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Transporte de Seiva nas Plantas


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Seção 8.2
Condução da seiva mineral
Três tipos de fenômeno podem estar envolvidos no deslocamento
da seiva mineral das raízes até as folhas: capilaridade, pressão positiva da
raiz e transpiração. 
1 Capilaridade
Quando estão dentro de um tubo de pequeno calibre — um capilar —, 
as moléculas de água conseguem aderir e subir pelas paredes internas 
do tubo, elevando a coluna líquida em seu interior, fenômeno denominado 
capilaridade; este resulta das propriedades de adesão e de coesão ca-
racterísticas das moléculas de água. 
Moléculas de água no estado líquido formam pontes de hidrogênio en-
tre si, mantendo-se coesas, isto é, unidas. Essas pontes de hidrogênio 
rearranjam-se a todo o instante, o que confere à água líquida sua fluidez 
característica e sua capacidade de “molhar” diversos tipos de objeto 
(relembre no capítulo 3 do volume 1). A adesão da água às paredes de um 
tubo capilar deve-se à formação de pontes de hidrogênio entre as molé-
culas de água e as paredes do capilar. Consequentemente, as moléculas 
de água em contato com as paredes do tubo sobem e arrastam consigo 
as moléculas localizadas mais ao centro. Assim, dentro do capilar, toda a 
coluna de água sobe.
Quando a força de adesão se torna insuficiente para vencer o peso 
da coluna líquida, a água para de subir no tubo capilar. A altura da coluna 
depende do diâmetro do capilar: quanto menor o diâmetro do tubo, maior 
a altura da coluna. Isso ocorre porque, à medida que o diâmetro do tubo 
aumenta, há menos moléculas de água que aderem à parede em relação 
ao número das que são arrastadas para cima pelas forças de coesão.
Pelo diâmetro de um tubo capilar pode-se deduzir a altura que uma 
coluna de água em seu interior consegue atingir por capilaridade. Por 
exemplo, calcula-se que, em um vaso xilemático com 30 m a 50 m de 
diâmetro, a capilaridade é suficiente para elevar a coluna de água a cerca 
de 0,5 m acima do nível do solo. Embora seja uma elevação significativa, a 
capilaridade sozinha não é suficiente para levar a seiva mineral até a copa 
das árvores, muitas vezes a dezenas de metros de altura.
2 Pressão positiva da raiz
Em muitas plantas, descobriu-se que as raízes são capazes de empurrar a 
seiva mineral para cima, fenômeno conhecido como pressão positiva da raiz. 
Em certas espécies, verificou-se que a pressão da raiz é capaz de elevar uma 
coluna líquida nos vasos xilemáticos a alguns metros de altura. (Fig. 8.5)
A pressão positiva da raiz resulta do fato de os sais minerais serem 
continuamente bombeados para dentro do xilema pelas células de trans-
ferência, sendo seu retorno ao córtex impedido pelas estrias casparianas. 
A diferença de concentração salina que se estabelece entre o cilindro vas-
cular e o córtex força a entrada de água por osmose, gerando uma pressão 
positiva, que faz a seiva subir pelos vasos xilemáticos.
Figura 8.5 Representação esquemática da
pressão positiva de uma raiz, medida por meio
do deslocamento da coluna de mercúrio em um 
tubo de vidro adaptado a um caule recém-cortado. 
(Imagens sem escala, cores-fantasia.) 
Deslocamento da coluna
de mercúrio  pressão da raiz
Objetivo❱❱❱❱
Explicar como a água CCCCCCC
e os sais minerais 
absorvidos pelas
raízes chegam até as 
folhas transportados 
pelo xilema.
Termos e conceitos❱❱❱❱
capilaridade•	
pressão positiva•	
da raiz
teoria da•	
coesão-tensão
transpiração•	
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Acredita-se que a pressão positiva da raiz desempenhe papel pouco importante na subida 
da seiva mineral no xilema. Além de muitas árvores não apresentarem esse fenômeno, o deslo-
camento da seiva causado por ele é lento e não poderia promover o grande movimento de água 
necessário no xilema das árvores.
A pressão positiva da raiz ocorre geralmente quando o solo está encharcado e quando a planta 
não transpira, em geral à noite. Nessas condições, plantas de pequeno porte precisam eliminar 
o excesso de água que chega às folhas, o que ocorre através de hidatódios, fenômeno chamado 
de gutação (relembre no capítulo anterior). 
3 Transpiração e a teoria da coesão-tensão 
Os cientistas irlandeses Henry Horatio Dixon (1869-1953) e John Joly (1857-1933) propuseram, 
no final do século XIX, uma explicação consistente para o deslocamento da seiva mineral pelo 
xilema, que ficou conhecida como teoria da coesão-tensão, ou teoria de Dixon. Segundo essa 
teoria, a seiva mineral é arrastada desde as raízes até as folhas por forças geradas pela transpi-
ração das folhas. Transpiração é a perda de água na forma de vapor que ocorre pela superfície 
corporal de plantas e animais.
