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Gramatica - Moderna Plus-472-474

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Usos das orações subordinadas substantivas
A análise da estrutura sintática de textos revelará a presença de mui-
tas orações coordenadas e subordinadas. natural que isso aconteça, já 
que é por meio desses mecanismos sintáticos que as ideias se articulam 
nos textos. Algumas vezes, porém, é possível constatar que o autor do 
texto explora intencionalmente uma determinada estrutura sintática para 
promover um efeito de sentido. Foi o que fez, no texto abaixo, o jornalista 
Mario Sergio Conti.
Que um dos traços mais fundos do modo de ser pari-
siense é a paixão pela ordem. Dava gosto observar a Praia 
de Paris, ao longo do Sena: todos sentados, a maioria lendo, 
em espreguiçadeiras ou esteiras, de calção e biquíni, sem 
ligar para mais nada. Parecia uma biblioteca ao ar livre. A 
paixão pela ordem se expressa nas filas, organizadíssimas 
e generalizadas, e nas greves. [...]
Que nos ônibus há placas de orientação: é permitido 
abrir ou fechar as janelas; mas é preciso conversar com os 
passageiros em torno antes de fechá-las ou abri-las; e em 
caso de divergência insolúvel, vencem aqueles que querem 
a janela fechada, mesmo que eles sejam minoria. [...]
Que o clima, embora [seja] variável, é previsível. Paris 
não é como São Paulo ou Londres, onde às vezes as quatro 
estações se manifestam num único dia. Aqui, as estações 
são bem marcadas, e extremadas. O frio e o calor doem. 
[...]
Que o cosmopolitismo se faz de diversidade e igual-
dade. É enorme a diversidade étnica e comportamental 
em Paris. Mas todos são iguais em deveres, direitos, cida-
dania. A desigualdade social, que sem dúvida existe, não 
é chocante.
Que sem “bom-dia”, “por favor” e “obrigado” não se 
vai a lugar nenhum.
Duas ou três coisas que sei dela
 10. O homem de chapéu fica angustiado com uma sensação que teve. 
Que sensação foi essa?
a) A fala em que a personagem explicita essa sensação tem uma 
estrutura subordinada. Identifique as orações que a compõem e 
classifique-as.
b) Que função as expressões “como indivíduo” e “o último de todas 
as coisas” exercem nessa estrutura subordinada?
c) Podemos afirmar que essas duas expressões são importantes 
para compreender a angústia que toma conta da personagem. 
Por quê? 
d) A relação estabelecida entre a oração subordinada presente no 
texto do quarto quadrinho e a imagem do último quadrinho é 
fundamental para a construção de sentido da tira. Explique. 
MACANUDO Liniers
 Leia com atenção a tira abaixo para responder à questão 10.
LINIERS. Macanudo, 
N. 2. Campinas: 
Zarabatana Books, 
2009. p. 7 . 1 6.
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Você viu, na análise da cr nica “Duas ou três 
coisas que sei dela”, como o uso intencional de 
orações subordinadas objetivas diretas pode di-
recionar o olhar do leitor em uma descrição. Sua 
tarefa, agora, será escrever uma cr nica utilizando 
esse mesmo recurso sintático para descrever a sua 
cidade natal. O título deverá ser o mesmo: “Duas 
ou três coisas que sei dela”.
Antes de começar o texto, faça uma lista de ca-
racterísticas que, a seu ver, fazem da sua cidade um 
lugar especial e que não poderiam ser ignoradas se 
ela fosse descrita a alguém que não a conhece.
Uma vez criada a lista de características, decida 
quais outras informações ou comentários você 
deseja associar a cada uma delas, para melhor 
apresentar aquilo que está sendo descrito.
Que o homem mais presente na cidade é Napoleão. 
Não se andam duas quadras sem que alguma ideia ou 
obra do Corso não se ofereça à vista. Aliás, foi dele a ideia 
de numerar casas e prédios, deixando os números ímpares 
de um lado das ruas, e os pares, do outro. A mulher que 
mais aparece é Joana d’Arc.
Que as ideias mais difundidas nos monumentos, nas 
placas, nas obras públicas continuam sendo as oriundas 
da revolução de 1789: liberdade, igualdade e fraterni-
dade; os feitos e batalhas do Grande Exército; os que 
tombaram pela Pátria; os direitos do homem. [...]
