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Tipos de enunciados

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Tipos de enunciados
Frase, oração e período são fatores constituintes de qualquer texto escrito em prosa, pois o mesmo compõe-se de uma sequência lógica de ideias, todas organizadas e dispostas em parágrafos minuciosamente construídos.
Frase – É todo enunciado linguístico dotado de significado, ou seja, é uma comunicação clara, precisa e de fácil entendimento entre os interlocutores, seja na língua falada seja na escrita.
Neste caso, temos a frase nominal e verbal.
A frase nominal não é constituída por verbo.
Ex: Que dia lindo!
Já na frase verbal há a presença do verbo.
Ex: Preciso de sua ajuda.
Oração - É todo enunciado linguístico dotado de sentido, porém há, necessariamente, a presença do verbo ou de uma locução verbal.  Este verbo, por sua vez, pode estar explícito ou subentendido. 
 Ex: Os garotos adoram ir ao cinema e depois (adoram ir)ao clube.
Podemos perceber a presença do sujeito e do predicado.
Período – É um enunciado linguístico que se constitui de uma ou mais orações. Este se classifica em:
- Período simples - formado por apenas uma oração, também denominada de oração absoluta. 
Ex: Os professores entregaram as provas. 
-Composto - formado por duas ou mais orações .
Ex: Hoje o dia está lindo, / por isso os garotos irão ao cinema, / (irão)ao clube / e depois voltarão para casa felizes.
1. Leia as sequências a seguir, atribuindo a elas a nomenclatura de frase, período simples ou composto:
a) Pedro chegou estressado em casa. - Período simples
b) Nossa! Pare com tantos comentários indesejáveis. Período simples
c) Razão e emoção... (são) as duas vértices da vida.(são - verbo subentendido) - período simples
d) Caso você venha amanhã / , traga-me aquele seu vestido vermelho.Período composto
e)Não concordo com suas atitudes, pois elas vão de encontro aos meus princípios. Período composto
Observação
de encontro - contra
ao encontro de - a favor
2. Eis os seguintes enunciados linguísticos. Analise-os atentamente e, em seguida, responda às questões que a eles se referem:
	1 - Momentos vida de cheia a imprevisíveis é.
2 - Férias ordem de palavra nas diversão é a.
3 - Ano este de realizações será muitas.
a – Em se tratando de discurso, esse apresenta-se como lógico e coerente com vistas a promover uma efetiva interação entre os interlocutores? Comente sua afirmativa. 
Não, apresenta-se como confuso e, consequentemente, atrapalha a comunicação de ambos.
b – No que se refere à ordem direta dos elementos constituintes de uma oração (sujeito+verbo; verbo + complemento), os enunciados propostos retratam tal ocorrência? Caso não, reescreva-os de modo a atender a este propósito.
De acordo com a gramática normativa, os enunciados não retratam essa ordem.
A ordem correta é:
1 - A vida é cheia de momentos imprevisíveis.
2 - Nas férias, a palavra de ordem é a diversão.
3 - Este ano será de muitas realizações.
3. Os sinais de pontuação são fatores que constituem a essência discursiva em frases, orações e períodos, e que, tanto na fala quanto na escrita, os mesmos são preponderantes no sentido de revelar a intenção do emissor. Partindo-se desse pressuposto, analise o contexto em que foram empregados de acordo com as seguintes situações:
I- O presente que ganhei é maravilhoso.
II- O presente que ganhei é maravilhoso!
III - Um presente , maravilhoso, eu ganhei.
4. Na linguagem cotidiana observamos enunciados que, isoladamente, não possuem sentidos completos, mas são concebidos como frases. Diante disso, analise o diálogo a seguir comentando sobre esta ocorrência:
- Mãe, me leva ao clube?
- Levo.
-Que dia?
- Sábado.
Nos enunciados construídos nesse diálogo, a única construção que possui sentido completo é a primeira.
As outras, isoladamente, não teriam sentido nenhum.
5. Atribua o conceito de frase, oração ou período às lacunas a seguir, levando em consideração o discurso por elas apresentados:
a –Nossa! Que dia belo! - Frase, pois não possui verbo.
b - Preciso revelar-lhe um grande segredo. 1 oração, pois o enunciado apresenta um verbo apenas.
c - Participamos da reunião, embora não tivéssemos sido convocados.Período composto por duas orações, já que ele apresenta um verbo e uma locução verbal.
d –”E agora, José”? Frase, não contém verbo.
e - Durante a viagem, visitamos lindos lugares. Período simples, pois só há nele um verbo. Uma oração.
f - Não me peças / para perdoar-lhe /, pois ainda estou magoada. Período composto por 3 orações, já que ele possui 3 verbos.
O que é coesão textual?
Quando falamos de COESÃO textual, falamos a respeito dos mecanismos linguísticos que permitem uma sequência lógico-semântica entre as partes de um texto, sejam elas palavras, frases, parágrafos, etc. Entre os elementos que garantem a coesão de um texto, temos:
A. as referências e as reiterações: Este tipo de coesão acontece quando um termo faz referência a outro dentro do texto, quando reitera algo que já foi dito antes ou quando uma palavra é substituída por outra que possui com ela alguma relação semântica. Alguns destes termos só podem ser compreendidos mediante estas relações com outros termos do texto, como é o caso da anáfora e da catáfora.
