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CÁLCULO DIFERENCIAL AULA 1 Prof. Guilherme Augusto Pianezzer 2 CONVERSA INICIAL Seja bem-vindo ao curso de Cálculo Diferencial! Ao longo dos conteúdos, nós iremos tratar dos dois operadores essenciais para compreendermos os principais conceitos do cálculo: o limite de funções e as derivadas. Nesse início, iremos tratar sobre os limites de funções com base em um exemplo prático e construiremos o conceito de uma forma intuitiva, antes de realizar a sua formalização. Claro que a formalização rigorosa é reservada às disciplinas de Análise Real das grades de Matemática, mas poderemos caminhar nessa direção. Nosso objetivo nesta aula é que você consiga diferenciar os conceitos de limite de funções e valor de função em um ponto. TEMA 1 – LIMITE DE FUNÇÕES: EXEMPLO INTUITIVO – COMO ENCONTRAR A VELOCIDADE INSTANTÂNEA DE UM TREM COM BASE NA FUNÇÃO POSIÇÃO? Suponha que exista uma função que descreva a posição de um trem à medida que o tempo passa: 𝑠 = 𝑓(𝑡). O que isso significa? Que existe uma relação (ou correspondência) entre tempo e posição de forma que, a qualquer tempo escolhido, podemos determinar a sua posição. Então, suponha que essa relação seja conhecida e dada por: 𝑠 = 4𝑡2, em que 𝑡 é medido em segundos e 𝑠, em metros. Suponha também que essa função seja válida no domínio entre 𝑡 = 0 e 𝑡 = 30𝑠. Note que, com essa restrição, não teremos resultados extravagantes, como uma posição absurdamente exagerada para um tempo grande. Por exemplo, que sabemos que em 𝑡 = 0𝑠, a posição do trem é 𝑠 = 0𝑚, ao passo que para 𝑡 = 1𝑠, a sua posição é 𝑠(1) = 4.12 = 4𝑚 e, para 𝑡 = 2𝑠, a sua posição é 𝑠(2) = 4.22 = 16𝑚 e assim por diante. Você pode perceber então como a lei geral de uma função é mais eficiente do que uma tabela, visto que não teríamos tabela suficiente para descrever todos os valores possíveis de 𝑠(𝑡). São infinitos os valores entre 𝑡 = 0 e 𝑡 = 30𝑠. Mesmo assim, apresentamos a 3 Tabela 1 com alguns valores de posição associados aos seus respectivos tempos. Tabela 1 – Alguns valores de posição associados aos seus respectivos tempos 𝒕 𝒔(𝒕) 𝟎𝒔 4.02 = 0𝑚 𝟏𝒔 4.12 = 4𝑚 𝟐𝒔 4.22 = 16𝑚 𝟑𝒔 4.32 = 36𝑚 𝟒𝒔 4.42 = 64𝑚 𝟓𝒔 4.52 = 100𝑚 𝟔𝒔 4.62 = 144𝑚 É claro que esse raciocínio é tema dos cursos de nível médio. O interessante é notar que, ao contrário de uma primeira intuição, as funções guardam outras informações que nem sempre estão escancaradas. No caso do trem, note que, do tempo 𝑡 = 0𝑠 até 𝑡 = 1𝑠 o trem se moveu 𝑠(1) − 𝑠(0) = 4 − 0 = 4𝑚, já do tempo 𝑡 = 1𝑠 até o tempo 𝑡 = 2𝑠 o trem se moveu 𝑠(2) − 𝑠(1) = 16 − 4 = 12𝑚. Assim, intuitivamente, podemos perceber que a velocidade do trem está aumentando. Isso pode ser reforçado