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Objetivos da Aula � De�nir concavidade do grá�co de uma função; � De�nir ponto de in�exão; � Apresentar e utilizar o Teste da Segunda Derivada. 1 Concavidade Considere um intervalo I e uma função f : I → R derivável cujo grá�co é dado abaixo. Figura 1: Grá�co de uma função f . Sejam p, x ∈ I tais que x 6= p, sendo representados no grá�co como mostra abaixo: Figura 2: Grá�co de uma função f . 1 Universidade Federal do Pará Cálculo I - 2023-4 Aula nº 18: Concavidade e Teste da Segunda Derivada. Cálculo I Aula nº 18 Agora, tracemos a reta tangente ao grá�co de f que passa pelo ponto (p, f(p)), como está ilustrado abaixo. Figura 3: Grá�co de uma função f . Como já foi observado em aulas anteriores, sabemos que a equação da referida reta tangente em (p, f(p)) é dada por y = f(p) + f ′(p)(x− p), que denotaremos por T (x) = f(p) + f ′(p)(x− p). Note que para x 6= p, temos que a reta tangente possui um valor menor que f(x) como é ilustrado a seguir . Figura 4: Grá�co de uma função f . Dessa forma, de�nimos que f tem concavidade para cima em um intervalo aberto I se f(x) > T (x) para quaisquer x, p ∈ I com x 6= p. 2 Cálculo I Aula nº 18 De forma análoga, dizemos que f possui concavidade para baixo em um intervalo aberto I se f(x) < T (x) para quaisquer x, p ∈ I com x 6= p. Agora, podemos observar que nem todas as funções possuem um tipo de concavidade em todo o seu domínio. Desse modo, de�nimos o que seriam os pontos de in�exão. De�nição 1. Sejam f uma função contínua em um intervalo I e p ∈ I. Dizemos que (p, f(p)) é ponto de in�exão de f se existirem números reais a e b com p ∈ (a, b) ⊂ I, tal que f tenha concavidade de nomes contrários em (a, p) e (p, b). Em outras palavras, (p, f(p)) é um ponto de in�exão se f é contínua em x = p e existir um intervalo aberto (a, b) ⊂ I com p ∈ (a, b) tal que f tem concavidade para cima em (a, p) e concavidade para baixo em (p, b) ou vice-versa. Vejamos alguns exemplos de pontos de in�exão. Figura 5: Ponto de In�exão de uma função f . Figura 6: Pontos de In�exão de uma função f . 3 Cálculo I Aula nº 18 O próximo resultado é de extrema importância para determinarmos com mais facilidade a concavidade de uma função e os possíveis pontos de in�exão. Teorema 1. Seja f uma função que admite derivada até 2ª ordem no intervalo aberto I. (i) Se f ′′(x) > 0 em I, então f terá concavidade para cima em I; (ii) Se f ′′(x) < 0 em I, então f terá concavidade para baixo em I. Vejamos alguns exemplos de aplicação desse teorema. Exemplo 1. Estude a função f(x) = x3 − 3x2 − 9x com relação à concavidade e pontos de in�exão. Solução: Pelo teorema anterior, basta estudar o sinal da função f ′′(x). Sendo assim, note que f(x) = x3 − 3x2 − 9x f ′(x) = 3x2 − 6x− 9 f ′′(x) = 6x− 6. Agora, note que f ′′ é uma função polinomial do primeiro grau que possui raiz em x = 1. Logo, notamos que f ′′(x) < 0 para x ∈ (−∞, 1) e f ′′(x) > 0 para x ∈ (1,+∞). Então pelo teorema 1, f tem concavidade para baixo em (−∞, 1) e concavidade para cima em (1,+∞). É comum representarmos essas informações através do seguinte diagrama: