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Modelagem de Amplificadores de Potência

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Modelagem Matemática de 
Amplificadores de Potência 
Usando Ordens Polinomiais 
Esparsas 
Maria Eduarda Rizo, Eduardo Gonçalves de Lima 
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil 
rizo@ufpr.br eduardo.lima@ufpr.br 
 
 
Seminários de Microeletrônica do Paraná 
Curitiba, Brasil 
Resumo— Os amplificadores de potência (PA) são 
componentes eletrônicos cruciais para o desenvolvimento 
de sistemas modernos de comunicação sem fio. Eles 
desempenham um papel fundamental ao aumentar a 
amplitude do sinal de entrada e garantir uma 
comunicação confiável e de qualidade, além de permitir 
o aumento da cobertura e do alcance dos sinais. Quando 
existem fortes não linearidades e longos efeitos de 
memória a complexidade computacional de um 
polinômio de memória (MP) aumenta pois, no MP 
completo são utilizadas todas as potências inteiras do 
sinal de entrada e todas as amostras discretizadas no 
tempo. O objetivo deste trabalho é analisar os possíveis 
benefícios, em termos de melhoria entre acurácia e 
complexidade, do uso de um MP com não linearidades e 
atrasos esparsos. 
Primeiramente, foi estudado sobre regressão linear e 
sobre polinômio de memória (MP). Para a extração dos 
coeficientes de um modelo não linear, porém linear nos 
coeficientes, que é o caso do modelo deste trabalho, foi 
utilizado o método dos mínimos quadrados no MATLAB. 
Então, códigos de regressão foram desenvolvidos 
baseados no MP com sinais complexos quando o número 
de coeficientes foi fixado em 9, variando ou fixando os 
valores de potência e de memória, utilizando todas as 
potências e também somente as potências pares e usando 
também modelagem direta e modelagem inversa, e 
analisados os resultados através do erro quadrático médio 
normalizado (NMSE). 
Foi utilizada a função barra invertida do MATLAB 
para aplicar o método dos mínimos quadrados e obter-se 
o vetor de coeficientes ajustáveis. Na elaboração do 
código foi fixado o valor de 9 para os coeficientes, a 
quantidade de amostras para extração e de validação é de 
4500, então foram usados os sinais de extração 
“in_extraction” e “out_extration” para obter os 
coeficientes ajustáveis e os sinais de validação 
“in_validation” e “out_validation” para obter a saída 
estimada do modelo, logo após isso, foram elaborados 
códigos. A adoção de não linearidades e atrasos esparsos 
permitiu reduzir o NMSE em até 0,14 dB em relação ao 
uso de todas as não linearidades e todos os atrasos, e o 
que gerou o menor erro, de aproximadamente -29,4986 
dB, foi na estimativa da modelagem inversa empregando-
se todas as potências da amplitude, além da análise de 
gráficos de amplitude de saída em função da amplitude 
de entrada (AM-AM). 
I. INTRODUÇÃO 
Dado sua importância, este estudo teve como objetivo 
investigar a possibilidade de modelagem matemática de 
sistemas não lineares com dinâmicas representadas por 
atrasos esparsos. Através da modelagem matemática, 
podemos simular sistemas e prever cenários e, após 
formular e resolver um modelo que aborda um problema 
específico, podemos aplicá-lo [1]. No caso da modelagem 
de um amplificador de potência (PA), esses modelos são 
baseados em medições feitas na entrada e saída do PA. Em 
seguida, o comportamento real do PA é simulado usando 
um modelo matemático, que deve ter alta precisão e baixa 
complexidade de comportamento. Quando as não 
linearidades e os efeitos de memória são pequenos, uma 
alternativa acessível é o uso de polinômios de memória 
(MP) [2]. 
Com o objetivo de melhorar o equilíbrio entre precisão 
e complexidade, o uso de atrasos esparsos já foi proposto 
[3], mas o objetivo deste trabalho é analisar os possíveis 
benefícios, em termos de melhorar o equilíbrio entre 
precisão e complexidade, do uso de um MP com não 
linearidades esparsas, particularmente com a aplicação 
simultânea de não linearidades e atrasos esparsos. 
II. REVISÃO DA LITERATURA 
 Originalmente [4], um polinômio de memória (MP) 
com todas as potências da amplitude (pares e ímpares) foi 
proposto, e ele tem a seguinte equação: 
�̃�(𝑛) = ∑ ∑ �̃�2𝑝−1,𝑚|�̃�(𝑛 − 𝑚)|𝑝−1�̃�(𝑛 − 𝑚)
𝑀
𝑚=0
𝑃
𝑝=1
 (1) 
 