ao se escolher outros intervalos de tempo, por exemplo, 𝑠(5) − 𝑠(4) = 100 − 64 = 36𝑚. Talvez você se lembre de alguns conceitos de física, por exemplo, de que a velocidade média representa uma razão entre a variação da posição (de um móvel, uma partícula, um objeto...) e a variação de tempo a ela associada. Assim, escrevemos que: velocidade média = variação da posição variação do tempo . Então, vejamos como calcular a velocidade média de alguns intervalos. Por exemplo, do intervalo entre 𝑡𝑖 = 2𝑠 e 𝑡 = 4𝑠, temos: 𝑣 = 𝑠(4) − 𝑠(2) 4 − 2 = 64 − 16 2 = 24 𝑚/𝑠. Do intervalo entre 𝑡𝑖 = 2𝑠 e 𝑡 = 5𝑠, temos: 𝑣 = 𝑠(5) − 𝑠(2) 5 − 2 = 100 − 16 2 = 42 𝑚/𝑠. Outros intervalos podem ser calculados, por exemplo: 4 𝑣 = 𝑠(3) − 𝑠(1) 3 − 1 = 36 − 4 2 = 16 𝑚/𝑠; 𝑣 = 𝑠(6)−𝑠(0) 6−0 = 144−0 6 = 24 𝑚/𝑠; 𝑣 = 𝑠(5)−𝑠(1) 5−1 = 100−4 4 = 24 𝑚 𝑠 ; 𝑣 = 𝑠(3)−𝑠(2) 3−2 = 36−16 1 = 20 𝑚/𝑠. Aqui, diferentes escolhas de intervalo nos geram resultados dispersos acerca da velocidade média. Pense um pouco sobre como isso realmente faz sentido. Entretanto, a questão aqui é que alguém poderia estar interessado em saber a velocidade exata com que o trem passou em um determinado instante, digamos, em 𝑡 = 2𝑠. Essa seria a velocidade que o motorista observa no velocímetro do trem e é conhecida, em física, como velocidade instantânea. Será que conseguiríamos refinar o conceito de velocidade média, para obtermos essa informação? Para chegar a uma conclusão acerca dessa investigação, veja o que ocorre com a velocidade média, 𝑣1, obtida do tempo 𝑡 = 2𝑠 ao tempo 𝑡 = 4𝑠 e o que ocorre com a velocidade média, 𝑣2, obtida do tempo 𝑡 = 2𝑠 ao tempo 𝑡 = 3𝑠, isto é: 𝑣1 = 24 𝑚/𝑠; 𝑣2 = 20 𝑚/𝑠. Note que ambas as informações não representam adequadamente o que ocorre exatamente em 𝑡 = 2𝑠, mas 𝑣2 está mais próxima do resultado real, visto que utiliza um intervalo de tempo menor que 𝑣1. Pensando dessa forma, podemos escolher um intervalo de tempo ainda menor, que melhore esse resultado. Por exemplo, podemos determinar 𝑣3 sendo a velocidade média do intervalo de 𝑡𝑖 = 2𝑠 a 𝑡 = 2,5𝑠. Assim, obtemos: 𝑣3 = 𝑠(2,5)−𝑠(2) 2,5−2 = 4.(2,5)2−4.22 0,5 = 18 𝑚/𝑠. Essa expressão também não representa adequadamente o que ocorre em 𝑡 = 2𝑠, mas parece produzir um resultado mais razoável. O que você deve perceber é que a taxa de variação média aproxima-se pior da taxa de variação instantânea quando utilizamos um intervalo maior. Isso pode ser verificado, ainda intuitivamente, quando substituímos outros intervalos. Antes disso, para facilitar e evitar cálculos excessivos, como todos os intervalos de análise estão iniciando em 𝑡 = 2𝑠, podemos utilizar a álgebra para escrever uma nova função para a velocidade média. Essa será dada por: 5 