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Apostila Papiloscopia - Rodrigo Bertuol

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PAPILOSCOPIA
Professor:
Rodrigo Bertuol
Revisão I
2023
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A reprodução ou edição não autorizada desta publicação, parcial ou integral, por qualquer
forma, processo ou meio, incluindo qualquer armazenamento permanente ou temporário em
outros sites, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9610/1998).
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................................6
1. Processos de identificação – breve histórico........................................................................7
1.1 Nome............................................................................................................................................7
1.2 Marcação física.........................................................................................................................8
1.3 Mutilação....................................................................................................................................8
1.4 Tatuagem....................................................................................................................................9
1.5 Fotografia....................................................................................................................................9
1.6 Identificação pela arcada dentária...................................................................................9
1.7 Antropometria........................................................................................................................10
1.8 Papiloscopia.............................................................................................................................11
2. Identificação versus reconhecimento...................................................................................14
3. Papiloscopia....................................................................................................................................15
3.1 Datiloscopia.............................................................................................................................15
3.2 Quiroscopia..............................................................................................................................20
3.3 Podoscopia...............................................................................................................................21
3.4 Poroscopia................................................................................................................................21
4. Identificação criminal.................................................................................................................22
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5. Identificação civil..........................................................................................................................23
6. Impressões papilares...................................................................................................................25
REFERÊNCIAS......................................................................................................................................28
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INTRODUÇÃO
O fato de não existirem duas pessoas com impressões digitais idênticas possibilita sua
diferenciação de forma inequívoca. No entanto, qual é a base científica para tal afirmação?
Um dos pioneiros a realizar um cálculo matemático para definir com que frequência seria
possível que se repetissem impressões digitais em duas pessoas distintas foi Francis Galton,
apontando que a probabilidade para isso ocorrer seria de uma em cada 64 bilhões de pessoas.
Em 2013, segundo a ONU, existiam 7,2 bilhões de pessoas e a estimativa então era de que em
2050 esse número possa chegar aos 9,6 bilhões de habitantes. Em 1999, o Departamento de
Justiça dos Estados Unidos, em conjunto com o FBI e a empresa Lockheed Martin, realizou
um experimento e concluiu-se que a taxa de erro provável na identificação com impressões
papilares é de 1 em 10 elevado a 97. Considerando o tamanho da população mundial e os
fatores que afetam a formação das cristas papilares, mesmo com números superlativos como
os apontados, é praticamente zero a probabilidade de repetição de digitais.
Tal certeza estatística é uma das razões que tornam a ciência papiloscópica completamente
confiável, fazendo com que a identificação por meio das impressões digitais seja um método
de análise preciso.
Mas por qual motivo é importante que a identificação seja realizada de forma correta e
inequívoca?
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1. Processos de identificação – breve histórico
Desde que o ser humano iniciou o convívio em sociedade, mesmo nos tempos em que os
núcleos humanos eram nômades, também surgiu a necessidade de identificar pessoas, seres e
objetos.
Imaginemos que um agrupamento humano pré-histórico tivesse, dentre seus membros, alguns
mais habilidosos na criação de ferramentas de caça. Estes membros teriam interesse em
manter suas ferramentas sob sua guarda e não gostaria de tê-las misturadas com outras
ferramentas pertencentes a outros do grupo. Assim, colocar algum sinal identificador qualquer
que fosse – algo amarrado, uma coloração diferente ou um design específico que permitisse
afirmar a quem determinada ferramenta pertencia.
Da mesma forma, facilitaria a comunicação entre os membros se cada indivíduo tivesse a sua
identificação, para que fosse possível saber se todos os membros estavam presentes no grupo
quando das atividades cotidianas, identificar aqueles de outras tribos e por aí vai.
Dentre os diversos processos de identificação temos:
1.1 Nome
Provavelmente a adoção de um nome foi a primeira forma de identificação adotada pelos
seres humanos para sua diferenciação dentro de um grupo. A princípio a escolha de um nome,
nas eras primordiais de convivência em sociedade, tinha um grande peso, pois acreditava-se
que o destino do portador poderia ser determinado pelo nome a ele atribuído. De certa forma,
até os dias atuais essa percepção ocorre, ainda que inconscientemente. Quem nunca ouviu
comentários sobre como o nome de determinada criança é indicativo de suas peraltices?