B. as substituições lexicais (elementos que fazem a coesão lexical): este tipo de coesão acontece quando um termo é substituído por outro dentro do texto, estabelecendo com ele uma relação de sinonímia, antonímia, hiponímia ou hiperonímia, ou mesmo quando há a repetição da mesma unidade lexical (mesma palavra).
C. os conectores (elementos que fazem a coesão interfrásica): Estes elementos coesivos estabelecem as relações de dependência e ligação entre os termos, ou seja, são conjunções, preposições e advérbios conectivos.
D. a correlação dos verbos (coesão temporal e aspectual): consiste na correta utilização dos tempos verbais, ordenando assim os acontecimentos de uma forma lógica e linear, que irá permitir a compreensão da sequência dos mesmos.
São os elementos coesivos de um texto que permitem as articulações e ligações entre suas diferentes partes, bem como a sequenciação das ideias.
O que é coerência textual?
Quando falamos em COERÊNCIA textual, falamos acerca da significação do texto, e não mais dos elementos estruturais que o compõem. Um texto pode estar perfeitamente coeso, porém incoerente. É o caso do exemplo abaixo:
"As ruas estão molhadas porque não choveu"
Há elementos coesivos no texto acima, como a conjunção, a sequência lógica dos verbos, enfim, do ponto de vista da COESÃO, o texto não tem nenhum problema. Contudo, ao ler o que diz o texto, percebemos facilmente que há uma incoerência, pois se as ruas estão molhadas, é porque alguém molhou, ou a chuva, ou algum outro evento. Não ter chovido não é o motivo de as ruas estarem molhadas. O texto está incoerente.
Podemos entender melhor a coerência compreendendo os seus três princípios básicos:
1. Princípio da Não Contradição: em um texto não se pode ter situações ou ideias que se contradizem entre si, ou seja, que quebram a lógica.
2. Princípio da Não Tautologia: Tautologia é um vício de linguagem que consiste n a repetição de alguma ideia, utilizando palavras diferentes. Um texto coerente precisa transmitir alguma informação, mas quando hárepetição excessiva de palavras ou termos, o texto corre o risco de não conseguir transmitir a informação. Caso ele não construa uma informação ou mensagem completa, então ele será incoerente
3. Princípio da Relevância: Fragmentos de textos que falam de assuntos diferentes, e que não se relacionam entre si, acabam tornando o texto incoerente, mesmo que suas partes contenham certa coerência individual. Sendo assim, a representação de ideias ou fatos não relacionados entre si, fere o princípio da relevância, e trazem incoerência ao texto.
Outros dois conceitos importantes para a construção da coerência textual são a CONTINUIDADE TEMÁTICA e a PROGRESSÃO SEMÂNTICA.
Há quebra de continuidade temática quando não se faz a correlação entre uma e outras partes do texto (quebrando também a coesão). A sensação é que se mudou o assunto (tema) sem avisar ao leitor.Já a quebra da progressão semântica acontece quando não há a introdução de novas informações para dar sequência a um todo significativo (que é o texto). A sensação do leitor é que o texto é demasiadamente prolixo, e que não chega ao ponto que interessa, ao objetivo final da mensagem.
Em resumo, podemos dizer que a COESÃO trata da conexão harmoniosa entre as partes do texto, do parágrafo, da frase. Ela permite a ligação entre as palavras e frases, fazendo com que um dê sequência lógica ao outro. A COERÊNCIA, por sua vez, é a relação lógica entre as ideias, fazendo com que umas complementem as outras, não se contradigam e formem um todo significativo que é o texto.
Vale salientar também que há muito para se estudar sobre coerência e coesão textuais, e que cada um dos conceitos apresentados acima podem e devem ser melhor investigados para serem melhor compreendidos.
Coesão referencial
É denominada coesão referencial o vínculo estabelecido para ligar palavras, orações, períodos, e parágrafos. Ela é como a linha que liga palavras, orações e estabelece a textualidade.
Exemplo:
"Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, e que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria da hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, saloia rechonchuda e bonitota.
O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal apessoado, e sobretudo era maganão. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído por junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença de serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos."
Memórias de um Sargento de Milícias - Manoel Antônio de Almeida, 1852, Rio de Janeiro.
No texto acima, o referente é Leonardo e o vínculo entre as palavras é definido por ele. Por isso, no texto ficamos sabendo que Leonardo é português, que trabalhava em Lisboa e viajou para o Brasil. Era um homem jovem e bonito.
A coesão pode ser anáfora ou catáfora e é usada para ativar os elementos do texto.
Anáfora
Ocorre por meio de Recursos gramaticais: artigos, advérbios, pronomes e numerais.
Exemplo:
Sua história = ele = pronome
Tempos remotos = advérbio
Dois amantes = numeral
Recursos lexicais: sinônimos, nomes genéricos, hiperônimos.
Exemplo:
Maria da Hortaliça - nome genérico
Extremosos e familiares que pareciam sê-lo de anos = sinônimos
Gracejo = brincadeira = hiperônimo
Catáfora
É o termo que antecipa o referente e aparece no encadeamento linear do texto. Aparece no texto pelo uso de pronomes demonstrativos e indefinidos.
