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Aplicação da Lei Penal II
DIREITO PENAL
APLICAÇÃO DA LEI PENAL II
RELEMBRANDO
A retroatividade da norma penal mais favorável (novatio legis in mellius) é aplicável mesmo 
quando o agente tenha sido condenado definitivamente.
No caso de uma mudança jurisprudencial, isto é, em uma hipótese em que a lei não foi 
alterada, mas os Tribunais superiores mudam o entendimento ou cancelam uma Súmula, 
repercutindo de uma forma favorável para um indivíduo. Nessa situação, há retroatividade 
favorável à jurisprudência?
Segundo a Constituição Federal de 1988 e o Código Penal, somente é possível a retroa-
tividade da lei mais benéfica. Ademais, o Superior Tribunal de Justiça apresenta um entendi-
mento pacificado de que não é possível revisão criminal em razão de mudança jurispruden-
cial. Desse modo, se o sujeito foi julgado em uma época em que a jurisprudência prevalecente 
era em um sentido e anos após a jurisprudência mudar, isso é do sistema brasileiro. Portanto, 
não seria possível uma revisão criminal com esse fundamento.
Contudo, existe uma brecha para advogados, atuando na defesa de seus clientes, para 
postular a aplicação da jurisprudência benéfica. Isso pode ocorrer, quando a jurisprudência 
foi firmada em caráter vinculante, ou seja, sobre decisões de efeito erga omnes. A defesa tem 
postulado a aplicação da jurisprudência benéfica, nos casos de repercussão geral firmada 
pelos Tribunais Superiores, porque são precedentes qualificados que têm a força de orientar 
a aplicação do direito pelos tribunais de instâncias ordinárias.
Em outra circunstância, uma situação fática era regulada por uma lei, que tratava completa-
mente daquela situação, porém o legislador decidiu alterá-la. Sendo assim, revoga a anterior e 
cria uma lei nova. Nessa nova lei, repete o que era benéfico, como criar outras figuras, estabelece 
novas causas de diminuição de pena etc. Dessa maneira, um indivíduo que tenha praticado um 
fato criminoso regulado por essas leis pode, com a entrada na vigência da lei nova, postular uma 
combinação dessas duas leis para extrair o que de melhor há para eles nas duas? A resposta é: 
não. Não é possível a combinação de leis ou lex tertia (terceira lei), pois juiz não cria lei.
Dito isso, se a lei antiga é mais favorável, aplica a lei antiga, no entanto, se a lei mais 
nova é mais favorável, aplica-se retroativamente. Em contrapartida, caso a lei nova seja mais 
grave, não retroage, aplica-se apenas aos fatos futuros.
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DIREITO PENAL
Jurisprudência
O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça atualmente entendem que não 
é possível a combinação de duas leis, de sorte a se extrair o resultado mais favorável ao réu.
Súmula 501 do STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o 
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que 
o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
Lei excepcional e temporária
Art. 3º, CP. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração 
ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua 
vigência. 
Tanto a lei excepcional quanto a lei temporária têm as mesmas características. Sendo 
assim, os efeitos jurídicos para ambas são idênticos.
• Lei temporária: vigência preestabelecida no tempo. Termo final explícito. Exemplo: Lei 
Geral da Copa do Mundo de 2014 (vigência até 31 de dezembro de 2014).
• Lei excepcional: relacionada a situações de anormalidade institucional, a um evento 
transitório, calamidade. Ambas são autorrevogáveis.
Além disso, possuem ultratividade, ou seja, aplicam-se ao fato ocorrido durante a sua 
vigência, embora já decorrido o prazo de duração (tempus regit actum). Por exemplo, um 
aluno de uma faculdade descumpre com a obrigatoriedade de uso de máscara dentro da 
instituição, durante o período pandêmico. Todavia, todo o trâmite legal contra esse aluno 
demora para acontecer, até que o período de emergência termina e a lei excepcional é revo-
gada. Nesse caso, em relação ao julgamento, o juiz aplicará a lei que era vigente ao tempo 
da conduta, não importando que não esteja mais vigendo, pois são ultrativas.