Com o aumento da população, o surgimento de homônimos – pessoas com o mesmo nome –
começou a trazer desafios. A alternativa de resolução desses desafios seria a inclusão de
novos adjetivos ao nome, tornando-os compostos.
Um dos primeiros registros do uso de nomes compostos aconteceu na China, por volta do ano
2.850 a.C., pelo imperador chinês Fushi, que determinou a adoção de sobrenome ou nomes de
famílias.
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Por ser um termo que auxilia na identificação dos indivíduos, durante a evolução da
sociedade, percebeu-se que algumas pessoas se aproveitavam da inexistência de normas mais
rígidas para a determinação dos nomes e sobrenomes. Isso fazia que, quando havia interesses
especialmente nocivos, adotavam novos nomes diferentes dos originalmente atribuídos. Até
que em 1551, na França, foi criada a primeira determinação escrita que proibia a mudança de
nome sem autorização do rei, procedimento adotado rapidamente por diversos países na
época.
Ainda assim, o nome não era a forma mais segura de determinar a identificação segura de
uma pessoa, pois mesmo a adoção de sobrenomes não impedia o surgimento de homônimos,
fazendo ser necessária a adoção de mais dados biográficos, tais como a informação sobre os
nomes completos dos pais e a data de nascimento. Mas mesmo com esses dados
complementares a possibilidade de duas pessoas distintas apresentarem nomes pessoais, de
pais e datas de nascimentos iguais, mas com características físicas diferentes permanecia.
1.2 Marcação física
O convívio em sociedade também trouxe outras implicações para o ser humano. Alguns
indivíduos tinham dificuldade em se integrar à convivência harmoniosa e precisavam ser
separados. Outros, pelas regras da época, eramescravizados e como tal precisavam ser
identificados.
Adotou-se durante períodos remotos da História a marcação com um ferrete em brasa para
diferenciar os criminosos das pessoas inocentes, os escravos dos cidadãos livres. É um
processo cruel e que, no caso de criminosos que eventualmente se arrependessem de seus atos
ou de escravos que adquirissem liberdade tornava a reintegração muito difícil, senão
impossível.
1.3 Mutilação
Outra forma utilizada na mesma época que a marcação com ferrete, mas com o viés
estritamente punitivo, era a mutilação. A parte do corpo escolhida para ser mutilada dependia
da natureza do delito e da legislação vigente. Sua origem remete à Lei de Talião – olho por
olho, dente por dente. Além de ser desumana, sua aplicação apresentava algumas
dificuldades, pois nem todo crime permitia correspondência direta com alguma parte do
corpo. Ainda assim, diversas civilizações adotaram a mutilação como forma de identificar
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criminosos e apartá-los.
1.4 Tatuagem
Era uma forma que também servia razoavelmente bem aos propósitos de segregar escravos e
criminosos. No Antigo Egito e em Roma era um dos métodos mais usuais para identificar
escravos. Já em tempos mais modernos, precisamente no ano de 1832, na Inglaterra, foi
proposto que se fizesse uso da tatuagem de forma a permitir a identificação civil, por meio da
tatuagem de letras na parte interna do antebraço e a identificação criminal por números, na
mesma parte do corpo.
Porém, seu uso acabou não sendo aceito para fins de identificação civil, pois era considerado
inconveniente e doloroso, não era imune à adulteração e ainda poderia provocar infecções de
pele.
1.5 Fotografia
O processo fotográfico foi um passo importante para o aprimoramento dos processos de
identificação, mas não oferecia novas formas para impedir que erros fossem cometidos. Por
melhor e mais completo que fosse o arquivo fotográfico quando do início do uso da
fotografia, ainda era possível que pessoas mal intencionadas adulterassem suas características
físicas, para dificultar sua identificação. Mesmo no caso de identificação civil, ainda haviam
situações onde o identificado poderia ter um irmão gêmeo, ter sofrido algum tipo de
modificação involuntária ou outra deformação que impedisse ou dificultasse sua identificação,
além de que a fisionomia humana pode sofrer grandes alterações com o passar do tempo.
Atualmente a fotografia é um procedimento acessório à identificação, bastante útil ao
reconhecimento.
1.6 Identificação pela arcada dentária
Este método foi desenvolvido inicialmente em 1897, pelo dentista cubano Oscar Amoedo
Valdés, ao propor o uso do estudo dos dentes como forma de determinação de identidade. É
um procedimento de grande importância para a Medicina Legal, visto que é o mais usual
quando as impressões digitais não podem ser utilizadas, como, por exemplo, nos casos de
cadáveres carbonizados, uma vez que os dentes só são calcinados em temperaturas superiores
a 1200°C.
