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1 HEMOTERAPIA E BANCO DE SANGUE Indíce Conceitos Gerais Banco de Sangue ............................................................................................................................... 1 Legislação em Banco de Sangue e Ciclo Hemoterápico ................................................................................................. 9 Doação de Sangue e Seleção de Doadores .................................................................................................................. 14 Indicação e Uso de Hemocomponentes ........................................................................................................................................................................................ 4 Sorologia e Outros Diagnósticos ........................................................................................................................................................................................ 4 Testes Diagnóstico para Banco de Sangue ........................................................................................................................................................................................ 4 Outros sistemas de grupo sanguíneos importantes (Kell, Kidd, Duffy, Lewis, Diego, MNS). ........................................................................................................................................................................................ 4 2 Reações Transfusionais ........................................................................................................................................................................................ 4 Retrovigilância ........................................................................................................................................................................................ 4 Sistema ABO, Bombay e discrepância ABO. Sistema Rh (D, D fraco e D parcial) e sua importância transfusional. ........................................................................................................................................................................................ 4 Coombs Direto e Coombs Indireto ........................................................................................................................................................................................ 4 Doação de sangue e transfusão sanguínea: dilema religioso ........................................................................................................................................................................................ 4 Aférese, Células tronco e transplante de células tronco 3 Papel do biomédico e aspectos gerais do banco de sangue. Conceitos Gerais sobre Banco de Sangue 1.1 Definição Os Bancos de Sangue também são chamados de Hemocentros ou núcleo de hemoterapia, podendo ser privados , públicos municipais ou públicos estaduais. Em relação as normas de abastecimento dos hemocentros públicos o órgão regulador responsável pelos processos e estratégias de remanejamento do sangue fica a encargo da Hemorrede Nacional. O objetivo principal de um banco de sangue está baseado em ofertar atividades inerentes de hemoterapia e hematologia sendo uma delas o fornecimento de sangue seus componentes bem como os hemoderivados. A doação de sangue deve ser voluntária, anônima e altruísta, não devendo o doador, de forma direta ou indireta, receber qualquer remuneração ou benefício em virtude da sua realização. Os hemocomponentes são os concentrados de hemácias , concentrados de plaquetas , plasma fresco congelado e crio precipitado. Os hemoderivados são medicamentos produzidos pelo fracionamento industrial do plasma humano. Um banco de sangue pode ser definido como um centro onde todo o sangue coletado dos doadores ficam armazenados e serão disponibilizados para suprir a necessidades transfusional das agências transfusionais . Os bancos de sangue são fiscalizados pelas agências de Vigilância Sanitária em âmbitos municipal, estadual e federal. 4 Figura 01 Doação de sangue Fonte: https://tdsa.com.br/blog/como-montar-um-banco-de-sangue/ 1.2- Estrutura Física A estrutura de um banco de sangue é complexa , devendo obedecer legislações vigentes como o layout predial , número de salas, número de funcionários para o atendimento , descarte de resíduos. Abaixo uma breve relação de setorização de um banco de sangue: Área Técnica Recepção e cadastro Triagem hematológica e clínica Coleta Processamento Sorologia Imunohematologia do doador Processamento do sangue Liberação, estoque e distribuição Controle de qualidade dos hemocomponentes Transfusão ambulatorial, hospitalar e agências transfusionais Serviços associados: transfusão autóloga e sangria terapêutica Área Administrativa Garantia da qualidade https://tdsa.com.br/blog/como-montar-um-banco-de-sangue/ 5 Almoxarifado Administração e Recursos humanos Faturamento Diretoria Em alguns banco de sangue não contempla todo o ciclo do sangue, alguns funcionam somente como coleta de sangue, ou como coleta e fracionamento , outros serviços realizam a coleta e envia o sangue doado para fracionar e realizar a sorologia em outro serviço hemoterapico . Figura 02: Coleta de Tubos para Sorologia Fonte: https://oglobo.globo.com/saude/ Papel do Biomédico em Banco de Sangue A atuação do biomédico em banco de sangue é muito ampla, em todos os setores hemoterápicos pode haver o profissional habilitado e capacitado realizando funções técnicas, administrativas , educativas . Em áreas administrativas podem atuar na coordenação técnica das agências transfusionais, na qualidade como gestor , na triagem clínica e hematológica de doadores. Nas áreas técnicas realizam testes sorológicos,testes imunohematológicos , no processamento do sangue produzindo os hemocomponentes , na agência transfusional realizam os exames pré-transfusionais como: tipagem ABO, tipagem RH, teste de coombs direto e provas de compatibilidade, na imunohematologia avançada o biomédico realiza exames de alta complexidade a fins de diagnóstico imunohematológicos principalmente no caso das anemias hemolíticas auto imune. https://oglobo.globo.com/saude/ 6 Figura 4: Gel Teste para Tipagem Sanguínea Fonte: https://www.biomedicinapadrao.com.br/2010/10/biomedicina-e-banco-de-sangue.html A única responsabilidade que o Biomédico não pode assumir é a responsabilidade técnica do serviço de hemoterapia devendo esse ficar a um a encargo de um médico hematologista e hemoterapeuta. Fígura 5: Provas de Compatibilidade Fonte: https://liberal.com.br/cidades/americana/banco-de-sangue-precisa-de-doacoes-do-tipo-o-negativo- 1145497/ https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/sangue-tecidos-celulas-e- orgaos/relatorios-de-producao-de-bancos-de-sangue-de-cordao-umbilical-e-placentario/12deg-relatorio- de-dados-de-producao-dos-bancos-de-sangue-de-cordao-umbilical-e-placentario-2021 Produção Hemoterápica no Brasil https://www.biomedicinapadrao.com.br/2010/10/biomedicina-e-banco-de-sangue.html https://liberal.com.br/cidades/americana/banco-de-sangue-precisa-de-doacoes-do-tipo-o-negativo-1145497/ https://liberal.com.br/cidades/americana/banco-de-sangue-precisa-de-doacoes-do-tipo-o-negativo-1145497/ 7 https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiMWM4MDQzNDMtYjZjZC00ZTBhLWFkOTctODdiZjE2ODQ4YTJkIiw idCI6ImI2N2FmMjNmLWMzZjMtNGQzNS04MGM3LWI3MDg1ZjVlZGQ4MSJ9 Legislação em banco de sangue e Ciclo Hemoterápico. 1.0 Legislações HemoterápicasAs legislações em hemoterapia compreendem leis e resoluções específicas para o segmento, porém leis ambientadas em outras áreas como: Gerenciamento de Resíduos de Saúde e Segurança do Paciente contemplam a adequação do funcionamento dos bancos de sangue. As legislações sobre o Sangue são divididas por temáticas: Regulamentos Federais (Hemoterapia) Regulamentos Técnicos Específicos (Hemoterapia) Regulamentos Técnicos Específicos (Hematologia) Notas Informativas Notas Técnicas https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiMWM4MDQzNDMtYjZjZC00ZTBhLWFkOTctODdiZjE2ODQ4YTJkIiwidCI6ImI2N2FmMjNmLWMzZjMtNGQzNS04MGM3LWI3MDg1ZjVlZGQ4MSJ9 https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiMWM4MDQzNDMtYjZjZC00ZTBhLWFkOTctODdiZjE2ODQ4YTJkIiwidCI6ImI2N2FmMjNmLWMzZjMtNGQzNS04MGM3LWI3MDg1ZjVlZGQ4MSJ9 8 ANVISA - Regulamentos Sanitários. Quando se fala em ciclo do sangue compreende : captação e conscientização de doadores, triagem clínica, triagem hematológica, coleta de sangue, fracionamento e distribuição, agência transfusional. Os bancos de sangue são fiscalizados pelas agências de Vigilância Sanitária em âmbitos municipal, estadual e federal. 1.1- Regulação Esfera Federal Lei nº 10.205, de 21 de março de 2001 Regulamenta o § 4o do art. 199 da Constituição Federal, relativo à coleta, processamento, estocagem, distribuição e aplicação do sangue, seus componentes e derivados, estabelece o ordenamento institucional indispensável à execução adequada dessas atividades, e dá outras providências. Decreto nº 3.990, de 30 de outubro de 2001 Regulamenta o art. 26 da Lei no 10.205, de 21 de março de 2001, que dispõe sobre a coleta, processamento, estocagem, distribuição e aplicação do sangue, seus componentes e derivados, e estabelece o ordenamento institucional indispensável à execução adequada dessas atividades. Lei nº 10.972, de 2 de dezembro 2004 Autoriza o Poder Executivo a criar a empresa pública denominada Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia - HEMOBRÁS e dá outras providências. Nota Técnica nº 4/2022-CGSH/DAET/SAES/MS Atualização dos critérios técnicos contidos na NOTA TÉCNICA Nº 13/2020- CGSH/DAET/SAES/MS para triagem clínica dos candidatos à doação de sangue relacionados ao risco de infecção pelo SARS-CoV-2 (vírus causador da covid-19). Nota Técnica Conjunta nº 5/2020 Atualização dos critérios técnicos para triagem clínica de dengue (DENV), chikungunya (CHIKV), zika (ZIKV) e coronavírus (SARS, MERS, 2019-nCoV) nos candidatos à doação de sangue 1.2 - Regulação Técnico Específico Hemoterapia 9 Portaria de Consolidação nº 5/2017/GM/MS Consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde Art. 43 a 47 e anexos da Portaria de Consolidação nº 5/2017/GM/MS Trata das atividades hemoterápica Portaria Conjunta nº 05, de 19 de fevereiro de 2018 Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença Falciforme. Portaria Conjunta SE/SAS nº 239, de 26 de março de 2014 Altera a redação do Art. 1º da Portaria Conjunta nº 193/SAS/SE, de 17 de março de 2014 que regulamenta o inciso XII do art. 14 da Lei nº 10.205, de 21 de março de 2001, quanto aos critérios técnicos para realização de testes de ácidos nucléicos em triagem de doadores de sangue. Portaria SCTIE nº 13, de 15 de maio de 2014 Torna pública a decisão de incorporar o procedimento do teste do ácido nucleico (NAT) em amostras de sangue de doador no Sistema Único de Saúde – SUS. Portaria GM/MS Nº 569, de 18 de março de 2022 Altera o Anexo IV-A da Portaria de Consolidação GM/MS nº 5, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre o fornecimento do plasma excedente do uso hemoterápico, para a produção de medicamentos hemoderivados, no âmbito do SUS. Nota Técnica nº 49/2023 - CGSH/DAET/SAES/MS Processo de implantação do teste para detecção de ácido nucléico de HIV /HBV/HCV/Malária (kit NAT PLUS) e renovação do parque tecnológico nos 14 Sítios Testadores da Hemorrede Nacional. 1.2- Hematologia Portaria n° 55, de 29 de janeiro de 2010 Protocolo Clínico e Diretrizes terapêutica para o uso de hidroxiuréira em Doença Falciforme. Portaria n° 27, de 12 de junho de 2013 10 Incorpora hidroxiuréia em crianças com doença falciforme no Sistema Único de Saúde - SUS. Portaria nº 478, de 16 DE junho de 2014 Aprova o Protocolo de Uso de Indução de Imunotolerância para Pacientes com Hemofilia A e Inibidor. Portaria nº 364, de 06 de maio de 2014 Aprova o Protocolo de Uso de Profilaxia Primária para Hemofilia Grave. Portaria SAES/MS Nº 11, de 05 de janeiro de 2022 Aprova o Manual de Diagnóstico e Tratamento de Inibidor em Pacientes com Hemofilia Congênita (DOU nº 7, de terça-feira, 11 de janeiro de 2022 - Seção 1, pg. 152) Portaria Conjunta Nº 6, de 5 de abril de 2022 Aprova o Protocolo de Uso de fatores de coagulação para a profilaxia primária em caso de hemofilia grave. Portaria Conjunta SAES-SCTIE nº 15, de agosto de 2021 Aprova o protocolo de uso de emicizumabe por pacientes com hemofilia A e inibidores do fator VIII refratários ao tratamento de imunotolerância. 2.0- Anvisa – Regulamentos Sanitários Portaria Conjunta SAS/ANVISA Nº 370, de 2014 Dispõe sobre regulamento técnico-sanitário para o transporte de sangue e componentes. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC N° 34, de 11 de junho de 2014 Dispõe sobre as Boas Práticas no Ciclo do Sangue 11 Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 75 de 02/05/2016 Altera a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC N° 34, de 11 de junho de 2014, que dispõe sobre as Boas Práticas no Ciclo do Sangue. Resolução CNEN 318/23 NN 6.16 Requisitos de Segurança e Proteção Radiológica para Irradiadores de Sangue e Hemocomponentes. https://www.gov.br/anvisa/pt- br/assuntos/sangue Doação de sangue e seleção de doadores 12 1.0- Doação de Sangue Para o ciclo do sangue do que se refere toda a etapa da doação de sangue deve se seguir a portaria da ANVISA a fim de cumprir todos os requisitos legais. A doação de sangue é o processo pelo qual um doador tem seu sangue coletado para armazenamento em um hemocentro para um uso subsequente em uma transfusão de sangue, esse sangue fica armazenado nas agências transfusionais disponível para ser usado em pacientes . Em relação ao tipo de doação, elas podem ser voluntárias e altruístas não remunerados, no entanto, existem países em que o doador é remunerado ou recebe outros incentivos além do dinheiro, como férias pagas do trabalho, gratuidade em cinemas entre outros. As doações podem ser de reposição quando ocorre uma solicitação de reposição devido ao uso por algum paciente, ou doação voluntária sem qualquer vínculo de solicitação. Apesar das muitas razões pelas quais as pessoas doam, poucos doadores em potencial doam ativamente, os estoques de sangue sempre estão abaixo do ideal. Figura 1- Doação de Sangue Fonte: https://www.waldenu.edu/programs/health/resource/a-healthy-education-in-blood-donation-10-things-you- might-not-know https://www.waldenu.edu/programs/health/resource/a-healthy-education-in-blood-donation-10-things-you-might-not-know https://www.waldenu.edu/programs/health/resource/a-healthy-education-in-blood-donation-10-things-you-might-not-know 13 2.0- Tipos de Doação de Sangue O sangue doado será utilizado por um paciente com algum quadro de patologia ou pode ser recebido pelo próprio doador para cada finalidade a doação recebe uma identificação. Doação Alogênica: também chamada de 'homóloga' ocorre quando um doador realiza uma doação que será utilizado em uma tranfusão há um receptor desconhecido. È o tipo de doação mais utilizada nos centros hemoterápicos . Doação Dirigida ocorre quando uma pessoa, geralmente um membro familiar , doa sangue para transfusão a umindivíduo específico chamada também de doações direcionadas. Não são doações habituais sendo muito rara de ocorrerem. Doação Autológa consiste em um indivíduo dar sangue para ele seu possível uso, isso não ocorre em casos emergenciais , mas podem ocorrer em cirurgias programadas e importante salientar que nessa doação o paciente precisa estar em condições saudáveis para realizar a a sua própria doação. Doação para Fins Diagnósticos uma fração do sangue doado pode ser usada na fabricação de alguns medicamentos chamados de Hemoderivados essa doação vem da doação alogênica. Um outro tipo de doação de sangue para fins de diagnósticos são realizadas por doadores de forma voluntária para a fabricação de insumos de reagentes como hemácias humanas para pesquisa e identificação de anticorpos irregulares , utilizados na prática hemoterápica. 