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2 nm DNA Nucleossomo 300 nm Cromonema (filamento cromossômico básico) Cromátide 700 nm Cromossomo metafásico Enrolamento helicoidal dos nucleossomos 30 nm CONDENSAÇÃO CROMOSSÔMICA (dois enrolamentos sucessivos) Glóbulo de histona Solenoide Esqueleto proteico R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 210 U n id a d e B • O rg a n iz a çã o e p ro ce ss o s ce lu la re s Seção 7.2 Cromossomos da célula eucariótica 1 Cromossomos Os cromossomos das células eucarióticas são longos fios constituídos por uma molécula de DNA associada a diversas proteínas, em um arranjo altamente complexo, como veremos mais adiante. Durante o período em que a célula não está se dividindo, os filamentos cromossômicos encontram-se emaranhados no interior do núcleo, constituindo a cromatina. Quando a célula entra em processo de divisão, cada filamento cromossômico enrola-se sobre si mesmo, assumindo o aspecto de um bastão curto e relativamente grosso. O número de cromossomos no núcleo celular varia de uma espécie para outra. Na espécie humana, por exemplo, com exceção dos gametas, todas as células têm 46 cromossomos no núcleo. As células do chimpanzé possuem 48 cromossomos e as da mosca Drosophila melanogaster, apenas 8. 2 Arquitetura do cromossomo eucariótico Apesar de variar em número e em tamanho nas diversas espécies eucarió- ticas, os cromossomos têm sempre a mesma estrutura básica: uma longa molécula de DNA que, a espaços regulares, dá duas voltas sobre um minús- culo grão constituído por oito moléculas de proteínas chamadas histonas. Os grãos de histona com DNA enrolado constituem unidades estruturais denominadas nucleossomos, que se repetem ao longo do cromossomo. Devido à associação de nucleossomos vizinhos, o fio cromossômico en- rola-se como uma mola helicoidal altamente compacta. O cordão resultante, com cerca de 30 nm de espessura, é denominado fibra cromossômica ou solenoide. Ao longo de seu comprimento, a fibra cromossômica apresenta regiões especiais que se associam a determinadas proteínas cuja função é dar sustentação “esquelética” ao cromossomo. A fibra cromossômica, associada a esse esqueleto proteico, tem cerca de 300 nm de espessura e constitui o cromonema. (Fig. 7.7) Quando a célula está se dividindo para originar duas células-filhas, o cromossomo enrola-se sobre si mesmo e fica em um estado altamente condensado, com cerca de 700 nm de espessura. Objetivos❱❱❱❱ Reconhecer a CCCCCCC cromatina como o conjunto de cromossomos do núcleo e compreender os níveis de organização cromossômica. Reconhecer, em CCCCCCC esquemas e fotografias, o centrômero e as cromátides-irmãs de um cromossomo. Reconhecer o CCCCCCC cromossomo como a sede dos genes. Termos e conceitos❱❱❱❱ cromossomo• cromátides-irmãs• centrômero• gene• genoma• autossomo• cromossomo sexual • cromossomos • homólogos célula diploide (2• n) célula haploide (• n) Figura 7.7 Representação esquemática dos níveis de organização do cromossomo em organismos eucarióticos. (Representação sem escala, cores-fantasia.) (Baseado em Campbell, N. e cols., 1999.) R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 211 C a p ít u lo 7 • N ú cl e o e c ro m o ss o m o s 3 Características gerais dos cromossomos A organização dos cromossomos de uma célula eucariótica varia no decorrer do ciclo celular, denominação que os biólogos utilizam para designar o período de vida de uma célula. Esse ciclo costuma ser dividido em duas etapas: interfase, período em que a célula não está se dividindo, e divisão celular, período em que a célula está em processo de reprodução para originar duas células-filhas. O aspecto dos cromossomos nessas duas etapas do ciclo celular é bem diferente, como veremos a seguir. Cromátides-irmãs Durante a interfase, a célula prepara-se para a futura divisão e um dos principais eventos dessa preparação é a duplicação dos cromossomos. Cada cromossomo produz um outro idêntico e os dois permanecem aderidos entre si por meio de proteínas especiais chamadas de coesi- nas. As cópias unidas de um cromossomo duplicado são denominadas cromátides-irmãs e elas permanecem unidas até uma fase específica da divisão celular (anáfase), quando as coesinas se desagregam, permitindo sua separação. O início da divisão celular é marcado pela condensação dos cromossomos duplicados. Cada cromátide condensa-se independentemente da irmã, apesar de continuarem unidas pelas coesi- nas. Com a condensação, os cromossomos encurtam e vão se tornando mais grossos, até assumir o aspecto de bastões duplos, uma vez que são compostos de duas cromátides. (Fig. 7.8A) Centrômero e classificação dos cromossomos Todo cromossomo apresenta uma região especial, o centrômero, em geral localizada em um estrangulamento do cromossomo condensado. É por essa região que os cromossomos du- plicados prendem-se aos microtúbulos do fuso, os quais irão separar as cromátides durante as divisões celulares. A posição do centrômero divide o cromossomo em duas partes, que os citologistas denomi- nam braços cromossômicos. O tamanho relativo dos braços cromossômicos serve de critério para classificar os cromossomos em quatro tipos: a) metacêntrico, em que o centrômero está no meio e os dois braços têm aproximadamente o mesmo tamanho; b) submetacêntrico, em que o centrômero é um pouco deslocado da região mediana e os braços têm tamanho desigual; c) acrocêntrico, em que o centrômero localiza-se perto de uma das extremidades e um dos braços é muito maior que o outro; d) telocêntrico, em que o centrômero localiza-se junto a uma das extremidades do cromossomo e há praticamente um só braço. (Fig. 7.8B) Figura 7.8 A. Micrografia de cromossomos humanos condensados (microscópio eletrônico de varredura, colorização artificial; aumento . 