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Também é possível, por meio da análise da arcada dentária, determinar se um crânio pertence
a um homem ou mulher.
Ainda que apresente vantagens, o sistema de identificação pela arcada dentária depende da
existência de registros odontológicos, é de classificação e arquivamentos complexos,
restringindo seu uso para identificação corriqueira.
1.7 Antropometria
Foi, por suas características de classificação e arquivamento, a metodologia de identificação
criminal preferida de sua época. Teve sua criação em 1879, por Alphonse Bertillon.
Consistia na anotação de medidas de partes específicas do corpo humano, que constatou-se
serem imutáveis a partir dos 21 anos de idade, quais sejam:
 Diâmetro antero-posterior da cabeça;
 Diâmetro transversal da cabeça;
 Diâmetro bi-zigomático;
 Comprimento do pé esquerdo;
 Comprimento do dedo médio esquerdo;
 Comprimento do dedo mínimo esquerdo;
 Comprimento do antebraço;
 Estatura;
 Envergadura (comprimento dos braços abertos);
 Busto.
As medidas eram anotadas em fichas de cartolina, onde também constavam a fotografia do
identificado, as impressões digitais dos dedos polegar, indicador, médio e anular direitos,
dados biográficos (filiação, sexo, data de nascimento) marcas e anomalias, caso existissem. 
Entretanto, à medida que o acervo de identificação crescia, mais difícil ficava a localização de
um suspeito. Além disso, a tomada das medidas acabavam sofrendo a interferência – ainda
que involuntária – do responsável pela medição; sem falar que o próprio identificado poderia
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burlar a tomada de suas medidas, induzindo o identificador a erro e, com isso, ganhar uma
nova ficha identificadora.
Mesmo com suas limitações, o método da bertillonagem foi um dos que mais se aproximou
do ideal, por congregar modos distintos de identificação, dando a seu criador também o
reconhecimento como verdadeiro criador da identificação científica, tendo sido usado por
diversos países por mais de 30 anos.
1.8 Papiloscopia
O século XVIII foi de extrema produção científica, nos mais diversos segmentos. E não era
diferente com a biometria. Alguns pesquisadores, em lugares distintos do mundo, acabaram
conduzindo estudos similares, por vezes sem conhecimento da produção um do outro. Isso
acarretou em diversos materiais onde notava-se que, a despeito da distância e eventual
desconhecimento dos trabalhos, estes revertiam em resultados muito similares na questão do
estudo das impressões digitais. Independente da origem dos estudos, na segunda metade do
século foi quando a ciência papiloscópica deu seus maiores saltos evolutivos.
Dentre os principais nomes relacionados ao estudo da Papiloscopia, temos:
 Johannes Evangelist Purkinje;
 Willian Herschell;
 Henry Faulds;
 Francis Galton;
 Edwar Richard Henry, e
 Juan Vucetich.
Destes, o que trataremos com destaque será Juan Vucetich, croata naturalizado argentino, que
apresentava grande interesse na evolução científica dos estudos em criminalística que
aconteciam mundo afora em sua época, e que por ser um entusiasta das metodologias mais
modernas na identificação criminal é destacado para criar, no Departamento de Polícia de La
Plata, um escritório antropométrico. Vucetich percebeu, após estudar com atenção o trabalho
de Galton, que poderia fazer bom uso das impressões digitais em seu departamento.
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Baseado no livro escrito de Francis Galton, chamado Finger Prints, Vucetich percebeu que as
impressões digitais poderiam ser agrupadas em 4 grandes grupos:
 Arcos;
 Presilhas Internas;
 Presilhas Externas, e
 Verticilos.
Também é atribuído a Juan Vucetich a resolução do primeiro caso criminal utilizando
impressões digitais, em 1892.
A Papiloscopia, enquanto ciência, apresenta vantagens que a credenciam como a mais
completa forma de individualização humana. Os estudos realizados desde seus primórdios
permitiram a formulação dos seguintes postulados:
 Universalidade: todos ser humano apresenta impressões papilares. Somente em casos
raros as cristas papiloscópicas estão ausentes na pele de uma pessoa, em decorrência
de peculiaridades genéticas, como é o caso da Síndrome de Nagali ou adermatoglifia,
cujos portadores não tem desenhos papilares. Mas mesmo o fato de uma pessoa não
possuir impressões digitais já pode ser considerado uma característica
individualizadora.