As células das folhas, ao perderem água por evaporação, têm sua pressão osmótica aumentada e 
retiram água das células vizinhas, e estas retiram água das terminações dos vasos xilemáticos. Como 
a seiva mineral constitui uma coluna líquida contínua dentro dos vasos xilemáticos, ela fica tensionada, 
de um lado, pela sucção das folhas e, de outro, pela força da gravidade. No entanto, a coluna líquida 
não se rompe, em virtude da coesão entre as moléculas de água. Os tubos xilemáticos, por sua vez, 
não entram em colapso porque apresentam reforços de lignina presentes em suas paredes. Assim, 
ao perder água por transpiração, as folhas sugam seiva do xilema e toda a coluna líquida se eleva 
desde a raiz. Os cálculos mostram que a tensão criada pela transpiração é suficiente para elevar uma 
coluna de água dentro de um vaso xilemático a cerca de 160 metros de altura. (Fig. 8.6)
Epiderme
CORTE 
DE FOLHA 
(transversal)
Ar 
atmosférico
Traqueídes
CORTE 
DE CAULE 
(tangencial- 
-longitudinal) Partículas 
de solo
CORTE 
DE RAIZ 
(transversal)
Pelo 
absorvente
Figura 8.6 Representação 
esquemática dos movimentos 
da água (em vermelho) em uma 
árvore devidos à transpiração. 
A. Ao perder água por 
transpiração, as folhas criam 
uma tensão que puxa a seiva 
dos tubos xilemáticos. 
B. Com isso, toda a coluna 
líquida sobe, como se fosse 
uma corda puxada para cima. 
C. A tensão da coluna chega 
até as raízes, retirando água 
de suas células; com isso, 
elas absorvem água do solo. 
(Imagens sem escala, 
cores-fantasia.) Na foto, 
sequoias, plantas 
gimnospermas que podem 
atingir 100 metros de altura.
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Animação: Fisiologia das angiospermas, veja botão Transporte de seiva mineral
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Seção 8.3
Nutrição orgânica das 
plantas: fotossíntese
As substâncias orgânicas que nutrem uma planta são produzidas por 
meio da fotossíntese em células dotadas de cloroplastos, localizadas prin-
cipalmente nas folhas. Nesse processo, moléculas de água (H2O) e de gás 
carbônico (CO2) participam das reações que originam moléculas orgânicas, 
tendo a luz como fonte de energia. Os produtos primários da fotossíntese 
são moléculas de glicídios (principalmente sacarose e amido), que podem 
ser convertidas posteriormente nos diversos tipos de substância de que 
a planta necessita.
1 Trocas gasosas pelos estômatos
O gás carbônico necessário à fotossíntese penetra nas folhas através de 
estruturas denominadas estômatos (do grego stoma, boca). Cada estômato 
compõe-se de duas células epidérmicas em forma de grão de feijão ou de 
haltere ricas em cloroplastos, as células-guarda. Estas são circundadas 
por um número variável de células acessórias, ou subsidiárias, que não 
têm cloroplastos, assim comoas demais células epidérmicas. Entre as 
células-guarda de um estômato existe um orifício regulável – o ostíolo (do 
latim ostiolu, pequena porta) – que permite trocas gasosas entre a planta 
e o ambiente.
A abertura e o fechamento do estômato depende do grau de turgidez 
das células-guarda. Se elas absorvem água e tornam-se túrgidas, o ostíolo 
abre-se. Se as células-guarda perdem água, tornando-se flácidas, o 
ostíolo se fecha. Esse comportamento deve-se à disposição estratégica 
das fibras de celulose na parede das células-guarda.
Na maioria das plantas, as células-guarda do estômato têm forma de 
rim. As microfibrilas de celulose estão orientadas de tal maneira na parede 
celular que as células-guarda, ao tornarem-se túrgidas, aumentam sua 
curvatura e se afastam, fazendo o ostíolo abrir. Ao perder água, por outro 
lado, a curvatura das células-guarda diminui e elas se aproximam, fazendo 
o ostíolo fechar.
Nas gramíneas, as células-guarda têm forma de haltere, com as extre-
midades dilatadas e a região mediana comprimida. Nas extremidades, a 
parede celular é mais fina e, na região central, a parede é mais espessa. 
Quando estão túrgidas, as extremidades das células-guarda dilatam- 
-se, o que causa afastamento na região mediana e abertura do ostíolo. 
Quando as células-guarda perdem água, as extremidades diminuem de 
volume e as regiões medianas das células aproximam-se, fechando o 
ostíolo. (Fig. 8.7)
Ao abrir os estômatos e permitir o ingresso de gás carbônico na folha, 
a planta passa a perder maior quantidade de água, isto é, sua taxa de 
transpiração aumenta. 
Mesmo com os estômatos totalmente fechados, ocorre uma certa taxa 
de transpiração através da cutícula das folhas, denominada transpiração 
cuticular. Quando os estômatos se abrem para que a planta possa absorver 
gás carbônico para a fotossíntese, soma-se à transpiração cuticular a perda 
de água pelos estômatos, chamada de transpiração estomatar.
Objetivos❱❱❱❱
Reconhecer a CCCCCCC
fotossíntese como 
a fonte primária de 
alimentos orgânicos 
para as plantas. 
Identificar e explicar CCCCCCC
os fatores limitantes da 
fotossíntese e entender 
o que é ponto de 
compensação luminosa.
Termos e conceitos❱❱❱❱
estômato•	
transpiração cuticular•	
transpiração •	
estomatar
fator limitante da •	
fotossíntese
ponto de saturação •	
luminosa
ponto de •	
compensação fótica
planta heliófila•	
planta umbrófila•

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