𝑣𝑚 = 𝑠(𝑡)−𝑠(2) 𝑡−2 = 4𝑡2−4.22 𝑡−2 = 4(𝑡2−4) (𝑡−2) . Veja que, ao substituir 𝑡 = 4𝑠, 𝑡 = 3𝑠 e 𝑡 = 2,5𝑠, obtemos, respectivamente, 𝑣1 = 24 𝑚/𝑠, 𝑣2 = 20 𝑚/𝑠 e 𝑣3 = 18 𝑚/𝑠. Mas, com o auxílio dessa expressão, podemos substituir outros valores e encontrar os dados apresentados na Tabela 2. Tabela 2 – Dados de velocidade média para diferentes 𝑡 finais considerando 𝑡𝑖 = 2𝑠 𝒕 𝒗(𝒕) 𝟒𝒔 24 𝑚/𝑠 𝟑𝒔 20 𝑚/𝑠 𝟐, 𝟓𝒔 18 𝑚/𝑠 𝟐, 𝟏𝒔 16,4 𝑚/𝑠 𝟐, 𝟎𝟏𝒔 16,04 𝑚/𝑠 𝟐, 𝟎𝟎𝟏𝒔 16,004 𝑚/𝑠 𝟐, 𝟎𝟎𝟎𝟏𝒔 16,0004 𝑚/𝑠 Note que a escolha de dados que fizemos já reflete um comportamento interessante acerca da melhor escolha de intervalo que representaria a velocidade instantânea. Essa seria aquela em que 𝑡 → 2, isto é, em que 𝑡 se aproximasse de 2. Veja que, intuitivamente, quando 𝑡 → 2, 𝑣𝑚 → 16. Por exemplo, entre 𝑡𝑖 = 2 e 𝑡 = 2,0001𝑠 temos 𝑣𝑚 = 16,0004 𝑚/𝑠 como velocidade média. Essa não é, exatamente, a velocidade com que o trem passou em 𝑡 = 2, entretanto parece ser uma aproximação melhor do que as outras. Então, dizemos que, à medida que 𝒕 se aproxima de 𝟐s, a velocidade média se aproxima de 𝟏𝟔 𝒎/𝒔. A essa estratégia que estamos realizando nomeamos de limite de função (no ponto) e a denotamos por: 𝑣 = lim 𝑡→2 4(𝑡2 − 4) 𝑡 − 2 = 16 no caso dessa função em específico. Como último detalhe desse exemplo, veja que não poderíamos escolher 𝑡 = 2𝑠, visto que estaríamos buscando a velocidade de 𝑡𝑖 = 2𝑠 e 𝑡 = 2𝑠, o que não geraria um intervalo de tempo e, consequentemente, tampouco uma variação de posição. Do ponto de vista da matemática, a função 6 4(𝑡2 − 4) (𝑡 − 2) possui como domínio 𝑡 ∈ ℝ tal que 𝑡 ≠ 2, indicando que uma inconsistência é gerada quando se tenta substituir 𝑡 = 2. TEMA 2 – LIMITE DE FUNÇÕES: VISUALIZAÇÃO GRÁFICA – O QUE ENCONTRAMOS AO PROCURAR PELO LIMITE DE UMA FUNÇÃO EM DETERMINADO PONTO? Ainda com o objetivo de tratar de forma intuitiva o conceito de limites de funções, vejamos o que ocorre com duas funções simples e o tipo de análise que estamos realizando. No primeiro caso, temos a seguinte função: 𝑓(𝑥) = { 𝑥 + 3, se 𝑥 ≠ 1 2, se x =1 . Veja que podemos traçar o gráfico, verificando que existe uma descontinuidade em 𝑥 = 1. Esse está apresentado no Gráfico 1. Gráfico 1 – Gráfico da função 𝑓(𝑥) desenvolvido com uso do software GeoGebra Nessa função, podemos observar que 𝑓(1) = 2, o que pode ser obtido diretamente da leitura da função. Entretanto, o que obteríamos se estivéssemos preocupados com analisar lim 𝑥→1 𝑓(𝑥)? Veja que, ao nos aproximarmos do ponto 𝑥 = 1 pela esquerda, isto é, ao escolhermos valores de 𝑥 menores que 1, convergindo para o 1, acabamos por encontrar que 𝑓(𝑥) está se aproximando de 4. De forma equivalente, ao nos aproximarmos do ponto 𝑥 = 1 pela direita, isto é, ao escolhermos valores de 𝑥 maiores que 1, convergindo para o 1, acabaremos por encontrar que 𝑓(𝑥) também está se aproximando de 4. Assim, afirmamos que: lim 𝑥→1 𝑓(𝑥) = 4. 