 Perenidade: o desenho papilar está formado a partir do 6º mês de vida intrauterina e
assim permanecerá até a putrefação completa da pele.
 Imutabilidade: o desenho papilar não sofrerá alterações naturais no decorrer da vida.
Eventuais alterações serão por influência externa ao organismo, tais como lesões
profundas na pele.
 Variabilidade: o desenho papilar nunca se repete, ele apresenta variação entre os
desenhos,detalhes e minúcias presentes na pele.
 Classificabilidade: os desenhos papilares presentes nas pontas dos dedos permitem que
sejam criados grupos, onde estes se agrupam de forma tal a possibilitar seu
arquivamento de forma lógica e de fácil compreensão.
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 Praticabilidade: a análise das impressões digitais pode ser facilmente realizada a partir
da sua coleta, quer seja em papel ou em meio eletrônico. Em alguns casos o
especialista em Papiloscopia pode, mesmo sem o uso de ferramentas de aumento para
análise de minúcias, verificar se determinada impressão digital é compatível com outra
somente pela fórmula básica.
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2. Identificação versus reconhecimento
A ciência papiloscópica tem como um de seus maiores benefícios a inequívoca identificação
humana. Isso se dá pela confirmação da identidade, por meio do uso de meios técnico-
científicos inconfundíveis, irrefutáveis e precisos, além de ser extremamente prática e de
baixíssimo custo. Além da ciência papiloscópica, a odontologia e o DNA também são
procedimentos que fazem uso de meios técnico-científicos que permitem identificar alguém.
O reconhecimento, por sua vez, é empírico e subjetivo, não obedece a critérios científicos que
permitam sua repetição. Um cadáver, caso esteja em avançado estado de decomposição, pode
fazer com que o reconhecimento facial seja impossibilitado, pois as características
fisionômicas do rosto da pessoa falecida sofrem alterações drásticas, a depender das
condições ambientais. 
Dessa forma, é bastante temerário que um corpo seja liberado para sepultamento adotando o
simples reconhecimento. A perda de um ente querido gera grande comoção. Se porventura
descobre-se que o corpo já sepultado pode não ser da pessoa que foi reconhecida de forma
empírica, mas não identificada cientificamente, há mais um transtorno a ser enfrentado pela
família: a possibilidade de ser necessária a exumação do cadáver.
Os familiares passarão por um processo traumático de retirada do ente querido de seu túmulo,
e consequentemente por todo o processo emocionalmente doloroso de sepultamento, sendo
forçada a reviver inclusive a situação que causou a morte de seu parente.
Porém, não sendo confirmada a identidade e descobrindo-se que o corpo pertence a um
terceiro, a família entrará na angústia de não saber o paradeiro da pessoa que agora supõe-se
desaparecida, repercutindo na rotina de forma imprevisível, mas certamente negativa.
Para evitar que esses transtornos aconteçam, busca-se a segurança de efetiva e eficaz
identificação cadavérica antes do sepultamento.
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3. Papiloscopia
A Ciência Papiloscópica é uma das formas de biometria mais conhecida. A coleta de dados
biométricos pode se dar pelas impressões papilares, por íris, medidas corporais, arcada
dentária, voz e até pelas papilas gustativas.
Por sua natureza intrínseca, a Papiloscopia possui vasta aplicação e assim pôde ser dividida
em ramos que permitem fazer uso de características das papilas dérmicas de forma a permitir
que uma pessoa possa ser identificada por suas impressões digitais, impressões palmares,
impressões plantares e até pelos poros presentes nas cristas papilares.
Essa diversidade de formas originou divisões na Papiloscopia:
 Datiloscopia: realiza a identificação por meio das impressões digitais (pontas dos
dedos);
 Quiroscopia: realiza a identificação por meio das impressões palmares (palmas das
mãos);
 Podoscopia: realiza a identificação por meio das impressões plantares (plantas dos
pés);
 Poroscopia: auxilia na identificação por meio do mapeamento dos poros.
Nota-se, assim, que o termo genérico “impressões digitais” muitas vezes pode levar um leigo
ao erro, pois quando se fala no uso de Papiloscopia para a identificação humana temos que
saber qual ramo dessa ciência que está sendo considerado. Mas, via de regra, a identificação
faz uso da datiloscopia.