2.1 Doação de Sangue Total e de Aférese Para quê seja realizada a coleta de sangue é necessário que a doação ocorra de duas formas: doação de sangue total chamada de doação “ convencional “ quando a doação é de aférese um único hemocomponente ( plaqueta ou sangue ) é retirado do doador usando uma máquina específica. Ambas as doações são utilizadas legislações especificas e vários critérios são utilizados para que a doação ocorra garantindo a segurança do doador e do receptor. 2.1.1 Doação de sangue total Quando se trata desse tipo de doação, o volume coletado é em torno de 450 ml a 500 ml, a duração da doação é de 15 minutos, o sangue permanece em homogenização constante. Após a doação ele é fracionado gerando os seguintes hemocomponentes: concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas , crioprecipitado e plasma fresco congelado. O sangue geralmente é acondicionado em bolsas específicas que contém citrato de sódio, fosfato, dextrose e adenina, inibindo a coagulação natural do sangue e preserva o armazenamento de 35 á 42 dias. 14 Figura 2: Homogenizador para coleta de sangue Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Doa%C3%A7%C3%A3o_de_sangue#/media/Ficheiro:Blood_Donation_12-07- 06_2.JPG 2.1.2 Doação por Aférese Na doação por aférese o sangue passa por um aparelho que separa um constituinte específico e retorna o restante ao doador. A doação de plaquetas é o procedimento que mais ocorre nesse tipo de doação, nessa caso o componente retornado ao doador são os glóbulos vermelhos, plasma e glóbulos brancos a doação leva em média 02 horas é necessário que o doador tenha um acesso venoso calibroso para a punção venosa.. A aférese também é usada para coletar mais glóbulos vermelhos do que o normal em uma única doação e para coletar glóbulos brancos para transfusão. Figura 03: Doação de Plaquetas por Aférese Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Doa%C3%A7%C3%A3o_de_sangue#/media/Ficheiro:Platelets_collected_by_using_aph eresis.jpg 15 Figura: 4 Máquina de Aférese Terapêutica Fonte: https://www.medicalexpo.com/pt/prod/haemonetics/product-78504-520938.html Ao final da doação os doadores permanecem no local da doação por 10-15 minutos após a doação, pois a maioria das reações adversas ocorre durante ou imediatamente após a doação. Obrigatoriamente deve ser ofertado lanches leves, biscoitos, chocolate , hidratação a base de sucos para o doador se recuperação. O plasma doado é substituído após 2–3 dias, os glóbulos vermelhos são substituídos pela medula óssea que leva me média 36 dias. O intervalo de uma doação para outra é de 03 meses para o homem e para a mulher 04 meses. Os doadores de plasmaférese e plaquetaférese podem doar com muito mais frequência . 3.0 - Reações Adversas a Doação Reação adversa à doação é definida como uma resposta não intencional do doador associada à coleta de sangue ou hemocomponente, que resulte em óbito ou risco à vida, deficiência ou condições de incapacitação, necessidade de intervenção médica ou cirúrgica, hospitalização prolongada ou morbidade, entre outras. As reações adversas a doação podem ocorrer, porém não apresentam uma gravidade importante. Dentre as reações mais comuns de ocorrer se destacam o hematoma no local da punção, e a reação hipovolêmica que podem ocorrer devido a uma rápida mudança na pressão arterial. Todas as reações devem ser obrigatoriamente notificadas a Vigilância Sanitária. 16 https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=_NlNFbhg6Ys https://sbtnews.sbt.com.br/noticia/brasil/aumento-nos-casos-de- dengue-faz-hospital-de-mg-convocar-com-urgencia-doadores-de- sangue https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=_NlNFbhg6Ys https://sbtnews.sbt.com.br/noticia/brasil/aumento-nos-casos-de-dengue-faz-hospital-de-mg-convocar-com-urgencia-doadores-de-sangue https://sbtnews.sbt.com.br/noticia/brasil/aumento-nos-casos-de-dengue-faz-hospital-de-mg-convocar-com-urgencia-doadores-de-sangue https://sbtnews.sbt.com.br/noticia/brasil/aumento-nos-casos-de-dengue-faz-hospital-de-mg-convocar-com-urgencia-doadores-de-sangue 17 Seleção de Doadores 1.0- Ciclo do Sangue – Captação 1.1- Objetivos da Captação de Doador A PORTARIA Nº 158 DO MINISTÉRIO DA SAÚDE define que “A doação de sangue deve ser voluntária, anônima e altruísta, não devendo o doador, de forma direta ou indireta, receber qualquer remuneração ou benefício em virtude da sua realização” Dentre alguns objetivos da captação de doadores podemos destacar: Manter a regularidade das doações Trabalhar a fidelização dos doadores Promover a doação voluntária conhecer a realidade social Estratégias para garantir a efetividade das ações voltadas para os doadores . Formação de grupos em parceria com empresas, universidades e comunidades organizadas Aplicativos para cadastro de candidatos e convocação de doadores por grupo sanguíneo conforme a necessidade do serviço Comunicação : correio eletrônico, grupos de whatsapp, redes sociais, campanhas na mídia Criar mecanismos que facilitem o deslocamento do doador até o serviço Formação de agentes multiplicadores. 1.2- Ciclo do Sangue – Cadastro e entrega dos exames do doador O candidato sempre deverá ter registro no serviço de hemoterapia a fim de garantir todos os processos da sua doação. O cadastro deverá conter a identificação completa do candidato. Para a doação é necessário que o doador apresente um documento emitido por órgão oficial com fotografia * poderão ser aceitas fotocópias autenticadas desde que estejam legíveis e as imagens permitam a identificação do portador. 18 Os candidatos à doação de sangue com idade entre 16 (dezesseis) e 17 (dezessete) anos devem apresentar consentimento formal, por escrito, do seu responsável legal para cada doação que realizar. O serviço de hemoterapia deverá entregar os resultados dos testes de triagem laboratorial ao doador. Os resultados dos testes de triagem laboratorial serão entregues ao próprio doador, não sendo permitida a entrega a terceiros, mesmo aos responsáveis legais, exceto quando houver apresentação de procuração. 1.3- Ciclo do Sangue – Sistema Todas as etapas da doação deverão ter rastreabilidade para garantir é necessários algumas etapas como: Requisitos de segurança - Sistema informatizado com cópias de segurança em local distinto com acesso controlado e profissional responsável . Garantir o sigilo e rastreabilidade das informações Sistema de identificação do candidato bloqueado em doações anteriores Sistema que permita a convocação futura dos doadores, aptos e inaptos Prever ações para situações de contingência – Sistema manual. 1.4- Ciclo do Sangue - Triagem Hematológica Na triagem é realizada um punção do dedo com uma lanceta e coletado o sangue para analisar o HB e o HT . Para garantir a segurança do doador são estabelecidos valoresmínimos aceitáveis para a determinação da concentração de hemoglobina e de hematócrito: mulheres: Hb =12,5g/dL ou Ht =38% homens: Hb =13,0g/dL ou Ht =39% O candidato que apresente níveis de Hb igual ou maior que 18,0g/dL ou Ht igual ou maior que 54% será impedido de doar e será encaminhado para investigação clínica. 19 Figura 1: Hemoglobinômetro Fonte: https://www.medicalexpo.com/pt/fabricante-medico/analisador-hemoglobina- 602.html#:~:text=Os%20analisadores%20de%20hemoglobina%20permitem,valores%20s%C3%A3o%20exp ressos%20em%20porcentagem. 1.5- Ciclo do Sangue -Triagem Clínica Os candidatos a doação deverão passar por uma triagem clínica a fim de analisar algumas parâmetros para garantir que o doador esteja apto a fazer a doação. Massa corpórea mínima: 50 Kg Segue abaixo alguns parâmetros clínicos que o candidato deve apresentar: Frequência Cardíaca: deverá apresentar características normais, apresentar a pulsação regular e sua frequência não deve ser menor que 50 nem maior que 100 bpm. Temperatura corporal: Não deve ser superior a 37°C Pressão arterial: a pressão sistólica não deve ser maior que 180 mmHg e a pressão diastólica não deve ser maior que 100 mmHg. Além dessa análise clínica o mesmo deve passar por uma entrevista que deverá ser individual e ser realizada por um profissional de saúde de nível superior, sob supervisão médica, capacitado e conhecedor das normas, observando critérios que visam a proteção do doador e do receptor. A entrevista visa analisar através de perguntas um possível risco do doador pertencer á um grupo de risco para doenças infecto contagiosas e que estejam numa possível janela imunológica. Esta avaliação deve ser realizada em ambiente que garanta a privacidade e o sigilo das informações prestadas pelo candidato à doação. 1.5.2 - Principais aspectos da entrevista O entrevistador deve estar treinado para analisar e aprovar o candidato. 20 • Fundamental para levantar informações indicadoras de outras doenças que não são detectadas nos testes de triagem sorológica, como: tuberculose, herpes e outras • Identificar o candidato com objetivo de realizar exames • Aspecto geral do candidato : deve ter aspecto saudável • Sono, repouso, alimentação, hidratação, tabagismo uso de álcool, doações anteriores • Ocupação de risco ( piloto, trabalho em andaimes, trens ) • Doenças atuais ou anteriores, enfermidades virais , bacterianas, infecciosas, parasitárias, cirurgias, internações clínicas, uso de medicamentos e alergias • Perda de peso inexplicada • Procedimento odontológico, procedimentos endoscópicos • Histórico de malária • Gravidez, lactação, aborto. 1.6- Aptdão – Inaptidão do doador Todos os processos acima discutidos podem levar o candidato a doação a realizar a coleta ou não. Se apto: o candidato à doação de sangue deve assinar termo de consentimento para doação de sangue. Se inapto: assinar declaração de inaptidão clínica. Voto de autoexclusão é mantido como mais um mecanismo de segurança do processo do ciclo do sangue. Figura 2: Voto de auto exclusão 21 Fonte: https://www.google.com/search?q=voto+de+autoexclus%C3%A3o+na+doa%C3%A7%C3%A3o&sca_esv=600859257 &rlz=1C1CHZL_pt- BRBR1054BR1054&tbm=isch&sxsrf=ACQVn0_ljlKiXP3wqfAZ9kiLK9FuKBlcKQ:1706042308897&source=lnms&sa=X&v ed=2ahUKEwjbnqzurvSDAxXNrZUCHQJGAPsQ_AUoAXoECAIQAw&biw=1366&bih=607&dpr=1#imgrc=N5HV7jPkdXSl 7M https://www12.senado.leg.br/tv/programas/cidadania- 1/2023/06/quem-pode-doar-sangue-conheca-as-regras- e-os-cuidados-para-ser-um-doador https://www.google.com/search?q=voto+de+autoexclus%C3%A3o+na+doa%C3%A7%C3%A3o&sca_esv=600859257&rlz=1C1CHZL_pt-BRBR1054BR1054&tbm=isch&sxsrf=ACQVn0_ljlKiXP3wqfAZ9kiLK9FuKBlcKQ:1706042308897&source=lnms&sa=X&ved=2ahUKEwjbnqzurvSDAxXNrZUCHQJGAPsQ_AUoAXoECAIQAw&biw=1366&bih=607&dpr=1#imgrc=N5HV7jPkdXSl7M https://www.google.com/search?q=voto+de+autoexclus%C3%A3o+na+doa%C3%A7%C3%A3o&sca_esv=600859257&rlz=1C1CHZL_pt-BRBR1054BR1054&tbm=isch&sxsrf=ACQVn0_ljlKiXP3wqfAZ9kiLK9FuKBlcKQ:1706042308897&source=lnms&sa=X&ved=2ahUKEwjbnqzurvSDAxXNrZUCHQJGAPsQ_AUoAXoECAIQAw&biw=1366&bih=607&dpr=1#imgrc=N5HV7jPkdXSl7M https://www.google.com/search?q=voto+de+autoexclus%C3%A3o+na+doa%C3%A7%C3%A3o&sca_esv=600859257&rlz=1C1CHZL_pt-BRBR1054BR1054&tbm=isch&sxsrf=ACQVn0_ljlKiXP3wqfAZ9kiLK9FuKBlcKQ:1706042308897&source=lnms&sa=X&ved=2ahUKEwjbnqzurvSDAxXNrZUCHQJGAPsQ_AUoAXoECAIQAw&biw=1366&bih=607&dpr=1#imgrc=N5HV7jPkdXSl7M https://www.google.com/search?q=voto+de+autoexclus%C3%A3o+na+doa%C3%A7%C3%A3o&sca_esv=600859257&rlz=1C1CHZL_pt-BRBR1054BR1054&tbm=isch&sxsrf=ACQVn0_ljlKiXP3wqfAZ9kiLK9FuKBlcKQ:1706042308897&source=lnms&sa=X&ved=2ahUKEwjbnqzurvSDAxXNrZUCHQJGAPsQ_AUoAXoECAIQAw&biw=1366&bih=607&dpr=1#imgrc=N5HV7jPkdXSl7M https://www.google.com/search?q=voto+de+autoexclus%C3%A3o+na+doa%C3%A7%C3%A3o&sca_esv=600859257&rlz=1C1CHZL_pt-BRBR1054BR1054&tbm=isch&sxsrf=ACQVn0_ljlKiXP3wqfAZ9kiLK9FuKBlcKQ:1706042308897&source=lnms&sa=X&ved=2ahUKEwjbnqzurvSDAxXNrZUCHQJGAPsQ_AUoAXoECAIQAw&biw=1366&bih=607&dpr=1#imgrc=N5HV7jPkdXSl7M https://www12.senado.leg.br/tv/programas/cidadania-1/2023/06/quem-pode-doar-sangue-conheca-as-regras-e-os-cuidados-para-ser-um-doador https://www12.senado.leg.br/tv/programas/cidadania-1/2023/06/quem-pode-doar-sangue-conheca-as-regras-e-os-cuidados-para-ser-um-doador https://www12.senado.leg.br/tv/programas/cidadania-1/2023/06/quem-pode-doar-sangue-conheca-as-regras-e-os-cuidados-para-ser-um-doador 22 Hemocomponentes e hemoderivados: funções, processamento e fracionamento, armazenamento e liberação da bolsa de sangue para transfusão . Hemocomponentes e Hemoderivados 1.0-Introdução Os hemocomponentes e hemoderivados se originam da doação de sangue realizada por um doador. No Brasil, este processo está regulamentado pela Lei nº 10.205, de 21 de março de 2001, e por regulamentos técnicos editados pelo Ministério da Saúde. Apesar de ambos serem obtidos do sangue são considerados produtos diferentes pois são processados de forma diferente. Os hemocomponentes são produtos obtidos por meio de processos físicos após técnicas de centrifugação do sangue, onde é feito o fracionamento da bolsa de sangue total em concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, plasma fresco congelado e crioprecipitado. Os hemoderivados são produtos que diferem dos hemocomponentes por serem produzidos em larga escala pela indústria farmacêutica o Brasil produz os seguintes hemoderivados: albumina, imunoglobulina e os fatores VIII e IX da coagulação. 