Utilizando o diagrama acima, vê-se facilmente que em p = 1 temos um ponto de in�exão de f . � Exemplo 2. Estude a função f(x) = x 1 + x2 com relação à concavidade e pontos de in�exão. Solução: Como �zemos anteriormente, devemos determinar primeiramente a função f ′′ e estudar o seu sinal. Dito isso, note que f ′(x) = [ x 1 + x2 ]′ = (x)′(1 + x2)− x(1 + x2)′ (1 + x2)2 = 1 + x2 − 2x2 (1 + x2)2 = 1− x2 (1 + x2)2 . Agora, observe que f ′′(x) = [ 1− x2 (1 + x2)2 ]′ = (1− x2)′(1 + x2)2 − (1− x2) [ (1 + x2)2 ]′ (1 + x2)4 = (−2x)(1 + x2)2 − (1− x2).4x.(1 + x2) (1 + x2)4 = −2x− 4x3 − 2x5 − 4x+ 4x5 (1 + x2)4 = 2x(x4 − 2x2 − 3) (1 + x2)4 . 4 Cálculo I Aula nº 18 Note que (1 + x2)4 > 0, para qualquer valor real atribuído a x. Dessa forma, para estudar o sinal da função f ′′, basta estudar o sinal da função 2x(x4 − 2x2 − 3). Sendo assim, vamos estudar o sinal do fator x4− 2x2− 3. Tomando y = x2, podemos reescrever o polinômio como sendo y2− 2y− 3 que possui raízes y1 = −1 e y2 = 3. Como y só admite valores positivos, temos que x1 = − √ 3 e x2 = √ 3. Dessa forma, a concavidade de f é dada por: Logo, f possui concavidade para baixo em (−∞,− √ 3)∪(0, √ 3) e concavidade para cima em (− √ 3, 0)∪ ( √ 3,+∞). Portanto, em p = − √ 3, p = 0 e √ 3 temos pontos de in�exão de f . � Observação 1. De posse desse resultado, podemos buscar os pontos de in�exão de f analisando os pontos em f ′′(x) = 0. Contudo, só veri�car as raízes de f ′′ não basta, devemos também analisar a concavidade da função em pontos próximos dessas raízes. O exemplo a seguir ilustra essa observação. Exemplo 3. Considere a função f(x) = x4. Determine seus pontos de in�exão, caso existam. Solução: Note que f ′(x) = 4x3 e que f ′′(x) = 12x2. Estudando o sinal de f ′′, temos que a concavidade de f é dada por: Dessa forma, (0, 0) não é um ponto de in�exão de f , pois a concavidade em pontos próximos de x = 0 não muda. Logo, f não possui pontos de in�exão. � Exemplo 4. Estude a função f(x) = sen x − cosx, x ∈ [0, 2π], com relação à concavidade e pontos de in�exão. Solução: Note que f ′(x) = cosx+ sen x e f ′′(x) = cosx− sen x. 5 Cálculo I Aula nº 18 Dessa forma, fazendo f ′′(x) = 0 para encontrar as raízes de f ′′, obtemos que cosx− sen x = 0 senx = cosx tg x = 1. Podemos notar que as raízes dessa última equação são x = π 4 e x = 5π 4 que são os candidatos a ponto de in�exão. Desse modo para estudar a concavidade de f , podemos determinar os pontos tais que f ′′(x) < 0, logo, cosx− sen x < 0 cosx < sen x tg x < 1. Para o domínio considerado, os pontos que satisfazem a desigualdade acima são π 4 < x < 5π 4 . Analogamente f ′′(x) > 0 se 0 < x < π 4 ou 5π 4 < x < 2π. Assim, notamos que f é côncava para baixo em ( π 4 , 5π 4 ) e para cima em ( 0, π 4 ) ∪ ( 5π 4 , 2π ) que nos pontos de abscissa x = π 4 e x = 5π 4 temos pontos de in�exão da função f . � 2 Teste da Segunda Derivada Sejam f uma função que admite derivada de 2a ordem contínua no intervalo I e p ∈ I. (i) Se f ′(p) = 0 e f ′′(p) > 0 então p é um ponto de mínimo local ou relativo; (ii) Se f ′(p) = 0 e f ′′(p) < 0 então p é um ponto de máximo local ou relativo Os exemplos a seguir ilustram a utilização desse importante resultado. Exemplo 5. Utilizando o Teste da Segunda Derivada, determine os máximos e mínimos relativos da função f(x) = x4 4 − x3 − 2x2 + 3. Solução: Primeiramente, vamos determinar f ′. Desse modo, f ′(x) = x3 − 3x2 − 4x. 6 Cálculo I Aula nº 18 Agora, vamos determinar os números críticos de f . Sendo assim, note que f ′(x) = 0 x3 − 3x2 − 4x = 0 x.