5.9003). B. Tipos de cromossomo, de acordo com a posição do centrômero. A B Metacêntrico Submetacêntrico Acrocêntrico Telocêntrico B ra ço B ra ço C en tr ôm er o R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 212 U n id a d e B • O rg a n iz a çã o e p ro ce ss o s ce lu la re s Telômeros As extremidades de um cromossomo possuem organização especial e são denominadas telômeros. Para sintetizar as extremidades da molécula de DNA que constitui o telômero é necessária uma enzima especial, a telomerase. Na ausência dessa enzima, a célula não con- segue produzir as extremidades de seus cromossomos e os telômeros de suas células-filhas serão um pouco menores. As células embrionárias jovens produzem telomerase normalmente, mas deixam de fazê-lo a partir de um dado momento do desenvolvimento embrionário. Por isso, quando uma célula de nosso corpo se reproduz, as células-filhas herdam cromossomos com telômeros um pouco mais curtos. A perda de pedaços das pontas dos cromossomos geralmente não acarreta problema à célula, pois os segmentos de DNA que constituem os telômeros não possuem genes. Entretan- to, se as células continuam a se reproduzir após terem perdido totalmente o telômero, elas perdem pedaços de DNA que têm genes; se isso ocorre, as células formadas não sobrevivem. Apenas as células que darão origem aos gametas (células germinativas) continuam a produzir a telomerase por toda a vida. Quando as telomerases foram descobertas, levantou-se a hipótese de que a morte celular devida à perda dos telômeros poderia ser a causa do envelhecimento. Assim, se a produção de telomerase pudesse ser reativada, talvez fosse possível interromper esse processo. Hoje sabe-se que a solução para deter o envelhecimento não é tão simples. Em primeiro lugar, porque ele não é causado por um único fator; em segundolugar, descobriu-se que ocorre reativação da telomerase quando células tornam-se cancerosas e passam a se multiplicar intensamente. O esperado seria que após um certo número de gerações as células cancerosas morressem devido à perda de seus telômeros, mas isso não ocorre justamente porque a produção da telomerase é reativada e elas podem continuar a se reproduzir indefinidamente. 4 Cromossomos e genes A molécula de DNA de um cromossomo é comparável a uma fita magnética em que estão gravadas as informações para a produção de proteínas. Cada trecho de DNA que contém a informação para uma proteína constitui um gene. Essa é uma definição simples de gene, mas o conceito de gene tem se tornado cada vez mais complexo à medida que as pesquisas gené- ticas avançam. Conceito de genoma O conjunto de moléculas de DNA de uma espécie, que contém todos os seus genes, e também as sequências de bases nitrogenadas que não possuem informação codificada, constitui o genoma. Na espécie humana, o genoma é constituído por 24 moléculas de DNA que formam os 24 tipos de cromossomos humanos; 22 desses tipos de cromossomos são denominados autossomos e identificados por números de 1 a 22; os outros dois tipos, chamados de cromossomos sexuais, são identificados pelas letras X e Y. Autossomos são os tipos de cromossomos presentes igual- mente em células de ambos os sexos. Cromossomos sexuais ou heterocromossomos são os que variam entre os sexos e diferenciam células masculinas e femininas. Graças ao grande desenvolvimento da Biologia Molecular nas últimas décadas do século XX, tornou- -se possível determinar a sequência de pares de bases nitrogenadas de todo o DNA constituinte do genoma de uma espécie. Essa é a base dos chamados projetos genoma, o primeiro dos quais foi o Projeto Genoma Humano, que se iniciou formalmente em 1990 e concluiu, em 2003, a determinação da sequência dos cerca de 3 bilhões de pares de bases nitrogenadas que formam nossos 22 tipos de autossomos e os dois tipos de cromossomos sexuais (X e Y). Além do genoma humano, já foram sequenciados os genomas de dezenas de outras espécies, entre elas a bactéria Xyllela fastidiosa, o primeiro organismo a ter seu genoma totalmente sequenciado no Brasil. Um próximo passo do Projeto Genoma Humano é identificar e localizar todos os nossos genes, cujo número é estimado entre 20 mil e 25 mil. Acredita-se que essa identificação será importante para a compreensão de muitos processos vitais e das causas de muitas doenças hereditárias.