23 Figura 1: Fracionamento do Sangue para obtenção de hemocomponentes e hemoderivados Fonte: https://www.sanarmed.com/hemocomponentes-e-transfusao-sanguinea-colunistas Hemocomponentes Características Gerais: processamento e fracionamento, armazenamento. Os hemocomponentes são os concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, plasma fresco congelado e crioprecipitado. 1.1.1 - Concentrado de hemácias O concentrado de hemácias (CH) é obtido por meio da centrifugação de uma bolsa de sangue total (ST) durante esse processo ocorre uma maior remoção do plasma. https://www.sanarmed.com/hemocomponentes-e-transfusao-sanguinea-colunistas 24 O volume varia entre 220ml e 280ml., deve ser mantido entre 2°C e 6°C em refrigerador próprio dotado de alarme de baixa é de alta temperatura e sua validade varia entre 35 e 42 dias, dependendo da solução conservadora. Em relação a modificação que podem ser realizadas no CH podemos destacar o processo de deleucotização para a remoção da camada de leucócitos. 1.1.2- Concentrado de plaqueta O Concentrado de plaqueta (CP) pode ser obtido a partir de unidade individual de sangue total ou por aférese nesse caso coletadas de doador único. Cada unidade de CP unitários contémaproximadamente 5,5 x 1010 plaquetas nas coletdas por aférese contém pelo menos 3,0 x 1011 plaquetas. Dois métodos diferentes são utilizados para a obtenção de plaquetas pela centrifugação de sangue total. O primeiro consiste na centrifugação do sangue em duas etapas. Na primeira etapa, é feita uma centrifugação leve, em que se obtém o plasma rico em plaquetas (PRP); este plasma é novamente centrifugado, desta vez em alta rotação, para a obtenção do concentrado de plaquetas (CP). O segundo método baseia-se na extração da camada leucoplaquetária, geralmente com a utilização de extratores automatizados de plasma e com o uso de bolsas top and bottom. Figura 02 : Homogeizador de Plaquetas Fonte: https://www.marcamedica.com.br/homogeneizador-de-plaquetas-alb-480-plus-48b/ O sangue total é submetido à centrifugação, visando à separação da camada leucoplaquetária. O plasma sobrenadante é transferido para uma bolsa-satélite, pela saída superior (top) da bolsa e o concentrado de hemácias é extraído pela saída inferior (bottom) da bolsa. A camada leucoplaquetária permanece na bolsa original. 25 As plaquetas devem ficar armazenados em homogenização constante a fim de manter a viabilidade plaquetária, a temperatura deve ser de 20 á 24, o volume da plaqueta randômica é de 80 ml enquanto a de aférese é de 200 á 300 ml . Figura 03: Plaqueta por Aférese Fonte:https://www.hemocentro.org.br/principal.asp?edoc=conteudo&secaoid=416&subsecaoid=416&conteudoid= 8864 Figura 04 : Plaqueta Randômica Fonte:https://www.hemocentro.org.br/principal.asp?edoc=conteudo&secaoid=416&subsecaoid=416&conteudoid= 8864 1.1.3-Plasma fresco congelado O plasma fresco congelado (PFC) é obtido por centrifugação a partir de uma unidade de sangue total e transferência em circuito fechado para uma bolsa satélite. 26 Pode ser obtido também a partir do processamento em equipamentos automáticos de aférese sendo um procedimento raro de ocorrer. A sua composição é de água, proteínas (albumina, globulinas, fatores de coagulação e outras), carboidratos e lipídios. Deve ser congelado até 8 horas após a coleta e mantido, no mínimo, a 18°C negativos, em um freezer próprio dotado de alarme de baixa é de alta temperatura a sua validade é um ano após a coleta, em caso de congelamento a temperaturas inferiores a 25°C negativos sua validade é de 24 meses. Durante a pandemia de COVID-19 (SARS-CoV-2), o plasma convalescente doado por uma pessoa que se recuperou totalmente dessa infecção, foi usado como uma opção de tratamento contra a COVID-19 com sucesso variável. O plasma convalescente já foi utilizado durante epidemias de Ebola e influenza H1N1. https://www.visaooeste.com.br/osasco-passa-a-usar-usa-plasma-convalescente-no- tratamento-precoce-de-pacientes-com-covid-19/ O processo de congelamento permite a preservação dos fatores da coagulação, fibrinólise e complemento, além de albumina, imunoglobulinas, outras proteínas e sais minerais, e mantém constantes suas propriedades. A unidade de plasma deve apresentar volume superior a 180 ml, quando utilizado para fins transfusionais, além de não conter anticorpos eritrocitários irregulares de importância clínica. 1.1.4- Crioprecipitado (CRIO) O crioprecipitado (CRIO) é uma fonte concentrada de algumas proteínas plasmáticas que são insolúveis à temperatura de 1°C a 6°C. Obtém se o crio a partir de um descongelando-se uma unidade de plasma fresco congelado à temperatura de 1°C a 6°C. ,após o completo descongelamento o plasma sobrenadante é removido deixando-se na bolsa a proteína precipitada e 10-15ml deste plasma. Esse produto é recongelado no período de 1 hora e tem validade de 1 ano, cada bolsa de crio tem em torno de 15 á 20 ml, deve ser mantido em temperatura inferior á 18 C , em um freezer próprio dotado de alarme de baixa é de alta temperatura . O crioprecipitado contém de Fator VIII, Fator VIII:vWF (Fator von Willebrand), fi brinogênio, Fator XIII e fibronectina. 27 2.0- Indicações e Uso dos Hemocomponentes 2.0.1- Concentrado de hemácias A transfusão de concentrado de hemácias (CH) deve ser realizada para tratar, ou prevenir iminente e inadequada liberação de oxigênio (O2 ) aos tecidos um problema muito comum nas anemias , porém devemos ressaltar que nem todo estado de anemia exige a transfusão de hemácias. Em situações de anemia, o organismo lança mão de mecanismos compensatórios, tais como a elevação do débito cardíaco e a diminuição da afi nidade da Hb pelo O2 , o que muitas vezes consegue reduzir o nível de hipóxia tecidual. Os concentrado de hemácias são muitos utilizados em casos de hemorragias agudas. As perdas sanguíneas podem ser classifi cadas em: • Hemorragia classe I – perda de até 15% do volume sanguíneo. • Hemorragia classe II – perda sanguínea de 15% a 30%. • Hemorragia classe III – perda de 30% a 40%. • Hemorragia classe IV – perda maior que 40%. Em relação a gravidade dos quadros hemorrágicos os pacientes com hemorragia classe III e IV podem evoluir para óbito por falência múltipla de órgãos se não forem submetidos a esquemas de protocolos para repor a perda sanguínea, e a transfusão de CH está recomendada após perda volêmica superior a 25% a 30% da volemia total. Figura 05 : Concentrado de hemácias Fonte: Katia Cristina Donner São Félix 28 2.0.2- Plasma Fresco Congelado As indicações para o uso do plasma fresco congelado são restritas os serviços de hemoterapia utilizam de protocolos muito específicos para a sua utilização. O seu uso está relacionado ao tratamento de pacientes com distúrbio da coagulação, particularmente naqueles em que há deficiência de múltiplos fatores de coagulação. Portanto, as indicações são: a) Sangramento ou risco de sangramento causado por defi iência de múltiplos fatores da coagulação Hepatopatia: a redução na síntese dos fatores da coagulação (I, II, VII, IX e X). b) Coagulação Intravascular Disseminada (CID): este grave distúrbio da hemostasia, associado à septicemia, à perda maciça de sangue, à injúria vascular grave ou à presença de veneno de cobras, tudo isso contribui para o desequilíbrio do mecanismo da coagulação. Todos os fatores da coagulação estão diminuídos na CID, mas o fibrinogênio, FVIII e FXIII são os mais afetados. O quadro clínico apresentado pelo paciente com sangramento intenso além da terapia com o PFC porém muitas vezes faz a associação de outros hemocomponentes (Concentrado de Plaquetas e Crioprecipitado). c) Transfusão maciça com sangramento por coagulopatia, nesses casos os traumas são os grandes responsáveis pelas perdas agudas sanguíneas, acidose, hipotermia, consumo, fibrinólise e diluição, sendo o PFC utilizado para reposição dos fatores de coagulação. d) A Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT) é patologia um distúrbio sério que envolve a formação de pequenos coágulos sanguíneos por todo o corpo, que bloqueiam o fluxo de sangue para órgãos vitais, sendo necessário em alguns casos a plasmaférese terapêutica considerada tratamento de primeira linha para pacientes com PTT. A transfusão de PFC durante esse procedimento se faz necessário . 2.0.3- Crioprecipitado O crioprecipitado está indicado no tratamento de hipofibrinogenemia é uma doença hemorrágica em que ocorre uma deficiência quantitativa na produção do fibrinogênio. Pode ser congênita ou adquirida na hipofi brinogenemia adquirida pode ser observada após tratamento trombolítico, transfusão maciça ou coagulação intravascular disseminada (CID).. Pode ser útil também no tratamento de sangramento ou no procedimento invasivo em pacientes urêmicos, com o intuito de diminuir o tempo de sangramento (TS) e diminuir o sangramento. 29 Devido às opções terapêuticas disponíveis como o Fator VIII recombinantee derivados de Fator VIII pós inativação viral, o crioprecipitado está contra-indicado para tratamento de pacientes com hemofi lia A e o mesmo se aplica a pacientes portadores de doença de von Willebrand. Repor fibrinogênio em pacientes com hemorragia e defi ciência isolada congênita ou adquirida de fi brinogênio, quando não se dispuser do concentrado de fi brinogênio industrial. Repor fibrinogênio em pacientes com coagulação intravascular disseminada (CID) e graves hipofi brinogenemias. Repor Fator XIII em pacientes com hemorragias por deficiência deste fator, quando não se dispuser do concentrado de Fator XIII industrial. Repor Fator de von Willebrand quando não se dispuser de concentrados de Fator de von Willebrand ou de concentrados de Fator VIII . Figura 06: Crioprecipitado Fonte: Katia Cristina Donner São Félix 2.0.4- Concentrados de Plaquetas Randômicas e Aférese As transfusões de plaquetas são indicadas no casos de plaquetopenias desencadeadas por falência medular, ou plaquetopenias por destruição periférica ou alterações congênitas de função plaquetária. a) Plaquetopenias por falência medular. A indicação de transfusão de CP em pacientes portadores de plaquetopenias associadas à falência medular (doenças hematológicas e/ou quimioterapia e radioterapia) refere-se à utilização de transfusões profi láticas. Seguindo o protocolo institucional ou conforme abordado abaixo. • se contagens inferiores a 10.000/μL na ausência de fatores de risco; 30 • se inferiores a 20.000/μL na presença de fatores associados a eventos hemorrágicos como febre (>38°C), manifestações hemorrágicas menores (petéquias, equimoses, gengivorragias), doença transplante versus hospedeiro , esplenomegalia. b) Pacientes adultos portadores de tumores sólidos Indicação quando se tem risco de sangramento ao serem submetidos à quimioterapia e/ou à radioterapia, sendo indicado transfusão de CP se contagens inferiores a 20.000/μL. c) Pacientes Cardíacos Freqüentemente, em pacientes submetidos a procedimentos cardíacos cirúrgicos, com utilização de circulação extracorpórea por tempos superiores a 90-120min, a função plaquetária pode estar comprometida, por mecanismos associados à ativação plaquetária, desencadeando sangramento difuso intra-operatório. Nesta situação, mesmo com contagens superiores a 50.000/μL, está indicada a transfusão de CPs. d) Transfusão maciça Quando ocorre uma perda aguda de sangue e o paciente será submetido a uma transfusão maciça é esperado encontrar uma contagem de plaquetas inferior a 50.000/μL se aproximadamente duas volemias sanguíneas forem trocadas do paciente. Nesta situação, recomenda-se a transfusão de CPs se a contagem for inferior a 50.000/μL e se inferior a 100.000/μL na presença de alterações graves da hemostasia, trauma múltiplo ou de sistema nervoso central. Figura 07 : Uso de Hemocomponentes em uma transfusão maciça Fonte: https://www.facebook.com/educasangue1/posts/721976858138860/ 31 3.0- Hemoderivados - Armazenamento e Terapêutica Médica Dentre os hemoderivados produzidos a partir da doação de sangue se destacam: a albumina, as imunoglobulinas, os complexos protrombínicos e os fatores de coagulação. O custo desses produtos são bastantes elevados, pois são de origem humana, e a quantidade de Plasma Humano para a produção de uma dose terapêutica é muito grande. Em relação a segurança no que se refere a transmissão de doenças infecto contagiosas é considerado um produto seguro pois apesar de ser produzidos a partir de plasma coletado de doadores de sangue o hemoderivado passa por processos de inativação viral e purificação além das técnicas de última geração de sorologia. No Brasil existe a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobras), é uma empresa estatal vinculada ao Ministério da Saúde, localizada no estado de Pernambuco, fundada em 2004. https://hemobras.gov.br/ https://hemobras.gov.br/nova-fabrica-da-hemobras-amplia-acesso- e-esperanca-por-mais-qualidade-de-vida/ https://hemobras.gov.br/ https://hemobras.gov.br/nova-fabrica-da-hemobras-amplia-acesso-e-esperanca-por-mais-qualidade-de-vida/ https://hemobras.gov.br/nova-fabrica-da-hemobras-amplia-acesso-e-esperanca-por-mais-qualidade-de-vida/ 32 3.1- Tipos de Hemoderivados 3.1.1- Imunoglobulinas As Imunoglobulinas são produzidas pelos plasmócitos, derivados dos linfócitos B, e são as responsáveis pela imunidade humoral. Quando encontra um antígeno invasor se liga ao mesmo a fim de elimina-lo. Em relação a utilização das imunoglobulinas temos as poliespecíficas, e as imunoespecíficas cada uma com uma finalidade terapêutica. As imunoglobulinas poliespecíficas podem ser utilizadas para controle imediato de doenças autoimunes em atividade, infecções bacterianas e virais. As imunoglobulinas específicas, por exemplo, a anti-D, que são utilizadas para uma situação específica a fim de evitar incompatibilidade materno fetal em mães RH negativos. A imunoglobulina Rh (RhIg) pode ser administrada por via intramuscular (IM) ou intravenosa (IV), evita o desenvolvimento de