento sobre o tema. Como a lei menciona apenas os docentes dos cursos jurídicos, os docentes de outros cursos (medicina, engenharia, letras, administração) ficam impedidos, nos termos do art. 30, inciso I, do Estatuto da Advocacia e da OAB. II – Membros do Poder Legislativo O impedimento deste inciso II é mais abrangente do que o anterior (inciso I). Aqui, o impedimento é maior, estendendo-se contra ou a favor de qualquer órgão da administração pública direta ou indireta, e não só contra quem ou remunera. É o caso dos membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis (senador, deputado federal, deputado estadual, deputado distrital e vereador), que podem advogar, menos contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público. Impedimentos especiais (ou impedimentos sui generis) Já foi dito que o Estatuto da Advocacia e da OAB determina que o impedimento é a proibição parcial do exercício da advocacia. No entanto, encontramos algumas hipóteses diferentes, nas quais a pessoa pode advogar, mas somente no âmbito do cargo público que ocupa ou menos no setor onde trabalha. Denominamos, aqui, “impedimento especial”. Essa denominação não é pela lei. Conforme disposto no art. 29 do Estatuto, os Procuradores Gerais, os Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da Administração Pública direta, indireta e fundacional, são, exclusivamente, legitimados para o exercício da advocacia vinculada à função que exerçam, durante o período da investidura. Alertamos sobre a possibilidade de outras leis trazerem outras hipóteses de “impedimentos especiais”, como é o caso dos Defensores Públicos que prestaram concurso anteriormente à Lei Complementar nº 80/94, podendo advogar particularmente. Os que foram aprovados em concursos posteriores só podem advogar no âmbito da Defensoria Pública. Atenção! Apesar de, em recente decisão, a 2ª Turma do STJ ter entendido que o Defensor Público está dispensado de ter inscrição nos quadros da OAB, o candidato deve ter todo cuidado ao realizar o Exame de Ordem, pois a pergunta da prova pode estar de acordo com as normas do EAOAB. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (XVIII Exame da Ordem dos Advogados ‒ 2016 ‒ FGV ‒ Adaptada) Fernanda, estudante do 8º período de Direito, requereu inscrição junto à Seccional da OAB do estado onde reside. A inscrição foi indeferida, em razão de Fernanda ser serventuária do Tribunal de Justiça do estado. Fernanda recorreu da decisão, alegando que preenche todos os requisitos exigidos em lei para a inscrição de estagiário e que o exercício de cargo incompatível com a advocacia não impede a inscrição do estudante de Direito como estagiário. Merece ser revista a decisão que indeferiu a inscrição de estagiário de Fernanda? Parabéns! A alternativa B está correta. Os artigos 8º e 9º do Estatuto da Advocacia e da OAB trazem os requisitos para a inscrição nos quadros da OAB. O exercício de atividade incompatível com a advocacia proíbe a inscrição tanto no quadro de advogados quanto no de estagiários. Dessa forma, a serventuária do tribunal não pode se inscrever no quadro de estagiários da OAB, pois exerce atividade incompatível com a advocacia, nos termos do art. 28, IV, da Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e da OAB). A Sim, pois Fernanda exerce cargo incompatível com a advocacia e não com a realização de estágio. B Não, pois as incompatibilidades previstas em lei para o exercício da advocacia também devem ser observadas quando do requerimento de inscrição de estagiário. C Sim, pois o cargo de serventuário do Tribunal de Justiça não é incompatível com a advocacia, menos ainda com a realização de estágio. D Não, pois apenas estudantes do último período do curso de Direito podem requerer inscrição como estagiários. E Sim, pois o estagiário não possui restrições. Questão 2 (XVII Exame da Ordem dos Advogados ‒ 2015 ‒ FGV) Deise é uma próspera advogada e passou a buscar novos desafios, sendo eleita Deputada Estadual. Por força de suas raras habilidades políticas, foi eleita integrante da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado Z. Ao ocupar esse honrosocargo, procurou conciliar sua atividade parlamentar com o exercício da advocacia, sendo seu escritório agora administrado pela filha. Nos termos do Estatuto da Advocacia, assinale a alternativa correta. Parabéns! A alternativa B está correta. Nos termos do art. 30, II, do EAOAB, os membros do Legislativo, em seus diferentes níveis, estão impedidos de advogar contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público. A A atividade parlamentar de Deise é incompatível com o exercício da advocacia. B A participação de Deise na Mesa Diretora a torna incompatível com o exercício da advocacia. C A função de Deise como integrante da Mesa Diretora do Parlamento Estadual é conciliável com o exercício da advocacia. D A atividade parlamentar de Deise na Mesa Diretora pode ser conciliada com o exercício da advocacia em prol dos necessitados. E Deise poderá advogar livremente em qualquer situação. Entretanto, quando passam a integrar a Mesa Diretora, passam a ser incompatíveis, nos termos do art. 28, I, do EAOAB, não podendo exercer advocacia nem mesmo em causa própria. 