Exemplo: 
Sua história tem pouca coisa de notável... = sua = pronome indefinido
...e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares... = os 
dois amantes = eles = pronome demonstrativo.
De forma bastante resumida, você pode memorizar que a Anáfora é um recurso coesivo que retoma algo que já foi citado.
Exemplos:
Joana não saiu ontem. Ela preferiu ficar em casa.
Regência e Crase: essas são as matérias mais cobradas em concurso público.
Já a catáfora apresenta algo que ainda não foi dito. 
Exemplos:
Eu pretendo fazer isto: Estudar os pronomes.
As matérias mais cobradas em concurso público são estas: regência e crase.
Coesão sequencial
A coesão sequencial é responsável por criar as condições para a progressão textual. De maneira geral, as flexões de tempo e de modo dos verbos e as conjunções são os mecanismos responsáveis pela coesão sequencial nos textos.
Os mecanismos de coesão sequencial são utilizados para que as partes e as informações do texto possam ser articuladas e relacionadas. Além da progressão das partes do texto, os mecanismos de coesão sequencial contribuem para o desenvolvimento do recorte temático. Dessa forma, o autor do texto evita falta de coesão, garantindo boa articulação entre as ideias, informações e argumentos no interior do texto e, principalmente, a coerência textual.
Alguns termos responsáveis pela coesão sequencial nos textos:
Adição/inclusão - Além disso; também; vale lembrar; pois; outrossim; agora; de modo geral; por iguais razões; inclusive; até; é certo que; é inegável; em outras palavras; além desse fator...
Oposição - Embora; não obstante; entretanto; mas; no entanto; porém; ao contrário; diferentemente; por outro lado...
Afirmação/igualdade - Felizmente; infelizmente; obviamente; na verdade; realmente; de igual forma; do mesmo modo que; nesse sentido; semelhantemente...
Exclusão - Somente; só; sequer; senão; exceto; excluindo; tão somente; apenas...
Enumeração - Em primeiro lugar; a princípio...
Explicação - Como se nota; com efeito; como vimos; portanto; pois; é óbvio que; isto é; por exemplo; a saber; de fato; aliás...
Conclusão - Em suma; por conseguinte; em última análise; por fim; concluindo; finalmente; por tudo isso; em síntese, posto isso; assim; consequentemente...
Continuação - Em seguida; depois; no geral; em termos gerais; por sua vez; outrossim...
 Responda às questões sobre as tirinhas:
1. Quem seria a mulher a quem ama Adão? A quem o pronome você no último quadrinho se refere? Essas duas referências que você encontrou estão expressas no texto ou fazem parte do nosso conhecimento de mundo? Seria a Eva, a Deus quem criou Eva, fazem parte do nosso conhecimento.
2. Os pronomes dessas e isso fazem referências respectivamente a que coisas? Qual deles é anafórico e qual é catafórico? Ao abridor de latas e o maçarico, (Dessa) –catafórico, (isso)- Anaforico.
Qual é a referência do termo aqui no primeiro quadrinho? Qual é a referência do termo aquilo no segundo quadrinho? Qual é a referência do termo aqui no quarto quadrinho? Qual é a referência do termo aí no sexto quadrinho? Qual é a referência do termo lo em pegá-lo no último quadrinho? "aqui" Refere-se à ilha que eles estão.
"aquilo" Refere-se à garrafa no mar.
"aqui" Refere-se ao papel.
"aí" Refere-se ao papel.
"pega-lo" Refere-se ao prêmio ganho por eles.
3. 
4. O que explica a necessidade do uso de lhe no primeiro quadrinho, conforme as prescrições da norma culta? O verbo é transitivo indireto. O pronome pessoal oblíquo a ser usado nesse caso é o lhe
5.
Por que o homem de chapéu usa o pronome aquela para se referir às estrelas e o pronome essa para se referir a verruga? aquela, se refere a uma coisa que esta distante e essa em uma coisa perto;
observa: a estrela esta distante, e a verruga no dedo, bem próximo.
Exercícios de vestibular
Lei Maria da Penha, um novo paradigma
Jandira Feghali e Maria da Penha Folha de S.Paulo, 07/08/2016
Há exatos dez anos, uma lei chegou para romper um modelo enraizado há séculos no Brasil. Padrões excludentes empurravam para a minoria a hoje majoritária parcela da população brasileira. Tratadas pelo mercado de trabalho, pelas relações sociais e econômicas e até pelas leis como inferiores, as mulheres viram nesta específica legislação o maior exemplo de combate.
A lei surgiu, como nossa história registra num triste capítulo, da pior violência que pode acometer alguém. Na década de 1980, uma de nós carregou na pele e na alma tamanha brutalidade. Foram tiros e choques desferidos pelo próprio marido, com a intenção de matá-la.
Essas tentativas não foram suficientes para calar esta guerreira, Maria da Penha, e dela veio o exemplo que gerou a legislação em vigor: a Lei Maria da Penha.