anticorpos Rh maternos. A dose padrão de RhIg IV (300 mcg) deve ser administrada a uma mãe Rh negativo imediatamente após abortamento ou parto (vivo ou natimorto), a menos que o recém-nascido seja Rho(D) negativo ou que o soro da mãe já contenha anti-Rho(D). Uma outra utilização da RhIg é para o tratamento da trombocitopenia imunitária. Outras imunoglobulinas estão disponíveis para profilaxia pós-exposição para pacientes expostos a várias doenças infecciosas, como infecção porcitomegalovírus, hepatites A e hepatites B, sarampo, raiva, vírus sincicial respiratório, rubéola, tétano, varíola e varicela. Figura 01: Frasco de Imunoglobulina Humana Fonte: w w w. panaromafarmacêutico.com.br 33 3.1.2- IMUNOGLOBULINAS ESPECÌFICAS PRODUTO INDICAÇÕES CLÍNICAS As imunoglobulinas específicas são definidas como aquelas que possuem altos títulos de anticorpos específicos , são produzidas a partir de plasma humano hiperimune, ou seja, com altos títulos de determinados anticorpos. Imunoglobulina anti-D Prevenção da Doença Hemolítica PeriNatal Imunoglobulina anti-CMV Prevenção e tratamento da Infecção por CMV Imunoglobulina anti-Hepatite B Prevenção da hepatite B Imunoglobulina anti-Pertussis Prevenção e tratamento da coqueluche Imunoglobulina anti-Tétano Prevenção e tratamento do tétano Imunoglobulina anti-raiva Prevenção da raiva Imunoglobulina anti-Varicela Zoster Prevenção do Herpes Zoster Imunoglobulina anti-hepatite A Prevenção da hepatite A 3.1.2 Albumina A albumina foi criada em 1940 como uma terapia de reposição de volume para perda de sangue, fluído em cirurgias ou situações de trauma. Atualmente, é utilizada em pacientes cirróticos, com doenças hepáticas e, principalmente, como solução de troca na plasmaférese terapêutica. Albumina humana é a principal proteína encontrada no plasma sanguineo , sua síntese ocorre no fígado, pelos hepatócitos. Exerce papel fundamental na manutenção da pressão osmótica, distribuindo os líquidos corporais nos espaços intra e extravascular. Figura 02 : Frascos de Albumina Humana 34 Fonte: https://www.octapharma.pt/produtos/produtos-visao-geral/cuidados-intensivos/albunorm 3.1.3 Fatores de coagulação Os concentrados de fatores de coagulação podem ser produzidos através do fracionamento do plasma humano provenientes da doação de sangue (produtos derivados de plasma humano) ou por meio de técnicas de engenharia genética (produtos recombinantes) Os fatores de coagulação derivados do plasma humano disponíveis no Brasil e acessíveis ao Sistema Único de Saúde são o Fator VIII, o Fator IX e o Complexo Protrombínico. Os concentradosrecombinantes são aqueles desenvolvidos por técnicas de engenharia genética, sendo altamente purificados. Por meio dessa metodologia para produção desses fatores é possível o desenvolvimento de produtos ainda mais elaborados, como fatores de longa duração na circulação e/ou mais potentes e/ou menos imunogênicos Fator VIII O Fator VIII plasmático é uma das proteínas essenciais do sistema de coagulação sanguínea quando não ocorre a sua síntese causa a hemofilia A, chamada de hemofilia clássica, doença genética ligada ao sexo. Deve ser conservado em refrigeração (2° a 8°C), podendo ser armazenado à temperatura ambiente (15° a 30°C),mas quando se armazena nessa temperatura a sua validade diminui devido a risco de contaminação. Figura 03 : Fator VII conservado em geladeira Fonte: https://infonet.com.br/noticias/saude/hemose-usuarios-com-hemofilia-recebem-medicacao/ Fator IX O fator IX é um produto liofilizado e estéril, produzido a partir do plasma fresco congelado. Deve ser conservado na geladeira emtemperatura entre 2 a 8°C. 35 O Fator IX é uma das principais proteínas do sistema de coagulação e encontra-se deficiente em pessoas com hemofilia B. O concentrado de fator IX é utilizado para o tratamento da hemofilia B e os concentrados de fator de Von Willebrand associados ao fator VIII para tratamento de portadores da doença de Von Willebrand, entre outros. Quando um concentrado de um conjunto de 3 a 4 fatores de coagulação,são produzidos eles são chamados concentrados de complexo de protrombina, a sua finalidade é ser alvo terapêutico nos casos de hemorragia dos hepatopatas e usuários de cumarínicos com sangramento. Figura: 04 Complexo de protrombina Fonte: https://www.google.com/search?q=complexo+de+protrombina&sca_esv=600400644&rlz=1C1CHZL_pt- BRBR1054BR1054&tbm=isch&sxsrf=ACQVn09Uj-7_YAyX_- s94bZ3Hm4jN5z0eQ:1705955252931&source=lnms&sa=X&sqi=2&ved=2ahUKEwiCy- nG6vGDAxVvCrkGHWDdAsUQ_AUoAXoECAIQAw&biw=1366&bih=607&dpr=1#imgrc=ftery0MsXGvLWM Outros hemoderivados, como alfa-1-antitripsina, antitrombina III e inibidor da esterase C1, são produtos menos comuns eles tratam doenças mais raras. O Complexo Protrombínico (CCP) é um derivado do plasma liofilizado e industrializado que contém os fatores II, VII, IX, X da coagulação. Deve ser conservado sob refrigeração (2° a 8°C) e deve ser mantido protegido da luz . O Complexo Protrombínico Parcialmente Ativado (CCPA), também conhecido como FEIBA®, é um hemoderivado de origem plasmática humana liofilizado e industrializado, que contém os fatores de coagulação II, VII, IX, X parcialmente ativados. 36 4.0 - Liberação da bolsa de sangue para transfusão . As bolsas de hemocomponentes estarão disponíveis para a transfusão após a finalização dos testes pré transfusionais. Para que ocorra um procedimento garantindo a segurança transfusional é necessário que se cumpra os requisitos abaixo relacionados. Identificação Deve estar afixado, a toda unidade a ser transfundida, um rótulo que indique o nome, o sobrenome, o leito e a identificação do local do receptor, a identificação numérica ou alfanumérica, o grupo ABO e o fator Rh (D) do receptor, o número de identificação da unidade, seu grupo ABO e o fator Rh (D), a conclusão da prova cruzada maior e a data do envio do hemocomponente para a transfusão e assinatura do responsável pelo procedimento. Inspeção do Sangue a Transfundir O aspecto do hemocomponente, bem como o seu rótulo devem ser avaliados antes da liberação para a transfusão. Nesta inspeção devem ser avaliadas a cor do sangue, a integridade do sistema, a presença de hemólise ou de coágulos e data de validade. Se houver anormalidades à inspeção, ou se o rótulo não contiver as informações necessárias, o hemocomponente não deverá ser liberado. Todos os itens acima deverão ser checados no documento: Check List Transfusional, antes da transfusão. Cartão Transfusional Todas as unidades de hemocomponentes deverão estar acompanhadas do Cartão Transfusional que devem conter informações ao transfusionista. • Identificar adequadamente o receptor. • Transfundir somente mediante prescrição médica. • Conferir os resultados dos exames que aparecem no rótulo. • Utilizar equipo de infusão específico para transfusão. • Não adicionar e nem infundir conjuntamente medicamentos, soluções não isotônicas. • Verificar e informar o serviço de hemoterapia sobre qualquer evento adverso imediato. 37 Figura 05: Unidade de Concentrado de Hemácias com Identificação do Receptor Fonte: Katia Cristina Donner São Félix Check List Transfusional O documento consta com a identificação do receptor , os dados da unidade a ser transfundida, bem como a dupla conferência a ser realizada pela equipe do banco de sangue e da enfermagem. Deverá constar os sinais vitais como: pressão arterial, pulso e temperatura no início da transfusão e no término. O chek list se encontra em duas vias de igual teor, onde uma via deverá ficar armazenada no prontuário do paciente e a outra via no banco de sangue. 38 Sorologia e outros diagnósticos O Laboratório de Sorologia é responsável pela triagem sorológica das amostras de doadores de sangue, esse laboratório pode fazer parte do mesmo serviço de hemoterapia ou convênio com outras instituições que realizam os testes sorológicos. O objetivo da sorologia é a detecção de doenças transmissíveis pelo sangue. Conforme a legislação vigente, os parâmetros testados são: Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV I/II); Vírus Linfotrópico Humano (HTLV I/II); Hepatite C (HCV); Hepatite B (Anti-HBc e HBsAg); Sífilis e Doença de Chagas. A sorologia de malária deve ser realizada somente em áreas endêmicas. “Os testes a serem utilizados para a triagem sorológica devem ter alta sensibilidade e uma boa especificidade” SENSIBILIDADE = um teste será mais sensível quando o número de resultados falso-negativos for menor. ESPECIFICIDADE = um teste será mais específico quando a sua capacidade de não produzir resultados falso- positivos for maior. São os testes para detecção de hepatite B: I - detecção do antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBV) - HBsAg; II - detecção de anticorpos contra o capsídeo do HBV - anti-HBc (IgG ou IgG + IgM); III - detecção de ácido nucleico (NAT) do HBV. § 7º São os testes para detecção de hepatite C: I - detecção do anticorpo contra o vírus da hepatite C (HCV) ou detecção combinada de anticorpo + antígeno do HCV; e II - detecção de ácido nucleico (NAT) do HCV 39 São os testes para detecção de HV I - detecção de anticorpo contra o HIV ou detecção combinada do anticorpo contra o HIV + antígeno p24 do HIV; II - detecção de ácido nucleico (NAT) do HIV. O teste incluirá, obrigatoriamente, a pesquisa de anticorpos contra os subtipos 1, 2 e O. São os testes para detecção de Chagas Detecção de anticorpo anti-T. cruzi por método de ensaio imunoenzimático (EIE) ou quimioluminescência (QLM). São os testes para detecção de Sifilis Testes não-treponêmicos: a) FTA-Abs b) EIA ou quimioluminescência Testes treponêmicos: a) FTA-Abs b) Teste não treponêmico VDRL, RPR Anvisa – Material Complementar https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd07_20.pdf Artigo cientifico https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531137923016590 40 Testes Diagnósticos para Banco de Sangue Após a aprovação na triagem clínica o doador irá para a sala de coleta do sangue, nos primeiros minutos da coleta é realizado a coleta dos exames sorológicos juntamente com a bolsa que será realizado a doação, a equipe do hemocentro retira cinco tubos de amostras para realizar exames de sorologia, Imunohematologia ( tipagem ABO/RH efenotipagem ) e NAT (Teste de Ácido Núcleico). Os testes de sorologia detectam risco para infecção por hepatite B e C, HIV, sífilis, chagas e HTLV. Definições: Soro: sobrenadante líquido do sangue, produzido após a centrifugação da amostra Sorologia: estudo do soro, com o objetivo de pesquisar os agente causadores de doenças transmitidas pelo sangue. NAT: consiste no exame de biologia molecular, para identificar o antígeno viral do HIV e das hepatites B e C. A coleta das amostras deverá ser colhida diretamente do doador e os laboratórios de triagem de doadores de sangue para infecções passíveis de transmissão sanguínea trabalharão com os tubos primários, colhidos diretamente do doador, até a fase de pipetagem das amostras nas placas ou nos tubos das estantes para a reação. 41 Figura 1- Coleta de exames sorológicos durante a doação Fonte: https://www.saogoncalo.rj.gov.br/sao-goncalo-reforca-importancia-da-doacao-de-sangue/ A triagem sorológica em doadores de sangue, apesar nos exames serem de última tecnologia e altamente sensíveis não possibilita segurança de 100 por cento quanto à possibilidade de transmissão de agentes infecto-contagiosos. Dentre as principais doenças transmitidas pelo sangue temos as doenças causadas por vírus como a hepatites B e C, e as retroviroses associadas ao HIV e HTLV, das doenças causadas por bactérias temos a sífilis cujo agente etiológico é o Treponema pallidum em relação aos doenças causadas por protozoários temos a Doença de Chagas, e a malária. Todas as patologias acima descritas devem ser pesquisadas nas doações de sangue. Fígura 2: Coleta de sangue com os tubos para os exames sorológicos Fonte: https://agenciapara.com.br/noticia/5381/rigor-na-coleta-do-sangue-aumenta-a-seguranca-transfusional 42 Legislação O Ministério da Saúde determina a realização de testes para sífilis, hepatite B e C, HIV, doença de Chagas, HTLV I/II e malária nas áreas endêmicas, em todas as unidades de sangue coletadas no Brasil. Testes Obrigatórios pela Legislação Hemoterapia Portaria 158/2016 Art. 130. É obrigatória a realização de exames laboratoriais de alta sensibilidade a cada doação, para detecção de marcadores para as seguintes infecções transmissíveis pelo sangue: - sífilis; - doença de Chagas; - hepatite B;- hepatite C;- HIV e - HTLV I/II. A amostra deve ser colhida no ato da doação. Os exames serão realizados em laboratórios específicos para triagem laboratorial de doadores de sangue, com conjuntos diagnósticos (kits) próprios para esta finalidade, registrados na ANVISA § 3º Fica vedada a realização de exames sorológicos em pool de amostras de sangue. 43 Figura 3: Kit de diagnóstico para sorologia Fonte: kit NAT HIV/HCV/HBV é produzido por Bio-Manguinhos/Fiocruz. Imagem: Bernardo Portella - Ascom / Bio-Manguinhos Testes para detecção de hepatite B I - detecção do antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBV) - HBsAg; II - detecção de anticorpos contra o capsídeo do HBV - anti-HBc (IgG ou IgG + IgM); III - detecção de ácido nucleico (NAT) do HBV. Testes para detecção de hepatite C I - detecção do anticorpo contra o vírus da hepatite C (HCV) ou detecção combinada de anticorpo + antígeno do HCV; II - detecção de ácido nucleico (NAT) do HCV 44 Testes para detecção de HIV I - detecção de anticorpo contra o HIV ou detecção combinada do anticorpo contra o HIV + antígeno p24 do HIV; II - detecção de ácido nucleico (NAT) do HIV. § 9º O teste de que trata o inciso I do § 8º incluirá, obrigatoriamente, a pesquisa de anticorpos contra os subtipos 1, 2 e O. Testes para doença de Chagas O teste será por meio da detecção de anticorpo anti-T. cruzi por método de ensaio imunoenzimático (EIE) ou quimioluminescência (QLM). Teste para sífilis Para a sífilis são realizados testes não treponêmicos para triagem, como o VDRL, e testes treponêmicos confirmatórios, como o imunoensaio de micropartículas por quimioluminescência (CMIA). Teste para HTLV 1 e 2 O diagnóstico da infecção pelo HTLV-I/II é feito com testes sorológicos que se baseiam na pesquisa de anticorpos contra antígenos do vírus presentes no soro do indivíduo . ADENDO: Art. 132. Nas regiões endêmicas de malária, com transmissão ativa, independente da incidência parasitária da doença, será realizado teste para detecção do plasmódio ou de antígenos plasmodiais. 