3.1 Datiloscopia
É o método de identificação papiloscópica por excelência, resultado de diversos estudos. Isso
se deve pelo fato de que, dentre todas as formas de biometria, a coleta das impressões
existentes nas pontas dos dedos é mais prática e usual.
Os desenhos papilares e a forma como se caracterizam na ponta dos dedos permitiu que
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fossem criados sistemas de identificação, classificação, subclassificação e arquivamento de
fichas datilares – suporte de papel onde são coletadas as impressões digitais.
São utilizadas as duas faces da individual datiloscópica, nome técnico da ficha de
identificação. Em uma face são coletadas as impressões roladas de cada dedo, permitindo a
classificação. Na outra face, são registrados os dados relativos à coleta (local, data, nome,
assinatura, nº do Registro Geral) e os dedos de forma tal que seja possível verificar se a
sequência na coleta rolada não sofreu troca nas posições.
Figura 1 – Individual datiloscópica com a coleta rolada de cada dedo, possibilitando sua classificação
pela fórmula datiloscópica.
Figura 2 – Individual datiloscópica com informações sobre o local da coleta, data, responsável pela 
coleta, nome completo do identificado, sua assinatura e a coleta dos dedos de forma pousada, 
permitindo verificar se a coleta rolada foi realizada adequadamente.
Até pouco tempo, a coleta era realizada aplicando-se uma fina camada de tinta na ponta dos
dedos do identificado, de forma que seja entintado desde a ponta até pouco abaixo da linha
interfalangeana.
Para realizar o procedimento, é necessário empregar algumas ferramentas. São elas: o rolo de
entintamento, uma placa para aplicação da tinta e uma placa de suporte para a coleta.
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Figura 3 – Material utilizado para a coleta de impressões digitais.
Figura 4 – Aplicação de tinta na ponta dos dedos.
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Figura 5 – Rolagem dos dedos, para coleta
Figura 6 – Estação de coleta biométrica eletrônica
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O entintamento vem sendo substituído pela coleta biométrica eletrônica, a qual é mais prática
e rápida.
Não há uma estimativa sobre quais são os estados brasileiros que ainda fazem uso apenas do
entintamento, que apresenta inconvenientes para o identificado, mas cuja qualidade de
impressões coletadas geralmente é muito boa para sua classificação e análise. Porém, isso
depende muito da capacidade do coletor em realizar a aplicação adequada de tinta, de modo
que as impressões não fiquem borradas pelo excesso de tinta ou ilegíveis pela sua falta.
Uma situação onde o entintamento ainda mantém sua necessidade é na identificação
cadavérica. Em função do grau de putrefação ou outras limitações, o uso de equipamentos
eletrônicos torna-se inviável, fazendo com que o conhecimento sobre o entintamento seja de
grande importância.
Para que fosse possível realizar o arquivamento e a busca das impressões digitais, muitos
países adotaram o sistema criado por JuanVucetich, no qual são atribuídas letras aos polegares
e números nos demais dedos, para cada tipo fundamental de impressão.
Dessa forma, os arcos recebem a letra A ou o número 1; presilhas internas a letra I ou o
número 2, presilhas externas a letra E ou o número 3; por fim, os verticilos a letra V ou o
número 4.
Figura 7 – Exemplo de classificação no sistema Vucetich.
Com base nessa fórmula, as digitais são arquivadas. Para tornar as buscas mais eficazes, são
adotadas subclassificações nos dedos da mão direita com base na contagem de linhas das
impressões. Essa subclassificação encontra-se exemplificada na figura 1.
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Figura 8 – Papiloscopista analisa individual datiloscópica em acervo
O acervo eletrônico, quando as impressões são coletadas e armazenadas em meio
informatizado, não leva em consideração a classificação das impressões para realizar as
buscas no arquivo, pois os algoritmos dos sistemas informatizados adotam forma específica
de pesquisa.
3.2 Quiroscopia
É ométodo de identificação papiloscópica pela análise dos papilogramas presentes nas
palmas das mãos, porém não há um sistema de classificação da mesma forma como acontece
com as impressões digitais. Sua coleta acontece apenas na identificação criminal.
A palma é divida em três regiões, para analisar e apontar em laudos onde foram localizadas as
minúcias encontradas: 
 Superior ou infra-digital;
 Tenar; e
 Hipotenar.