7 Note que o limite de função apresenta o resultado que a função 𝑓(𝑥) deveria apresentar para 𝑥 = 1, caso acompanhasse a tendência que estava apresentando na vizinhança de 𝑥 = 1 (isto é, os valores próximos de 1). Aqui, você deve começar a perceber que, nem sempre, o limite da função tem a mesma informação que o valor da função no ponto. No segundo caso, considere a função 𝑔(𝑥) dada por: 𝑔(𝑥) = { −1, se 𝑥 < 0 1, se x ≥ 0 . Também traçamos o gráfico dessa função (Gráfico 2). Aqui, poderíamos estar interessados em investigar o que ocorre para lim 𝑥→0 𝑔(𝑥). Veja que, ao consultar a função, diretamente, observamos que 𝑔(0) = 1. Gráfico 2 – Função g(x) desenvolvida no software GeoGebra De forma intuitiva, podemos observar o comportamento da função para valores menores que 0, isto é, pela esquerda. Veja que, por se tratar de uma função constante, o resultado é sempre −1. Então, era de se esperar que, com 𝑥 = 0, o resultado fosse −1, de forma que expressamos essa tendência da seguinte forma: lim 𝑥→0− 𝑔(𝑥) = −1. De forma equivalente, podemos afirmar que: lim 𝑥→0+ 𝑔(𝑥) = 1. Esses são conhecidos como limites laterais. Por definição, e com o objetivo de não escolher uma direção preferencial para o cálculo do limite, dizemos que lim 𝑥→0 𝑔(𝑥) = ∄. 8 TEMA 3 – LIMITE DE FUNÇÕES: COMO OPERAR – O QUE FAZEMOS QUANDO, ALGEBRICAMENTE, ENCONTRAMOS O LIMITE DE UMA FUNÇÃO EM DETERMINADO PONTO? Essa análise gráfica nos permite inferir o resultado de alguns limites, mas não é uma técnica interessante para o estudo da maior parte das funções que iremos analisarmos. Afinal, no problema do trem, como concluiríamos que: 𝑣 = lim 𝑡→2 4(𝑡2−4) 𝑡−2 = 16? Matematicamente falando, não podemos utilizar as tabelas para criar uma aproximação para esse resultado, visto que nem sempre temos garantia de convergência (essa discussão pode ser enriquecida em estudos de análise real, mas fogem ao escopo desse curso). Então, vejamos uma estratégia eficiente que nos permite encontrar o valor de 16, nesse caso. Para isso, iremos realizar as seguintes operações: 𝑣 = lim 𝑡→2 4(𝑡2−4) 𝑡−2 =(𝐼) lim 𝑡→2 4(𝑡+2)(𝑡−2) 𝑡−2 =(𝐼𝐼) lim 𝑡→2 4(𝑡 + 2) =(𝐼𝐼𝐼) 16. Veja que marcamos os três sinais de igualdade dessa operação ((𝐼), (𝐼𝐼) e (𝐼𝐼𝐼)) para podermos discutir o que está ocorrendo. Inicialmente, em (𝐼) é realizada uma fatoração. Como temos um produto notável (da soma pela diferença), podemos escrevê-lo de forma a simplificar a expressão. Daí, você precisa perceber que 4(𝑡2−4) 𝑡−2 = 4(𝑡+2)(𝑡−2) 𝑡−2 . E precisa notar que isso é verdade porque, a