45 Os estados são definidos através do IPA (Índice Parasitário anual de Malária Número de exames positivos de malária, por mil habitantes, em determinado espaço geográfico, no ano considerado. A periodicidade de atualizaçãodeverá ser anual. Figura 3: Plasmodium vivax Fonte: https://dive.sc.gov.br/index.php/malaria Os testes confirmatórios ou complementares são utilizados com a finalidade de elucidarem a positividade dos testes utilizados na triagem sorológica. Os critérios de escolha baseiam-se em testes de alta especificidade para elucidação dos casos inconclusivos e reagentes. Testes Complementares Chagas Imunofluorescência Tesa-Blot ou outra metodologia Testes Complementares Sífilis RPR, VDRL, FTA - ABS DPP, EIA Testes Complementares Hepatite C Anti-HCV Western-blot Anti-HCVImunoblot 46 NAT Testes Complementares HIV Imunoblot, Western blot ImunocromatográficoAnti-HTLV PCR Importante Quando os testes de triagem forem reagentes em um doador de sangue que em doações prévias apresentava sorologia não reagente (SOROCONVERSÃO), o serviço deve adotar procedimentos de retrovigilância, conforme regulamento técnico e demais normas definidas pela ANVISA. Plasmateca ou Soroteca Art. 140. Pelo menos durante os 6 (seis) próximos meses após a doação, será conservada (plasmateca ou soroteca) uma alíquota da amostra de plasma ou soro de cada doação de sangue em temperatura igual ou inferior a -20° C (vinte graus Celsius negativos). Anti-HIV 1,2 ͻ Imunoblot, Western blot ͻ ImunocromatográficoAnti-HTLV I/II ͻ Imunoblot, Western blot ͻ PCR 47 Figura 4: Estante para soroteca Fonte: https://www.bunzlsaude.com.br/rack-para-soroteca-seal-up-ii Registro dos Resultados Todos os resultados e os registros devem ser assinados pelo responsável que executou a técnica e arquivados por tempo indeterminado. Registrar o lote, o fabricante e a data de validade de cada kit diagnóstico utilizado. Importante o uso dos controles, de acordo com as instruções do fabricante 48 Outros sistemas de grupo sanguíneos importantes (Kell, Kidd, Duffy, Lewis, Diego, MNS). Introdução Atualmente são conhecidos 363 antígenos de grupos sanguíneos, os mesmo se enquadram nos 45 sistemas de grupos sanguíneos. Os principais sistemas sanguíneos classificados são: ABO, Rh, Kell, Duffy, Kidd, Lewis, P, MNS, Lutheran e Diego. Esses antígenos eritrocitários são expressos na membrana das hemácias podendo ser de natureza eritrocitéica, glicoprotéica ou glicolipídica. FIGURA 1. Principais estruturas dos Grupos Sanguíneos Fonte: https://www.facebook.com/educasangue1/photos/aten%C3%A7%C3%A3o-imuno-hematol%C3%B3gicos- nossa-fam%C3%ADlia-cresceu-agora-s%C3%A3o-363-ant%C3%ADgenos- eritro/889247794745098/?paipv=0&eav=AfbkJaeXIrd6tbKIOwCHYz327wdlt5Wn-Y1DtJNaKj4- LiHTtKII7f1dyAJdYLb29sw&_rdr 49 Com os estudos e as novas descobertas dos sistemas sanguíneospossibilitou uma transfusão de sangue mais seguras evitando os riscos de reações transfusionais hemolíticas e de incompatibilidade materno fetal. Esses antígenos foram classificados de acordo com suas funções biológicas: proteínas estruturais, transporte, receptores/moléculas de adesão, enzimática, complemento, proteínas regulatórias.FIGURA 2. Sistemas de Grupos Sanguíneos Identificação na ISBT e localização cromossômica Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Blood-group-systems_tbl1_270005501 Em relação a identificação desses antígenos temos as técnicas de imunohematológia podendo ser realizadas por técnicas de tubo e gel testes as consideradas mais simples porém eficientes e outras técnicas mais precisas como biologia molecular. Sistema de Grupos Sanguíneos Sistema Kell O sistema de grupo sanguíneo Kell é o terceiro mais polimórfico e sendo de maior relevância clínica, altamente imunogênico com grande capacidade de desencadear reações imunológicas . Altamente complexo tendo em vista que é composto por maisde 20 antígenos descritos . 50 FIGURA 3. Sistema Kell –Identificação na ISBT e freqüência antigênica Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Antigens-of-Kell-blood-group_tbl1_269996219 Os antígenos do sistema Kell são expressos principalmente na membrana das hemácias, mas também podem ser encontrados no cérebro, coração, órgãos linfóides, músculo esquelético, testículos, pâncreas e células progenitoras mieloides. Os anticorpos anti-K (anti-Kell), produzidos por indivíduos que não contêm o antígeno, pertencem à classe IgG (subclasse IgG1), reagem a 37ºC e fixam complemento. Esses anticorpos estão associados areações transfusionais graves e doença hemolítica Peri natal. No Brasil, a frequência fenotípica K+k+ encontrada para caucasianos (7,31%) e para negros (1,21%) foi semelhante à mencionada em norte-americanos. Sistema Duffy O sistema Duffy (Fy) foi descritoem 1950 devido à detecção de uma algutinina em um paciente hemofílico que havia recebia inúmeras transfusões sanguíneas, esse anticorpo foi denominado anti-FYa que corresponde á um anti-duffy. Dentre os antígenos do sistema, já foram descritos Fy3, Fy4, Fy5 e Fy6 devido à descoberta dos respectivos anticorpos. 51 FIGURA 4. Representação do Antígeno Duffy no eritrócito Fonte: https://www.genengnews.com/news/crispr-improves-red-blood-cell-transfusion-success/ Os antígenos que pertencem a este grupo sanguíneo não se restringem somente aos eritrócitos, podendo ser encontrados no rim, coração, músculo esquelético, cérebro, placenta, linfócitos, monócitos e plaquetas . O sistema Duffy apresenta uma grande importância tanto do mecanismo fisiológico como transfusional. Um dos aspectos interessantes dos antígenos Duffy é sua função de receptor de merozoítas de Plasmodiumvivax e de P. knowlesi, que são respectivamente os agentesetiológicos da malária, quando os fenótipos Fy não são expressos nos eritrócitos de indivíduos de variados caracteriza o fenótipo Fy (a-b-), essa expressão gênica é muito comum nos grupos étnicos africanos e seus descendentes . 52 FIGURA 5. Mutação Gênica da proteína que codifica o Sistema Duffy e representação do eritrócito Fonte: https://www.chegg.com/homework-help/questions-and-answers/predicted-function-duffy-gene-cell- adhesion-molecule-rna-poly Com esse fenótipo confere resistência natural contra a infecção de P. vivax, em um estudo realizado por MATTOS 2005 , o sistema Duffy como fator de suscetibilidade e resistência à malária também foi recentemente avaliado na Amazônia brasileira sugerindo os mesmos resultados dos estudos aplicados em outros países. Os soros anti-Fya e anti-Fyb permitem a definição de três fenótipos maiores dentro da população caucasiana: Fy(a+b-), Fy (a-b+) e Fy (a+b+). Quando não se apresenta os antígenos Fya e Fyb nos eritrócitos define então um quarto fenótipo Fy (a-b-). Na prática transfusional o anti-Fya é mais frequentemente produzido a partir de sensibilização por transfusão sanguínea do que por gestação, esses anticorpo é detectado através dos testes prétransfusionais . O anti-Fyb é menos comum q o anti-Fya e geralmente é encontrado em associação com outros anticorpos. Sistema Kidd Os antígenos do Sistema Kidd foram descobertos em 1951, os mesmos não haviam sido descritos até umcaso de uma paciente que desenvolveu anticorpos, durante sua gestação, após o nascimento do recém- nascido desenvolveu a DHPN, o antígeno foi denominado de JK. 53 Dois anos após, em 1953, foi identificado o anticorpo anti-Jkb , em uma paciente que desenvolveu reação hemolítica pós-transfusional, além desse novo anticorpo havia sido identificado o JKA . Para o sistema Kidd são evidenciados dois antígenos o Jka e JKb , que podem formar três fenótipos possíveis detectáveis na maioria das populações JK(a+b-), JK(a-b+) e JK(a+b+) Encontramos um terceiro alelo silencioso extremamente raro o qual em condição silenciosa produz um quarto fenótipo nulo JK(a-b-), esse fenótipo está associado em populações de ascendência chinesa, espanhola, filipina e hawaiana. Esses indivíduos JK(a-b-), ou seja portadores do fenótipo Jk-null, podem desenvolver aloimunização através de uma transfusão de sangue ou gestação. FIGURA 6. Representação da combinação do fenótipo Kidd A e Kidd B Fonte:https://www.bbguy.org/education/glossary/gld15/ Sistema Lewis O sistema de grupos sangüíneos Lewis caracteriza-se pela expressão de dois antígenos glicolipídicos Lea e Leb, os genes envolvidos são FUT3 e FUT2 . Os antígenos Lewis não são especificamente eritrocitários, podendo ser encontrados no epitélio intestinal e liberados como antígenos solúveis no plasma e em outros fluídos. Os antígenos Lewis são expressos em vários tecidos humanos, incluindo células da mucosa da superfície gástrica. Alguns estudos abordam a complexidade do sistema Lewis e sua associação com doenças, tais como câncer gástrico e intestinal, infecções do trato urinário e anemia hemolítica auto-imune. Os anticorpos anti-Lewis a são sempre anticorpos naturais e irregulares, são de classe IgM e como não atravessam a barreira placentária não causa a doença hemolítica do recém-nascido.. 54 Os primeiros casos relatados de anti-Lewis (anti-Lea ) foram descritos por Mourant em 1946 Posteriormente, em 1948, Andersen identificou um outro anticorpo chamado de anti-Leb. O sistema Lewis raramente está relacionado a casos de reação hemolítica transfusional, sendo mais frequente em Lea que em Leb o fato se deve por que a maioria dos anticorpos Lewis não são ativas a 37ºC. FIGURA 7. Expressão Genotípica e Fenotípica do Sistema Lewis e a presença ou ausência do fenótipo secretor. Fonte: https://thebiomedicalscientist.net/science/lewis-blood-group-system-and-secretor-status Sistema Diego O Sistema Diego foi descoberto em 1955pelo cientista Layrisse e colaboradores, recebeu essa denominação devido ao caso da paciente, Sra. Diego, que deu a luz a uma criança com DHPN, em sua amostra sanguínea foi encontrado um anticorpo que (posteriormente foi denominado anti-Diego) , essa anticorpo atravessou a barreira placentária provocando uma hemólise no sangue do neonato. O sistema Diego é composto por 21 antígenos e expressos através de dois pares de antígenos independentes, Dia e Dib , Wra e WRb. https://thebiomedicalscientist.net/science/lewis-blood-group-system-and-secretor-status 55 Em relação aos anticorpos o Anti-Dia e anti-Dib estão mais relacionados à DHPN que em reações transfusionais, isso de deve ao fato de se fazer uma triagem de anticorpos realizada antes das transfusões sanguíneas . Através de diversos estudos concluiu seo antígeno Dia é marcador antropológico das raças asiática e indígena, o antígeno Diegoª (Diª) é conhecido como um antígeno de baixa incidência (0,01%) entre caucasianos, entretanto apresenta-se com incidência maior entre índios americanos (36%) e em populações asiático-mongolóides: chinês (5%), japonês (12%) e coreano. Recentemente em um estudo brasileiro , foi descrita uma prevalência de 75,7% na tribo indígena Parakanãmuito comum em Tocantis. FIGURA 8. Antígenos do sistema de grupo sanguíneo Diego. Representação esquemática do domínio de membrana. Fonte https://www.researchgate.net/figure/Antigens-of-the-Diego-blood-group-system-Schematic-representation- of-the-membrane-domain_fig1_13441307 Sistema MNS O sistema MNS foi o segundo grupo sanguíneo a ser descoberto por Landsteiner e Levine, eles o descobriram através da imunização de células vermelhas em coelhos. Os antígenos M e N foram os primeiros a serem identificados, posteriormente os antígenos S e s . 56 Os antígenos do sistema MNS são importantes na prática clínica por serem capazes de provocar reações transfusionais e doença hemolítica perinatal . Atualmente são conhecidos 46 antigenos pertencentes a este grupo sanguíneo, a maioria sem relevância clinica na prática transfusional. Os anticorpos para o antigénio M e N pertencem à classe IgM são naturais, reagem a frio e raramente causam hemólise. Quando tratamos dos anticorpos do sistemaS e s os anticorpos são imunes (surgem após exposição ao antigeno), pertencem à classe IgG reagindo á 37°C e por isso são classificados como clinicamente significativos. Os genótipos possíveis são MM (pertencendo ao grupo M), NN (pertencendo ao grupo N) ou MN (pertencendo ao grupo MN). Quando o indivíduo apresenta o fenótipo MN, como o AB do sistema ABO, tem os dois tipos de genes envolvido na transmissão dos genes. FIGURA 9. Frequência populacional do fenótipo do sistema sanguíneo MNS Fonte: https://www.dovepress.com/frequencies-of-mns-blood-group-antigens-and-phenotypes-in-southwestern- peer-reviewed-fulltext-article-IJGM #ISSO ESTÁ NA REDE# https://oglobo.globo.com/saude/medicina/noticia/2022/10/cientistas-descobrem-novo-grupo-sanguineo- que-era-um-misterio-ha-4-decadas.ghtml https://www.dovepress.com/frequencies-of-mns-blood-group-antigens-and-phenotypes-in-southwestern-peer-reviewed-fulltext-article-IJGM https://www.dovepress.com/frequencies-of-mns-blood-group-antigens-and-phenotypes-in-southwestern-peer-reviewed-fulltext-article-IJGM 57 Reações Transfusionais As reações transfusionais são eventos adversos associados à transfusão de sangue total ou de um de seus componentes. Sua gravidade varia de leve a potencialmente fatal e podem ocorrer durante uma transfusão, denominadas reações transfusionais agudas, ou dias a semanas depois, denominadas reações transfusionais tardias. 1.0- REAÇÕES TRANSFUSIONAIS IMEDIATAS E TARDIAS Conforme a RDC nº 529, de 1º de abril de 2013, todo serviço de hemoterapia deve ter um sistema para a detecção, notificação e avaliação das complicações transfusionais que inclua procedimentos operacionais para detecção, tratamento e a prevenção das reações transfusionais. 1.1- Complicações imediatas Em caso de reações imediatas do tipo febril ou hemolítica, que são as que ocorrem até 24 horas depois de iniciada a transfusão, as principais medidas a seremtomadas são: Exames dos rótulos das bolsas e de todos os registros atinentes, para verificar se houve algum erro na identificação do paciente ou das bolsas transfundidas. Coleta de novas amostras de sangue do receptor, com e sem anticoagulante. Tais amostras, apropriadamente rotuladas, devem ser rapidamente remetidas ao serviço de hemoterapia, junto com a bolsa que estava sendo transfundida, ainda que esta já esteja vazia. Toda unidade envolvida em uma reação transfusional deve ser descartada para uso transfusional. As provas pré-transfusionais devem ser repetidas com as amostras pré e pós-transfusionais. 