 No entanto, também é abordado neste trabalho o MP 
que é linear nos coeficientes e utiliza apenas as potências 
pares, com a seguinte equação: 
�̃�(𝑛) = ∑ ∑ �̃�2𝑝−1,𝑚|�̃�(𝑛 − 𝑚)|2𝑝−2�̃�(𝑛 − 𝑚)
𝑀
𝑚=0
𝑃
𝑝=1
 (2) 
onde P e M são o truncamento da ordem do polinômio 
e o comprimento da memória, respectivamente, �̃�(𝑛) e 
�̃�(𝑛) são o envoltório complexo na entrada e saída do PA, 
respectivamente, e �̃�2𝑝−1,𝑚 são coeficientes complexos. 
Com o objetivo de melhorar o equilíbrio entre precisão e 
complexidade, o uso de atrasos esparsos foi proposto [5]. 
Todas as ordens polinomiais ainda são utilizadas, mas nem 
todos os atrasos são usados. 
III. MATERIAIS E MÉTODOS 
 O amplificador de potência usado é um 
amplificador de potência classe AB que utiliza um HEMT 
fabricado em tecnologia GaN, e os dados de entrada-saída 
foram medidos com um analisador de sinal vetorial (VSA) 
Rohde & Schwarz FSQ com uma frequência de 
amostragem de 61,44 MHz. O tamanho da amostra de 
extração e de validação foi de 4500, para ambos os casos 
de entrada e saída. 
A esparcidade será aplicada apenas à potência ou 
simultaneamente à potência e ao atraso. Essas duas 
propostas podem ser aplicadas tanto ao MP com apenas 
potências pares quanto ao MP com todas as potências. O 
número de coeficientes, que é a multiplicação do valor de 
P pelo valor de M+1, é fixado em 9. A ordem polinomial 
máxima é 5 (começa em 1 e vai até 5), e a duração máxima 
da memória também é 5, exceto que começa em 0 e depois 
vai até 5. Os modelos resultantes serão os seguintes: 
quando os valores de potência e memória estão fixos, por 
exemplo, se P = 3 e M = 3, os valores de potência serão 1, 
2 e 3 (e teremos apenas 1 cenário de potência, pois os 
valores estão fixos), e os valores de memória serão 0, 1 e 2 
(e igualmente, teremos apenas 1 cenário de memória); ou 
quando os valores de potência e memória variam, no caso 
de P = n, teríamos C cenários de valores de potência: 
𝐶𝑛
5 = 
5!
𝑛! ∗ (5 − 𝑛)!
 (2) 
 
 e esses C cenários seriam as combinações dos 𝑛 
valores de potência, indo de 1 até 5. Podemos usar a mesma 
análise sempre que os valores variam, sejam valores de 
potência ou valores de memória. 
O objetivo deste trabalho foi investigar melhorias na 
precisão da modelagem matemática quando, em todos os 
casos, o número de coeficientes é fixado em 9, a ordem 
polinomial máxima é 5 e a duração máxima da memória 
também é 5, começando em 0 e terminando em 5, portanto, 
temos 6 valores de memória. Também em todos os casos, 
tivemos a mesma possibilidade de modelos: modelos nos 
quais tanto a potência quanto a memória variavam, que é o 
caso geral, e os casos específicos que são variações do caso 
geral: quando todos os valores de memória estavam fixos e 
os valores de potência variavam, quando os valores de 
potência permaneciam fixos enquanto os valores de 
memória variavam, e modelos nos quais tanto a potência 
quanto a memória estavam fixos. Como o caso geral é 
quando ambos os valores variam, o esperado é que os 
melhores valores finais aconteçam nesses casos. 
IV. RESULTADOS 
As diferentes abordagens de MP são aplicadas tanto à 
modelagem direta quanto à inversa do PA. No caso da 
modelagem direta do PA, a entrada do MP é a entrada do 
PA, e a saída do MP é a saída do PA. No caso da 
modelagem inversa do PA, a entrada do MP é a saída do 
PA, e a saída do MP é a entrada do PA. Os resultados da 
simulação são relatados em quatro subseções. As 
subseções IV.A e IV.B utilizam o MP com apenas 
potências pares de amplitude, conforme a equação (2), 
enquanto as subseções IV.C e IV.D utilizam o MP com 
todas as potências de amplitude, conforme a equação (1) 
A. Modelagem direta usandoMP com apenas 
potências pares. 
Quando a modelagem direta foi usada em conjunto com 
as potências pares, tivemos a possibilidade de obter os 
modelos conforme mencionado acima. Os valores de 
NMSE em dB estão indicados na Tabela I. 
TABELA I – VALORES DE NMSE (DB) OBTIDOS. 
Valores 
de P e 
M 
Valores 
de P e M 
estão 
variando 
Valores 
de P 
estão 
fixos e os 
de M 
estão 
variando 
Valores 
de P 
estão 
variando 
e os de 
M estão 
fixos 
Valores 
de P e 
M estão 
fixos 
P = 3 
M = 2 
-29,2727 -29,2727 -29,2644 -29,2644 
 
