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Usos das orações subordinadas substantivas A análise da estrutura sintática de textos revelará a presença de mui- tas orações coordenadas e subordinadas. natural que isso aconteça, já que é por meio desses mecanismos sintáticos que as ideias se articulam nos textos. Algumas vezes, porém, é possível constatar que o autor do texto explora intencionalmente uma determinada estrutura sintática para promover um efeito de sentido. Foi o que fez, no texto abaixo, o jornalista Mario Sergio Conti. Que um dos traços mais fundos do modo de ser pari- siense é a paixão pela ordem. Dava gosto observar a Praia de Paris, ao longo do Sena: todos sentados, a maioria lendo, em espreguiçadeiras ou esteiras, de calção e biquíni, sem ligar para mais nada. Parecia uma biblioteca ao ar livre. A paixão pela ordem se expressa nas filas, organizadíssimas e generalizadas, e nas greves. [...] Que nos ônibus há placas de orientação: é permitido abrir ou fechar as janelas; mas é preciso conversar com os passageiros em torno antes de fechá-las ou abri-las; e em caso de divergência insolúvel, vencem aqueles que querem a janela fechada, mesmo que eles sejam minoria. [...] Que o clima, embora [seja] variável, é previsível. Paris não é como São Paulo ou Londres, onde às vezes as quatro estações se manifestam num único dia. Aqui, as estações são bem marcadas, e extremadas. O frio e o calor doem. [...] Que o cosmopolitismo se faz de diversidade e igual- dade. É enorme a diversidade étnica e comportamental em Paris. Mas todos são iguais em deveres, direitos, cida- dania. A desigualdade social, que sem dúvida existe, não é chocante. Que sem “bom-dia”, “por favor” e “obrigado” não se vai a lugar nenhum. Duas ou três coisas que sei dela 10. O homem de chapéu fica angustiado com uma sensação que teve. Que sensação foi essa? a) A fala em que a personagem explicita essa sensação tem uma estrutura subordinada. Identifique as orações que a compõem e classifique-as. b) Que função as expressões “como indivíduo” e “o último de todas as coisas” exercem nessa estrutura subordinada? c) Podemos afirmar que essas duas expressões são importantes para compreender a angústia que toma conta da personagem. Por quê? d) A relação estabelecida entre a oração subordinada presente no texto do quarto quadrinho e a imagem do último quadrinho é fundamental para a construção de sentido da tira. Explique. MACANUDO Liniers Leia com atenção a tira abaixo para responder à questão 10. LINIERS. Macanudo, N. 2. Campinas: Zarabatana Books, 2009. p. 7 . 1 6. 446 U n id ad e 6 • S in ta xe d o pe rí od o co m po st o R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . I_plus_gramatica_cap25_C.indd 446 10/12/10 3:50:05 PM Você viu, na análise da cr nica “Duas ou três coisas que sei dela”, como o uso intencional de orações subordinadas objetivas diretas pode di- recionar o olhar do leitor em uma descrição. Sua tarefa, agora, será escrever uma cr nica utilizando esse mesmo recurso sintático para descrever a sua cidade natal. O título deverá ser o mesmo: “Duas ou três coisas que sei dela”. Antes de começar o texto, faça uma lista de ca- racterísticas que, a seu ver, fazem da sua cidade um lugar especial e que não poderiam ser ignoradas se ela fosse descrita a alguém que não a conhece. Uma vez criada a lista de características, decida quais outras informações ou comentários você deseja associar a cada uma delas, para melhor apresentar aquilo que está sendo descrito. Que o homem mais presente na cidade é Napoleão. Não se andam duas quadras sem que alguma ideia ou obra do Corso não se ofereça à vista. Aliás, foi dele a ideia de numerar casas e prédios, deixando os números ímpares de um lado das ruas, e os pares, do outro. A mulher que mais aparece é Joana d’Arc. Que as ideias mais difundidas nos monumentos, nas placas, nas obras públicas continuam sendo as oriundas da revolução de 1789: liberdade, igualdade e fraterni- dade; os feitos e batalhas do Grande Exército; os que tombaram pela Pátria; os direitos do homem. [...] Que, ao contrário da lenda, os parisienses