Hoje a naturalização da violência decorrente denosso atraso não encontra mais respaldo. A lei e todo o debate que a precedeu promoveram uma ruptura, uma mensagem clara de que a violência contra a mulher não é mais aceitável.
O texto da lei é uma declaração, um confronto à hierarquia até então estabelecida. Um basta à lógica que dividia a sociedade entre superiores e inferiores, os que possuem poder e os que estão a ele submetidos, os que podem usufruir de uma vida livre de violência e os que estão sujeitos a ela diariamente.
Em dez anos, a taxa de homicídio de mulheres permaneceu no mesmo patamar, por volta de 1,2 para cada 100 mil, comprovando que a violência ainda persiste, mas ao menos não cresceu. Mesmo que em número insuficiente, a instalação de varas e juizados especializados em agressões contra a mulher conferiu maior segurança para a denúncia.
Hoje mais mulheres buscam as delegacias porque passaram a confiar na possibilidade de proteção. A sensação de impunidade foi aos poucos sendo afastada.
De acordo com estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2015 houve redução de 10% no número de mulheres assassinadas em decorrência da violência doméstica. Vidas foram salvas.
A Lei Maria da Penha avançou em muitos sentidos, mas a principal contribuição foi, sem dúvida, estabelecer um novo paradigma, iluminar uma questão até então relegada ao espaço privado. Uma realidade cruel com as mulheres passou a ser tratada como política pública.
Muito temos que caminhar para a integral efetividade da lei, mas o passo mais difícil foi dado. E foi dado porque encontrou na democracia o espaço necessário para florescer. Quando a democracia está em risco, a intolerância e o preconceito crescem, e os avanços são ameaçados.
Hoje, ao celebrarmos uma década dessa legislação, vemos com tristeza, mas com redobrada disposição para a luta, discursos que parecem ter como único objetivo retroceder ao antigo paradigma. Muitas vezes são proferidos pelos que dizem nos representar no poder.
Apesar de tudo, a lei se consolida a cada ano. O Brasil não tolera mais a violência contra a mulher. É uma conquista sem volta, nossa e sua, de todas nós.
JANDIRA FEGHALI, 59, é deputada federal (PCdoB/RJ). Foi deputada estadual do Rio e relatora da Lei Maria da Penha
MARIA DA PENHA, 71, é biofarmacêutica e líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres. Vítima de agressões domésticas do exmarido, que a deixaram paraplégica, inspirou a criação da lei federal que leva seu nome
[Texto adaptado]
(Fac. Direito de São Bernardo do Campo SP/2017)
1. Também presente no primeiro parágrafo, a mencionada “hoje majoritária parcela da população brasileira” diz respeito
a)	às tentativas de combate à violência contra a mulher.
b)	às mulheres.
c)	à Lei Maria da Penha.
d)	à própria Maria da Penha.
(FGV /2017/Julho) 
2. Na frase “Apesar de aparentar ser uma ideologia justa, a meritocracia, por causa principalmente de disparidades socioeconômicas, revela-se imparcial, uma vez que só detêm méritos aqueles que são beneficiados com oportunidades para alcançá-los”, pode-se apontar incoerência devido ao emprego inadequado da palavra
a)	“ideologia”.
b)	“disparidades”.
c)	“imparcial”.
d)	“beneficiados”.
e)	“oportunidades”.
Fonte: Folha de São Paulo – 27/10/2016 – Mercado.
 (Fundação Instituto de Educação de Barueri SP/2017) 
3. Observa-se que a palavra “isso”, no segundo quadrinho, tem a seguinte função coesiva:
a)	Retomada de um termo anteriormente citado.
b)	Definir uma situação que ainda vai surgir.
c)	Substituir um marcador de tempo.
d)	Atender a um termo elíptico.
e)	Construir novos significados.
Mais velho, poucos amigos?
1 Um curioso estudo divulgado na última semana 2 mostrou que a redução do número de amigos com a 3 idade, tão comum entre os humanos, pode não ser 4 exclusivo da nossa espécie. Aparentemente, macacos 5 também passariam por processo semelhante em 6 suas redes de contatos sociais, o que poderia sugerir 7 um caráter evolutivo desse fenômeno.
8 No trabalho desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa 9 com Primatas em Göttingen, Alemanha, se 10 identificou uma redução de grooming (tempo dedicado 11 ao cuidado com outros indivíduos, como limpar o 12 pelo e catar piolhos) entre os macacos mais velhos 13 da espécie Macaca sylvanus. Além disso, eles praticavam 14grooming em um número menor de “amigos” 15 ou parentes.
16 Fazer grooming está para os macacos mais ou 17 menos como o “papo” para nós. Da mesma forma 18 que o “carinho” humano, ele parece provocar a liberação 19 de endorfinas. Geram-se, dessa forma, sensações 20 de bem-estar tanto em homens como em outros 21 animais.
22 Na pesquisa, publicada pelo periódico New23Scientist, os cientistas perceberam que macacos de 24 25 anos tiveram uma redução de até 30% do tempo 25 de grooming quando comparados com adultos de 26 5 anos. Se esse fenômeno acontece em outros primatas, 27 ele também pode ter chegado a nós ao longo 28 do caminho de formação da nossa espécie. Se chegou, 29 qual teria sido a vantagem evolutiva?