Conflito aparente de normas penais
Ocorre quando, em tese, mostra-se possível aplicar a um fato dois ou mais tipos penais, 
ambos vigentes. Logo, deve ser escolhida a disposição que apresenta a melhor adequação 
típica (tipicidade penal como perfeita adequação do fato à norma jurídica).
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DIREITO PENAL
O conflito é apenas aparente, pois desaparece com a correta interpretação, feita com a apli-
cação do princípio adequado. Desse modo, a solução do conflito aparente de leis busca manter 
a coerência sistemática do ordenamento e evitar o indesejável bis in idem, duplas punições. 
Tendo isso em vista, os princípios aplicáveis para a solução do conflito aparente de 
normas penais são da especialidade, subsidiariedade, consunção e da alternatividade.
Especialidade
A lei especial prevalece sobre a lei geral. Sendo assim, é aquela que tem um conteúdo 
diferenciado, particularizado. De acordo com o art. 121, “as regras gerais deste Código apli-
cam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso”. Por 
exemplo, homicídio culposo na direção de veículo automotor. Nessa situação, aplica-se o art. 
302 do Código de Trânsito Brasileiro. 
Subsidiariedade
A lei primária prevalece sobre a lei subsidiária. Dito isso, a relação de subsidiariedade 
consiste em graus diferentes de ofensa ao bem jurídico. Dessa forma, a lei subsidiária é o 
chamado “soldado de reserva”, na expressão de Nelson Hungria. Portanto, a norma subsidi-
ária só se aplica quando o fato não se subsome a crime mais grave
Exemplo de norma subsidiária:
Disparo de arma de fogo (Lei n. 10.826/2003)
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adja-
cências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finali-
dade a prática de outro crime.
Caso o disparo tenha outra finalidade, como atingir outra pessoa, mas por circunstâncias 
alheias do autor ele erra o alvo, não será aplicado o artigo 15 da Lei n. 10.826/03, visto que 
o vale é a intenção (ferir ou matar). Por isso, o autor responderá por tentativa de homicídio.
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Aplicação da Lei Penal II
DIREITO PENAL
Falsa identidade
Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em pro-
veito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de 
crime mais grave.
Por exemplo, se a falsa identidade é utilizada para praticar estelionato, o sujeito respon-
derá pelo estelionato, que é o crime mais grave. 
Consunção ou absorção
O fato mais amplo e grave consome, absorve, os fatos menos amplos e graves. Ademais, 
o crime previsto por uma norma (consumida) é fase de realização do crime previsto por outra 
norma (consuntiva) ou é uma fase normal de transição (crime progressivo). E o objetivo é 
evitar a dupla punição (bis in idem). Por exemplo: progressão criminosa (alteração do dolo, 
com crescente lesão ao bem jurídico) e antefatos impuníveis (violação de domicílio e furto, 
homicídio e porte de arma, roubo e dano ao patrimônio).
Crime progressivo
O crime progressivo é diferente de progressão criminosa. Assim, o agente, para alcan-
çar o resultado do crimemais grave pretendido, passa, necessariamente, pelo crime menos 
grave. Por exemplo: a lesão é um crime de passagem para o homicídio. Nesse caso, res-
ponde somente pelo homicídio.
Progressão criminosa
O agente substitui seu dolo, dando causa a resultado mais grave. Desse modo, consuma 
o crime menor e depois concretize o crime maior contra um mesmo bem jurídico. Por exem-
plo: deseja inicialmente lesionar a vítima, mas, posteriormente, após a vítima já ter sido lesio-
nada, decide matar. Nessa situação, responde apenas pelo homicídio.
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��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula 
preparada e ministrada pela professora Michelle Tonon. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo 
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.