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Glândula Tireoide e Hormônios

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MEDICINA PUC-PR 
Gabriela Blum
Tireoide 
- Abaixo da cartilagem tireoidea está a 
cartilagem cricoidea, sendo que abaixo 
desta última cartilagem está a glândula 
tireoide; 
- Tireoide possui um lobo direto, um lobo 
esquerdo e istmo; 
- A tireoide é muito vascularizada; 
- Artéria carótida comum e seus ramos; 
- O nervo laríngeo recorrente passa 
próximo da tireoide e é responsável 
pela fala, por isso, se lesionado, em 
uma cirurgia, por exemplo, pode deixar 
o paciente rouco ou sem voz; 
- A tireoide é organizada em folículos que 
t ê m c o l o i d e c o n e c t a d o c o m a 
membrana apical do folículo. No coloide 
são secretadas substâncias como a 
glicoproteína tireoglobulina, que contém 
os hormônios da tireoide; 
- A membrana basal está conectada 
com os vasos sanguíneos e a apical 
com o coloide; 
- Entre os folículos ficam as células C 
ou parafoliculares, que produzem 
calcitonina envolvida no metabolismo 
do cálcio; 
- Há muitos vasos sanguíneos entre os 
folículos para depositar os hormônios 
produzidos; 
- A função da tireoide é regular diversas 
funções do metabolismo, inclusive o 
desenvolvimento do SNC; 
- T3 ( t r i i odo t i ron ina - 7%) e T4 
(tetraiodotironina ou tiroxina - 93%) são 
os principais hormônios produzidos; 
- É preciso de iodo para produzí-los, 
por isso, a deficiência de iodo leva à 
deficiência de hormônios tireoidianos 
e isso pode levar a a lgumas 
consequências: 
- Cretinismo em crianças: retardo 
mental grave e irreversível > é 
necessário buscar hipotireoidismo 
congênito já no teste do pézinho; 
- Surdo-mudez; 
- Anomalias congênitas; 
- Bócio endêmico > no Brasil todo sal 
de cozinha tem iodo adicionado 
para evitar isso; 
- Consumo de iodo: 
- Criança: 90-120 mcg/dia; 
- Adulto: 150 mcg/dia; 
- Gestante: 200 mcg/dia; 
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- Síntese dos hormônios tireoidianos: 
- Maior parte produzida é T4 (93%), só 
q u e o T 3 é m a i s a t i v o 
metabolicamente, por isso, na maior 
parte das vezes o T4 é convertido em 
T3 nos tecidos; 
- TSH estimula as células foliculares 
em número, tamanho (hipertrofia e 
hiperplasia) e na capacidade da 
pendrina; 
- O iodeto, que vem da dieta, chega na 
tireoide pelo sangue e é captado por 
um cotransportador da membrana 
basolateral (NIS), que transporta duas 
moléculas de sódio e uma de iodeto 
para dentro do folículo (transporte 
ativo secundário); 
- É criado um gradiente pela bomba 
de sódio e potássio, que manda 3 
Na no sentido do plasma e coloca 2 
K no sentido do interior do folículo, 
isso torna o interior do folículo mais 
negativo o que atrai o sódio para 
dentro que atrai junto o iodo; 
- A l é m d i s s o , a p r ó p r i a 
concentração baixa de Na dentro 
do folículo faz com que haja 
atração de Na para dentro; 
- Iodeto, na membrana apical, tem uma 
molécula chamada de pendrina 
(contratransporte de íons cloreto-
iodeto ou bomba de iodeto), que 
permite o iodeto atravessar até atingir 
o coloide; 
- As células epiteliais da tireoide 
secretam a tireoglobulina, que é uma 
p r o t e í n a g r a n d e c o m v á r i o s 
aminoácidos tirosina que serão 
iodados para formar T3 e T4; 
- Iodeto precisa estar na forma oxidada 
para se ligar à tirosina, por isso, a 
enz ima perox idase junto com 
peróx ido de h idrogênio (água 
oxigenada) oxidam o iodeto; 
- Ex i s tem med i camen tos que 
