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HISTORIA - MODERNA PLUS - Volume unico-385-387

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 O liberalismo econ mico
As atividades industriais geradas ao longo do 
século XVIII inauguraram novas relações entre 
trabalhadores e donos dos meios de produção. Para 
acompanhar essas inovações, alguns pensadores, 
que hoje poderíamos chamar de economistas, pro-
puseram um conjunto de ideias e teorias capazes 
de explicar o contexto inédito que surgia na Europa, 
em particular na Inglaterra, naquele período. Nas-
cia, assim, o liberalismo econ mico. 
Na teoria liberal, a busca do interesse próprio é 
a principal motivação do comportamento humano, 
e o sujeito é visto como um ser independente dos 
vínculos sociais, cada um concorrendo com os de-
mais pela realização de seus objetivos. Assim, os 
liberais davam muito mais importância ao indivíduo 
do ue sociedade s i erais de endiam ue os 
indivíduos (principalmente os empreendedores, ou 
seja, os homens de negócio) deveriam ser livres 
para atender a seus interesses sem nenhuma 
coerção exterior, fosse da sociedade, fosse do 
Estado. Ao perseguir seus interesses privados, os 
indivíduos estariam simultaneamente sendo úteis 
 sociedade pois sua ati idade geraria renda e 
criaria empregos, contribuindo para o aumento da 
riqueza da nação.
As ideias de Adam Smith
O mais importante teórico do liberalismo foi o 
economista escocês Adam Smith [doc. 4]. No seu 
principal livro, A riqueza das nações, publicado em 
1776, Smith defendia a supressão de toda e qual-
quer restrição ao livre desenvolvimento do mercado. 
Em princípio, isso seria igualmente benéfico para 
trabalhadores e empresários. Segundo ele, da 
mesma forma que o empresário procura sempre a 
melhor aplicação para o seu capital, o trabalhador 
procura sempre o maior salário em troca do seu 
trabalho. Ambos procuram o maior lucro possível 
com aquilo que têm para oferecer no mercado. 
Se cada um fosse livre para procurar as melhores 
oportunidades e empregar seu capital ou seu tra-
balho onde quisesse, a sociedade como um todo 
sairia ganhando.
Para Adam Smith, em vez de ser uma caracte-
rística moral negativa, o desejo de lucro leva o em-
presário a produzir de acordo com as necessidades 
dos consumidores, regulando a oferta pela procura. 
Concorrendo com outras empresas pelos mesmos 
consumidores, cada uma delas procuraria superar 
as outras ao oferecer produtos de melhor qualidade 
ou menores preços.
Assim, para os teóricos liberais, a economia é 
um conjunto de práticas regidas por leis naturais 
e seria irracional opor-se a essas leis. Por isso os 
liberais rejeitavam as medidas mercantilistas e 
pregavam o laissez-faire, ou seja, a não intervenção 
do Estado na economia, que devia obedecer apenas 
s eis sicas da o erta e da procura
Segundo Adam Smith, o papel do Estado deveria 
se reduzir apenas a três funções básicas: 
• a proteção do país contra invasões estrangeiras; 
• a administração da justiça (o que incluía a proteção 
 propriedade pri ada a garantia do cumprimento 
de contratos e a segurança interna, indispensáveis 
s ati idades econ micas 
• a realização de grandes obras públicas, como ca-
nais, pontes e estradas (que, por exigirem muito 
capital, podiam ficar a cargo do Estado). 
 O pai da economia política
Adam Smith (1723-1790) é considerado o pai 
da economia política e um dos maiores repre-
sentantes do liberalismo econômico. Como ainda 
não havia cátedra de economia em sua época, 
ensinava filosofia moral na universidade escoce-
sa de asgo ma de suas ideias undamentais 
era a crença de que haveria uma “mão invisível”, 
encarregada de harmonizar todos os interes-
ses egoístas em concorrência na economia de 
mercado.
DOC. 4
 1. Explique o funcionamento dos sistemas doméstico e 
manufatureiro.
 2. Relacione o aumento da produção de ferro com o de-
senvolvimento dos transportes da época [doc. 3]. 