Após analisar a Tabela I, podemos observar que o valor 
mais baixo de NMSE é encontrado quando tanto os valores 
de potência quanto de memória estão variando, e quando 
os valores de potência estão fixas e os de memória estão 
variando. 
Também podemos notar que quando os valores de P 
estão variando e os de M estão fixos e, também quando os 
valores de P e de M estão fixos, temos o mesmo valor de 
NMSE. Isso ocorre porque, quando os valores de M estão 
variando e fixos, eles têm os mesmos cenários de memória, 
e um desses cenários de memória em questão, é o valor de 
memória que resulta no NMSE mais baixo, e ele se repete 
nos dois modelos. 
Em seguida, temos os gráficos de amplitude de saída 
versus amplitude de entrada (AM-AM) para o melhor caso 
mostrado na Tabela 1, tanto para os dados medidos quanto 
para os dados estimados. 
 
 Valores de saída baseados nos valores de entrada. 
B. Modelagem inversa usando MP com apenas 
potências pares. 
Quando a modelagem inversa foi usada em conjunto 
com potências pares, os valores de NMSE em dB obtidos 
estão indicados na Tabela II. 
TABELA II – VALORES DE NMSE (DB) OBTIDOS. 
Valores 
de P e 
M 
Valores 
P e M 
estão 
variando 
Valores 
P estão 
fixos e os 
de M 
estão 
variando 
Valores 
de P 
estão 
variando 
e os de 
M estão 
fixos 
Valores 
de P e 
M estão 
fixos 
P = 3 
M = 2 
-29,3593 -29,3593 -29,3593 -29,3593 
 
Podemos observar que obtivemos o mesmo valor de 
NMSE, independentemente dos valores de P ou M estarem 
variando ou fixos. Isso acontece pois o melhor cenário para 
este modelo acontece quando os valores de P são 1, 2 e 3, 
e os de M são 0, 1 e 2, e, obviamente, este cenário está 
presente em todos os modelos. Também podemos notar 
que, após usar a modelagem inversa, o valor do NMSE 
diminuiu em todos os modelos. 
Na Figura 2 temos os gráficos de AM-AM para o 
melhor caso quando a modelagem inversa foi usada apenas 
com potências pares, tanto para os dados medidos quanto 
para os dados estimados. 
 
 Valores de saída baseados nos valores de entrada. 
C. Modelagem direta usando MP com todas as 
potências. 
A mesma modelagem direta foi usada como 
anteriormente, mas desta vez, em vez de usar apenas 
potências pares, todas as potências foram utilizadas. 
Novamente, tivemos as mesmas possibilidades de modelos 
e os valores de NMSE, em dB, obtidos são mostrados na 
Tabela III. 
TABELA III – VALORES DE NMSE (DB) OBTIDOS. 
Valores 
de P e 
M 
Valores 
de P e M 
variando 
Valores 
de P 
estão 
fixos e os 
de M 
estão 
variando 
Valores 
de P 
estão 
variando 
e os de 
M estão 
fixo 
Valores 
de P e 
M estão 
fixos 
P = 3 
M = 2 
- 29,4793 - 29,4707 -29,4642 -29,4578 
 