30 Durante muito tempo se especulou que esse 31 “encolhimento” social em humanos seria, na verdade, 32 resultado de um processo de envelhecimento, em 33 que depressão, morte de amigos, limitações físicas, 34 vergonha da aparência e menos dinheiro poderiam 35 limitar as novas conexões. Mas, pesquisando os idosos, 36 se percebeu que ter menos amigos era muito 37 mais uma escolha pessoal do que uma consequência 38 do envelhecer.
39 Uma linha de investigação explica que essa redução 40 dos amigos seria, na verdade, uma seleção 41 dos mais velhos de como usar melhor o tempo. Mas 42 outros especialistas defendem a ideia de que os mais 43 velhos teriam menos recursos e defesas para lidar 44 com estresse e ameaças e, assim, escolheriam com 45 mais cautela as pessoas com quem se sentem mais 46 seguros (os amigos) para passar seu tempo.
BOUER, J. Jornal O Estado de São Paulo, 
caderno Metrópole, domingo, 26 jun. 2016, p. A23. Adaptado.
 (FM Petrópolis RJ/2017) 
Para garantir a unidade e a coerência, todo texto deve seguir uma determinada ordem de apresentação das ideias.
4. Ao desenvolver o processo argumentativo, o texto apresentado, depois de informar que a redução do número de amigos pode ser fruto de uma escolha pessoal do idoso, afirma que
a)	a depressão, as limitações físicas, a vergonha da aparência são alguns fatores que podem afetar as pessoas idosas.
b)	o grooming entre os macacos equivale à relação de carinho e de contato entre os humanos.
c)	o homem não é o único ser vivo que sofre uma redução de amigos ao longo do seu processo de envelhecimento.
d)	os especialistas defendem posições distintas sobre a relação entre envelhecimento e redução de amigos.
e)	os macacos mais velhos tiveram redução do tempo de grooming, segundo uma pesquisa alemã.
(FM Petrópolis RJ/2017) 
5. No texto, a palavra ou expressão a que se refere o termo destacado está corretamente explicitada entre colchetes em:
a)	“Aparentemente, macacos também passariam por processo semelhante em suas redes de contatos sociais, o que poderia sugerir um caráter evolutivo desse fenômeno.” (Refs. 4-7) [nossa espécie]
b)	“Além disso, eles praticavam grooming em um número menor de ‘amigos’ ou parentes.” (Refs. 13-15) [outros indivíduos]
c)	“Da mesma forma que o ‘carinho’ humano, ele parece provocar a liberação de endorfinas.” (Refs. 17-19) [grooming]
d)	“Se esse fenômeno acontece em outros primatas, ele também pode ter chegado a nós ao longo do caminho de formação da nossa espécie.” (Refs. 26-28) [tempo de grooming]
e)	“escolheriam com mais cautela as pessoas com quem se sentem mais seguros (os amigos) para passar seu tempo.” (Refs. 44-46) [as pessoas]
De repente, uma variante trágica.
Aproxima-se a seca.
O sertanejo adivinha-a e prefixa-a graças ao ritmo singular com que se desencadeia o flagelo.
Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e pouco invadida pelo limbo candente que irradia do Ceará.
[...]
Os sintomas do flagelo despontam-lhe, então, encadeados em série, sucedendo-se inflexíveis, como sinais comemorativos de uma moléstia cíclica,da sezão assombradora da Terra. [...] E ao descer das tardes, dia a dia menores e sem crepúsculos, considera, entristecido, nos ares, em bandos, as primeiras aves emigrantes, transvoando a outras climas...
É o prelúdio da desgraça.
Vê-o acentuar, num crescente, até dezembro.
Precautela-se: revista, apreensivo, as malhadas. Percorre os logradouros longos. Procura entre as chapadas que se esterilizam várzeas mais benignas para onde tange os rebanhos. E espera, resignado, o dia 13 daquele mês. Porque, em tal data, usança avoenga lhe faculta sondar o futuro, interrogando a Providência.
É a experiência tradicional de Santa Luzia. No dia 12 ao anoitecer expõe ao relento, em linha, seis pedrinhas de sal, que representam, em ordem sucessiva da esquerda para a direita, os seis meses vindouros, de janeiro a junho. Ao alvorecer de 13 observa-as: se estão intactas, pressagiam a seca; se a primeira apenas se deliu, transmudada em aljôfar límpido, é certa a chuva em janeiro; se a segunda, em fevereiro; se a maioria ou todas, é inevitável o inverno benfazejo.
Esta experiência é belíssima. Em que pese ao estigma supersticioso, tem base positiva, e é aceitável desde que se considere que dela se colhe a maior ou menor dosagem de vapor d’água nos ares, e, dedutivamente, maiores ou menores probabilidades de depressões barométricas, capazes de atrair o afluxo das chuvas.