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Figura 9 – Impressão palmar
3.3 Podoscopia
É o método de identificação papiloscópica pela análise dos papilogramas presentes nas
plantas dos pés. Diferente dos métodos anteriores, este é utilizado em situações onde a pessoa
não possua os membros superiores ou outra situação que não permita sua identificação pelas
digitais ou palmares. Não é usual, pois mesmo apresentando cristas papiloscópicas passíveis
de análise, seu uso é muito restrito. Também não possui uma forma de arquivamento
padronizada.
3.4 Poroscopia
É um ramo específico da Micropapiloscopia. Existem situações onde a presença de cristas
papilares pode provocar dúvidas em sua análise, buscando-se a possibilidade de fazer uso dos
poros presentes para auxiliar na afirmação ou negação da identidade de uma pessoa. Seu uso
tem maior aplicabilidade em análises de originalidade de impressão, permitindo afirmar se
esta foi produzida por meio artificial ou não.
É de difícil coleta, tanto em tinta quanto em meio eletrônico. Depende mais das características
morfológicas da pele do identificado do que da forma de coleta, propriamente.
Seu uso ainda não é muito difundido no Brasil.
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4. Identificação criminal
Inicialmente, quando as impressões digitais foram adotadas como forma de identificação, seu
uso restringia-se à identificação de criminosos. Dessa forma, ao determinar ao culpado o
cumprimento de sentença, a possibilidade de condenar um inocente diminuiu drasticamente.
Também era menor a probabilidade de que presos trocassem de nome, para tentar burlar o
sistema. 
O Brasil adotou a identificação criminal por meio das impressões digitais em 1903, após a
fundação do primeiro Gabinete de Identificação e Estatística da Polícia do Distrito Federal, no
Rio de Janeiro, por Félix Pacheco.
Atualmente a identificação criminal é aplicada de forma distinta à do início do século XX.
Pela legislação atual, consta na Lei nº 12.037/2009 os dispositivos sobre a identificação
criminal do civilmente identificado. 
De acordo com a lei, se uma pessoa for presa e apresentar à autoridade policial qualquer dos
documentos de identidade nela indicados – no caso, carteira de identidade, carteira de
trabalho, carteira profissional, passaporte, carteira de identificação funcional ou outro
documento público com o fim de identificar seu portador – em estado de conservação
adequado e que permita sua identificação, não será necessário submeter-se à coleta de sua foto
e impressões digitais.
Porém, se o documento apresentar indícios de fraude, impossibilitar a identificação de seu
portador ou estiver ausente, é facultado à autoridade policial a determinação de ofício para
que realiza-se o procedimento de identificação criminal.
Além da coleta das impressões digitais, também é realizada a coleta das impressões palmares
e a fotografia tomada é frontal e da lateral direita. Em alguns estados, como no Paraná, são
tomadas também fotos da lateral esquerda, para o trabalho de perícia de reconhecimento
facial.
O arquivamento das individuais datiloscópicas dos identificados criminalmente é realizado de
acordo com o sistema Vucetich.
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12037.htm
5. Identificação civil
A identificação civil surge como forma de auxiliar o Estado na promoção da cidadania. Nesse
sentido, alguns países definiram em lei a necessidade de formar uma base de dados civil, a
qual foi iniciada no Brasil em 1907, quatro anos depois de iniciada a identificação criminal.
Também adotou-se o sistema desenvolvido por Juan Vucetich para a classificação e gestão da
base de dados de impressões digitais, baseado na fórmula datiloscópica. 
A identificação civil consiste no registro de dados biográficos, quais sejam:
 Nome;
 Filiação;
 Data de nascimento;
 Naturalidade;
 Sexo; e 
 Estado civil.
Somado aos dados biográficos, é realizada a coleta de foto e das impressões digitais para a
formação do banco de dados.
A legislação que rege a emissão do RG está em atualização, e deve estar plenamente aplicada
até o final do ano de 2023.
O cadastro civil conta ainda com os dados da certidão correspondente ao estado civil da
pessoa, apresentada no momento do requerimento, e o endereço residencial.
À medida que o acervo foi aumentando, basicamente em função do aumento da população e
da demanda por documentos oficiais de identificação, ampliou-se também o tempo necessário
para pesquisa, a qual serve para verificar se quem estava requerendo documento de identidade
possuía ou não cadastro. Esse aumento de tempo de pesquisa gerava transtornos, pois
implicava na demora na emissão da carteira de identidade.