bloqueiam essa enzima peroxidase 
para tratar hipertireoidismo; 
- A tirosina é inicialmente iodada para 
monoiodotirosina (MIT) e depois para 
diodotirosina (DIT); 
- T4: 2 DIT; 
- T3: 1 MIT + 1 DIT; 
- T3 reverso é inativo: não funciona, 
a molécula é um espelho da T3 > 1 
DIT + 1 MIT no carbono oposto; 
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- Cada molécula de tireoglobulina 
contém cerca de 30 moléculas de 
tiroxina e algumas de triiodotironina; 
- Agora, os hormônios tireoidianos 
podem ser armazenados no folículos 
em quantidades suficientes para 
suprir as necessidades normais do 
organismo por 2 a 3 meses; 
- Efeitos de alteração de tireoide são 
percebidos vários meses depois; 
- Quando a tireoide sofre estímulo do 
TSH, os hormônios armazenados são 
liberados no sangue; 
- Quando chega o estímulo acontece 
pinocitose para permitir clivar T3 e T4 
da tireoglobulina, formando T3 e T4 
na forma livre e restaurando MIT e 
DIT que entram na reciclagem do 
i o d o ( f o r m a ç ã o d a e n z i m a 
deiodinase); 
- Cerca de 99% de T3 e T4 estão ligados 
a proteínas específicas no sangue: 
- TBG (globulina de ligação à tireoide), 
cerca de 70%; 
- TTR (transtirretina) e albumina; 
- T4 livre é a parcela que está no sangue 
sem estar ligado a proteína, sendo que 
os hormônios só funcionam ativamente 
quando são desconectados dessas 
proteínas acessórias; 
- Para agir no órgão alvo precisa se 
soltar da proteína; 
- N o r m a l m e n t e o s h o r m ô n i o s 
permanecem ligados na proteína para 
aumentar o tempo de meia-via e ficar 
mais solúvel; 
- Meia-vida de T4 (1 semana) e de T3 
(24 horas); 
- Ação dos hormônios é lenta pela 
necessidade de ligação às proteínas, já 
que isso envolve ação em transcrição e 
tradução; 
- T4 é liberado a cada 7 dias e T3 a 
cada 24 horas, pela diferença de 
afinidade com as proteínas de 
transporte plasmático; 
- T3 e T4 vão atuar nos órgãos-alvo 
(músculo liso, músculo cardíaco, 
cérebro, músculo esquelét ico…) 
alterando a transcrição nuclear de 
muitos genes: 
- T4 perde um iodo pela enzima 
deiodinase e se transforma em T3; 
- T3 se liga ao receptor nuclear, o 
r e c e p t o r n u c l e a r f o r m a u m 
heterodímero com o receptor de 
retinoide X, e eles juntos, ligados a T3 
(na maior parte das vezes) estimulam 
a transcrição gênica e alteração da 
síntese de proteínas que estão 
envolvidas em: 
- Crescimento, desenvolvimento do 
SNC, enzimas que participam do 
metabolismo (aumenta o número e 
tamanho de mitocôndria, aumento 
do consumo de oxigênio, aumento 
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de várias etapas da metabolização 
d a g l i c o s e , p r o m o ç ã o d a 
gliconeogênese e glicogenólise, 
ativação da lipólise), atua no débito 
cardíaco, aumenta a frequência 
cardíaca e aumenta a contração 
cardíaca; 
- Ação dos hormônios tireoidianos: 
- Aumenta o número e tamanho de 
mitocôndrias para aumentar produção 
de ATP para o fornecimento de 
energia; 
- Estimulam a bomba de sódio e 
potássio (Na+/K+ ATPase); 
- Estimula o crescimento em crianças e 
o desenvolvimento do sistema 
nervoso central; 
- E s t i m u l a o m e t a b o l i s m o d e 
carboidratos: captação rápida da 
glicose pelas células, aumento da 
glicógenólise e da gliconeogênese, 
estimulo à secreção de insulina e 
aumento da absorção de glicose no 
trato gastrointestinal; 
- Estimula o metabolismo de gorduras: 
diminui o acúmulo de gorduras 
porque a lipólise é estimulada. 