(Euclides da Cunha. Os Sertões, 1979. Adaptado)
 (IBMEC SP/2017/Julho) 
6. No texto, os pronomes exercem relevante função, organizando as referências, necessárias para uma leitura produtiva das informações. Nas passagens “Os sintomas do flagelo despontam-lhe, então, encadeados em série...” e “Vê-oacentuar, num crescente, até dezembro.”, os pronomes em destaque têm como referentes, respectivamente,
a)	sertanejo e prelúdio da desgraça.
b)	narrador e sertanejo.
c)	sertanejo e narrador.
d)	seca e prelúdio da desgraça.
e)	narrador e inverno benfazejo.
(UNIFOR CE/2017/Julho) 
A.Esse foi o primeiro efeito do encontro fatal que aqui se dera. Ao longo das praias brasileiras de 1500, se defrontaram, pasmos de se verem uns aos outros tal qual eram, a selvageria e a civilização. Suas concepções, não só diferentes mas opostas, do mundo, da vida, da morte, do amor, se chocaram cruamente. Os navegantes, barbudos, hirsutos, fedentos de meses de navegação oceânica, escalavrados de feridas do escorbuto, olhavam, em espanto, o que parecia ser a inocência e a beleza encarnadas. Os índios, vestidos da nudez emplumada, esplêndidos de vigor e de beleza, tapando as ventas contra a pestilência, viam, ainda mais pasmos, aqueles seres que saíam do mar.
B.Provavelmente seriam pessoas generosas, achavam os índios. Mesmo porque, no seu mundo, mais belo era dar que receber. Ali, ninguém jamais espoliara ninguém e a pessoa alguma se negava louvor por sua bravura e criatividade. Visivelmente, os recém-chegados, saídos do mar, eram feios, fétidos e infectos. Não havia como negá-lo. É certo que, depois do banho e da comida, melhoraram de aspecto e de modos. Maiores terão sido, provavelmente, as esperanças do que os temores daqueles primeiros índios. Tanto assim é que muitos deles embarcaram confiantes nas primeiras naus, crendo que seriam levados a Terras sem Males, morada de Maíra (NewenZeytung 1515). Tantos que o índio passou a ser, depois do pau brasil, a principal mercadoria de exportação para a metrópole.
C.Pouco mais tarde, essa visão idílica se dissipa. Nos anos seguintes, se anula e reverte-se no seu contrário: os índios começam a ver a hecatombe que caíra sobre eles. Maíra, seu deus, estaria morto? Como explicar que seu povo predileto sofresse tamanhas provações? Tão espantosas e terríveis eram elas, que para muitos índios melhor fora morrer do que viver.
D.Os índios perceberam a chegada do europeu como um acontecimento espantoso, só assimilável em sua visão mítica do mundo. Seria gente de seu deus sol, o criador Maíra que vinha milagrosamente sobre as ondas do mar grosso. Não havia como interpretar seus desígnios, tanto podiam ser ferozes como pacíficos, espoliadores ou doadores.
E.Mais tarde, com a destruição das bases da vida social indígena, a negação de todos os seus valores, o despojo, o cativeiro, muitíssimos índios deitavam em suas redes e se deixavam morrer, como só eles têm o poder de fazer. Morriam de tristeza, certos de que todo o futuro possível seria a negação mais horrível do passado, uma vida indigna de ser vivida por gente verdadeira.
(RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 
São Paulo: Cia das Letras, 2006)
7. Para que o texto de Darcy Ribeiro possa transmitir a mensagem em seu sentido completo é necessário que seus parágrafos sejam reordenados de forma a buscar a coesão e a coerência que são próprios ao discurso. Desta forma, assinale a alternativa que corresponde à ordem correta na qual os parágrafos devem se apresentar no texto:
a)	1º parágrafo letra A; 2º parágrafo letra C; 3º parágrafo letra E;4º parágrafo letra B; 5º parágrafo letra D.
b)	1º parágrafo letra D; 2º parágrafo letra B; 3º parágrafo letra C;4º parágrafo letra E; 5º parágrafo letra A.
c)	1º parágrafo letra B; 2º parágrafo letra C; 3º parágrafo letra D;4º parágrafo letra A; 5º parágrafo letra E.
d)	‘1º parágrafo letra A; 2º parágrafo letra B; 3º parágrafo letra C;4º parágrafo letra E; 5º parágrafo letra D.
e)	1º parágrafo letra A; 2º parágrafo letra C; 3º parágrafo letra B;4º parágrafo letra D; 5º parágrafo letra E.
(UNESP SP/2017/Julho) 
Examine a tira do cartunista argentino Quino.
(Quino. A pequena filosofia da Mafalda, 2015. Adaptado.)
8. Pelo conteúdo de sua redação, depreende-se que o personagem Manuel Goreiro (o “Manolito”), além de estudar, exerce outra atividade. Transcreva o trecho em que esta outra atividade se mostra mais evidente. “a gente não vende mais nada”
9. No trecho “As lojas fecham mais tarde por quê não escurese mais tamcedo”, verificam-se alguns desvios em relação à norma-padrão da língua. Reescreva este trecho, fazendo as correções necessárias. As lojas fecham mais tarde porque não escurece mais tão cedo.
10. Por fim, reescreva o trecho final da redação (“nós ficamos muito mais contentes com a primavera com a chegada dela”), desfazendo a redundância nele contida. nós ficamos muito mais contentes com a chegada da primavera.