Em muitos estados, a adoção de sistemas automatizados de identificação de impressões
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digitais, AFIS na sigla em inglês, fez com que os prazos para emissão de documentos de
identidade diminuísse drasticamente, sem que isso implicasse em aumento de pessoal. Isso
porque as impressões digitais são armazenadas em meio digital, o arquivamento não é mais
realizado somente de acordo com a fórmula datiloscópica e as formas de busca dos cadastros
ficou muito mais rápida. O número de fraudes também é menor e há a possibilidade de troca
de informações entre órgãos, como acontece no Paraná e no Rio de Janeiro, entre o Instituto
de Identificação e o Detran, por exemplo. Em âmbito federal, pode acontecer o
compartilhamento de informações entre os Institutos de Identificação e o TSE, havendo
interesse em celebrar de convênio de parceria.
Nos últimos 15 anos, o governo federal tem realizado um trabalho mais intenso na atualização
da legislação que trata da identificação. Com isso a população tem muito a ganhar, pois a
agilidade que o Estado ganha na oferta de melhores serviços é ampliada.
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6. Impressões papilares
A pele é responsável pela proteção de nosso corpo contra agentes externos, por auxiliar na
regulação da temperatura corporal e percepção de estímulos físicos, dentre outras funções,
sendo o órgão mais extenso do corpo humano.
Possui três camadas – epiderme, derme e hipoderme, sendo a epiderme a camada mais
exterior e a hipoderme, que apesar de não ser efetivamente considerada parte da pele, mas é
responsável pela ligação entre as camadas superiores aos órgãos e estruturas adjacentes. 
Figura 10 – Camadas da pele
Quando analisamos a área que a pele recobre, nota-se que nas palmas das mãos e na sola dos
pés há uma diferenciação em relação às demais partes: não há presença de pelos ou de
glândulas sebáceas. Isso ocorre porque a função de proporcionar atrito é incompatível com a
presença de gordura ou oleosidade. Logo, nas palmas das mãos e planta dos pés só há
presença de glândulas sudoríparas.
Essa diferenciação das partes da pele acontece, obviamente, durante o desenvolvimento fetal.
A formação das estruturas que darão origem aos membros superiores e inferiores tem início
por volta da 4ª semana de gestação estimada (SGE). Por volta da 6ª SGE é perceptível o
desenvolvimento das mãos e pés e também começam a se formar as estruturas da pele que
darão origem às impressões papilares.
A formação da epiderme se dá a partir do início da 8ª SGE, quando a forma das mãos e pés
está praticamente finalizada. Assim, é possível afirmar que os desenhos das digitais já estão
com as características definidas.
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Figura 11 – Fases de crescimento da mão
Ao observar a figura11, notamos que na fase indicada pela letra C as pontas dos dedos estão
bastantes inchadas. É nesse momento que o tipo fundamental das impressões digitais
começam a se definir. Quando o formato da ponta dos dedos é simétrico nessa fase, a
probabilidade é maior de se formarem os arcos e verticilos, e quando é assimétrico se
formarem as presilhas.
Figura 12 – Representação artística do desenvolvimento das estruturas onde estarão presentes as impressões
digitais e como pode se dar a formação dos tipos fundamentais.
Além da formação dos tipos fundamentais, a forma como a pele recobrirá a ponta dos dedos
também é fator importante para perceber como se formarão as minúcias, caracteres que
auxiliam na individualização, por serem pontos de grande interesse para a Papiloscopia.
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Figura 13 – Representação artística do desenvolvimento das cristas que darão as características individuais de
cada pessoa.
Quando o profissional de Papiloscopia realiza a análise de impressões digitais, para afirmar se
pertencem ou não à mesma pessoa, são levados em conta uma série de características de modo
que a identificação possa ser confirmada como positiva ou negativa.
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REFERÊNCIAS
ALEM, Ludmila. Papiloscopia forense: identificação humana pela análise das impressões
papiloscópicas. Ed. da autora, 2022;
LEE HC, Gaensslen RE, editores. Advances in Fingerprint Technology. 2ª ed. Boca Raton: CRC Press;
2001;
CHAMPOD, Christophe... [et al.]. Fingerprints and other ridge skin impressions. Boca Raton: CRC
Press; 2004;
U.S. DEPARTMENT OF JUSTICE. The Fingerprint Source Book. 2ª ed. Washington: National Institute of
Justice; 2012.
28

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