qualquer valor de 𝒕 substituído em ambas as expressões, obtemos o mesmo resultado. E também que o domínio dessas duas expressões é o mesmo, isto é, 𝐷 = {𝑡 ∈ ℝ, 𝑡 ≠ 2}. Ou seja, ambas fornecem a mesma informação por se tratar da mesma coisa, mas escrita de formas distintas. Por isso, aqui sustentamos o sinal de igualdade, além da igualdade =(1). O ponto principal é analisar o que está ocorrendo na igualdade =(2). Afinal, ao simplificarmos 𝑡 − 2 no denominador e no numerador, verificamos que: 4(𝑡+2)(𝑡−2) 𝑡−2 ≠ 4. (𝑡 + 2), isso porque existe pelo menos um valor de 𝑡, isto é, 𝑡 = 2, em que a primeira expressão não retorna nenhuma solução, ao passo que a segunda retorna 16. Inclusive, 𝑡 = 2 faz parte do domínio da segunda expressão. Note que, com 9 exceção de 𝑡 = 2, todos os outros valores substituídos oferecem as mesmas respostas. Mas, afinal, sabendo que as funções são diferentes em todos os pontos, com exceção de 𝑡 = 2, por que podemos sustentar a igualdade =(2)? Para uma análise rigorosa disso, vejamos os gráficos das duas funções (Gráficos 3-4). No Gráfico 3, observamos a primeira função, já no Gráfico 4, a segunda função. Note que a diferença entre as duas funções está exatamente em 𝑡 = 2. Enquanto a segunda é definida por 𝑡 = 2, a primeira apresenta uma descontinuidade nesse ponto. Figura 3 – Função 4(𝑡+2)(𝑡−2) 𝑡−2 Gráfico 4 – Função 4(𝑡 + 2) As funções dos Gráficos 3 e 4, evidentemente, não são iguais. Entretanto, podemos sustentar a igualdade =(2) porque, por mais que as funções não sejam iguais, as suas vizinhanças o são. E, como discutido no início, a análise do limite da função em um ponto é a análise do que está acontecendo quando 𝑡 → 2. Por fim, o último sinal de igualdade, =(3), é sustentado porque 4(𝑡 + 2) é considerada uma função contínua, isto é, o limite da função é igual ao valor da função no ponto, de forma que, para encontrarmos lim 𝑡→2 4(𝑡 + 2), basta substituirmos 𝑡 na expressão, obtendo 4(2 + 2) = 16. 10 TEMA 4 – LIMITE DE FUNÇÕES: TÉCNICA DE BRIOT-RUFFINI – COMO GENERALIZAR A FORMA ALGÉBRICA DE RESOLVER ALGUNS LIMITES DE FUNÇÕES? Para obtermos o limite de algumas funções, existem algumas técnicas. A primeira técnica que estudaremos é a de remover indeterminação com base na fatoração pelo método de Briot-Ruffini. Suponha que desejemos encontrar lim 𝑥→−2 𝑥2−𝑥−6 𝑥2+𝑥−2 . Nesse caso, perceba que, ao substituir 𝑡 = −2, o resultado nos aponta 0/0, o que consideramos uma indeterminação, isto é, estamos tentando substituir algo que não existe na função. Entretanto, mesmo não tendo informações em 𝑥 = −2, pode existir um comportamento específico para a função quando 𝑥 → −2. Para encontrarmos isso, devemos fatorar o polinômio do numerador e