58 1.1.1 Exames a ser realizados após as reações Nas amostras pós-transfusionais do receptor, devem ser realizados os testes abaixo listados, cujos resultados devem ser comparados com os obtidos anteriormente, usando a amostra pré-transfusional do paciente: Inspeção visual do soro ou plasma para detectar hemólise. Determinação do grupo ABO e fator Rh (D). Prova antiglobulina direta. Prova cruzada maior com o resíduo da unidade. Pesquisa de anticorpos irregulares, utilizando técnicas que aumentem a sensibilidade do método. Cultura para bactérias da bolsa e do paciente. Todas as informações relativas à reação devem ser registradas no prontuário do paciente. Proceder ao preenchimento do relatório de reação transfusional. Notificar o eventos adverso no sistema NOTIVISA. Notificar à gerência de risco e ao sistema SIS Hemo. As reações são notificadas no Evento Sentinela e na Comissão de Segurança do Paciente. 1.1.2- Conduta técnica laboratorial de reação transfusional Parar imediatamente a transfusão. Conferir os dados na bolsa de sangue com os dados do paciente. Acionar o médico para conduta médica. Comunicar medico hemoterapeuta Febre acima de 38º com elevação superior a 1 grau, solicitar cultura no próprio hospital Cultura realizada em duplicidade. Em caso de febre maior que 38º com elevação de dois graus, comunicar a Fundação Pro Sangue Bolsa envolvida na reação devera ser enviada rapidamente a Fundação. Realizar cultura microbiológica do paciente se caso suspeita de contaminação microbiana. 59 Armazenar uma contra prova do segmento da bolsa enviada para cultura até o fechamento do relatório da reação. Realizar a anotação no prontuário, na ficha de receptor e no pedido medico do paciente. Colher nova amostra e identificar pós reação. Realizar os exames imunohematológicos novamente. No caso de reações transfusionais alérgicas leves interromper imediatamente a transfusão e descartar a bolsa de hemocomponentes envolvidas na reação. Não reinfundir. 2.0- Evento Adversos no Ciclo do Sangue Os eventos adversos do ciclo do sangue segundo o manual da Hemovigilância são: Incidente – os incidentes transfusionais estão no escopo dos eventos adversos do ciclo do sangue, descobertos durante ou após a transfusão ou a doação. Compreendem, assim, os desvios dos procedimentos operacionais ou das políticas de segurança do indivíduo no estabelecimento de saúde, levando a transfusões ou doações inadequadas que podem ou não levar a reações adversas. No caso da transfusão, ocorre quando um indivíduo recebe um componente sanguíneo que não preenche todos os requisitos para uma transfusão que lhe seja adequada ou que a transfusão tenha sido prescrita para outra pessoa. Portanto, os incidentes podem ser classificados em dois tipos: os que levaram a reações adversas e os que não as provocaram. Quase-erro – é o desvio de um procedimento padrão ou de uma política detectado antes do início da transfusão ou da doação, que poderia ter resultado em uma transfusão errada, em uma reação transfusional ou em uma reação à doação. Reações à doação e à transfusão – são danos, em graus variados, que atingem os sujeitos dessas ações. Podem ou não resultar de um incidente do ciclo do sangue. 3.0- Fluxos de registro, investigação, comunicação e notificação dos eventos adversos Todos os eventos adversos do ciclo do sangue devem ser registrados e investigados no serviço de hemoterapia ou no serviço de saúde onde ocorreram e colocados à disposição da autoridade sanitária competente. Os eventos adversos graves deverão ser comunicados dentro das primeiras 72 horas ao serviço de hemoterapia produtor do hemocomponente. 60 Os incidentes que provocaram reação adversa serão notificados no sistema informatizado da vigilância sanitária, o serviço produtor do hemocomponente deverá também ser comunicado para a tomada de ações corretivas ou preventivas adequadas a cada caso. Os incidentes graves que não provocaram reação adversa serão notificados no sistema informatizado da vigilância sanitária, em ficha específica construída e divulgada pelo SNVS. 4.0- Notificação dos quase-erros Os quase-errosgraves, ou seja, aqueles com caráter repetitivo, inusitado ou para os quais já haviam sido promovidas ações preventivas e corretivas, serão notificados no sistema informatizado da vigilância sanitária, em ficha específica construída e divulgada pelo SNVS. O serviço de hemoterapia produtor será também comunicado para a revisão ou tomada de ações corretivas ou preventivas adequadas a cada caso. 5.0- HEMOVIGILÂNCIA DO RECEPTOR DE TRANSFUSÃO A transfusão sanguínea pode levar a reações adversas. A reação transfusional pode ser definida como um efeito ou resposta indesejável observado em uma pessoa, associado temporalmente com a administração de sangue ou hemocomponente. Pode ser o resultado de um incidente do ciclo do sangue ou da interação entre um receptor e o sangue ou hemocomponente, um produto biologicamente ativo. A reação transfusional pode ser classificada quanto: 1. Ao tempo de aparecimento do quadro clínico e/ou laboratorial; 2. À gravidade; 3. Na correlação com a transfusão; 4. Ao diagnóstico da reação. 5.1. Classificação quanto ao tempo do aparecimento do quadro clínico e/ou laboratorial Classificação Definição Imediata - Ocorrência da RT durante a transfusão ou até 24 horas após o seu início. Tardia - Ocorrência da RT após 24 horas do início da transfusão. 61 5.2. Classificação quanto à gravidade da reação transfusional Grau 1 – Leve Ausência de risco à vida. Poderá ser requerida intervenção médica, mas a falta desta não resulta em danos permanentes ou em comprometimento de um órgão ou função. Grau 2 – Moderado Morbidade a longo prazo. Em consequência da reação transfusional houve: Necessidade de hospitalização ou prolongamento desta e/ou Deficiência ou incapacidade persistente ou significativa ou Necessidade de intervenção médica ou cirúrgica para evitar danos permanentes ou comprometimento de um órgão ou função. Grau 3 – Grave Ameaça imediata à vida, em consequência da reação transfusional, sem óbito atribuído à transfusão. Intervenção médica exigida para evitar a morte. Grau 4 – Óbito atribuído à transfusão. 5.3- Classificação das reações transfusionais quanto ao diagnóstico da reação. Segundo Manual da ANVISA: 1. Reação febril não hemolítica – RFNH 2. Reação alérgica – ALG 3. Reação por contaminação bacteriana – CB 4. Transmissão de doença infecciosa – DT 5. Reação hemolítica aguda imunológica – RHAI 6. Lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão – TRALI 7. Reação hemolítica aguda não imune – RHANI 8. Reação hipotensiva relacionada à transfusão –HIPOT 9. Sobrecarga circulatória associada à transfusão –SC/TACO 10. Dispneia associada à transfusão – DAT 62 11. Doença do enxerto contra o hospedeiro póstransfusional– DECH(GVHD) 12. Reação hemolítica tardia – RHT 13. Aloimunização/Aparecimento de anticorposirregulares – ALO/PAI 14. Púrpura pós-transfusional – PPT 15. Dor aguda relacionada à transfusão – DA 16. Hemossiderose com comprometimento deórgãos – HEMOS 17. Distúrbios metabólicos – DM 18. Outras reações imediatas – OI 19. Outras reações tardias – OT Reação febril não hemolítica – RFNH Presença de febre (temperatura ≥38ºC) com aumento de pelo menos 1°C emrelação ao valor pré- transfusional; E/OU tremores e calafrios, durante a transfusão ou até quatro horas após e ausência de outras causas tais como contaminação bacteriana, reação hemolítica ou outra condição subjacente.Podem ocorrer náuseas, vômitos e cefaleia. Os sintomas podem ceder espontaneamente. Reação alérgica – ALG Consiste no aparecimento de reação de hipersensibilidade (alergia) durante a transfusão ou até quatro horas após. O caso confirmado deve apresentar dois ou mais dos seguintes sinais e sintomas: Pápulas; Prurido; Urticária; Edema labial, de língua e de úvula ou periorbital/conjuntival; Tosse, rouquidão. 63 Na reação anafilática – caso grave da reação alérgica –, os sinais e sintomas ocorrem rapidamente, em poucos segundos ou minutos após o inícioda transfusão. Observam-se, obrigatoriamente, distúrbios respiratórios e os sintomas abaixo: Edema de laringe; Cianose; Insuficiência respiratória; Broncoespasmo; Estridor respiratório. Podem ocorrer também: ansiedade, taquicardia, perda da consciência, hipotensão arterial e choque. Reação por contaminação bacteriana – CB Definida como a presença de microrganismo no hemocomponente transfundido ou em outro hemocomponente proveniente da mesma doação (co-componente); E presença do mesmo microrganismo no sangue do receptor, ainda que sem sintomatologia clínica; E/OU presença de febre (temperatura ≥38°C) com aumento de pelo menos 2°C em relação ao valor pré-transfusional durante a transfusão ou até 24 horas após, sem evidência de infecção prévia.É comum a ocorrência de alguns dos seguintes sinais e sintomas: Tremores; Calafrios; Hipotensão arterial; Taquicardia; Dispneia; Náusea, vômitos; Choque. 64 Transmissão de outras doenças infecciosas – DT Ocorre caso o receptor apresente infecção pós-transfusional (vírus, parasitas ou outros agentes infecciosos, exceto bactérias), sem evidência da existência dessa infecção antes da transfusão; E ausência de uma fonte alternativa da infecção; E doador de hemocomponente transfundido no receptor apresenta evidência da mesma infecção; OU hemocomponente transfundido no receptor apresenta evidências do mesmo agente infeccioso. Reação hemolítica aguda imunológica – RHAI Reação caracterizada por uma rápida destruição de eritrócitos durante a transfusão ou até 24 horas após, por incompatibilidade ABO ou de outro sistema eritrocitário. Presença de qualquer um dos seguintes sinais esintomas: Ansiedade; Agitação; Sensação de morte iminente; Tremores/calafrios; Rubor facial; Febre; Dor no local da venopunção; Dor abdominal, lombar e em flancos; Hipotensão arterial; Epistaxe; Oligúria/anúria, insuficiência renal; Hemoglobinúria; Coagulação intravascular disseminada(CIVD); Sangramento no local da venopunção, choque; Teste de hemólise positivo na amostra do paciente; E dois ou mais dos seguintes resultados: Teste de antiglobulina direto positivo paraanti-IgG ou anti-C3; Teste de eluição positivo; Lactato desidrogenase elevada; 65 Bilirrubina indireta elevada; Queda de hemoglobina e hematócrito; Haptoglobina baixa; Hemoglobinúria; Fibrinogênio baixo ou hemoglobina livre aumentada. Lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão – TRALI È uma síndrome que se caracteriza por desconforto respiratório agudo que ocorre durante a transfusão ou até seis horas após sua realização, sem evidência anterior de lesão pulmonar; Exame de imagem de tórax apresentando infiltrado pulmonar bilateral sem evidência de sobrecarga circulatória; hipoxemia com saturação de oxigênio < 90% em ar ambiente e/ou Pa02 / Fi02 < 300 mmHg. Pode apresentar dispneia, febre, taquicardia,hipertensão/hipotensão arterial e cianose. Reação hemolítica aguda não imune – RHANI O quadro apresenta um quadro de hemólise, durante a transfusão ou até 24 horas após, com ou semsintomas clínicos significativos, sem evidência de causa imunológica; presença de hemoglobina livre no plasma (hemoglobinemia) e/ou na urina (hemoglobinúria). Dispneia associada à transfusão – DAT Definida como um desconforto respiratório agudo dentro das primeiras 24 horas da transfusão, que não preencha os critérios de TRALI, sobrecarga circulatória associada à transfusão e reação alérgica. O desconforto respiratório é o sintoma clínico mais proeminente; E não pode ser explicada pelo quadro de base do paciente ou por outra causa. 66 Reação hemolítica tardia – RHT Considerado uma reação tardia, o quadro está relacionado ao desenvolvimentode anticorpos contra antígeno(s) eritrocitário(s) após a transfusão. Os sinais clínicos de hemólise geralmente estão presentes entre 24 horas e 28 dias após a transfusão. O paciente pode ser assintomático, com sinais clínicos discretos e, muitas vezes, imperceptíveis. O quadro clínico clássico, porém, é composto por febre, icterícia e anemia, podendo apresentar outros sintomas semelhantes aos da reação hemolítica aguda imunológica; E teste direto de antiglobulina positivo; E teste de eluição positivo ou aloanticorpo eritrocitário recém-identificado no soro do receptor; E aumento insuficiente do nível de hemoglobina pós-transfusional ou queda rápida da hemoglobina para os níveis anteriores à transfusão ou aparecimento inexplicável de esferócitos. Aloimunização/aparecimento de anticorpos irregulares – ALO/PAI positivo Consiste no aparecimento de um novo anticorpo, clinicamente significativo, contra antígenos eritrocitários detectados pelo teste de antiglobulina direta (TAD) positivo ou triagem de anticorpos irregulares; E ausência de sinais clínicos ou laboratoriais de hemólise. Púrpura pós-transfusional – PPT È caracterizada por um episódio de trombocitopenia (queda da contagem de plaquetas para níveis inferiores a 20% da contagem pré-transfusional) que ocorre de 5 a 12 dias após a transfusão de sangue; E presença de anticorpo antiplaquetário no receptor. Pode ser assintomático, autolimitado, mas também cursar com sangramento cutâneo-mucoso, gastrointestinal, gênito-urinário e do sistema nervoso central. 67 Dor aguda relacionada à transfusão – DA Definição de caso: dor aguda, de curta duração (até 30 minutos principalmente na região lombar, torácica e membros superiores, durante a transfusão ou até 24 horas após, sem outra explicação. É comum a ocorrência de alguns dos seguintes sinais e sintomas: hipertensão arterial, inquietação, vermelhidão na pele, calafrios, taquipneia, dispneia e taquicardia. A dor apresentada nessa reação é mais intensa comparada à dor de outras reações. Hemossiderose com comprometimento de órgãos – HEMOS Nessa reação ocorre um aumento do nível de ferritina sanguínea superior ou igual a 1.000 microgramas/l no contexto de transfusões repetidas de concentrados de hemácias; disfunção orgânica. Outras reações transfusionais imediatas – OI Definição de caso: quadro clínico/laboratorial com aparecimento durante a transfusão ou em até 24 horas, que após a investigação não pôde ser classificado em nenhuma das reações transfusionais descritas, tendo sido excluídas outras causas não relacionadas à transfusão. 