(x2 − 3x− 4) = 0. Sendo assim, x = 0 ou x2 − 3x − 4 = 0. Resolvendo essa última equação, obtemos que os números críticos de f são x = 0, x = 4 e x = −1. Agora, note que f ′′(x) = 3x2 − 6x− 4. E assim, f ′′(0) = −4 < 0 f ′′(4) = 20 > 0 f ′′(−1) = 5 > 0. Pelo Teste da Segunda Derivada, temos que x = 4 e x = −1 são mínimos locais de f e x = 0 é máximo local de f . � Exemplo 6. Considere a função f(x) = x3 − 3x2 + 3x− 1. Podemos a�rmar algo sobre seu(s) número(s) crítico(s), utilizando o Teste da Segunda Derivada? Solução: Note que f(x) = (x− 1)3. Logo, pela regra da cadeia, note que f ′(x) = 3(x− 1)2.(x− 1)′ = 3(x− 1)2. Assim, o ponto crítico de f é x = 1. Agora, calculando f ′′ obtemos que f ′′(x) = 6(x− 1).(x− 1)′ = 6(x− 1). Mas observe que f ′′(1) = 6(1− 1) = 0. Isso implica que não podemos utilizar o teste da segunda derivada, pois ele não se aplica quando f ′′(p) = 0 ou quando f ′′(p) não existe. � Observação 2. Note que o Teste da Segunda Derivada é inconclusivo se f ′′(c) = 0 ou se f ′′(c) não existir no número crítico x = c. Contudo, no exemplo anterior, estudando a concavidade de f notamos que em x = 1 temos um ponto de in�exão de f(x) = x3 − 3x2 + 3x − 1. Observando o grá�co, podemos notar esse fato. Figura 7: Grá�co de f(x) = (x− 1)3. 7 CálculoI Aula nº 18 Exemplo 7. Dada a função f(x) = 3x5 − 5x3. Classi�que os pontos críticos de f em pontos de máximos locais, mínimos locais ou de in�exão. Solução: Note que f ′(x) = 15x4 − 15x2. Fazendo f ′(x) = 0, obtemos que 15x4 − 15x2 = 0⇒ 15x2(x2 − 1) = 0, implicando que os pontos críticos de f estão em x1 = x2 = 0, x3 = −1 e x4 = 1. Calculando a segunda derivada de f , obtemos que f ′′(x) = 60x3 − 30x = x(60x2 − 30), logo, f ′′(0) = 0 f ′′(−1) = −30 < 0 f ′′(1) = 30 > 0. Então, pelo Teste da Segunda Derivada, podemos a�rmar que x = −1 é máximo local e x = 1 é mínimo local de f . Analisando a concavidade de f , temos que Logo, (0, 0) é um ponto de in�exão. � Exemplo 8. Classi�que os pontos críticos da função f(x) = ex x , caso existam. Solução: Note que f ′(x) = (ex)′.x− ex.(x)′ x2 = ex(x− 1) x2 . Logo, o único número crítico de f é x = 1. Agora, calculando a segunda derivada, temos que f ′′(x) = [ex(x− 1)]′x2 − ex(x− 1)(x2)′ x4 = [(ex)′(x− 1) + ex(x− 1)′]x2 − 2x(x− 1)ex x4 = ex(x2 − 2x+ 2) x3 . Agora, note que f ′′(1) = e1(12 − 2.1 + 2) 13 = e > 0. Logo, pelo Teste da Segunda Derivada, x = 1 é mínimo local de f . � 8 Cálculo I Aula nº 18 Resumo Faça um resumo dos principais resultados vistos nesta aula. Aprofundando o conteúdo Leia mais sobre o conteúdo desta aula nas páginas 86-88,119-128,272-277,285,286 do livro texto. Sugestão de exercícios Resolva os exercícios das páginas 88-91,128-130,278-280,286 e 287 do livro texto. 9