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O mosteiro
Cada mosteiro era dirigido por um abade, encar-
regado de vigiar a conduta de seus membros e de 
guiá-los no caminho da salvação. A função do abade 
assemelhava-se muito à de um pai. Já os monges 
deviam aprender a cultivar o silêncio e a humildade, 
virtudes adquiridas com uma disciplina diária de 
trabalho, penitência e oração, constituindo um estilo 
de vida estritamente regrado.
A disciplina da vida monástica foi estabelecida 
em egras, conjunto de preceitos que regulavam 
a vida dos monges, como as de são Basílio, de 
são Columbano e de são Patrício. Uma das mais 
importantes foi a egra	de	são	Bento, de Bento 
de Núrsia (c. 480-547), fundador da Ordem Bene-
ditina e da Abadia do Monte Cassino [doc. 2]. Sua 
obra destacava a necessidade de o mosteiro ser 
completamente independente do mundo exterior, 
dispondo de tudo o que era necessário para a vida 
em comum. A Regra de são Bento difundiu-se e 
acabou sendo adotada por outras comunidades 
monásticas [doc. 3].
Havia também os anacoretas, monges eremitas 
que viviam isolados nas florestas, distantes do con-
vívio social, não estando submetidos à autoridade 
de alguma ordem ou instituição. Devido à sua exces-
siva independência, os anacoretas eram objeto de 
desconfiança, sendo equiparados a criminosos. No 
entanto, eram venerados por muitas pessoas, que 
vinham procurá-los para curar doenças e lhes ofere-
ciam água e comida.
 Ora, trabalha e lê
Os princípios da Regra de são Bento podem ser 
resumidos no lema “ora, labora et legere” – ora, tra-
balha e lê. Para são Bento, a leitura tinha um espaço 
privilegiado na vida do monge, em especial a leitura 
das Sagradas Escrituras. O ritmo da vida no mosteiro 
buscava o justo equilíbrio entre o trabalho (corpo), 
a leitura (alma) e a oração (espírito).
DOC. 2
“A ociosidade é inimiga da alma. Por isso, os ir-
mãos devem estar ocupados a determinadas horas no 
trabalho manual e de novo a horas fixas na leitura das 
coisas de Deus.”
S.P. Benedicti Regula commentata. In: MIGNE, J. P. 
Patrologiae cursus completus. Series Latina. 
Paris: s/e, 1866. T. LXVI. (tradução nossa)
 A organização do mosteiro
“[...] os cristãos aceitavam muito melhor as comuni-
dades monásticas como espaços de paz e trampolins para 
a eternidade. [...] esse lugar fechado, guardado por um 
porteiro, tornou-se em toda a Gália um oásis característico 
da paisagem mental e física do país. Como diz são Bento, ‘o 
mosteiro deve ser construído, se possível, de tal forma que 
todo o necessário – quer dizer, a água, o moinho, o jardim e 
os vários ofícios – exerce-se no interior do mosteiro, de modo 
que os monges não sejam obrigados a correr para todos os 
DOC. 3
lados lá fora, pois isso não é nada bom para suas almas’. No 
entanto, [...] os cenobitas não cortam relações com o exterior 
e não se enquistam no tecido social. Hóspedes, peregrinos e 
noviços são ali acolhidos. [...]”
ROUCHE, Michel. Alta Idade Média ocidental. In: VEYNE, Paul 
(Org.). História da vida privada. São Paulo: Companhia das Letras, 
1989. v. 1. p. 418-419.
Abadia de Monte Cassino, 
construída no século VI. 
Itália, década de 1990.
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•	 A ade. Derivado do aramaico abba, que significa “pai”. 
Geralmente, o abade era um monge mais velho 
e experiente, eleito pelos irmãos para decidir sobre 
todos os assuntos importantes da comunidade.
•	 Cirílico. Adjetivo formado a partir do nome do provável 
fundador desse alfabeto: Cirilo. O alfabeto cirílico 
derivou-se dos alfabetos glagolítico e grego.
 A conversão dos 
reinos bárbaros
Com o objetivo de obter conversões, missões 
cristãs de monges pregadores percorriam os reinos 
bárbaros, alargando as fronteiras da cristandade. 