 3. Identifi que as principais características do liberalis-
mo econômico. 
QUESTÕES
Centavo 
escocês 
comemorativo 
com a efígie 
de Adam Smith, 
1797. Museu 
Britânico, Londres.
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Seção 19.4
 Objetivos
 Avaliar a importância 
da Revolução Industrial 
e identificar os 
resultados que produziu.
 Relacionar as duras 
condições de trabalho 
nas fábricas, no início da 
Revolução Industrial, à 
organização sindical dos 
trabalhadores.
 Reconhecer os danos 
que a sociedade 
industrial causou ao 
meio ambiente.
 Termos e conceitos
• Meio ambiente
• Trabalho
• Ludismo
• Organização dos 
trabalhadores
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DOC. 1 Vista de Leeds, Yorkshire, no início do século XIX, gravura do século XIX.
O cotidiano das cidades e 
dos trabalhadores
 O aumento populacional
A população das cidades industriais inglesas cresceu a taxas impres-
sionantes entre os séculos XVIII e XIX. Em 1760, Manchester, por exemplo, 
tinha cerca de 17 mil habitantes; em 1831, esse número saltou para 237 mil 
e, em 1851, para 400 mil habitantes. Birmingham teve um desenvolvimento 
semelhante: em 1740, tinha 25 mil pessoas; em 1800, passou a ter 100 mil e, 
em 1851, chegou a 230 mil [doc. 1].
O crescimento demográfico era uma realidade em toda a Inglaterra, resultado, 
entre outras coisas, de melhorias promovidas na agricultura, que aumentaram 
a produtividade dos campos. A população inglesa duplicou de tamanho no perío- 
do entre 1750 e 1820. Por volta de 1840, a maior parte da população europeia 
ainda vivia no campo e somente 19 cidades do continente tinham mais de 100 
mil habitantes, nove das quais ficavam na Inglaterra. Nessa época, Londres 
era a maior cidade do mundo, com cerca de 1 milhão de habitantes.
A questão ambiental
Nos séculos XVIII e XIX, não havia preocupação alguma com a preserva-
ção do meio ambiente. O tema tornou-se importante apenas no século XX. 
No entanto, é evidente que as transformações provocadas pela Revolução 
Industrial trouxeram alterações sensíveis no ambiente. A busca de uma pro-
dução maior e cada vez mais veloz gerava consumo amplo e descontrolado 
de recursos naturais. O exemplo mais óbvio ocorreu na extração e utilização 
do carvão mineral, que fazia as máquinas a vapor funcionarem [doc. 2].
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Desde o final do século XVI, o crescimento das 
cidades, sobretudo de Londres, gerava forte demanda 
por combustíveis domésticos. O fácil acesso ao carvão 
vegetal provocou, até o princípio do século XVIII, a de-
vastação de parte significativa das florestas inglesas. 
O problema ambiental e as necessidades energéticas 
da nascente indústria estimularam a obtenção de 
outras fontes carboníferas e o aprimoramento da 
extração do carvão mineral em áreas mais profundas 
das minas.
A nova dinâmica do trabalho, da circulação e do 
consumo de mercadorias implicava, em todas as suas 
fases, uma visão equivocada de que a natureza era 
uma fonte inesgotável de recursos, prontos a benefi-
ciar o homem. O uso industrial da água e o acúmulo de 
dejetos nas áreas de mineração alteravam a vida local. 
O aumento populacional levou milhões de pessoas a 
viverem em um mesmo espaço urbano e gerou uma 
grande quantidade de lixo, que era despejado a céu 
aberto e propiciava condições ideais para a propagação 
de doenças.
 A exploração da mão de obra 
nas fábricas
No início da Revolução Industrial, praticamente não 
havia limites para a exploração da mão de obra.Não 
existia legislação trabalhista, nem direitos sociais, 
como descanso remunerado, férias, limitação do ho-
rário de trabalho, aposentadoria etc., que só seriam 
aprovados muito mais tarde, a partir do fim do século 
XIX. A jornada de trabalho costumava variar de 12 a 
18 horas diárias. Além disso, era comum o trabalho de 
crianças e mulheres. Dentro das fábricas, os trabalha-
dores estavam sujeitos a multas e punições severas.