A praga dos selfies
De uma coisa tenho certeza. A foto pelo celular vale apenas pelo momento. Não será feito um álbum de fotografias, como no passado, onde víamos as imagens, lembrávamos da família, de férias, de alegrias. As imagens ficarão esquecidas em um imenso arquivo. Talvez uma ou outra, mais especial, seja revivida. Todas as outras, que ideia. Só valem pelo prazer de fazer o selfie. Mostrar a alguns amigos. Mas o significado original da foto de família ou com amigos, que seria preservar o momento, está perdido. Vale pelo instante, como até grandes amores são hoje em dia. É o sorriso, o clique, e obrigado. A conquista: uma foto com alguém conhecido.
W. Carrasco, “A praga dos selfies”. Época, 26.09.2016.
(FUVEST SP/2017/1ª Fase) 
11. Reescreva a frase “Todas as outras, que ideia.”, substituindo os dois sinais de pontuação nela empregados por outros, de tal maneira que fique mais evidente a entonação que ela tem no contexto. “Todas as outras? Que ideia!”
Examine a seguinte citação:
É menor pecado elogiar um mau livro, sem lê-lo, do que depois de o haver lido. Por isso, agradeço imediatamente depois de receber o volume.
Carlos Drummond de Andrade, Passeios na ilha.
 (FUVEST SP/2017/1ª Fase) 
12. Levando em conta o contexto, reescreva duas vezes o trecho “sem lê-lo”, substituindo “sem” por “sem que”, na primeira vez, e por “mesmo não”, na segunda. 
Privacidade na internet: chega de andarmos todos nus
(Marina Cardoso)
1 A Prefeitura de São Paulo implementou o bilhete 2 único mensal. Para usá-lo, o cidadão deve fazer um 3 cadastro com seus dados pessoais e foto no site da 4 empresa de transporte e então receber um cartão pessoal 5 e intransferível. Ao mesmo tempo, e silenciosamente, 6 são instaladas câmerasnas catracas dos ônibus da 7 cidade, de forma a garantir a identificação e controle dos 8 passageiros. À primeira vista, este é um projeto de 9 transporte público, mas suas implicações adentram outro 10 campo: o do direito à privacidade.
11 Por ser um cartão pessoal, usado em trens, metrô e 12 ônibus, o bilhete único pode mapear os hábitos dos 13 cidadãos – o que pode ser um excelente instrumento 14 para o planejamento do transporte público, desde que 15 estruturados os sistemas adequados. Mas, ao mesmo 16 tempo, pode se tornar o instrumento perfeito para a 17 vigilância massiva. Com ele, é possível, por exemplo, 18 desenhar quem encontra quem na cidade, onde e em 19 quais horas do dia. E, no entanto, apesar desse potencial 20 todo, após o cadastro para utilização do bilhete único 21 mensal, não há no site da SPTrans qualquer menção à 22 política de privacidade ou explicação e pedido de 23 concordância do cidadão para uso de seus dados.
24 Não cabe aqui o debate sobre modelo de 25 transporte. Mas este é um excelente exemplo de como, e 26 rapidamente, as informações sobre os(as) cidadãos/ãs e 27 consumidores/as estarão estruturadas, em bancos de 28 dados, de forma a permitir seu cruzamento por sistemas 29 chamados de “big data” ou “business inteligence” (BI) 30 com finalidades as mais diversas, sem que estejamos no 31 controle desse processo.
32 No entanto, precisamos ter em conta que as 33 tecnologias não são necessariamente boas ou ruins 34 quanto aos seus fins. O seu uso será definido pelos 35 interesses predominantes na sociedade. Foi isso que 36 aconteceu com qualquer tecnologia já desenvolvida pelo 37 ser humano – seja o avião, que serve para transporte ou 38 bombardeio, ou a explosão atômica, que gera energia ou 39 destrói cidades.
40 Assim, neste momento, grandes companhias de 41 tecnologia da informação (TI) contratam e pagam, muito 42 bem, “evangelizadores” do “big data” para apregoar os 43 benefícios de implantação dessa tecnologia. Cabe 44apontar que há, de fato, grande potencial para o uso de 45 informações estruturadas para o bem, seja para 46 identificar padrões de adoecimento, seja para o 47 planejamento de políticas de transporte ou para a oferta 48 de melhores serviços.
49 Por outro lado, entidades da sociedade civil 50 começam a questionar se tal capacidade técnica servirá 51 para reforçar a segregação e exclusão econômica e 52 social nas quais é calcada nossa sociedade. Perderão os 53 pobres e as minorias oprimidas?
54 Considerando a tendência de dados de saúde 55 digitalizados e em rede (há diversos projetos públicos e 56 privados nesse sentido), o que acontece se um 57 empregador consegue ter acesso à ficha médica dos 58 candidatos? Aqueles que têm doença crônica serão 59 tratados de forma igual em um processo de seleção?