Que, ao contrário da lenda, os parisienses não são 
ríspidos, azedos ou tratam mal as pessoas. Eles são pro-
fissionais. Um garçom não faz chacrinha com o cliente: 
ele cumpre o seu serviço com seriedade e polidez, e con-
sidera um igual aquele a quem atende. Não é, jamais, um 
servo mendigando gorjeta de alguém que lhe é superior 
na escala social.
Que ninguém é servil em Paris. Nem os pedintes.
[...]
Que nesta semana completa um ano que moro em 
Paris.
Morando em Paris havia um ano, o jornalista Mario Sergio Conti es-
creveu uma cr nica para apresentar as inúmeras características que, 
para os olhos de um estrangeiro, dão identidade cidade-luz.
Em termos sintáticos, todos os parágrafos do texto são uma espécie 
de “complementação” do título: “Duas ou três coisas que sei dela”. O 
pronome ela, no caso, relaciona-se cataforicamente cidade de Paris, 
mencionada posteriormente no texto.
A cr nica começa com uma conjunção subordinativa integrante (que), que 
irá introduzir todos os demais parágrafos. como se cada um desses pará-
grafos completasse um período do qual a oração principal fosse: Eu sei....
Sintaticamente, portanto, as orações introduzidas pela conjunção 
subordinativa integrante atuarão como objetos diretos do verbo saber, 
presente no título. Na verdade, as orações subordinadas substantivas 
objetivas diretas cumprem, na cr nica, a função de explicitar as “duas 
ou três coisas” que o jornalista diz saber sobre Paris.
A estrutura sintática recorrente cria, para o leitor, um foco especí-
fico para as características escolhidas por Mario Sergio Conti como 
definidoras da identidade de Paris. Depois de se valer das subordinadas 
substantivas para apresentar cada uma das características, ele tece 
alguns comentários mais específicos, que explicarão ao leitor por que 
elas dão identidade cidade que está sendo apresentada na cr nica.
Sem o uso recorrente das orações subordinadas substantivas obje-
tivas diretas, o texto não focalizaria de modo tão direto os elementos 
que, segundo o autor, definem Paris como uma cidade única. Como foi 
escrita, a cr nica explora um recurso sintático que dirige o olhar do leitor 
para a cidade a partir da perspectiva criada por Mario Sergio Conti.
Pratique
CONTI, Mario Sergio. Disponível em: 
<http://www.nominimo.ibest.com.br>. Acesso em: 19 set. 2003.
Lembre-se
Anáfora: mecanismo coe-
sivo em que os pronomes re-
tomam elementos expressos 
anteriormente no texto.
Catáfora: ao contrário da 
anáfora, neste mecanismo o 
referente aparece depois do 
pronome.
 conjunções subordinativas 
integrantes (conectivos) 
 orações subordinadas 
substantivas objetivas diretas
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Capítulo
Período composto por
subordinação II
As orações que equivalem 
a adjetivos
26
OBJETIVOS
Ao final do estudo deste capítulo, você deverá ser capaz de:
1. Compreender por que algumas orações 
subordinadas equivalem a adjetivos e 
outras a advérbios.
2. Identificar as funções sintáticas 
exercidas pelo pronome relativo que 
introduz as orações subordinadas 
adjetivas.
3. Classificar as orações subordinadas 
adjetivas.
4. Saber que tipos de orações reduzidas 
podem funcionar como subordinadas 
adjetivas.
5. Classificar as orações subordinadas 
adverbiais.
6. Reconhecer que tipos de orações 
reduzidas podem funcionar como 
subordinadas adverbiais.
 LINIERS. Macanudo, N. 1. Campinas: Zarabatana Books, 2008. p. 85.
 Leia com atenção a tira abaixo para responder às questões de 1 a 4.
MACANUDO Liniers
 1. A tira apresenta uma sériede acontecimentos que podem ser descritos 
de modo bem resumido. Faça a apresentação mais concisa possível 
desses acontecimentos.
 2. A leitura atenta de cada um dos quadrinhos permite identificar uma 
relação entre os acontecimentos apresentados. Que relação é essa?
Como você identificou essa relação?ff
 3. Releia e compare a função dos termos destacados.
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