O primeiro rei bárbaro a converter-se à fé cristã 
foi Clóvis, rei dos francos, em 498. Esse aconteci-
mento teve implicações profundas, pois, durante a 
Idade Média, a conversão a alguma fé religiosa não 
dependia exclusivamente de convicções íntimas e 
pessoais do convertido.
A conversão era uma questão política. Buscava-se, 
antes de tudo, converter o rei ou chefe de uma comuni-
dade, que então era imitado por todo o seu povo. Desse 
modo, era possível cristianizar comunidades inteiras, 
que passavam a ser reconhecidas nominalmente como 
cristãs e, a partir daí, deviam fidelidade à Igreja. As 
conversões eram feitas pela persuasão pacífica, por 
tratados diplomáticos ou pela força das armas.
O processo foi lento, porém contínuo. Na Europa 
Ocidental, entre os séculos VI e VII, missões de 
monges irlandeses percorreram as ilhas britânicas, 
a Inglaterra e a Escócia, cristianizando totalmente 
a região. No século VIII, o monge inglês Bonifácio 
empreendeu uma série de missões e conseguiu 
converter grande parte das tribos germânicas que 
viviam ao leste do Rio Reno [doc. 4].
Por fim, entre os séculos IX e X, foram conver-
tidos os povos eslavos e escandinavos que viviam 
nos limites da cristandade. Essa conversão foi obra 
 1. Quais seriam os objetivos centrais das recomen-
dações da Regra de são Bento: “ora, trabalha e lê” 
[doc. 2]?
 2. Qual foi a importância do movimento monástico na 
expansão do cristianismo durante a Idade Média?
 3. Quais os dois tipos de recomendação feitos pelo 
papa ao monge Bonifácio? Quais os objetivos des-
sas recomendações [doc. 4]?
QUESTÕES
tanto dos monges ocidentais quanto dos monges 
de Constantinopla, que chegaram a inventar um dia-
leto e um novo alfabeto, o cirílico, para evangelizar 
os povos eslavos das estepes russas.
A estratégia foi bem-sucedida, pois entre os 
séculos VI e X as missões cristãs conseguiram 
converter praticamente todos os reinos bárbaros 
na Europa. O reino dos francos, um dos primeiros 
a ser convertido, acabou se tornando o defensor 
oficial da cristandade ocidental. Por volta do ano 
1000, após séculos de luta da Igreja pela conver-
são, a Europa podia ser considerada um continente 
cristão, cercada por territórios islâmicos.
 A cristianização da Germânia
O monge inglês Bonifácio foi encarregado de 
cristianizar e organizar a Igreja na Germânia, ter-
ritório da Alemanha atual. Nesta carta, escrita em 
732, o papa Gregório III lhe dá instruções de como 
agir com os convertidos.
DOC. 4
“Tu não podes, conforme dizes, satisfazer às necessi-
dades de conversão das massas que, nesses países, foram 
ganhas por ti para a verdadeira fé, tanto se desenvolve 
em todos os sentidos a propagação da fé graças ao Cristo. 
Ordenamos-te, portanto, conforme aos estatutos dos 
santos cânones, à medida que cresce a multidão dos fiéis, 
que nomeies bispos em nome da sede apostólica, mas 
com uma piedosa consideração, a fim de que a dignidade 
episcopal não seja aviltada [...].
No caso daqueles que mataram um pai, uma mãe, um 
irmão ou uma irmã, determinamos que eles não podem 
receber o corpo do Senhor durante toda a sua vida, com 
exceção da extrema-unção. Eles devem abster-se de carne 
e de vinho; enquanto viverem, deverão jejuar na 2a, na 
4a e na 6a feira, e assim, por suas lágrimas, pagar pelos 
crimes cometidos.
Tu enumeras ainda entre outros pontos duvidosos o fato 
de que alguns dos fiéis vendem aos pagãos seus escravos para 
ser imolados. Nós te ordenamos, irmão, que corrijas este 
abuso com o maior cuidado. Tu não deves mais permiti-lo 
daqui para frente. Aos que o perpetrarem, deves impor a 
mesma penitência imposta que para o homicídio. [...]”