Após aplicar a modelagem direta para todas as 
potências, pode-se identificar a partir da Tabela III que o 
valor mínimo possível de NMSE ocorre quando os valores 
de P e M estão variando. 
Pode-se notar que, em todos os casos, após comparar a 
modelagem direta para potências pares com a modelagem 
direta para todas as potências, os valores de NMSE 
diminuíram. 
Além disso, temos os gráficos de amplitude de saída 
versus amplitude de entrada para o melhor caso mostrado 
na Figura 3, tanto para os dados medidos quanto para os 
dados estimados. 
 
 Valores de saída baseados nos valores de entrada. 
D. Modelagem inversa usando MP com todas as 
potências. 
 
Novamente, tivemos as mesmas possibilidades de 
modelos e os valores de NMSE, em dB, obtidos são mostrados 
na Tabela IV. 
TABELA IV – VALORES DE NMSE (DB) OBTIDOS. 
Valores 
de P e 
M 
Valors 
de P e M 
variando 
Valores 
de P 
estão 
fixos e os 
de M 
estão 
variando 
Valores 
de P 
estão 
variando 
e os de 
M estão 
fixos 
Valores 
de P e 
M estão 
fixos 
P = 3 
M = 2 
-29,4986 -29,3946 -29,4986 -29,3946 
 
Podemos observar que o valor mais baixo de NMSE é 
encontrado quando os valores de P e M estão variando, e 
também quando os valores de P estão variando e os de M 
estão fixos. É perceptível que todos os valores de NMSE 
aumentaram significativamente em comparação com a 
modelagem direta aplicada às potências pares. 
Na Figura 4 temos os gráficos de AM-AM para os 
melhores casos quando a modelagem inversa foi usada 
apenas com potências pares, tanto para os dados medidos 
quanto para os dados estimados. 
 
 Valores de saída baseados nos valores de entrada. 
V. CONCLUSÃO 
O objetivo principal do trabalho foi realizar a 
modelagem matemática de um amplificador e analisar os 
resultados após a utilização do método dos mínimos 
quadrados no MATLAB. O trabalho apresenta essas 
métricas que determinam qual foi a melhor modelagem 
dentre as duas utilizadas, a direta e a inversa, e se a melhor 
foi quando foi utilizado somente potências pares ou todas 
as potências. 
Os resultados apresentados mostram que o melhor 
NMSE foi atingido quando utilizado a modelagem inversa 
com todas as potências, especificamente quando os valores 
de P e M estão variando. Também é possível perceber que 
quando é utilizada a modelagem inversa, os valores 
diminuíram em cerca de 0,1 dB, em relação com os valores 
quando utilizado modelagem direta, menos quando a 
modelagem direta e utilizando todas as potências para 
valores fixos de P, que resultou num NMSE menor em 
cerca de 0,08 dB. 
AGRADECIMENTOS 
Os autores gostariam de agradecer o apoio financeiro 
fornecido pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia 
Desenvolvimento (CNPq) no âmbito do Programa PIBITI 
UFPR 2022. 
REFERÊNCIAS 
[1] L. Ljung, System Identification: Theory for the User. 
Englewood. 
[2] J. Kim and K. Konstantinou, “Digital predistortion of wideband 
signals based on power amplifier model with memory,” 
Electron. Lett., vol. 37, no. 23, pp. 1417–1418,Nov. 2001..   
[3] H. Ku and J. S. Kenney, “Behavioral modeling of nonlinear RF 
power amplifiers considering memory effects,” IEEE Trans. 
Microw. Theory Tech., vol. 51, no. 12, pp. 2495–2504, Dec. 
2003. 
[4] L. Ding and G. T. Zhou, "Effects of even-order nonlinear terms 
on power amplifier modeling and predistortion linearization", 
IEEE Trans. Veh. Technol., vol. 53, no. 1, pp. 156-162, January 
2004. 
[5] H. Ku and J. S. Kenney, “Behavioral modeling of nonlinear RF 
power amplifiers considering memory effects,” IEEE Trans. 
Microw. Theory Tech., vol. 51, no. 12, pp. 2495–2504, Dec. 
2003.

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