68 6.0 Detecção, tratamento e a prevenção das reações transfusionais Reação febril não hemolítica – RFNH Detecção : Presença de febre (temperatura ≥38ºC) com aumento de pelo menos 1°C em relação ao valor pré-transfusional, e ou tremores e calafrios, durante a transfusão ou até quatro após. Podem ocorrer náuseas, vômitos e cefaleia. Prevenção: Pré medicação antes da transfusão e utilização de filtros de remoção de leucócitos após dois ou mais episódios de reações febril. Reação alérgica – ALG Detecção: O paciente deve apresentar dois ou mais dos seguintes sintomas: Pápulas; Prurido; Urticária; Edema labial, de língua e de úvula ou periorbital/conjuntival; Tosse, rouquidão. Na reação anafilática – caso grave da reação alérgica –, os sinais e sintomas ocorrem rapidamente, em poucos segundos ou minutos após o início da transfusão. Observam-se, obrigatoriamente, distúrbios respiratórios e os sintomas abaixo: Edema de laringe; Cianose; Insuficiência respiratória; 69 Prevenção: Medicação pré-transfusional e após dois episódios de reação alérgica utilizar concentrado de hemácias lavadas. Reação por contaminação bacteriana – CB Detecção:presença do microrganismo no hemocomponente transfundido ou em outro hemocomponente proveniente da mesma doação. Presença de febre (temperatura ≥38°C) com aumento de pelo menos 2°C em relação ao valor pré-transfusional durante a transfusão ou até 24 horas após. Tremores; Calafrios; Hipotensão arterial; Taquicardia; Dispneia; Náusea, vômitos; Choque. Prevenção: Controle rígido dos doadores, realizar controle de qualidade cultura mensalmente, inspeção visual dos hemocomponentes antes da transfusão, cuidados no ato transfusional. Reação hemolítica aguda imunológica – RHAI Detecção: Incompatibilidade ABO ou de outro sistema eritrocitário. Ansiedade; Agitação; Sensação de morte iminente; Tremores/calafrios; Rubor facial; Febre; 70 Dor no local da venopunção; Dor abdominal, lombar e em flancos; Hipotensão arterial; Epistaxe; Oligúria/anúria, insuficiência renal; Hemoglobinúria; Coagulação intravascular disseminada(CIVD); Sangramento no local da venopunção, choque; E teste de hemólise positivo na amostra do paciente; E dois ou mais dos seguintes resultados: Teste de antiglobulina direto positivo para Anti-IgG ou anti-C3; Teste de eluição positivo; Lactato desidrogenase elevada; Bilirrubina indireta elevada; Queda de hemoglobina e hematócrito; Haptoglobina baixa; Hemoglobinúria; Fibrinogênio baixo ou hemoglobina livre aumentada. Prevenção: Dupla checagem, acompanhamento nos primeiros dez minutos, e durante toda a transfusão, educação continuada, monitorização sinais vitais. Lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão – TRALI Detecção:síndrome que se caracteriza por desconforto respiratório agudo que ocorre durante a transfusão ou até seis horas após. Exame de imagem de tórax apresentando infiltrado pulmonar bilateral;hipoxemia com saturação de oxigênio < 90% em ar ambiente e/ou Pa02 / Fi02 < 300 mmHg. Pode apresentar dispneia, febre, taquicardia, hipertensão/hipotensão arterial e cianose 71 Prevenção: Exclusão de doadores cujo sangue esteja envolvido em casos de TRALI, doadoras multíparas. Reação hemolítica aguda não imune – RHANI Detecção: caracteriza-se por hemólise, durante a transfusão ou até 24 horas após presença de hemoglobinemia e/ou na urina (hemoglobinúria). Prevenção: Protocolo de Transfusão Sanguínea com Educação Continuada. Reação hipotensiva relacionada à transfusão – HIPOT Detecção: Ocorrida durante ou após o termino da transfusão. Queda de 10 mmHg na pressão arterial sistólica e diastólica.Ansiedade, mal estar e sudorese Prevenção: Evitar uso de filtros de remoção de leucócitos para pacientes com histórico de reação hipotensiva. Dispneia associada à transfusão – DAT Detecção: Caracterizada por desconforto respiratório agudo dentro das primeiras 24 horas da transfusão O desconforto respiratório é o sintoma clínico mais proeminente Prevenção: Acompanhamento durante o ato transfusional. Reação hemolítica tardia – RHT Doença do enxerto contra o hospedeiro pós-transfusional (Graft versus host disease) – (DECH/GVHD) 72 Detecção: E uma síndrome clínica que ocorre entre dois dias a seis semanas após a infusão de hemocomponente. Febre; Diarreia; Eritema com erupção máculo-papular central que se espalha para as extremidades e pode, em casos graves, progredir para eritrodermia generalizada e formação de bolhas hemorrágicas; Hepatomegalia; Alteração de função hepática Pancitopenia; Aplasia de medula óssea; Prevenção: Indicação de hemocomponentes Irradiados para pacientes com doenças hematológicas, recém-nascidos de baixo peso, exsanguíneo transfusão. Dor aguda relacionada à transfusão – DA Detecção:Dor aguda, de curta duração (até 30 minutos principalmente na região lombar, torácica e membros superiores, durante a transfusão ou até 24 horas após, Hipertensão arterial, inquietação, vermelhidão na pele, calafrios,taquipneia, dispneia e taquicardia. Prevenção: Acompanhamento do ato transfusional. Aloimunização/aparecimento de anticorpos irregulares – ALO/PAI positivo Detecção: Aparecimento no receptor de novo anticorpo, clinicamente significativo, contra antígenos eritrocitários detectados pelo teste de antiglobulina direta (TAD) positivo ou triagem de anticorpos irregulares; 73 Prevenção: Em indivíduos de doença hematologica ou de outra doença crônica onde a terapia trasfusional devera ser aplicada, utilização de hemácias fenotipadas para sistema RH, Kell, para evitar aloimunizacao. Púrpura pós-transfusional – PPT Detecção: Trombocitopenia (queda da contagem de plaquetas para níveis inferiores a 20% da contagem pré-transfusional) que ocorre de 5 a 12 dias após a transfusão de sangue;mas também cursar com sangramento cutâneo-mucoso, gastrointestinal, gênito-urinário e do sistema nervoso central. Prevenção: Transfusão e sangue negativo para o antigeno envolvido e uso de sangue filtrado ou lavado. 74 RETROVIGILÂNCIA Compreende-se retrovigilância como parte da hemovigilância que trata da investigação retrospectiva relacionada à rastreabilidade das bolsas de doações anteriores de um doador que apresentou viragem de um marcador/soroconversão ou relacionada a um receptor de sangue que veio a apresentar marcador positivo para uma doença transmissível. Este termo também é aplicável em casos de detecção de positividade em análises microbiológicas de componentes sanguíneos e investigação de quadros infecciosos bacterianos em receptores, sem manifestação imediata, mas potencialmente imputados à transfusão. https://www.scielo.br/j/reeusp/a/RggzQ3QnFrZNrtM7FWLGksP/?lang=pt https://rbsp.sesab.ba.gov.br/index.php/rbsp/article/view/74 https://www.scielo.br/j/reeusp/a/RggzQ3QnFrZNrtM7FWLGksP/?lang=pt https://rbsp.sesab.ba.gov.br/index.php/rbsp/article/view/74 75 Sistema ABO, Bombay e discrepância ABO. Sistema Rh (D, D fraco e D parcial) e sua importância transfusional. 1.0- Sistema ABO O Sistema ABO, foi o primeiro dos grupos sanguíneos descobertos por volta de 1900, 1901 , esse grande avanço na medicina foi realizado pelo cientista austríaco Karl Landsteiner. Durante uma de suas experiências ele misturou seu sangue com os demais indivíduos que com ele estava fazendo diversas combinações e verificou que algumas amostras de sangue aglutinavam e outros nada acontecia. Com essa descoberta Landsteiner classificou o sangue em três grupos sanguíneos: A, B e O, e com base nessa descoberta conseguiu explicar por que algumas transfusões não eram bem suscedidas muitas vezes ocasionando o óbitos nos indivíduos que recebiam as transfusões. Figura 1- Karl Landsteiner Fonte: https://www.thoughtco.com/karl-landsteiner-4584823 76 Em 1902 dois colaboradores do Landsteiner os cientistas s von Decastello e Sturli encontraram e descreveram o grupo AB. Em 1930 Landsteiner ganhou o Prêmio Nobel. Os antígenos que codificam o sistema ABO são os antígenos A e B , o grupo O não possui antígenos do Sistema ABO. Figura 2: Antigenos e Anticorpos e combinação gênica do Sistema ABO Fonte: https://www.mun.ca/biology/scarr/ABO_bloodgroup_transfusions.html 2.0- Genética do Sistema ABO Para codificar os antígenos do sistema ABO e também para o a detrminação do grupo “O” é necessário uma substância precurssora para a constituição dos grupos sanguíneos , essa substância é denominada "Antígeno H". 77 Figura 3: Grupos sanguíneos ABO em nível molecular Fonte: https://elentra.healthsci.queensu.ca/assets/modules/clerk_bloodtrans_draft/abo.html Os genes H (dominante) e h (recessivo) condicionam a presença de uma substância precursora, denominada antígeno H. Esta substância é constituída na seguinte sequência de carboidratos: N-acetilgalactosamina, D-galactose, N-acetilglicosamina, D- galactose. Raros indivíduos (1:1.000 na população hindu) não apresentam este antígeno, e sim o seu recessivo "Antígeno h", abordaremos o assunto logo ainda nesse capítulo. 78 A determinação antigênica do sistema ABO, são necessários dois pares de alelos. Figura 4: Alelos e Antígenos eritrocitários Fonte: https://slideplayer.com/slide/7604496/ Os genes A e B (codominantes) condicionam a produção dos antígenos A e B pela adição de carboidratos ao antígeno H. Sua ausência (gene recessivo O) condiciona a não adição de carboidratos a esta substância base. Indivíduos de composição genética OO (duplo recessivo) produzem apenas o antígeno H, determinando o grupo O. O Gene A condiciona a adição de uma molécula do carboidrato N-acetilgalactosamina. Indivíduos de composição genética AA (homozigoto dominante) ou AO (heterozigoto) produzem o antígeno A. O Gene B condiciona a adição de uma molécula do carboidrato D-galactose. Indivíduos de constituição genética BB ou BO produzem o antígeno B. Estes indivíduos são do grupo B. Indivíduos AB possuem ambos os alelos em codominância, produzem os antígenos A e B. https://slideplayer.com/slide/7604496/ 79 # isso está na rede# https://www.youtube.com/watch?v=tpBumuQjVG4 3.0- Compatibilidade do sistema ABO Este sistema se caracteriza pela .presença ou ausência de dois antígenos (A e B), esses antígenos são chamados de aglutinógenos, e possuem após os 03 meses de idades anticorpos naturais ele dirigidos, criando dessa forma a compatibilidade dos grupos sanguíneos. Dentre as variantes do antígeno B temos as variantes: B3, Bx, Bw E Bv. Indivíduos do grupo O não possuem nenhum dos dois antígenos, portanto possuem anticorpos anti-A e anti-B., podem receber apenas sangue do grupo O. Indivíduos do grupo A possuem apenas o antígeno A, e portanto apresentam os anticorpos anti-B, podem receber sangue dos grupos O e A. . Indivíduos do grupo B possuem apenas o antígeno B, e portanto apresentam os anticorpos anti-A,podem receber sangue dos grupos O e B. Indivíduos do grupo AB possuem os dois antígenos e podem receber sangue do grupos O, A e B e AB. 4.0- Subgrupos no sistema ABO Von Dungern e Hirszfeld foram além da classificação ABO e descobriram que os grupos sanguíneos A e AB podiam ser classificados em A1, A2, A1B, e A2B, chamados de sub grupos de A e de B. Dentre as variantes do antígeno B temos as variantes: B3, Bx, Bw E Bv. Da combinação entre o Sistema AB0 e do Fator Rh, podemos encontrar os chamados doadores universais (O negativo) e receptores universais (AB positivo). 80 5.0- Fenótipo Bombay (Bombaim) O fenótipo Bombay é um fenótipo raro sendo caracterizado como a ausência dos antígenos ABH. .Diferentemente da grande maioria das pessoas, indivíduos "Bombaim" não possuem o antígeno "H" comum aos grupos sanguíneos conhecidos(A, AB, B e O). Raros indivíduos (1:1.000 na população hindu) não apresentam este antígeno, e sim o seu recessivo "Antígeno h" casos mais raros ainda apresentam o "Antígeno hh", sendo designados Fenótipos de Bombaim. A importância do conhecimento deste tipo é a de que estes indivíduos não podem receber transfusão de doadores grupo O comum, devido a uma incompatibilidade sanguínea. Estatisticamente ocorre em uma frequência de 1 para 10.000 indivíduos na Índia e 1 para 1.000.000 na Europa. Os indivíduos com esse fenótipo são incompatível com todos os doadores que não sejam "Bombaim". Importante Em relação aos testes de tipagem ABO na rotina em laboratórios , o Bombay , não possuem os carboidratos "A" e "B" na membrana das hemácias, dessa forma sorologicamente se “ comportam “ como indivíduo do grupo O. Nas provas de compatibilidade , devido a um potente anticorpo anti-H produzido porestes indivíduos, os resultados apresentam fortemente positivos contra todos os doadores do grupo "O". 81 Figura 5: Expressão antígeno do H e o fenótipo Bombay. Fonte: https://labmedicineblog.com/2015/01/27/the-bombay-phenotype/ https://www.scielo.br/j/htct/a/kVVdvPy87m5R9C6TMVSNQvC/ https://labmedicineblog.com/2015/01/27/the-bombay-phenotype/ 82 Sistema RH 1.0- Introdução O sistema RH é um dos dois grupos de antígenos eritrocitários de maior importância clínica, depois do ABO, estão envolvidos nas reações transfusionais hemolíticas e na doença hemolítica peri natal, a determinação do Fator RH é obrigatório em doadores de sangue bem como nas transfusões sanguíneas. Figura 6: Representação do fenótipo RH positivo e negativo Fonte: https://study.com/academy/lesson/rh-blood-group-rh-factor-erythoblasotis- fetalis.html O sistema foi descoberto por ForLevin e Stone em 1939 , através de caso de um feto natimorto gerado por uma mulher que posteriormente manifestou reação hemolítica transfusional ao receber sangue de seu marido (compatível quanto ao sistema ABO, o único então conhecido). Em 1940 Karl Landsteiner e Wiener descreveram um anticorpo produzido no soro de coelhos e cobaias, pela imunização com hemácias de macacos Rhesus com a capacidade de aglutinar as hemácias em torno de 85% das amostras obtidas de um grupo de indivíduos, a anticorpo produzido no sangue da cobaia foi denominado de anti-Rh. Os indivíduos que apresentavam o fator Rh passaram a ser designados Rh+, os indivíduos que não apresentam o fator Rh foram designados Rh- . 83 1.1- Genética Sistema RH Os antígenos do sistema Rh são de natureza glicoprotéica e possui grande variabilidade gênica, com novos estudos e pesquisas, o sistema se revelou altamente complexo e muito além da classificação Rh Positivo e Rh negativo. Atualmente tem catalogado mais de 40 antígenos diferentes pertencentes a este sistema. Em relação a variabilidade temos um fenômenos de expressão antigênica é incompleta, fraca e/ou parcial dos antígenos, que pode ser detectado em exames de imunohematologia. Figura 6: Representação das Variantes do Antígeno D Fonte: https://www.thetech.org/ask-a-geneticist/articles/2019/rh-blood-test-accuracy/ Outro fenômeno raro envolvendo o sistema RH temos o Rh Null (caracterizada pela ausência total de antígenos do sistema Rh, associada a uma anemia hemolítica compensada ). 