não são ríspidos, azedos ou tratam mal as pessoas. Eles são pro- fissionais. Um garçom não faz chacrinha com o cliente: ele cumpre o seu serviço com seriedade e polidez, e con- sidera um igual aquele a quem atende. Não é, jamais, um servo mendigando gorjeta de alguém que lhe é superior na escala social. Que ninguém é servil em Paris. Nem os pedintes. [...] Que nesta semana completa um ano que moro em Paris. Morando em Paris havia um ano, o jornalista Mario Sergio Conti es- creveu uma cr nica para apresentar as inúmeras características que, para os olhos de um estrangeiro, dão identidade cidade-luz. Em termos sintáticos, todos os parágrafos do texto são uma espécie de “complementação” do título: “Duas ou três coisas que sei dela”. O pronome ela, no caso, relaciona-se cataforicamente cidade de Paris, mencionada posteriormente no texto. A cr nica começa com uma conjunção subordinativa integrante (que), que irá introduzir todos os demais parágrafos. como se cada um desses pará- grafos completasse um período do qual a oração principal fosse: Eu sei.... Sintaticamente, portanto, as orações introduzidas pela conjunção subordinativa integrante atuarão como objetos diretos do verbo saber, presente no título. Na verdade, as orações subordinadas substantivas objetivas diretas cumprem, na cr nica, a função de explicitar as “duas ou três coisas” que o jornalista diz saber sobre Paris. A estrutura sintática recorrente cria, para o leitor, um foco especí- fico para as características escolhidas por Mario Sergio Conti como definidoras da identidade de Paris. Depois de se valer das subordinadas substantivas para apresentar cada uma das características, ele tece alguns comentários mais específicos, que explicarão ao leitor por que elas dão identidade cidade que está sendo apresentada na cr nica. Sem o uso recorrente das orações subordinadas substantivas obje- tivas diretas, o texto não focalizaria de modo tão direto os elementos que, segundo o autor, definem Paris como uma cidade única. Como foi escrita, a cr nica explora um recurso sintático que dirige o olhar do leitor para a cidade a partir da perspectiva criada por Mario Sergio Conti. Pratique CONTI, Mario Sergio. Disponível em: <http://www.nominimo.ibest.com.br>. Acesso em: 19 set. 2003. Lembre-se Anáfora: mecanismo coe- sivo em que os pronomes re- tomam elementos expressos anteriormente no texto. Catáfora: ao contrário da anáfora, neste mecanismo o referente aparece depois do pronome. conjunções subordinativas integrantes (conectivos) orações subordinadas substantivas objetivas diretas 447 C ap ít u lo 2 5 • P er ío do c om po st o po r su bo rd in aç ão I R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . I_plus_gramatica_cap25_C.indd 447 10/12/10 3:50:05 PM Capítulo Período composto por subordinação II As orações que equivalem a adjetivos 26 OBJETIVOS Ao final do estudo deste capítulo, você deverá ser capaz de: 1. Compreender por que algumas orações subordinadas equivalem a adjetivos e outras a advérbios. 2. Identificar as funções sintáticas exercidas pelo pronome relativo que introduz as orações subordinadas adjetivas. 3. Classificar as orações subordinadas adjetivas. 4. Saber que tipos de orações reduzidas podem funcionar como subordinadas adjetivas. 5. Classificar as orações subordinadas adverbiais. 6. Reconhecer que tipos de orações reduzidas podem funcionar como subordinadas adverbiais. LINIERS. Macanudo, N. 1. Campinas: Zarabatana Books, 2008. p. 85. Leia com atenção a tira abaixo para responder às questões de 1 a 4. MACANUDO Liniers 1. A tira apresenta uma sériede acontecimentos que podem ser descritos de modo bem resumido. Faça a apresentação mais concisa possível desses acontecimentos. 2. A leitura atenta de cada um dos quadrinhos permite identificar uma relação entre os acontecimentos apresentados. Que relação é essa? Como você identificou essa relação?ff 3. Releia e compare a função dos termos destacados. 448 U n id ad e 6 • S in ta xe d o pe rí od o co m po st o R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . I_plus_gramatica_cap26_C.indd 448 10/12/10 5:05:36 PM