do denominador. Note que −2 é raiz de ambos os polinômios (por isso que retorna 0 como resposta), de forma que podemos utilizar a técnica de Briot-Ruffini para encontrar a sua forma parcialmente fatorada. Vale ressaltar que não precisamos encontrar a forma completamente fatorada, visto que nosso objetivo só é remover a indeterminação. Então, trabalhemos inicialmente com o polinômio 𝑥2 − 𝑥 − 6. Assim, podemos fatorá-lo e obter 𝑥2 − 𝑥 − 6 = (𝑥 + 2). (𝑥 − 3). Enquanto isso, podemos escrever 𝑥2 + 𝑥 − 2 = (𝑥 + 2). (𝑥 − 1). Nas aulas gravadas e nas aulas práticas, exploramos com você essa técnica com cuidado. Assim, veja que: lim 𝑥→−2 𝑥2−𝑥−6 𝑥2+𝑥−2 = lim 𝑥→−2 (𝑥+2)(𝑥−3) (𝑥+2)(𝑥−1) = lim 𝑥→−2 𝑥−3 𝑥−1 = 5 3 . De forma equivalente, podemos encontrar lim 𝑥→1 2𝑥3+𝑥2−4𝑥+1 𝑥3−3𝑥2+5𝑥−3 . Ao substituirmos 𝑥 = 1, encontramos 0/0. Então, para remover a indeterminação, fatoramos, parcialmente, ambos os polinômios, verificando que 2𝑥3 + 𝑥2 − 4𝑥 + 1 = (𝑥 − 1)(2𝑥2 + 3𝑥 − 1) e 𝑥3 − 3𝑥2 + 5𝑥 − 3 = (𝑥 − 1)(𝑥2 − 2𝑥 + 3). Assim, lim 𝑥→1 2𝑥3+𝑥2−4𝑥+1 𝑥3−3𝑥2+5𝑥−3 = lim 𝑥→1 (𝑥−1)(2𝑥2+3𝑥−1) (𝑥−1)(𝑥2−2𝑥+3) = lim 𝑥→1 2𝑥2+3𝑥−1 𝑥2−2𝑥+3 = 2. 11 TEMA 5 – LIMITE DE FUNÇÕES: TÉCNICA DE MULTIPLICAÇÃO PELO CONJUGADO – COMO EXPLORÁ-LA PARA A RESOLUÇÃO DE OUTROS LIMITES INDETERMINADOS? Nem todos os limites são calculados com uso da técnica de Briot-Ruffini. Uma outra técnica comum é a multiplicação pelo conjugado. Vejamos como isso funciona para calcular lim 𝑥→0 √1+𝑥−1 𝑥 .Nesse caso, também temos uma indeterminação do tipo 0/0, visto que 𝑥 = 0 não pertence ao domínio da função. Também não conseguimos aplicar Briot-Ruffini facilmente. Assim, multiplicamos pelo conjugado, no caso, √1 + 𝑥 − 1, que é o termo obtido trocando-se o sinal da expressão, isto é, √1 + 𝑥 + 1. Veja também que não podemos alterar o resultado da expressão, mas, ao multiplicarmos o limite dado por 1, não o alteramos. Então, escrevemos e aplicamos o produto notável da soma pela diferença: lim 𝑥→0 √1+𝑥−1 𝑥 . 𝟏 = lim 𝑥→0 (√1+𝑥−1) 𝑥 . (√1+𝑥+1) (√1+𝑥+1) = lim 𝑥→0 (1+𝑥)−1 𝑥(√1+𝑥+1) = lim 𝑥→0 𝑥 𝑥(√1+𝑥+1) = lim 𝑥→0 1 √1+𝑥+1 = 1 2 . NA PRÁTICA Calcule os seguintes limites: a. lim 𝑥→1 ( 𝑥3−1 5𝑥−5 ) b. lim 𝑥→−2 ( 8+𝑥3 4−𝑥2) c. lim 𝑥→2 ( 𝑥4−16 8−𝑥³ ) d. lim 𝑥→1 ( 𝑥3−1 𝑥2−1 ) e. lim ℎ→0 ( (2+ℎ)3−8 ℎ ) f. lim 𝑎→1 ( 𝑎3−1 𝑎−1 ) g. lim 𝑎→0 ( (𝑥+𝑎)3−𝑥³ 𝑎 ) h. lim 𝑥→𝑝 ( 𝑥3−𝑝³ 𝑥²−𝑝² ) 12 i. lim 𝑥→−1 ( 𝑥3+1 𝑥²−1 ) j. lim 𝑥→ 1 2 ( 8𝑥3−1 2𝑥−1 ) k. lim 𝑥→1 ( 3𝑥³−4𝑥²+1 4𝑥4−3𝑥³−𝑥²−𝑥+1 ) l. lim 𝑥→−2 ( 𝑥3−3𝑥+2 𝑥²−4 ) m. lim 𝑥→3 ( 2𝑥3−6𝑥²+𝑥−3 𝑥−3 ) FINALIZANDO Nesta aula, fomos capazes de explorar os primeiros conceitos de cálculo diferencial definindo o limite de funções. Mais adiante, iremos verificar o que estamos investigando nas funções em que 𝑥 → ∞.