Redução das concentrações de 
c o l e s t e r o l , f o s f o l i p í d e o s e 
t r ig l icer ídeos no p lasma, mas 
aumento dos ácidos graxos livres; 
- H i p o t i r e o i d i s m o p o d e e s t a r 
associado à aterosclerose; 
- Aumenta a necessidade de vitaminas 
> deficiência relativa de vitamina pode 
o c o r r e r q u a n d o a u m e n t a u m 
hormônio tireoidiano; 
- Aumento da taxa metabólica basal; 
- Redução do peso corporal; 
- Aumento do fluxo sanguíneo e do 
débito cardíaco > vasodilatação na 
maior par te dos tec idos pe la 
necessidade de eliminação de calor 
pelo corpo; 
- Aumento da frequência cardíaca e da 
força de contração cardíaca; 
- Pressão arterial permanece normal, 
mas o hipertireoidismo pode elevar a 
sistólica e reduzir a diastólica; 
- A u m e n t o d a m o t i l i d a d e 
gastrointestinal; 
- Efeitos excitatórios no sistema 
nervoso central; 
- Efeito na função dos músculos > 
aumento pode levar ao tremor 
muscular; 
- Efeito no sono > hipertireoidismo 
causa cansaço constante; 
- Garantia da função sexual normal; 
- No hipotireoidismo há diminuição de T3 
e T4, por isso ocorre:fadiga, aumento 
de peso por edema (acúmulo de água), 
intolerância ao frio, alterações na pele, 
queda de cabelo, aumenta colesterol, 
a l tera o f luxo menstrual , causa 
infertilidade e depressão; 
- No hipertireoidismo há aumento de T3 e 
T4, por isso ocorre: aumento da 
frequência cardíaca e da pressão 
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ar ter ia l , ar r i tmias (palp i tações) , 
sudorese, perda de peso apesar do 
aumen to de ape t i t e , t r emores , 
nervosismo, ansiedade, dificuldade para 
do rm i r, d ia r re ia , a l te rações na 
menstruação (geralmente amenorréia) e 
aumento do nível de atividade apesar 
da fadiga e fraqueza; 
- Tipos de deiodinases (retira o iodo): 
- Tipo 3: principal órgão é a placenta > 
converte o substrato (T3 ou T4) em 
T3R que não funciona, é um 
mecanismo de proteção da gestante; 
- Tipo 2: está na maioria das células-
alvos, converte T4 em T3; 
- Tipo 1: atua em MIT e DIT e também 
transforma T4 em T3; 
- Regulação da liberação: 
- Quando TSH atua no receptor da 
célula folicular, estimula a liberação 
de T4 e T3; 
- TSH (tireotrofina > adeno-hipófise) é 
estimulado pelo TRH (hormônio 
liberador de TSH > hipotálamo), que 
cai no sistema porta hipotalâmico-
hipofisário até chegar na hipófise e 
estimular TSH; 
- Frio estimula TRH; 
- T3 e T4 aumentados, por feedback 
negativo, inibem a hipófise e o 
hipotálamo (TSH e TRH baixos); 
- Estresse inibe TRH e TSH e, 
consequentemente, diminui T3 e T4; 
- Prolactina pode aumentar o TSH; 
- Efeitos do TSH na tireoide: 
- Aumento do tamanho (hiperplasia) e 
número (hipertrofia) das células 
tireoidianas; 
- Aumento da atividade da bomba de 
iodeto; 
- Aumento da iodinação da tirosina; 
- A u m e n t o d p r o t e ó l i s e d a 
tireoglobulina armazenada, liberando 
T3 e T4; 
- TSH se liga em receptor da membrana 
basal das células tireoidianas, isso 
aumenta adenil-ciclase na membrana, 
que aumenta a formação de AMP 
cíclico, o qual atua como um segundo 
m e n s a g e i r o p a r a a t i v a r 
proteinoquinases e causar fosforilações 
múltiplas em toda a célula; 
- Receptor do TSH na células folicular 
é ligado à proteína G; 
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- TSH tem pico de liberação de noite, já 
que é liberado de forma pulsátil ao 
longo das horas do dia; 
- Hipotireoidismo: 
- Primário: problema na glândula 
tireoide reduz a secreção de T3 e T4, 
por feedback negativo TSH e TRH 
provavelmente estarão altos; 
- Central: 
- Secundário: problema na hipófise 
reduz TSH e consequentemente T3 
e T4 ficam baixos; 
- Terciário: problema no hipotálamo 
TRH baixo ou normal, TSH baixo e, 
consequentemente T3 e T4 baixos; 
- Hipertireoidismo: 
- Primário: problema na glândula 
tireoide aumenta a secreção de T3 e 
T4, por feedback negativo TSH e TRH 
provavelmente estarão baixos; 
- Central: 
- Secundário: problema na hipófise 
aumenta TSH e consequentemente 
T3 e T4 ficam altos; 
- Terciário: problema no hipotálamo 
TRH alto ou normal, TSH alto e, 
consequentemente T3 e T4 altos; 
- Deficiência de iodo: 
- A tireoide tenta suprir a deficiência de 
iodo inicialmente aumentando a 
capacidade da bomba de iodeto; 
- Quando a deficiência é prolongada, a 
bomba não dá conta e há uma 
diminuição de T3 e T4 e, TSH e TRH 
aumentam por feedback negativo; 
- Efeito Jod Basedow: com o aumento 
da inges tão de iodo, após a 
deficiência inicial de iodo com 
hipotireoidismo, os receptores estão 
aumentados e o efeito rebote é a 
p r o d u ç ã o d e m u i t o T 3 e T 4 
(hipertireoidismo) > hipertireoidismo 
induzido por iodo em t i reoide 
previamente lesada; 
- Efeito de Wolf-Chaikoff: muito iodo 
ingerido com uma tireoide normal 
diminui o transportador NIS e diminui a 
enzima tireoperoxidase para reduzir a 
secreção de T3 e T4, mas quando 
passa a t e r pouco ou vo l t a à 
normalidade de iodo é causado 
hipotireoidismo pela inibição prévia > 
hipotireoidismo induzido por iodo em 
tireoide previamente normal; 
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