Carta do papa Gregório III a são Bonifácio [732]. 
CARPENTIER, J.; LEBRUN, F. Histoire de l´Europe. 
Paris: Seuil, 1990. p. 149-150. (tradução nossa)
Iluminura desacramentário representando germanos 
sendo batizados e o martírio de São Bonifácio, 975. 
Biblioteca Universitária, Heidelberg.
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 Objetivos
 Explicar o processo 
de formação do 
Império Carolíngio.
 Entender a aliança 
entre o poder 
monárquico e o 
poder religioso 
durante o Império 
de Carlos Magno.
 Termos e conceitos
•	Igre a	Católica
•	Império
•	 enascimento	
Carolíngio
Seção 7.3
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O reino cristão dos francos
 A dinastia merovíngia
O Reino Franco configurou-se como o mais poderoso da Europa Ocidental 
da Alta Idade Média. Ele formou-se e expandiu-se sob o governo de duas di-
nastias: a dinastia merovíngia (séculos V-VIII) e a dinastia carolíngia (séculos 
VIII-IX). Vejamos como se deu esse processo.
Desde a ocupação da Gália romana, no século V, até a metade do século 
VIII, os francos foram governados pela dinastia dos merovíngios (descenden-
tes de Meroveu, um suposto ancestral mítico). O primeiro soberano merovíngio 
importante foi Clóvis, que se converteu ao cristianismo em 498 e foi o primeiro 
rei bárbaro a governar com o apoio da Igreja Católica.
 Carlos Magno e a dinastia carolíngia
A dinastia carolíngia iniciou-se no século VIII com Pepino, o Breve. A 
ascensão dos carolíngios foi apoiada pela Igreja, que desejava estabele-
cer uma aliança com o reino dos francos para expulsar os lombardos de 
Roma. A aproximação da Igreja com os francos já havia se iniciado com 
Carlos Martel, pai de Pepino, que comandou a luta para expulsar os árabes 
muçulmanos da Gália. 
A aliança estratégica entre os francos e a Igreja se consolidou no reinado 
de Carlos Magno, neto de Carlos Martel. Carlos Magno assumiu o reino em 768 
e, em pouco tempo, construiu um enorme império, expandindo os domínios 
francos, que passaram a ser governados por um único soberano. No decorrer 
de várias campanhas militares consecutivas, Carlos Magno conseguiu realizar 
uma série notável de conquistas [doc. 1].
Fonte: DUBY, Georges. Atlas 
historique mondial. Paris: 
Larousse, 2003. p. 36.
OCEANO
ATLÂNTICO
 MAR MEDITERRÂNEO
REINO
ANGLO-SAXÃO
EMIRADO
DE CÓRDOBA
CALIFADO
ABÁSSIDA
SAXÔNIA
AUSTRÁSIA
NÊUSTRIA
ALEMANHA BAVIERA
BORGONHA
AQUITÂNIA
REINO
DA ITÁLIA
ÍSTRIA
ESTADOS
DA IGREJA
BRETANHA
ÁVAROS
ESLAVOS
MARCA
DA BRETANHA
MARCA
DA PANÔNIA
MARCA
HISPÂNICA
DUCADO
DE ESPOLETOCÓRSEGA
SARDENHA
DUCADO
DE BENEVENTO
SICÍLIA
Aquisgrã
Magúncia
Reims
Milão
Pávia Aquileia
Veneza
Ravena
BeneventoRoma
Nápoles
Rio Sena
Rio Reno 
Rio Loire Rio Danúbio
Rio Pó
Rio Ebro 
MAR
DO
NORTE
MAR
BÁLTICO
Trévis
Verden
Worms
Atgny
Conquistas de Carlos Magno
Estados tributários
Área de influência carolíngia
Domínio bizantino
Reino dos francos no início do
governo de Carlos Magno
 O império de Carlos MagnoDOC. 1
230 km
Conteúdo digital
Moderna PLUS http://
www.modernaplus.com.br
Mapa animado: A Europa 
merovíngea e carolíngia
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