84 Atualidades https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2023/10/03/sangue- dourado-homem-com-tipo-sanguineo-raro-salva-vida-de-24- milhoes-de-bebes-com-transfusao-entenda.ghtml 1.2- Teoria do Sistema RH A teoria de Fischer-Race proposta em 1944 estabeleceu sua determinação pelos pares de alelos autossômicos D,d, C,c e E,e , resultando em um conjunto de variações genotípicas desde o CCDDEE até o cc ee. Posteriormente após alguns estudos Wiener, propõe que cada um dos alelos determinaria a produção de um aglutinógeno, o qual seria um antígeno de efeitos múltiplos --- capaz de produzir diferentes anticorpos distintos, correspondentes a fatores de antígenos. Existiriam portanto os fatores Rh0, rh´, rh´´, hr´ e hr´´, correspondendo, respectivamente, aos antígenos D, C, E, c e da teoria de Fisher-Rice. Assim, foi realizada uma correspondência entre as duas teorias, na tentativa de se chegar a uma teoria consensual. Desta maneira, às oito combinações gênicas de Fischer - respectivamente cDe, CDe, cDE, CDE, cde, Cde, cdE e CdE - corresponderiam os alelos de Wiener: R0, R1, R2, Rz, r, r´,r´´, e ry. As combinações dos oito haplótipos de Fischer (ou dos alelos de Wiener) resultariam na formação dos diversos antígenos associados ao sistema Rh. 85 Figura 7: Antígenos e alelos do Sistema RH Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Schematic-contrasting-the-genetic-systems-of- Wiener-and-Fisher-Race-The-genes-Rh-or-C_fig3_263292213 2.0- Variantes do Antígeno D A seguir será descrito as variantes do Antígeno D 2.1- D fraco O D fraco possui o antígeno D porém apresenta a uma expressão diminuída desse antígeno. São descritos em torno de 30 tipos de D fraco até o momento. Fonte: Site RHESUS: www.uni-ulm.de/~wflegel/RH/ O mecanismo relacionado com a expressão reduzida do antígeno RhD fraco não está totalmente esclarecido, e sua expressão difere dependendo do tipo presente na membrana da hemácia. Em relação a estrutura molecular ocorre as mutações missenses relacionadas no gene RHD fraco que estão envolvidas nas regiões importantes relacionadas com a integração da proteína Rh com a membrana das hemácias. http://www.uni-ulm.de/~wflegel/RH/ 86 A genotipagem RHD tem sido cada vez mais utilizada para diferenciar os antígenos RhD normal e o RhD fraco. Figura 8: Representação da expressão do D fraco Fonte: https://www.transfusionsmedizin-vorlesung.de/vorlesung- transfusionsmedizin/blutgruppen-erythrozyten-ii/das-rhesus-system/weak-d/. 2.1.2 D Parcial O fenótipo D parcial ocorre quando há substituição de um aminoácido em pelo menos uma das alças da região extracelular da proteína na membrana eritrocitária. Diferente do D fraco, o indivíduo com D parcial não possuem toda a cadeia do antígeno D. A maioria dos pacientes com fenótipo D parcial são considerado D+ pelos métodos sorológicos de rotina. Alguns indivíduos RhD-positivo podem desenvolver aloanticorpos anti-D dirigidos contra um ou mais dos epítopos ausentes. 87 São expressas algumas categorias do antígeno RhD parcial (DII, DIII, DIV, DV, DVI, DVII, DFR, DBT, RoHar) que são diferenciadas umas das outras de acordo com a presença ou ausência de um ou mais epítopos. A análise molecular das variantes do antígeno RhD mostrou que a perda da expressão de certos epítopos RhD está associada a mutações de ponto no gene RHD ou a rearranjos gênicos entre os genes RHD e RHCE. Figura 8: Classificação do Fraco e D parcial e os graus de aglutinação Fonte: https://www.scielo.br/j/r https://www.scielo.br/j/r 88 Teste de Coombs Direto e Indireto 1.0- Introdução Durante alguns experimentos Coombs, Mourant e Race em 1945 ,produziram o soro de antiglobulina humana, eles inocularam soro humano em coelhos. A descoberta foi de grande avanço a para a medicina transfusional, a partir do famoso soro de Coombs foi possível a detecção de vários anticorpos incompletos que não causavam aglutinação das hemácias em meio salino. Sabemos que as moléculas de anticorpo de maior importância clínica são de classe IgM e IgG, anticorpos da classe IgM, têm uma estrutura pentamérica, e são capazes de aglutinar diretamente as hemácias em meio salino, enquanto os anticorpos da classe IgG sensibilizam as hemácias sem causar aglutinação eritrocitária, e são considerados ”incompletos”. A detecção de hemácias sensibilizadas por IgG é realizada pela adição de antiglobulina humana (AGH) ou Soro de Coombs. A utilização da AGH pode ser considerada a maior descoberta da medicina transfusional depois do sistema ABO(1,4). O teste de antiglobulina ao utilizar a anti-IgG humana permite reconhecer a fração Fc do anticorpo fixado na membrana das hemácias sensibilizadas, dessa forma, as duas porções Fab dos heteroanticorpos contidos no soro AGH, formam uma ligação entre os anticorpos humanos, resultando no fenômeno da aglutinação visível macroscopicamente. 2.0- Tipos de Antiglobulinas para teste diagnóstico Os reagentes de antiglobulina podem ser : Poliespecífico –Monoespecífico . 89 Poliespecíficos: Podem ser policlonais, monoclonais ou mistos. Contêm anticorpos contra IgG humana e contra frações do complemento C3 (C3b, C3c e/ou C3d).Monoespecíficos: Podem ser policlonais ou monoclonais. Contém apenas uma especificidade de anticorpos, anticorpos antiIgG, anti-IgM Não contém atividade anticomplemento. 2.1 Aplicação do teste de antiglobulina humana a) Teste da antiglobulina direto , também conhecido como Teste da Antiglobulina Direto (TAD) ou Coombs Direto (CD), é considerado um método simples para detectar a sensibilização in vivo de hemácias com IgG e/ou componentes do complemento, de acordo com o soro de antiglobulina humana utilizado Pode ser realizado pela técnica em tubo ou gel-teste O método em tubo é realizado após a adição de hemácias a serem testadas, previamente lavadas com solução fisiológica por 3 vezes a 0,9%, e a adição do reagente de antiglobulina humana. A lavagem das hemácias é uma etapa fundamental, pois tem a finalidade principal de remoção de globulinas humanas e evitar a neutralização do soro de Coombs. b) O teste de antiglobulina indireto chamado de PAI (Pesquisa de Anticorpo Irregular) consiste em colocar as hemácias fenotipadas (POOL de Hemácias )Lem contato com soro ou plasma do indivíduo O objetivo do teste é evidenciar a presença de anticorpos irregulares na amostra analisada. No método em tubo, a técnica deve incluir pelo menos três fases a) Temperatura ambiente (fase salina) b) Incubação 37° (fase térmica) c) Antiglobulina humana (fase de AGH) b) Entre a fase térmica e a fase de antiglobulina humana, deve-se proceder a lavagem das hemácias com solução fisiológica, compreendendo uma etapa crucial do teste Pequenas variações da técnica em tubo podem ocorrer dependendo do emprego de substâncias potencializadoras ,, como a adição de albumina, polietilenoglicol (PEG) ou enzimas proteolíticas. 90 No método em gel-teste a leitura é realizada diretamente na fase antiglobulina humana. A presença de aglutinação, em qualquer uma das fases pelo método em tubo ou na fase de antiglobulina pelo método de gel-centrifugação, revela a presença de anticorpos irregulares. Uma vez detectada a presença de anticorpos irregulares, o mesmo deverá ser identificado. O teste da antiglobulina indireto é frequentemente utilizado para 1. Fenotipagem eritrocitária: Para detectar antígenos eritrocitários em testes que interagem com anticorpos conhecidos do soro reagente. 2. Para determinar D fraco 3. Pesquisa Anticorpo Irregular 4. É um teste muito utilizado para monitorar mulheres no período gestacional, principalmente as Rh (D) negativo por apresentar grande possibilidade de desenvolver aloanticorpos. 5. Prova de compatibilidade ou prova cruzada: Para detectar anticorpos presentes no soro ou plasma do receptor contra antígenos presentes nas hemácias do doador. 6. 4. Identificação de anticorpos irregulares: Após uma triagem inicial que indica a presença de anticorpo irregular na amostra analisada, procede-se uma identificação do mesmo. Após o uso da antiglobulina é obrigatório usar um controle positivo(hemácias sensibilizadas por IgG). A aglutinação das hemácias controla e comprova a eficácia do soro AGH e também que as lavagens prévias foram realizadas corretamente. Saiba Mais https://grupokovalent.com.br/noticias/o-papel-do-teste-de-coombs-na-deteccao-de- doencas-hemoliticas-e-autoimunes/ https://grupokovalent.com.br/noticias/o-papel-do-teste-de-coombs-na-deteccao-de-doencas-hemoliticas-e-autoimunes/ https://grupokovalent.com.br/noticias/o-papel-do-teste-de-coombs-na-deteccao-de-doencas-hemoliticas-e-autoimunes/ 91 Doação de sangue e transfusão sanguínea: dilema religioso Sabemos que a doutrina do Jeová não aceitam as transfusões sanguíneas, pois eles seguem alguns preceitos bíblicos, não devem aceitar transfusões de sangue ou doar ou armazenar seu próprio sangue para transfusão. A literatura das Testemunhas de Jeová ensina que a recusa de transfusões de sangue total ou seus quatro componentes principais — glóbulos vermelhos, plaquetas e plasma ou seja qualquer componente sanguíneo, torna-se uma posição religiosa inegociável , não podendo nem ser utilizadas em casos de emergência. Quando se tratam do uso de hemoderivados como: albumina, imunoglobulinas o seu passa a ser permitido. Os membros do grupo que aceitam voluntariamente uma transfusão são desassociado na doutrina. A doutrina segue várias vertentes médicas que poderiam servir como processos “ substituíveis “ para a transfusão, fornecendo informações de caráter educativo para facilitar cirurgias sem o uso de sangue. Justificativa Segundo os seguidores a lei divina é baseada em pelos menos 3 trechos da Bíblia. Em Gênesis 9:4, Deus disse a Noé: “Somente a carne com a sua alma — seu sangue — não deveis comer.” Desde então, isso se aplica a todos os humanos, porque todos são descendentes de Noé. Em Levítico 17:14, Deus disse que “Não deveis comer o sangue de qualquer tipo de carne, porque a alma de todo tipo de carne é seu sangue. Quem o comer será decepado da vida.” Embora essa lei tenha sido dada apenas à nação de Israel, para Deus, dentro da crença dos Testemunhas de Jeová, a alma, ou vida, está no sangue e pertence a Deus. Em Atos 15:20, Deus disse: "Abstenham-se do sangue.". A passagem mostra que os primeiros cristãos não consumiam sangue, nem mesmo para fins medicinais. Cirurgias sem sangue https://pt.wikipedia.org/wiki/Transfus%C3%B5es_de_sangue https://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%AAnesis https://pt.wikipedia.org/wiki/No%C3%A9 https://pt.wikipedia.org/wiki/Lev%C3%ADtico https://pt.wikipedia.org/wiki/Cren%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Atos_dos_Ap%C3%B3stolos 92 Uma variedade de técnicas cirúrgicas sem sangue foi desenvolvida para uso em pacientes que recusam transfusões de sangue sejam por aspectos religiosos ou por negarem de própria vontade as transfusões. Alguns médicos expressaram disposição para respeitar as preferências dos pacientes e fornecer tratamento sem sangue, porém em alguns casos emergenciais, a decisão de não fazer a transfusão fica a encargo médico solicitante e do médico hematologista, para isso cada hospital tem protocolos para autorizar ou não as transfusões nesse público. Técnicas médicas e cirúrgicas sem sangue têm limitações, e os cirurgiões dizem que o uso de vários produtos sanguíneos alogênicos e a transfusão de sangue autólogo pré- operatória são padrões apropriados de tratamento para certas apresentações de pacientes Comitê de Ligação Hospitalar A doutrina Jeóva tem disponível um uma equipe o denominada de Hospital Information Services, um departamento para ajudar a localizar médicos ou equipes cirúrgicas que estão dispostas a realizar procedimentos médicos em Testemunhas de Jeová sem transfusões de sangue. Os Serviços de Informações Hospitalares pesquisam revistas médicas para localizar informações sobre a disponibilidade e eficácia dos métodos de cirurgia sem sangue. Legislação Em termos de lei segue abaixo o código de ética médica : O Código de Ética Médica estabelece os limites da autonomia do paciente em caso de risco iminente de morte: É vedado ao médico: Art. 22. Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte Art. 31. Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte. 93 Igualmente, o Código Penal nos traz como crime a omissão na prestação de assistência em caso grave ou iminente perigo de morte: Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública A RESOLUÇÃO CFM Nº 1.021de 1908, trazia uma decisão engessada sobre o tema: Em caso de haver recusa em permitir a transfusão de sangue, o médico, obedecendo a seu Código de Ética Médica, deverá observar a seguinte conduta: 1º - Se não houver iminente perigo de vida, o médico respeitará a vontade do paciente ou de seus responsáveis. 2º - Se houver iminente perigo de vida, o médico praticará a transfusão de sangue, independentemente de consentimento do paciente ou de seus responsáveis. #fique por dentro# https://www.conjur.com.br/2024-jan-31/plano-deve-fornecer-a- testemunha-de-jeova-tecnica-alternativa-a-transfusao/ https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91614/codigo-penal-decreto-lei-2848-40 94 Referências Bibliográficas https://www.isbtweb.org/. Acesso em 10 jan 2023. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Política Nacional de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde. Acesso 09 de fev de 2023. BALAS UBRAMANIAM, J. et al Evaluation of a new screening test for sickle cell haemoglobin. Clin Lab Haem, v. 23, p. 379-83, 2001. BATISSOCO, A. C.; NOVARETTI, M. C. Z. Aspectos moleculares do Sistema Sangüíneo ABO. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 25, n. 1, p. 47–58, jan. 2003. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança. 5. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. CRLESSO, L., SANTOS, C. F. dos, GUIMARÃESs, R. de F. da S., SILVA, S. L. da, VIERO, V., VIEIRA, S. V., & GIRADON, N. M. O. (2017). Estratégias implementadas em hemocentros para aumento da doação de sangue. Revista Brasileira Em Promoção Da Saúde. COHEN MS, GAY CL, BUSH MP, HECHT FM. The detection of acute HIV infection. 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