60MalkiaCyrill, do Center for Media Justice, 61 importante figura no debate de comunicação e parte do 62 movimento negro dos Estados Unidos – 63 tradicionalmente alvo de vigilância e controle por parte 64 das forças de Estado –, é categórica ao afirmar: 65 “qualquer sistema deve ser avaliado não pela intenção 66 do proponente, mas pelos resultados reais que 67 proporciona”. Assim, não importa que a vigilância 68 massiva, via acesso a dados pessoais, seja perpetrada em 69 nome da segurança nacional. O fato é que ela viola o 70 direito à privacidade de toda uma comunidade, e os 71 resultados do ponto de vista da segurança são pífios.
72 Todas essas problematizações devem ser feitas 73 neste momento pelos brasileiros. Aqui, no país do 74 homem cordial, como definiu Sergio Buarque de 75Hollanda, nunca se aprovou uma lei de proteção de 76 dados pessoais. Estamos vulneráveis tal como deve se 77 sentir uma pessoa nua, a caminhar pelas ruas de uma 78 grande cidade.
79 Ainda não temos proteção suficiente, por exemplo, 80 se uma empresa ou a Receita Federal compartilhar 81 nossos dados ou se o governo deixar vazar o perfil 82 socioeconômico dos beneficiários do Bolsa Família. Os 83 dados, de alguma forma bizarra, poderão parar em CDs, 84 vendidos em cantos escondidos da Santa Efigênia, em 85 São Paulo.
86 O aumento da digitalização, dos negócios a partir 87 de dados pessoais e das nuvens web, combinado com a 88 ausência de proteção, formam o cenário do terror. Sem 89 qualquer regulação, as chances de uso tenebroso das 90 novas tecnologias aumentam vertiginosamente. A 91 balança pesa para o lado errado.
92 (...)
(Texto adaptado do original e disponível em http://www.cartacapital.com.br/blogs/
intervozes/privacidade-na-internet-chegade- andarmos-todos-nus-5930.html. 
Publicado em 25.02.2015. Acesso em 6 de setembro de 2016)
 (UEM PR/2017/Julho) 
13. Assinale o que for correto quanto ao emprego dos elementos linguísticos no texto.
01.	O pronome “Aqueles” (Ref. 58) remete a um grupo social específico que pode sofrer segregação, no caso de haver um vazamento de dados pessoais na internet.
02.	Em “... via acesso a dados pessoais” (Ref. 68), a expressão em negrito completa o sentido da forma verbal “via”, funcionando, sintaticamente, como seu objeto indireto.
04.	No trecho “os resultados do ponto de vista da segurança são pífios” (Refs. 70 e 71), a expressão em negrito denota efeitos positivos, funcionando como complemento nominal de “resultados” (Ref. 71).
08.	A expressão “categórica” (Ref. 64) caracteriza a maneira de MalkiaCyrill fazer uma afirmação a respeito do tema em questão, podendo ser substituída, sem prejuízo de sentido, por “contundente”.
16.	Em “... devem ser feitas neste momento pelos brasileiros” (Refs. 72 e 73), a expressão em negrito estabelece relação semântica de causa.
1 Um sujeito entrou no bonde, deu-me um grande safanão, atirando-me o jornal ao colo, e 2 não se desculpou. Esse incidente fez-me voltar de novo aos meus pensamentos amargos, 3 ao ódio já sopitado1, ao sentimento de opressão da sociedade inteira... Até hoje não me 4 esqueci desse episódio insignificante que veio reacender na minha alma o desejo feroz de 5 reivindicação. Senti-me humilhado, esmagado, enfraquecido por uma vida de estudo, servir 6 de joguete, de irrisão2 a esses poderosos todos por aí. Hoje que sou um tanto letrado sei que 7 Stendhal3 dissera que são esses momentos que fazem os Robespierres4. O nome não veio à8 memória, mas foi isso que eu desejei chegar ser um dia.
9 Escrevendo estas linhas, com que saudades me não recordo desse heroico anseio dos meus 10 dezoito anos esmagados e pisados! Hoje! ... É noite. Descanso a pena. No interior da casa, minha 11 mulher acalenta meu filho único. A sua cantiga chega-me aos ouvidos cheia de um grande acento 12 de resignação. Levanto-me e vou à varanda. A lua, no crescente, banha-me com meiguice, a 13 mim e a minha humilde casa roceira. Por momentos deixo-me ficar sem pensamentos, envolto 14 na fria luz da lua, e embalado pela ingênua cantilena de minha mulher. Correm alguns instantes; 15 ela cessa de cantar e o brilho do luar é empanado por uma nuvem passageira. Volto às minhas 16 reminiscências: vejo o bonde, a gente que o enchia, os sofrimentos que me agitavam, a rua17 transitada...
LIMA BARRETO
Recordações do escrivão Isaías Caminha (1917). São Paulo: Ática, 1995.
1sopitado − acalmado
2irrisão − zombaria
3 Stendhal − escritor francês da primeira metade do século XIX
4Robespierres − referência a um dos líderes da Revolução Francesa
 (UERJ/2017/1ª Fase) 
Ao longo do texto, há passagens que indicam que o narrador se encontra em um tempo distanciado daquele dos acontecimentos que relembra, explicitando um confronto entre passado e presente.
14. Transcreva do segundo parágrafo duas dessas passagens e justifique a pertinência de sua escolha em cada caso. Até hoje não me esqueci desse episódio insignificante que veio reacender na minha alma o desejo feroz de reivindicação

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