Para garantir a sobrevivência, todos os membros 
da família tinham de trabalhar nas fábricas. Antes 
das primeiras leis restringindo o trabalho feminino e 
infantil, os empresários davam preferência para as 
crianças e as mulheres, que recebiam bem menos 
que os homens adultos:
“Aumentou muito o número de trabalhadores porque os ho-
mens foram substituídos no trabalho pelas mulheres e sobretudo 
porque os adultos foram substituídos por crianças. Três meninas 
com 13 anos de idade e salário de 6 a 8 xelins por semana subs-
tituem um homem adulto com salário de 18 a 45 xelins.”
Thomas de Quincey. The Logic of Political Economy. 
In: MARX, Karl. O capital. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 1975. v. 1. p. 451.
 
Documentos oficiais do governo britânico descre-
vem casos de trabalhadores que vendiam seus filhos 
e paróquias que faziam leilões de crianças órfãs para 
trabalhar nas fábricas. Jornais exibiam anúncios ofere-
cendo crianças para alugar, como se fossem escravos. 
A mortalidade infantil, nas cidades industriais britâni-
cas, era altíssima. Por volta da metade do século XIX, 
em Nottingham e Manchester, principais distritos 
industriais ingleses, para cada 100 mil crianças nas-
cidas vivas, em torno de 25 mil morriam.
A insurreição contra as máquinas
ma das principais ormas de resist ncia dos tra-
a adores degradação das condiç es de tra a o 
e de vida foi a destruição de máquinas, movimento 
que na Inglaterra ficou conhecido como ludismo. O 
nome do movimento supostamente é uma homena-
gem ao primeiro trabalhador que se revoltou contra 
as máquinas, Ned Ludd. Não se sabe se Ludd foi um 
personagem real ou apenas uma lenda, mas um jor-
nalista da época afirmou que os ludistas chamavam 
aquele que comandava a quebradeira de máquinas 
de general Ludd, talvez para ocultar sua identidade 
real e evitar represálias [doc. 3].
O ludismo não foi um movimento de operários fa-
bris, mas de artesãos qualificados, cujas habilidades 
estavam sendo substituídas pelas máquinas. Os traba-
lhadores exigiam uma lei eliminando a maquinaria das 
fábricas, que prejudicava não só os artesãos qualifica-
dos, mas também os pequenos comerciantes e outras 
categorias pro issionais igadas ind stria t ti
As ações judiciais e os apelos dos trabalhadores não 
tiveram efeito, não lhes restando alternativa senão a 
revolta. A partir de 1811, o movimento de destruição de 
máquinas espalhou-se por toda a Inglaterra. O governo 
enviou o exército para reprimir a revolta, mas ela já havia 
se alastrado e contava com o apoio da população pobre, 
dos camponeses e de pequenos comerciantes locais. 
Em 1812, o governo inglês instituiu uma lei que 
punia com a morte a destruição de máquinas e enviou 
mais contingentes armados para acabar com a insur-
reição. Por fim, os líderes foram presos, julgados e en-
forcados. O movimento, mesmo assim, não terminou, e 
continuou atuando de forma esporádica até 1816.
 Revolução Industrial e meio ambiente
“A civilização agrícola, superada pela Revolução 
Industrial, usava fontes renováveis de energia. O vento 
enfunava as velas, os rios moviam moinhos. As florestas, 
cortadas em pequena escala para abastecer cozinhas 
e lareiras, eram logo recompostas pela natureza. [...] 
A civilização industrial, pelo contrário, estruturou-se 
numa base de combustíveis fósseis e não renováveis. 
Estamos falando principalmente do gás, do petróleo e 
do carvão de pedra.”
MARCOVITCH, Jacques. Para mudar o futuro: mudanças 
climáticas, políticas públicas e estratégias empresariais. 
São Paulo: Edusp/Saraiva, 2006. p. 32-33.
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