2 - Registro das sociedades de advogado Ao �m deste módulo, você será capaz de identi�car os requisitos de registro das sociedades de advogado. Sociedade de advogados Sociedade de advogados Neste vídeo, o professor Paulo Machado explica as sociedades de advogados, tratando de sua natureza e seus aspectos gerais. Natureza jurídica Quando um advogado começa a assumir uma quantidade maior de causas, surge a necessidade de se unir a outro ou a outros advogados, para, juntos, dividirem as tarefas (e, até mesmo, as despesas) e, ao final, ratearem os ganhos obtidos. Não raro, audiências são marcadas para o mesmo dia, em juízos, em comarcas, em estados diferentes. Para o auxílio recíproco, os advogados constituem uma sociedade de advogados. O tema está disciplinado nos arts. 15 ao 17 do Estatuto da Advocacia e da OAB (que foram alterados pela Lei 13.247/16), nos arts. 37 ao 43 do Regulamento Geral e no Provimento nº 112/06 do Conselho Federal da OAB. De acordo com o texto original do art. 15 do Estatuto da Advocacia e da OAB, os advogados poderiam se reunir em sociedade civil de prestação de serviços de advocacia. Por essa redação, poderíamos dizer que a natureza jurídica de uma sociedade de advogados é uma sociedade civil. Acontece que o EAOAB é uma lei de 1994 (Lei nº 8.906/94), quando ainda vigorava o Código Civil de 1916, que, por sua vez, classificava as sociedades em civis e mercantis. Com o advento do novo Código Civil (2002), a classificação passou a ser em sociedades simples e sociedades empresárias, razão pela qual, atualmente, sua natureza jurídica é de sociedade simples. Apenas com o advento da Lei 13.247/16 é que o mencionado art. 15 foi alterado, constando agora, que os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia. Acrescente-se que mais uma novidade veio com essa alteração da Lei 8.906/94. A partir de então, os advogados também podem constituir uma sociedade unipessoal de advocacia, como se percebe na redação destacada a seguir: Art.15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral. Personalidade jurídica Uma sociedade de advogados adquire personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB, em cuja base territorial tiver sede, seja esta uma sociedade simples ou uma sociedade unipessoal de advocacia, sendo proibido o registro nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais. Prevê o Estatuto que não são admitidas a registro, e nem podem funcionar, as sociedades simples de advogados ou sociedades unipessoais de advocacia que apresentem formas ou características mercantis, que adotem denominação fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam sócios não inscritos no quadro de advogados da OAB ou que estejam totalmente proibidos de advogar. Denominação No contrato social, que será registrado no Conselho Seccional da OAB, deve constar a denominação (razão social) da sociedade. No entanto, existem regras a serem seguidas para que o registro seja aprovado. Conforme dito, não se admite o uso do nome fantasia (por exemplo, “Justa Causa, advogados”. Tampouco se permite a utilização do nome de algum advogado renomado já falecido (“Escritório de Advocacia Rui Barbosa” ou “Evandro Lins e Silva, advogados associados”). Quando se tratar de uma sociedade simples de advocacia, a denominação adequada deve trazer o nome de, pelo menos, um advogado responsável pela sociedade, acompanhado de uma expressão que indique a finalidade do escritório. Exemplo Se três advogados – Pedro Meira Júnior, Flávia Vidal e Carlos Dias – resolvem constituir uma sociedade simples de advogados, poderão ser colocadas, entre outras, as seguintes denominações: “Meira e advogados”; “Flávia Vidal, advocacia”; “Escritório de Advocacia Carlos Dias”; “Escritório Jurídico Meira, Vidal e Dias”. Não importa se a expressão indicadora da finalidade vem antes ou depois do nome do advogado. O Regulamento Geral permite o uso do nome abreviado do advogado, o que não significa que serão utilizadas siglas com as iniciais de cada parte do seu nome completo. Por autorização do Provimento nº 112/06, pode ser utilizado o símbolo “&” na denominação da sociedade de advogados (Meira & Dias, Sociedade de Advogados – por exemplo). Quando vigorava o Código Civil de 1916, era possível constar a abreviatura “S.C.”, de sociedade civil no final da denominação (por exemplo: Escritório de Advocacia Pedro Meira S.C.), mas, pelo fato de o novo Código Civil não mais adotar esta classificação, hoje, não se pode utilizá-la. Advirta-se que sempre foi proibida, por motivo óbvio, a adoção das expressões “Ltda”, “Cia”, “S/A” e “ME”. Em caso de falecimento de um dos sócios, cujo nome é utilizado na denominação da sociedade simples de advogados, o Estatuto determina que a permanência do nome é condicionada à previsão no contrato social (art. 16, §1º, in fine). Quando houver licenciamento de um sócio para o exercício de atividade incompatível com a advocacia em caráter temporário, deverá tal fato ser averbado no registro da sociedade, não alterando sua constituição. Por outro turno, caso o advogado passe a exercer atividade incompatível em caráter definitivo, gerando o cancelamento da inscrição, será obrigatória a alteração contratual para que seja retirado o nome daquele sócio. Lembre-se de que a razão social deve ter o nome de pelo menos um advogado da sociedade. Neste caso, ele não será mais advogado em virtude do cancelamento da inscrição. Saiba mais Em relação à grande novidade trazida pela Lei 13.247/16, quando se tratar de sociedade unipessoal de advocacia, a sua denominação deve ser obrigatoriamente formada pelo nome do seu titular, completo ou parcial, com a expressão “Sociedade Individual de Advocacia”, como, por exemplo, “Flávia Vidal, sociedade individual de advocacia” ou “Flávia Vidal, sociedade individual de advocacia” (conforme art. 16, §4º, do EAOAB). Outros aspectos Outras considerações Os mandamentos do Código de Ética e Disciplina são aplicados às sociedades simples de advogados ou às sociedades unipessoais de advocacia, no que couber. A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da concentração por um advogado das quotas de uma sociedade de advogados, independentemente das razões que motivaram tal concentração. Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoalde advocacia, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho Seccional. Exemplo Se um advogado já é sócio de um escritório de advocacia no Estado do Rio de Janeiro, não poderá integrar, como sócio, nenhuma outra sociedade simples de advogados nem constituir uma sociedade unipessoal de advogados neste Estado. Poderá, todavia, ser sócio de outra sociedade de advogados (simples ou unipessoal) no Estado de Minas Gerais, por exemplo. Já na hipótese de constituição de filial em outro estado, o ato de constituição deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde se fixar, ficando os sócios obrigados à inscrição suplementar. Essa obrigação também é exigida para o titular da sociedade unipessoal de advocacia (art. 15, § 5º, do EAOAB). Os sócios de uma mesma sociedade simples de advogados não podem representar em juízo clientes com interesses opostos. As procurações passadas aos advogados devem ser outorgadas individualmente aos profissionais, mencionando a sociedade de que façam parte. As atividades de advocacia são exercidas pelos próprios advogados, ainda que os honorários se revertam à sociedade. No entanto, podem ser praticados pela sociedade, com o uso da razão social, os atos indispensáveis às suas finalidades, que não sejam privativos de advogado. A sociedade simples de advogados pode contemplar qualquer tipo de administração social, sendo permitida a existência de sócios gerentes, com indicação dos poderes atribuídos (art. 41 do Regulamento Geral). Por fim, no que diz respeito à responsabilidade civil, os advogados sócios, o titular da sociedade individual de advocacia e os advogados associados respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados diretamente ao cliente, por dolo ou culpa, por ação ou omissão, no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar e penal em que possam incorrer (art. 17 do EAOAB, com a redação dada pela Lei 13.247/16, combinado com o art. 40 do Regulamento Geral). Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (FGV - VI Exame de Ordem - Duque de Caxias, 2012) No concernente à Sociedade de Advogados, é correto afirmar, à luz do Estatuto e do Código de Ética e Disciplina da OAB, que Parabéns! A alternativa B está correta. Nos termos do art. 15, p. 2, da Lei 8906/94, o Código de Ética e Disciplina da OAB se aplica aos advogados, aos estagiários e às sociedades de advogados, no que couber. Questão 2 Levando em consideração o regramento das sociedades de advogado, é correto afirmar que A pode se organizar de forma mercantil, com registro na Junta Comercial. B está vinculada às regras de ética e disciplina dos advogados. C seus sócios estão imunes ao controle disciplinar da OAB. D seus componentes podem, isoladamente, representar clientes com interesses conflitantes. E a lei não permite o registo das sociedades de advogados junto à OAB, devendo ser feito na junta comercial. A a sociedade unipessoal não é admitida na advocacia. Parabéns! A alternativa E está correta. Trata-se de autorização disposta no art. 41 do Regulamento Geral da OAB. Considerações �nais Como vimos, o estudo dos requisitos para inscrição nos quadros da OAB, bem como do registro de uma sociedade de advogados, constitui fator importante para o início da “vida” na advocacia. Toda atenção aos deveres legais deve ser observada pelos profissionais, a fim de que não venham a ser processados pela OAB. B nenhum advogado pode integrar mais de duas sociedades de advogados na mesma área territorial do respectivo Conselho Seccional. C na hipótese de constituição de filial em outro estado, o ato de constituição deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde fica a matriz da sociedade. D os sócios de uma mesma sociedade simples de advogados podem representar em juízo clientes com interesses opostos. E a sociedade simples de advogados pode contemplar qualquer tipo de administração social, sendo permitida a existência de sócios gerentes, com indicação dos poderes atribuídos. Podcast Agora, o professor Paulo Machado trata dos requisitos para a inscrição na OAB, assim como das incompatibilidades e impedimentos à advocacia. Explore + Assista à série norte-americana Suits, para comparar o modelo de sociedade de advogados ao modelo aplicado no Brasil, tendo em vista nossa legislação da advocacia. Referências JÚNIOR, M. A. S. de M.; COCCARO, C. Ética Profissional e Estatuto da Advocacia. Coleção OAB Nacional. São Paulo: Saraiva, 2009. LÔBO, P. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 5. ed., São Paulo: Saraiva, 2009. MACEDO, G. T. Deontologia Jurídica. 1. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. MACHADO, P. 10 em Ética! 8. ed. Salvador: Jus Podivm, 2021. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()